Higiene Do Trabalho - Riscos Físicos e Biológicos - 6
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Higiene Do Trabalho - Riscos Físicos e Biológicos - 6
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e Biológicos
Agentes Biológicos
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Agentes Biológicos
Objetivos
• Fornecer o conteúdo teórico básico para entendimento dos agentes biológicos;
• Relacionar as exigências normativas;
• Demonstrar medidas de controle para os agentes biológicos.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
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Contextualização
Por fazerem parte da natureza, os agentes biológicos constituem os mais antigos
riscos ocupacionais. Ramazzini, considerado o pai da medicina do trabalho, descreveu o
que chamava de “a doença dos coveiros” em 1700:
Quando os coveiros descem a esses antros fétidos, cheios de cadáveres
semipútridos, para depositarem outros mortos que trazem, expõem-
-se a perigosas doenças, como febres malignas, morte repentina, ca-
quexia, hidropisias, catarros sufocantes e outras doenças mais, muito
graves; apresentam face cadavérica e aspecto amarelado, como quem
vai trabalhar no inferno. Pode-se acreditar que a causa mais ativa e
pior desses males pestíferos está na descida ao sepulcro, pois, no seu
interior, respira-se necessariamente uma atmosfera pestilenta à qual
se incorporam os espíritos animais (cuja natureza deve ser etérea),
inabilitando-os para a sua função, isto é, para a manutenção de toda
a máquina vital. (RAMAZZINI, 1992)
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Introdução
Segundo a NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA –,
consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, ví-
rus, entre outros. Já a NR-32, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
de Saúde, define agentes biológicos como micro-organismos, geneticamente modificados
ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2014-1).
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A via respiratória está susceptível à absorção de agentes biológicos nas formas de gotícu-
las (partículas maiores que 5µ que atingem a via respiratória alta – fossas nasais e mu-
cosa da cavidade bucal. Ex.: meningite, pneumonia, rubéola etc.) ou aerossóis (partículas
menores, que permanecem no ar por mais tempo, atingindo regiões mais profundas do
trato respiratório. Ex.: herpes, tuberculose, varicela, etc.). As medidas de proteção mais
eficazes consistem na utilização de barreiras entre a fonte de exposição e o trabalhador,
por exemplo, adoção de sistemas de ar com pressão negativa, isolamento do infectado e
uso de máscaras.
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• a organização e procedimentos de trabalho (turnos, escalas, pausas para o descan-
so e refeições, relacionamento entre os membros da equipe e a chefia, distâncias a
serem percorridas para a realização dos procedimentos, existência de procedimen-
tos escritos e determinados para a realização das atividades, diferença entre tarefa
prescrita e real etc.);
• a possibilidade de exposição (em função da situação de trabalho e das característi-
cas de risco dos agentes biológicos mais prováveis);
• a descrição das atividades e funções de cada local de trabalho;
• as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento, incluindo sua pertinên-
cia, eficiência e eficácia (BRASIL, 2008, 2014-1). Dentre as medidas profiláticas
eficazes, incluem-se as vacinas e a adoção de medidas sanitárias, tais como controle
de vetores (COSTA, 2010).
Ainda, fatores relacionados aos trabalhadores, tais como estado de saúde do indiví-
duo, idade, sexo, fatores genéticos, susceptibilidade individual (sensibilidade e resistência
com relação aos agentes biológicos), estado imunológico, exposição prévia, gravidez,
lactação, consumo de álcool, consumo de medicamentos, hábitos de higiene pessoal e
uso de equipamentos de proteção individual, devem ser considerados na análise de risco
(COSTA, 2010).
Saiba mais sobre acidentes envolvendo materiais biológicos entre os profissionais da saúde
em: http://bit.ly/2QhREDI e http://bit.ly/2QjnQGH
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Agentes Biológicos Classificação (grupos) Notas
Prions: agentes não classificados associados a encefalopatias espongiformes transmissíveis
Agente da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), scrapie e outras doenças animais afins 3 (*) (f)
Parasitas
Ascaris lumbricoides 2 A
Leishmania brasiliensis 2 (*)
Fungos
Candida albicans 2 A
Candida lipolytica 2 E
(c) apenas para os tipos A e B.
(f) até o momento não há evidência de infecções em seres humanos causadas pelos agentes responsáveis pela encefalite
espongiforme bovina. No entanto, recomenda-se o nível de contenção 2, no mínimo, para o trabalho com este agente em laboratório.
Fonte: Adaptação de BRASIL, 2014-1
NR-15
O Anexo 14 da NR-15 relaciona as atividades que envolvem agentes biológicos, cuja
insalubridade é caracterizada por avaliação qualitativa. Diz referido anexo:
Insalubridade de grau máximo
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• estábulos e cavalariças; e
Figura 3 – Atividades de coleta de lixo urbano Figura 4 – Atividades de industrialização de lixo urbano
Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images
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Súmula nº 448 do TST – ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZA-
ÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA
PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INS-
TALAÇÕES SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial
nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II ) – Res. 194/2014-1,
DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014-1.
Podem ocorrer conflitos na interpretação, vez que o entendimento do que seja coleti-
vo de “grande circulação” é subjetivo ao indivíduo que faz a análise em questão. A per-
cepção de riscos dos agentes biológicos é subjetiva.
Saiba mais sobre a percepção sobre os riscos biológicos no trabalho de coletores de lixo
urbano em: https://bit.ly/3tmXFqv
Medidas de controle
A NR-32 prevê medidas de proteção para a exposição a agentes biológicos. Dentre
elas, pode-se citar:
• Eliminação ou redução do contato do trabalhador com as fontes potenciais;
• Eliminação de plantas e quaisquer outras fontes de reservatórios presentes nos am-
bientes de trabalho;
• Restrição do acesso de pessoas aos locais de trabalho;
• Realização de procedimentos de higienização e desinfecção do ambiente, materiais
e equipamentos envolvidos;
• Vacinação dos trabalhadores: vacinas e reforços fornecidos gratuitamente (té-
tano, difteria, hepatite B e demais estabelecidas no PCMSO) em observância às
recomendações do Ministério da Saúde;
• Proibição de fumar, usar adornos e manusear lentes de contato nos postos de trabalho;
• Proibição do consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho;
• Fornecimento de vestimentas de trabalho adequadas e em condições de conforto;
• Existência de locais apropriados para fornecimento de vestimentas limpas e para
deposição das usadas;
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O Nível de Biossegurança 1 (NB-1) represen-
ta um nível básico de contenção, sendo que as
áreas que contêm agentes biológicos não preci-
sam estar separadas das demais dependências
do edifício. O acesso às áreas deve ser limita-
do mediante autorização e não é permitido o
acesso de crianças e animais. Deve haver si-
nalização contendo o símbolo internacional de
risco biológico (Figura 5), advertência de área
restrita, identificação e telefone de contato do
profissional responsável, afixada na porta de
acesso ao local onde há o manuseio de material Figura 5 – Símbolo internacional de risco biológico
biológico (COSTA, 2010). Fonte: Getty Images
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Máscaras cirúrgicas não são consideradas EPI. As mesmas não possuem Certificado de
Aprovação (CA) e, independentemente de sua capacidade de filtração, a vedação no rosto é
precária, não protegendo o trabalho de partículas do tipo aerossol.
O teste de pressão positiva consiste em cobrir a PFF com as mãos em concha, sem
forçar a máscara sobre o rosto e soprar suavemente. Deve-se atentar à existência de
vazamentos. Se houver vazamentos, o respirador está mal colocado ou o tamanho é
inadequado. A vedação é considerada satisfatória quando o usuário sentir ligeira pressão
dentro da PFF e não conseguir detectar nenhuma fuga de ar na zona de vedação com o
rosto (ANVISA, 2009).
A presença de pelos faciais na zona de contato da peça facial com o rosto (ex.: barba, bigode
etc.) permite a penetração de patógenos na zona de selagem do rosto, reduzindo drastica-
mente a capacidade de proteção da máscara.
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As máscaras tipo PFF podem ser reutilizadas pelo mesmo trabalhador enquanto per-
manecerem em boas condições de uso (vedação aceitável e tirantes elásticos íntegros)
e não estiver suja ou contaminada. Porém, o manuseio inadequado pode transportar
patógenos da superfície externa do filtro para a parte interna, reduzindo sua vida útil.
Para patologias que também são transmitidas por contato, não é recomendado o reúso
da máscara. Inclusive, deve-se tomar cuidado ao retirá-la, para não transmitir os agentes
biológicos para as mãos ou outras superfícies (ANVISA, 2009).
Saiba mais sobre a proteção respiratória contra agentes biológicos para trabalhadores
da saúde em: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2020/5/
cartilha-da-fundacentro-orienta-sobre-protecao-respiratoria-em-tempos-de-covid-19
Demais proteções
Outras partes do corpo também devem ser protegidas contra agentes biológicos.
Os EPI mais comuns são:
• Luvas de borracha (luvas de procedimento – Figura 7): proporcionam a pro-
teção da pele das mãos à exposição de material biológico. Devem ser descartadas
após cada uso;
• Óculos de proteção (Figura 8): proporcionam a proteção de mucosa ocular. Não
devem interferir na acuidade visual e devem se acoplar perfeitamente à face. Devem
possuir proteção lateral;
• Protetor facial de acrílico (Figura 9): proporciona a proteção da face. Não deve
interferir na acuidade visual e deve se acoplar perfeitamente à face. Deve possuir
proteção lateral. Geralmente indicado para atividades com projeção de material
biológico, por exemplo, centrais de esterilização de materiais hospitalares, áreas de
necropsia etc.;
• Outros.
Assim como as máscaras cirúrgicas, os jalecos e gorros (Figura 10) não possuem CA
e não são considerados EPI. Porém, os mesmos proporcionam proteção da pele, cabe-
los e couro cabeludo à matéria orgânica (BRASIL, 2019).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Acidentes com material biológico em hospital da Rede de Prevenção de Acidentes do Tra-
balho – REPAT
http://bit.ly/2QjnQGH
Cartilha da Fundacentro orienta sobre proteção respiratória em tempos de Covid-19
https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2020/5/cartilha-da-fundacentro-orienta-
sobre-protecao-respiratoria-em-tempos-de-covid-19
Investigação de acidentes biológicos entre profissionais da saúde
http://bit.ly/2QhREDI
Os coletores de lixo urbano no município de Dourados (MS) e sua percepção sobre os riscos
biológicos em seu processo de trabalho
https://bit.ly/3tmXFqv
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Referências
3M. Máscara de proteção facial. Disponível em: <https://www.3m.com.br/3M/
pt_ BR/3m-do-brasil/todos-os-produtos-3m-do-brasil/~/ M%C3%A1scara-de-
-Prote%C3%A7%C3%A3o-Facial-3M-WP96-AR-AE-Suspens%C3%A3o-Catraca/?N=
5002385+3293950758&preselect=8720539+8720545+8720783+3293786499&rt
=rud>. Acesso em: 28 Fev. 2019.
ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança e Higiene do Trabalho. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2014-1. (e-book)
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SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e
controle dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018.
Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo: Saberes, 2014-1. (e-book)
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