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Scorm

Projeto elétrico

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Direitos autorais
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PROJETOS ELÉTRICOS

Unidade 3
Balanceamento de
carga e aterramento
elétrico
CEO

DAVID LIRA STEPHEN BARROS

Diretora Editorial
ALESSANDRA FERREIRA

Gerente Editorial

LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS

Projeto Gráfico

TIAGO DA ROCHA

Autoria

FABIANA MATOS DA SILVA


Fabiana Matos da Silva
AUTORIA

Olá a todos!!! Sou formada em Engenharia de Produção


Mecânica e atuei na indústria automobilística na Região do Vale
do Paraíba. Meu interesse pela área técnica nasceu com minha
passagem pelo SENAI com o curso de Aprendizagem Industrial
em Eletricista de Manutenção e ao término desse, com o curso
Técnico em Mecânica. Entender como as coisas funcionam sempre
foi minha motivação maior nesse período de aprendizagem.
Passei por algumas empresas da região, mas sempre motivada
pela vontade de aprender cada vez mais. Participei do Programa
Agente Local de Inovação- CNPq – SEBRAE, onde auxiliávamos
pequenas empresas fomentando ações inovadoras dentro de
seus limites e assim me apaixonei pela Inovação, e iniciei meu
Unidade 3

mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional estudando


a temática Desenvolvimento da Inovação em Pequenas e
Médias Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba
e Litoral Norte. Sou apaixonada pelo que faço e principalmente
na transmissão de conhecimento. Acredito que compartilhar
meus conhecimentos e minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões tem grande valia. Por isso
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho.

Conte comigo!

4 PROJETOS ELÉTRICOS
ÍCONES
Unidade 3

PROJETOS ELÉTRICOS 5
Entrada de Corrente na Instalação Predial............................. 9
SUMÁRIO

Introdução.............................................................................................................. 9

Cálculo da Corrente de Projeto.......................................................................... 9

Fator de Correção de Agrupamento (FCA) .................................................... 16

Fator de Correção de Temperatura (FCT) ..................................................... 17

Cálculo da corrente corrigida (In’).................................................................... 18

Corrente total de projeto (Ip)........................................................................... 19

Divisão de circuitos e Balanceamento de carga.................... 22


Introdução............................................................................................................ 22

Levantamento de cargas e divisão da instalação elétrica........................... 25

Sistema de proteção contra descargas atmosféricas e


Unidade 3

aterramentos............................................................................ 34
Sistemas de proteção e cargas........................................................................ 34

Tipos de SPDA....................................................................................... 36

Método da Gaiola de Faraday............................................................ 37

Método Franklin................................................................................... 39

Método da Esfera Rolante.................................................................. 42

Aterramento........................................................................................................ 44

Esquemas de aterramento................................................................. 45

Projeto de distribuição de cargas e cabeamento elétrico.... 48


Projeto de distribuição de cargas.................................................................... 48

6 PROJETOS ELÉTRICOS
Você sabia que na área de Projetos Elétricos uma das
grandes questões a se resolver é o balanceamento de circuitos

APRESENTAÇÃO
e o aterramento? Em geral, os sistemas envolvidos exigem muita
atenção e técnica. Mas não é raro proprietários de imóveis não
darem a devida atenção, priorizando somente a economia ou o
término da obra ou reforma.

Aqui envolvemos não só a execução do projeto, mas


questões que garantem a segurança de todos os envolvidos,
seja na execução ou de moradores. Entendam, projetos que não
seguem as orientações dadas pelas normas geram risco para o
instalador e quem está próximo da instalação. Além de deixar
sua instalação vulnerável à erros grosseiros.

Além do que, é importante destacar que centenas de

Unidade 3
pessoas morrem todos os anos no Brasil vítimas de choques
elétricos e isso é evitável quando as instalações atendem as
condições estabelecidas na NBR 5410. A norma, entre outros,
preconiza os critérios que devem ser utilizados no projeto e no
que tange à proteção das instalações. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva você vai mergulhar nesse universo!

PROJETOS ELÉTRICOS 7
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
OBJETIVOS

profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Identificar os tipos de entrada de corrente elétrica


em instalações prediais, aplicando as técnicas de
distribuição entre quadros de distribuição.

2. Calcular cargas totais de segmentos de circuito e aplicar


as técnicas de divisão de circuitos e o balanceamento
de suas cargas, visando a estabilização do fluxo de
corrente na instalação elétrica.

3. Projetar sistemas de proteção contra descargas


elétricas provenientes da atmosfera e de curtos-
circuitos, aplicando as técnicas de aterramento elétrico
Unidade 3

funcional e de proteção.

4. Aplicar os recursos de balanceamento e divisão de


circuitos em leiautes de projetos elétricos.

8 PROJETOS ELÉTRICOS
Entrada de Corrente na
Instalação Predial
Ao término deste capítulo você será capas de
identificar os tipos de entrada de corrente elétrica
em instalações prediais, aplicando as técnicas
OBJETIVO de distribuição entre quadros de distribuição. E
então? Motivados para desenvolver mais algumas
competências? Então vamos lá. Avante!

Introdução
Dentro da Instalação elétrica, o balanceamento de cargas
deve ser previsto durante a elaboração do projeto elétrico e sua

Unidade 3
execução deve obedecer ao especificado.

Porém, lembre-se que o projeto conta com situações


ideais, mas o que veremos na prática muitas vezes entra
em desacordo com a teoria e se torna necessário refazer o
balanceamento de carga por conta de remanejamento de
máquinas e acréscimo de cargas, o que resulta em revisão da
instalação elétrica e reprojeto.

Cálculo da Corrente de Projeto


A fiação elétrica possibilita a passagem da corrente de
eletricidade, ou seja, da corrente de “elétrons livres” que se
movem ao longo do material condutor. Inicialmente, os elétrons
se comportam desordenadamente, a tensão elétrica é a força
que possibilita que o movimento ordenado e direcionado dos
elétrons, gerando assim a corrente.

Nesse contexto, tem-se, em resumo, que a tensão é a


força que impulsina a corrente, e sua unidade e o volt (V).

PROJETOS ELÉTRICOS 9
Na maior parte das cidades brasileira há o uso da
tensão fase-neutro de 127 V e fase-fase de 220 V.
IMPORTANTE

No caso da corrente elétrica, essa medida é dada em


ampère (A). A tensão vezes a corrente elétrica fornece, por sua
vez, a potência elétrica (W).

Sabendo disso, tem-se, assim, que toda instalação elétrica


deve seguir parâmetros com o intuito de verificar se os níveis de
tensão estão dentro dos admissíveis pela ANEEL, principalmente
verificar se as correntes elétricas por fase estão balanceadas. Caso
contrário, obrigatoriamente, deve-se refazer o balanceamento de
Unidade 3

carga, condições gerais das instalações elétricas, equipamentos


de proteção e manobra, estado geral dos fios e cabos, se não há
aquecimento de fios, cabos e disjuntores.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),


autarquia em regime especial vinculada ao
Ministério de Minas e Energia, foi criada para
ACESSE regular o setor elétrico brasileiro, por meio da Lei
nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997.
Consulte aqui .

Então, vamos lá! Como vamos calcular essa corrente?

10 PROJETOS ELÉTRICOS
Considerando a Lei de Ohm, a qual que relaciona Tensão,
Corrente e Potência. Tem-se que, por essa lei de Ohm, a Potência
(W) = Tensão (V) x Corrente (I), ou seja:

P=VxI
Figura 1 - Chuveiro Elétrico

Unidade 3
Fonte: Creativecommons

EXEMPLO

Vamos imaginar a instalação de um chuveiro de 5600W. Para


identificar a corrente elétrica relativa a esse equipamento
elétrico é possível aplicar a Lei de Ohm para identificação
da respectiva corrente aplicada.

Sendo assim, considerando que esse chuveiro é conectado


a uma rede cuja tensão é de 127V, tem-se:

PROJETOS ELÉTRICOS 11
P=VxI
𝑃𝑃 5600
𝐼𝐼!"# = = = 44,09 𝐴𝐴
𝑉𝑉 127
Já considerando que esse chuveiro é conectado a uma rede
cuja tensão é de 220V, tem-se:

P=VxI
𝑃𝑃 5600
𝐼𝐼!!" = = = 25,45 𝐴𝐴
𝑉𝑉 220

Observe que há uma diferente de corrente entre os


dispositivos conectados a redes de tensão diferentes.
Unidade 3

No primeiro caso (127V), o circuito do chuveiro é protegido


por um dispositivo que suporta 50ª e condutores (fase,
neutro e terra) de secção transversal de 10mm².

No segundo caso (220V), teremos o circuito demandando


uma proteção de 32A e condutores (fase e terra) de 6 mm².

O que marca a principal diferença entre os dois exemplos


é que o condutor neutro não conduz corrente elétrica e
que está presente na instalação na tensão de 127V e uma
corrente de 44A que será conduzida pela fase, o que exige
proteção de capacidade de corrente maior e condutor de
maior secção transversal.

Em relação ao segundo exemplo, a menor corrente


circulante faz com que haja diferença nos condutores
dimensionados, representando uma diferença de custos
significativa com materiais na construção, manutenção do
sistema e balanceamento de cargas.

12 PROJETOS ELÉTRICOS
Perceba que compreender essa perspectiva de aplicação
dos componentes com base na tensão envolvidas em uma
instalação possibilita que a escolha adequada dos componentes
é facilitada. Veja que não é adequado utilizar um equipamento
apropriado para rede 127 V em uma rede de 220 V, isso,
certamente causaria uma sobrecarga no equipamento, pelo
excesso de corrente em seu sistema.

Para facilitar esse dimensionamento, vários fornecedores


de condutores disponibilizam tabelas facilitando a compreensão
da norma NBR 5410 e definindo a secção transversal do condutor
em função da distância do quadro de distribuição de cargas.

Vamos entender por meio de um exemplo:

Unidade 3
EXEMPLO

Qual o condutor que tem a saída do disjuntor geral e vai


direto para o QDC, considerando que tenha uma distância
entre eles de 15 metros, lembrando que a tensão do
disjuntor é de 220V e a corrente é de 60A. Observe o quadro:

PROJETOS ELÉTRICOS 13
Quadro 1 - Dimensionamento de condutores

Dimensionamento de condutores pelo critério da máxima queda de


tensão. Seção em milímetros quadrados (mm2)
Sistema trifásico 127/220V (queda de tensão admissível de 5%)
Corrente em Distância do quadro de cargas até a carga em metros
Amperes (A) (m)
10 20 30 40 50 75 100
3 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5
4 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5
5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 2,5
7,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 2,5 2,5
10 1,5 1,5 1,5 1,5 2,5 2,5 4
12,5 1,5 1,5 1,5 2,5 2,5 4 6
15 1,5 1,5 1,5 2,5 2,5 4 6
Unidade 3

20 1,5 1,5 2,5 4 4 6 10


30 1,5 2,5 4 4 6 10 10
40 1,5 4 4 6 10 10 16
50 2,5 4 6 10 10 16 25
75 2,5 6 10 10 16 25 25
100 4 10 10 16 25 25 35
125 6 10 16 25 25 35 50

Fonte: ABNT NBR 5410

Essa instalação é 127/220V como identificada na figura. Ao


cruzar as informações, no caso, utilizaremos a distância
maior que são 20 metros e a corrente de 60A. Entretanto, a
tabela não possui uma marca de 60A então usamos o valor
imediatamente maior.

A norma NBR-5410 estabelece secções mínimas para


os condutores utilizados no circuito da instalação,
considerando que, para circuitos de iluminação usa-se um
condutor de no mínimo 1,5mm2. Em circuito de cargas,

14 PROJETOS ELÉTRICOS
usa-se um condutor de no mínimo 2,5mm2 e circuitos de
sinalização e controle de no mínimo 0,5mm2.

Esses valores são exigências mínimas estabelecidas em


normas, ou seja, sobre determinada circunstâncias não podem
ser utilizados cabos com secções inferiores às estabelecidas.
Figura 2 - Instalação de Circuito de iluminação

Unidade 3
Fonte: Pexels

Quando se diz que as instalações em sistemas bifásicos


ou trifásicos são mais econômicas em relação ao monofásico,
isso não se refere ao registro do consumo de energia elétrica
pelo medidor de watt/hora, mas sim na economia que se tem na
execução da obra e manutenção do sistema, pois utilizam-se
proteções de menor corrente e consequentemente menor custo.
O mesmo acontece com os fios e cabos.

PROJETOS ELÉTRICOS 15
Outro aspecto a se considerar é que trabalhando
no sistema bi ou trifásico, a possibilidade de se conseguir
um balanceamento de cargas mais eficaz é maior.

Fator de Correção de
Agrupamento (FCA)
O fator de agrupamento é um fator delimitado pela NBR
5410:2004, que leva em consideração o agrupamento dos
circuitos em um mesmo eletroduto ou eletrocalha.

A corrente calculada de projeto indica a corrente elétrica


que será transportada pelo condutor até o equipamento que
está sendo alimentado pelo sistema elétrico. A circulação dessa
Unidade 3

corrente dentro do eletroduto provoca um aquecimento.

Esse aquecimento é dissipado dentro do eletroduto e


quanto maior for a quantidade de circuitos dentro do eletroduto,
menor será a capacidade desse eletroduto de dissipar esse calor,
o que causa o superaquecimento do circuito. A capacidade de
condução desses condutores é prejudicada por conta desse
aquecimento.

Por conta dessa situação, a norma NBR 5410/04 fixa que


ocorra a correção da corrente elétrica em função do número de
circuitos agrupados no interior de cada eletroduto. Essa correção
é feita utilizando-se um fator de agrupamento de condutores.

O fator de correção de agrupamento é um valor numérico


estabelecido em função do agrupamento de circuitos no pior
trecho do projeto e é demonstrado no quadro.

16 PROJETOS ELÉTRICOS
Quadro 2 - Número de circuitos ou cabos multipolares

Fonte: NBR 5410

Até então, nos parece simples o fato de que com o


agrupamento de circuitos há uma influência real na temperatura
dos cabos e essa influência resulta na capacidade de condução

Unidade 3
dos cabos.

Fator de Correção de
Temperatura (FCT)
As características dos condutores são obtidas em certa
temperatura pelos fabricantes. Por isto, caso o ambiente em que
ele será instalado operar com uma temperatura diferente à do
ensaio, deve-se aplicar um fator de correção de temperatura
(FCT).

Em condições que diferem dos 30ºC para condutores não


enterrados e de 20ºC para condutores enterrados, é estabelecido
pela NBR 5410 um fator de correção de temperatura (FCT).

O FCT divide o valor da corrente nominal para a obtenção


da corrente corrigida, o quadro retirado da NBR 5410/2004
define os valores para FCT.

PROJETOS ELÉTRICOS 17
Quadro 3 - Quadro de Isolação

Insolação
Temperatura
PVC EPR/XLPE PVD EPR/XLPE
˚C
Ambiente Solo

10 1,22 1,15 1,1 1,07

15 1,17 1,12 1,05 1,04

20 1,12 1,08 1 1

25 1,06 1,04 0,95 0,96

30 1 1 0,89 0,93

35 0,94 0,96 0,84 0,89

40 0,87 0,91 0,77 0,85

45 0,79 0,87 0,71 0,8


Unidade 3

50 0,71 0,82 0,63 0,76

55 0,61 0,76 0,55 0,71

60 0,5 0,71 0,45 0,65

65 0,01 0,65 0,01 0,6

70 0,01 0,58 0,01 0,53

75 0,01 0,5 0,01 0,46

80 0,01 0,41 0,01 0,38

Fonte: NBR 5410

Cálculo da corrente corrigida (In’)


O dimensionamento final considera a pior situação entre
as fases utilizadas pelo circuito.

Para o cálculo da corrente corrigida encontramos


inicialmente a corrente de projeto (Ip) que faz menção à corrente
que os condutores do circuito suportam. Para isso, consideram-
se somente valores nominais.

18 PROJETOS ELÉTRICOS
Aplicando-se à corrente de projeto (Ip) os fatores de
correção de temperatura (FCT) e de agrupamento (FCA), obtém-se
um valor fictício de corrente chamado de corrente corrigida (In’).
𝐼𝐼#
𝐼𝐼!" =
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹. 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹

A corrente corrigida é o valor efetivamente utilizado para


o dimensionamento dos condutores. A corrente corrigida final
de um circuito é obtida pela situação mais crítica nos condutores
desse circuito, visto que tanto a corrente de projeto como o fator
de agrupamento variam trecho a trecho.

No caso de circuitos com duas ou três fases, a corrente


corrigida refere-se à maior corrente corrigida nas três fases. A

Unidade 3
figura abaixo demonstra o efeito da aplicação do cálculo nas
correntes existentes.
Quadro 4 - Exemplo

Corrente corrigida
Circuito Corrente (A) FCA FCT
(A)

Chuveiro 14,2 0,7 1 20,3

Torneira elétrica 22,7 0,7 1 32,5

Elevador médio 31,5 0,7 1 45,0

Fonte: NBR 5410

Corrente total de projeto (Ip)


A corrente total de projeto trata de todas as correntes
emitidas em cada ponto do circuito até o quadro principal, ou
seja, é a corrente que os condutores de um circuito, seja terminal
ou de distribuição, deve suportar, levando em conta apenas as
suas características nominais.

PROJETOS ELÉTRICOS 19
A corrente nominal resultante de um ponto é calculada
em função dos dados cadastrados da seguinte maneira:
𝑃𝑃"
𝐼𝐼! =
𝑛𝑛𝑛𝑛. 𝑉𝑉. 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐. 𝜂𝜂

Onde define:

• nf: Número de fases do circuito, considerando que o


valor da tensão já expressa a informação da quantidade
de fases.

• V: Tensão elétrica para dimensionamento do circuito.

• Pn: Potência nominal.

• cos φ: Fator de potência, definido como o cosseno do


Unidade 3

ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente.

• η : Rendimento.

Com essas informações, calcula-se a corrente nominal.


Como demonstra o quadro, essa corrente calculada é a distribuída
pelos condutores do circuito.
Quadro 5 - Exemplo

Potência Tensão Fator de Corrente


Circuito Rendimento
(W) (V) potência nominal (A)

Chuveiro 5400 380 1 1 14,2

Torneira
4000 220 0,8 1 22,7
elétrica

Elevador
5550 220 0,8 1 31,5
médio

Fonte: NBR 5410

20 PROJETOS ELÉTRICOS
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? No decorrer desse capitulo
aprendemos a importância do dimensionamento
RESUMINDO das correntes elétricas nas instalações elétricas.
A passagem da corrente elétrica pelos condutores
pode gerar uma série de situações indesejáveis.
Entretanto, com o dimensionamento adequado
isso pode ser reduzido satisfatoriamente. Mas
lembre-se, na realidade nem sempre teremos
situações ideais.
A interpretação e orientação da NBR 5410 é muito
necessária aos profissionais que desejam atuar na
área ou os profissionais que têm curiosidade sobre
o tema. Isso vai além das normas indicadas, aqui o
bom senso e atenção são necessários para garantir

Unidade 3
a excelência no desenvolvimento do projeto.

PROJETOS ELÉTRICOS 21
Divisão de circuitos e
Balanceamento de carga
O objetivo trabalhado neste capítulo é calcular
cargas totais de segmentos de circuito e aplicar as
técnicas de divisão de circuitos e o balanceamento
OBJETIVO de suas cargas, visando a estabilização do fluxo de
corrente na instalação elétrica. E então? Preparados
para adquirir mais conhecimento? Então vamos lá.
Mãos à obra!

Introdução
Só imagine uma cena comum aí no seu lar, onde
Unidade 3

você assiste televisão, a mulher liga o micro-ondas, o filho o


computador e quando a filha liga o secador a rede elétrica
“cai”. Essas situações ocorrem quando há uma má divisão ou
dimensionamento dos circuitos elétricos.

É importante que as normas citadas sejam


pesquisadas e consultadas. Isso trará uma maior
qualidade à sua formação.
IMPORTANTE

Casos como os descritos não são incomuns em muitas


residências, uma vez que não possuem uma distribuição
adequada dos circuitos elétricos, causando curto-circuito ou
incêndios. Muitas vezes, tais problemas ocorrem por economia ou
desconhecimento, sendo indicado dimensionar adequadamente
as cargas e circuitos.

22 PROJETOS ELÉTRICOS
Sobrecarga na rede elétrica causa mais de 50% dos
incêndios domésticos. Sobrecarga e curto-circuito
provocam a maioria dos casos. Leia mais aqui .
VOCÊ SABIA?

A NBR 5410 para instalações elétricas de baixa tensão,


estabelece que a divisão da instalação em circuitos deve ser de
modo a atender, entre outras, às seguintes exigências:

Unidade 3
• Segurança - Por exemplo, evitando que a falha em um
circuito prive de alimentação toda uma área.

• Conservação de energia - Por exemplo, possibilitando


que cargas de iluminação e/ou de climatização sejam
acionadas na justa medida das necessidades.

• Funcionais - Por exemplo, viabilizando a criação


de diferentes ambientes, como os necessários em
auditórios, salas de reuniões, espaços de demonstração,
recintos de lazer etc.

• De produção - Por exemplo, minimizando as


paralisações resultantes de uma ocorrência.

• De manutenção - Por exemplo, facilitando ou


possibilitando ações de inspeção e de reparo.

O circuito elétrico pode ser compreendido como o


conjunto de componentes, condutores e cabos, ligados ao mesmo
equipamento de proteção (disjuntor). Portanto, cada um desses
circuitos será a composição desses condutores, eletrodutos,
tomadas, luminárias ligados a um mesmo disjuntor.

PROJETOS ELÉTRICOS 23
Os circuitos se dividem em dois tipos:

1. Circuito de Distribuição – liga o quadro do medidor ao


quadro de distribuição.

2. Circuito Terminal – é aquele que parte do quadro de


distribuição e alimenta diretamente lâmpadas, tomadas
de uso geral (TUG) e tomadas de uso específico (TUE).
Figura 3 - Sala e circuito de iluminação
Unidade 3

Fonte: Pexels

Segundo a NBR 5410/04, deve-se:

• Dimensionar circuitos de iluminação separados dos


circuitos de TUGs, procurando limitar a corrente total
do circuito a 10A.

• Dimensionar circuitos independentes, exclusivos


para cada equipamento que possua corrente nominal
superior a 10A.

24 PROJETOS ELÉTRICOS
• Limitar a potência total para 1.270VA em instalações
127V e 2.200VA em 220V. Pressupondo que, para uma
instalação predial residencial deve-se ter pelo menos
três circuitos terminais, sendo: um para iluminação, um
para uso geral e um para uso específico (chuveiro).

No entanto, um projeto satisfatório do circuito terminal


levará em conta a recomendação para fazer circuitos de
iluminação separados em:

• Área Social: sala, dormitórios, banheiro, corredor e hall.

• Área de Serviço: copa, cozinha, área de serviço e área


externa. Para os circuitos de tomada de uso geral,
separá-los em:

Unidade 3
1. Área de Serviço 1 - Copa.

2. Área de Serviço 2 - Cozinha.

3. Área de Serviço 3 - Área de serviço.

Levantamento de cargas e divisão


da instalação elétrica
A quantidade de circuitos de uma instalação
elétrica depende, entre outros fatores de sua potência instalada e
da potência unitária das cargas a serem alimentadas. Além disso,
há alguns critérios a serem adotados na distribuição dos pontos
e o grau de flexibilidade da instalação para futuras necessidades.

PROJETOS ELÉTRICOS 25
Como evitar o incêndio? O que deve-se evitar:

• Umidade e Poeira dentro de


tomadas: Pode ocorrer um curto-
IMPORTANTE circuito, quando há um acúmulo de
poeira e umidade entre o plug e a
tomada, pois ela pode servir como
condutor de eletricidade e gerar mal
contato. Um sinal para ficar atento é
quando se tem faíscas ao se encaixar
um plug na tomada.

• Material de baixa qualidade: Alguns


plugs e tomadas de baixa qualidade
podem ter o seu tamanho mal
dimensionado, causando folgas entre
Unidade 3

o plug e a tomada, gerando faíscas que


podem levar a incêndios. Por isso, é
bom optar por materiais de qualidade
confiável.

• Por objetos pesados em cima de cabos


ou cabos enrolados.

Equipamentos em tomadas não adequadas: Alguns


aparelhos, como os de emissão de calor
ou ar-condicionado, precisam de tomadas
específicas para que suportem o seu maior fluxo
de energia.
Papel próximo de tomadas etc.: Evite manter papel,
papelão, plástico etc. próximos de tomadas e afins,
porque queimam com facilidade.

Por isso, para realizar a divisão de circuitos elétricos, é


necessário primeiro fazer o levantamento das potências de nossa
residência atribuindo potências a todos os pontos terminais.

A NBR 5410 no item 9.5.3.1 especifica que todo ponto


de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo

26 PROJETOS ELÉTRICOS
ou virtualmente dedicado, equipamento com corrente
nominal superior a 10A deve constituir um circuito independente.

Já o item 9.5.3.2, faz referência aos pontos de tomada


de cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,
lavanderias e locais análogos, os quais devem ser atendidos por
circuitos exclusivamente destinados à alimentação de tomadas
desses locais.
Figura 4 - Lavanderia

Unidade 3
Fonte: Pexels

Ainda na NBR 5410, o item 9.5.3.3 estabelece que os


circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de
pontos de tomadas e dos circuitos independentes. Exceto quando
pontos de iluminação possam ser alimentados por circuito
comum e que simultaneamente atendam as seguintes condições:

a. A corrente de projeto (IB) do circuito comum (iluminação


mais tomadas) não deve ser superior a 16 A.

PROJETOS ELÉTRICOS 27
b. Os pontos de iluminação não sejam alimentados, em
sua totalidade, por um só circuito, caso esse circuito
seja comum (iluminação mais tomadas).

c. Os pontos de tomadas, não sejam alimentados, em sua


totalidade, por um só circuito, caso esse circuito seja
comum (iluminação mais tomadas).
Figura 5 - Instalação de tomada
Unidade 3

Fonte: Pixabay

A divisão de circuitos é voltada ao dimensionamento do


quadro de distribuição. Realizado o levantamento das cargas,
realiza-se a distribuição da instalação com as devidas potências
atribuídas e com a divisão dos circuitos.

Imagine uma distribuição dentro de uma pequena casa


com sala, cozinha, quarto e banheiro.

• Dormitório: 1 computador (127V e 4A).

• Sala: Sem TUE.

28 PROJETOS ELÉTRICOS
• Cozinha: 1 Geladeira (127V, 4A), 1 forno de micro-ondas
(127V, 6A) e uma torneira elétrica (220V, 15A).

• Banheiro: 1 aquecedor para a torneira da pia (220V,


20A) e 1 chuveiro (220V, 25A).

A NBR 5410 especifica o uso das TUE e especifica um


circuito para cada equipamento que possua corrente acima de
10A, ou seja, no exemplo têm-se:

• Circuito 1 - Torneira elétrica da cozinha: 15A; 220V.

• Circuito 2 - Chuveiro elétrico no banheiro: 25A ;220V.

• Circuito 3 - Aquecedor para a torneira da pia do


banheiro: 20A ;220V.

Unidade 3
Figura 6 - Circuito do banheiro

Fonte:Pexels

Os circuitos restantes foram assim agrupados:

• Circuito 4 - Uma geladeira (4A) e um forno de micro-


ondas (6A) na cozinha.

PROJETOS ELÉTRICOS 29
• Circuito 5 - Computador (4A) e demais TUGs dos
dormitórios.

• Circuito 6 - TUGs da sala e copa.

• Circuitos 7 - Iluminação.

O exemplo citado está considerando somente


as correntes. Entretanto, não se pode esquecer que o
número de tomadas respeita o que já foi aprendido sobre
a quantidade de TUG e TUE.

Os equipamentos que exigem circuito individual (o


chuveiro elétrico, a torneira elétrica, geladeira e a máquina
de lavar roupa) são circuitos que possuem alto consumo de
energia elétrica que são fixos e/ou podem resultar em correntes
Unidade 3

superiores a 10 A, levando em consideração uma tensão de


alimentação de 127 volts.

Reiteramos o exposto pela norma NBR 5410, que dispõe


que em banheiros deve-se instalar, no mínimo, uma tomada
junto ao lavatório, então o banheiro terá uma tomada mínima
de 600 VA.

Balanceamento de Carga

O balanceamento de carga da instalação é uma etapa


prevista na fase de elaboração do projeto elétrico e tem por
objetivo que as mesmas não fiquem sobrecarregadas.

Ao afirmar que um sistema de instalação é mais econômico


que outro, ou que o bifásico e trifásico são mais econômicos que
o monofásico, não se trata do registro de consumo de energia
elétrica registrado pelo medidor de energia KWh, mas sim no que
tange aos dimensionamentos do circuito (condutores, eletrodutos
etc.) que já foram expostos, pois utilizam-se correntes menores

30 PROJETOS ELÉTRICOS
e isso reduz drasticamente alguns custos principalmente os com
materiais e manutenção.

Outro aspecto muito importante é que trabalhando


no sistema bi ou trifásico, a possibilidade de se conseguir
um balanceamento de cargas mais eficaz é infinitamente maior.

Figura 7- Rede de transmissão

Unidade 3
Fonte: Pexels

A alimentação trifásica, por exemplo, é composta por


quatro fios sendo: Neutro, Fase, Fase e Fase. Com cada fase
possuindo uma tensão de 127 Volts há uma melhor distribuição
de carga por fase, o que resulta no balanceamento de carga
residencial.

Ao chegar ao quadro de distribuição, as fases podem ser


distribuídas uniformemente entre os circuitos de modo a obter-
se o maior equilíbrio possível. Em geral a indicação das fases do
circuito são determinadas pela nomenclatura (A,B,C), (R,S,T) ou
(U,V,W).

PROJETOS ELÉTRICOS 31
A norma NBR 5410 determina as cores de cabos
elétricos e fios que devem ser utilizadas para
identificação:
IMPORTANTE CABO AZUL CLARO: Para condutores neutros com
isolação.
CABO VERDE OU VERDE COM AMARELO: Para
condutores de proteção, popularmente conhecidos
como “fio terra”.
CABO VERMELHO, PRETO OU MARROM: Indicado
para condutores fase.

Figura 8 - Balanceamento de fases


Unidade 3

Fonte: Freepik

Em um sistema em que a fase chega em 220 V e houver


somente mais um cabo de neutro, o sistema será monofásico em
220 (uma fase + um neutro), e assim por diante com as demais
tensões de fase em que exista somente um cabo de fase e outro
de neutro, sendo:

• 1 fase 127 V + 1 neutro = monofásico em 127 volts

• 1 fase 220 V + 1 neutro = monofásico em 220 volts

32 PROJETOS ELÉTRICOS
• 1 fase 380 V + 1 neutro = monofásico em 380 volts

Assim, fica claro que sempre que houver uma fase mais
um neutro será monofásico, duas fases mais um neutro bifásico
e três fases mais um neutro trifásico, independente da tensão
de fase.

• 1 fase + 1 neutro = monofásico.

• 2 fases + 1 neutro = bifásico.

• 3 fases + 1 neutro = trifásico.

O balanceamento das fases é realizado através da


corrente demandada dos circuitos. Como essas correntes são
estabelecidas apenas no dimensionamento, deve-se garantir

Unidade 3
que os circuitos estejam dimensionados antes de se fazer o
balanceamento.

E aí? Até agora está curtindo esse universo dos


projetos elétricos? Só para garantir que você
compreendeu o tema do capítulo, vamos resumir
RESUMINDO tudo o que vimos.
O objetivo trabalhado neste capítulo foi calcular as
cargas totais de segmentos de circuito e aplicar as
técnicas de divisão de circuitos e o balanceamento
de suas cargas, visando a estabilização do fluxo de
corrente na instalação elétrica.
Isso é necessário na hora de especificar os
circuitos e dividir para que não ocorram aquelas
surpresinhas indesejáveis ou até mesmo um
acidente sério relacionado a uma má divisão dos
circuitos.
Aqui também vimos a importância de se atentar às
cores dos condutores e seus diâmetros. São eles
que garantem a segurança das instalações.
E então? Preparados para adquirir mais
conhecimento? Então vamos lá. Mãos à obra!

PROJETOS ELÉTRICOS 33
Sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e
aterramentos
Ao término deste capítulo você terá desenvolvido
a competência de projetar sistemas de proteção
contra descargas elétricas provenientes da
OBJETIVO atmosfera e de curtos-circuitos, aplicando as
técnicas de aterramento elétrico funcional e de
proteção. Além de conseguir avaliar a importância
desses sistemas para as instalações elétricas
e equipamentos a elas conectados. E então?
Motivados para desenvolver mais algumas
competências? Então vamos lá. Avante!
Unidade 3

Sistemas de proteção e cargas


SPDA é a sigla usada para designar sistema de proteção
contra descargas atmosféricas. Esses sistemas servem para a
proteção de prédios, antenas, instalações industriais, tanques,
tubulações e pessoas contra as descargas atmosféricas e seus
efeitos.

Esses SPDA são compostos por dispositivos instalados


nos pontos mais elevados das instalações e estruturas. Assim,
elas proporcionam um caminho para terra oferecendo a menor
resistência elétrica possível. Dessa maneira, oferece um caminho
para corrente criada pela descarga atmosférica fluir em direção
à terra sem que cause danos aos equipamentos ou estruturas,
além de proteger as pessoas dentro da instalação.

34 PROJETOS ELÉTRICOS
Figura 9 - Descargas Atmosféricas

Unidade 3
Fonte: Pexels

A NBR 5419 – Proteção de estruturas contra


descargas atmosféricas, é a norma que trata, entre
outros assuntos importantes, do SPDA (sistemas
IMPORTANTE de proteção contra descargas atmosféricas).
Consulte-a.

O objetivo central do SPDA é dissipar para o solo essa


corrente elétrica, direcionando a corrente por um caminho mais
seguro possível, dessa maneira minimizando ou anulando seus
impactos.

A utilização do SPDA não impede a incidência de descargas


atmosféricas no local, uma vez que as descargas são fenômenos
naturais causados em geral pelo atrito das nuvens no céu que
produz o efeito de eletrização de grande diferença potencial.
Dessa forma, é impossível anular a incidência das descarregas,

PROJETOS ELÉTRICOS 35
entretanto, a utilização dos SPDA’s minimiza seus efeitos nas
instalações, construções e protege as pessoas nelas abrigadas.

A NR 10 estabelece que todo estabelecimento


que tenha potência instalada superior a 75KW possua e
mantenha o prontuário das instalações elétricas (PIE). Essa
documentação deve conter o relatório de inspeção do sistema
SPDA e os aterramentos elétricos. Desta forma, as empresas
são responsáveis por construir e manter o sistema SPDA em
funcionamento.

Em edifícios com mais de 30 metros de altura, o uso de


SPDA é uma exigência do corpo de bombeiros além de instalações
comerciais e industriais com mais de 1500 m² de área construída.
É obrigatório em áreas destinadas a depósitos de explosivos e
Unidade 3

inflamáveis e em outras edificações que o Corpo de Bombeiros


avaliar necessário pela alta periculosidade.

O Brasil é país em que mais caem raios no mundo.


È recordista mundial de descargas elétricas: são
77,8 milhões todos os anos. Disponível aqui .
VOCÊ SABIA?

Tipos de SPDA
A norma de instalação de SPDA é regulada pela
Associação Brasileira de normas Técnicas (ABNT), através da
NBR 5419. O objetivo principal da norma é evitar e minimizar
incêndios, explosões, danos materiais e risco de morte de

36 PROJETOS ELÉTRICOS
pessoas e animais pelos efeitos das descargas elétricas.
Atualmente existem três métodos de dimensionamento:

• Método gaiola de Faraday.

• Método de Franklin (limitada em função da altura e


limite de proteção).

• Método da esfera rolante ou esfera fictícia.

Método da Gaiola de Faraday


O método Gaiola de Faraday consiste em instalar um
sistema de captores formados por condutores horizontais
interligados em forma de malha, formando uma rede modular
de condutores envolvendo todos os lados do volume a proteger

Unidade 3
(cobertura e fachadas), criando uma espécie de “gaiola”.
Figura 10 - Descargas Atmosféricas

Fonte: Pexels

PROJETOS ELÉTRICOS 37
A disposição dos cabos na estrutura de galpões das
indústrias e edifícios se tornam receptores de descargas
atmosféricas e para garantir a segurança desses lugares esse é o
método utilizado. Esse SPDA é formulado na teoria de Faraday,
que afirma que o campo elétrico no interior de uma gaiola é nulo,
mesmo quando passa por seus condutores uma corrente de valor
elevado. Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que a
corrente seja distribuída uniformemente por toda a superfície
e quanto menor for à distância entre os condutores da malha,
melhor será a proteção obtida (NBR 5419/2005).

Para o dimensionamento este método leva-se em


consideração qual o nível de proteção deseja-se obter e assim,
define-se as dimensões máximas das “quadrículas” que serão
Unidade 3

utilizadas na malha. Para as questões de proteção por Gaiola de


Faraday o projetista deverá atentar à norma NBR5419 e fazer o
projeto de acordo com a tabela de nível de proteção conforme
descrito no quadro:
Quadro 6 - Classe dos SPDA

Classe SPDA Máximo afastamento dos condutores da malha (m)

I 5x5

II 10 x 10

III 15 x 15

IV 20 x 20

Fonte: NBR 5419

A norma NBR 5419:2005 estabelece os limites superiores


máximos a serem utilizados no quadro a seguir.

38 PROJETOS ELÉTRICOS
Quadro 7 - Largura do módulo da malha para o método da Gaiola de Faraday

Exemplo de
Largura Máxima Comprimento da
Nível comprimento da
da Malha Malha
malha

I 5 1 a 2 vezes a largura ≥ 5 e ≥ 10
máxima da malha
II 10 ≥10 e ≥ 20

III 10 ≥10 e ≥ 20

IV 20 ≥ 20 e ≥ 40

Fonte: NBR 5419

Todas as quadrículas com formatos irregulares serão


analisadas considerando uma projeção retangular, formada a

Unidade 3
partir dos vértices extremos dessa. Caso essa projeção esteja
dentro dos limites estabelecidos a quadrícula é considerada válida.

Método Franklin
O método Franklin utiliza os famosos para-raios, sendo
esses do tipo Franklin. Eles são instalados para proteger o
volume de um cone, onde o captor fica no vértice e ângulo entre
a geratriz e o centro do cone, variando de acordo com o nível de
proteção e a altura da edificação.

Devido às limitações impostas pela norma, ele é cada dia


menos utilizado em edifícios, sendo ideal para edificações de
pequeno porte. Basicamente, suas limitações são em função da
sua altura protegendo uma altura máxima de 45 metros ou 15
andares, tendo uma flecha de proteção de cerca de 25º. (NBR
5419/2005).

PROJETOS ELÉTRICOS 39
Figura 11 - Para - Raio

Espaçadores
Captor

Mastro
Unidade 3

Cabo de descida

Conector

Tubo de proteção
(tip diam 4” x 2 m)

Solo

Aterramento

Fonte: arquivos Telesapiens

40 PROJETOS ELÉTRICOS
Esse método consiste na utilização de um ou mais
mastros com captores, de modo que todo volume da edificação
a ser protegido fique dentro de uma zona espacial de proteção
do sistema, no interior do cone de proteção criado pelo para-
raios. Para o dimensionamento, leva-se em consideração o nível
de proteção e a altura da edificação para obter o ângulo de
proteção dos captores em relação à posição da área de exposição
analisada. A norma NBR 5419:2015 estabelece os ângulos de
proteção a serem utilizados.
Figura 12 - Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA

Fonte: NBR 5419


Unidade 3
A norma NBR 5419:2005 estabelece também os ângulos
de proteção a serem utilizados pelos captores conforme o nível
de proteção.

PROJETOS ELÉTRICOS 41
Quadro 8 - Posicionamento de captores conforme o nível de proteção

Nível de
Ângulo de proteção (função da altura do captor)
Serviço
Θ / H ≤ 20m Θ / 20<H ≤ 30m Θ / 35<H ≤ 45m Θ / 45<H ≤
60m
I 25º
II 35º 25º
III 45º 35º 25º
IV 55º 45º 35º 25º
Fonte: NBR 5419

Exemplo: Em edificações com nível de proteção I, o


sistema de proteção tipo Franklin somente será verificado
para alturas até 20 metros (distância do captor à área de
exposição). Para edificações com nível de proteção IV,
Unidade 3

pode ser utilizado para proteger até 60m de altura abaixo


do captor. Em edificações com altura superior ao limite
indicado na norma recomenda-se utilizar os métodos
eletromagnético ou gaiola de Faraday.

Método da Esfera Rolante


O método da esfera rolante é o SPDA mais recente dos
que já foram mencionados e consiste basicamente em rolar uma
esfera, por toda a edificação. Essa esfera possui um raio definido
que varia em função do Nível de proteção desejado. Os locais
onde a esfera tocar a edificação são os locais mais expostos a
descargas.

Nos locais onde essas esferas tocam a edificação, o “raio”


(descarga atmosférica) também toca, então esses locais têm que
ser protegidos, pois se o raio cair nesse local e não houver uma
proteção, certamente haverá dados materiais e/ou pessoais. As
normas NBR 5415 e NBR 5419:2005 estabelecem os raios das
esferas de acordo com o nível de proteção utilizado.

42 PROJETOS ELÉTRICOS
Quadro 9 - Diâmetro da esfera e Nível de proteção

Nível I II III IV

Raio da Esfera (em m) 20 30 45 60

Fonte: NBR 5419

De acordo com o método da esfera rolante de verificação


do volume de proteção, os pontos nos quais a esfera tocar ao
ser rolada sobre a estrutura representam locais desprotegidos e
que, por este fato, devem possuir elementos do SPDA.

Pela ABNT NBR 5419:2005, a probabilidade de penetração


de uma descarga atmosférica no volume de proteção é
consideravelmente reduzida pela presença de um subsistema
de captação corretamente projetado e instalado, sendo que esse

Unidade 3
subsistema pode ser constituído por uma combinação qualquer
de hastes, cabos esticados, condutores em malha e elementos
naturais, desde que a combinação satisfaça os requisitos da norma.

Outra maneira de se proteger as instalações é utilizar a


combinação desses métodos, sendo permitido pela NBR 5419.
Em comum esses três tipos de Sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas (Sistemas SPDA) tem a necessidade de
malha de aterramento contendo hastes e condutores interligados
para a dissipação da corrente elétrica.

O número de hastes que serão fixadas no solo, tem


ligação direta com a resistividade do solo, da altura da estrutura
a ser protegida e da área construída. Quanto maior a altura a
se proteger, torna-se necessário utilizar um número maior de
hastes de aterramento.

A importância do SPDA se justifica pela proteção às


pessoas e patrimônio material, além de ser exigência de normas
e para sua compreensão mais detalhada deve-se consultar a
NBR 5419.

PROJETOS ELÉTRICOS 43
Aterramento
O aterramento elétrico é normalizado pela norma NBR
5410, que o define como sendo a ligação e estruturas ou ins-
talações com a terra, com o intuito de se estabelecer uma re-
ferência para a rede elétrica permitir que fluam para a terra cor-
rentes elétricas de naturezas diversas, e assim citamos como
exemplo:

• Correntes de raios.

• Descargas eletrostáticas.

• Correntes de filtros, supressores de surtos e para-­


raios de linha.
Unidade 3

• Correntes de faltas (defeitos) para a terra.

O aterramento não tem apenas o objetivo de nos proteger


mas também de garantir um bom funcionamento da instalação
elétrica, pois, ao fazer referência ao aterramento, coloca-se a
instalação e os equipamentos elétricos e eletrônicos sobre o
mesmo potencial, de modo que a diferença de potencial entre a
terra e o equipamento seja zero.

Os critérios do aterramento
de instalações de baixa tensão encontram-
se bem estabelecidos na norma NBR 5410 e são complementados
pela norma NBR 5419. A NBR 5410 estabelece que existem
basicamente três tipos de esquema de aterramento:

• Esquema IT.

• Esquema TT.

• Esquema TN e suas variações (TN-S, TN-C e TN-C-S).

44 PROJETOS ELÉTRICOS
O significado das letras faz menção à situação da
alimentação em relação à terra:

• T- Um ponto diretamente enterrado.

• I- Isolação de todas as partes vivas em relação à terra


ou aterramento através de uma impedância.

A segunda letra diz respeito à situação das massas da


instalação em relação à terra:

• T- Massas diretamente aterradas, independentemente


do aterramento eventual de um ponto de alimentação.

• N- Massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação


aterrado o que em corrente alternada o ponto
normalmente aterrado é o ponto neutro.

Unidade 3
Outras letras: Disposição do condutor neutro e do
condutor de proteção.

• S- Função de neutro e de proteção asseguradas por


condutores distintos.

• C- Função de neutro e de proteção combinadas em um


único condutor.

Esquemas de aterramento
Esquema TN

Há um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo


as massas ligadas a esse ponto através de condutores de proteção.
Este esquema possui três variações de acordo com a disposição
do condutor neutro e do condutor de proteção, que são:

PROJETOS ELÉTRICOS 45
Esquema TN-S

Tanto o neutro, quanto o condutor de proteção são


distintos. O neutro aterrado logo na entrada e levado até a carga,
em paralelo um outro condutor PE é utilizado como terra e é
conectado à carcaça dos equipamentos.

Esquema TN-C

As respectivas funções do neutro e de proteção são


combinadas em um único condutor em todo o circuito da
instalação. Dessa forma, este esquema mesmo que normalizado
não é indicado em certas instalações, uma vez que o terra e o
neutro são constituídos pelo mesmo condutor.
Unidade 3

Esquema TT

O esquema TT possui um ponto da alimentação


diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a
um eletrodo de aterramento eletricamente distinto do eletrodo
de aterramento da fonte, ou seja, os equipamentos são aterrados
com uma haste própria, diferente da usada para o neutro.

No caso da corrente de falta, o percurso da corrente fase


massa inclui a terra, que limita o valor da corrente devido ao
alto valor da resistência de terra. É importante lembrar que essa
corrente não é suficiente para o seccionamento dos dispositivos
de proteção, mas é uma corrente perigosa para os usuários.

Esquema IT

Este esquema é parecido com o TT, porém o aterramento


da fonte é realizado através de uma impedância com um valor
elevado. Com isso limita-se a corrente de modo a não permitir
que a primeira falta desligue o sistema. As massas da instalação
são aterradas com as seguintes possibilidades:

46 PROJETOS ELÉTRICOS
• Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento
da alimentação, se existente.

• Massas aterradas em eletrodo de aterramento próprio,


seja porque não há eletrodo de aterramento da
alimentação, outra possibilidade é porque o eletrodo de
aterramento das massas é independente do eletrodo
de aterramento da alimentação.

Viu que bacana? Projeto Elétrico não trata só


de desenhos e correntes, mas também de
proteção contra intempéries atmosféricas. Com o
RESUMINDO desenvolvimento da ciência surgiram várias formas
de proteção contra descargas atmosféricas.
Os aterramentos auxiliam não só na proteção,

Unidade 3
mas também garantem um bom funcionamento
da instalação elétrica, pois, ao fazer referência
ao aterramento, coloca-se instalação e os
equipamentos elétricos e eletrônicos sobre o
mesmo potencial, de modo que a diferença de
potencial entre a terra e o equipamento seja zero.
Todas essas formas de garantir a segurança da
instalação são assegurados pela NBR 5410 e são
complementados pela norma NBR 5419. Viu que
as normas não nos abandonarão tão cedo?

PROJETOS ELÉTRICOS 47
Projeto de distribuição de
cargas e cabeamento elétrico
Ao término deste capítulo você será capaz de aplicar
os recursos de balanceamento e divisão de circuitos
em leiautes de projetos elétricos. E o legal é que
OBJETIVO já conhecemos em parte os problemas causados
por uma má distribuição de cargas. Já sabemos
também a importância de conhecermos as normas
e nos atentar para as especificações técnicas. E
então? Motivados para desenvolver mais algumas
competências? Então vamos lá. Avante!

Projeto de distribuição de cargas


Unidade 3

Com base em tudo o que já foi estudado até agora,


observa-se a necessidade indispensável de se implementar a
previsão de toda a divisão a ser estabelecida nos circuitos de um
projeto elétrico.

A previsão da divisão da instalação em circuitos possibilita


que os mesmos sejam seccionados sem oferecer nenhum risco
à realimentação inadequada de um outro circuito. Além disso,
consegue-se manter as exigências solicitadas por norma como
questões de segurança, manutenção, produção, funcionalidade
e conservação de energia.

No geral, de acordo com a NBR 5410 os circuitos precisam


ser tratados de maneira individualizada de maneira que estejam
em acordo com os tipos de equipamentos para os quais irão
servir de alimentação energética, sendo assim, circuitos como
de iluminação precisam ser separados dos circuitos de força,
ou seja, dos circuitos TUG. Nesse caso, as cargas precisam ser
distribuídas entre as fases como forma de manter o máximo de
equilíbrio possível.

48 PROJETOS ELÉTRICOS
É a hora de colocar em prática os conhecimentos
adquiridos no decorrer da unidade. Fazer com que chuveiro
continue quente mesmo que outros eletrodomésticos sejam
acionados.

EXEMPLO

Considere, por exemplo, um simples circuito que é


direcionado para a iluminação de um projeto, um para um
TUG e dois para TUE.

Sabendo que:

𝑃𝑃
𝐼𝐼 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

Unidade 3
𝑉𝑉

E que circuitos de iluminação e TUG precisam ser


conectados na tensão de fase, a qual é de 127 V entre fase
e neutro, e circuitos TUE devem ser ligados na tensão entre
fase e fase de 220 V.

Tem-se que para a iluminação, considerando que a potência


é de 1140 W e a tensão é de 127 V, a corrente será de:

𝑃𝑃 1140
𝐼𝐼 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = ∗ 1 = 8,97 𝐴𝐴
𝑉𝑉 127

Para uma TUG, considerando que a potência é de 1600 W


e a tensão é de 127 V:
𝑃𝑃 1600
𝐼𝐼 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = ∗ 1 = 15,7 𝐴𝐴
𝑉𝑉 127

PROJETOS ELÉTRICOS 49
Para uma TUE1, considerando que a potência é de 1600 W
e a tensão é de 220 V:

𝑃𝑃 1600
𝐼𝐼 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = ∗ 1 = 7,57 𝐴𝐴
𝑉𝑉 220

Para uma TUE2, considerando que a potência é de 1500 W


e a tensão é de 220 V:
𝑃𝑃 1500
𝐼𝐼 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = ∗ 1 = 16,82 𝐴𝐴
𝑉𝑉 220

Observe, por meio desse exemplo, que cada tipo de circuito


irá possuir suas próprias cargas associadas, respeitando a
funcionalidade e o tipo de necessidade de cada um.
Unidade 3

A respeito disso, é importante observar que em um projeto


industrial é necessário respeitar todas as fases que vão
do planejamento até a execução do mesmo de forma a
entender e alocar da melhor forma todos os recursos
envolvidos, compreendendo a real necessidade do projeto.

O profissional atua como um agente que prevê todas as


possíveis situações, assim é necessário experiencia e um
olhar critico e racional a respeito do que o projeto precisa.
Ele demanda conhecer como todos os equipamentos
irão se dispor para melhor organizar os circuitos e
painéis elétricos, além de dividir adequadamente a carga,
possibilitando que o projeto seja orientado às atividades
que serão desenvolvidas naquele ambiente.

Entre outros fatores importantes de serem conhecidos


esta a temperatura do ambiente, tendo em vista que está
pode influenciar no dimensionamento de condutores e
painéis elétricos, sendo resistentes as temperaturas do

50 PROJETOS ELÉTRICOS
ambiente, não sofrendo com aumentos ou diminuições do
meio externo no seu funcionamento.

O profissional deve estar atento também a possível


presença de pessoas em localidades onde serão dispostos
equipamentos energizados, alocando corretamente as
partes de média tensão, por exemplo, criando obstáculos
para o acesso a tais componentes.

Para finalizar essa unidade é importante ter sempre em


mente que a NBR 5410 é a norma que vai nortear a maior parte
das nossas decisões e que em caso de dúvidas ela deverá ser
consultada.

Sendo assim, os profissionais devem conhecer todas

Unidade 3
os pontos importantes de um projeto para melhor alocar os
recursos e as necessidades apresentadas.

É importante que as normas citadas sejam


pesquisadas e consultadas. Isso trará uma maior
qualidade a sua formação.
IMPORTANTE

Figura 13 - Instalação da tomada

Fonte: Pixabay

PROJETOS ELÉTRICOS 51
Também pontuamos que alguns equipamentos como,
chuveiros, torneiras elétricas, churrasqueiras elétricas possuem
uma potência elétrica maior e consequentemente necessitam de
instalações diferenciadas por conta dessa potência.

Observamos a necessidade de tomadas especiais,


chamadas de Tomadas de Uso Específico (TUE) e com cautela,
escolhemos o posicionamento de cada uma das cargas, das
tomadas e dos pontos de iluminação.

Dependendo do tipo de cômodo, é preciso ter


muito cuidado com o posicionamento das tomadas.
Banheiros e cozinhas necessitam de tomadas,
IMPORTANTE apesar de serem áreas molhadas. E por esse fato,
é preciso muito mais atenção nesses locais. As
Unidade 3

tomadas precisam ter uma distância razoável das


fontes de água. A eletricidade é conduzida pela
água, portanto deve-se diminuir as chances de
choques elétricos e de danos aos equipamentos
elétricos.

A ABNT NBR 5410 será a norma à qual você vai recorrer


para tirar essas dúvidas. Em um projeto elétrico residencial, por
exemplo, ela estabelece que:

• Para cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,


lavanderias e locais análogos, precisam ser previstos
pelo menos dois pontos de tomadas acima de pias e
bancadas, além de um ponto de tomada a cada 3,5 m
de perímetro ou fração.

• É necessário ter pelo menos um ponto de luz fixo no


teto, comandado por interruptor, em cada cômodo ou
dependência.

Varandas precisam ter pelo menos um ponto de


tomada, se não no ambiente, próximo ao seu acesso.

52 PROJETOS ELÉTRICOS
É preciso que nos banheiros seja previsto pelo menos um
ponto de tomada próximo ao lavatório.

O planejamento do projeto elétrico é uma etapa


muito relevante para que se obtenha um resultado
adequado e satisfatório ao final da obra. Um erro
IMPORTANTE de projeto durante os dimensionamentos pode
causar danos em outras etapas da construção, o
que gera retrabalhos e mais despesas. Durante
essa etapa, também é possível mapear os riscos
existente na instalação.

Figura 14 - Circuito da cozinha

Unidade 3

Fonte: Pexels

Com as cargas conhecidas e definidas em cada cômodo


e o posicionamento delas, o importante é que os circuitos sejam

PROJETOS ELÉTRICOS 53
divididos pensando na otimização dos recursos usados na
instalação.

Sequenciar os passos para execução da tarefa facilita a


forma de executar a tarefa, atentando-se aos dimensionamentos,
proteções, características dos materiais e padronizações.

A divisão dos circuitos deve seguir as métricas expostas


nos capítulos anteriores e a partir disso, com as devidas decisões
tomadas, localiza-se o quadro de distribuição de energia a ser
instalado, levando em conta a estrutura da edificação.
Figura 15 - Quadro de distribuição
Unidade 3

Fonte: Pexels

54 PROJETOS ELÉTRICOS
Com essas informações, segue-se com o desenvolvimento
do projeto e faz-se necessário representar graficamente a fiação
de cada circuito dentro do projeto, considerando eletrodutos e
fiações.

As representações gráficas existentes no projeto,


são estabelecidas pela NBR 5444, entretanto essa norma foi
cancelada e entra em vigor a IEC60617. A IEC 60617 é uma
norma internacional, mas a NBR 5444 ainda é muito utilizada em
projetos.

De posse da planta baixa da edificação, distribui-se


tomadas e pontos de iluminação nas quantidades especificadas
e com suas devidas representações gráficas, já posicionadas para
se fazer um diagrama com o traçado de cada um dos circuitos.

Unidade 3
Figura 16 - Projeto

Fonte: Pixabay

Sequencialmente, pensamos nos dispositivos de proteção,


que serão responsáveis por manter todos em segurança. Nessa

PROJETOS ELÉTRICOS 55
etapa serão dimensionados os disjuntores que estão sempre
presentes nos quadros de distribuição.

A NBR 5410 normaliza que todo circuito terminal tem


que contar com proteção contra sobrecorrentes, por meio de
dispositivos que seccionem simultaneamente todas as fases, ou
seja, que cortem toda a energia que esteja passando.
Figura 17 - Disjuntor
Unidade 3

Fonte: Pixabay

Aqui nasce a importância de compreender a divisão


dos circuitos que precisem utilizar duas ou três fases da rede
de energia elétrica. Cada um deles necessitará de um disjuntor
específico.

Tipos específicos de proteção cuja instalação é obrigatória


pela NBR 5410 são os Dispositivos de Corrente Diferencial-
Residual ou DRs. Esses são dispositivos ou associação deles,
que são acionados quando o valor da corrente residual em

56 PROJETOS ELÉTRICOS
um determinado circuito atinge um valor dado em condições
especificadas na normativa.

Até agora, os seguintes cálculos já devem estar completos:

• Dimensionamento das cargas (total e por circuito).

• Dimensionamento dos equipamentos de proteção.

Até aqui já se tem em mãos todos os cálculos completos.


Não podemos esquecer de definir as correntes, são elas que
trazem as informações necessárias para dimensionamento da
fiação e eletrodutos.
Figura 18 - Eletrodutos

Unidade 3

Fonte: Pexels

PROJETOS ELÉTRICOS 57
Ao definir os materiais necessários para a realização de
todas as instalações, atenta-se às cores e normas a seguir.

• Cabos: comprimento e bitolas, não se esquecendo que


algumas instalações podem exigir diferença em níveis
verticais e esses comprimentos devem ser levados em
conta.

• Eletrodutos: comprimentos e diâmetros, respeitando


a taxa de ocupação, proporção de espaço que os cabos
ocupam (consultar a NBR 5410 para mais detalhes).

CUIDADO!! No mercado existem Cabos e


fios desbitolados. Esses possuem menos
cobre que o determinado pela NBR 5410 da
ABNT, norma que assegura a composição de
Unidade 3

IMPORTANTE
forma a garantir segurança e eficiência para
os sistemas de eletricidade. Dessa forma,
obtém-se um maior consumo de energia
elétrica e aumentam-se consideravelmente
a chance de sobrecargas e curto-circuito.
Esses fios não possuem certificação e não
respeitam a regulamentação da ABNT e entre
tantas situações causam aquecimento, perda
de energia e conta de luz elevada.

Um projeto completo deve apresentar os seguintes


documentos:

• Projeto luminotécnico.

• Memória de cálculo.

• Memorial descritivo.

• Projeto detalhado.

• Lista de materiais.

58 PROJETOS ELÉTRICOS
E o que estão acharam desses conhecimentos?
Normas são documentos que orientam e fornecem
diretrizes para os trabalhos. Nosso objetivo no
RESUMINDO capítulo era identificar as referências normativas
dos projetos elétricos, como a NBR 5410, a NR 10
e outras.
Durante nossa jornada vimos que há muitas
normas que se complementam e particularizam
atuações e práticas. As NBRs, ao contrário das
NRs, não são necessariamente de cumprimento
obrigatório. Entretanto, existem exigências legais
que determinam que NBRs sejam atendidas para
conferir validade a alguns procedimentos, com
o intuito de garantir a qualidade e o bom uso de
produtos e serviços.

Unidade 3
Nessa unidade auxiliamos vocês a se aproximarem
desse ambiente extremamente normalizado
e competitivo que é o segmento de Projetos
Elétricos, lembrando que não podemos resumir
toda atuação a uma única norma.
Dependendo da atuação de cada profissional, faz-
se necessário um aprofundamento do profissional
e um maior detalhamento da referida norma. No
decorrer do capítulo apresentamos mais algumas
normas, mas veremos detalhadamente no
decorrer das demais Unidades.

PROJETOS ELÉTRICOS 59
ABNT. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de
Janeiro, 2004.
REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 5444 - Símbolos gráficos para instalações elétricas


prediais. Associação Brasileira de Normas Técnicas. S.1. 1989.
ABNT. NBR 5419:2005 – Proteção de estruturas contra
descargas atmosféricas. Rio de Janeiro, 2005.
ABNT. NBR. NM 60.898:2004 – Disjuntores de baixa tensão para
proteção de sobrecorrentes para instalações domésticas e
similares. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT. NBR IEC- 60.947-2 – Disjuntores de baixa tensão. Rio de
Janeiro, 2013.
ABNT. NR 10 – Segurança em instalações e serviços em
eletricidade. Rio de Janeiro, 2004.
Unidade 3

ABNT. NBR 14039 - Aterramento e Proteção contrachoques


elétricos e sobre correntes. Rio de Janeiro, 2003.
ABNT. NBR 10898 - Sistema de iluminação de emergência. Rio
de Janeiro, 2013.
BARROS, B. F. de, et al. NR-10: Guia Prático de Análise e Aplicação.
3ª Edição. São Paulo: Érica, 2014.
CAVALIN, G.; CERVELIN, S. Instalações Elétricas e Prediais. 14ª
Edição. São Paulo: Érica, 2004.
COTRIM, A. A. B. M. Instalações Elétricas. 4. ed. São Paulo:
Prentine Hall, 2003.
SANTOS JR., J. R. dos. NR-10 Segurança em Eletricidade, uma
Visão Prática. São Paulo: Érica, 2013.

60 PROJETOS ELÉTRICOS

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