Síntese e Análise de Mecanismo de Quatro Barras: Universidade Estadual de Campinas
Síntese e Análise de Mecanismo de Quatro Barras: Universidade Estadual de Campinas
CAMPINAS
2017
ELINE TIEMI SHIINO
.......................................................................
ASSINATURA DO(A) ORIENTADOR(A)
CAMPINAS
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE SISTEMAS INTEGRADOS
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.
Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto
minha homenagem:
Aos meus pais, Lina e Janio, pelo apoio incondicional em todas as etapas e decisões
tomadas até o momento.
Às minhas irmãs, Luciene e Luiza, pela amizade e companheirismo.
Aos amigos de longa data, que mesmo à distância, se fazem presentes.
À Professora Katia, pela orientação e paciência prestadas ao longo destes anos de
trabalho.
Aos colegas do LAMAR pelas conversas e trocas de experiências.
Aos amigos da graduação, pelo companheirismo.
A todos os professores e colegas do departamento, que ajudaram de forma direta e indireta
na conclusão deste trabalho.
À FEM/Unicamp pela educação e infraestrutura.
Ao CNPq, pelo suporte financeiro (Processo CNPq 134623/2016-9).
Resumo
The method studied in this work fits in the dimensional synthesis of four-bar mechanisms
by the method of the precision points. The linear loop equations of the four-bar mechanisms
are used in their complex form and later arranged in their matrix form. The solution of this
system returns the lengths of the bars of the mechanism.
Then, the concepts of kinematic and kinetic analysis of the synthesized mechanisms are
applied, thus obtaining a complete characterization of the behavior of these mechanisms. From
the kinematic part, the angular displacement, velocity and acceleration graphs of the coupling
and the second crank are returned as a function of the variation of the input angle in the first
crank. In the kinetic part, the effects of the application of a force on the coupler are analyzed.
As results, the algorithm returns graphs of force, displacement, velocity and acceleration as a
function of time.
A graphical interface was developed to enable easier user utilization of the synthesis and
dynamic analysis algorithms for four-bar mechanisms, using the MATLAB GUIDE toolbox.
In addition to the graphical response, the algorithm allows saving of the input and output files
and the visualization of an animation simulating the movement of the mechanism, both in the
kinematic analysis and in the kinetic analysis, when the system is subjected to an external force.
Finally, the synthesized four-bar mechanism was simulated, positioning a spring and a
damper transversely to the mechanism. Kinematic and kinetic analyzes were performed after
the application of an external force to the center of mass of the coupler and the optimization of
the coefficient of elasticity of the spring and the damping coefficient, aiming to minimize
different objective functions, which are the displacement of the point of interest in the coupler,
the velocity curve, and the acceleration curve, applying different restrictions to each particular
case. The goal is to offer a generic tool for the synthesis, analysis and optimization of a four-
bar mechanism, helping the machine designer to obtain the best possible solution to a problem.
Letras Latinas
𝐏𝟏 Posição de um ponto de interesse na trajetória do acoplador
𝐏𝟐 Posição de um segundo ponto de interesse na trajetória do acoplador
R1 Vetor posição com respeito a um sistema cartesiano XY até P1
R2 Vetor posição com respeito a um sistema cartesiano XY até P2
P21 Vetor deslocamento entre os pontos P1 e P2
G Vetor da barra fixa
W Vetor da barra de entrada
V Vetor da barra acopladora
Z Vetor que define a parte esquerda da barra acopladora
S Vetor que define a parte direita da barra acopladora
U Vetor da barra de saída
C Comprimento de barra
A Ângulo de orientação da barra
q Coordenada generalizada – ângulo de orientação da barra de entrada
g Ângulo de orientação da barra fixa
K Coeficientes cinemáticos de velocidade
J Matriz jacobiana
L Coeficientes cinemáticos de aceleração
up Coordenada do eixo paralelo à barra acopladora de sistema móvel solidário ao
acoplador
vp Coordenada do eixo perpendicular à barra acopladora de sistema móvel
solidário ao acoplador
Vp Velocidade do ponto de interesse
Ap Aceleração do ponto de interesse
Ec Energia cinética
M Massa da barra
Vcm Velocidade do centro de massa
Icm Momento de inércia do centro de massa
W Trabalho
Q Força generalizada
F Força
V Função potencial
h Passo do método Runge-Kutta
m Inclinação estimada do método Runge-Kutta
t Tempo
k Constante elástica da mola
c Coeficiente de amortecimento do amortecedor
s Variável de folga
h Restrição de igualdade
g Restrição de desigualdade
L Função lagrangeana
H Hessiana do lagrangeano
Letras Gregas
θ Ângulo de orientação inicial da barra
β Ângulo de variação angular da barra
𝜑 Ângulo de orientação inicial do vetor Z
α Variação angular do vetor Z
δ Ângulo de orientação do vetor P21
σ Ângulo de orientação inicial da barra
γ Ângulo de variação angular da barra
ψ Ângulo de orientação do vetor S
Δ Cofator
ω Velocidade angular
ℐ Inércia generalizada
ℭ Coeficiente centrípeto
ζ Fator de amortecimento
𝜇 Parâmetro de barreira
𝜆 Vetor multiplicador de Lagrange
Λ Matriz que utiliza o vetor λ em sua diagonal principal
Superescritos
̇ Primeira derivada
̈ Segunda derivada
c Conservativa
nc Não conservativa
Subscritos
x Projeção do vetor na coordenada X
y Projeção do vetor na coordenada Y
p Ponto de interesse
Sumário
Agradecimentos...............................................................................................................5
Resumo............................................................................................................................6
Abstract............................................................................................................................7
Lista de Ilustrações..........................................................................................................8
Lista de Tabelas.............................................................................................................12
Lista de Abreviaturas e Siglas.......................................................................................14
1 Introdução...................................................................................................................20
2 Revisão da Literatura - Perspectiva Histórica............................................................24
3 Síntese Analítica.........................................................................................................33
3.1. Síntese analítica para duas posições..............................................................34
3.2. Síntese analítica para três posições................................................................39
3.3. Síntese analítica para quatro posições...........................................................43
3.4. Síntese analítica para cinco posições.............................................................49
4 Resultados da Síntese.................................................................................................56
4.1. Manivela – Oscilador.....................................................................................56
4.1.1. Manivela - oscilador genérico com dois pontos de precisão.............56
4.1.2. Manivela - oscilador genérico com três pontos de precisão..............58
4.1.3. Manivela - oscilador genérico com quatro pontos de precisão..........60
4.1.4. Manivela - oscilador genérico com cinco pontos de precisão...........62
4.1.5. Comparação entre os mecanismos do tipo manivela - oscilador.......65
4.2. Oscilador – oscilador.....................................................................................66
4.2.1. Oscilador - oscilador genérico com dois pontos de precisão.............66
4.2.2. Oscilador - oscilador genérico com três pontos de precisão..............68
4.2.3. Oscilador - oscilador genérico com quatro pontos de precisão.........70
4.2.4. Oscilador - oscilador genérico com cinco pontos de precisão...........72
4.2.5. Comparação entre os mecanismos do tipo oscilador - oscilador.......74
4.3. Manivela – manivela......................................................................................74
4.3.1. Manivela - manivela genérico com dois pontos de precisão.............75
4.3.2. Manivela - manivela genérico com três pontos de precisão..............77
4.3.3. Manivela - manivela genérico com quatro pontos de precisão..........79
4.3.4. Manivela - manivela genérico com cinco pontos de precisão...........81
4.3.5. Comparação entre os mecanismos do tipo manivela - manivela.......83
5 Fundamentação teórica da dinâmica dos mecanismos...............................................84
5.1. Análise Cinemática........................................................................................84
5.1.1. Análise de posição.............................................................................84
5.1.2. Análise da velocidade........................................................................85
5.1.3. Análise da aceleração.........................................................................86
5.1.4. Análise do ponto de interesse associado ao acoplador......................87
5.1.5. Solução numérica para sistema de equações não-lineares.................89
5.2. Análise Cinética.............................................................................................91
5.2.1. Energia Cinética de um sistema de corpos rígidos............................92
5.2.2. Forças generalizadas..........................................................................94
5.2.3. Equação de movimento de Eksergian................................................95
5.2.4. Representação de forças conservativas..............................................97
5.2.5. Solução numérica da equação geral de Eksergian.............................98
5.3. Especificidades do algoritmo de análise cinemática e cinética...................100
5.3.1. Matriz de transformação de coordenadas.........................................100
5.3.2. Força Externa...................................................................................101
6 Problema de Otimização...........................................................................................102
6.1 Modelagem matemática do problema...........................................................103
6.2 Método de otimização...................................................................................107
7 Resultados da análise cinemática e cinética.............................................................111
7.1. Mecanismos sintetizados.............................................................................111
7.1.1. Mecanismo manivela – oscilador.....................................................111
7.1.2. Mecanismo oscilador – oscilador.....................................................116
7.1.3. Mecanismo manivela – manivela.....................................................120
7.2. Síntese e simulação cinemática e cinética de um mecanismo de quatro-
barras...........................................................................................................................125
7.2.1. Cinemática.......................................................................................127
7.2.2. Cinética............................................................................................130
7.2.3. Resultados do problema de otimização............................................133
8 Conclusão.................................................................................................................139
Referências..................................................................................................................141
ANEXO A – Norma ISO 2631....................................................................................145
20
1 INTRODUÇÃO
O mecanismo plano constituído por quatro barras em uma cadeia cinemática fechada,
com o formato de um quadrilátero, é muito versátil e, portanto, comumente encontrado em
vários dispositivos mecânicos. A variedade de movimentos que podem ser gerados por esse
tipo de mecanismo inclui uma linha aproximadamente reta (acoplamento de Watt e Scott
Russel), curvas fechadas e até círculos (mecanismo de Galloway).
Muitos problemas de design de máquinas requerem a criação de um mecanismo (síntese)
com um movimento particular. Erdman e Sandor (1997) definem três tipos de síntese
cinemática, ou geração: por função, trajetória e movimento. (ERDMAN, A.G., E SANDOR G.
N., 1997)
• A geração por função é definida como a correlação entre o movimento de entrada e o
movimento de saída em um mecanismo;
• A geração por trajetória é definida como o controle de um ponto no plano de forma que
este siga uma trajetória pré-definida;
• A geração por movimento é definida como o controle de uma linha no plano de forma
que esta assuma alguma sequência de posições determinadas.
A síntese dimensional de um mecanismo é a determinação das proporções dos
acoplamentos de modo a realizar os movimentos desejados. A técnica mais simples para o
dimensionamento de um mecanismo de quatro barras é a gráfica. Porém, esta técnica funciona
bem para até três posições. Para um número maior, opta-se pela utilização do método analítico.
Durante os últimos anos, foram desenvolvidos vários métodos analíticos para a síntese
dimensional de mecanismos. Norton divide estes métodos em três categorias, sendo
denominadas: precisão, equação e otimização. (NORTON, 2011)
Os métodos de precisão englobam aqueles que procuram sintetizar um mecanismo que
passará exatamente pelos pontos definidos previamente, sem, no entanto, se preocupar com a
trajetória, ou com um eventual erro estrutural do mecanismo entre estes pontos. Os métodos de
pontos de precisão possuem um número máximo de pontos que podem ser previamente
definidos, que representam a quantidade de parâmetros independentes que definem um
mecanismo. Para um mecanismo de quatro barras, o número máximo de pontos de precisão é
nove, sendo que destes nove parâmetros independentes, quatro representam os comprimentos
das barras, dois referem-se às coordenadas do ponto de interesse no acoplador, e os últimos três
21
de precisão possível é nove. Para até 5 pontos, as equações podem ser resolvidas em sua forma
fechada. De 6 até 9 pontos de precisão, as equações são não lineares, e necessitam de métodos
iterativos para sua solução. (NORTON, 2011)
Freudenstein (1955), posteriormente associado a Sandor (1959), está entre os primeiros a
publicar um trabalho direcionado à síntese de mecanismos com o método de pontos de precisão,
utilizando-se das equações lineares de loop, para até cinco pontos de precisão. Este método é
descrito em detalhes no capítulo 3 deste trabalho, sendo posteriormente aplicado no
desenvolvimento de uma ferramenta computacional. (FREUDENSTEIN, F., 1955)
(FREUDENSTEIN, F. E SANDOR, G. N., 1959)
Suh e Radcliffe (1966) apresentam uma abordagem similar à de Freudenstein (1955),
utilizando-se de equações de loop. Este método também se enquadra na categoria de síntese
analítica dos pontos de precisão. No entanto, este método leva a um sistema de equações não
lineares, aplicável para até 5 posições distintas, utilizando-se o método numérico de Newton-
Raphson. Esta abordagem leva, porém, a problemas de não convergência, ou ainda,
convergência que pode resultar em soluções inviáveis. Seu método se diferencia pela introdução
da matriz de deslocamentos associada a posições múltiplas de um corpo rígido, para síntese de
mecanismos planares ou tridimensionais. Para um mecanismo de quatro barras com acoplador,
a matriz de deslocamento é função da rotação relativa (ângulo de rotação entre a primeira e a
enésima posição) do acoplador, e dos pontos de precisão. (SUH, C. H. E RADCLIFFE, C. W.,
1966).
Nolle e Hunt, utilizando um método da categoria de otimização, derivam em 1971
expressões analíticas para a síntese ótima de mecanismos de quatro barras planares. Seu método
leva a um sistema de dez equações lineares não homogêneas, cuja solução gera valores ótimos
para todas as variáveis independentes do problema, utilizando-se do método dos mínimos
quadrados para a minimização da função erro. Devido à utilização de equações lineares, o
método utiliza pouco tempo computacional, permitindo seu uso diversas vezes nos casos onde
não há uma boa estimativa inicial. Em termos de tempo, leva-se um segundo a cada iteração,
resultando em uma convergência rápida. Mostra-se ainda a possibilidade de aplicação deste
método a mecanismos de 6 ou mais barras, e mecanismos tridimensionais para os quais a
solução ótima é obtida após uma única iteração. (NOLLE, H. E HUNT, K. H., 1971)
Posteriormente, Suh (1973), aprimorando seus estudos na área de síntese analítica através
do método dos pontos de precisão, publicou métodos matemáticos para solução de equações
não lineares por meio do uso de sistemas matriciais e do método dos mínimos quadrados. O
algoritmo dos mínimos quadrados publicado por Powell foi implementado, o que proporcionou
27
rápida convergência de funções residuais provenientes da função objetivo e das restrições dos
mecanismos. Sua efetividade é demonstrada por meio de exemplos da síntese por otimização
de mecanismos, no caso da geração por função, pela posição do acoplador, e no caso da geração
por meio de uma curva espacial. Não só o algoritmo apresentou resultados válidos, como ainda
se mostrou de fácil implementação. (SUH, C. H., 1973)
Loerch, Erdman e Sandor (1979), desenvolveram um método de síntese utilizando pontos
de precisão, demonstrando um método gráfico, no qual são obtidas soluções para mecanismos
de quatro barras com três pontos de precisão, nos quais quaisquer deslocamentos rotacionais
podem ser estabelecidos. Além disso, são discutidos casos nos quais são determinadas duas
posições e uma velocidade. As soluções são representadas por círculos formados pelas
diferentes localizações de um ponto de interesse no acoplador, derivadas das equações
analíticas baseadas em transformações bi lineares. Demonstra-se, ainda, uma solução para
quatro pontos de precisão, utilizando-se da superposição de duas soluções, para o caso de três
pontos de precisão. (LOERCH, R. J., ERDMAN A. G., SANDOR G. N., 1979).
Já em 1981, Erdman introduziu a expressão dos mecanismos de quatro barras por meio
de números complexos, padronizando as equações para geração por função, geração por
trajetória e geração por movimento. Diferentes estratégias para a síntese foram descritas,
sugerindo a melhor solução para cada escolha de parâmetros iniciais. Recomenda-se considerar
as vantagens e desvantagens do emprego de uma técnica específica para um determinado
problema. Por fim, foram reproduzidas técnicas computacionais para os casos de síntese com
três ou quatro pontos de precisão. (ERDMAN, A. G., 1981)
Posteriormente, Sandor e Erdman (1997) publicaram o livro “Mechanism Design:
Analysis and Synthesis”, baseado nos estudos de Freudenstein (1955), e nas equações de loop,
utilizando notação complexa, introduzidas por Erdman. Estes métodos de síntese analítica
buscaram a determinação de um mecanismo que passe por pontos previamente determinados,
sendo assim denominados métodos dos pontos de precisão. (ERDMAN, A. G., E SANDOR, G.
N., 1997)
Em 1985, Midha e Zhao, discutiram a síntese de mecanismos de oito barras planares por
meio das equações de loop e de equações não lineares. Este método, portanto, se enquadrou na
categoria dos pontos de precisão, baseando-se na teoria desenvolvida por Freudenstein (1955)
e, posteriormente, por Erdman e Sandor (1997). O método de Newton-Raphson foi utilizado
para a solução destas equações não lineares. (MIDHA, A., ZHAO, Z.-L., 1985)
Blechschmidt e Uicker, em 1986, desenvolveram um método para a síntese de
mecanismos de quatro-barras utilizando a curva algébrica do movimento de um ponto de
28
interesse no acoplador. Este método baseou-se na teoria de Burmester, pois a curva algébrica
formada pelo ponto de interesse é um polinômio de sexto grau, do tipo tricircular trinodal. Deste
modo, este método entra na categoria dos métodos de síntese analítica pelo uso da equação
polinomial citada. Demonstrou-se que dada uma série de pontos na qual o ponto de interesse
no acoplador deve passar, os coeficientes do polinômio podem ser encontrados. Os coeficientes
do polinômio são funções não lineares dos parâmetros do mecanismo. O sistema de equações
não lineares resultante pode ser resolvido por meio de técnicas de iteração ou otimização,
determinando-se assim as dimensões das barras do mecanismo. (BLECHSCHMIDT, J. L.,
UICKER, J. J., 1986)
Morgan e Sommese, em 1987, e Wampler, em 1990 solucionaram o mecanismo de quatro
barras para 5 posições distintas e pivôs fixos, utilizando-se das equações de loop e dos métodos
de continuação, enquadrando-se nos métodos de síntese analítica dos pontos de precisão. Neste
trabalho, demonstrou-se que, para um mecanismo passando por 5 pontos de precisão, os
parâmetros de design devem satisfazer um sistema de equações polinomiais de quarto grau,
com quatro incógnitas, e este sistema deve apresentar no máximo 36 soluções reais. No entanto,
nem todas as soluções podem se apresentar utilizáveis, podendo ocorrer 3 tipos de soluções
indesejáveis, a saber: as de solução complexa, com defeito de ordem (order defect), na qual o
mecanismo sintetizado não consegue passar pelos pontos de precisão na ordem designada, ou
soluções com defeito de continuidade (branch defects), em que o mecanismo precisa mudar sua
configuração de montagem, ou forma, para satisfazer todos os pontos de precisão. (MORGAN,
A. P. E A. J. SOMMESE, 1987) (MORGAN, A. P., E WAMPLER, C. W., 1990)
Subbian e Flugrad, em 1991, estenderam este estudo para pivôs móveis, enquadrando-se,
portanto, na classe dos métodos de síntese analítica dos pontos de precisão. Apresentou-se uma
diferente abordagem para a síntese por trajetória de mecanismos de quatro-barras, utilizando o
método de continuação para solucionar o sistema de equações não lineares proveniente das
equações de loop. Demonstrou-se, ainda, que o método de Newton pode ser aplicado na solução
do sistema não-linear, sendo, no entanto, impossível assegurar um conjunto completo de
soluções. Portanto, o método da continuação seria o mais confiável matematicamente. No
entanto, dentre as soluções obtidas por este método, encontram-se as soluções reais, as soluções
complexas e as soluções no infinito, das quais somente as reais são utilizáveis na síntese.
(SUBBIAN, T. E FLUGRAD, J. D. R., 1991)
Já em 1992, Wampler, continuando os estudos anteriores de síntese analítica pelos pontos
de precisão, utiliza uma combinação de redução de equação analítica e o método da continuação
para exaustivamente computar todas as soluções (provou-se que há um máximo de 4326)
29
possíveis e genéricas para o problema de nove pontos de precisão, buscando, assim, controle
máximo sobre a curva do acoplador. Vale ressaltar que nove é o número máximo de pontos de
precisão possíveis de serem determinados previamente na síntese de mecanismos de quatro
barras. Este método, contudo, não elimina os mecanismos fisicamente impossíveis ou com
problemas como posições de alternância. (WAMPLER, C. W., 1992)
Em 1994, Tylaska e Kazerounian desenvolveram um método para síntese de mecanismos
de quatro barras para 7 pontos de precisão (método de síntese analítica pelos pontos de
precisão). Seu método era capaz de encontrar uma solução para qualquer conjunto de
parâmetros iniciais, sendo, portanto, um avanço sobre outros métodos iterativos, que possuem
certas restrições a respeito de suas estimativas iniciais. Uma particularidade deste método é a
extensão do mesmo ao mecanismo de seis barras de Watt. (TYLASKA, T. E KAZEROUNIAN
K., 1994)
Também em 1994, Avilés, Navalpotro, Amezua e Hernández, publicaram um método de
síntese analítica de mecanismos planares através da otimização, tanto para geração por
movimento, geração por trajetória, ou geração por função, ou seja, aplicável a todas as sínteses
cinemáticas. Os mecanismos são discretizados em elementos finitos, visando facilitar a
computação da matriz geométrica, que é uma matriz de rigidez. A função erro é baseada na
energia elástica acumulada pelo mecanismo, quando este é forçado a satisfazer exatamente os
dados da síntese. Portanto, durante o processo iterativo, considera-se que os elementos dos
mecanismos são deformáveis. O sistema de equações não lineares de equilíbrio resultante é
solucionado utilizando a matriz geométrica e o vetor força do sistema deformado. A
minimização da função erro é obtida pelo método de Newton de segunda ordem, com uma
abordagem semi-analítica. Provou-se que este método é muito estável para uma grande
variedade de passos da iteração, apresentando convergência mesmo quando a solução inicial da
iteração se apresenta distante da solução real. (AVILÉS, R., NAVALPOTRO, S., AMEZUA,
E. E HERNÁNDEZ, A., 1994)
Bawab, et al. (1997), apresentaram um método de síntese mecânica baseado na teoria de
otimização e na síntese retificada. Utilizaram a geração por movimento, na qual o mecanismo
passa por dois, três, ou quatro posições. Apresentaram, ainda, técnicas para síntese automática,
implementadas no software RECSYN (RECtified SYNthesis), buscando tornar o processo de
otimização mais eficiente em termos de velocidade. Comparativamente, em um processo
manual, necessita-se de tempo e conhecimentos de cinemática consideráveis para desenvolver
uma solução iterativa aceitável. O algoritmo apresentado consumiu no máximo seis segundos
para gerar uma solução. Isso foi possível devido à eliminação imediata de mecanismos
30
inviáveis, através do uso de ferramentas de retificação. Sendo assim, o método apresentado uniu
aspectos da síntese analítica pelos pontos de precisão, de síntese cinemática pelo uso da geração
por movimento, e de técnicas de otimização, eliminando soluções de mecanismos não viáveis.
(BAWAB, S., SABADA, S. SRINIVASAN, U., KINZEL, G.L. E WALDRON, K. J., 1997)
Já em 1999, Liu e Yang sugeriram uma nova abordagem para a síntese analítica de
mecanismos por otimização. Foram apontadas duas limitações nestes métodos de síntese, sendo
estas: as estimativas iniciais são de difícil determinação e a solução ótima global é de árdua
obtenção. Propôs-se, assim, uma metodologia que extingue a necessidade de estimativa inicial,
de modo a não impedir a obtenção de todas as soluções possíveis. Utilizando-se das equações
de loop do mecanismo, e buscando a minimização da função objetivo do sistema por meio das
derivadas parciais das equações de loop, obteve-se um sistema de equações polinomiais
solucionável pelo método da continuação. (LIU, A.-X. E YANG, T. -L., 1999)
Em 2001, Vasiliu e Yannou propuseram um método para a síntese analítica de
mecanismos planares, cuja função era a geração de uma determinada trajetória. A maioria dos
métodos para a síntese analítica e gráfica para geração por trajetória exige a especificação da
mesma por meio de uma série de coordenadas de pontos, ao invés da especificação de uma
forma geométrica. A respeito dos métodos de síntese por otimização, os mesmos mostram-se
lentos, e sua convergência depende da solução inicial. Alternativamente, foi apresentada uma
abordagem diferenciada pelo uso de uma rede neural. Este método enquadrou-se nos métodos
de síntese analítica por otimização. O primeiro passo consistia na geração de um grande número
de casos por meio da simulação cinemática de mecanismos, para valores aleatórios de
comprimentos de barra, em um processo de orientação da rede neural. No segundo passo,
durante sua utilização, a rede neural possibilitava a obtenção imediata de uma solução
aproximada para o problema de síntese, através da interpolação de casos instalados na memória
da rede. Concluiu-se que as duas maiores vantagens da utilização deste método são a capacidade
do mesmo de levar em conta especificações de formato geométrico da trajetória, dificilmente
concebível em métodos tradicionais, e a compilação preliminar da base de casos, usando a
interpolação com a rede neural, o que acarreta em grande redução da base de dados. Entretanto,
a implementação deste método requer um grande número de simulações cinemáticas, exigindo
assim a utilização de um software. (VASILIU, A., YANNOU, B., 2001)
Wu e Chen, em 2005, desenvolveram um software de análise de mecanismos de quatro
barras planares. O software realizava a análise cinemática completa do mecanismo, ilustrando,
através de animações, seus movimentos. Sendo assim, permitia-se a rápida e fácil determinação
de soluções para as variáveis do acoplador. (WU, T.-M., CHEN, C.-K., 2005)
31
o método dos mínimos quadrados para otimização da solução. (ZHAO, J.-S., YAN, Z.-F. E YE,
L., 2014)
Neste contexto, integrando-se técnicas de síntese analítica utilizando os pontos de
precisão de mecanismos de quatro-barras, a análise cinemática e cinética dos mecanismos
sintetizados, e finalmente, o estudo de técnicas de otimização, busca-se um estudo completo
dos mecanismos de quatro-barras.
33
3 SÍNTESE ANALÍTICA
Por ser o mecanismo mais versátil, diversos métodos foram criados para a solução de
problemas utilizando o mecanismo de quatro barras. Os métodos analíticos aqui citados foram
desenvolvidos por Erdman e Sandor (1997), sendo posteriormente aprimorados por Kaufman e
Loerch. (ERDMAN, A.G., E SANDOR G. N., 1997)
A geração por movimento, definida como o controle de uma linha em um plano de modo
que esta assuma uma sequência de posições previamente definidas, é comumente obtida
utilizando um mecanismo quatro barras do tipo manivela ou duas manivelas. Nestes, um ponto
no acoplador passa pela trajetória desejada, e o mecanismo também controla o ângulo no
acoplador que possui a linha de interesse. O procedimento é descrito a seguir (Figura 3.2)
35
𝑃21 = 𝑅2 − 𝑅1 (3.8)
𝑉1 = 𝑍1 − 𝑆1 (3.9)
𝐺1 = 𝑊1 + 𝑉1 − 𝑈1 (3.10)
Portanto, ao determinar os vetores W1, Z1, U1 e S1, ter-se-á um mecanismo que satisfaz
as especificações iniciais. Faz-se um loop na parte esquerda do mecanismo, começando com
W2.
𝑊2 + 𝑍2 − 𝑃21 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.11)
Simplificando e arranjando:
Parte imaginária:
Há oito variáveis nestas duas equações: 𝑤, 𝜃, 𝛽2 , 𝑧, 𝜑, 𝛼2 , 𝑝21 𝛿2. Pode-se resolver apenas
para duas. Três destas variáveis foram definidas no inicio, 𝛼2 , 𝑝21 , 𝛿2. Das cinco restantes,
37
𝑤, 𝜃, 𝛽2 , 𝑧, 𝜑, deve-se assumir o valor de três para que seja possível resolver para as outras duas.
Assume-se o valor dos três ângulos, 𝜃, 𝛽2 , 𝜑, de modo a obter como resultado a magnitude de
w e z. Simplificando as equações e substituindo alguns termos por constantes:
𝐴𝑤 + 𝐵𝑧 = 𝐶 (3.23)
𝐷𝑤 + 𝐸𝑧 = 𝐹 (3.24)
𝐶𝐸 − 𝐵𝐹 (3.25)
𝑤=
𝐴𝐸 − 𝐵𝐷
𝐴𝐹 − 𝐶𝐷 (3.26)
𝑧=
𝐴𝐸 − 𝐵𝐷
𝑈2 + 𝑆2 − 𝑃21 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.27)
Parte real:
38
Parte imaginária:
𝐴𝑢 + 𝐵𝑠 = 𝐶 (3.37)
𝐷𝑢 + 𝐸𝑠 = 𝐹 (3.38)
𝐶𝐸 − 𝐵𝐹
𝑢= (3.39)
𝐴𝐸 − 𝐵𝐷
𝐴𝐹 − 𝐶𝐷
𝑠= (3.40)
𝐴𝐸 − 𝐵𝐷
Para três pontos de precisão, o procedimento é muito similar. No entanto, para encontrar
as dimensões das barras, necessitam-se de duas equações de loop para a parte direita do
mecanismo, e duas para a parte esquerda. O procedimento será exemplificado a seguir, para um
problema similar ao descrito anteriormente (Figura 3.3).
Figura 3.3: Síntese de mecanismo para três posições. Geração por movimento.
𝑊2 + 𝑍2 − 𝑃21 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.41)
𝑊3 + 𝑍3 − 𝑃31 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.42)
Simplificando e arranjando:
Parte imaginária:
Estão presentes doze variáveis nestas equações. Destas, seis são definidas no início do
problema: α2, α3, p21, p31, δ2 e δ3. Das outras seis, duas devem ser assumidas, para que se possa
encontrar as outras quatro. Assumindo os valores de β2 e β3, resta determinar as magnitudes e
os ângulos dos vetores W e Z (w, θ, z e φ). Para simplificar a solução, utilizam-se as
componentes cartesianas dos vetores W e Z, ao invés de suas coordenadas polares.
𝑊1𝑥 (𝑐𝑜𝑠 𝛽2 − 1) − 𝑊1𝑦 𝑠𝑖𝑛 𝛽2 + 𝑍1𝑥 (𝑐𝑜𝑠 𝛼2 − 1) − 𝑍1𝑦 𝑠𝑖𝑛 𝛼2 = 𝑝21 𝑐𝑜𝑠 𝛿2 (3.57)
𝑊1𝑥 (𝑐𝑜𝑠 𝛽3 − 1) − 𝑊1𝑦 𝑠𝑖𝑛 𝛽3 + 𝑍1𝑥 (𝑐𝑜𝑠 𝛼3 − 1) − 𝑍1𝑦 𝑠𝑖𝑛 𝛼3 = 𝑝31 𝑐𝑜𝑠 𝛿3 (3.58)
𝑊1𝑦 (𝑐𝑜𝑠 𝛽2 − 1) + 𝑊1𝑥 𝑠𝑖𝑛 𝛽2 + 𝑍1𝑦 (𝑐𝑜𝑠 𝛼2 − 1) + 𝑍1𝑥 𝑠𝑖𝑛 𝛼2 = 𝑝21 𝑠𝑖𝑛 𝛿2 (3.59)
𝑊1𝑦 (𝑐𝑜𝑠 𝛽3 − 1) + 𝑊1𝑥 𝑠𝑖𝑛 𝛽2 + 𝑍1𝑦 (𝑐𝑜𝑠 𝛼3 − 1) + 𝑍1𝑥 𝑠𝑖𝑛 𝛼3 = 𝑝31 𝑠𝑖𝑛 𝛿3 (3.60)
𝐴 = 𝑐𝑜𝑠 𝛽2 − 1 (3.61)
𝐵 = 𝑠𝑖𝑛 𝛽2 (3.62)
𝐶 = 𝑐𝑜𝑠 𝛼2 − 1 (3.63)
𝐷 = 𝑠𝑖𝑛 𝛼2 (3.64)
𝐸 = 𝑝21 𝑐𝑜𝑠 𝛿2 (3.65)
𝐹 = 𝑐𝑜𝑠 𝛽3 − 1 (3.66)
𝐺 = 𝑠𝑖𝑛 𝛽3 (3.67)
𝐻 = 𝑐𝑜𝑠 𝛼3 − 1 (3.68)
𝐾 = 𝑠𝑖𝑛 𝛼3 (3.69)
𝐿 = 𝑝31 𝑐𝑜𝑠 𝛿3 (3.70)
𝑀 = 𝑝21 𝑠𝑖𝑛 𝛿2 (3.71)
𝑁 = 𝑝31 𝑠𝑖𝑛 𝛿3 (3.72)
𝐴 −𝐵 𝐶 −𝐷 𝑊1𝑥 𝐸
𝑊
𝐻 −𝐾 ] ( 1𝑦 ) = [ 𝐿 ]
[𝐹 −𝐺 (3.77)
𝐵 𝐴 𝐷 𝐶 𝑍1𝑥 𝑀
𝐺 𝐹 𝐾 𝐻 𝑍1𝑦 𝑁
Pode-se facilmente encontrar a solução deste sistema, através da inversão da matriz 4x4.
O mesmo procedimento é realizado para a parte direita do mecanismo. As equações de loop
são:
𝑈2 + 𝑆2 − 𝑃21 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.78)
𝑈3 + 𝑆3 − 𝑃31 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.79)
𝐴 = 𝑐𝑜𝑠 𝛾2 − 1 (3.82)
𝐵 = 𝑠𝑖𝑛 𝛾2 (3.83)
𝐶 = 𝑐𝑜𝑠 𝛼2 − 1 (3.84)
𝐷 = 𝑠𝑖𝑛 𝛼2 (3.85)
𝐸 = 𝑝21 𝑐𝑜𝑠 𝛿2 (3.86)
𝐹 = 𝑐𝑜𝑠 𝛾3 − 1 (3.87)
𝐺 = 𝑠𝑖𝑛 𝛾3 (3.88)
𝐻 = 𝑐𝑜𝑠 𝛼3 − 1 (3.89)
𝐾 = 𝑠𝑖𝑛 𝛼3 (3.90)
𝐿 = 𝑝31 𝑐𝑜𝑠 𝛿3 (3.91)
𝑀 = 𝑝21 𝑠𝑖𝑛 𝛿2 (3.92)
𝑁 = 𝑝31 𝑠𝑖𝑛 𝛿3 (3.93)
𝐴 −𝐵 𝐶 −𝐷 𝑈1𝑥 𝐸
𝑈
𝐻 −𝐾 ] ( 1𝑦 ) = [ 𝐿 ]
[𝐹 −𝐺 (3.94)
𝐵 𝐴 𝐷 𝐶 𝑆1𝑥 𝑀
𝐺 𝐹 𝐾 𝐻 𝑆1𝑦 𝑁
Para quatro pontos de precisão, são utilizadas três equações de loop para a parte esquerda
do mecanismo, bem como três para a parte direita. O procedimento será exemplificado a seguir,
para um problema similar ao descrito anteriormente (Figura 3.4). (ERDMAN, A.G.; SANDOR,
G. N., 1984)
Figura 3.4: Síntese de mecanismo para quatro posições. Geração por movimento.
44
𝑊2 + 𝑍2 − 𝑃21 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.95)
𝑊3 + 𝑍3 − 𝑃31 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.96)
𝑊4 + 𝑍4 − 𝑃41 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.97)
Simplificando e rearranjando:
Há dezesseis variáveis nestas equações. Destas, nove são definidas no início do problema:
α2, α3, α4, p21, p31, p41, δ2, δ3 e δ4. Das outras sete, uma deve ser assumida, para que se possa
encontrar as outras seis. Assumindo o valor de β2, resta determinar as magnitudes e os ângulos
de orientação dos vetores W e Z (w, θ, z e φ) e as rotações β3 e β4. Este sistema só terá solução
se o rank da matriz aumentada dos coeficientes for 2. A matriz aumentada é formada
adicionando a matriz coluna do lado direito do sistema à matriz de coeficientes do lado esquerdo
do sistema. É necessário que o determinante da matriz aumentada do sistema seja nulo (3.108).
Onde:
Δ1 = − Δ2 − Δ3 − Δ4 (3.110)
Onde:
Na equação (3.114), o termo Δ3 aparece multiplicado por 𝑒 𝑖𝛽3 , que representa uma
rotação, assim como o termo Δ4. Esta equação indica que, quando Δ3 sofre uma rotação β3, e Δ4
uma rotação β4, os dois vetores formam um loop fechado com Δ. A equação (3.109) pode ser
interpretada como uma equação de loop de um mecanismo de quatro-barras, com a barra fixa
Δ1, e barras móveis Δ2, Δ3, e Δ4, e rotações das barras β2, β3 e β4, medidas a partir da posição
inicial. Assim, pode-se utilizar de equações trigonométricas para a determinação dos ângulos
de rotação do sistema.
Δ24 − Δ23 − Δ2
𝑐𝑜𝑠 𝜃3 = (3.116)
2Δ3 Δ
Fazendo o arco tangente, dividindo sen(θ3) por cos(θ3), pode-se obter o valor de θ3
(Equação 3.118). A figura 3.5 mostra a barra de comprimento Δ2 em linhas cheias, e após uma
rotação angular 𝛽2, em linhas tracejadas. As posições correspondentes das barras Δ3 e Δ4 após
a rotação também são apresentadas em linhas tracejadas. No entanto, a equação 3.109 também
pode ser satisfeita pelas posições das barras apresentadas em linhas ponto-traço, com rotações
β̃3 e β̃4 . Destaca-se aqui que, em geral, para cada valor assumido de β2, podem-se determinar
dois conjuntos de soluções, sendo β3, β4, β̃3 , β̃4 .
𝜃̃3 = 2𝜋 − 𝜃3 (3.118)
Δ23 − Δ24 − Δ2
𝑐𝑜𝑠 𝜃4 = (3.121)
2Δ4 Δ
Após o cálculo dos ângulos de rotação, β3, β4 e β̃3 , β̃4 , pode-se calcular os valores de W
e Z, substituindo ou o conjunto β2, β3, β4, ou, β2, β̃3 , β̃4 em duas das três equações do sistema
linear (3.107). Este procedimento resulta em um lado do mecanismo de quatro-barras. Resta
repetir o procedimento descrito para obter o outro lado do mecanismo. As equações de loop da
parte direita, para a segunda e terceira posições, em relação à posição inicial, são:
𝑈2 + 𝑆2 − 𝑃21 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.127)
𝑈3 + 𝑆3 − 𝑃31 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.128)
𝑈4 + 𝑆4 − 𝑃41 − 𝑆1 − 𝑈1 = 0 (3.129)
Há dezesseis variáveis nestas equações, das quais nove são definidas no início do
problema, sendo elas: α2, α3, α4, p21, p31, p41, δ2, δ3 e δ4. Das sete restantes, assume-se o valor de
uma para que se possa encontrar as outras seis. Assumindo o valor de β2, restam determinar as
magnitudes e os ângulos de orientação dos vetores U e S (u, σ, s e ψ) e as rotações β3 e β4. Este
sistema só terá solução se o rank da matriz aumentada dos coeficientes for 2. A matriz
aumentada é formada adicionando a matriz coluna do lado direito do sistema à matriz de
49
Para cinco pontos de precisão, escrevem-se quatro equações de loop para a parte esquerda
do mecanismo, bem como quatro para a parte direita. A solução analítica será demonstrada a
seguir, para um mecanismo como o apresentado na figura (3.6).
50
Figura 3.6: Síntese de mecanismo de quatro-barras para cinco posições. Geração por
movimento.
𝑊2 + 𝑍2 − 𝑃21 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.136)
𝑊3 + 𝑍3 − 𝑃31 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.137)
𝑊4 + 𝑍4 − 𝑃41 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.138)
𝑊5 + 𝑍5 − 𝑃51 − 𝑍1 − 𝑊1 = 0 (3.139)
Simplificando e arranjando:
Para o sistema da equação (3.152) possuir soluções simultâneas para as cinco posições
prescritas, o rank da matriz aumentada M deve ser 2. Portanto, há duas equações de
compatibilidade que devem ser satisfeitas simultaneamente para as cinco posições prescritas.
A segunda e a terceira colunas dos determinantes, nas equações (3.153) e (3.154) contém
apenas variáveis conhecidas. As incógnitas do problema são as rotações β𝑗 , 𝑗 = 2, 3, 4 e 5
presentes na primeira coluna. Portanto, não há variáveis de livre escolha para ajudar a resolver
essas duas equações complexas, não-lineares e transcendentais. Expandindo os determinantes
em função dos termos da primeira coluna tem-se:
Onde:
Δ1 = − Δ2 − Δ3 − Δ4 (3.157)
Δ′1 = − Δ′2 − Δ′3 − Δ4 (3.158)
Multiplicando-se a equação (3.155) pela (3.164) para eliminar as rotações 𝛽4 e 𝛽5, resulta-
se em:
Onde:
̅ 1 + Δ̅2 𝑒 −𝑖𝛽2 )
𝐶1 = Δ3 (−Δ (3.168)
𝑑1 = −Δ1 Δ̅2 𝑒 𝑖𝛽2 − Δ1 Δ̅2 𝑒 −𝑖𝛽2 − Δ4 Δ̅4 + Δ1 Δ̅1 + Δ2 Δ̅2 + Δ3 Δ̅3 (3.169)
𝐶1̅ = Δ̅3 (−Δ1 + Δ2 𝑒 𝑖𝛽2 ) (3.170)
0 𝐶1 𝑑1 𝐶1̅
0 𝐶2 𝑑2 𝐶2̅ |
𝐸 = || =0 (3.177)
𝐶1 𝑑1 𝐶1̅ 0|
𝐶2 𝑑2 𝐶2̅ 0
∑ 𝑎𝑚 𝑒 𝑖𝑚𝛽2 = 0 (3.178)
∑ 𝐴𝑛 𝜏 𝑛 = 0 (3.180)
0
55
Onde 𝜏 = tan(𝛽2 ⁄2). Sabendo-se que 𝛽2 = 0 é uma solução trivial, 𝜏 = 0 é uma raiz
trivial. Assim, a equação 3.180 pode ser reduzida para um polinômio de quinto grau. Dos
determinantes obtidos pelas equações 3.153 e 3.154, 𝛽𝑗 = 𝛼𝑗 , 𝑗 = 2, 3, 4, 5, (neste caso, 𝛽2 =
𝛼2 ) também é uma solução trivial. Dividindo a raiz por [𝜏 − tan(𝛼2 ⁄2)] escreve-se a equação
3.181.
𝜏 4 + 𝜆3 𝜏 3 + 𝜆2 𝜏 2 + 𝜆1 𝜏 + 𝜆0 = 0 (3.181)
A equação 3.181 terá zero, duas ou quatro raízes reais, sendo portanto, quatro, duas ou
zero raízes complexas, respectivamente. Cada raiz real resulta em um valor de 𝛽2 que pode ser
substituído na equação 3.175 ou 3.176 para obter os valores de 𝛽4 e 𝛽5 . Não considera-se as
raízes complexas para obtenção das rotações 𝛽4 e 𝛽5. Com estas rotações, pode-se calcular W
e Z utilizando-se duas das quatro equações de loop (3.148) a (3.151). O mesmo procedimento
é utilizado para a parte direita do mecanismo, calculando ao fim U e S.
Além do procedimento analítico para solução do sistema de equações formado pelas
quatro equações de loop (3.148) a (3.151), pode-se utilizar um método numérico de busca para
solução do sistema de equações, como por exemplo, o método de Newton-Raphson, para
determinar os comprimentos de barra do mecanismo.
56
4 RESULTADOS DA SÍNTESE
Os dados de entrada necessários à síntese de dois pontos de precisão, são dados na tabela
4.1, bem como os comprimentos de barras obtidos a partir da síntese.
Tabela 4.1: Dados de entrada e saída para manivela-oscilador genérico - 2 pontos de precisão
Entrada Saída
α2 = 22° W = 20.0377
P21 = 20.8087 Z = 0.4122
δ2 = 8° U = 229.1621
θ = 66.7407° S = 427.1344
β2 = 63° V = 426.8905
φ = -59° G = 225.1549
σ = 57°
ψ = 67.3°
γ2 = 47°
Tabela 4.2: Dados de entrada e saída para manivela-oscilador genérico - 3 pontos de precisão
Entrada Saída
α2 = -12° W = 20.0373
α3 = 22° θ = 66.7407°
P21 = 10.4440 Z = 0.4113
P31 = 20.8087 φ = -58.9168°
δ2 = -8° U = 14.1687
δ3 = 8° σ = 56.8677°
β2 = 30° S = 4.3517
β3 = 63° ψ = 67.2805°
γ2 = 47° V = 4.6066
γ3 = 85.6° G = 2.5360
Deslocamento
Mecanismos do tipo oscilador-oscilador possuem duas barras conectadas por uma de suas
extremidades à barra fixa que não possuem rotação completa, apenas oscilam.
Utilizando a teoria de síntese para geração por movimento apresentada na seção 3.1.2
desenvolveu-se um mecanismo de quatro barras que passa pela trajetória ilustrada na figura
4.12, com os dados de entrada apresentados na tabela 4.5. As componentes X e Y da trajetória
do ponto de interesse no acoplador em função do ângulo de entrada teta podem ser visualizadas
na figura 4.11.
Deslocamento
Deslocamento
Deslocamento
Deslocamento
Mecanismos do tipo manivela-manivela possuem duas barras conectadas por uma de suas
extremidades à barra fixa, que possuem rotação completa.
75
Utilizando a teoria de síntese para geração por movimento apresentada na seção 3.1.2
desenvolveu-se um mecanismo de quatro barras que passa pela trajetória ilustrada na figura
4.21, com os dados de entrada apresentados na tabela 4.9. A trajetória do ponto de interesse no
acoplador em função do ângulo de entrada teta na manivela, nas coordenadas X e Y, pode ser
visualizada na figura 4.20.
Deslocamento
Deslocamento
Deslocamento
Deslocamento
𝜕𝑓1 𝜕𝑓1
𝜕𝐴2 𝜕𝐴3 − 𝐶2 𝑠𝑒𝑛(𝐴2 ) 𝐶3 𝑠𝑒𝑛(𝐴3 )
= [𝐽] = [ ] (5.3)
𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 𝐶2 cos(𝐴2 ) − 𝐶3 cos(𝐴3 )
[𝜕𝐴2 𝜕𝐴3 ]
Nota-se que a primeira matriz corresponde à matriz jacobiana obtida anteriormente pela
derivação parcial. Para dados valores de 𝑞 e 𝑞̇ , pode-se facilmente solucionar o sistema de
equações para obtenção das velocidades angulares 𝐴2̇ e 𝐴3̇ . Os coeficientes de velocidade 𝐾2 e
𝐾3 são determinados dividindo ambos os lados da equação por 𝑞̇ e pré-multiplicar por J-1.
𝐾2 𝐴 ̇ ⁄𝑞̇ 𝐶 𝑠𝑒𝑛(𝑞)
{ } = { 2 } = [𝐽]−1 ∗ [ 1 ] (5.5)
𝐾3 𝐴3̇ ⁄𝑞̇ − 𝐶1 cos(𝑞)
𝐴̈ 2 − 𝐶2 𝑐𝑜𝑠(𝐴2 ) 2 𝐶 𝑐𝑜𝑠(𝐴3 )
[𝐽] ∗ [ 2 ] + 𝐴2̇ [ ] + 𝐴3̇ [ 3 ]
𝐴3̈ − 𝐶2 𝑠𝑒𝑛(𝐴2 ) − 𝐶3 𝑠𝑒𝑛(𝐴3 )
(5.6)
𝐶 𝑠𝑒𝑛(𝑞) 𝐶 cos(𝑞)
= 𝑞̈ [ 1 ] + 𝑞̇ 2 [ 1 ]
− 𝐶1 cos(𝑞) 𝐶1 𝑠𝑒𝑛(𝑞)
𝐴̈ 𝐶 𝑠𝑒𝑛(𝑞)
[ 2 ] = [𝐽]−1 ∗ (𝑞̈ [ 1 ]
𝐴3̈ − 𝐶1 cos(𝑞)
(5.7)
𝐶 cos(𝑞) + 𝐾22 𝐶2 cos(𝐴2 ) − 𝐾32 𝐶3 cos(𝐴3 )
+ 𝑞̇ 2 [ 1 ])
𝐶1 𝑠𝑒𝑛(𝑞) + 𝐾22 𝐶2 𝑠𝑒𝑛(𝐴2 ) + 𝐾32 𝐶3 𝑠𝑒𝑛(𝐴3 )
aceleração 𝐿2 e 𝐿3 , que podem ser obtidos pela derivação dos coeficientes de velocidade 𝐾2 e
𝐾3 com relação à 𝑞, obtém-se o coeficiente que multiplica o termo 𝑞̇ 2 . Substituindo os
coeficientes na equação 5.7, simplifica-se o sistema de equações que representam a aceleração
do mecanismo, como apresentada na equação 5.8.
𝐴̈ 𝐾 𝐿
[ 2 ] = 𝑞̈ { 2 } + 𝑞̇ 2 { 2 } (5.8)
𝐴3̈ 𝐾3 𝐿3
𝑓1 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0
𝑓2 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0
(5.19)
⋮
𝑓𝑛 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0
Ou na forma matricial:
𝑓1 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 )
(𝑥 )
𝐹(𝑥) = [𝑓2 1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ] (5.20)
⋮
𝑓𝑛 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 )
Expandindo a função 𝐹(𝑥) em torno de 𝑥 ∗ por sua série de Taylor, sendo 𝑥 ∗ uma
aproximação para a solução de 𝐹(𝑥) = 0, e desprezando os termos de ordem superior:
𝜕𝑓1 𝜕𝑓1
⋯
𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛
′ (𝑥)
𝐹 =𝐽= ⋮ ⋱ ⋮ (5.22)
𝜕𝑓𝑛 𝜕𝑓𝑛
⋯
[𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛 ]
Assim, visto que as funções da equação 5.19 devem ser nulas, o método de Newton-
Raphson para sistemas de equações será dado pela seguinte iteração:
− 𝐶2 𝑠𝑒𝑛(𝐴2 ) 𝐶3 𝑠𝑒𝑛(𝐴3 )
[𝐽] = [ ] (5.25)
𝐶2 cos(𝐴2 ) − 𝐶3 cos(𝐴3 )
91
A cinética é o estudo das forças que causam o movimento do sistema. Este assunto é
muito estudado pelo engenheiro e projetista mecânico, pois, ao desenvolver um projeto de
máquina ou mecanismo, especialmente para um mecanismo de quatro-barras, deve-se
inicialmente estudar o movimento, e posteriormente as forças que criam o movimento para,
com base nessas análises, dimensionar sistemas e materiais adequados de forma que a máquina
funcione adequadamente.
92
A energia cinética de um único corpo rígido pode ser separada em dois termos, sendo que
um depende da velocidade de translação do centro de massa, e o outro que depende da
velocidade angular do corpo. Para a análise de um mecanismo, a energia cinética total será a
soma das energias cinéticas de cada componente individualmente, como descreve a equação
5.27.
A energia cinética de uma única barra pode ser descrita pela equação 5.28.
2
𝐸𝑐,𝑖 = 0.5 ∗ 𝑀𝑖 ∗ 𝑉𝑖𝑐𝑚 + 0.5 ∗ 𝐼𝑖𝑐𝑚 ∗ 𝜔𝑖2 (5.28)
Utiliza-se a figura 5.2 como referência para a nomenclatura das variáveis descritas na
dedução das equações de energia para cada barra. Aplicando a equação 5.28 para a barra 1:
2
𝐸𝐶1 = 0.5(𝑀1 𝑉1𝑐𝑚 + 𝐼1𝑐𝑚 𝜔12 ) (5.30)
2 2 𝑑𝑋1𝑐𝑚 𝑑𝑞 2 𝑑𝑌1𝑐𝑚 𝑑𝑞 2
2
𝑉1𝑐𝑚 ̇ ̇
= (𝑋1𝑐𝑚 + 𝑌1𝑐𝑚 ) = (( ) +( ) )
𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑞 𝑑𝑡 (5.31)
2 2
= (𝐾1𝑥 𝑞̇ ) + (𝐾1𝑦 𝑞̇ )
93
2 2
𝐸𝐶1 = 0.5𝑞̇ 2 (𝑀1 (𝐾1𝑥 + 𝐾1𝑦 ) + 𝐼1𝑐𝑚 ) (5.32)
2 2
𝐸𝐶2 = 0.5𝑞̇ 2 (𝑀2 (𝐾2𝑥 + 𝐾2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾22 ) (5.35)
2 2
𝐸𝐶3 = 0.5𝑞̇ 2 (𝑀3 (𝐾3𝑥 + 𝐾3𝑦 ) + 𝐼3𝑐𝑚 𝐾32 ) (5.36)
Utilizando o teorema dos eixos paralelos, que permite o cálculo do momento de inércia
de um sólido rígido relativo a um eixo O de rotação, desde que sejam conhecidas a massa, o
momento de inércia a um eixo paralelo à O e a distância d entre os dois eixos, pode-se
simplificar as equações de energia cinética das barras 1 e 3, que possuem movimento de rotação
em torno de um ponto fixo.
𝐼𝑜 = 𝐼𝑐𝑚 + 𝑀𝑑 2 (5.37)
No caso das barras 1 e 3, d será a distância entre o centro de massa da barra e o seu
respectivo ponto de fixação. Uma vez conhecida a geometria, pode ser considerada dado por:
𝑣
𝑑= (5.38)
𝜔
2 2 2 2
𝑣 2 𝑞̇ 2 (𝐾𝑖𝑥 + 𝐾𝑖𝑦 ) (𝐾𝑖𝑥 + 𝐾𝑖𝑦 ) (5.39)
𝑑2 = = 2 = 2
𝜔2 𝐾𝑖 𝑞̇ 2 𝐾𝑖
94
2 2
𝐼1𝑜 = 𝐼1𝑐𝑚 + 𝑀1 (𝐾1𝑥 + 𝐾1𝑦 ) (5.40)
2 2
𝐸𝐶1 = 0.5𝑞̇ 2 (𝑀1 (𝐾1𝑥 + 𝐾1𝑦 ) + 𝐼1𝑐𝑚 ) = 0.5𝐼1𝑜 𝑞̇ 2 (5.41)
2 2
𝑀3 (𝐾3𝑥 + 𝐾3𝑦 ) (5.42)
𝐼3𝑜 = 𝐼3𝑐𝑚 +
𝐾32
2 2
𝐸𝐶3 = 0.5𝑞̇ 2 (𝑀3 (𝐾3𝑥 + 𝐾3𝑦 ) + 𝐼3𝑐𝑚 𝐾32 ) = 0.5𝐼3𝑜 𝐾32 𝑞̇ 2 (5.43)
A barra 4 estacionária, não possui energia cinética. De posse das equações individuais de
energia cinética, pode-se obter a energia total do sistema.
2 2
𝐸𝑐,𝑇 = 0.5𝐼1𝑜 𝑞̇ 2 + 0.5𝑞̇ 2 (𝑀2 (𝐾2𝑥 + 𝐾2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾22 ) + 0.5𝐼3𝑜 𝐾32 𝑞̇ 2 (5.44)
2 2
𝐸𝑐,𝑇 = 0.5𝑞̇ 2 (𝐼1𝑜 + (𝑀2 (𝐾2𝑥 + 𝐾2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾22 ) + 𝐼3𝑜 𝐾32 ) (5.45)
O termo que multiplica 0.5𝑞̇ 2 é conhecido como inércia generalizada ℐ(𝑞) para o
mecanismo de quatro barras. A inércia generalizada é claramente dependente do ângulo de
entrada 𝑞, aplicado à primeira manivela, visto que os coeficientes cinemáticos de velocidade
𝐾2𝑥 , 𝐾2𝑦 , 𝐾2 , 𝐾3 são função de 𝑞.
Considerando-se uma força externa 𝐹𝑖 aplicada a um ponto definido pelo vetor posição
𝑟𝑖 , bem como momentos 𝑀𝑗 que causam deslocamentos angulares 𝐴𝑗 , o trabalho virtual destas
forças no sistema é definido como:
𝑑𝑟𝑖 (5.47)
𝛿𝑟𝑖 = . 𝛿𝑞
𝑑𝑞
𝑑𝐴𝑗
𝛿𝐴𝑗 = . 𝛿𝑞 (5.48)
𝑑𝑞
𝑑𝑟𝑖 𝑑𝐴𝑗
𝛿𝑊 = 𝛿𝑞 (∑ 𝐹𝑖 . + ∑ 𝑀𝑗 . ) (5.49)
𝑑𝑞 𝑑𝑞
𝑖 𝑗
𝑑𝑟𝑖 𝑑𝐴𝑗
𝑄 = ∑ 𝐹𝑖 . + ∑ 𝑀𝑗 . (5.50)
𝑑𝑞 𝑑𝑞
𝑖 𝑗
𝑑𝑊 𝑑𝐸𝑐
Δ𝑊 = Δ𝐸𝑐 ⇒ = (5.51)
𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑊
= ∑(𝐹𝑥𝑖 𝑋̇𝑖 + 𝐹𝑦𝑖 𝑌𝑖̇ + 𝑀𝑖 𝐴̇𝑖 ) = ∑(𝐹𝑥𝑖 𝐾𝑥𝑖 + 𝐹𝑦𝑖 𝐾𝑦𝑖 + 𝑀𝑖 𝐾𝐴𝑖 ) 𝑞̇ = 𝑄𝑞̇ (5.52)
𝑑𝑡
𝑖 𝑖
𝑑ℐ
0.5 ∗ ∗ 𝑞̇ ∗ 𝑞̇ 2 + ℐ ∗ 𝑞̇ ∗ 𝑞̈ = 𝑄 ∗ 𝑞̇ (5.54)
𝑑𝑞
𝑑ℐ
0.5 ∗ ∗ 𝑞̇ 2 + ℐ ∗ 𝑞̈ = 𝑄 (5.55)
𝑑𝑞
O termo 0.5 ∗ 𝑑ℐ ⁄𝑑𝑞 é conhecido como coeficiente centrípeto, cujo símbolo é ℭ(𝑞). Para
o mecanismo de quatro barras, é conhecida a inércia generalizada ℐ(𝑞) da equação (5.45).
Diferenciando-se a inércia com relação ao ângulo de entrada 𝑞, obtém-se:
𝑑ℐ
ℭ(𝑞) = 0.5 ∗ = 0.5(𝑀2 (𝐾2𝑥 𝐿2𝑥 + 𝐾2𝑦 𝐿2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾2 𝐿2 + 𝐼3𝑜 𝐾3 𝐿3 ) (5.56)
𝑑𝑞
97
2 2
(𝐼1𝑜 + (𝑀2 (𝐾2𝑥 + 𝐾2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾22 ) + 𝐼3𝑜 𝐾32 ) ∗ 𝑞̈ + 0.5
(5.57)
∗ (𝑀2 (𝐾2𝑥 𝐿2𝑥 + 𝐾2𝑦 𝐿2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾2 𝐿2 + 𝐼3𝑜 𝐾3 𝐿3 ) ∗ 𝑞̇ 2 = 𝑄
Esta forma pode ser utilizada para a determinação da força generalizada, resultando em
também dois termos:
𝑑𝑟𝑖 𝑑𝑟𝑖
𝑄 = ∑ 𝐹𝑖 . = ∑(−∇𝑉𝑖 + 𝐹𝑖𝑛𝑐 ) . (5.59)
𝑑𝑞 𝑑𝑞
𝑖 𝑖
𝑑𝑉𝑖 𝑑𝑟𝑖 𝑑𝑉
𝑄 = −∑ + ∑ 𝐹𝑖𝑛𝑐 . =− + 𝑄 𝑛𝑐 (5.60)
𝑑𝑞 𝑑𝑞 𝑑𝑞
𝑖 𝑖
𝑑𝑉
ℐ ∗ 𝑞̈ + ℭ(𝑞) ∗ 𝑞̇ 2 + = 𝑄 𝑛𝑐 (5.61)
𝑑𝑞
98
Esta equação é útil em casos que envolvem energia potencial elástica e/ou gravitacional,
que limitam e mudam a direção de movimento do mecanismo à medida que o mesmo se move.
𝑞̈ = 𝑓(𝑡, 𝑞, 𝑞̇ ) (5.62)
Em termos dos valores previamente definidos, os novos valores para 𝑡, 𝑞 e 𝑞̇ serão obtidos
por meio do seguinte equacionamento:
1
𝑞𝑛+1 = 𝑞𝑛 + ℎ[𝑞̇ 𝑛 + (𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 )] (5.63)
6
1 (5.64)
𝑞̇ 𝑛+1 = 𝑞̇ 𝑛 + (𝑚1 + 2𝑚2 + 2𝑚3 + 𝑚4 )]
6
𝑡𝑛+1 = 𝑡𝑛 + ℎ (5.65)
𝑚1 = ℎ𝑓(𝑡𝑛 , 𝑞𝑛 , 𝑞̇ 𝑛 ) (5.66)
ℎ ℎ ℎ 𝑚1
𝑚2 = ℎ𝑓(𝑡𝑛 + , 𝑞𝑛 + 𝑞𝑛̇ + 𝑚1 , 𝑞̇ 𝑛 + ) (5.67)
2 2 4 2
ℎ ℎ ℎ 𝑚2
𝑚3 = ℎ𝑓(𝑡𝑛 + , 𝑞𝑛 + 𝑞𝑛̇ + 𝑚2 , 𝑞̇ 𝑛 + ) (5.68)
2 2 4 2
ℎ
𝑚4 = ℎ𝑓(𝑡𝑛 + ℎ, 𝑞𝑛 + ℎ𝑞𝑛̇ + 𝑚3 , 𝑞̇ 𝑛 + 𝑚3 ) (5.69)
2
99
1
𝑞̈ = [𝑄(𝑡) − ℭ(𝑞)𝑞̇ 2 ] (5.70)
ℐ(𝑞)
2 2
ℐ(𝑞) = 𝐼1𝑜 + (𝑀2 (𝐾2𝑥 + 𝐾2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾22 ) + 𝐼3𝑜 𝐾32 (5.71)
𝑑𝑉
𝑄(𝑡) = − + 𝑄 𝑛𝑐 (5.72)
𝑑𝑞
ℭ(𝑞) = 0.5(𝑀2 (𝐾2𝑥 𝐿2𝑥 + 𝐾2𝑦 𝐿2𝑦 ) + 𝐼2𝑐𝑚 𝐾2 𝐿2 + 𝐼3𝑜 𝐾3 𝐿3 ) (5.73)
Vale lembrar que estes termos são dependentes dos coeficientes cinemáticos de
velocidade (K) e aceleração (L), obtidos utilizando as equações fornecidas pela análise
cinemática. A força aplicada ao mecanismo pode ser composta por um termo conservativo
(como uma força potencial elástica), e um termo não conservativo (podendo ser uma força
linear, um momento, ou mesmo uma força dissipativa causada pela inserção de um
amortecedor). Sendo assim, após obtenção destes termos, utiliza-se o método de Runge-Kutta
para o cálculo da curva de aceleração de 𝑞̈ .
100
cos(𝜃) −𝑠𝑒𝑛(𝜃)
𝑇=[ ] (5.74)
𝑠𝑒𝑛(𝜃) cos(𝜃)
101
6 PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO
(6.1)
𝑓(𝑥) = √𝑋𝑝2 + 𝑌𝑝2
104
2 + 𝑉2
(6.2)
𝑓(𝑥) = √𝑉𝑝𝑥 𝑝𝑦
(6.3)
𝑓(𝑥) = √𝐴2𝑝𝑥 + 𝐴𝑝𝑦
2
A ISO 2631, norma internacional para avaliação da exposição humana a vibrações de corpo
inteiro, define valores numéricos para limites de exposição a vibrações ao corpo humano na
amplitude de frequência de 1 a 80 Hz. São definidos três critérios para a preservação do
conforto, eficiência de trabalho e segurança ou saúde, sendo denominados na norma,
respectivamente, como: “Nível de conforto reduzido”, “Nível de eficiência reduzida (fadiga) ”
e “Limite de exposição”.
Por exemplo, onde a preocupação primordial é manter a eficiência de trabalho de um
motorista de veículo ou operador de máquina, o "nível de eficiência reduzida (fadiga)" deve ser
usado como ponto de referência para especificar a vibração ou efetuar medidas de controle
vibratório, enquanto que, num projeto de banco para passageiros, deve ser levado em
consideração o "nível de conforto reduzido”.
De acordo com os critérios mencionados, estes limites estão especificados em termos de
frequência vibratória, grandeza de aceleração, tempo de exposição e a direção da vibração em
relação ao tronco. Esta direção é definida de acordo com os eixos anatômicos do corpo humano,
com origem na localização do coração. O eixo x vai das costas ao peito, o eixo y do lado direito
ao lado esquerdo, e o eixo z dos pés à cabeça.
Neste trabalho, o critério levado em consideração foi o “nível de eficiência reduzido”. Os
limites de vibração recomendados pela ISO 2631 encontram-se no Anexo A. A figura
apresentada no anexo A ilustra o nível de eficiência reduzido (fadiga) em função da frequência
e tempo de exposição na direção longitudinal, para tempos de exposição diária de 1 minuto a
24h. Para utilizar os demais critérios, fatores de correção devem ser aplicados aos valores do
gráfico do anexo A.
Observa-se que foi considerada aqui a tolerância à vibração de corpo inteiro correspondente
à faixa de frequências de 4 a 8 Hz, a mesma da massa pélvica (RAO, 2011), e que a tolerância
106
Quanto a restrição da faixa do fator de amortecimento, utilizou-se a faixa entre 0.2 e 0.4
(GILLESPIE, 1992).
A última restrição considerada no problema foi o tempo de estabilização do sistema. O
tempo de estabilização é definido como o tempo necessário para o sistema atingir e permanecer
dentro de uma faixa aceitável ao redor do equilíbrio estático. Considera-se aqui, que o sistema
estabilizou quando a resposta atinge valor menor do que 2% do valor de pico inicial.
107
min 𝑓(𝑥)
𝑔(𝑥) ≤ 0
𝑔(𝑥) + 𝑠 = 0
O problema aproximado descrito pela equação 6.3 é uma sequência de problemas restritos
por equações de igualdade. Estes são mais simples de solucionar do que o problema original
restrito por desigualdades. Para resolver estes problemas aproximados, o algoritmo utiliza um
dos seguintes passos a cada iteração:
∇𝑥 𝐿(𝑥, 𝜆) = 0 (6.5)
𝜆𝑔,𝑖 𝑔𝑖 (𝑥) = 0, ∀𝑖 (6.6)
Gradiente conjugado:
1 2
1 (6.10)
min ∇𝑓 𝑇 Δ𝑥 + Δ𝑥 𝑇 ∇𝑋𝑋 𝐿Δ𝑥 + 𝜇𝑒 𝑇 𝑆 −1 Δ𝑠 + Δ𝑠 𝑇 𝑆 −1 ΛΔ𝑠
2 2
𝑔(𝑥) + 𝐽𝑔 Δ𝑥 + Δ𝑠 = 0 (6.11)
ℎ(𝑥) + 𝐽ℎ Δ𝑥 = 0 (6.12)
Para resolver a equação 6.10, o algoritmo busca minimizar a norma das restrições
linearizadas dentro de uma região de confiança. Assim, a equação 6.10 pode ser resolvida com
as restrições, correspondendo ao resíduo da solução das equações 6.11 e 6.12, permanecendo
dentro da mesma região de confiança anterior, mantendo s estritamente positivo.
111
Tabela 7.1: Dados de entrada para análise cinemática de mecanismo do tipo manivela-
oscilador
Tabela 7.2: Dados de entrada para análise cinemática de mecanismo do tipo oscilador -
oscilador
Ângulos de orientação das
Comprimentos das barras Parâmetros adicionais
barras
C1 = 1.8401 g = -62.8779º Δ𝑞 = 60º
C2 = 2.0907 q = 65.5379º 𝑞̇ = 1 rad/s
C3 = 1.3649 A2 = 25.0846º 𝑞̈ = 0 rad/s2
C4 = 3.0684 A3 = -4.6616º
117
Assim como para o mecanismo manivela-oscilador, a partir dos comprimentos das barras
definidos durante a síntese, e definido o ângulo de orientação da barra fixa, pode-se obter,
através das equações de loop e do método de newton-raphson, os ângulos de orientação das
barras de saída A3 e do acoplador A2. A variação desses ângulos em função do ângulo de entrada
q da manivela está ilustrada na figura 7.9. Por ser um mecanismo oscilador-oscilador, as barras
não completam o giro de 360º, e por isso, a variação do ângulo de entrada é de apenas 60º.
Tabela 7.3: Dados de entrada para análise cinemática de mecanismo do tipo manivela-
manivela
Ângulos de orientação das
Comprimentos das barras Parâmetros adicionais
barras
C1 = 2.5640 g = 1.7494º Δ𝑞 = 360º
C2 = 2.1838 q = 84.8172º 𝑞̇ = 1 rad/s
C3 = 2.2155 A2 = -109.0017º 𝑞̈ = 0 rad/s2
C4 = 1.7041 A3 = 165.8361º
121
A partir dos comprimentos das barras definidos durante a síntese, e definido o ângulo de
orientação da barra fixa, pode-se obter, através das equações de loop e do método de newton-
raphson, os ângulos de orientação das barras de saída A3 e do acoplador A2. A variação desses
ângulos em função do ângulo de entrada q da manivela está ilustrado na figura 7.15.
7.2.1. Cinemática
Tabela 7.5: Dados de entrada para análise cinemática de mecanismo do tipo oscilador-
oscilador
Comprimentos das barras Ângulos de orientação das Parâmetros adicionais
barras
C1 = 155.8 g = -0.4219º Δ𝑞 = 70º
C2 = 401.7 q = 80.7826º 𝑞̇ = 1 rad/s
C3 = 157.3 A2 = 0.6076º 𝑞̈ = 0 rad/s2
C4 = 455.4 A3 = 100.5374º
Nota-se que a barra fixa do sistema, C4, e a barra acopladora C2 são inicialmente paralelas
entre si, e as barras de entrada e de saída estão posicionadas de maneira simétrica. A variação
do ângulo de entrada foi restringida pelos parâmetros geométricos do mecanismo, sendo que
para ângulos superiores a 70º, o método numérico não convergiu. Sendo assim, assumiu-se uma
variação angular da barra de entrada para modelagem cinemática de 70º. Foi aplicada uma
velocidade à barra de entrada de 1 rad/s, resultando em um velocidade e aceleração nas barras
acopladoras e de saída.
128
A partir destes valores numéricos pode-se obter, através das equações de loop e do método
de newton-raphson, os ângulos de orientação das barras de saída A3 e do acoplador A2. A
variação desses ângulos em função do ângulo de entrada q da manivela está ilustrada na figura
7.24.
7.2.2. Cinética
A tabela 7.6 apresenta as informações das massas e momentos de inércia em relação aos
respectivos centros de massa de cada barra, conforme retratado por Peres (2012). Pode-se notar
que as barras C1 e C3, que são idênticas e posicionadas simetricamente, possuem a mesma massa
e momentos de inércia.
Por último, os valores dinâmicos utilizados para a simulação cinética são k = 45000 N/m,
o coeficiente elástico da mola, e c = 500 N.s/m, que é o coeficiente de amortecimento do
amortecedor, posicionados transversalmente ao mecanismo de quatro-barras, como ilustrado na
figura 7.23. A seguir apresentam-se os gráficos obtidos na simulação cinética. A força externa
aplicada verticalmente ao mecanismo de quatro barras é constante e igual a 2500 N. As figuras
7.27, 7.28 e 7.29 ilustram o deslocamento, a velocidade e a aceleração do centro de massa da
barra acopladora em função do tempo. Em azul, apresenta-se o deslocamento em X, e em
vermelho, o deslocamento em Y, de acordo com o referencial definido na figura 7.23.
131
Força Externa
Figura 7.30: Mecanismo quatro barras resultante da síntese e análise cinemática e dinâmica.
𝜔𝑑2 𝑚 (7.1)
𝑘=
(1 − 𝜁 2 )
𝑐 = 2𝜁√𝑘𝑚 (7.2)
134
Comparando as curvas otimizadas com a curva do sistema original, nota-se que o pico
de máximo deslocamento foi reduzido em 80%. Ainda, a frequência natural amortecida e o fator
de amortecimento mantiveram-se dentro das restrições estabelecidas.
Modificando a função objetivo do processo de otimização, agora para a velocidade,
adicionando uma restrição de modo que a velocidade seja reduzida em no mínimo 50% do valor
original, e mantendo os limites inferiores e superiores dos parâmetros a serem otimizados,
realizou-se uma nova otimização do sistema. Os valores para diferentes tempos de estabilização
e pontos iniciais estão apresentados na tabela 7.10.
A figura 7.33 ilustra a velocidade do centro de massa no acoplador, para diferentes valores
otimizados. Analisando a figura 7.33 e a tabela 7.10, nota-se que o tempo de estabilização e o
pico de máxima velocidade são grandezas inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior o
tempo de estabilização, menor o pico máximo do sistema. Devido à restrição do fator de
amortecimento, valores maiores de tempo de estabilização não foram possíveis, pois as
variáveis otimizadas atingiam os limites superiores definidos antes da convergência.
137
Comparando as curvas otimizadas com a curva do sistema original, nota-se que o pico
de máxima velocidade foi reduzido em 78% a 85%, dependendo do tempo de estabilização.
O último caso de otimização simulado foi para o caso da utilização da aceleração do
ponto de interesse na barra acopladora como função objetivo. A tabela 7.11 apresenta os valores
obtidos no processo de otimização.
A figura 7.34 ilustra a aceleração do centro de massa no acoplador, para diferentes valores
otimizados. Novamente, assim como nos casos de otimização da velocidade e a do
deslocamento, nota-se que o tempo de estabilização e o pico de máximo do sistema são
138
Comparando as curvas otimizadas com a curva do sistema original, nota-se que o pico
de máxima aceleração foi reduzido em 45% a 60% do valor inicial, dependendo do tempo de
estabilização.
139
8 CONCLUSÃO
Referências
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ANEXO A – NORMA ISO 2631