Linha de Cuidado A Pessoa Com Fissura Labiopalatal No Ambito Da SES DF
Linha de Cuidado A Pessoa Com Fissura Labiopalatal No Ambito Da SES DF
Linha de Cuidado A Pessoa Com Fissura Labiopalatal No Ambito Da SES DF
1. INTRODUÇÃO 2
2. PÚBLICO ALVO DESSA LINHA DE CUIDADO 6
3. JUSTIFICATIVA 7
4. OBJETIVOS 7
5. INTEGRAÇÃO ASSISTENCIAL DA LINHA DE CUIDADO 8
6. DIRETRIZES CLÍNICO-ASSISTENCIAIS 9
6.1. Etapas do tratamento 11
6.1.1. Acolhimento e orientações 14
6.1.2. Plano terapêutico singular: avaliação, diagnóstico e orientações 19
6.2. Acompanhamento do usuário recém-nascido até 6 meses de idade 20
6.3. Atendimento do usuário entre 6 meses e 1 ano de idade 28
6.4. Atendimento do usuário entre 1 ano a 1 ano e 6 meses de idade 29
6.5. Atendimento do usuário a partir de 30 meses de idade 34
6.6. Atendimento ao usuário aos 4 anos de idade 34
6.7. Atendimento ao usuário entre 4 a 6 anos de idade 35
6.8. Atendimento ao usuário entre 6 e 9 anos de idade 38
6.9. Acompanhamento do usuário entre 7 a 10 anos de idade 40
6.10. Acompanhamento do usuário a partir de 12 anos de idade........... 45
6.11. Acompanhamento do usuário a partir de 16 anos de idade.. 45
6.12. Acompanhamento do paciente a partir de 18 anos de idade ....................... 46
6.13. Procedimentos sem definição de faixa etária específica 47
7. MONITORAMENTO E AUDITORIA 48
8. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO 50
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
10. REFERÊNCIAS 53
11. ANEXOS 55
2
1. INTRODUÇÃO
4
No âmbito do Distrito Federal, foi instituída a notificação compulsória por meio
da Lei 5.958, de 02 de agosto de 2017, para ser realizada nas unidades públicase
privadas integrantes do sistema de saúde do Distrito Federal, a partir do nascimento de
crianças com fissura labiopalatal.
Embora esses registros estejam amparados legalmente nos contextos nacional
e distrital, identificam-se ainda algumas dificuldades em sua operacionalização. Em um
levantamento a partir dos registros no Sistema Informação sobre Nascidos Vivos
(SINASC) foram notificados 39 nascimentos de crianças apresentando fissura
labiopalatal no ano de 2018, no Distrito Federal. Entretanto, percebemos uma
subnotificação das ocorrências, considerando que, tendo como referência as crianças
cadastradas nascidas neste mesmo ano, constam neste Serviço 64 crianças, o que
equivale dizer que somente 60% dos casos foram notificados, considerando a Região
Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE).
Considerando que o acesso precoce ao Serviço possibilita o recebimento de
orientações familiares adequadas, a inclusão no fluxo de atendimento das especialidades
envolvidas no Serviço e amplia a possibilidade de realização da cirurgiano período
preconizado pela literatura científica, torna-se indispensável que o pacientecom fissura
labiopalatal seja registrado nos sistemas de saúde e passem a integrar o fluxo de
atendimento em sua linha de cuidado.
5
Norte naquela época, Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa, que criava o Serviço
Multidisciplinar de Tratamento das Fissuras Labiopalatais (SMAFIS-HRAN),
estabelecendo os profissionais que integrariam inicialmente a equipe.
Desde então, o principal objetivo do Serviço é promover a reabilitação estética
e funcional, assim como a reintegração das pessoas com fissuras labiopalatais na
sociedade. Desse modo, pôde-se disponibilizar uma completa estrutura de atendimento
com todas as áreas relacionadas ao processo de reabilitação, envolvendo não somente a
área cirúrgica, mas também emocional e social.
Essa estrutura de atendimento obedece ao estabelecimento de condutas
terapêuticas, a partir da definição de um Plano Terapêutico Singular, o que se torna
fundamental para que a equipe responsável pela reabilitação atue dentro de uma
filosofia multidisciplinar, com cada especialidade atuando no momento adequado e
todas com o mesmo grau de importância para a obtenção de um resultado final
satisfatório para o paciente.
A criação do Serviço possibilitou o acesso aos pacientes e suas famílias,
reduzindo, por um lado, os custos governamentais com despesa de deslocamento,
hospedagem e ajuda de custo com alimentação para o paciente e sua família, durante
o longo período de tratamento. Por outro lado, reduz-se também o custo pessoal e
logístico para as famílias, uma vez que a necessidade de realização de viagens
periódicas dificulta a organização da rotina familiar e sua operacionalização,
culminando em diversos casos de descontinuidade do tratamento, com prejuízo
imensurável ao paciente.
Essa situação é igualmente importante ao se avaliar os dados obtidos a partir de
levantamento realizado em junho de 2019 pela coordenação do TFD no Distrito Federal,
que identificou que 553 pacientes com fissura labiopalatal ainda realizam continuação
do tratamento em Bauru/SP. A despeito desse quantitativo geral, no período de
janeiro/2016 a junho/2019, só foram encaminhados oito novos pacientes, uma vez que
o tratamento vem sendo realizado por esta equipe especializada no Distrito Federal.
Essa informação mostra-se relevante porque tal número anteriormente se referia a uma
média anual, mas atualmente é representativa de um período de três anos e meio. Além
disso, esses pacientes só foram encaminhados para tratamento fora do Distrito Federal
após avaliação e indicação clínica pelo SMAFIS- HRAN.
6
Outro ponto de destaque é que, ao avaliar o cadastro interno de pacientes,
identificou-se um total de 64 pacientes nascidos em 2018 que já estão sendo atendidos
neste Serviço, inseridos em um total de quase 1000 pacientes inscritos até o momento,
em apenas 6 anos de existência do Serviço Multidisciplinar.
A proposta da equipe, portanto, envolve a criação institucional de uma
UNIDADE de excelência no tratamento de pacientes com fissuras labiopalatais, e suas
consequências, devendo ser incluída oficialmente no organograma da Secretaria de
Estado de Saúde do Distrito Federal, tendo a seguir sua visão, missão e valores:
7
3. JUSTIFICATIVA
O atendimento precoce à pessoa com fissura labiopalatais e suas famílias
potencializa os resultados do tratamento, oportuniza a realização dos procedimentos
cirúrgicos e de reabilitação nas idades preconizadas mundialmente, levando o paciente
a ser inserido socialmente sem sequelas.
Desse modo, para sua adequada orientação, acompanhamento e inclusão, faz- se
necessária a compreensão de suas etapas por todos os profissionais atuantes na redede
saúde pública e privada do Distrito Federal, em todos os níveis de atenção, tendo a
Atenção Primária em Saúde como porta de entrada.
4. OBJETIVOS
8
5. INTEGRAÇÃO ASSISTENCIAL DA LINHA DE CUIDADO
9
Embora a pessoa com fissura labiopalatal não seja identificada como pessoa com
deficiência, há questões ainda em discussão sobre sua condição, sendo a primeira: a
associação da fissura labiopalatal a síndromes ou outras anomalias craniofaciais, que
cursam com comprometimento sensorial, físico e/ou cognitivos, caracterizando desta
maneira, condição de deficiências específicas. A outra discussão diz respeito aos
indivíduos que não tenham acessado ao tratamento cirúrgico em tempo oportuno e, por
esse motivo, tenha sua condição clínica e funcional limitada. Nessa perspectiva, o
quadro de deficiência temporária fica evidente, caracterizada por prejuízo significativo
de habilidades comunicativas e de alimentação, por vezes comprometendo sua
autonomia.
Dessa forma, o acesso aos pontos de atenção, de diversas densidades
tecnológicas, que compõem a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência deve estar
disponível para a pessoa com fissura, a depender da necessidade evidenciada em cada
fase de vida.
6. DIRETRIZES CLÍNICO-ASSISTENCIAIS
11
Q37.5 Fenda palatos duro mole c/fenda labial
unilateral
● Critério de exclusão
o Pessoas sem fissura labiopalatal;
o Pessoas apresentando fissura labial ou palatal adquirida por processos
traumáticos, neoplasias e outras doenças ou, ainda, decorrentes de
procedimentos cirúrgicos alheios ao especificado nesta Linha de
Cuidado.
12
6.1. ETAPAS DO TRATAMENTO
A construção desta Linha de Cuidado está baseada na integralidade do
atendimento ao paciente, que compreendemos iniciar desde o planejamento familiar,
atendimento à gestante e durante o parto na maternidade, até os atendimentos em
idades específicas que se estendem do nascimento à vida adulta.Assim, o processo
de tratamento envolve as seguintes etapas (sequenciais ou não):
● Acolhimento e orientações
o Plano Terapêutico Singular: avaliação, diagnóstico e orientações;
o Etapa pré-cirúrgica (preparo): consultas ambulatoriais
o Cirurgias primárias: queiloplastia, palatoplastia
o Etapa pós-cirúrgica
o Cirurgias secundárias: enxerto ósseo-alveolar, ortognática,
rinoplastia
Assim, definimos, para fins didáticos, a rotina de atendimento, tendo como
parâmetro um processo ideal de identificação precoce do paciente, a partir da efetivação
da prática do registro da notificação compulsória. Essa identificação permite o
acompanhamento adequado do desenvolvimento do paciente, seu desenvolvimento
ósseo, avaliação da complexidade das alterações, adoção de recursostécnicos e de
estratégias familiares. Com isso, pretende-se favorecer a realização dos procedimentos
cirúrgicos e tratamentos clínicos nos tempos adequados, conforme apresentado no fluxo
de sequência de tratamento (Quadro 1), respeitando as condiçõesclínicas do paciente e
sempre em busca do melhor resultado estético, anatômico e funcional.
13
Fonoaudióloga e Odontologista para definição familiares e pacientes pela equipe
Todas as do Plano Terapêutico) multiprofissional)
idades
Avaliação e acompanhamento pela equipe multiprofissional*
15
Conforme tem sido discorrido, as orientações sobre o cuidado do paciente com
fissuras labiopalatal não se limita ao nascimento do bebê. Em razão da formação da
fissura ocorrer ainda no período embrionário entre a sexta e a décima semanas
gestacionais1, é recomendado que sua prevenção seja iniciada durante as orientações
ofertadas à mulher em idade fértil (Anexo 10). Isso deve ser realizado a partir das ações
de planejamento reprodutivo nas Unidades Básicas de Saúde, conforme estabelecido no
Protocolo de Atenção à Saúde da mulher no Pré-Natal, Puerpério e Cuidados ao
Recém-nascido3, destacando:
o Durante o planejamento da gravidez, recomenda-se que a suplementação
com ácido fólico deve ser iniciada pelo menos 30 dias ou o mais precoce
possível antes da data em que se planeja engravidar, para a prevenção da
ocorrência de defeitos do tubo neural e, deve ser mantida durante toda a
gestação, para a prevenção da anemia.
o É importante que a mulher que deseja engravidar, bem como a gestante,
tenha acesso a ações de educação alimentar e nutricional para
alimentação adequada e saudável.
À pedido da mulher ou, se avaliada a suspeita de gravidez, deve ser providenciada
a realização de teste rápido a partir de amostra urinária, permitindo a descoberta o mais
precoce possível. Assim, em caso positivo, o profissional de saúde deverá providenciar
o pronto início das consultas pré- natais, se possível no mesmo dia com o médico ou
com o enfermeiro da equipe.
o No momento do diagnóstico da gravidez, caso essa mulher esteja sozinha,
o profissional de saúde deve incentivar a participação do(a) parceiro(a)
nas próximas consultas de pré-natal ou do(a) acompanhante que ela
escolher4, conforme orientação do Ministério da Saúde e legislação
distrital vigente.
16
3
Portaria SES/DF No 342 de 28.06.2017, publicada no DODF No 124 de 30.06.2017
4
Lei 11108/2005, de 07/04/2005 – Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.5
Portaria SES/DF No 342 de 28.06.2017 , publicada no DODF No 124 de 30.06.2017
17
família.
Assim, um suporte adequado de atenção dos profissionais dos serviços de saúde
favorecerá a passagem por tantas transformações e adaptação à chegada do novo
membro familiar. Esse aspecto é importante, por considerar que se trata do período de
vulnerabilidade da mulher, especialmente quanto ao risco de adoecimento psíquico
(ANDRADE, et al., 2006). Por esse motivo, também é um momento propíciopara o
desenvolvimento de ações preventivas, promoção à saúde e fortalecimento familiar,
incluindo a vinculação com o parceiro e outros membros de sua rede de apoio.
Ainda durante o acompanhamento pré-natal, os exames de imagem (ecografia)
ocupam papel fundamental para identificar possíveis intercorrências e suspeitas
clínicas, sendo imprescindível sua realização no primeiro trimestre (até 12 semanas),
quando já pode ser identificada a presença de malformações congênitas, dentre elas
as fissuras labiais e/ou palatal, que são as anomalias craniofaciais mais comuns.
Assim, caso ocorra a identificação precoce da existência de fissura labial e/ou
palatal, é muito importante que o profissional de radiologia forneça as orientações
adequadas à gestante e acompanhante sobre o desenvolvimento geral do bebê e também
sobre o tratamento multidisciplinar, fornecido pelo Sistema Único de Saúde (Anexo 3).
Essa informação também deverá ser reforçada pelo médico de família e/ou
enfermeira da Equipe da Saúde da Família ou pelo ginecologista/obstetra que
acompanha o pré-natal que orientará a respeito da malformação e o tratamento, devendo
encaminhar a gestante, via Sistema de Regulação (SISREG), paraacolhimento no
SMAFIS-HRAN, caracterizado como Panorama 36, de acordo com o definido na
Portaria 1388, de 12 de dezembro de 2018.
Assim, a gestante com diagnóstico intrauterino de feto com fissura labiopalatal
será inserida no SISREG e agendado atendimento de acolhida (realizado pelo
profissional de Psicologia do Serviço Multidisciplinar de Fissurados), sendo destinadas
duas vagas semanais de primeira consulta para esse público,
6
“Panorama 3 ou Regulação Central: refere-se aos recursos que não estão presentes na maioria dos
territórios, estando concentrados em unidades executantes específicas que serem a toda a rede SES/DF.
São serviços escassos e estratégicos, que servem à população do DF como um todo. O processo
regulatório para o acesso a esses serviços é realizado pelas Centrais de Regulação (CR) do próprio
CRDF com gerenciamento das demandas, avaliação e marcação, observados os fluxos e protocolos
vigentes” – extraído do inciso VI do art. 2º da Portaria 1388, de 12 de dezembro de 2018.
18
independentemente do tempo gestacional. Cabe esclarecer que, dessa forma, a gestante
manterá o acompanhamento pré-natal da Atenção Primária em Saúde e também será
realizado seu acompanhamento psicológico individual ou multifamiliar das gestantes e
suas redes de Apoio no SMAFIS-HRAN.
Dessa forma, o atendimento psicológico neste serviço especializado será breve
e focal e tem como objetivo acolher os pais e familiares, realizar escuta qualificada
sobre sentimentos, angústias e inseguranças diante do diagnóstico de um bebê com
fissura labiopalatal. Neste momento, são trabalhadas as emoções identificadas,
iniciando o processo de ressignificação da malformação, preparação sobre
reorganização familiar e planejamento necessários, com orientações imediatas que
possibilitem conhecer melhor o diagnóstico e as etapas do longo processo de
tratamento.
Nesse processo de intervenção, também são identificadas situações de risco,
incluindo ansiedade e depressão perinatal, com possibilidade de encaminhamento para
avaliação psiquiátrica. Essa atenção é essencial, uma vez que a adaptação durante o
período gestacional e a melhor comunicação entre o casal favorecerão a habilidade da
família em lidar com o bebê com fissura labiopalatal e exercerão influência ao longo da
vida.
● Recém-nascido (Maternidade) – Atenção Hospitalar
Direcionados aos seguintes profissionais: Equipe multiprofissional atuante
em maternidades públicas e privadas
Imediatamente após o parto, em maternidade pública ou privada do Distrito
Federal e RIDE, os profissionais de pediatria e neonatologia, ao realizar os exames de
rotina estabelecidos na Linha de Cuidado Materno-Infantil (Rede de Atenção Materno-
infantil), deverão também proceder à avaliação do palato, por meio do exame físico com
luz e toque (HUNTER, et al., 2014).
Sendo diagnosticada a fissura labial e/ou palatal, o profissional pediatra ou
neonatologista da maternidade pública ou privada deverá registrar a notificação
compulsória no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC (Campo 34).
De forma complementar aos procedimentos e exames já estabelecidos na Rede de
Atenção Materno-infantil, destaca-se que é indispensável que a genitora receba
orientações sobre amamentação e acompanhamento nutricional. A mãe deverá ser
orientada e estimulada, desenvolvendo sua autoconfiança (ROCHA, 2016), uma vez
que a amamentação do paciente com fissura labiopalatal exige mais dedicação, por ser
mais lento e com pequenos intervalos, com atenção ao posicionamento mais ereto e
19
acompanhamento regular do ganho de peso, devido à ingestão reduzida do leite e outras
dificuldades (DI NINNO, 2011). A despeito desses desafios, devem ser reforçados os
benefícios do aleitamento materno do bebê com fissura labiopalatal, pois além das
vantagens já conhecidas, estimula o equilíbrio da musculatura orofacial, reduz
ocorrência de infecções de ouvido e de inflamação de mucosa nasal (BRASIL, 2015).
Diante da complexidade que envolve a amamentação do paciente com fissura
labiopalatal, é importante que o profissional de saúde esteja acessível para compreender
os sentimentos e percepções maternas envolvidas no processo de aleitamento. Isso é
indispensável, pois dispor dessa informação poderá auxiliar na identificação das mães
com maior fragilidade nesse sentido (SOUZA, et al., 2014).
Além das orientações alimentares, o recém-nascido também deverá ser
encaminhado para investigações cardiológica e genética. Caso o recém-nascido
apresente outras comorbidades, deverá ser mantido o acompanhamento clínico
necessário durante a internação. Em caso de múltiplas malformações (ex. cardiopatia
ou outros defeitos de linha média como onfalocele, hérnias volumosas, malformações
do neuro-eixo, renais ou esqueléticas), a criança deve ser encaminhada aoAmbulatório
de Anomalias Cirúrgicas da Unidade de Genética do Hospital Materno Infantil de
Brasília (HMIB). Casos de fissura lábiopalatal isolados serão acompanhados no
Ambulatório de Genética do HRAN. A partir do momento em que mãe e filho estiverem
em condições adequadas para a alta hospitalar, deverá receberas orientações adequadas
para acesso à primeira consulta no Serviço Multidisciplinar de Atendimento a Pacientes
com Fissuras Labiopalatais.
o Em caso de maternidade pública, o profissional deverá inserir o paciente
na lista de espera do Sistema de Regulação - SISREG, para o
atendimento de primeira consulta.
o Em caso de maternidade privada, o profissional deverá realizar o
encaminhamento para a Unidade Básica de Saúde - UBS de referência
da área de moradia da gestante e do bebê, para que, a partir do SISREG,
seja inserido na lista de espera para a primeira consulta.
20
● Acolhimento Coletivo
Os pacientes que forem agendados para a primeira consulta (Junta
Multidisciplinar), serão convidados para participação de um encontro de Acolhimento
Coletivo por meio de regulação interna. Essa ação é realizada semanalmente pela equipe
multidisciplinar do Serviço e envolve as especialidades de psicologia, odontologia e
fonoaudiologia. Neste momento, também são encorajadas as participações do genitor
e/ou de demais membros familiares, à escolha dos responsáveis.
O encontro do Acolhimento (CAVALCANTE FILHO, et al., 2009) permite a
ampliação da comunicação horizontalizada, a construção de espaço de diálogo, o
acolhimento das angústias, inseguranças, medos e demais sentimentos inerentes, bem
como acesso a informações gerais sobre a fissura labiopalatal, etapas do tratamento e
esclarecimento de dúvidas, favorecendo o sucesso do tratamento, o desenvolvimento
adequado da criança e o fortalecimento do vínculo familiar entre si e com a equipe.
Por esses motivos, a mulher ainda gestante também poderá ser convidada a
participar dessa etapa, durante o acompanhamento psicológico em curso.
21
● Plano Terapêutico Singular
Durante avaliação, a pessoa com fissura labiopalatal e sua família serão
avaliados, considerando as necessidades específicas de cada paciente. A partir disso,
são orientados sobre o diagnóstico, sobre a alimentação da criança Fissurada,
hábitos viciosos inadequados e sobre o futuro desenvolvimento da fala deste
paciente, etapas do tratamento, importância de seguir orientações e compromisso
familiar quanto à adesão a todas as fases do tratamento, desde o nascimento à fase
adulta, envolvendo os atendimentos especializados ambulatoriais, cuidados pré-
operatórios, pós-operatórios, altas assistidas e retorno para etapas posteriores, tendo as
cirurgias de queiloplastia, palatoplastia, enxerto osseoalveolar, rinoplastia e ortognática,
como instrumentos essenciais para viabilizar as etapas terapêuticas, que favorecerão o
adequado desenvolvimento físico, emocional e social do paciente e sua família.
Os encaminhamentos para as especialidades da equipe multidisciplinar será
realizado por meio de Regulação Interna, conforme avaliação técnica na Junta, para
atendimentos nas especialidades, conforme protocolos clínicos específicos: pediatria,
nutrição, fonoaudiologia, ortopedia em bebês, psicologia, serviço social, cirurgia
plástica, odontopediatria, otorrinolaringologia, enfermagem, ortodontia, cirurgia
bucomaxilofacial, terapia ocupacional.
22
condições de alimentação, ganho de peso, crescimento e desenvolvimento. Caso o
paciente possua outras malformações (cardiopatias, neuropatias, pneumopatias, etc) ou
outras condições clínicas (anemia, convulsões, etc), estas deverão prioritariamente ser
tratadas ou estabilizadas antes de prosseguir o tratamento da fissura.
Assim, ao identificar que o usuário encontra-se em condições clínicas
adequadas, é nessa faixa etária que são iniciados os acompanhamentos específicos de
preparação para queiloplastia. Nesse sentido, a atuação das especialidades da equipe
multidisciplinar do Serviço de Fissurados possui os seguintes enfoques principais:
23
que possam impedir a realização de cirurgias e encaminha o paciente para
atendimento especializado, se necessário. O acompanhamento de crescimento
e desenvolvimento deve ser realizado, concomitantemente, na Unidade Básica
de Saúde, localizada na área de abrangência da residência familiar.
● Ortopedia facial em bebês: Após avaliação da Junta Multidisciplinar, o
paciente com fissura labial (uni ou bilateral) poderá ser encaminhado para
ortopedia facial com o objetivo de garantir uma melhor projeção da ponta do
nariz, reduzir a largura da narina e alongar a columela (MERCADO, 2015) .
Para isso, podem ser usados, nos primeiros meses de vida, antes da queiloplastia
primária: a) Lip Taping, visa instalar uma fita elástica, que, ao unir os
segmentos, cria uma tensão para minimizar o espaço entre os segmentos e
minorar a deformação nasal; b) instalação de modelador nasal, quando a fissura
provocar deformação da asa do nariz do recém nascido. (Anexo 5)
● Odontopediatria: Atendimento de pacientes durante pré-operatório para
queiloplastia, com orientação aos pais quanto a cuidados bucais básicos, visando
a manutenção da saúde bucal longitudinalmente, incluindo sensibilização dos
responsáveis quanto à necessidade de uma rotina diferenciada na higiene e de
uma alimentação menos cariogênica (GOMIDE, et al., 2007). Isso é essencial
para prevenir lesões bucais pré-cirúrgicas. Também podem ser realizadas
extrações eletivas do bebê com fissura. Quando necessário, o tratamento é
realizado com priorização aos casos de indicação cirúrgica imediata
(HUEBENER, 2015).
● Otorrinolaringologia: Verificação se a triagem auditiva neonatal foi realizada
e, caso não tenha sido realizada, solicitação de exames inerentes à mesma.
Acompanhamento das funções auditivas e de quadros infecciosos recorrentes
com o diagnóstico precoce de perdas, podendo encaminhar aos tratamentos
cirúrgicos otológicos. Deste modo, não havendo capacidade instalada neste
Serviço, a conduta será o encaminhamento para as unidades hospitalares de
referência dentro da rede pública local.
● Enfermagem: Assistência e orientações com foco na participação ativa dos
cuidadores nas ações do cuidado. A partir do diagnóstico de enfermagem,
orienta cuidados direcionados às necessidades do paciente e sua família,
24
esclarece dúvidas sobre rotinas cirúrgicas, alimentação, higiene oral, etc.
Acompanha o paciente e a família em todas as etapas do processo de
reabilitação.
● Serviço Social: Atendimento inicial com objetivo de avaliar as condições
socioeconômicas, dinâmica familiar e rede de apoio, identificando os
determinantes sociais do processo saúde-doença, para que assim seja efetivada
a adesão ao tratamento, além de fortalecer a compreensão sobre as suas etapas
e responsabilidades familiares. Media o acesso ao tratamento, mobilizando
recursos e a rede intersetorial, visando à garantia de direitos. Orientação e
atendimento ambulatorial para mediação de processos de TFD (para pacientes
de fora do DF ou residentes no DF que necessitem de tratamento em outros
locais).
● Psicologia: Acolhimento da família e o bebê, que podem não ter sido atendidos
ainda na gestação, especialmente nos casos de diagnóstico apenas aonascimento. A
escuta qualificada psicológica permite a elaboração pela família do luto do bebê
imaginário/ideal, a partir dos sentimentos vivenciados (tristeza, medo, culpa, raiva,
impotência, etc) e a ressignificação para acolhimento do bebê real, preparando-os para
o processo de vinculação afetiva, realização dos cuidados e alimentação, atendimento
às necessidades do bebê, reorganização da família, adaptação emocional, melhora da
autoconfiança materna e fortalecimento da competência familiar. São realizadas
orientações sobre o tratamento, esclarecidas dúvidas quanto às informações
contraditórias e realizada preparação para as etapas, uma vez que geram impacto na
dinâmica familiar e relações interpessoais, podendo ter outras consequências
psicossociais. Também busca-se fortalecer fatores protetivos, especialmente a rede de
apoio familiar.
● Genética: Avaliação de pacientes sindrômicos e não sindrômicos, para
diagnóstico, acompanhamento e orientações, especialmente nos casos em que
é identificado histórico familiar de fissuras e aconselhamento genético para o
paciente e planejamento de gestações posteriores.
● Cirurgia plástica: Avaliação do comprometimento da fissura, consultas de
preparo pré-operatório, realização das cirurgias e acompanhamento pós-
25
operatório. Nesta faixa etária, as orientações são focadas na queiloplastia
primária uni ou bilateral.
o Solicitados exames laboratoriais:
o hemoglobina (valor mínimo 10,0 g/dl) (SMILETRAIN, 2018)
o leucograma (dentro do normal para a idade)
o coagulograma (dentro do valor da normalidade)
o Risco cirúrgico, quando indicado (Critérios de acordo com
protocolocardiológico – SES/DF)
o Verificação de adequação de peso corporal (mínimo 5kg).
o Se o paciente estiver apto, o cirurgião realizará o pedido cirúrgico em
formulário próprio e junto ao SISREG, incluindo os dados de
classificação de risco.
26
● Nasofaringoscopia: realizada nos primeiros dias de hospitalização, em todos
os casos para diagnóstico do tipo de obstrução respiratória.
● Medidas para alívio da dificuldade respiratória que incluem: Tratamento
postural ou Posição prona (PP): a criança é colocada em decúbito ventral,
utilizada para os casos de menor gravidade, com dificuldade respiratória leve e
tipo 1 ou 2 de obstrução.
● Intubação nasofaríngea (INF): colocação de uma cânula de silicone com
diâmetro 3 a 3,5 mm, introduzida da narina à faringe (7 a 8 cm de comprimento)
e cortada a 1 cm da asa nasal. É indicada para os casos com tipo 1 ou 2 de
obstrução respiratória, com desconforto moderado ou grave. A INF tem sido
utilizada com ótimos resultados, mesmo nos casos graves de obstrução.
● Traqueostomia e distração de mandíbula: indicadas para os casos de maior
gravidade, geralmente com tipo 3 ou 4 de obstrução respiratória, ou indivíduos
com tipo 1 ou 2 de obstrução que não melhoram com a intubação nasofaríngea
27
dos pacientes agendados para procedimentos cirúrgicos para a semana corrente.
Poderá solicitar, se necessário, nova avaliação da Pediatria,
Otorrinolaringologia, Odontopediatria.
o Executar o check-list para internação
o Atualizar a documentação fotográfica
● Odontopediatria: Avaliação odontológica tem o objetivo de avaliar presença
de cárie ou outra infecção bucal, pois estas situações impedem a realização da
cirurgia. Realização do tratamento imediato pré-operatório.
● Fonoaudiologia: Acompanhamento para introdução de colher dosadora em
substituição à mamadeira, devido a necessidade de exclusão da mesma no pós
operatório. Verificação do uso de chupeta ou hábito de sucção digital e
orientação para cessão desses hábitos, uma vez que são contra indicados para a
cirurgia. Verificação de necessidade de frenectomia a ser realizada
concomitante à cirurgia do lábio.
28
retroposicionamento da mesma (setback), em conjunto com o cirurgião crânio
maxilo-facial e a queiloplastia/ adesão labial no mesmo tempo cirúrgico.
● Psicologia: acompanhamento psicológico durante o processo de internação
(BROERING, et al., 2008), com o objetivo de reduzir a ansiedade do paciente
e da família, minimizando o impacto do ambiente hospitalar e inseguranças
quanto aos resultados cirúrgicos, favorecendo a promoção de um espaço seguro
e de confiança, esclarecemos dúvidas e potencializando a autocompetência
familiar para a realização dos cuidados pós-operatórios relativos à queiloplastia.
● Serviço Social: Acolhimento ao paciente e família, apoio emocional e escuta
qualificada. Reforço de orientações dos cuidados necessário no pós operatório.
Intervenção na desospitalização, se necessário.
● Alta hospitalar: o usuário recebe alta, aproximadamente, 24 horas após a
cirurgia, desde que esteja em condições clínicas adequadas, com pais ou
responsáveis aptos aos cuidados pós-operatórios.
o Recomendações pós-operatórias:
• Dieta líquida homogênea (batida no liquidificador) por um
período de no mínimo 3 dias.
• O aleitamento materno pode acontecer a partir do pós-operatório
imediato.
• Higiene nasal e da ferida operatória com soro fisiológico ou
durante o banho, seguido da aplicação de óleo tópico adequado
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(à base de ácidos graxos essenciais e triglicerídeos de cadeia
média).
• Imobilização dos membros superiores com protetores para evitar
manipulação do local da cirurgia, se necessário, mantidos por
aproximadamente 15 dias.
• Observação de sinais de infecção da ferida cirúrgica, deiscência
de pontos e sangramento.
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● Fonoaudiologia: Nesse período pode ser realizada assistência à transição
alimentar, caso o responsável e/ou o paciente apresente dificuldade para evoluir
a alimentação da consistência líquida/pastosa para a sólida. Após realizar a
queiloplastia ou aos 10 meses, o paciente com fissura labiopalatal ou palatal
deve ser avaliado para orientações específicas do desenvolvimento da
linguagem e da fala. Nesse momento o foco é inibir o aparecimento de
movimentos compensatórios e/ou fixação de pontos articulatórios inadequados,
como também iniciar estimulação adequada para o direcionamento de ar para a
cavidade oral.
● Nutrição: Avaliação do estado nutricional, identificando se o ganho pondero-
estatural é satisfatório e determinando a dieta para garantir condição adequada
de saúde para fins de pré-operatório de palatoplastia. Também são realizadas
orientações sobre a evolução da alimentação complementar.
● Observação: caso o usuário tenha chegado ao serviço nesta idade ou em caso
de necessidade, também deve receber os atendimentos ambulatoriais
especializados indicados anteriormente: fonoaudiologia, pediatria,
otorrinolaringologia, serviço social, enfermagem, psicologia, genética e
odontopediatria.
31
desenvolvimento geral e verifica se existem doenças que possam impedir a
realização da cirurgia e encaminha o paciente para atendimento especializado,
se necessário. O acompanhamento de crescimento e desenvolvimento deve ser
realizado, concomitantemente, na Unidade Básica de Saúde, de referência ao
local de moradia da família.
● Odontopediatria: Atendimento de pacientes durante pré-operatório para
palatoplastia, com orientação aos pais quanto à higiene oral e à alimentação
adequada. Realizado diagnóstico, prevenção e tratamento de lesões bucais pré-
cirúrgicas, com priorização aos casos de indicação cirúrgica imediata.
● Enfermagem: Orientações aos cuidadores para as necessidades do paciente,
relacionadas à preparação cirúrgica, período de dieta e cuidados. Também
orienta sobre os cuidados pós-operatórios, envolvendo rotina cirúrgica, repouso,
higiene oral, reforço da necessidade de evolução dietética, prevenção de
acidentes domésticos, evitar exposição visual aos alimentos inadequados.
● Otorrinolaringologia: Participa de equipe de avaliação da disfunção
velofaríngea, ajudando na avaliação e tratamento dos distúrbios da fala e
realizando exames nasofibroscópicos.
● Fonoaudiologia: Orientação aos pais e responsáveis sobre desenvolvimento da
linguagem e da fala. Reforço das orientações sobre higiene, alimentação e
hábitos orais inadequados. Em alguns casos: Introdução de exercícios de
estimulação dos órgãos fono articulatórios, direcionamento do ar para cavidade
oral (com as narinas tapadas) e da alimentação pastosa, com uso da colher e em
temperatura ambiente pelo menos 3 vezes na semana até a data cirurgia, com
intuito de facilitar a aceitação no pós cirúrgico. Os pais ou responsáveis deverão
procurar a fonoaudióloga da equipe se tiverem dificuldades em seguir as
orientações.
● Cirurgia plástica: Reavaliação do comprometimento da fissura, consulta de
preparo pré-operatório com solicitação e avaliação dos exames. Nesta faixa
etária, as orientações são focadas na palatoplastia.
o Solicitados exames laboratoriais:
▪ hemoglobina (valor mínimo 10g/dl)
▪ leucograma (dentro do normal para a idade) coagulograma
(dentro do valor da normalidade)
o Se paciente estiver apto, o cirurgião realizará o pedido cirúrgico em
formulário próprio e junto ao SISREG, incluindo os dados de
32
classificação de risco.
● Observação: caso o paciente tenha chegado ao serviço nesta idade, também
deverá receber os atendimentos ambulatoriais especializados indicados
anteriormente: otorrinolaringologia, serviço social, psicologia, genética,
odontopediatria.
33
● Observação: em caso de SEQUÊNCIA DE ROBIN, a palatoplastia deverá ser
planejada a partir dos 24 meses de idade, dependente da avaliação
nasofaringoscópica prévia, sendo realizada somente em casos com bom estado
nutricional, sem ou com leve retroposicionamento lingual. Nos casos
traqueostomizados, a palatoplastia deve ser realizada a partir dos 24 meses de
idade, antes da descanulização.
● Psicologia: acompanhamento psicológico durante o processo de internação,
com o objetivo de reduzir a ansiedade do paciente e da família, minimizando
o impacto do ambiente hospitalar e inseguranças quanto aos resultados
cirúrgicos, favorecendo a promoção de um espaço seguro e de confiança,
esclarecendo dúvidas e potencializando a autocompetência familiar para a
realização dos cuidados pós-operatórios relativos à palatoplastia.
● Alta hospitalar: o paciente recebe alta decorridas 24 a 48 horas de cirurgia,
desde que o local operado esteja em boas condições e que a criança esteja em
boas condições clínicas. Recomendações básicas na alta hospitalar:
o Avaliação da capacidade de auto cuidado da mãe ou responsável pela
criança;
o Dieta líquida homogeneizada (batida no liquidificador e peneirada) por
um período de 30 dias;
o Higiene da cavidade oral rigorosa, várias vezes ao dia com água fervida
e sempre após a criança se alimentar;
o Imobilização dos membros superiores com protetores para evitar
manipulação do local operado, se necessário, mantido por 15 dias.
Observação de sinais de infecção;
o Encaminhamento para avaliação e/ou terapia fonoaudiológica.
34
este período, os retornos são alternados. Após liberado, paciente será
encaminhado para Fonoaudiologia para avaliação e início da terapia
fonoaudiológica. Revisão pós cirúrgica - Orientar família sobre revisão 12
meses após cirurgia e depois, aos 4-6 anos
● Fonoaudiologia: Avaliação pela fonoaudiologia 30 dias após cirurgia de
palatoplastia. Definição de plano terapêutico para o desenvolvimento da
linguagem e da fala, acompanhamento com sessões em frequência semanal,
quinzenal ou mensal, a qual deve envolver a participação dos pais ou
responsáveis, observando e aprendendo como dar continuidade ao trabalho em
domicílio. Reavaliação periódica do progresso do paciente, com gravação da
fala e da necessidade de encaminhamentos complementares, avaliações e/ou
exames. Caso se trate de paciente de outra cidade, que inviabiliza o
acompanhamento e retornos, o paciente será orientado a realizar a terapia na
cidade de origem, mediante orientações individualizadas por escrito e se
necessário o profissional que realizará o atendimento poderá entrar em contato
com o serviço.
● Psicologia: Casos encaminhados pela fonoaudiologia, em caso de
identificação dificuldade de adesão familiar, dificuldade de vinculação do
paciente com a equipe ou outras situações que prejudiquem o tratamento.
● Serviço Social: Casos encaminhados pela fonoaudiologia, caso sejam
identificadas questões sociais que possam estar dificultando a adesão ao
tratamento.
35
da mesma, mediante liberação da Fonoaudiologia e Odontopediatria.
● Quando houver fístula oronasal, a correção poderá ser feita quando solicitada
pela Cirurgia Plástica, somente para fístulas sintomáticas para refluxo nasal.
● O paciente é considerado liberado pela Odontopediatria para a realização da
correção destas fístulas desde que não apresente dente próximo ao local a ser
operado, impedindo seu fechamento. Caso a presença do dente impeça a
correção da fístula, este deve ser extraído 45 a 60 dias antes da correção
cirúrgica.
● Documentação fotográfica.
● Observação:
o Os pacientes que foram submetidos à palatoplastia secundária sem
sucesso deverão ser avaliados pela Cirurgia Plástica e Fonoaudiologia
para definição de conduta: refazer a cirurgia ou encaminhamento para
colocação de placa obturadora na Odontopediatria, no intuito de evitar
a realização de palatoplastias terciárias;
o A indicação e colocação da placa obturadora dependerá da colaboração
36
da criança para a confecção e uso da mesma, bem como da
disponibilidade de comparecer para os retornos de troca da placa (6
meses).
● Avaliação odontológica
● Avaliação instrumental do funcionamento velofaríngeo nos casos onde não
37
existe melhora da fala com a prótese (nasofaringoscopia)
● Orientação ao fonoaudiólogo por escrito ou contato telefônico quanto à
fonoterapia.
38
e Sistema de Garantia de Direitos, se necessário (ACPA, 2009).
● Serviço Social: Avaliação de casos encaminhados pela equipe para que sejam
identificadas questões sociais que possam estar dificultando a adesão ao
tratamento.
● Documentação fotográfica.
● ALTA DEFINITIVA: O paciente será considerado de alta definitiva quando:
o Realizou as cirurgias primárias e secundárias, com resultado
considerado satisfatório pelo profissional e paciente;
o Recebeu alta definitiva do setor de Ortodontia (mesmo sendo tratado
em outro serviço);
o Recebeu alta definitiva do setor de Cirurgia Bucomaxilofacial (mesmo
sendo tratado em outro serviço);
o Por ocasião da alta definitiva, o paciente deve ser documentado por
meio de fotografias intra e extra bucais
o O PACIENTE DEVERÁ ASSINAR UM DOCUMENTO
PADRONIZADO, CONCORDANDO COM A ALTA.
39
o Psicologia: avaliação e orientações em caso de indicação pela equipe.
o Documentação fotográfica
● Cirurgia de Alongamento de Columela • A partir de 5 anos de idade
o Cirurgia Crânio Maxilo-Facial e Cirurgia Plástica: cirurgia de
alongamento de columela pela técnica de Millard ou Cronin.
o Controle Pós-Cirúrgico de Cirurgia de Alongamento de
Columela • 1 anopós-cirurgia
o Cirurgia Crânio Maxilo-Facial e Cirurgia Plástica: avaliação do
resultado
o Odontopediatria: controle de cárie e orientações de higiene bucal.
o Documentação fotográfica
● Documentação fotográfica
40
conformedemanda.
● Psicologia: avaliação e orientações
● Documentação fotográfica
41
Psicologia: avaliação e acompanhamento psicológico prioritário quanto à
adesão ao tratamento ortodôntico, inclusão escolar, considerando dificuldades
nos relacionamentos interpessoais, autoimagem e vivência de bullying (quanto
à aparência ou fala), podendo ser realizados atendimentos em psicoterapia
breve infantil e familiar, somados à intervenção intersetorial diretamente no
ambiente escolar e articulação com Serviço Social e Sistema de Garantia de
Direitos, se necessário (ACPA, 2009).
● Nutrição: Acompanhamento nutricional pré e pós operatório para cirurgia de
enxerto ósseo alveolar com objetivo de avaliação do estado nutricional e
orientações dietéticas para recuperação em pós operatório.
● Documentação fotográfica (protocolo ortodôntico)
42
tratamento no Serviço, ou encaminhamento (TFD) para outros Centros
de Referência.
● Psicologia: avaliação e orientações, conforme indicação da equipe.
● Avaliação audiológica
● Avaliação odontológica.
43
6.8.2. Fissuras Pré-Forame Incisivo Unilateral ou Mediana (incompleta ou
completa)
Fissura Pré-Forame Incisivo Bilateral (Completa e Incompleta) • SEM
Projeção de Pré-Maxila
Fissura Pré-Forame Incisivo Bilateral (Completa e Incompleta) • COM
Projeção de Pré-Maxila
Fissura Transforame incisivo Unilateral/ Fissura Pré-Forame Unilateral
Completa + Pós Forame
Avaliação Ambulatorial
● Fonoaudiologia: Avaliação e gravação da fala. Em caso de presença de
distúrbios articulatórios ou de ressonância e que não estiverem em
acompanhamento fonoaudiológico, deverão ser encaminhados para uma
avaliação e conduta fonoaudiológica. Se identificada a necessidade de novos
procedimentos cirúrgicos e ortodônticos para melhor prognóstico do tratamento
estes deverão ser realizados antes do início da terapia. O paciente
que já estiver em acompanhamento fonoaudiológico e não apresentar boa
evolução na terapia, deve-se verificar a necessidade de novo procedimento
cirúrgico e/ou ortodônticos e encaminhar para avaliações com outros
profissionais que julgar necessário (psicólogos, neuropediatras,
otorrinolaringologista, etc).Caso a terapia já tenha atingido o resultado
satisfatório ou possível, o paciente deve ter alta provisória ou definitiva de
acordo com cada caso.
● Avaliação audiológica
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e familiar, somados à intervenção intersetorial diretamente no ambiente escolar
e articulação com Serviço Social e Sistema de Garantia de Direitos, se
necessário.
● Odontopediatria: Atendimento de pacientes para pacientes COM e SEM
envolvimento do rebordo alveolar, com indicação imediata de tratamento
ortodôntico e cirurgia de enxerto ósseo-alveolar, com orientação aos pais e à
criança quanto à higiene oral e à alimentação adequada. Realizado diagnóstico,
prevenção e tratamento restaurador de lesões bucais. Também podem ser
realizadas extrações eletivas durante o acompanhamento do paciente fissurado.
● Otorrinolaringologia: avaliação e gerenciamento das alterações respiratórias
em parceria com ortodontia.
● Ortodontia: Avaliação pré-enxerto (RX, fotos, modelos - documentação
ortodôntica), para os casos de fissura labial COM envolvimento do rebordo
alveolar; Início do tratamento ortodôntico pré-enxerto.
o Observação: Pacientes com fissura pré-forame incompleta SEM
envolvimento do rebordo alveolar e Pacientes com Fissura Palatal serão
avaliados pela ORTODONTIA nesta idade, para definição de conduta.
Poderão receber Alta Definitiva, mesmo havendo necessidade de
intervenção ortodôntica, pela baixa complexidade envolvida. A opção
do tratamento ser realizado na cidade de origem ouno HRAN fica a cargo
dos responsáveis. Caso optem pelo tratamento no HRAN, o paciente
deverá aguardar disponibilidade de vaga conforme demanda do setor.
● Cirurgia Crânio maxilo-facial: avaliação e solicitação de cirurgia de enxerto
ósseo alveolar secundário - tem como objetivo fechar a fístula oro nasal,
permitir a erupção dos dentes permanentes e permitir a distribuição dos dentes
no arco (COSTELLO, et al., 2005). A cirurgia é realizada após tratamento
ortodôntico pré-enxerto.
● Avaliação audiológica
7. MONITORAMENTO E AUDITORIA
A organização do acesso ao serviço de saúde focado na atenção à pessoa com
fissura labiopalatal é um dos aspectos essenciais propostos durante a elaboração desta
Linha de Cuidado. Assim, o levantamento de dados sobre etapas específicas do
atendimento possibilita avaliar a qualidade e a efetividade dos serviços ofertados,
objetivando o reordenamento de ações que favoreçam a melhoria progressiva da
assistência à saúde, considerando os princípios do Sistema Único de Saúde.
8. EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Para a efetivação desta Linha de Cuidado de Atenção aos Pacientes com Fissuras
Labiopalatais, torna-se essencial o desenvolvimento de estratégias de divulgação,
sensibilização e compreensão dos atores que compõem a rede de atençãoà saúde,
pública e privada, do Distrito Federal. Diante disso, foram propostas as ações seguintes:
● Evento de lançamento da Linha de Cuidados com participação dos Gestores
Regionais;
● Projeto de implantação da Linha de Cuidado, abrangendo a qualificação dos
profissionais que atuam nos três níveis de assistência à saúde e o
desenvolvimento de processos contínuos de educação;
● Disponibilização e ampla divulgação de protocolos clínico-assistenciais;
● Desenvolvimento de projetos de qualificação e/ou aprimoramento (educação
permanente dos profissionais de saúde), a serem ofertados pela equipe técnicado
Serviço, com parceria de universidades, órgãos da SES, sociedades de especialidades
relacionadas;
● Realização da Semana Nacional de Conscientização das Fissuras Labiopalatais,
anualmente, preferencialmente no mês de outubro, ocorrendo simultaneamente
em outros estados do território nacional;
● Esclarecimento e sensibilização para realização de notificação compulsória,
tanto dos casos novos, nas maternidades, quanto dos antigos, já vinculados a
algum serviço e/ou Unidade Básica de Saúde;
● Realização de jornadas sobre atenção à pessoa com fissura labiopalatal,
envolvendo profissionais e estudantes das áreas de saúde relacionadas ao
tratamento multidisciplinar;
● Cursos específicos para profissionais de saúde sobre a amamentação do usuário
com fissuras labiopalatal;
● Realização de curso específico para fonoaudiólogos da rede de saúde,
considerando a especificidade do atendimento realizado ao paciente com fissura
labiopalatal desde a gestação à vida adulta, com atenção especial nos primeiros
meses de vida;
● Elaboração de material de comunicação (cartilha) sobre cuidados da pessoa com
fissuras, voltados para os usuários e suas famílias;
● Participação em cursos periódicos desenvolvidos por áreas afins,
compartilhando orientações sobre a especificidade da atenção à pessoa com
fissura labiopalatal. Ex: cursos promovidos pelas equipes do banco de leite
humano - Iniciativa Hospital Amigo da Criança, etc;
● Atualização de profissionais da Atenção Primária em Saúde, com a finalidade
de encorajar ações de Educação em Saúde direcionadas à população e
especificamente às mulheres em idade fértil, com vistas à prevenção e promoção
à saúde (planejamento familiar, suplementação, alimentação adequada e
nutritiva, evitar uso/abuso de substâncias psicoativas – lícitas e ilícitas, uso
indiscriminado de medicamentos e exposição a outros fatores
ambientais).
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
10. REFERÊNCIAS
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2009. Parameters for Evaluation and TReatment of Patientes with Cleft Lip/Palate or
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materno e alimentação complementar. Brasília : s.n., 2015. 2 ed..
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em pediatria: importância, técnicas e limitações. Rev Paidéia. 2008, Vol. 18, 39.
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em pacientes com fissuras labiopalatinas atendidos em um Hospital Pediátrico do Nordeste
brasileiro. Rev. Bras. Cir. Plást. 25(4) de 2010, pp. 648-51.
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GOMIDE, M.R. e COSTA, B. 2007. Cuidados odontopediátricos. [A. do livro]
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WATSON. 2005. Tratamento de fissura labial e fenda palatina. s.l. : Santos, 2005.
11. ANEXOS
Critério
Regulação Critério clínico Critério temporal
subjetivo
***
4) Amarelo
++
Fissura palatal ou Fissura labial 6 a 18 anos (sem necessidade de
sem comprometimento alveolar enxerto ósseo alveolar)
5) Amarelo
+