Considerações Sobre o Estudo Da Família Sob o Paradigma Sistêmico
Considerações Sobre o Estudo Da Família Sob o Paradigma Sistêmico
Considerações Sobre o Estudo Da Família Sob o Paradigma Sistêmico
SISTÊMICA
Considerações
sobre o estudo da
família sob o
paradigma
sistêmico
CHRISTINA SUTTER
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Sumário
Este subtítulo é uma referência ao título que von Bertalanffy dá à introdução de seu livro “Teoria Geral dos
Sistemas”.
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A homeostase é o estado constante ou de equilíbrio de um sistema, mantido através da retroalimentação
negativa.
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A regra básica da teoria dos sistemas é que, se você quiser entender algum
fenômeno ou evento, você deve considerar este fenômeno dentro do
contexto completo de todos os circuitos que são relevantes para sua
compreensão. A ênfase está no conceito de circuito comunicacional
completo, estando implícito na teoria a expectativa de que todas as
unidades contendo circuitos completos mostrará características mentais. A
mente, em outras palavras, é imanente ao circuito.4 (p. 260)
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Para compreender os padrões de relação do mundo vivo, Bateson fazia amplo uso da metáfora, como por
exemplo no seguinte silogismo, inspirado no silogismo de Sócrates: “Os homens morrem. Sócrates é homem.
Sócrates morrerá”. “Os homens morrem. O capim morre. Os homens são capim” (in Capra, 1994), onde no
segundo silogismo, a classificação se dá mediante a identificação de predicados.
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A mente individual seria apenas um aspecto ou um subsistema de uma Mente mais ampla, onde todos os
aspectos existenciais resultam interconectados e se transformam em apenas um (Keeney, 1997).
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Livre tradução.
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Na abordagem desenvolvida por Geoffrey Chew, conhecida como bootstrap o universo é visto como uma
teia dinâmica de eventos inter-relacionados onde as propriedades de qualquer parte dessa teia decorrem das
propriedades das outras partes do todo e a coerência total de suas inter-relações determina a estrutura da teia
(Capra, 1990).
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O primeiro princípio da termodinâmica reconhece na energia uma entidade indestrutível, dotada de um
poder polimórfico de transformações (energia mecânica, elétrica, química, etc.) o que garante ao universo
físico uma auto-suficiência e eternidade para todos os seus trabalhos.
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Uma das características dos sistemas vivos, é que o todo tem uma
quantidade de propriedades e qualidades que as partes não possuem
quando esse todo é fragmentado ou desmembrado (Morin, 1995). Da
interação entre as partes há uma emergência que retroage sobre o
comportamento das partes, numa mão dupla em que o sistema é produto
da interação entre as partes ao mesmo tempo em que as partes são o
produto do sistema. Por exemplo, a sociedade é uma emergência que
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2. 4 – O meio humano
a) A ambiência
No domínio da ambiência, o meio é facilmente apreendido, mas não
explicado. A ambiência é semelhante ao humor: ambos são a primeira
maneira de existir com o mundo e a primeira forma de comunicar. A
comunidade vive, assim, numa única ambiência, que é experenciada na
qualidade do contato entre as pessoas. Sob a interação analógica ou
digital, ou sob o discurso, existe uma comunicação de base, que é o
contato. O contato é, assim, o nível primário da existência, onde mais do
que nunca se pode afirmar que é impossível não comunicar.
b) A ética
A ética se define pelo seu código normativo e por sua moral que
ordena o meio e a qual seus membros se submetem. Esse é o lugar por
excelência da encenação: tudo é negociado, falado, mostrado, observado,
objetivado, teatralizado, ao contrário da ambiência onde tudo é
experimentado e sentido. Aqui entra a interação analógica e digital.
c) As crenças
O terceiro domínio organizador do meio humano implica as crenças,
os mitos, as ideologias e a forma como a comunidade se percebe: trata-se
de um sistema de representação da comunidade. O modo de comunicação
próprio é o discurso. O discurso chama as pessoas para o que devem
acreditar ou não, conhecer ou não, a respeito da comunidade. Ao mesmo
tempo em que as crenças exprimem um modo como a comunidade se
percebe no aqui e agora, elas reenviam à história da comunidade,
articulando o meio atual com a dimensão histórica intergeracional.
2. 5 – Transmissão familiar
2. 6 - Família e complexidade
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A esse respeito assinalamos também a teoria de Maturana sobre a origem do fenômeno social humano na
biologia do amar (Maturana & Verden-Zöeller, 1995).
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Como, por exemplo, na seguinte história oriental: Um discípulo perguntou ao mestre o que era o destino e o
mestre lhe disse: Veja este cortejo que está passando na rua. Vão enforcar este homem porque ele cometeu um
assassinato, ou porque alguém o viu cometer o crime, ou porque alguém lhe deu uma moeda com a qual
comprou o punhal? ”.
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Por outro lado, os que trabalham com famílias fazem parte dos
meta-sistemas dos quais as famílias fazem parte: é preciso, pois,
considerar os diversos contextos que compõem as determinações sociais
não só da família, mas do terapeuta e da terapia como modalidade de
intervenção (Pannone, 1996). O fato de uma família procurar terapia, a
formação do terapeuta, e o setting terapêutico são “construções” histórica
e culturalmente localizadas, que em outros tempos e outros lugares não
fariam o menor sentido. Além disso, o “sistema” que o observador
observa não é “a família”, sobretudo se ela estiver num ambiente artificial
como um consultório terapêutico. O terapeuta não acessa a família como
ela é, mas a família como ela se apresenta a ele em um contexto particular
e a partir do seu olhar. Como bem assinala a Cibernética de Segunda
Ordem11, o observador passa a ser um participante do sistema na medida
em que o descreve a partir de sua auto referência.
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Embora Berenstein se utilize do conceito de sistema segundo a teoria da comunicação, vale-se do conceito
de sistema segundo a linguística de Saussure na descrição da família como um sistema dotado de uma
estrutura inconsciente.
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A Cibernética de Segunda Ordem refere-se à ampliação do conceito de circularidade, passando a incluir o
observador como participante que descreve o sistema, em contraposição à Cibernética de Primeira Ordem que
conservava a noção de objetividade na observação dos sistemas.
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Referências Bibliográficas