8 - o Conceito de Política em Marx Análise de Obras de 1843
8 - o Conceito de Política em Marx Análise de Obras de 1843
8 - o Conceito de Política em Marx Análise de Obras de 1843
ABSRACT
The purpose of this paper is to see how Karl Marx conceptualizes the Politics
category in some of his works, following a time line that goes from the years
1843 until 1871. For this analysis, we chose the following texts: For the Jewish
Question (1843), Marginal Glosses critical to the article "The King of Prussia
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Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Mestranda em
Educação Brasileira pelo Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação
da UFAL. E- mail: [email protected]
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Doutora em Educação Brasileira pela Universidade Estadual Paulista – UNESP (Campus de
Marília). Professora Adjunto do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas –
UFAL. E-mail: [email protected]
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REVISTA ELETRÔNICA ARMA DA CRÍTICA ANO 3: NÚMERO 3/ DEZEMBRO 2011/ ISSN 1984-4734
Introdução
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3 O Antigo Regime ou Ancien Régime (do francês) refere-se originalmente ao sistema social
e político aristocrático estabelecido na França, sob as dinastias de Valois e Bourbon, entre os
séculos XIV e XVIII. Durante o Antigo Regime a sociedade francesa encontrava-se dividida em
três ordens, estamentos ou estados: o clero (Primeiro Estado), a nobreza (Segundo Estado) e o
Terceiro Estado, que representava a burguesia e os camponeses. Cada estado tinha direito a
um voto nas decisões das assembléias (Estados Gerais). Essa divisão era considerada injusta,
pois a nobreza e o clero, que nesse sistema tinham direito a um voto cada, compunham na
verdade um só grupo, já que o Estado era vinculado à Igreja Católica na época.
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para Marx: Ludwig Feuerback (1804-1875) – suas obras fazem Marx transitar
definitivamente para o materialismo – e Moses Hess (1812-1875), que
despertou o interesse de Marx pelos movimentos anticapitalistas.
Em outubro de 1843, Marx se casou e fixou-se em Paris passando
por um momento decisivo de sua trajetória intelectual. Estudou teoria política e
iniciou sua crítica da filosofia de Hegel, sobretudo de sua teoria de Estado. A
partir de então, Marx se assumiu como um comunista. Neste momento
decisivo, Marx escreve Para a Questão Judaica, onde evidencia sua negação
ao liberalismo. Aqui, Marx encontra-se numa vertente democrática radical em
curso para uma futura perspectiva revolucionária, quando romperá
definitivamente com as ideias de Bauer.
Em Para a Questão Judaica, entretanto, há entre Marx e Bauer
apenas discordâncias. A obra trata da condição cívico-política dos judeus na
Alemanha também ligada à situação miserável do povo alemão.
Quando a Confederação Germânica é estabelecida fica decretado o
Estado cristão, e aos judeus é vedado o direito ao exercício das funções
públicas que outrora possuíam.
Nos anos de 1840, entrou em pauta a questão judaica encabeçada
pelos liberais e liderada por Bauer. Seu ponto de argumentação parte da ideia
de que é o caráter religioso do Estado que impede a emancipação dos
homens.
A liberdade universal ainda não é, na França, lei, a questão judaica
também ainda não está resolvida, porque a liberdade legal – [a de]
que todos os cidadãos [Bürger] são iguais – está limitada na vida
(que ainda está dominada e fracionada pelos privilégios religiosos)
[…] (BAUER apud MARX, 2009, p.43).
está em xeque. “Não basta de modo algum investigar quem deve emancipar,
quem deve ser emancipado. A crítica tinha uma terceira coisa a fazer. Tinha de
perguntar: de que espécie de emancipação se trata?” (Ibidem, p.44, grifo do
autor).
Defende Marx que a emancipação política concedida pelo Estado
laico não significará a emancipação do homem da religião: “O Estado pode,
portanto, ter se emancipado da religião, mesmo quando a esmagadora maioria
ainda é religiosa” (Ibidem, p.48, grifo do autor). Para Marx, a conquista da
emancipação política dos judeus não os obriga a renunciar sua religião e sua
cultura, mas, emancipados politicamente, não só os judeus, mas todos os
membros da sociedade permanecerão cativos humanamente. Para Marx, o
deslocamento da religião do campo do Estado para o campo privado da
sociedade civil, essa cisão do público e do privado, serve de complemento para
a emancipação política, ou seja, essa divisão do cidadão e do homem religioso
é a própria emancipação política, é a forma como politicamente um homem se
emancipa da religião (Ibidem, p.53).
Assim, a emancipação política não está diretamente ligada à
emancipação religiosa:
A emancipação política relativamente à religião não é a emancipação
consumada, a [emancipação] desprovida de contradição,
relativamente à religião, porque a emancipação política não é o modo
consumado, o [modo] desprovido de contradição, de emancipação
humana. (Ibidem, p.48, grifos do autor)
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compreender que a miséria parcial dos distritos industriais é uma questão geral
e muito menos que representa um problema para o conjunto da sociedade.”
(RUGE apud MARX, 2010, p.42).
O equívoco metodológico consiste, pois, em tomar a esfera da
política, que é parte, momento da totalidade social, como princípio,
como fundamento da inteligibilidade dos fenômenos sociais. A
pretexto de defender a autonomia dos diversos momentos do ser
social e de evitar o economicismo, a ciência burguesa suprimiu os
nexos íntimos, essenciais, entre economia e política, e a
4
subordinação ontológica da segunda à primeira . (TONET, 2010,
p.16, grifos do autor).
4 Fragmento retirado da apresentação feita pelo professor Ivo Tonet (UFAL) do texto Glosas
Críticas marginais ao artigo “O rei da Prússia e a reforma social”, de um prussiano
(Expressão Popular, 2010)
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apoiava o Estado antigo.” (Ibidem, p. 60); (2) O Estado está voltado para os
interesses das classes dominantes: “Se o Estado quisesse acabar com a
impotência da sua administração, teria que acabar com a atual vida privada. Se
ele quisesse eliminar a vida privada, deveria eliminar a si mesmo, uma vez que
ele só existe como antítese dela” (Ibidem, p.61); (3) O Estado não tem poder
para acabar com os males sociais: “O Estado não pode eliminar a contradição
entre a função e a boa vontade da administração, de um lado, e os seus meios
e possibilidades de outro, sem eliminar a si mesmo, uma vez que repousa
sobre essa contradição” (Ibidem, p. 60) e (4) O Estado deve ser abolido:
A revolução em geral – a derrocada do poder existente e a dissolução
das velhas relações - é um ato político. Por isso, o socialismo não
pode efetivar-se sem revolução. Ele tem necessidade desse ato
político na medida em que tem necessidade da destruição e da
dissolução. No entanto, logo que tenha início a sua atividade
organizativa, logo que apareça o seu próprio objetivo, a sua alma,
então o socialismo se desembaraça do seu revestimento político.
(MARX, 2010, p. 78).
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5 A Liga dos Justos, derivada da Liga dos Proscritos criada dez anos antes, era uma
associação de trabalhadores, principalmente artesãos alemães emigrados, e se
caracterizava por confusas concepções: conspirativismo e mistura de filosofia alemã,
socialismo francês e utopismos.
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Uma teoria social assentada numa ontologia do ser social que credita
ao trabalho o fundamento da socialidade não tem no proletariado um
elemento externo e contingente: identifica nele o sujeito concreto de
sua razão de ser – donde a consequente ultrapassagem da
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Nesta obra, Marx fala sobre as fraudes dentro do Estado francês que
favoreciam, desviando quantias enormes de dinheiro, frações da burguesia
banqueira que ocupavam cargos políticos durante o período da Monarquia de
Julho, a qual ocupou o poder depois da derrota da revolução.
A Monarquia de julho, depois de toda a roubalheira, foi substituída
por um governo provisório, também formado por representantes da burguesia
republicana. Os proletários queriam do governo provisório a proclamação da
república – e com ela, o sufrágio universal - e em fevereiro foram ouvidos.
Com a república, "O que o proletariado conquistava era o terreno para lutar
pela sua emancipação revolucionária, mas, não, de modo algum, a própria
emancipação" (MARX, [19 ], p.117). Isto porque a República de fevereiro 1848
fez demonstrar a completa dominação política da burguesia e incorporava junto
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Considerações Finais
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REFERÊNCIAS
MARX, Karl. Para a Questão Judaica. Trad.: José Barata Moura. São Paulo:
Expressão Popular, 2009.
___________. Glosas Críticas Marginais ao Artigo “O rei da Prússia e a
reforma social” de um prussiano. Trad.: Ivo Tonet. São Paulo: Expressão
Popular, 2010.
___________. ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São
Paulo: Cortez, 1998.
___________. As lutas de classes na França de 1848 a 1850. In: Karl
Marx/Friedrich Engels: obras escolhidas. Vol.1 São Paulo: Alfa-Omega, [19- ].
___________. O 18 Brumário e Cartas a Kugelmann. 4. Trad. Leandro
Konder e Renato Guimarães. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
___________. A Guerra Civil em França. Trad. Eduardo Chitas. Edições
Avante: Lisboa, 1984.
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