Esspacial Rev Frank Gerhy Cul Pedag Marisa
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espacialidade revolucionária
de Frank Gehry
Marisa Vorraber Costa I
I
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Canoas/RS – Brasil
Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 1, p. 163-180, jan./mar. 2014. 163
Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade>
Cultura e Pedagogia
Introdução
Este artigo discute possibilidades oferecidas pela arquitetura con-
temporânea para se pensar as movimentações intelectuais inspiradas
no pensamento pós-estruturalista 2. Seu foco principal é a obra de Frank
Gehry, especialmente na aproximação oportunizada pelo documentá-
rio Esboços de Frank Gehry 3, de Sydney Pollack (2005), produção que nos
coloca face a face com uma tentativa de esmiuçar a inventividade, de
compreender o processo de criação. O estudo tomou corpo em etapa re-
cente de um programa de pesquisa que venho desenvolvendo há alguns
anos sobre as conexões entre cultura e pedagogia. Nele se entendem as
pedagogias contemporâneas como um traço, como marca de um contí-
nuo investimento, de uma incessante operação sobre todos os aspectos
e âmbitos da vida dos sujeitos, o que faz de cada um de nós agentes em
incessante atuação com os saberes. Tal programa de pesquisa filia-se a
uma matriz de inteligibilidade que permite ver e compreender o mundo
e a experiência contemporâneos como profundamente marcados por
condições peculiares, imbricadas e implicadas no que tem sido desig-
nado por analistas da cultura como “condição pós-moderna”, expressão
utilizada, dentre outros, por Lyotard (1988) e Harvey (1993). Diz respeito
a mudanças substantivas e profundas nas formas de vida verificadas ao
longo do século XX. Uma plêiade de alterações que definem os contor-
nos de experiências existenciais diversas e desencaixadas do horizonte
construído sob a égide do mundo moderno da ordem, da segurança, da
estabilidade, do “sonho da pureza”, como a ele se refere Bauman (1998).
Nesse novo panorama em que se constituem as subjetividades de
hoje e no qual se encaixam tensamente homens e mulheres moldados
por outra ordem, chama atenção a proeminência do visual, a centrali-
dade e o poder das imagens (Mirzoeff, 1998; 1999; Rose, 2001). Isso se
destaca especialmente nas emergentes e variadas possibilidades de vi-
sibilidade e na ampla circulação de imagens oportunizadas pelas no-
vas tecnologias de comunicação e informação, mas não exclusivamente
por elas. Esboça-se também nas formas revolucionárias de ocupação
do espaço urbano, e não é por acaso que as primeiras teorias do pós-
moderno4 vão surgir na arquitetura nos meados da segunda metade
do século XX, um campo em que arte e sofisticados recursos técnicos
e tecnológicos convergem em edificações que fazem da arquitetura um
espetáculo visual. Assim como aparecem edifícios que contam histó-
rias − alguns hotéis da Disney e de Las Vegas, por exemplo −, há outros,
como o Museu Guggenheim de Bilbao, projetado pelo conhecido arqui-
teto contemporâneo Frank Gehry 5, em que o próprio prédio – uma edi-
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Notas
1 Agradeço a generosidade dos colegas e amigos Luis Henrique Sacchi dos Santos
e Celso Vitelli, que se dispuseram a ler as versões finais deste texto e me aju-
daram a livrá-lo de muitos problemas. Obviamente, a responsabilidade pelas
ideias expostas é minha.
2 A expressão pensamento pós-estruturalista é empregada com referência a aportes
intelectuais trazidos por considerável conjunto de pensadores contemporâneos
que criticam o racionalismo ao mesmo tempo em que mantêm compromisso
com a racionalidade, agora totalmente subordinada à história.
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3 Título original: Sketches of Frank Gehry. Direção de Sydney Pollack. Sony Pictures
Classics. EUA. 2005. 1 DVD (83 min.).
4 Obras expressivas são Learning From Las Vegas (1996, primeira edição em 1972),
de Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven Izenour, e The Language of
Post-Modern Architecture (1991, primeira edição em 1977), de Charles Jencks.
Ambas são apontadas por Anderson (2005) como trabalhos iconoclastas, que
contestam o modernismo na arquitetura, sendo Jencks quem teria tornado
famoso no mundo da arte o termo pós-moderno.
5 Frank Gehry nasceu em Toronto, em 1929, e mudou-se para Los Angeles em
1947. Muitos de seus projetos são marcos da arquitetura contemporânea, entre
eles o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Vitra Design Museum, na
Alemanha, e o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
6 Considerado um dos fundadores do desconstrutivismo na arquitetura, em 1989,
ganhou o Pritzker Prize (Hyatt Foundation), prêmio máximo da arquitetura
mundial. Uma bibliografia alentada do e sobre o arquiteto pode ser encontrada
em Friedman e Ragheb (2001).
7 Foram fonte de inspiração para este trabalho as anotações de aula do curso
Escritas do Contemporâneo, ministrado em novembro de 2008, no Programa
de Pós-Graduação em Educação da Ulbra, pelo professor Dr. Jorge Ramos do
Ó, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
8 Entrevista constante da obra de Diamonstein, American Architecture Now, New
York, 1980, p. 43-46 (cf. referenciado por Jameson).
9 Adquirida em 1978 e reformada em seguida, a casa vem passando por várias
remodelações desde então.
10 Arquiteto, professor de História da Arquitetura na Escola Politécnica de Milão
e diretor da seção de Arquitetura da Bienal de Veneza.
11 Arquiteto nipo-estadunidense, foi responsável, entre outros, pelos projetos
das Torres Gêmeas, em Nova Iorque, e da Torre Picasso, em Madri.
12 Frase de Frank Gehry citada em Jameson (1996, p. 129).
13 Uma alusão à dupla de conhecidos bailarinos americanos Fred Astaire e
Ginger Rogers.
14 Arquiteto norte-americano (1906-2005) considerado um dos pais da arquitetura
moderna e um dos responsáveis pelos termos international style e arquitetura
desconstrutivista. Philip Johnson recebeu, em 1979, o primeiro Prêmio Pritzker
– considerada a mais importante láurea da arquitetura mundial.
Referências
ANDERSON, Perry. As Origens da Pós-Modernidade. Lisboa: Edições 70, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. O Mal-Estar da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1999.
ELLSWORTH, Elizabeth. Pedagogy’s Time and Space. In: ELLSWORTH, Eliza-
beth. Places of Learning: media, architecture, pedagogy. London; New York:
Routledge, 2009. P. 57-81.
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