Fichamento Do Texto - Aconselhamento Psicológico - Questões Introdutórias

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FICHAMENTO DO TEXTO “ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO: QUESTÕES

INTRODUTÓRIAS”

1.1 Uma referência histórica


 Até meados do século XX, a prática de Aconselhamento Psicológico esteve bastante
determinada pelos testes psicológicos.
 As práticas do atendimento psicológico enfatizavam o psicodiagnóstico.
 Os psicólogos contavam com um poderoso arsenal de instrumentos de medida e
avaliação de aspectos intelectuais, cognitivos e emocionais da personalidade, porém
careciam de instrumentos efetivos para tratamento psicológico.
 Rogers começou sua vida profissional atendendo crianças e adolescentes e sua prática
era fazer diagnóstico e entrevistas de aconselhamento.
 E no interior desta prática diagnóstica, centrada no problema que Rogers começa a
desenvolver suas ideias inovadoras.
 Ele vai questionando-a e invertendo os focos: do problema para a pessoa, do
instrumento de avaliação para a relação cliente-conselheiro e do resultado para o
processo.

1.2 Aconselhamento, orientação e psicoterapia


 Rogers começa a desenvolver a proposta de um tipo de intervenção psicológica,
fundamentada no aperfeiçoamento das atitudes do conselheiro e no pressuposto de que
o cliente é capaz de viver e elaborar suas experiências de forma integradora quando se
engaja numa relação com um conselheiro que não o julga.
 As distinções entre aconselhamento, orientação e psicoterapia tornam-se secundárias
do ponto de vista da Abordagem Centrada na Pessoa.
 O principal na Abordagem Centrada na Pessoa é que o conselheiro receba o cliente e
facilite para que ele se posicione diante de seu sofrimento psíquico.
 O fato de um atendimento se constituir como orientação ou psicoterapia vai depender
da maneira como o cliente configura, para si e diante do conselheiro, p seu pedido de
ajuda.
 A função do terapeuta coloca-se no modo de acolhimento que permite explorar, com o
cliente, não apenas a queixa, mas também a forma mais adequada de lidar com ela.
 O conselheiro constitui-se como um profissional que recebe uma certa gama de
demandas e que possui recursos e flexibilidade para propor alternativas de ajuda,
incluído informação, orientação, encaminhamento e psicoterapia.

1.3 Aconselhamento e psicoterapias breves e focais


 É comum a identificação do aconselhamento psicológico com forma de psicoterapia
breves e focais.
 Modelos dessas psicoterapias foram desenvolvidas mais recentemente como
decorrência de dois fatores básicos:
 A crítica aos modelos de psicoterapia de tempo indeterminado, que muitas
vezes, mostram-se inadequados para o atendimento de uma clientela que não
se dispõe a tratamentos prolongados;
 A necessidade de criar modelos alternativos à psicoterapia de tempo
indeterminado, no âmbito das instituições.
 Às psicoterapias breves corresponde uma maneira específica de delimitar e lidar com
o tempo do atendimento psicológico, o que implica na adoção de estratégias que
exigem do terapeuta um papel mais ativo e diretivo (implica em atribuir ao
psicoterapeuta a condução do processo, a partir de uma avaliação psicodinâmica e
tendo em vista atingir objetivos prefixados).
 A delimitação de um certo número de sessões ou de um determinado prazo para o
atendimento pode ser necessidade ou opção do Aconselhamento Psicológico centrado
na pessoa.
 A atitude do conselheiro não muda, a direção e a configuração do processo pertencem
ao cliente.
 A delimitação do tempo é feita com o cliente e supomos que é um dado com o qual ele
lidará, explorando temas, conflitos e sentimento conforme sua possibilidade e vontade;
 Se o cliente sabe quanto tempo terá, confiamos que saberá como melhor aproveitá-lo
(isso partindo do pressuposto básico de que o cliente é capaz de autodeterminação e
regulação).
 Um número pequeno de encontros com o conselheiro, ou mesmo um único, tem uma
função terapêutica e pode ser suficiente para que o cliente se organize internamente e
prossiga sem ajuda.
 Às psicoterapias focais corresponde a ideia de que o processo psicoterapêutico pode
desenvolver-se em torno de um problema, tema ou área da personalidade.
 Fiorini considera que a psicoterapia focal deve ter como eixo três fatores:
 A ativação das funções egóicas do cliente;
 O estabelecimento de uma relação de trabalho personificada entre
psicoterapeuta e cliente;
 A elaboração de um foco.
 O foco quase sempre recai sobre o motivo da consulta e é a partir dele que se pode
estabelecer conflito central: objeto do trabalho psicoterapêutico.
 Características do psicoterapeuta que trabalha na perspectiva focal:
 Contato empático manifesto;
 Calor humano;
 Espontaneidade;
 Iniciativa;
 Atitude docente.
 Funções atribuídas ao psicoterapeuta no trabalho focal:
 Motivar o cliente para a tarefa;
 Aclarar objetivos;
 Reforçar todo progresso na tarefa;
 Incluir-se como pessoa real na relação.
 Diferenças entre a psicoterapia focal e o aconselhamento psicológico centrado na
pessoa:
 A psicoterapia focal exige um papel mais diretivo por parte do psicoterapeuta
(o psicoterapeuta parte de uma avaliação psicodinâmica do cliente e centraliza
sua ação em torno de um núcleo conflitivo considerado básico);
 Na abordagem centrada na pessoa o foco é dado pelo cliente, o conselheiro não
deve atuar em função de uma focalização (isto implica que o cliente não só
levante os temas e conflitos emergentes, como tenha liberdade para explorá-los
ou abandoná-los no decorrer do processo);
 O aconselhamento psicológico centrado na pessoa enfatiza as atitudes do
conselheiro (empatia, congruência e aceitação) como condições necessárias e
suficientes para que o processo de auto exploração e crescimento ocorra no
cliente;
 Já as terapias focais consideram estas atitudes necessárias, mas não suficientes,
por isso recorrendo a estratégias mais diretivas e ativas.

1.4 A figura do conselheiro


 Em sua origem o Aconselhamento Psicológico esteve ligado à formulação de
indicações, sugestões, orientação e mesmo conselhos baseados em avaliações
psicométricas.
 A palavra/função conselheiro está vinculada tradicionalmente tanto ao psicólogo
quanto a outros profissionais.
 Muitos dos preconceitos e confusões em torno da palavra/função conselheiro no Brasil
advém do fato deste profissional ser praticamente desconhecido (o conselheiro
apresenta-se como psicólogo clínico).
 A legislação brasileira define o Aconselhamento psicológico como função específica
do psicólogo (portanto a função de conselheiro não pode ser exercida por outros
profissionais).
 O Aconselhamento Psicológico se apresenta como um modelo clínico aplicável em
diferentes situações institucionais.
 A prática do Aconselhamento Psicológico sugere uma modificação da visão do
psicólogo clínico, reorientando seus recursos pessoais, teóricos e técnicos no sentido
de criar espaços de maior continência para as diferentes demandas de ajuda
psicológica.

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