Livro GranTec Granulação

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

Considerações Básicas sobre a


Granulação de Materiais
Laudo Bernardes
engenheiro de materiais
(19) 9.9747.4542

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

1
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

São Simão, janeiro de 2018.

Caros Senhores

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE GRÂNULOS DE MATERIAIS

01. Há viabilidade técnica para formação de grânulos, a partir de materiais com resistência
mecânica suficiente para manuseio, transporte e aplicação. Para tanto, são necessários:

a. Uma eficiente dispersão de aditivos e água na massa a ser granulada.

Há diversos equipamentos eficientes para o processo de granulação de materiais. Como exemplo,


podemos citar um equipamento misturador e granulador de alta intensidade que possui um sistema
automático para a injeção de líquidos (no caso, água ou uma solução de aditivos). O posicionamento da
lança de injeção é estabelecido, de tal forma, que o jorro de líquido atinja o agitador (ou intensificador),
que opera a uma velocidade acima de 1.500 rpm.
Dessa maneira, o líquido será pulverizado dentro do equipamento e, rapidamente, será disperso
em toda a massa. Dependendo da configuração do equipamento, das características físicas e químicas
das matérias primas e do líquido, esse tempo de dispersão ocorre entre 45 segundos a 120 segundos.

lança para
injeção de
líquidos

agitador ou
intensificador
(rpm > 1.500)

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

2
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 3421.0956

b. Otimização da quantidade de água ou solução de aditivos.

É primordial um balanceamento suficiente para que as ligações ocorram em sua plenitude. A


formação de grânulos desse procedimento depende, entre outras variáveis, da interação entre
partículas (realizada pela água de granulação). A resistência mecânica do grânulo é estabelecida pela
formação e desenvolvimento de pontes líquidas (com a gelatinização/cristalização do aditivo) para
formação do reticulado endurecido que ocorre na secagem dos grânulos, formando as pontes sólidas.

pontes líquidas solúveis


Tecnologias de Materiais
(gelatinização/cristalização do aditivo)
entre as partículas
do amido
As ligações dos materiais podem ocorrer na
presença de amidos gelatinizados. A fase líquida
gera pontes líquidas que, quando secas,
são responsáveis pela resistência dos grãos
aditivos orgânicos e inorgânicos
grânulo formado podem ser utilizados para fortalecer
por aglomeração essas pontes líquidas/sólidas entre as partículas

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

c. Presença de um aditivo orgânico ou inorgânico (em pó ou líquido).

Há de se ressaltar que há vários tipos de aditivos orgânicos (amidos de milho, dextrinas,


maltodextrinas, féculas de mandioca, melaços, lignossulfonatos, carboximetilceluloses, etc). A escolha
do melhor aditivo orgânico e a porcentagem a ser utilizada é obtida empiricamente, ou seja, são
necessários múltiplos ensaios para essa avaliação, que deve ser regulada pela sua eficiência em
relação ao custo econômico do aditivo.
Simplificadamente, o aumento de tamanho dessas partículas (ou grânulos) ocorre devido a
reologia obtida nessa massa (pós + água + aditivo orgânico = lama com propriedades tixotrópicas), pela
coalescência, onde atuam diversas forças de adesão, entre elas, as forças de Van Der Waals.

Importante ressaltar que aditivos orgânicos podem ser substituídos (ou atuarem em conjunto) por
aditivos inorgânicos, geralmente utilizados em solução aquosa ou alcóolica, como o silicato de sódio, o
silicato de potássio, o metacrilato, o polivinil álcool (pva), polivinilpirrolidona (pvp), entre outros.

pulverização umidificação solidificação grânulo

gotas de
ligante

partículas
de pó pontes pontes estrutura de
líquidas sólidas bola de neve

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

3
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

O infográfico, abaixo, mostra de maneira sucinta e didática, diversas fases na formação de


grânulos, em equipamento granulador de alta intensidade.

partículas primárias
gota de
líquido

+
nucleação formação de
camadas

nucleação secundária
fragmentação devido agitação

atrito fragmentação

densificação coalescência
devido à agitação devido à tixotropia

quebra

mais coalescência, coalescência


dependendo da tixotropia

Fonte do Infográfico: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações


(Livro do autor Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

4
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

Uma explicação mais detalhada dos estágios e ocorrências, durante a granulação de materiais,
pode ser visualizada no Infográfico abaixo.

Os processos, abaixo, são influenciados pelas caracterís cas sico-químicas dos


materiais u lizados, do po de equipamento granulador e parâmetros de operação.

gota de líquido
umedecimento

nucleação
partículas finas

Por umedecimento e nucleação entende-se a adesão de par culas finas, devido à sua captura por
uma gota de líquido ligante.

coalescência
consolidação

aglomerados formação do granulado

Coalescência é o processo no qual dois aglomerados maiores se combinam para formar um


grânulo, devido à agitação fornecida pelo equipamento granulador e devido à energia de colisões
entre par culas e aglomerados.
Na coalescência, a face porosa do grânulo é saturada com o líquido e os grânulos colidentes são
suficientemente maleáveis para permi r sua deformação e ligação.

quebra e desgaste por atrito ou colisões

aglomerado nucleação secundária

A quebra e o desgate ocorrem quando os grânulos se tornam muito grandes ou muito secos,
tornando-se fracos e frágeis. Dependendo de procedimentos operacionais, uma nucleação
secundária pode ser favorecida com consequente coalescência e formação de um novo grânulo.

Fonte do Infográfico: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações


(Livro do autor Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

5
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

02. Além dessas necessidades, não menos importantes, é recomendado o estudo de outras
variáveis essenciais nesse procedimento, a saber:

a. Granulometria das matérias primas

Para a granulação de materiais é recomendado que matérias primas, que compõem a formulação,
possuam uma granulometria fina (pelo menos menor que 60 mesh ou 0,25 mm).
Esse fundamento pode ser explicado quando levamos em conta a área superficial das matérias
primas, basicamente:

- Quanto mais fina a matéria prima, haverá maior pontos de contato entre as partículas, o que
favorece a ligação entre essas partículas.

Por outro lado, materiais muito finos podem comprometer o rendimento granulométrico da massa
granulada e interferir nas propriedades reológicas do sistema.
Portanto, um controle rigoroso da curva granulométrica das matérias primas é indispensável.

Em uma mesma área de 9 mm², temos:

9 partículas 36 partículas 144 partículas


diâmetro de 1 mm diâmetro de 0,5 mm diâmetro de 0,25 mm

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

b. Secagem dos grânulos.

A curva de secagem (temperatura x tempo) da massa granulada pode favorecer ou inibir as


reações de cristalização, destruir os cristais formados, acarretar fusão ou amolecimento dos cristais,
corromper o reticulado cristalino, favorecer a formação de microfissuras no grânulo.

Portanto, dependendo das condições de como se estabelece a secagem, a resistência mecânica


dos grânulos pode ser prejudicada.
Mesmo com uma curva de secagem apropriada, é importante ressaltar que a resistência mecânica
do grânulos está intimamente ligada com sua umidade interna final, ou seja, a resistência à compressão
de um grânulo com 1% de umidade, via de regra, será maior que a resistência mecânica de um grânulo
com 5% de umidade.

É preciso levar em conta a retração ou expansão volumétrica da formação dos cristais durante a
secagem, pois retrações diferenciais podem ocorrem, prejudicando a estrutura física do grânulo.

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

6
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

c. Higroscopicidade.

É a capacidade que um material ou massa granulada possui em absorver água do meio ambiente.
Formulações de fertilizantes que possuam matérias primas higroscópicas (como uréia, sulfato de
magnésio, cloretos entre outras), necessitam de cuidados e aditivos específicos para a inibição dessa
propriedade.
Mesmo que a formulação não possua matérias primas higroscópicas, dependendo das reações
ocorridas durante a granulação, o produto final (massa granulada), após a secagem, pode conter
elementos ou fases higroscópicas, que comprometerão a resistência mecânica da massa granulada.

e. Umidade das matérias primas.

A produtividade do processo de granulação, entre outros fatores, depende muito da quantia exata
de água (o que chamamos de fase líquida adequada). Portanto, um controle rigoroso da umidade das
matérias primas que compõem a formulação é necessário e desejado.

f. Carga de massa dentro do equipamento.

É importante que o preenchimento do volume do equipamento se situe entre 40% a 70%.


Possibilitando um espaço vazio para a formação do ‘efeito cascata’’, responsável pelo arredondamento
dos grânulos e, principalmente, pela densificação dos grânulos.

g. Tempo de residência dentro do equipamento.

O tempo ideal é aquele em que as reações se completam (dissolução de materiais, completa


dispersão e gelatinização do amido, formação de pontes líquidas e adesivas entre partículas, etc.) e, ao
mesmo tempo, ocorra uma compactação/densificação (com a expulsão de gases internos) dos grânulos.

h. Velocidades e formatos das ferramentas internas do equipamento.

No primeiro momento, para homogeneização das matérias primas, dispersão do aditivo orgânico e
introdução da água adequada para granulação, as velocidades das ferramentas (no caso do
equipamento WAM, eixo central e agitador) devem operar, ambas, a 50 Hz. Para o crescimento,
engordamento, arredondamento e densificação dos grânulos, operar o eixo entre 30 a 50 Hz e o agitador
abaixo de 10 Hz.

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

7
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

Características do Equipamento
Misturador e Granulador
Laudo Bernardes
engenheiro de materiais
(19) 9.9747.4542

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

8
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

O equipamento possui um
eixo central que mistura as
matérias-primas, ao mesmo
tempo que conduz a mistura
de uma extremidade à outra

O equipamento possui
agitadores de alta velocidade
para a homogeneização e a
granulação das matérias-primas

Injetores da água
de granulação
posicionados
diretamente
ce ntral acima dos
eixo agitadores

vista
interna
agitadores

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

9
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

Os agitadores podem ser de dois formatos,


tulipa ou faca, conforme a necessidade
de cada material e processo desejado.
A velocidade pode atingir a 3.000 rpm, o que
favorece uma homogeneização em um curto
espaço de tempo e a granulação
em diversas faixas granulométricas

ar comprimido

Para evitar um superaquecimento do eixo do


agitador e, principalmente, impedir a entrada
de pós finos dentro do corpo deste equipamento,
uma entrada de ar comprimido é disposta
para impossibilitar ou minimizar esses fatores.

ponto
ar comprimido para graxa

Juntamente com o sistema de ar


comprimido, um ponto para o sistema
de engraxamento pode ser providenciado,
conforme a aplicação e necessidade.

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

10
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

A Granulação de Materiais
mecanismos da granulação e da formação de grânulos

Laudo Bernardes
engenheiro de materiais
(19) 9.9747.4542

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

11
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

01

A Granulação de Materiais
mecanismos da granulação e da formação de grânulos
Laudo J.L. Bernardes

Para formar grânulos, ligações


devem ser estabelecidas entre as
pulverização umidificação solidificação grânulo
partículas (pó), de tal forma que
essas ligações forneçam uma gotas de
adesão, suficientemente forte, ligante
para prevenir a “quebra” ou o
rompimento dos grânulos nas
operações subseqüentes do
processo industrial.
partículas
Cinco Mecanismos de Ligações de pó pontes pontes estrutura de
GranTec Tecnologias líquidas sólidas bola de neve
Forças de adesão e coesão, no
filme líquido imóvel, entre as Figura 02. Desenho esquemárico da granulação via úmida (adaptado de Glatt)

partículas individuais primárias significativamente, para a Forças Interfaciais


resistência mecânica final do
Forças interfaciais, no filme líquido grânulo. Durante a granulação via úmida
móvel, dentro dos grânulos Entretanto, na granulação via o líquido (com ou sem aditivos) é
seca (ver Mundo Cerâmico n° 00), adicionado à mistura de pós,
Formação de pontes sólidas após
a evaporação do solvente as pressões utilizadas, para geralmente através de aparatos
aumentar a área de contato entre que permitem a pulverização
Forças de atração entre as as camadas de adsorção e (spray), e será distribuído como
partículas sólidas diminuir a distância entre as um filme ao redor e entre as
partículas, contribuem para a partículas.
Entrelaçamento mecânico resistência mecânica do grânulo. Esse líquido adicionado deve
Porém, camadas imóveis ser suficiente a ponto de exceder a
Forças de Adesão e Coesão também podem ser formadas por quantidade mínima necessária
Se há líquido suficiente em um soluções altamente viscosas de para a formação de uma camada
pó para formar uma camada muito adesivos (binders), e assim a força imóvel e produzir um filme móvel.
fina, imóvel, haverá uma efetiva de ligação poderá ser maior que
diminuição na distância entre as as produzidas pelos filmes Há três estágios de distribuição
partículas e um aumento de área móveis, discutidos abaixo. O uso de água entre partículas, que são
de contato entre elas. de féculas (ou amidos) de milho ilustrados na figura 01 e
Por essa razão, a força de pode produzir este tipo de filme. representados na figura 02.
ligação entre as partículas poderá
estágio seco pontes líquidas (G)
ser aumentada , devido às forças
antes da granulação pontes sólidas (S)
de atração de Van der Waals. Essa
força é proporcional ao diâmetro
da partícula e inversamente G G
proporcional ao quadrado da
distância entre as partículas. X
Esta situação ocorre quando S S
umidade é adsorvida pelas
pendular G funicular
partículas. Essa pequena
umidade, através das forças de G adição de líquido
para granulação S
Van der Waals, é responsável pela
coesão dos pós ligeiramente G
secagem
úmidos. X
S
Embora tais filmes possam
estar presentes, como líquido S
residual, nos grânulos após a
X não desejável
capilar suspensão
granulação via úmida, é bastante GranTec Tecnologias

improvável que eles contribuam, Figura 01. Distribuição de líquido entre as partículas do grânulo durante sua formação e secagem

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

12
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

02
O estágio pendular apresenta- Entretanto, uma condição básica Quando os grânulos sofrem
se com baixos níveis de umidade, para a ocorrência de formação de uma secagem, cristalizações
sendo que as partículas são pontes sólidas é a presença de podem ocorrer, promovendo
unidas pelo líquido em forma de aditivos (adesivos, ligantes, ligações fortes entre as partículas,
anéis. Ocorre uma adesão devido binders) no líquido ou na mistura aumentando a resistência
às forças de tensão superficial da de pós. mecânica do grânulo.
interface líquido/ar e devido à Qualquer material solúvel no
pressão de sucção hidrostática Pontes Sólidas líquido de granulação funcionará
nas pontes de líquido. desta maneira.
Quando todo o ar, entre as Podem ser formadas por: O tamanho dos cristais
partículas, for deslocado, temos o produzidos na ponte de ligação é
estágio capilar e as partículas se influenciado pela taxa de secagem
Amolecimento parcial
mantêm unidas devido à sucção dos grânulos: quanto mais lento o
capilar na interface líquido/ar que tempo de secagem, maior o
está, agora, somente na superfície Aditivos que promovem tamanho das partículas
do grânulo. o endurecimento cristalizadas.
O estágio funicular é uma fase
intermediária entre os estágios Cristalização de Forças de atração entre
substâncias dissolvidas
pendular e capilar. partículas sólidas
A resistência mecânica do
grânulo úmido aumenta cerca de Amolecimento Parcial Na ausência de líquidos e
três vezes quando passamos do Embora não seja o mecanismo pontes sólidas formadas por
estágio pendular para o capilar. predominante na maioria dos agentes ligantes (aditivos), há dois
A princípio, pode-se concluir materiais, é possível que as altas tipos de forças de atração que
que o estágio capilar é pressões utilizadas na granulação podem agir entre as partículas.
dependente do conteúdo de via seca causem uma pequena Forças eletrostáticas podem ser
umidade dentro dos grânulos, mas taxa de amolecimento ou importantes, causando coesão
podemos atingí-lo, simplesmente dissolução (”melting”) entre as dos pós e a formação inicial de
com a diminuição das distâncias partículas. aglomerados, por exemplo,
entre partículas. Quando as pressões são durante a mistura. Geralmente,
Na granulação via úmida, aliviadas, uma cristalização pode este fenômeno não contribui muito
durante o processo de “agitação”, ocorrer nos locais onde houve os para a formação da resistência
a intensidade e continuidade da amolecimentos ou dissoluções, mecânica final do grânulo.
homogeneização das matérias- favorecendo a união das Porém, a magnitude das forças
primas (pós, ligantes e líquido) de partículas. d e Va n d e r Wa a l s é ,
um material, originalmente no aproximadamente, quatro vezes
estágio pendular, pode provocar o Aditivos Endurecedores maior que as forças eletrostáticas
aumento de densidade devido à É o mecanismo mais comum, e contribui significativamente para
diminuição do volume dos poros em granulações via úmida, para a resistência de grânulos
ocupado por ar e, eventualmente, muitos materiais, quando aditivos produzidos por granulação via
atingindo-se o estágio funicular ou (binders) são incluídos na seca.
mesmo capilar, sem que haja formulação, dissolvidos no líquido A magnitude dessas forças
necessidade de adição de líquido. ou homogeneizados aos pós. aumentará com a diminuição das
Além destes três estágios, O líquido formará pontes superfícies adjacentes e, na
podemos ter o estágio gotinha líquidas, como discutido acima, e granulação via seca, isto é
(droplet), quando as partículas o adesivo endurecerá ou alcançado utilizando altas
estão em “suspensão”, como cristalizará, durante a secagem, pressões para provocar a união
ilustrado na figura 01. formando pontes sólidas de das partículas.
Isto é muito importante no ligação entre as partículas.
processo de granulação por Entre os aditivos podemos citar MECANISMOS DE
“spray drier” de uma suspensão. os derivados de celulose, de FORMAÇÃO DE GRÂNULOS
Neste estágio, a resistência lignina e de amido.
mecânica da “gotinha” depende, Nos métodos de granulação via
principalmente, da tensão Cristalização de substâncias seca a adesão de partículas
superficial do líquido utilizado. O líquido (solvente) utilizado na acontece por causa de uma
Estas pontes líquidas são formulação, durante a granulação pressão aplicada. Uma lâmina
estruturas temporárias na via úmida, pode reagir compacta ou flocos são
granulação via úmida, pois os parcialmente com os pós da produzidos de acordo com o
grânulos úmidos sofrerão uma mistura ou dissolver um ou mais tamanho do grânulo exigido,
posterior secagem. ingredientes em pó. evidentemente com uma posterior

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

13
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

03
desgregação ou moagem e seja excessivamente grande, este A obtenção de grânulos
classificação granulométrica. é o ponto adequado (do processo grandes pode não ser muito
Nos métodos de granulação via de granulação) para a aplicação adequada para propósitos
úmida, o líquido adicionado à dos grânulos em processos que farmacêuticos ou cerâmicos, mas
massa seca é distribuído pelas requerem uma compactação em é uma ocorrência interessante
partículas através de agitações moldes definidos, caso de para outras aplicações industriais.
criadas dentro do equipamento comprimidos da indústria Os mecanismos possíveis de
granulador. farmacêutica ou de revestimentos crescimento de grânulo são
A adesão das partículas se cerâmicos. ilustrados na Figura 03.
inicia devido à atuação do filme Grânulos maiores podem dar
líquido, sendo que a agitação e/ou origem a problemas em estampas Coalescência
adição de mais líquido promovem (moldes) de pequeno diâmetro, Dois ou mais grânulos se unem
mais adesão de partículas. devido principalmente, a para formar um grânulo maior.
O mecanismo pelo qual um pó prováveis entupimentos no
seco é transformado em uma sistema de abastecimento, Quebra
massa granulada varia de acordo favorecendo a enchimentos falhos Grânulos se desfazem em
com o tipo de equipamento, ou desiguais dos moldes. fragmentos que se unem a outros
escolha e quantidade de aditivos, grânulos, formando camadas
tempos e métodos de operação. Crescimento do grânulo sobrepostas nos granulados
O mecanismo apresentado sobreviventes.
abaixo mostra uma generalização Na seqüência da granulação,
bastante didática e útil do ocorre o crescimento do grânulo, Transferência por abrasão
processo de granulação, que pode geralmente produzindo grânulos A agitação da massa granulada
ser dividido em três fases: esféricos, sendo que o tamanho gera atritos entre os grânulos.
médio dos granulados pode Esse fenômeno proporciona uma
Nucleação aumentar com o tempo. transferência de massa,
A granulação começa com a Se mantivermos a agitação da aumentando o tamanho dos
adesão de partículas através das massa , a coalescência do grânulo grânulos.
pontes líquidas. Várias partículas continuará e pode produzir uma
se unem para a formação do massa granulada inutilizável Formação de camadas
estágio pendular, ilustrado na (overmassed), muito embora isso Quando pós secos ou uma
Figura 01. dependa da quantidade de líquido mistura de pós são adicionados à
Posteriormente, com a agitação e de propriedades reológicas do massa granulada original (que foi
desses pequenos corpos sistema a ser granulado. obtida anteriormente e se
granulados (com aumento de sua
densidade aparente), o estágio
capilar é alcançado e, esses
corpos agem como núcleos, +
favorecendo o crescimento do Coalescência
grânulo.

Transição
Há duas possibilidades desses
núcleos aumentarem de tamanho:
+
Quebra
01. Partículas se unem aos
núcleos através de pontes
pendulares.
02. Dois ou mais núcleos
podem se unir, sendo que a
combinação dos núcleos ocorre +
pela agitação da massa
Transferência por abrasão
granulada.

Esta fase é caracterizada pela


presença de muitos grânulos
pequenos, mas com uma larga +
distribuição granulométrica Formação de camadas
Desde que essa GranTec Tecnologias

distribuição granulométrica não Figura 03. Mecanismos de crescimento de grânulos durante a granulação

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

14
Concer Consultoria Ltda.

GranTec
Tecnologias de Materiais
(19) 9.9747.4542

04
encontra dentro do equipamento), Para a obtenção de uma Escolha e monitoramento do
esses pós aderem aos grânulos, uniformidade do produto final é equipamento, conhecimento das
formando uma camada em cima necessário que os procedimentos propriedades reológicas da
da superfície dos mesmos, de granulação sejam constantes e composição, utilização de aditivos
aumentado o tamanho médio da interrompidos na fase ou tempo adequados e muita experiência
massa granulada. desejados. são imprescindíveis para
Este procedimento - conhecido Utilizando um processo mais interromper o procedimento no
como “engordamento” - é muito lento, como um misturador ponto ideal da granulação,
utilizado para a obtenção de planetário, há tempo suficiente também conhecido, conforme a
grânulos esféricos, processados para parar o processo antes da faixa granulométrica desejada,
em equipamentos projetados para ocorrência da “ overmassing”. como ponto final de granulação.
tanto. Caso clássico é a No caso de um equipamento
pelotização de minério de ferro. que imprime uma granulação mais Fonte
A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e
Esses mecanismos ou fases rápida (granuladores intensivos), Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não
podem ocorrer de formas quase o tempo de formação de grânulos editado).
que simultâneas, não permitindo somente pode ser usado como Laudo J.L. Bernardes, Diretor Técnico da
identificar, através de uma simples parâmetro quando a formulação é GranTec Tecnologias Para Homogeneização e
Granulação de Materiais, é engenheiro de
inspeção da massa granulada, o tal que o crescimento do grânulo materiais, com especialização em cerâmica, pós
estágio de granulação. ocorre de maneira lenta. graduado em Sistemas da Qualidade e possui
MBA em Gestão Ambiental.

GranTec Tecnologias
www.granula.com.br beneficiamento das matérias primas
(secagem, moagem e classificação)
Sistema de Granulação
de Materiais Diversos
matéria matéria matéria matéria aditivo aditivo
prima
01
prima
02
prima
03
prima
04
A B Principal problema do processo industrial
silo de pó
Não constância das características físicas e químicas das matérias primas
retorno (principalmente tixotropia, umidade e granulometria)

Equipamento misturador granulador de alta intensidade


Faz a homogeneização das matérias-primas
Introduz água para a granulação do material
Providencia a correção da umidade para a granulação
aditivo Realiza a granulação em diversas faixas granulométricas
retorno do granulador
líquido balança Permite um acabamento esférico nos grânulos produzidos
grosseiro oscilatório
Tabela 02. Geração de resíduos (%) Torna possível a introdução de aditivos e outras matérias primas
Possibilita a retirada de amostras a qualquer momento do processo
silo de ou ou Controles diversos para a repetitividade da obtenção do granulado
bomba espera

disco tambor
pelotizador rotativo mesa
vibratória
moinho de
martelos

peneira silo de
peneira 5 mm granulado
5 mm seco
> 5 mm

misturador granulador
de alta intensidade
classificação
transportador pulmão secador de esteiras, granulométrica
rotativo ou leito fluidizado
Laudo Bernardes
www.granula.com.br
retorno do pó retorno do pó (19) 9747.4542

Fonte: A Granulação de Materiais - Teorias, Técnicas e Aplicações (Livro de Laudo J.L. Bernardes, não editado)

Rua Santa Rita, 729 - São Simão (SP)

15

Você também pode gostar