Estabilização, Estabilização, Crescimento E Crise Crescimento E Crise Econômica Econômica

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ECONOMIA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA
ESTABILIZAÇÃO,
CRESCIMENTO E CRISE
ECONÔMICA
Autor: Me. Leonardo Aparecido Santos Silva
Revisor: Cláudia Rodrigues

INICIAR

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introdução
Introdução
Após um longo período de industrialização e crise econômica, o Brasil entrou
na década de 1990 com dois objetivos: diminuir a presença do Estado e
diminuir a espiral inflacionária. Contudo, no início da década não foi possível
dada a falha no governo Collor. Somente com o Plano Real o país conseguiu
avançar na estabilização da inflação, avanço nas privatizações e após a crise
brasileira ampliar questões institucionais, como o tripé macroeconômico.
Após um período de estabilização, a economia brasileira passou por um ciclo
de alta econômica após a década de 2000, mas que acabou após a crise
política e econômica no governo Dilma.

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Planos Collor I e II

Prezado(a) estudante, a década de 1980 foi de extrema dificuldade para a


economia brasileira, primeiramente com o choque da dívida externa e, na
sequência, o avanço da espiral inflacionária e sua tentativa de estabilização
através dos Planos Cruzado, Bresser e Verão, sendo que todos falharam, não
é mesmo? Já na década de 1990, outros planos foram lançados pelo primeiro
Presidente eleito democraticamente desde a década de 1960: Fernando Collor
de Mello. Seus planos foram um sucesso? Vamos analisar.

Os diferentes planos de estabilização foram servindo de aprendizado para os


planos seguintes, não sendo diferente com o governo Collor. Em seu governo,
passou a surgir a teoria de que além do descontrole monetário e fiscal, a
inflação também era decorrente da crescente liquidez dos haveres financeiros
não monetários, proporcionando rápidas alterações na composição de
portfólios e, assim, invalidando a política de combate à inflação já que
aumentava a demanda agregada (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR.,
2017). Durante o governo, foram lançados dois planos: I) Collor I; II) Collor II.

Collor I:

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O Plano Brasil Novo, conhecido como Collor I, foi lançado no dia da posse do
Presidente Collor (15/03/1990), voltando a moeda nacional para o cruzeiro e
introduzindo o velho conhecido da população brasileira à época:
congelamento de preços . Esse plano garantiu a inflação de janeiro e
fevereiro, mas não os 15 dias de março (CASTRO, 2016). Prezado(a) estudante,
nos dias atuais a perda na reposição salarial de 15 dias de inflação não é um
problema, correto? Agora, imagine na época com um rápido processo
inflacionário, assim, os trabalhadores perderam renda.

Em decorrência da prática usual de congelamento de preços, essas medidas


foram desrespeitadas, não alcançando o objetivo inicial. Segundo Pires (2010),
o Plano Collor possuía as seguintes características: I) ajuste fiscal de 10% do
PIB; II) programa de privatização; III) abertura da economia; IV) controle
severo da movimentação financeira; V) congelamento de preços.

Uma das medidas mais controversas do plano foi sobre a movimentação


financeira, isso porque foi aplicado o confisco dos depósitos à vista e
aplicações financeiras com prefixação da correção dos preços e salários. Além
disso, também existiram modificações sobre o câmbio (flutuante), avanço na
tributação sobre as aplicações financeiras. Outro ponto de modificações foi
sobre o próprio setor público através do fechamento de órgãos públicos e
demissão de funcionários em decorrência da reforma administrativa
implementada (LACERDA et al., 2018).

Todas as aplicações financeiras que ultrapassassem o limite de


NCr$50.000 (cerca de US$1.200, ao câmbio da época) foram
bloqueadas por um prazo de 18 meses. O governo se comprometia
a devolver os cruzados novos bloqueados, transformados em
cruzeiros, em 12 prestações iguais e sucessivas a partir de
setembro de 1991. Os recursos bloqueados receberiam correção
monetária mais juros de 6% ao ano (CASTRO, 2016, p. 136).

Além desse confisco, o programa de estabilização aplicou medidas


contracionistas (gastos do governo) com o objetivo de reduzir a dívida interna
e expansão dos tributos (LACERDA et al., 2018). Essa política fiscal foi
desenvolvida através de criação de novos tributos, aumento do Imposto sobre

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Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Obrigações Financeiras (IOF),


dentre outros. Ainda foram desenvolvidos mecanismos para a redução de
prazos de recolhimento dos tributos, suspensão de benefícios e incentivos
fiscais e avanço no combate à sonegação dos tributos (CASTRO, 2016).

Em suma, o Plano Collor I foi capaz de reduzir a inflação de 80% ao mês para
10% nos meses seguintes, contudo, logo a inflação voltou a subir novamente,
não obtendo o sucesso almejado, mesmo confiscando a poupança dos
agentes econômicos domésticos. Aliás, o confisco foi considerado uma
medida esdrúxula que apenas prejudicou as pessoas, inclusive os mais
pobres, sendo a medida mais criticada do governo. Assim, a Ministra
responsável pelo plano, Zélia Cardoso de Mello, foi trocada por Marcílio
Marques Moreira (CASTRO, 2016).

Color II:

Em menos de um ano após o início do primeiro plano, o governo já teve de


trabalhar com um novo planejamento de estabilização dada a falha do
primeiro, assim, em janeiro de 1991 foi iniciado o Plano Collor II. Como os
planos anteriores, um novo congelamento de preços e salários foi adotado
para conter a rápida aceleração da inflação. Também foram adotadas
medidas contracionistas em relação à política fiscal e monetária, fazendo com
que o PIB tivesse crescimento negativo novamente (LACERDA et al ., 2018).

Além das medidas de redução dos gastos, foram propostas medidas para
avançar na modernização da estrutura produtiva nacional de modo a ampliar
a oferta de bens e serviços, isso pois seria possível reduzir os preços desses
produtos e, por consequência, a inflação também seria reduzida. Outra
questão apresentada foi acabar com o processo de indexação (retirar a
inflação do passado para o presente), ao acabar com os Bônus do Tesouro
Nacional e fundos de overnight que são considerados de curto prazo
(CASTRO, 2016).

Desse modo, o governo procurava mudar as expectativas do presente, visto


que considerava a formação das expectativas inflacionárias dos agentes
econômicos a partir da atuação fiscal presente do Estado. Portanto, se o

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Estado mantivesse uma trajetória de redução de gastos e viabilidade fiscal, a


inflação seria reduzida, conceito conhecido como neogradualismo (CASTRO,
2016). Contudo, novamente o plano não teria o sucesso em reduzir inflação,
pelo diagnóstico incorreto, falta de confiança da população e um governo que
já enfrentava diversas crises à época.

saiba
mais
Saiba mais
Prezado(a) estudante, você sabia que existiu
uma mudança na forma de inserção da
economia brasileira na economia mundial
após 1990? Como se deu a abertura
comercial no governo Collor? Para mais
informações sobre a leitura crítica que existia
no período, consulte o artigo de Adilson
Marques Gennari “Globalização,
Neoliberalismo e Abertura Econômica no
Brasil nos anos 90”.

ACESSAR

Impeachment e saída de Fernando


Collor
Dada as falhas nos planos econômicos do primeiro presidente eleito pós
ditadura, principalmente o confisco da poupança da população brasileira e as
denúncias de corrupção, o governo ficou inviabilizado politicamente,

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resultando no pedido de impeachment de Collor em outubro de 1992


(LACERDA et al ., 2018).

Castro (2016) ressalta que apesar da redução da inflação em alguns meses, as


diferentes crises políticas contaminaram a economia e a credibilidade do
governo, levando à renúncia de Collor antes da finalização do processo de
impeachment . Nessa linha, Pires (2010) explica que no segundo semestre de
1992, o desenrolar da CPI do caso Paulo César Farias (PC Farias) apresentou
denúncias de corrupção e de tráfico de influência que acabaram minando a
governança do presidente.

Uma questão importante exposta por Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr.


(2017) é sobre o papel do Estado no novo governo, visto que mesmo em um
governo com grave instabilidade política e fracassos econômicos (inflação e
queda no PIB), foi possível ampliar o debate sobre as privatizações no país.
Ainda, também foi colocado para o debate o processo de liberalização e maior
integração econômica e financeira da economia brasileira com a economia
mundial, através da abertura comercial e financeira (globalização).

Ainda nessa linha, contudo, uma visão mais crítica ao projeto implementado
por Collor é apresentada por Pires (2010). Segundo o autor, mesmo sem
credibilidade interna (apoio da sociedade) decorrente dos escândalos de
corrupção (PC Farias, por exemplo), foram implementados acordos com os
credores externos que prejudicavam o interesse nacional, ou seja, dos
agentes econômicos domésticos.

Em suma, o avanço na crise política (corrupção) e econômica (falhas dos


planos) acabou desgastando o governo, proporcionando o cenário “perfeito”
para o processo de impeachment . Assim, no final do ano, no dia 29 de
dezembro de 1992, o então Presidente da República (Collor) acabou
renunciando. Contudo, cabe destacar que o Presidente já tinha claro que os
votos seriam a favor do impeachment (PIRES, 2010).

O Governo Itamar e o Plano Real

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Com a saída de Collor, assumiu o Vice-Presidente Itamar Franco, que


procurou avançar no controle da inflação através de formas diferentes do
governo anterior (LACERDA et al ., 2018). Nesse contexto, Pires (2010) ressalta
a ampla aliança partidária que Itamar formou, incluindo PSDB e PMDB que
continuou o processo de abertura econômica do país.

De maneira semelhante, Castro (2016) também aponta a continuidade de


atuação do governo, visto que não existiu ameaça sobre a estabilidade das
instituições com a saída de Collor. No entanto, existiu alta rotatividade entre
os Ministros até chegar a Fernando Henrique Cardoso (05/1993), que foi o
responsável pelos passos iniciais de implementação do novo (e último) plano
de estabilização: o Plano Real .

O Plano Real conseguiu reduzir a inflação permanentemente, após mais de


uma década de problemas inflacionários. Assim como os planos anteriores, a
questão da inflação inercial foi considerada, mas sem ocorrer o congelamento
de preços, optou-se por instituir uma moeda paralela junto à moeda oficial
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2017).

Durante o governo de Itamar Franco, optou-se por implementar um plano de


estabilização de maneira gradual, ao invés dos planos “surpresas” que
proporcionaram choques na economia, sendo desnecessário o congelamento
de preços e salários. Ainda, vale destacar o cenário externo mais favorável no
período de implementação do plano, proporcionando maior fluxo de capital
externo para a economia doméstica (acumulação de reservas internacionais,
dólar) e a abertura econômica trouxe à concorrência externa, dificultando o
aumento dos preços dos produtos domésticos (GREMAUD; VASCONCELLOS;
TONETO JR., 2017).

praticar
V P ti
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praticar
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Vamos Praticar
Ead.br

Fernando Collor de Mello foi o primeiro Presidente da República eleito após o


período da ditadura militar brasileira e, também, foi o primeiro presidente a sofrer o
impeachment após a ditadura. Além das denúncias de corrupção, seus planos
econômicos não tiveram sucesso e tiveram medidas muito polêmicas à época.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente qual foi a medida mais polêmica
tomada por Collor.

a) Congelamento de preços.
b) Congelamento de salários.
c) Tripé macroeconômico.
d) Confisco da poupança.
e) Expansão dos gastos públicos.

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Plano Real

O Plano Real foi anunciado no dia 7 de novembro de 1993. O presidente da


república era Itamar Franco e o ministro da Fazenda era Fernando Henrique
Cardoso (FHC), os quais enfrentavam o aumento da inflação, quase chegando
a hiperinflação. Isso porque a inflação anual estava próxima de 2.500% e, com
a efetividade do plano, caiu para menos de 10% (PAULINO, 2010).

A equipe formada por FHC era composta de diversos economistas que já


tinham trabalhado ou influenciado planos econômicos de estabilização desde
a década de 1980, proporcionando um processo de aprendizagem sobre os
erros passados: I) Francisco Lopes (choque heterodoxo, inflação inercial); II)
André Lara Resende e Pérsio Arida (reforma monetária); III) Edmar Bacha; IV)
Pedro Malan; V) Gustavo Franco.

Estudante, lembre-se de que uma das ideias da década de 1980 sobre a


inflação era a proposta heterodoxa de reforma monetária, conhecida como
“Larida”, que propunha a criação de uma nova moeda indexada que circularia
paralelamente à moeda oficial. Pois bem, essa foi uma das medidas adotadas
para a implementação do Plano Real de estabilização monetária.

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reflita
Reflita
Prezado(a) estudante, a crise externa
na década de 1980 (dívida pública) e
interna (inflação) proporcionaram
modificações na economia brasileira,
correto? Além disso, modificações no
cenário internacional desde a década
de 1970, como a globalização
econômica e financeira,
proporcionaram um novo ambiente de
atuação dos países. Nessa linha você
sabe o que é o consenso de
Washington? O que foi o Plano Brady?
Uma rápida pesquisa sobre esses
planos é de grande importância para
entender a atuação brasileira após a
década de 1990.

Como ressaltado, em decorrência do cenário externo favorável e abertura


econômica doméstica, foi possível acumular reservas internacionais e ampliar
as importações, aumentando a concorrência no mercado doméstico dado o
câmbio valorizado e dificultando o aumento de preços. Essa medida utilizada
ficou conhecida como âncora cambial, utilizando o dólar como uma espécie
de “âncora” para a dinâmica interna. Por isso, a importância de um cenário
externo favorável que permitisse a acumulação de reservas internacionais
durante o período de estabilização da inflação (GREMAUD; VASCONCELLOS;
TONETO JR., 2017).

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Além dessa condição favorável para a estabilização, também foram


necessários ajustes na economia doméstica para tornar atrativo o
investimento externo no país. Assim, foi necessário demonstrar a viabilidade
do Estado em manter uma trajetória de controle sobre os gastos públicos
(política fiscal contracionista), produzindo superávit primário, permitindo
manter o endividamento relativamente baixo (PAULINO, 2010).

Ainda sobre as condições necessárias à estabilização, Paulino (2010) aponta


que no tocante ao fluxo financeiro, foi necessário ampliar a liberalização
financeira (facilidade sobre o fluxo de capital), utilizando elevadas taxas de
juros como forma de atração do capital. Logo, foi necessária a existência de
uma sinergia entre o cenário externo (liquidez internacional) e mercado
interno (atratividade de capital).

A Concepção e a Prática
O programa de estabilização (Plano Real) foi um programa híbrido que
possuía componentes ortodoxos e heterodoxos, implementado em três fases:
I) ajuste fiscal (ortodoxo); II) Unidade Real de Valor - URV (heterodoxo); III)
introdução da nova moeda (plano híbrido). Assim, o plano foi sendo
implementado de maneira gradual através das etapas planejadas em sua
elaboração.

Durante a primeira fase, o elemento ortodoxo estava presente via ajuste fiscal
para que ocorresse o equilíbrio nas contas públicas, impedindo que os gastos
públicos fossem mais um componente a pressionar a inflação. Já a segunda
fase tinha como objetivo introduzir a “moeda” paralela (URV), que teria apenas
a função de unidade de conta, para dar estabilidade sobre o nível de preço.
Por fim, a terceira fase (final) seria a responsável pela introdução da nova
moeda (Real), apontando as regras para sua estabilidade (CASTRO, 2016).

Durante a primeira fase (ajuste fiscal), foi criado o Programa de Ação Imediata
(PAI) para redução dos gastos públicos, aumento nos impostos, criação de
novos como o Imposto Provisório de Movimentação Financeira (IPMF), logo,
ocorreu o aumento na alíquota e criação de novos impostos. A primeira fase

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foi de ajuste fiscal porque os elaboradores do plano consideram os gastos


públicos a principal causa do processo inflacionário brasileiro, como bem
ressalta Castro (2016).

Entre 06/93 e 02/94 ocorreu a fase de ajuste fiscal do novo plano de


estabilização. Já a segunda fase, introdução da URV (quebrar a inflação inercial
- desindexação), ocorreu a partir de março de 1994 para servir como o
período de transição para a nova moeda, até julho de 1994 (LACERDA et al .,
2018). Castro (2016) explica que a quebra da inércia inflacionária nessa fase
foi decorrente da necessidade de “zerar a memória inflacionária”, ou seja,
retirar a elevação dos preços do passado para o presente, através da nova
unidade de conta (URV).

Através da URV foi restaurada a função de unidade de conta, servindo para o


cálculo dos preços e salários na economia brasileira, efetivando os contratos
novamente em uma “moeda” doméstica. Durante o período de vigência, o
governo procurou atuar de maneira gradual na conversão dos preços para a
URV e, também, considerando as questões distributivas para não existirem
fortes diferenças de ganhos entre os agentes econômicos (LACERDA et al .,
2018).

Por fim, a partir de 1° de julho de 1994, o governo decretou a Medida


Provisória do Plano Real (terceira fase), apresentando as formas em que a
introdução da nova moeda seria feita. Nessa medida existiam diretrizes sobre
as possibilidades de impressão monetária (política monetária), relacionava a
moeda ao dólar, apontando a cotação máximo “1 real = 1 dólar” (LACERDA et
al ., 2018). Através da terceira fase (âncora cambial), foi exposto que 1 real
seria igual a 1 URV, sendo que 1 URV era equivalente a 2.750 Cruzeiro Real.

Através da âncora cambial, o real teve maior credibilidade perante os agentes


econômicos, permitindo o estabelecimento de contratos com maior prazo de
maturação. Além do mais, a utilização da âncora cambial com o câmbio
valorizado permitiu o aumento da concorrência no mercado doméstico
decorrente do aumento nas importações, assim, quanto maior o grau de
abertura da economia, maior seria o impacto sobre o nível de preços
(CASTRO, 2016).

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Estabilização Econômica
Através da implementação do Plano Real ocorreu a tão desejada redução da
inflação, sendo de apenas 3% em agosto de 1994. Portanto, o nível de inflação
passou a ter maior relação com as questões de demanda e possíveis choques
na economia. Apesar da política monetária restritiva (elevada taxa de juros),
ocorreu aumento na demanda devido à queda da inflação, movimento típico
após a estabilização da inflação (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR.,
2017).

O descontrole inflacionário impede o planejamento de maior prazo e acaba


corroendo os salários ao longo dos dias (nos períodos mais altos de inflação,
até mesmo durante horas ocorriam fortes mudanças nos preços). Desse
modo, quando a economia reduz drasticamente a inflação, existe um ganho
no poder aquisitivo (mesmo com os planejadores procurando manter a
equidade da renda), impactando no aumento da demanda pelos agentes
econômicos. Ainda, com a maior “facilidade” no planejamento de longo prazo,
foi possível retomar o crédito na economia, facilitando o aumento no
consumo (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2017).

Prezado(a) estudante, através dos fatos mencionados, é possível responder a


pergunta: por que o plano real deu certo? Alguns fatores auxiliaram nesse
sucesso, como a elevada liquidez internacional (reservas internacionais),
ampliação do processo de globalização (importações), âncora cambial
(paridade com o dólar - câmbio valorizado), proposta Larida (URV), juros reais
elevados e viabilidade de aprovação das medidas necessárias pelo Congresso
Nacional (viabilidade política).

Não existe a menor dúvida sobre o sucesso do Plano Real, dada a rápida e
permanente queda na inflação brasileira. Contudo, cabe a reflexão sobre os
custos desse processo de estabilização econômica (inflação), vejamos alguns
desses motivos:

1) um aumento da carga tributária bruta de 25,3% do PIB (1993)


para 32,4% em 2002; 2) um aumento do endividamento líquido

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interno de 30% do PIB (1994) para 50,5% em 2002; 3) a


acumulação de um déficit em conta-corrente da ordem de US$ 188
bilhões, devido à desastrosa política cambial (1995/1998). A dívida
líquida externa cresceu de US$ 109,6 milhões, em 1994, para US$
189,9 bilhões em 2002, igual a 3,2 vezes o valor das exportações. E
por fim, mas não por último, 4) um crescimento de 2,4% ao ano do
PIB. Entre 1986 e 2002, o crescimento per capita do Brasil foi de
apenas 1% ao ano (DELFIM NETTO, 2007 apud PAULINO, 2010, p.
284).

Nessa perspectiva, a utilização da âncora cambial, com taxa de câmbio


valorizada e política monetária restritiva (taxa de juros elevada), impactou em
menor nível de crescimento econômico. O aumento das importações ampliou
os déficits em transações correntes, necessitando de capital externo para
conseguir manter o câmbio valorizado. Apesar do seu sucesso, a combinação
de câmbio valorizado e elevada taxa de juros proporcionou elevado custo
para a economia e trabalhadores que tiveram aumento no nível do
desemprego (CASTRO, 2016).

praticar
Vamos Praticar
O Plano Real foi um dos maiores planos econômicos e de estabilização da história
da economia brasileira, na medida em que proporcionou a rápida e duradoura
queda da inflação, problema este que sempre esteve presente na história
econômica do Brasil. Assim, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma
das medidas mais importantes do plano.

a) Congelamento de preços.

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b) Congelamento de salários.
c) Unidade Real de Valor.
d) Expansão dos gastos públicos.
e) Regime de metas de inflação.

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Os Governos FHC

Em decorrência do sucesso do Plano Real que conseguiu reduzir a inflação,


ampliando a produção agregada, aumento do consumo através da
disponibilização do crédito, crescimento econômico, dentre outros
proporcionou o cenário perfeito para que o ex-Ministro da Fazenda Fernando
Henrique Cardoso (FHC) fosse eleito Presidente da República em 1994, no
primeiro turno, e em 1998, governando o país durante dois mandatos
seguidos (1995-2002).

Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017) ressaltam que o aumento do


consumo foi decorrente da volta da oferta de crédito, como consequência da
estabilização monetária em 1994, permitindo diminuir as incertezas pelos
ofertantes de crédito. Em relação aos demandantes de crédito, os agentes
econômicos continuaram demandando crédito mesmo com a elevada taxa de
juros (política monetária restritiva) utilizada para atrair capital externo
durante o processo de implementação do Plano Real e que continuou nos
meses seguintes.

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Os governos de Fernando Henrique


Cardoso
O governo de FHC pode ser dividido em seus dois governos, o primeiro
ocorreu em meio à crescente instabilidade no cenário internacional, como foi
a crise do México, países asiáticos e Rússia, inclusive necessitando que o
governo instituísse um Programa de Estímulo à Reestruturação e
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), como apontam
Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017). Já a segunda fase ocorreu a partir
da crise brasileira iniciada em 1999, com a instabilidade perdurando os anos
seguintes, inclusive com o país necessitando de ajuda do Fundo Monetário
Internacional (FMI). Em relação ao primeiro governo, Giambiagi (2016a)
aponta que o sucesso do controle inflacionário ocorreu às custas do crescente
desequilíbrio externo e política fiscal inconsistente.

A taxa de câmbio valorizada (apesar das minidesvalorizações ocorridas)


resultou em amplo processo de importação ao longo de todo o primeiro
mandato (taxa média de 21,8% de crescimento ao ano), ampliando o
resultado negativo no balanço de pagamentos (conta corrente). Nos primeiros
anos, esse déficit foi financiado através da entrada de capital externo (conta
capital e financeira), através do Investimento Estrangeiro Direto (IED), mas
piorando novamente a conta de transações correntes. No momento em que
ocorreu a interrupção no fluxo de capital, a economia brasileira não suportou
mais o câmbio valorizado, recorrendo ao FMI (GIAMBIAGI, 2016a).

Nessa linha, Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017) explicam que parte
importante desse capital que entrou no país tinha características de curto
prazo, podendo sair rapidamente do país. Outro motivo que pressionou o
país até a derrocada em 1999 foi o crescente desequilíbrio fiscal. Giambiagi
(2016a) aponta as seguintes questões para o desequilíbrio fiscal: I) déficit
primário do setor público consolidado; II) déficit público nominal de 6% do
PIB; III) dívida pública crescente. Esse motivos apontam para um excesso fiscal
do governo FHC entre 1995 e 1998 (política fiscal expansionista).

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Nesse contexto, se por um lado a utilização da âncora cambial, com o real


valorizado em relação ao dólar, contribuiu para a estabilização econômica em
um primeiro momento, por outro lado, a manutenção desse modelo ao longo
dos anos seguintes proporcionou desequilíbrios para a economia brasileira,
culminando na crise brasileira de 1999 e no abandono da âncora cambial e na
formação do tripé macroeconômico: I) câmbio flutuante; II) metas de inflação;
III) metas fiscais.

Durante o primeiro mandato, basicamente o regime foi de taxa de câmbio fixa


(âncora cambial), ocorrendo minidesvalorizações esporádicas. Já a partir de
1999, o regime cambial foi de taxas flutuantes, ou seja, a oferta e demanda de
divisas estrangeiras determinariam o valor da taxa, ocorrendo uma forte
desvalorização já no início de 1999 em consequência da falta de reservas
internacionais dado o forte ataque especulativo sobre a moeda brasileira na
época.

Para as metas de inflação, foi instituído o Regime de Metas de Inflação (RMI).


Esse regime tem como característica básica a utilização das taxas de juros
para controlar a dinâmica da inflação no mercado doméstico. Desse modo,
através do RMI, a política monetária é utilizada para controlar a inflação,
sendo que existe uma meta que é estabelecida e deve ser perseguida ao
longo do ano (LACERDA et al., 2018).

Já as metas fiscais foram basicamente instituídas pela Lei de Responsabilidade


Fiscal (LRF) que apontava a direção de construção de superávit fiscal de modo
que a trajetória da dívida pública não se tornasse explosiva, impedindo fortes
processos de endividamento pelos governos. Estudante, o superávit primário
é a economia fiscal que o governo faz para o pagamento de juros da dívida
pública doméstica (LACERDA et al ., 2018). Assim, observe os principais dados
macroeconômicos do governo FHC (1994-2002), incluindo o ano de adoção do
Plano Real.

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Desemprego Déficit
I Superávit
Ano PIB IGP-DI Grande SP nominal
(FBCF)* primário
(Dieese) (NFSP)

1994 5,3 1.093,9 20,8 14,3 5,2 27,0

1995 4,4 14,8 20,5 13,2 0,3 7,3

1996 2,2 9,3 19,3 14,9 -0,1** 5,9

1997 3,4 7,5 19,9 15,7 -1,0** 6,1

1998 0,1 1,7 19,7 18,2 0,0 7,5

1999 0,2 20,0 18,9 19,3 3,2 5,8

2000 4,3 9,8 19,3 17,7 3,5 3,6

2001 1,3 10,4 19,5 17,5 3,6 3,6

2002 2,7 26,4 18,3 19,0 3,9 4,6


* Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
** Resultados primários negativos, isto é, déficits primários.
Quadro 4.1 - Plano Real: indicadores macroeconômicos (%)
Fonte: IPEADATA, Bacen, Dieese, Conjuntura Econômica apud Lacerda et al . (2018,
p. 227).

Em suma, o governo de FHC procurou implementar mudanças institucionais


para avançar sobre a crise econômica decorrente da conjuntura externa e da
própria dinâmica interna do país. Contudo, o crescimento econômico durante
todo o governo foi bem inferior aos registrados na época de política industrial
ativa. A maior vantagem do governo foi a estabilização da inflação e as
reformas institucionais do segundo governo, visto que a crise econômica do
país impactou os anos seguintes do governo de FHC.

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A Estabilização e as Privatizações
Desde o início da década de 1990, ocorreu avanço na mudança sobre a forma
de atuação do Estado brasileiro no tocante ao crescimento econômico. Se na
década de 1930 ocorreu a mudança do modelo primário exportador para o
Processo de Substituição de Importação (PSI), a partir de 1990 o país passou a
seguir os países desenvolvidos na maior abertura comercial e financeira
(seguindo o consenso de Washington e direções apontadas no plano Brady).
Castro (2016) ressalta que essa ideia de abertura econômica e ampliação das
privatizações (saída do Estado da economia), desde o governo Collor, estão
relacionadas à nova Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE).

Nessa perspectiva, o Plano Nacional de Desestatização (PND) teve destaque


na atuação dos governantes ao longo da década (CASTRO, 2016). Já no
governo de FHC, o PND foi utilizado para ampliar o processo de privatização,
com destaque aos setores de energia e telecomunicação (serviços públicos),
abarcando grandes empresas estatais à época. Vale destacar que as
privatizações, ao atrair capital estrangeiro (IED), permitia a manutenção da
âncora cambial, dada a entrada de dólares para a compra das empresas
estatais do país, totalizando um valor próximo de US$ 100 bilhões ao longo
dos anos (GIAMBIAGI, 2016a). Desse montante, US$ 82 bilhões foram das
privatizações e US$ 18 bilhões da transferência de dívidas do setor público
para o privado (LACERDA et al., 2018).

Prezado(a) estudante, o processo de privatização é bastante polêmico na


história econômica brasileira recente, existindo argumentos favoráveis e
contrários. Por um lado, as privatizações proporcionaram maior espaço fiscal
e queda na dívida pública (diminuição dos gastos), as empresas tiveram
ganhos de produtividade e aumento na oferta dos serviços à população. Por
outro lado, os ganhos de capital provenientes das privatizações não
aumentaram os recursos para as áreas sociais (como preconizado) e falta de
regulação mais eficiente para melhorar os serviços privatizados, como
poderiam ter sido implementadas metas para investimentos (GIAMBIAGI,
2016a).

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Usiminas, Cosinor, Aços Finos Piratini, CST, Acesita,


Siderúrgica
CSN, Cosipa, Açominas.

Petroflex, Copesul, Nitriflex, Polisul, PPH, CBE,


Poliofinas, Deten, Oxiteno, PQU, Copene, Salgema,
Química e
CPC, Polipropileno, Álcalis, Pronor, Nitrocarbono,
petroquímica
Coperbo, Ciquini, Polialdem, Acrinor, Koppel, CQR,
CBP, Polibrasil, EDN.

Fertilizantes Arafértil, Ultrafértil, Goiafértil, Fosfértil, Indag.

Elétrico Light, Escelsa, Gerasul.

Cubatão, Emboque, Irapé, Campos Novos, Cana


Concessões Brava, Ponte da Pedra, Porto Estrela, Queimado,
elétricas - Itabepi, Itumirim, Lajeado, Pirajú, Santa Clara, Barra
hidroelétricas Grande, Candonga, Ourinhos, Quebra Queixo,
Corumbá IV.
Quadro 4.2 - Principais empresas vendidas (PND)
Fonte: Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017, p. 567).

Especialmente no setor elétrico, a falta de mecanismos e instituições


regulatórias eficientes foi um dos motivos que ocasionou a crise energética de
2001. Assim, apesar de não ser um sucesso absoluto, as privatizações
auxiliaram o Estado brasileiro, mesmo às custas de perder as empresas para
o setor privado (GIAMBIAGI, 2016a). Ao longo de toda a década, as
privatizações do setor siderúrgico, especialmente a Companhia Vale do Rio
Doce (US$ 6,858 bilhões), foram os principais destaques (LACERDA et al .,
2018).

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praticar
Vamos Praticar
Um dos grandes exemplos de privatizações no governo de Fernando Henrique
Cardoso (FHC) foi a companhia Vale do Rio Doce, uma das grandes empresas
estatais que estavam ligadas à área de minério de ferro, por exemplo. Assim, além
de estabilizar a economia através do Plano Real, o governo ampliou as privatizações.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente qual foi o nome desse programa.

a) Plano Nacional de Desestatização.


b) Plano Brasil Maior.
c) Processo de Substituição de Importação.
d) Tripé Macroeconômico.
e) Nova Matriz Macroeconômica.

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Os Governos do PT

Após três tentativas, derrota para Collor e FHC, Luiz Inácio Lula da Silva (Lula)
do Partido dos Trabalhadores (PT) conseguiu alcançar a Presidência da
República, em um cenário de desconfiança por parte do mercado, tanto pela
própria crise brasileira, quanto pela desconfiança em relação ao seu passado
de críticas ao modelo de inserção brasileira da década de 1990. A
desconfiança do mercado era dada pelo mercado internacional em
decorrência da dívida externa e acordos existentes com o FMI e pelo mercado
doméstico que temiam possíveis instabilidades ou ações incisivas do Estado
na economia.

Contudo, como bem ressalta Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017), em


junho de 2002, Lula (PT) já havia feito a “Carta ao Povo Brasileiro”, retirando
possíveis ações extremistas das ações que o governo de esquerda teria, caso
fosse eleito. Após a eleição, Antonio Palocci (moderado) ficou responsável
pelo Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles, ex-deputado pelo PSDB,
pelo Banco Central. Desse modo, o governo Lula, também pode ser dividido
em duas fases: I) estabilidade econômica; II) avanço no crescimento
econômico.

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Os Governos Lula
Prezado(a) estudante, o quadro econômico brasileiro não eram dos melhores
à época, correto? Portanto, Lula assumiu o governo em uma situação de
instabilidade econômica, risco país elevado, alta taxa de juros (impactando na
rolagem da dívida pública), desvalorização cambial e pressão inflacionária,
tornando necessária a diminuição dos juros e aumento do superávit primário
nos primeiros anos de governo (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR.,
2017). Além disso, a crise Argentina no início da década (2001-2002) também
tinha impactos sobre o Brasil e demonstrando a necessidade de um governo
que tivesse canal aberto com o mercado financeiro internacional, como o FMI
(GIAMBIAGI, 2016b).

Nessa perspectiva, Lula teve que reforçar a confiança do mercado (nacional e


internacional) de que não existiriam rupturas abruptas, como foi o caso de
Palocci e Meirelles, também apresentou as metas de inflação com tendência à
queda (8,5% em 2003 e 5,5 em 2004), apontando a seriedade na política
monetária, como é o caso do aumento na taxa de juros para reduzir a inflação
(apesar de já estar em 25% a.a), aumentou o superávit primário para 4,25%
do PIB, política fiscal contracionista (gastos públicos menores), como aponta
Giambiagi (2016b). Portanto, o governo deixou claras as modificações de
posições passadas e o compromisso com a estabilidade econômica em seus
primeiros anos no poder.

O sucesso das medidas para melhorar a estabilidade fiscal resultou na


possibilidade de avanço na política de crescimento do salário mínimo, com
ganhos reais durante os anos do Governo Lula (nos primeiros anos de FHC
também foi possível). As perspectivas positivas da economia doméstica e o
cenário internacional favorável (após 2003) permitiram melhorar até no
próprio perfil da dívida pública e ampliar os programas de distribuição de
renda, como foi o caso do Programa Fome Zero, ampliado para o Bolsa
Família, que aglutinou outros programas sociais já existentes desde FHC
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2017).

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saiba
mais
Saiba mais
Prezado(a) estudante, apesar de turbulências
na economia doméstica e alguns países no
cenário internacional, durante o primeiro
governo Lula e início do segundo, o país
também foi beneficiado por um choque
positivo no cenário externo que foi o
aumento nos preços das commodities ,
melhorando os preços relativos a favor do
Brasil. Você sabe qual país foi o principal
responsável por elevar os preços das
commodities ? Quais commodities que o país
produzia? Uma pesquisa no site do Atlas da
Complexidade pode auxiliar você nesse
processo através dos produtos exportados e
apresentação dos principais parceiros
comerciais do país.

ACESSAR

Couto e Couto (2010) sintetizam os anos do primeiro governo Lula como um


governo com compromisso de controle inflacionário, apontando que a
inflação em 2006 ficou abaixo do centro da meta (4,5% - inclusive pode ser
observado no Quadro 4.3 a seguir), elevado superávit primário
(demonstrando o compromisso fiscal) e equilíbrio externo (balanço de
pagamentos superavitário). Lacerda et al. (2018) explicam que o equilíbrio
externo ocorreu por causa da alta no superávit comercial (exportações
crescentes) e de entrada do capital internacional (conta capital e financeira),
resultando em valorização da taxa de câmbio (auxiliando no aumento da
renda real do trabalhador ao longo dos anos do governo Lula).

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No entanto, também existiram aspectos negativos dos primeiros quatro anos


do governo Lula, como a elevada taxa de desemprego (10,9% em média da
população economicamente ativa - PEA), elevada taxa de juros (Selic - Quadro
4.3), dificultando os investimentos produtivos na economia e elevação dos
gastos sociais (bolsa-família) dada a maior taxa real de juros do mundo.
Também ocorreu apreciação da taxa de câmbio, prejudicando a exportação e
avanço da indústria no mercado doméstico (Quadro 4.3 - FCBF) (COUTO;
COUTO, 2010).

Desemprego Taxa
Ano PIB IGP-DI I (FCBF) Grande São Selic (%
Paulo (Dieese) a.a.)

2003 1,2 7,7 15,3 19,9 23,36

2004 5,7 12,1 16,1 18,8 16,25

2005 3,2 1,2 15,9 17,0 19,04

2006 4,0 3,8 16,4 15,9 15,07

2007 6,1 7,9 17,4 15,0 11,86

2008 5,2 9,1 19,1 13,5 12,48

2009 0,3 -1,4 - 11,9 9,92

2010 7,5 11,3 - 10,1 9,75


Quadro 4.3 - Governo Lula: agregados macroeconômicos
Fonte: IPEADATA, Bacen, Dieese, Conjuntura Econômica ( apud LACERDA et al .
2018, p. 232).

No tocante à questão econômica, o governo teve um primeiro mandato mais


ligado à ortodoxia econômica, com preocupação na área fiscal e monetária.

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Mas, avançou em questões sociais como a política de salário mínimo (ganhos


reais) e distribuição de renda (bolsa-família). Essa política obteve o sucesso
necessário para a reeleição do Presidente Lula em 2006, apesar do escândalo
do mensalão (LACERDA et al ., 2018).

A melhoria nas condições macroeconômicas brasileiras, devido à estabilidade


interna e preços relativos (boom das commodities ), permitiu que no segundo
mandato houvesse políticas econômicas expansionistas, como o aumento do
gasto público e investimento (Quadro 4.3 - FBCF), avanço do BNDES para
crédito ao setor privado, dentre outras medidas (GIAMBIAGI, 2016b). Desse
modo, as taxas de crescimento econômico no segundo governo Lula (5,2%
média) foram superiores ao primeiro governo Lula (3,5% ao ano), mesmo
passando pela crise financeira de 2009 (0,3%), como pode ser observado no
Quadro 4.3 (LACERDA et al ., 2018).

A partir de 2007, mesmo considerando a redução do superávit primário, a


dívida pública líquida continuou sendo reduzida dada a apreciação cambial do
período e redução da taxa de juros (Selic) ao longo dos anos (GIAMBIAGI,
2016b). Desse modo, a partir do governo Lula, a dívida pública externa e
desequilíbrios externos, que sempre foram um problema para a economia
brasileira, não foram mais empecilhos, como a Figura 4.1 demonstra dado o
contínuo acúmulo de reservas internacionais que continuou no governo
seguinte de Dilma Rousseff (2011-2016).

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Figura 4.1 - Ativos de reservas oficiais (2002-2016), em US$ milhões


Fonte: Adaptado de Banco Central do Brasil (2020).
Com a modificação no Ministério da Fazenda (entrada de Guido Mantega), o
país avançou na estratégia de crescimento baseado no consumo das famílias,
processo iniciado ainda no primeiro governo Lula. Além dos ganhos reais no
salário mínimo, o avanço da política de concessão de crédito permitiu o
aumento do consumo de bens duráveis pela população brasileira. Nesse
período, o governo também avançou com os gastos públicos, como foram os
gastos sociais (seguro-desemprego e bolsa-família), dentre outros (GIAMBIAGI,
2016b).

Nessa mesma direção, Lacerda et al . (2018) apontam o crescimento


econômico no segundo governo Lula com base nos seguintes princípios: I)
elevado crescimento das exportações; II) expansão do consumo das famílias
(valorização do salário mínimo); III) programas de distribuição de renda
(gastos sociais); IV) aumento do crédito. Especificamente na questão do
crédito, os autores explicam que a expansão do crédito chegou a 46,6% do
PIB (2011), aumentando 20 pontos percentuais em relação à 2005 (26,3%).

No segundo mandato de Lula, os problemas estruturais da


economia – como o câmbio valorizado e a falta de uma política
industrial que desse conta da questão do aumento da
produtividade e da competitividade externa – não foram
efetivamente enfrentados. As políticas industriais apresentadas em
2004 (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior), em

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2008 (Política de Desenvolvimento Produtivo) e em 2011 (Plano


Brasil Maior, já no governo Dilma Rousseff) não alteraram
substancialmente esse quadro (LACERDA et al., 2018, p. 237).

Em suma, o segundo governo Lula procurou avançar no crescimento


econômico, conseguindo uma média superior ao primeiro, mesmo
considerando a crise financeira internacional de 2009. A taxa de desemprego
foi reduzida para baixo dos dois dígitos (8% em média ao ano), sendo que
essa dinâmica não impactou sobre a inflação (outro problema histórico
brasileiro), que continuou sua tendência de queda (respaldando o Regime de
Metas de Inflação), como apontam Couto e Couto (2014).

Na questão sobre a sustentabilidade fiscal, foi mantido o resultado primário,


sendo em termos nominais atualizados pela inflação (IPCA) levemente
superior ao primeiro governo. Ainda nessa linha, tanto os juros nominais
pagos pelos títulos da dívida interna quanto o crescimento da própria dívida
mantiveram-se sustentáveis. Por fim, o destaque sobre a dinâmica externa
ficou por parte do elevado acúmulo de reservas internacionais, resultado do
boom das commodities e aumento da entrada de capitais externos, como
exposto na Figura 4.1 (COUTO; COUTO, 2014).

Os Governos Dilma e o
Impeachment
Em decorrência do sucesso econômico e social dos governos Lula, mesmo
diante da crise financeira internacional de 2009, a popularidade do presidente
era muito alta (80%) e, assim, conseguiu eleger uma sucessora: Dilma
Rousseff. Em seu governo, Guido Mantega continuou como Ministro da
Fazenda, contudo, ocorreu mudança no Banco Central: entrada de Alexandre
Antonio Tombini. Desse modo, o BC passou a atuar de maneira mais
dinâmica, não apostando apenas no controle da taxa de juros (LACERDA et a
l., 2018).

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Apesar do sucesso dos anos Lula, Giambiagi (2016c) explica que existiam
problemas conjunturais e estruturais na economia brasileira. Na questão
conjuntural o elevado crescimento econômico de 2010 (Quadro 4.3), resultou
em baixa ociosidade na indústria e pressão por aumento nos salários, dada a
rápida queda no desemprego. Ainda, as políticas contracíclicas aumentaram
os déficits em conta corrente, diminuindo o resultado primário do governo e
essa dinâmica acabou impactando na reaceleração da inflação (mas nada
ainda preocupante).

Esses problemas conjunturais poderiam ser resolvidos através de uma política


contracionista, para desaquecer a economia. Logo, não era o maior problema
existente na economia brasileira no período. Contudo, os problemas
estruturais são mais difíceis de serem resolvidos, impulsionados pela
continuidade das políticas de valorização do salário mínimo, aumento dos
gastos do governo, redução no preço das commodities , avanço nas políticas
de crédito, tudo isso acabou resultando em problemas estruturais para a
economia brasileira (GIAMBIAGI, 2016c).

Mesmo com os possíveis problemas apresentados, não foram desenvolvidas


medidas eficientes para combater os desequilíbrios brasileiros, visto que a
ideia era continuar com o crescimento econômico. Contudo, o cenário
externo já era diferente da época do governo Lula, como a crise europeia
decorrente da crise financeira de 2009. Assim, Dilma avançou com gastos
públicos, como a desoneração da folha de pagamento (abriu mão de receitas),
ampliou concessões e, principalmente, o crédito público através do BNDES e a
criação de “campeões nacionais” (grandes organizações para atuar no
comércio internacional).

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Variação do IGP-DI Resultado primário


Ano IPCA (%)
PIB (%) (%) (% PIB)

2011 3,9 6,50 5,00 2,94

2012 1,8 5,84 8,10 2,18

2013 2,7 5,91 5,50 1,72

2014 0,5 6,41 3,8 -0,57

2015 -3,8 10,67 10,8 -1,88

2016 -3,6 6,29 7,18 -2,47


Quadro 4.4 - Variáveis macroeconômicas do período 2011 a 2016
Fonte: Lacerda et al . (2018, p. 266-267).

Em suma, os principais resultados do governo Dilma podem ser observados


no Quadro 4.4. Após um primeiro ano com crescimento econômico
interessante, a tendência foi de contínua queda no PIB, até chegar aos dois
últimos anos de PIB negativo (7,5% de queda). Como ressaltado, o aumento
dos gastos também podem ser observados no quadro a partir do resultado
primário que também teve queda ao longo dos anos, com os três últimos
sendo negativos. Esse processo impactou diretamente na inflação do país
(IPCA e IGP-DI), resultando no estouro da meta em 2015 e ficando muito
próximo do limite superior em 2014 e 2016. Assim, pode-se observar uma
contínua degradação da economia brasileira ao longo do governo Dilma.

Lacerda et al . (2018) explica que parte dessa degradação ocorreu devido a


modificação da forma de atuação da economia, através da “Nova Matriz
Econômica” que tinha como base:

[...] a redução da taxa básica de juros; b. uso intensivo do Banco


Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com

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novos aportes do Tesouro de R$ 400 bilhões, viabilizando o


Programa de Sustentação do Investimento (PSI); c. aposta na
reindustrialização: o Plano Brasil Maior incluiu medidas como a
redução do IPI sobre bens de investimento e a proposta de que o
BNDES investiria R$ 600 bilhões na indústria até 2015; d.
desonerações fiscais, com o anúncio feito em abril de 2012 da
desoneração da folha de pagamentos de 15 setores intensivos em
mão de obra (LACERDA et al., 2018, p. 257).

Além dessas medidas, a Nova Matriz Econômica também tinha diretrizes para:

Em 2014, as desonerações atingiram 42 setores, poupando R$ 25


bilhões aos empresários; e. plano para a infraestrutura; f. reforma
do setor elétrico, com o objetivo de reduzir em 20% o preço da
energia elétrica; g. desvalorização do Real a partir de fevereiro de
2012; h. controle de capitais externos, com o objetivo de impedir a
valorização da moeda; i. proteção ao produto nacional, para
fortalecer a produção interna, elevando para 30% o IPI sobre
veículos importados ou que tivessem menos de 65% de conteúdo
local (LACERDA et al., 2018, p. 257).

Desse modo, o governo Dilma procurou avançar na atuação do Estado da


economia, em um ambiente adverso, que acabou por resultar em grave crise
política e econômica. Cabe ressaltar que desde 2013, o cenário político no
país também vinha sendo modificado, com Dilma perdendo apoio político no
país e avanço de denúncias de corrupção nos governos petistas. Após uma
eleição apertada em 2014 e drástica mudança na política econômica em 2015,
o país entrou em grave crise política e econômica, culminando no seu
impeachment em agosto de 2016.

praticar
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praticar
Vamos Praticar
A economia brasileira passou por um ciclo virtuoso de crescimento econômico
durante a década de 2000, modificando sua lógica de atuação a partir de 2011. Esse
processo ocorreu sem considerar modificações na dinâmica econômica
internacional. Assinale a alternativa que apresenta corretamente como ficou
conhecida essa forma de atuação.

a) Campeões nacionais.
b) Plano Nacional Econômico.
c) Programa Nacional de Desestatização.
d) Processo de Substituição de Importação.
e) Nova Matriz Econômica.

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indicações
Material
Complementar

FILME

Real: o plano por trás da história


Ano: 2017
Comentário: o filme conta a história de formação do
plano real, apesar de não ser 100% fiel à história
econômica, é bastante interessante para compreender
o momento da economia brasileira nos anos 1990 e o
impacto inflacionário.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer ,
disponível em:

TRAILER

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LIVRO

Economia brasileira
Editora: Saraiva Educação
Autores: Antônio Corrêa de Lacerda, José Marcio Rego
e Rosa Maria Marques
ISBN: 978-85-472-3178-1
Comentário: os capítulos 17 e 18 são bastante
interessantes para compreender o funcionamento da
economia brasileira durante os governos do PT, além
de apresentar aspectos interessantes do período, como
a descoberta do Pré-sal e a crise financeira
internacional que impactaram a dinâmica da economia
brasileira.

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conclusão
Conclusão
A partir da década de 1990, a economia brasileira modificou sua ótica de
inserção na economia mundial, ampliando o processo de globalização
comercial e liberalização financeira, como foi o caso da diminuição do Estado
na economia através da ampliação das privatizações ao longo da década. O
fato mais importante desse período foi a estabilização da economia em 1994
através do Plano Real, com custos elevados dada a crise brasileira em 1999. Já
após esse período (2003), o país entrou em um ciclo virtuoso de crescimento
econômico ao longo da década, com deterioração política e econômica na
década seguinte (2010 - Dilma).

referências
Referências
Bibliográficas
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB). Tabelas especiais . [2020]. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/estatisticas/tabelasespeciais . Acesso em: 8 maio
2020.

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