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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Tutela Antecipada Antecedente

1009427-85.2024.5.02.0000
Relator: DAVI FURTADO MEIRELLES

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 04/06/2024

Valor da causa: R$ 10.000,00

Partes:
REQUERENTE: MUNICIPIO DE SAO PAULO
ADVOGADO: ROGERIO APARECIDO DIAS AVELAR
ADVOGADO: VALERIA MARIA DE CAMPOS
ADVOGADO: WILLIAM ALEXANDRE CALADO
REQUERENTE: SAO PAULO TRANSPORTE S.A.
ADVOGADO: JOSE EDUARDO DOS SANTOS OLIVA
ADVOGADO: ROGERIO APARECIDO DIAS AVELAR
ADVOGADO: LUCIANO JOSE DA SILVA
ADVOGADO: VALERIA MARIA DE CAMPOS
REQUERIDO: SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM TRANSPORTE
RODOVIARIO URBANO DE SAO PAULO
ADVOGADO: HENRIQUE RESENDE DE SOUZA
ADVOGADO: ARNALDO DONIZETTI DANTAS
REQUERIDO: SIND DAS EMPR DE TRANSP COLET URB DE PASS DE SAO PAULO
ADVOGADO: SONIA MARIA GARCIA MISTRELLO
ADVOGADO: CARLOS ALBERTO FERNANDES RODRIGUES DE SOUZA
CUSTOS LEGIS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
SDC - Cadeira 8
TutAntAnt 1009427-85.2024.5.02.0000
REQUERENTE: MUNICIPIO DE SAO PAULO E OUTROS (2)
REQUERIDO(A): SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES
EM TRANSPORTE RODOVIARIO URBANO DE SAO PAULO E OUTROS (2)

TERMO DE AUDIÊNCIA Nº 007/24

Processo TRT/SP nº 1009427-85.2024.5.02.0000

TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE

Ao segundo dia do mês de julho do ano de dois mil e vinte e quatro, às

11h, na Sala de audiências “Francisco Pugliese”, localizada no 1º andar do Edifício-Sede
deste Tribunal, sob a Presidência do Exmo. Sr. Desembargador Relator DAVI FURTADO
MEIRELLES, apregoadas as partes, foi aberta a audiência de Instrução e Conciliação do
processo supra, entre partes:

Município de São Paulo e São Paulo Transporte S/A-

SPTrans; Requerentes.

SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM TRANSPORTE

RODOVIÁRIO URBANO DE SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS e SINDICATO DAS
EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO DE PASSAGEIROS DE SÃO PAULO -
SPURBANUsS; Requeridos.

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Está presente o Exmo. sr. Procurador do Trabalho, Dr. Roberto Pinto

Ribeiro.

Está presente o assessor de Desembargador, sr. André Rossi Abrantes.

A requerente SP TRANS comparece representada pelo Preposto, sr. Jeová Tenorio

Lima, e pelo advogado, Dr. José Eduardo dos Santos Oliva, OAB/SP nº 223.430.

O Município requerente comparece representado pela Procuradora, Dra. Flávia

Christina Martinsa Silva Lazzarini, OAB/SP nº 211.219.

O requerido Sindicato das empresas de transporte coletivo urbano de passageiros de

São Paulo - SPURBANUSS comparece representado por seu Presidente e advogado,
Dr. Carlos Alberto Fernandes Rodrigues de Souza, OAB/SP nº 53.496, e pelos
advogados, Drs. Sônia Maria Garcia Mistrello, OAB/SP nº 77.390 e Cláudio Rogério
Benedet, OAB/SP nº 108.663.

O Sindicato requerido SINDIMOTORISTAS comparece representado pelo Presidente,

sr. Edivaldo Santiago da Silva, pelo Diretor, sr. Mamédio Lima Silva, e pelos advogados,
Drs. Henrique Resende de Souza, OAB/SP nº 120.800 e Arnaldo Donizetti Dantas, OAB
/SP nº 106.308.

Comparece a UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES representada por assessor político

da Presidência, Sr. Reginovaldo Soares Cristal.

A presente audiência ocorre em virtude da não realização de acordo, conforme fora

requerido pelas partes na audiência realizada em 05/06/2024.

Figuram neste processo de Tutela Cautelar Antecedente a SPTRANS e o Município de

São Paulo como requerentes, e o SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES
EM TRANSPORTE RODOVIÁRIO URBANO DE SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS E
SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO DE PASSAGEIROS DE
SÃO PAULO – SPURBANUSS, como requeridos.

Primeiramente, determina-se a avocação da RPP 1008646-63.2024.5.02.0000, sendo

que a presente Tutela Cautelar Antecedente será transformada em Dissídio Coletivo

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de Greve, em momento oportuno. Poderão as partes promover a juntada de

manifestações e documentos para o presente feito.

O requerido SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO DE

PASSAGEIROS DE SÃO PAULO – SPURBANUSS apresentou uma proposta de reajuste
salarial de 3,60%, índice este acima do INPC do período (3,23%), o que poderá ser
ainda elevado a depender do índice que for definido pela FIPE no salariômetro,
podendo este chegar a 4%, segundo previsões iniciais.

O sindicato requerido SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM

TRANSPORTE RODOVIÁRIO URBANO DE SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS está de
acordo com a proposta salarial, no entanto, entende que outros pleitos precisam ser
resolvidos para o fechamento do acordo total. São eles, além do reajuste salarial,
jornada de trabalho de 6h30min. trabalhadas e 30 minutos de intervalo remunerado,
ticket refeição mensal no valor diário de R$ 38,00, participação nos lucros e resultados,
cesta básica sem a palavra “similar”, seguro de vida de 10 salários mínimos para o
motorista e de 5% sobre o valor vigente para os demais trabalhadores.

O sindicato requerido SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO URBANO

DE PASSAGEIROS DE SÃO PAULO – SPURBANUSS, ante a impossibilidade do acordo
neste momento, ressalta que sua proposta de reajuste salarial de 3,60%, com a
manutenção de todas as demais cláusulas sociais da CCT vigente, somente se sustenta
caso não haja movimento grevista.

Ante a impossibilidade de um acordo no presente momento, considerando que a

categoria encontra-se em estado de greve, tendo já havido comunicado de natureza
pública e notória que o movimento grevista poderá ter início à zero hora do dia 03
/072024, 4ª feira, passo a decidir sobre o pedido de Tutela Antecedente:

“A greve é um direito constitucionalmente garantido, a teor do disposto no art. 9º da

Constituição Federal. Porém, o seu exercício não se perfaz de forma absoluta,

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devendo ser observados os requisitos constantes da Lei nº 7.783/1989, em especial

aqueles relativos aos serviços e atividades essenciais enumerados no art. 10 da
referida Lei.

E, nos termos do art. 10, inciso V, da Lei nº 7.783/1989, o transporte coletivo é

atividade considerada essencial, ficando obrigados os sindicatos, empregadores e
trabalhadores a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis às
necessidades inadiáveis da comunidade, consoante dispõe o art. 11 da mencionada
Lei de Greve.

Vale destacar que, se por um lado temos o direito ao exercício de greve, há outro
interesse social a ser tutelado, que consiste na continuidade dos serviços públicos,
como princípio inerente à Administração Pública e, da mesma forma, assegurado pela
Constituição Federal, no art. 37.

Assim sendo, deve-se ponderar esse direito fundamental, conferido aos

trabalhadores, e aqueles pertencentes à comunidade diretamente envolvida, de forma
a minimizar o impacto negativo do movimento, sem prejuízo de sua efetividade como
meio legítimo de que dispõe a categoria profissional para apresentar suas
reivindicações, sejam estas por direitos e melhores condições de trabalho, ou mesmo
de caráter político-trabalhista.

Nesse sentido, ressalto que o art. 11 da Lei de Greve prevê a responsabilidade

conjugada de sindicatos, empregadores e trabalhadores em "garantir, durante a
greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade."

De outro lado, também não se pode autorizar o exercício do direito de greve na

prestação de serviços essenciais de transporte coletivo de forma a impedir o
atendimento mínimo das necessidades inadiáveis da comunidade, razão pela qual,
para sopesar e balancear o exercício concomitante dos direitos fundamentais ora em
questão, a tutela vindicada será parcialmente concedida, garantindo o funcionamento
normal e regular dos serviços de transporte coletivo de passageiros durante os
horários de pico, como se greve não houvesse, restringindo-se o direito de greve aos
demais horários, durante os quais fica determinada a observância do percentual
mínimo de 50% (cinquenta por cento) dos trabalhadores inseridos na respectiva escala
de trabalho, devendo os Sindicatos requeridos providenciar a ampla divulgação do
teor da presente decisão aos usuários do sistema de transporte urbano de ônibus,
principalmente quanto à limitação do efetivo de trabalhadores disponíveis para
prestação de serviços fora dos horários de pico (mínimo de 50%).

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Nessa conformidade, diante da premência no cumprimento da regra constante do art.

11 da Lei nº 7.783/1989, DEFERE-SE PARCIALMENTE a tutela cautelar antecipada,
determinando-se ao SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM
TRANSPORTE RODOVIÁRIO URBANO DE SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS requerido
que, caso deflagrado o movimento paredista marcado para zero hora do dia 03/07
/2024, mantenha, até o julgamento da ação, 100% (cem por cento) dos serviços de
transporte rodoviário urbano de passageiros (quadro operativo - número de
empregados - em seus postos de trabalho, conforme escala vigente nos dias de greve)
no horário de pico (6h00 às 9h00 e 16h00 às 19h00), assim como o mínimo de 50%
(cinquenta por cento) nos demais horários. Determina-se, ainda, que o SINDICATO
DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM TRANSPORTE RODOVIÁRIO URBANO DE
SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS requerido se abstenha da prática de qualquer ato
que impossibilite ou crie obstáculos ao acesso dos trabalhadores e passageiros, saídas
dos ônibus das garagens das empresas de transporte coletivo urbano de passageiros,
bem como que impeça o livre trânsito dos ônibus nas vias públicas e nos terminais de
passageiros. Mesma determinação fica valendo para as Empresas de Transporte
Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo representadas pelo SPUrbanuss, que
deverão disponibilizar os veículos para prestação de serviços, ainda que de forma
parcial fora dos horários de pico, permitindo o livre acesso e saída das garagens e
terminais de ônibus. Na hipótese de descumprimento, será aplicada multa diária ao
SINDICATO DOS MOTORISTAS E TRABALHADORES EM TRANSPORTE RODOVIÁRIO
URBANO DE SÃO PAULO - SINDIMOTORISTAS requerido, no valor de R$ 100.000,00
(cem mil reais), mesmo valor a ser aplicado às Empresas, caso fique comprovada
eventual objeção ao cumprimento da tutela ora deferida, cuja destinação será
oportunamente decidida. O descumprimento da ordem judicial também implicará
responsabilidade civil e penal (art. 15 da Lei nº 7.783/1989).

Em acréscimo, determina-se seja realizada constatação por Oficial de Justiça, no

Centro de Operações (COP) da requerente SPTrans, a partir da zero hora do dia 03/07
/2024, e enquanto perdurar o movimento grevista.

As partes saem cientes do teor da presente decisão, principalmente da tutela

antecedente ora deferida, devendo a Secretaria da Seção de Dissídios Coletivos
providenciar a expedição de mandado de constatação, que deverá ser cumprido pelo
Oficial de Justiça de plantão, o qual ficará encarregado de verificar o integral
cumprimento da presente decisão.”

O Ministério Público do Trabalho registra sua concordância com a Tutela ora deferida,
resguardando seu direito de se manifestar nos autos a qualquer momento.

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Cientes as partes, os advogados e o MPT.

Audiência encerrada às 12h22min.

Nada mais.

DAVI FURTADO MEIRELLES

Desembargador do Trabalho

Ata redigida por MARIA LIGIA PINTO NAHUM ALVAREZ FERREIRA, Secretário(a) de
Audiência.

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Número do processo: 1009427-85.2024.5.02.0000
Número do documento: 24070212252835200000232773629