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I Jornada GPEL

Livro Ilustrado: memórias,


práticas e experiências

Caderno
de resumos
RELATOS E COMUNICAÇÕES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
GPEL – GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Caderno
de resumos
RELATOS E COMUNICAÇÕES

I Jornada GPEL
Livro Ilustrado: memórias,
práticas e experiências

2024
Comissão científica
Profª. Drª Bruna Cunha (UFPE)
Profº. Dr. Clecio Bunzen (UFPE)
Profª Drª Cynthia Agra de Brito Neves (UNICAMP)
Profª Drª Daniela Segabinazi (UFPB)
Profª Drª Denize Teis (UTFPR)
Profª Drª Diana Martins (UMINHO)
Profª Drª Diana Navas (PUC/SP e FATEC/SP)
Profº. Dr. Diógenes Buenos Aires de Carvalho (UESPI)
Profª Drª Eliane Debus (UFSC)
Profª Drª Ester Rosa (UFPE)
Profº. Dr. Fernando José Fraga Azevedo (UMINHO)
Profº. Dr. Fernando Rodrigues de Oliveira (UNIFESP)
Profª Drª Ivanda Silva (UFRPE)
Profª Drª Ivete Walty (PUC-MG)
Profª Drª Jéssica Máximo Garcia (FASESP)
Profº. Dr. José Jacinto dos Santos Filho (UPE)
Profª Drª Juliana Pádua
Profº. Dr. Luis Girão (PUC/SP e USP)
Profª Drª Magda Dezzotti (UEMG)
Profº. Dr. Marcel Amorim (UFRJ)
Profª Drª Márcia Tavares (UFCG)
Profº. Dr. Marcos Scheffel (UFRJ)
Profª Drª Maria Lucia Ferreira Figueiredo Barbosa (UFPE)
Profª Drª Maria Zélia Versiani Machado (UFMG)
Profª Drª Marta Passos (CEFET/MG)
Profª Drª Neide Rezende (USP)
Profª Drª Otilia Lizete Heinig (FURB
Profª Drª Renata Junqueira (UNESP)
Prof. Dr. Robson Teles (UNICAP)
Profª Drª Rosiane Maria Soares da Silva (UFPE)
Profº. Dr. Sandro Luis da Silva (UNIFESP)
Profª Drª Ywanoska Gama (UFRPE)
Organizadores do evento
Clecio dos Santos Bunzen Júnior
GPEL/UFPE - Centro de Educação (CE-UFPE) e Centro de
Artes e Comunicação (CAC)
PROFLETRAS/UFPE
PPGL/UFPE

Ana Maria da Silva


GPEL/UFPE

Carolina Borges de Almeida


GPEL/UFPE - PPGL/UFPE

Denize Terezinha Teis


GPEP/UFPE - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Elisabeth Maria de Melo


GPEL/UFPE - SME/Jaboatão-PE

Jéssica Máximo Garcia


GPEL/UFPE - Faculdade Sesi de Educação

Maria Cecília Mendonça Mendes Simes


GPEL/UFPE - Rede Estadual de Pernambuco

Maria Eduarda de Albertin


GPEL/UFPE

Norma Sandra Teixeira de Melo Souza


GEPEL/UFPE - UFAM/SEDUC-AM

Ilustração e diagramação por Andresa Eduarda Andrade


Queiroz - [email protected] (819 8259-2612)
Sumário
1. Programação das conferências e mesas ……………………............................................................06
2. Relatos de experiência………………………………………….....................................................................07
3. Comunicação oral………………………………………………....................................................................…48
Programação das conferências e mesas
Conferência de abertura - 30/10/2024 - 19:00h
Livro: casa da palavra e da imagem - Roger Mello
Link: https://www.youtube.com/live/V6D6ZUIOzXc?si=dVfMyDw5dIAFXH9U

Mesa 1 - 31/10/2024 - 10:00h


A imagem e o tempo no livro ilustrado - Odilon Moraes
Memória transgeracional do feminino: as experiências da mão -
Rosinha Queiroz
A imagem do invisível - Alexandre Rampazo
Link: https://www.youtube.com/live/4JpmSffvdL8?si=3LuRXf8_-i5AiCXg

Mesa 2 - 31/10/2024 - 19:00h


A Bela e o Monstro: primeiras leituras em formato de livro-objeto -
Diana Martins
O rio da fantasia: Imaginação, invenção e fluxo criativo - Anabella
López
A materialidade em cena: quando o livro ilustrado narra para além da
imagem - Diana Navas
Link: https://www.youtube.com/live/in5tFVPHCkc?si=jEKHQdmwAWqujh_p

Mesa 3 - 01/11/204 - 10:00h


Livro ilustrado: palavra-imagem-materialidade contam a história -
Patrícia Vasconcelos
Do caos ao livro - Denise Teixeira
Ilustrar livro infantil: uma valsa - Jô Bibas
Literatura em jogo: o convite a brincar com as linguagens - Juliana
Pádua
Link: https://www.youtube.com/live/v-6_8kVHhUY?si=WPlZnF_G9g_rG1oo

Conferência de encerramento - 01/11/2024 - 15:00h


Ilustração para a Infância em clave portuguesa: passado e presente -
Sara Reis
Link: https://www.youtube.com/live/ySOICCtlvM8?si=pvgljF1Aiq5eqgUD
Relatos de experiência

31/10 - Manhã (08:00 às 10:00)

Sessão 1 - Experiências com o livro ilustrado na


Educação Básica (Anos Iniciais)
Coordenadoras: Maria Eduarda de Albertin (GPEL-
UFPE) e Ana Caroline de Almeida (GPEL-UFSJ)

Relatos de experiência Autores(as)


Por uma sintaxe rítmica: arquitetar-se
Barbara dos Santos (UNESP)
em paisagens suspensas

Por uma educação do olhar:


possibilidades de experiência estética Kethullin Rezende Trindade (UFU)
com o livro ilustrado em sala de aula

Uma experiência de leitura bilíngue e


intersemiótica com The cat and the Ana Carolina Carvalho Monaco da
devil/O gato e o diabo, de James Silva (UFF)
Joyce

Leituras plurais dos livros ilustrados:


práticas leitoras no 4º ano do Ensino Stéfane de Almeida dos Santos (UFPB)
Fundamental Daniela Segabinazi (UFPB)

A leitura literária como fonte de


acolhimento e afetividade: uma visita Lailly Mirtes Macedo Sousa (UESPI)
ao coração

Por uma sintaxe rítmica: arquitetar-se em paisagens suspensas

Barbara dos Santos (UNESP)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo compartilhar um relato de experiência sobre os
elementos da linguagem visual a partir de livros de imagem, livros-objeto e demais formatos
que apresentem uma narrativa visual por meio de pontos, linhas, formas, cores e texturas no
contexto da aula de Arte, a partir de experimentações em sala de aula compreendidas entre
2018 e 2022, quando a pesquisadora atuava com estudantes de 1º a 5º anos em Limeira, SP.
Dessa forma, esta análise se propõe a discutir questões sobre a alfabetização visual de
crianças com a finalidade de investigar diferentes percepções em torno da educação das
imagens, na qual as representações imagéticas podem atribuir sentidos e significados, por
meio dos imaginários e dos simbolismos que residem na matéria da memória e dos sonhos.
Assim, o olhar atento para as imagens a partir da sintaxe da linguagem visual pode contribuir
para o estudo das imagens como paisagens abertas, ou seja, enquanto formas orgânicas que
sugerem aos leitores diferentes enunciados e evocações. No Ensino de Arte, entre outras
questões fundamentais, propõe-se a introdução dos elementos visuais na paisagem, por meio
do desenho, da pintura e das possíveis escritas imagéticas que decorrem deste processo.
Ocorre que, neste âmbito, algumas considerações sobre a forma como o desenho se coloca
no espaço escolar e não escolar atravessa a própria História, pois, muito recorrentemente, o
caminho que se toma é por didatizar a forma, tentando se adequar ao planejamento
docente. Assim, como uma questão que preocupa o Ensino de Arte de forma ampla, este
relato se apresenta como uma possibilidade para se discutir os elementos da linguagem visual
no contexto do livro ilustrado a partir de sua pertinência e adequação ao trabalho
pedagógico que é realizado, seja em Arte ou no trabalho interdisciplinar. Defende-se,
portanto, uma educação visual baseada na experiência vivida, com a exploração de
diferentes materialidades pelo leitor, a partir da mediação do professor que instigue e
promova vivências produtivas com as mais diversas materialidades do livro em campo
expandido. Logo, a proposta de uma sintaxe rítmica no Ensino de Arte considera que os
objetos ocupam o espaço com diferentes funções, que passam pela convenção ou mesmo
decodificação de um signo, mas que ultrapassam a questão utilitária e tomam forma como
objeto que tem suas singularidades e especificidades. Sendo assim, uma educação visual que
considere as potencialidades como diferenças importantes para a construção de
experiências humanizadoras frente aos desafios contemporâneos.

Palavras-chave: alfabetização visual; elementos da linguagem visual; livro-objeto.

Por uma educação do olhar: possibilidades de experiência estética com o livro


ilustrado em sala de aula

Kethullin Rezende Trindade (UFU)

Resumo: Este relato de experiências descreve a implementação e os impactos do uso de


livros ilustrados em sala de aula, especificamente no desenvolvimento do olhas estético entre
os alunos do 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública de Goiás. De acordo com,
Perissé (2009); Dewey (2010a); Pontes (2013) a experiência estética e a arte em si possuem o
potencial de desenvolver o ser sensível e porque proporcionam o diálogo consciente e crítico
entre o sujeito e sua realidade. A escola é um local destinado a formação do sujeito,
ampliação de repertório cultural, bem como, propiciar experiências estéticas através da
literatura infantil. Larrosa (2004) afirma que, a experiência é o que nos passa, ou o que nos
acontece, ou o que nos toca. Não o que passa ou o que acontece, ou o que toca, mais o que
nos passa, o que nos acontece ou nos toca. Nesse sentido uso do livro ilustrado dentro da sala
de aula, tem o potencial de estimular as crianças a olhar estético. Para Camargo (1995) a
função estética da ilustração se refere a maneira como foi realizada, para a linguagem
visual, importa mais o gesto, a mancha, a sobreposição de pinceladas, as transparências, a
luz, o brilho e o enquadramento, do que patas, penas e pelos. Aprender a observar as
minúcias o que passa despercebido e a partir disso ler o Novo Mundo o do sensível. A
metodologia adotada envolveu a seleção cuidadosa de livros ilustrados que abordavam
temas variados e relevantes para o contexto dos alunos. As atividades foram planejadas para
integrar a leitura das histórias com discussões em grupo, produção de textos e desenhos, bem
como apresentações orais, permitindo uma abordagem multifacetada do conteúdo. As
ilustrações desempenharam um papel crucial na compreensão dos múltiplos sentidos textos
mais complexos ao estimular a criatividade e a imaginação dos alunos. Conclui-se que o uso
de livros ilustrados em sala de aula é uma estratégia eficaz para construir um olhar estético
para o mundo, ampliar o repertório cultural das crianças e promover a leitura e o
desenvolvimento de competências literárias.

Palavras-chave: livro ilustrado; experiência estética; sala de aula.

Uma experiência de leitura bilíngue e intersemiótica com The cat and the devil/o gato
e o diabo, de James Joyce

Ana Carolina Carvalho Monaco da Silva (UFF)

Resumo: Este trabalho buscou compreender por quais caminhos uma experiência de leitura
com crianças no contexto escolar pode contribuir com a formação do leitor infanto-juvenil,
utilizando para tanto a obra ilustrada O Gato e o Diabo/The Cat and the Devil, do escritor
James Joyce, ícone da literatura modernista anglófona. O autor, que notadamente não
escreveu para o público infanto-juvenil, foi inspirado por sua relação afetiva com o neto,
Stephen James Joyce, a lhe contar histórias pessoalmente ou através de cartas. O potencial
literário de uma destas cartas, enviada a Stephen em 1936, deu origem ao livro ilustrado em
questão. Retraduzida para mais de vinte idiomas nos últimos 60 anos, a obra traz temas e
elementos da escrita joyciana para adultos, com cada retradução seguindo uma imagem
infantil muito específica, de acordo com a sociedade em que está inserida, e que muda
conforme o tempo e o local. Através de uma pesquisa qualitativa documental descritiva sobre
a função da literatura na formação do leitor infanto-juvenil e dos aspectos semióticos da
ilustração, tradução e adaptação de obras literárias, contextualizada com informações
biográficas sobre a vida e obra de James Joyce e uma minuciosa análise de edições
selecionadas da carta-conto publicada como livro ilustrado infanto-juvenil O Gato e o
Diabo/The Cat and the Devil, realizou-se a observação e análise subjetiva de uma
experiência de leitura bilíngue e intersemiótica com uso de translinguagem com um grupo de
estudantes do quarto ano do ensino fundamental em uma escolainternacional do Rio de
Janeiro. Como resultado, a experiência positiva vivenciada por este grupo de crianças pode
levá-los pelos caminhos da literatura, por experiências futuras com os escritos de Joyce, e
por tantas outras possibilidades oferecidas pela literatura infanto-juvenil ao longo de sua
escolarização e de seu percurso como leitores. Ficou evidenciado que a escola pode - e deve
- ser um lócus privilegiado de acesso à literatura, à imaginação, à fruição, e à construção do
leitor crítico e reflexivo.

Palavras-chave: literatura infanto-juvenil; leitura intersemiótica; O Gato e o Diabo.

Leituras plurais dos livros ilustrados: práticas leitoras no 4º ano do Ensino


Fundamental

Stéfane de Almeida dos Santos (UFPB), Daniela Segabinazi (UFPB)

Resumo: A formação de leitores literários enquanto objetivo pedagógico pressupõe uma


mediação docente dotada de estratégias metodológicas variadas, como bem afirma Rouxel
(2013). Com base nessa premissa é que se materializa o projeto de leitura das e nas turmas
de 4º ano do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Profª. Lúcia Giovanna Duarte de Melo,
em João Pessoa, na Paraíba. Dentre as ações, destacamos a realização da Sacola Literária
como metodologia proposta por Cosson (2014), a qual tem oportunizado às crianças múltiplas
experiências com os livros ilustrados – do acervo da biblioteca – para além do espaço escolar.
O seu desenvolvimento acontece por meio de sorteios semanais, em que uma dupla de
crianças é sorteada para escolher obras dos mais diversos gêneros, temáticas e autorias, e,
assim, levar para serem lidas em suas residências. Como diferencial do processo, foram
criados o que denominamos por “cards literários”, isto é, cartões que mobilizam diferentes
práticas de leitura – do texto verbal e do texto visual – a serem realizadas pelas crianças no
ambiente familiar, e, por sua vez, socializadas em sala de aula. São elas: “Indicação literária”;
“Pílula literária de áudio”; “Eu, ilustrador”; “Carta ao autor”; “Mini diário de leitura”; “Reconto
de final” e “Avaliação literária”. Ao lançar mãos de tais, buscamos efetivar o que Chambers
(2007) nomeia de “la respuesta” dos próprios leitores às suas próprias experiências com os
livros, a partir da proposição de diferentes registros orais e escritos que superam o
engessamento das históricas fichas de leitura. Nesse cenário, deparamo-nos com a
manifestação da pluralidade de leituras e de vivências tanto por cada criança em sua
singularidade, quanto pela turma de maneira coletiva. Sendo assim, objetivamos relatar e, ao
mesmo tempo, refletir acerca dos alcances de um conjunto de práticas leitoras que alocam
as crianças no lugar de protagonistas dos seus próprios processos formativos. Como
reverberação, temos verificado: a) Maturação na compreensão e na interpretação; b)
Formação de gostos e de preferências literárias; c) Construção do hábito leitor; e d)
Formação de uma comunidade de leitores. Ademais, além dos autores(as) já citados,
ancoramos nossos dizeres nos estudos de Colomer (2007), Cerrillo (2002), Munita (2014),
Delgado (2012), dentre outros.

Palavras-chave: práticas leitoras; livros ilustrados; leituras plurais.


A leitura literária como fonte de acolhimento e afetividade: uma visita ao coração

Lailly Mirtes Macedo Sousa (UESPI)

Resumo: Quando as crianças ingressam no Ensino fundamental, com recorrência são


rotuladas como indisiciplinadas. Acreditamos que isso ocorre devido a mudança brusca na
rotina de tais estudantes, que tem o vínculo com a Educação Infantil rompido e precisam
reconstruir esse elo com a escola e seus sujeitos aos poucos, com acolhimento. Concordamos
com Cury (2003) quando afirma que por trás de cada aluno agressivo, há uma criança que
precisa de afeto. Tendo isso em vista, vislumbramos na mediação de leitura a possibilidade de
acolhimento através da Literatura Infantil e seu poder humanizador como prática social
dentro do ambiente escolar (Cosson 2021). Em 2023, atendia duas turmas de 1º ano
composta por 28 crianças, com idade entre 6 e 7 anos de uma escola pública municipal na
cidade de Padre Marcos-PI. Ao receber essas crianças, percebi que uma delas era rotulada
como “dificil de lidar”. Ao observá-la, reparei que durante os momentos de leitura costumava
deitar no centro do círculo e parava para ouvir a história lida pela professora. Outro detalhe
observado foi o fato de o estudante destacar as folhas do caderno para fazer diversas coisas,
tais como rasgar, desenhar e fazer aviãozinho de papel. Foi neste momento que lembrei do
livro “A visita” de Antje Damm (2018). Nesta história Elise vivia sozinha, com medo e através de
um avião de papel se encoraja a superá-lo, abrindo o coração e colorindo sua vida. Sendo
assim, com o objetivo de incluir e acolher através da mediação de leitura, escolhi ler este livro
com os estudantes refletindo sobre o seguinte questionamento: é possivel que a leitura
literária seja capaz de acolher e colorir a vida de uma criança? O encontro dos estudantes
com o livro “A visita” nos faz perceber que é possível sim. Decidi que após a mediação de
leitura convidaria o referido estudante para ser protagonista, ensinando os colegas a fazer a
dobradura de papel em formato de avião. O aluno estava radiante e foi nomeado pela turma
como “profissional de aviõezinhos de papel”. Nas aulas seguintes, depois desse momento de
acolhimento que tanto precisava, passou a ser mais participativo. Concluí- se, então, que o
poder da literatura vai além do que os ouvidos podem ouvir e olhos ver, vai direto ao coração.
A leitura literária acolhe, abraça, alegra e (trans)forma, pois somos nós leitores que
oferecemos como semeadura, nossa memória, para que os livros se instalem, cresçam e
permaneçam (Andruetto,2012)

Palavras-chave: acolhimento; afetividade; mediação de leitura.


Sessão 2 - Experiências com o livro ilustrado e
questões étnico-raciais
Coordenadores: Raísa Almeida (GPEL-UFPE) e Miguel
D’Amorim (GPEL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


A palavra, a imagem, o sentido:
“zoeira”, escrita e poesia como Márcia de Assis Ferreira (UFF)
resistência - um percurso de
mediação de leitura literária

Educação literária: ensino de


literatura a partir da escrita da mulher Mônica do Socorro de Jesus Chucre
negra quilombola no/do estado do (UNICAMP)
Amapá

Mayam Maria Monteiro De Souza


Cultura e educação: a importância da (UEA)
literatura indígena nas escolas Mabel Araújo Da Silva (UEA)
Ellen Quirino de Sales (UEA)

Autoria e protagonismo negro nos Júlia Karem De Paula Pereira (UEA)


livros de literatura infantil Regiane Chota da Silva (UEA)
Rosilane Chagas da Silva (UEA)

Experiência de letramento literário David Da Silva Riotinto Dos Santos


antirracista com alunos do 6º ano (UFPB) Paulo Henrique Lima Barroso
numa comunidade quilombola (UFPB)

A palavra, a imagem, o sentido: “zoeira”, escrita e poesia como resistência - um


percurso de mediação de leitura literária

Márcia de Assis Ferreira (UFF)

Resumo: Trata-se de relato de experiência de mediação de leitura literária, realizada na Sala


de Leitura do COLUNI-UFF, com uma turma dos Anos Finais do Ensino Fundamental, em um
trimestre de 2022, como parte das ações pedagógicas com vistas à Educação Literária. A
obra trabalhada na proposta, Lina, a menina que insistia em poesia, é de autoria de Veronica
Cunha, escritora carioca, com projeto gráfico e capa de Rayane Silva, e foi editada pela
Editora Conexão 7, que publica, preferencialmente, autores negros e periféricos, de modo a
lhes dar protagonismo na cena literária. Ancorada nas proposições teóricas inter e
transdisciplinar da Linguística Aplicada (LA) (Moita Lopes, 1998) e na LA INdisciplinar (Moita
Lopes, 2006, 2013), de um lado, e nos trabalhos sobre Letramentos Literários (Paulino e
Cosson, 2009, 2015; Neves e Bunzen, 2021); Amorim et. al, 2022), de outro, além de buscar
fundamentação em estudos sobre Mediação Docente (Trevisan, Gebran e Guimarães,
2017; Tinoco e Stephani, 2016), a proposta intentou promover um encontro entre leitores em
(contínua) formação e o texto literário, de modo a provocar neles reflexões sobre sentidos
possíveis de serem elaborados nas relações percebidas entre palavras e imagens. Sentidos
que interrogaram, diante da perplexidade de se descobrir tanta precariedade nos mais
diversos perfis humanos; Sentidos que constataram dores e dissabores mesmo em meios nos
quais esses sentimentos não deveriam estar presentes em face de laços familiares; Sentidos
que perturbaram a aparente solidez e a inviolabilidade de relações sociais quase nunca
questionadas; Sentidos que, no afã da reparação e da superação, acabaram por dar e
buscar outros sentidos possíveis para a existência, diante da capacidade de resistência dos
sujeitos históricos e sociais. A leitura de textos literários na escola é campo fértil quando se
propõe a considerar, no trabalho de mediação de leitura, aspectos relacionados aos modos
de ser e de agir em contextos específicos, marcados pelas mais diversas ideologias, que se
revelam discursivamente na materialidade da obra literária. Assim, abre possibilidades para a
promoção de reflexões acerca de si mesmo, do outro, das relações subjetivas e
intersubjetivas que se imbricam na construção dos mais diversos sentidos possíveis para o
estar no mundo, como foi possível apreender no trabalho com a obra selecionada.

Palavras-chave: leitura literária; mediação; resistência.

Educação literária: ensino de literatura a partir da escrita da mulher negra quilombola


no/do estado do Amapá

Mônica do Socorro de Jesus Chucre (UNICAMP)

Resumo: Uma educação literária que promova e dê visibilidade à cultura afro-brasileira não
acontece amplamente pelas páginas eurocêntricas do livro didático, tampouco pelos
ementários das disciplinas de língua portuguesa e literatura nas escolas de ensino médio
técnico no estado do Amapá. A literatura em suas nuances do texto vivo e lido torna-se
apagada em sala de aula, principalmente a produção de autores negros do estado. Trabalhar
com autores afrodescendentes em sala de aula é permitir o direito à literatura (Candido,
2017), uma vez que o ensino de literatura deve extrapolar os conteúdos das periodizações das
escolas literárias e promover também discussões que evidenciem as origens étnicas, gêneros,
classes, racismo, identidades entre outros. Nesse sentido, o objetivo é apresentar um relato de
experiência ancorado nas Unidades de Leitura desenvolvidas por Silva (2003), que traz como
objeto de estudo os livros da escritora quilombola amapaense, Esmeraldina dos Santos. A
atividade foi desenvolvida por uma turma de graduação em Letras, como aplicação de
oficinas de leitura do Estágio Supervisionado, em uma turma do ensino médio. O objetivo foi
promover a prática leitora com viés crítico e produtor de releituras das obras da autora
supracitada. Problematizou-se que os alunos não conheciam a escrita de autoras negras do
estado e pouco liam leituras literárias quaisquer em sala de aula. Sendo assim, trata-se de um
relato de experiência que permitiu um trabalho de mediação e compartilhamento de leitura.
Os procedimentos de aplicação da atividade organizaram-se com o primeiro ano do ensino
médio técnico. Expostos aos livros, os alunos promoveram a leitura integral das obras, partilha
e troca de experiências por meio de releituras e atividades práticas de língua e literatura em
sala de aula . Os resultados revelaram que a leitura pode ser acolhida pelos alunos no
espaço-tempo da sala de aula, bem como promover um currículo que trabalha conceitos em
torno do tema da literatura afro-brasileira, permitindo a discussão de temas caros à escola
como preconceito, resistência, racismo, além de solidificar a importância da leitura de
literatura como um ensino que promove a compreensão do texto literário em seus aspectos
sócio-histórico-cultural, artístico e linguístico (Amorim et al, 2022). O aporte teórico foi
norteado por Silva (2003), Candido (2017), Macedo (2021) e Amorim et al (2022).

Palavras-chave: educação literária; literatura afro-brasileira; prática de leitura literária.

Cultura e educação: a importância da literatura indígena nas escolas

Mayam Maria Monteiro De Souza (UEA)


Mabel Araújo Da Silva (UEA)
Ellen Quirino de Sales (UEA)

Resumo: O programa Literatura Infantil e Mediação Literária: promoções de encontros entre


livros, narrativas e crianças tem por objetivo promover encontros entre as crianças, as
narrativas e os livros que oportunizem acesso à arte literária por meio dos mediadores,
promovendo encontros semanais nas escolas públicas dos municípios de Tabatinga e
Benjamin Constant, no Estado do Amazonas, para incentivar a leitura e o contato das
crianças com os livros. O projeto inclui a exploração de literatura indígena e negra,
destacando sua importância na valorização cultural e diversidade. O projeto é de suma
importância para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças, despertando
nelas o prazer pela leitura, o senso crítico, a empatia e a capacidade de expressão, além de
contruibuir para o conhecimento das crianças sobre a diversidade por meio dos livros de
histórias negras e indígenas. A literatura indígena é essencial por contribuir para a
diversidade temática, artística, de palavras e ilustraçõe, além de nos possibilitar um vasto
conhecimento sobre a cultura e histórias indígenas, especialmente porque estamos numa
região onde diversas etnias indígenas estão presentes. Brandileone e Valente destacam que a
escola é um “lugar de formar cidadãos e, portanto, lócus para promover a valorização das
matrizes culturais brasileiras e superar representações identitárias pautadas em concepções
redutoras, preconceituosas e/ou estereotipadas da cultura indígena, bem como a
invisibilidade histórica desses grupos, que se estende até os dias de hoje” (2018, p. 200). A
Literatura Indígena dá voz ás culturas e histórias dos povos indígenas, abrangendo gêneros
como poesia, contos e narativas orais. Ela preserva tradições ancestrais e aborda temas
contemporâneos como identidade e resistência, promovendo a compreensão e o respeito
pela diversidade cultural. Uma grande artista indígena da nossa região é Márcia Kambeba.
Ela é escritora, poeta, compositora. Conhecida por escrever vários livros, entre eles O
O curumim Wirá e os encantados, Cocar e Infância na aldeia, três grandes obras das quais
possuímos em nosso acervo literário e que são relevantes para trabalhar com as crianças. O
livro “O curumim Wirá” é bastante cativante, e conta a história de uma criança e seu processo
de aprendizagem. O livro é dedicado ao seu filho autista, Carlos Augusto. A construção de
um acervo com escritores e autores indígenas, com histórias protagonizadas por crianças
indígenas e seres da floresta tem povoado os momentos de mediação e contribuido para
trazer para o debate, a importância dos povos indígenas para a formação leitora das
crianças.

Palavras-chave: literatura infantil; mediação literária; literatura indígena; cultura indígena;


inclusão.

Autoria e protagonismo negro nos livros de literatura infantil

Júlia Karem De Paula Pereira (UEA)


Regiane Chota da Silva (UEA)
Rosilane Chagas da Silva (UEA)

Resumo: Ao ingressarmos em agosto de 2023 no Programa de Extensão Literatura Infantil e


Mediação literária: promoção de encontros entre livros, narrativas e crianças, fomos
orientados por professores de diversas áreas, discutindo diferentes linguagens artísticas como
a dança, a música e o teatro, para estudarmos técnicas que contribuam na organização da
contação de história, pois contar histórias não é somente ler o livro, envolve expressão,
imaginação e criação. As histórias dependem da sedução do contador/mediador para o
envolvimento das crianças. Desde o início do Programa, temos encontros semanais com nossa
orientadora Profª Dra Jocicléia Souza Printes, para estudos semanais sobre literatura infantil,
mediação literária e seleção de livros, considerando aspectos artísticos e qualidade literária.
A partir de abril de 2024, começamos o processo de mediação em uma escola de educação
infantil, na cidade de Benjamin Constant-AM. Dentro da proposta do Programa, temos o
subprojeto Afroteca: Literatura Infantil Negra, onde livros com protagonismo negro,
preferencialmente de autores negros e autoras negras, são apresentados para as crianças. A
partir do nosso acervo e trabalho desenvolvido na escola, selecionamos o livro O Black Power
de Akin, de Kiusam de Oliveira, ilustrado por Rodrigo Andrade, que trilha os caminhos da
ancestralidade africana, que com sua força e seu poder, demole o preconceito e semeia o
respeito. O livro aborda questões importantes para a construção e fortalecimento da cultura
negra. Akin é mais que um personagem, traz consigo uma grande força para o ser negro e o
orgulho de ser o que se é. O livro apresentado gerou grande expectativa e curiosidade das
crianças. Abordar à literatura negra na escola vem sendo uma experiência extraordinária,
pois traz para o cotidiano da escola personagens diversos, como a sala é diversa, podendo
assim ampliar as referências das crianças o promover o debate sobre a diversidade. A reação
das crianças mediante a uma leitura de literatura de autoria e protagonismo negro nos faz
refletir sobre a importância da diversidade do acervo literário nas escolas.
Palavras-chave: literatura infantil; mediação literária; literatura negra.

Experiência de letramento literário antirracista com alunos do 6º ano numa


comunidade quilombola.

David Da Silva Riotinto Dos Santos (UFPB)


Paulo Henrique Lima Barroso (UFPB)

Resumo: Este estudo explorou o potencial do livro paradidático: "Ei, você!: Um livro sobre
crescer com orgulho de ser negro" de Dapo Adeola, para promover o letramento literário e a
formação de leitores antirracistas em alunos do 6º ano. A pesquisa fundamentou-se na teoria
do letramento literário Cosson (2018), que enfatiza a importância da interação entre leitor e
texto para a construção de significados, e na perspectiva da formação de leitores
antirracistas Cavalleiro (2020), que visa desenvolver a consciência crítica sobre o racismo e a
valorização da diversidade. Além da motivação pela necessidade de implementar um
currículo que valorize a cultura afrodescendente e combata o racismo no ambiente escolar,
em consonância com a legislação brasileira, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) 9394/1996 e a lei 11645/2008. A metodologia empregada consistiu na
aplicação da sequência básica de Cosson, que envolve etapas de predição, leitura
compartilhada, discussão e atividades de aprofundamento. Após a leitura e discussão do
livro, os alunos foram convidados a produzir ilustrações sobre seus antepassados, como forma
de expressar sua compreensão da obra e sua conexão com a temática racial. Os resultados
da pesquisa evidenciaram o impacto positivo da leitura do livro na formação de leitores
antirracistas. Os alunos demonstraram maior compreensão sobre o racismo e suas
manifestações, além de expressarem identificação com as experiências e mensagens do livro.
A atividade de ilustração dos antepassados promoveu a reflexão sobre a ancestralidade e a
valorização da cultura afro-brasileira, contribuindo para o fortalecimento da identidade e
autoestima dos estudantes negros. A experiência demonstrou que a literatura pode ser uma
ferramenta poderosa para a promoção da educação antirracista, incentivando a reflexão
crítica, a empatia e o respeito à diversidade. A combinação da teoria do letramento literário
com a perspectiva da formação de leitores antirracistas mostrou-se eficaz para o
desenvolvimento de leitores críticos e engajados na luta contra o racismo.

Palavras-chave: letramento literário; leitura antirracista; formação de leitores críticos.


Sessão 3 - Experiências com o Livro Ilustrado:
planejamento e mediação
Coordenadoras: Ywanoska Gama (GPEL-UFRPE) e
Sandra Regina da Silva (GPEL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


Mediação de leitura de livro ilustrado: Cristiane Oliveira Santos (UFPE)
planejamento, aprendizagens e Ywanoska Maria Santos da Gama
ampliação do olhar (UFRPE)

Contação de Histórias e Livro Naliana Hidalgo Casilima (UAM)


Ilustrado: Uma Experiência Rica em Alinny da Costa Andrade (UAM)
Imaginação e Protagonismo das Cristian Isaac Rosindo Huaman (UAM)
Crianças

Reflexões sobre as contribuições do Amanda Marques de Oliveira Bargas


livro ilustrado na formação do leitor: (Prefeitura Municipal de Hortolândia)
uma experiência com o grupo de Camila Angela Carvalho de Oliveira
estudos alfabetização em diálogos (Prefeitura Municipal de Hortolândia)

Leitura de imagens e palavras: um Valéria Hernandorena (Faculdade


convite à fruição e à criação artístico- SESI de Educação)
literária a estudantes do ensino Ariane Lenk de Azevedo (Faculdade
fundamental SESI de Educação)

A educação infantil como lugar onde Edneide Maria de Lima (Escola de


a imagem fala e o corpo responde: o ensino fundamental Jany Camelo
encontro das crianças pequenas com Lima)
textos imagéticos e a expressão
corporal

Mediação de leitura de livro ilustrado: planejamento, aprendizagens e ampliação do


olhar

Cristiane Oliveira Santos (UFPE)


Ywanoska Maria Santos da Gama (UFRPE)

Resumo: A discussão sobre mediação de leitura de livros ilustrados tem ganhado força nas
discussões mais recentes a partir do reconhecimento da grande potência que o imbricado
diálogo entre texto e imagem pode representar na formação do leitor, na educação do olhar,
na ampliação de repertórios e construção de sentidos, tanto para o leitor quanto,
possivelmente em primeira mão, para mediadores de leitura que apresentam obras dessa
natureza aos leitores. Essa é uma via de mão dupla, na construção de leitores críticos, que vai
exigir do mediador de leitura não apenas sensibilidade, mas planejamento cuidadoso, atento
aos vários entrelaçamentos de imagens, palavras, projeto gráfico, abertura à diferentes
leituras, considerando que as possibilidades oferecidas pelo livro ilustrado ultrapassam a
dimensão do texto escrito, sendo fundamental conhecer vários aspectos que o compõem
para uma exploração profunda, possibilitando que durante a mediação de leitura possam ser
mobilizadas diferentes alternativas que contribuam para aguçar o leitor a explorar o
entrecruzamento desses elementos que apontam mais entrelinhas do que se pode imaginar.
Com base nos estudos de Nikolajeva e Scott (2011), Linden (2011), Chambers (2023) e Bajour
(2012 e 2023), apresentamos o relato de experiência com a mediação de leitura do livro
Onde vivem os monstros, uma obra-prima de um dos pioneiros do livro ilustrado, o norte-
americano Maurice Sendak (1928-2012). O relato parte da experiência desenvolvida pela
primeira autora com a mediação dessa obra em diferentes contextos (escolares e não
escolares) e das discussões e estudos desenvolvidos em parceria com a segunda autora, nos
processos de formação de mediadores de leitura onde têm atuado juntas. A partir da
reflexão sobre os desafios de planejar e realizar a mediação de leitura dessa obra,
discutiremos elementos fundamentais apontados pelos autores estudados que possibilitam a
ampliação do olhar e redimensionamento dos caminhos de construção dos sentidos do texto
e que apontam para uma necessidade de estudos e formação que contemplem a dimensão
teórica, estética e dialógica que esse gênero exige.

Palavras-chave: livro ilustrado; mediação de leitura; leitura literária.

Contação de Histórias e Livro Ilustrado: Uma Experiência Rica em Imaginação e


Protagonismo das Crianças

Naliana Hidalgo Casilima (UAM)


Alinny da Costa Andrade (UAM)
Cristian Isaac Rosindo Huaman (UAM)

Resumo: O programa de extensão Literatura infantil e Mediação Literária: promoção de


encontros entre livros, narrativas e crianças é uma oportunidade de conhecimento e
aprofundamento do debate sobre os mais diversos tipos de livros literários infantis, para que
assim, possamos promover encontros com crianças para que elas tenham oportunidades de
apreciar e fruir na leitura literária. Somos um trio e nos encontramos uma vez na semana na
escola para apresentar livros e fazer a contação de histórias para criança. Nos deparamos
em sala de aula com um grande interesse pela ilustração da história “Os Olhos do Jaguar”,
livro do autor indígena Yaguarê Yamã, amazonense do povo Maraguá e ilustrado pela
professora e arquiteta pernambucana Rosinha. Foi um livro que encantou, apresentando
animais da Amazônia, alguns que elas não conheciam. A apreciação de cada um com um
olhar de curiosidade pelas ilustrações e muitas perguntas feitas se entrelaçava com o
interesse pela história, mas puxado pelas ilustrações vibrantes e contagiantes. Moraes (2020)
explica que as práticas como leitura e contação de histórias com imagem valorizam o
protagonismo das crianças, ampliando sua capacidade leitora, de modo que elas trilhem na
linguagem escrita e no visual. Saramago (2011) destaca a valorização e a importância das
ilustrações, acolhendo o enriquecimento das experiências de leitura e que ajuda a contar as
histórias de diversas maneiras envolventes, que também completam a narrativa, criando um ar
visual que dialoga com o texto, transmitindo as emoções e os cenários descritos nos livros. É
uma experiência muito significativa o trabalho com a mediação das histórias para as crianças
a partir dos mais diferentes livros que temos no nosso acervo. Percebemos que a história se
destaca quando contém ilustrações atraentes e diferentes técnicas, que não se parecem com
os traços que vemos mais comumente em livros considerados infantis. As crianças se
interessam mais quando o livro tem qualidade artísticas nas ilustrações. Tem sido gratificante
presenciar a curiosidade, interesse e participação nas leituras, no desenvolvimento das
habilidades linguísticas e a apreciação que elas têm pela ilustração dos livros, o que
certamente ampliará a capacidade de ver o mundo. Vemos que elas são capazes de recriar e
criar suas próprias histórias a partir das histórias que elas já conhecem e das histórias que
estamos apresentando. A curadoria dos livros com qualidade literária, pensando o livro como
arte, tem sido fundamental para o nosso trabalho e o envolvimento das crianças com a
proposta.

Palavras-chave: literatura infantil; mediação literária; contação de histórias.

Reflexões sobre as contribuições do livro ilustrado na formação do leitor: uma


experiência com o grupo de estudos alfabetização em diálogos

Amanda Marques de Oliveira Bargas (Prefeitura Municipal de Hortolândia)


Camila Angela Carvalho de Oliveira (Prefeitura Municipal de Hortolândia)

Resumo: O presente relato de experiência tem como objetivo apresentar algumas das
reflexões tecidas em um grupo de estudos de alfabetização, na perspectiva discursiva,
acerca das contribuições do livro ilustrado na formação do leitor na educação infantil e no
ensino fundamental I. Este relato consiste em um estudo exploratório realizado pelo GRUPAD
(Grupo de Estudos Alfabetização em Diálogos), um subgrupo do GEPEC (Grupo de Pesquisas
e Estudos em Educação Continuada) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
composto por professores, coordenadores, diretores, supervisores e formadores de
professores advindos tanto de escolas públicas quanto de escolas privadas. O grupo em
questão reúne-se quinzenalmente de forma híbrida para estudar coletivamente assuntos
inerentes à alfabetização e à formação do leitor. Por ser um grupo colaborativo, a cada
encontro todos são convidados a organizar e conduzir o próximo encontro, a pensar na pauta
e construí-la de maneira coletiva a partir das dúvidas e das necessidades trazidas pelos
integrantes do grupo. Este relato é o resultado deste estudo colaborativo, realizado em dois
encontros do segundo semestre de 2023, nos quais foram desenvolvidas atividades que
possibilitaram a reflexão, a análise, o aprofundamento, a discussão, a seleção e a mediação
de leitura de livros ilustrados visando correlacionar a teoria com a prática (práxis). Como
fundamentação teórica utilizou-se as contribuições de Colomer (2007), Reyes (2013), Cosson
(2014), Ramos (2011), Dalcin (2018), Gouveia e Rea (2021), Bakhtin (2007; 2017); Linden ( 2018)
entre outros.Desta forma este trabalho pretende compartilhar como a experiência de leitura
de livros ilustrados na formação de professores e como a mediação da leitura desses livros
repercutem significativamente na valorização da literatura, na ampliação da percepção do
livro em suas diferentes linguagens e materialidades, no desenvolvimento da fabulação, na
linguagem oral, na sua apreciação, e, principalmente, na formação leitora das crianças.
Como resposta aos encontros formativos foi observado por parte dos participantes uma maior
apreciação estética bem como melhoria do nível conceitual sobre as características do livro
ilustrado no que tange a linguagem textual, a linguagem visual e o designer.

Palavras-chave: literatura infantil; livro ilustrado; formação de professores.

Leitura de imagens e palavras: um convite à fruição e à criação artístico-literária a


estudantes do ensino fundamental

Valéria Hernandorena (Faculdade SESI de Educação)


Ariane Lenk de Azevedo (Faculdade SESI de Educação)

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo descrever e analisar a relação dos alunos de
uma turma do quinto ano do Ensino Fundamental I com a leitura e os recursos imagéticos em
uma escola localizada na Zona Norte da cidade de São Paulo. Tal observação surge do
contexto da residência educacional no curso de licenciatura em Linguagens da Faculdade
SESI de Educação, a qual forma professores por área de conhecimento, privilegiando, dessa
forma, o entrelaçamento entre os estudos de língua e artes. O acompanhamento do cotidiano
escolar dos estudantes possibilitou o exame das diferentes estratégias empregadas por
professores e demais atores da escola para o incentivo à leitura, assim como a percepção de
quais processos foram mais exitosos no período em observação, de um ano. De forma
específica, portanto, o trabalho privilegiou a constatação da importância das imagens no
processo de letramento literário dos estudantes dessa turma. Tal relação foi observada a
partir de reflexões sobre duas situações aqui descritas, sendo a primeira "Leitura coletiva e
audiovisual", acerca de uma sequência envolvendo o Mito de Prometeu e recursos de imagem
e vídeo, e a segunda situação, "Contação de histórias", com enfoque sobre sequência
didática que envolveu os livros O Vazio, escrito e ilustrado por Anna Llenas (2018) e O
desenho do mundo, escrito por Eliana Cruz e ilustrado por Estevão Ribeiro (2022). Os dois
livros apresentam diferentes técnicas de ilustração, como desenho, pintura e colagens, porém
têm em comum em sua feitura traços e composições que se assemelham às produzidas por
crianças. Constatou-se, nessa pesquisa, que obras como essas possibilitam uma aproximação
com os estudantes, os quais se sentem convidados a participar da criação artística. Além
disso, com base nas reflexões tecidas sobre os momentos de ensino-aprendizagem, percebe-
se o processo de apreensão e fruição que se intercala entre imagem e texto verbal, a fim de
enriquecer o repertório interpretativo dos educandos. Foi possível observar como uma
perspectiva de ênfase sobre os multiletramentos colaborou também, nesse contexto, para o
letramento literário dos estudantes. Como suporte teórico, os autores utilizados foram: Abreu
(2018), Barbosa e Barros (2015), Dalvi (2020), Freire (1989), Nunes e Gomes (2014), Silva
(2020) e Oliveira (2020).

Palavras-chave: leitura; ilustrações; ensino fundamental; experiência.

A educação infantil como lugar onde a imagem fala e o corpo responde: o encontro
das crianças pequenas com textos imagéticos e a expressão corporal

Edneide Maria de Lima (Escola de Ensino Fundamental Jany Camelo Lima)

Resumo: O que move um pesquisador? O que faz uma pessoa sair da sua zona de conforto
para fazer uma pesquisa no qual passará noites em claro em frente a uma tela de
computador? Em meio a esses questionamentos, foi preciso tomar novo fôlego, escavar e
escovar as histórias da mente, uma vez que a pesquisa se passou entre 2013 e 2014 quando
fui lecionar na Escola de Ensino Fundamental Jany Camelo Lima, lócus da pesquisa, situada
na zona rural do município de Arapiraca, interior de Alagoas e me deparei com o acervo
literário presente na escola que contemplava apenas os jovens. Foi somente no início de 2014
que começaram a chegar à Escola livros de histórias do Programa Nacional de Bibliotecas na
Escola (PNBE) , que consideravam as crianças pequenas por causa de seus recursos
multimodais. O despertar para a pesquisa se deu a partir dos estudos realizados no curso
“Leitura e expressão corporal na sala de aula, que fez parte do Projeto de pesquisa “Leitura
em Cena” ministrado pela professora Eliana Kefalás de Oliveira, cuja oferta foi resultado de
uma parceria entre a Universidade Federal de Alagoas-UFAL, o Curso de Letras do Campus I
da Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, que percebi um encantamento dos alunos pelas
imagens, a forma como as crianças usavam voluntariamente o corpo e os gestos para
recontar as histórias que poderiam resultar que culminou no meu Trabalho de Conclusão de
Curso. A metodologia utilizada consistiu em uma pesquisa qualitativa, um exemplar de uma
Linguística Aplicada indisciplinar conforme argumenta Moita Lopes (2006), , e tem como
ponto de partida a experiência da pesquisadora, suas vivências sócio históricas para analisar
seu objeto e assim gerar dado e efeitos de sentidos. No desenvolvimento do trabalho foi
necessário fazer gravações em vídeos dos alunos recontando histórias, observando por fim
que ao fazê-lo as crianças realizaram performances corporais e durante a apresentação oras
se tornavam narradores, oras se transformava em personagem ou os dois juntos. [...] Não é
somente a face de quem conta que expressa algo, é o corpo todo. É esse corpo que é
entregue à história, que dramatiza e se torna consciente (WUO;RAMOS, 2014). Assim, os
resultados sinalizaram que os recursos semióticos constituíram uma relação dialógica do
aluno com o livro, pois o educando conseguiu através da imagem, da voz, dos gestos e dos
movimentos reconstruir os fatos da narrativa.

Palavras-chave: literatura infantil; performance corporal; linguística aplicada.


Sessão 4 - Experiências com o livro ilustrado e
formação de professores(as)
Coordenadoras: Jéssica Máximo Garcia (GPEL-
FACULDADE SESI) e Cristiane Abreu (GPEL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


A visualização como estratégia de Thayanne Araujo Camilo (UFPB)
leitura literária: um relato de Daniela Maria Segabinazi (UFPB)
experiência de estágio supervisionado
II

Literatura infantojuvenil no curso de Kleber Ferreira Costa (UPE)


Pedagogia: uma experiência de Shirley Eduarda de Lima Silva (UPE)
construção coletiva de sequência Laryssa Nunes Vilarim (UPE)
básica Dzenifer Milica Rocha Vuletic (UPE)

O trabalho com a literatura infantil na Emily Adriani Alves


formação docente, a partir do olhar Cyntia Graziella Guizelim Simões
do residente pedagógico sob a Girotto
orientação do preceptor Maíra Izabel Zibordi
(FFC Unesp de Marília -SP)

A experiência no programa de Mayra Dos Santos Ipuchima (UEA)


extensão Literatura Infantil e Kelbert Felipe Da Silva Gois (UEA)
Mediação Literária

A visualização como estratégia de leitura literária: um relato de experiência de


estágio supervisionado II

Thayanne Araujo Camilo (UFPB)


Daniela Maria Segabinazi (UFPB)

Resumo: O presente trabalho é um relato das experiências vividas no estágio supervisionado


II no curso de Letras - Língua Portuguesa da Universidade Federal da Paraíba (CCHLA/UFPB).
Este relato objetiva compartilhar conhecimentos teóricos e metodológicos que foram
colocados em prática na educação básica, a fim de evidenciar os procedimentos da língua e
da literatura por meio da leitura de um livro ilustrado. A partir das observações realizadas nas
aulas de Português na Escola Municipal de Anos Finais Tharcilla Barbosa da Franca,
localizada em João Pessoa (PB), foi possível colocar em prática e desenvolver nos alunos os
mecanismos das estratégias de leitura que ocorrem durante a leitura de um texto, como a
visualização e a inferência (Girotto e Junqueira, 2010). Adotando a sequência metodológica
do antes, durante e depois proposta por Isabel Solé (2014), foi feita a leitura do livro ilustrado
Milov imagina o mundo, de Matt de la Peña (2021) de maneira coletiva e pausada. Em
determinados trechos da leitura, foi solicitado para que os alunos imaginassem as descrições
que o personagem Milo estava narrando, sem mostrar as ilustrações. Nesse momento, os
alunos teriam que visualizar mentalmente as cenas descritas e desenhá-las para concretizá-
las e ao fim da leitura compartilhar com a turma. A escolha dessas duas estratégias se
justifica pelo fato que a visualização é inferência de significados, por isso visualizar também é
uma forma de inferência. Com essa prática de leitura, observa-se que a visualização
juntamente com a inferência dos alunos partiu de um lugar-comum do imaginário da
literatura infantil (Bettelheim, 2002). Essa afirmação se confirma devido aos desenhos que
foram feitos terem relação com o cenário dos contos de fadas, pois a descrição de uma
ambientação onde determinado personagem está situado, fez com que os alunos buscassem
em suas memórias imagens que já foram vistas anteriormente, como por exemplo o castelo de
uma princesa e a carruagem de abóbora. Assim, na realização desse projeto de intervenção
de estágio supervisionado, foi percebido que as estratégias de leitura acontecem de maneira
automática sem que percebamos, no entanto, ao fazer uma leitura mediada, elas podem ter
mais significação e aprofundamento, auxiliando a compreender melhor o texto. Logo, é
possível afirmar que as imagens que foram criadas pelos alunos leitores por meio da
visualização e inferência são pessoais e carregam consigo memórias de suas infâncias,
tornando a prática de leitura engajada e participativa

Palavras-chave: leitura literária; livro ilustrado; estratégias de leitura; visualização.

Literatura infantojuvenil no curso de Pedagogia: uma experiência de construção


coletiva de sequência básica

Kleber Ferreira Costa (UPE)


Shisley Eduarda de Lima Silva (UPE)
Laryssa Nunes Vilarim (UPE)
Dzenifer Milica Rocha Vuletic (UPE)

Resumo: O componente curricular Literatura infantojuvenil no curso de Pedagogia da UPE é


um espaço de conhecimento dos processos do letramento literário e da construção de
práticas pedagógicas voltadas à formação do leitor literário infantil e juvenil. Neste sentido,
este relato apresenta uma experiência de construção de sequência básica (Cosson, 2014)
com a obra “O monstro da caatinga” (obra que explora o tema sertão, meio ambiente e seus
impactos, e o desenvolvimento sustentável) de Socorro Lacerda (autora local). Como aporte
teórico, tomamos como referência as discussões propostas por Aguiar & Bordini (1993), Aguiar
et al. (2001), Paulino (2004; 2010), Paulino e Cosson (2009), Cosson (2006; 2014), Colomer
(2007; 2015), Larrosa (1996), Yunes (2009; 2016), Zilberman (2003; 2014), dentre outros(as). A
atividade iniciou com o estudo teórico dos fundamentos do letramento literário e das partes
que compõem a sequência básica (Cosson, 2014). Em casa, os alunos receberam a obra
infantojuvenil “O monstro da caatinga” por meio digital e realizaram a leitura. Na aula
seguinte, por meio da mediação do professor, os estudantes realizaram o compartilhamento
da obra em roda de conversa. Em seguida, eles foram divididos em quatro grupos (1.
Motivação, 2. Introdução, 3. Leitura e 4. Interpretação) para retomar os conceitos que
constituem a sequência básica e apresentar propostas pedagógicas usando a obra literária
(O monstro da caatinga) como suporte de análise e intervenção. O produto final se constituiu
pela produção de uma sequência básica coletiva elaborada pelos estudantes do 5º período
de Pedagogia, apresentado em seminário com uso de powerpoint. Como conclusão, a
experiência serviu para entender o lugar da literatura no ensino fundamental, enquanto
espaço que explora a função lúdica e estética do texto literário (Souza, 2016), além da
educativa, que em muitas abordagens aparece mais centralizada que as outras e se
confunde com a exploração dos descritores do currículo.

Palavras-chave: literatura infantojuvenil; letramento literário; sequência básica.

O trabalho com a literatura infantil na formação docente, a partir do olhar do residente


pedagógico sob a orientação do preceptor

Emily Adriani Alves (FFC Unesp de Marília -SP)


Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto (FFC Unesp de Marília -SP)
Maíra Izabel Zibordi (FFC Unesp de Marília -SP)

Resumo: Este trabalho revela o olhar do Residente Pedagógico, sob a orientação do


preceptor, no trabalho com a literatura infantil, na formação docente. Essa experiência
aconteceu em uma Escola Municipal de Educação Infantil, no município de Marília-SP, que
possui um Projeto Político Pedagógico (PPP) pautado na Teoria Histórico Cultural (THC) e
princípios de Celestin Freinet. A vivência ocorreu por meio do Programa de Residência
Pedagógica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho- UNESP de Marília, em
parceria com a instituição já citada. O objetivo é relatar a experiência de uma residente que
observou e tateou o trabalho de uma preceptora, em uma turma de Infantil II, com 25
crianças, com idade entre cinco e seis anos, no período de 18 meses. Trabalho este,
encharcado de experiências literárias que contribuíram para a formação docente desta
residente. As experiências aconteceram na própria escola, e foram direcionadas pela
professora preceptora. Foi possível observar o contato das crianças com a literatura infantil
através das seguintes propostas: projeto intitulado “Passaporte da Leitura”, das proferições e
leituras feitas pela professora e pelas regências de demais residentes, pautadas em obras de
Literatura Infantil. Os resultados apontam a importância de uma formação docente que
aconteça no chão da escola, junto com um profissional já formado e atuante, além das
contribuições que a literatura infantil trouxe em todo este processo de preparação para
docência. O Referencial Teórico escolhido aborda princípios de Freinet, e contribuições da
literatura infantil na perspectiva de autores como: Bajard, Cynthia Girotto e Renata Junqueira.
Desta forma, procura-se expor a importância de um ato de formação responsivo, além das
inúmeras contribuições que a Literatura Infantil têm em todo este processo. Sendo assim, é
muito importante relatar experiências, como esta, diretamente ligadas na parceria que ocorre
entre a instituição formadora e o local de prática da profissão, a fim de desenvolver uma
formação integral.

Palavras-chave: educação; literatura infantil; formação docente.

A experiência no programa de extensão Literatura Infantil e Mediação Literária

Mayra Dos Santos Ipuchima (UEA)


Kelbert Felipe Da Silva Gois (UEA)

Resumo: Acadêmicos da Universidade do Estado do Amazonas, no Centro de Estudos


Superiores de Tabatinga), participamos do Programa de Extensão Literatura Infantil e
Mediação Literária: promoção de encontro entre livros, narrativas e crianças, sob a
responsabilidade da Professora Dra. Jocicleia Souza Printes. Nosso programa tem objetivo de
promover encontros entre as crianças, as narrativas e os livros que oportunizem acesso à
apreciação, fruição e encantamento com a arte literária, oportunizando ainda, a ampliação
da formação acadêmica dos estudantes da Licenciatura em Pedagogia. Ao irmos para as
escolas públicas, podemos possibilitar uma aproximação da relação entre Universidade,
escolas e comunidade, no município de Tabatinga e Benjamin Constant, no interior do
Amazonas. O Programa também objetiva ampliar o acesso ao acervo nacional e internacional
da literatura infantil, com ênfase especial na literatura com representatividade negra e
indígena. Nos primeiros encontros do programa, a orientadora disponibilizou livros teóricos
para os membros do programa conhecerem o mundo da Literatura Infantil, seus livros
clássicos, qualidade literária; estrutura física de um livro e as ilustrações, propondo discussões
teóricas. Professores convidados trabalharam literatura, música e teatro, ampliando as
discussões para as mediações nas escolas. Os acadêmicos são divididos em grupos ou duplas
para mediarem nas escolas das redes Municipais e Estaduais. Nossa dupla atua na Escola
Estadual Duque de Caxias, e o primeiro livro apresentado com recurso na escola para as
crianças foi o Monstro das Cores, de Anna Llenas, um livro que fala sobre as emoções. Foi
perceptível o interesse das crianças, pois é um livro onde elas podem participar, e como havia
a imagem dos monstros e as cores, elas puderam tocar e também conforme a história era
contada, podiam contextualizar seus relatos, compartilhando o que elas conheciam e sentiam
sobre cada emoção. De acordo com a Rocha (2023) é necessário trabalhar com as crianças
para elas entenderem e acolherem suas emoções. Para que tenham uma infância mais leve e
tranquila e cresçam adultos mais confiantes, precisam sentir diferentes emoções, como medo,
amor, tristeza, raiva e alegria. Bettelheim (2002) defende que por meio dos contos, as
crianças vivenciam emoções que posteriormente, ajudarão a lidar com os acontecimentos da
vida real. Apresentar livros com qualidade literária e que apresentem história que as crianças
possam se envolver emocionalmente contribui para a formação leitura e emocional, ajudando
na formação psíquica da criança. Para nós, esta experiência tem sido de muito aprendizado
e cheia de significados.

Palavras-chave: literatura infantil; mediação literária; criança; emoções.


Relatos de experiência

31/10 - Tarde (16:00 às 18:00)

Sessão 5 - Experiências com o livro ilustrado na


Educação Infantil
Coordenadoras: Magda Dezotti (GPEL-UEMG) e
Elisabeth Melo (GPEL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


Giovanna Bilar Rodrigues (UENP)
Imaginar e viajar pelo mundo:
Vitória Cristina Paesca (UENP)
experiências e possibilidades
Geuciane Felipe Guerim Fernandes
(UENP)

Fernanda dos Anjos Araújo (UEA)


Bruxa, bruxa, venha à minha festa:
Jocicleia Souza Printes (UEA)
uma experiência de mediação
Daiane Almeida dos Santos
literária nos anos iniciais do ensino
(UEA/CSTB)
fundamental

Patrícia Maia Souza (CEMEI Hortência


"Como é legal lá no fundo do mar":
Corina Ferreira)
Produção literária a partir de projeto
investigativo

Thatiane do Nascimento Castro de


Frescas literárias: espaço para o
Oliveira (UNESP - Campus de São
protagonismo dos bebês na educação
José do Rio Preto)
infantil

Projeto literário “A galinha Ruiva”:


Elizabete da Silva Carniel (Prefeitura
Reflexões sobre a vida e a morte
Municipal de Arroio do Sal- RS)

Imaginar e viajar pelo mundo: experiências e possibilidades

Giovanna Bilar Rodrigues (UENP)


Vitória Cristina Paesca (UENP)
Geuciane Felipe Guerim Fernandes (UENP)

Resumo: Ler é viajar pelo mundo da imaginação e do faz de conta. A literatura infantil
proporciona prazer pelos livros e as experiências significativas garantidas pela mediação
intencional do professor faz com que as crianças se encantem e desenvolvam necessidades
leitoras, contribuindo na formação do leitor. O objetivo do presente trabalho é relatar a
experiência de um momento de leitura em sala de aula com um livro ilustrado, que buscou
proporcionar às crianças o encantamento pela possibilidade de reflexão e imaginação por
meio do objeto “livro”. Logo, compreende- se que as crianças “merecem livros literários de
qualidade e uma relação íntima com esse objeto cultural, nas mais diversas possibilidades”
(Gonçalves, 2019, p.43). Dessa forma, ler literatura infantil de maneira intencional para as
crianças, pensando em espaços e tempos de qualidade é proporcionar o desenvolvimento de
funções psíquicas como a imaginação, criação, curiosidade e criatividade e criar
necessidades e prazer pela leitura. Ao mediar a leitura do livro “Júlia: viajando o mundo”, uma
narrativa que apresenta uma viagem através da imaginação da personagem principal, que
conhece diversos modos de vida ao redor do mundo por meio da fantasia e troca de
experiências. A leitura foi realizada com crianças pequenas de 4 a 5 anos de idade, no
cantinho específico para realizar leituras em sala de aula. Para o ambiente ficar mais
aconchegante foi disposto um tapete e oferecido uma almofada para cada criança. Os
mediadores disponibilizaram o livro para que as crianças tivessem contato com as ilustrações.
Dessa maneira, foi possível observar que crianças se mostraram entusiasmadas e empolgadas
no decorrer da leitura do livro. Por meio da literatura infantil, observamos que essa oferece e
provoca novas ideias, interações e emoções, surgindo vários relatos como: “Eu também posso
viajar o mundo lendo um livro? Eu gosto de comida Japonesa, quero visitar o Japão! Eu prefiro
ir ao sítio! Já vi um canguru no celular da minha mãe e ele mora no livro?!”. Por fim, esse
trabalho permitiu compreender que o desenvolvimento através da leitura proporciona
aprendizagem e experiência significativa de vivência de mundo.

Palavras-chave: literatura infantil; imaginação; educação infantil.

Bruxa, bruxa, venha à minha festa: uma experiência de mediação literária nos anos
iniciais do ensino fundamental

Fernanda dos Anjos Araújo (UEA)


Jocicleia Souza Printes (UEA)
Daiane Almeida dos Santos (UEA/CSTB)

Resumo: O Programa de Extensão Literatura infantil e Mediação Literária: promoção de


encontros entre livros, narrativas e crianças tem por objetivo promover encontros entre
crianças, as narrativas e os livros que oportunizem acesso à apreciação, fruição e
encantamento com a arte literária e é realizado em escolas públicas de educação infantil e
anos iniciais do ensino fundamental nos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, no
Estado do Amazonas. A literatura infantil é essencial na formação emocional e cognitiva das
crianças. Cadermatori (2010) destaca que essa literatura deve proporcionar prazer estético e
cultural, desenvolvendo a imaginação e o senso crítico. O livro Bruxa, Bruxa, venha à minha
festa ilustra isso, cativando as crianças com uma narrativa cheia de suspense e surpresas,
onde criaturas assustadoras revelam-se crianças fantasiadas e personagens de contos de
fadas. Segundo Bettelheim (2002), os contos de fada ajudam as crianças a lidarem com
medos e conflitos internos. Bruxa, Bruxa venha a minha festa é um livro que conta a história
de uma festa onde vários personagens são convidados a festejar e pode ser lido com
participação das crianças, pois desperta emoções como medo e coragem e permite às
crianças explorarem e entenderem suas próprias emoções de maneira segura e divertida.
Quando iniciamos a mediação literária na escola, as crianças reagiram muito bem aos livros
que apresentamos. No entanto, desde o início, pediam uma história de terror e a partir da
nossa curadoria, selecionamos o livro “Bruxa, Bruxa, venha à minha festa”. No dia que levamos
e mostramos o livro, foi uma explosão de sentimentos, reações e uma atenção muito grande,
afinal, era o tipo de livro que eles estavam pedindo há um bom tempo. No inicio da história, já
observamos inúmeras caretas de medo e tensão, a história estava rolando, as páginas
passando até que em determinado momento, um babuíno horrendo apareceu e tirou gritos e
gargalhadas das crianças. No final, ao conversarmos sobre as impressões a respeito da
história, uns disseram que apesar dos monstros, tinha sido muito legal e outros já não
gostaram, relatando que não queriam mais ouvir esse tipo de história. Sandroni & Machado
(1998, p,15) explicam que “através dos livros tem-se o aumento do prazer de imaginar coisas.
A partir das historias, a criança começa a reconhecer e também interpretar suas experiências
vivenciadas na vida real.” Por isso, livros que trabalham temas que envolvem emoções são tão
necessários para as vivências cotidianas das crianças.

Palavras-chave: literatura infantil; mediação literária; emoções.

"Como é legal lá no fundo do mar": Produção literária a partir de projeto investigativo

Patrícia Maia Souza (CEMEI Hortência Corina Ferreira)

Resumo: As crianças pequenas são curiosas por natureza e o incentivo à pesquisa precisa ser
preservado fomentado. Os projetos investigativos constituem uma ferramenta pedagógica
fundamental na educação infantil, pois promovem o desenvolvimento integral da criança,
estimulando a curiosidade, a autonomia e o pensamento crítico. Ao investigarem temas do
seu interesse, os pequenos aprendizes constroem conhecimentos de forma ativa e
significativa, como preconizado por Vygotsky (1984), que enfatiza o papel da interação social
na construção do conhecimento. Na pré-escola I as crianças costumam sugerir temas que
fazem parte de sua realidade ou de sua imaginação. Como havíamos saído de um projeto
investigativo realizado no primeiro bimestre, as crianças foram questionadas sobre o próximo
tema do projeto e grande parte sugeriu o fundo do mar e seus animais. Respeitando a opinião
da turma, iniciou-se às pesquisas com o intuito de sanar as dúvidas e curiosidades das
crianças, além de tratar de temas relevantes relacionados ao meio ambiente e preservação
da vida marinha. Essa abordagem pedagógica, além de promover o desenvolvimento
cognitivo, contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados com o
mundo ao seu redor. O universo marinho exerce um fascínio singular sobre as crianças,
despertando sua curiosidade e imaginação. A pesquisa sobre o fundo do mar, ao instigar a
curiosidade infantil, ofereceu uma rica oportunidade para a prática interdisciplinar. Iniciamos
a pesquisa com textos informativos, tendo como fontes enciclopédias e livros didáticos. A
confecção de brinquedos com materiais recicláveis também foi uma prática recorrente, pois
as crianças vivenciaram a importância da sustentabilidade e desenvolveram habilidades
manuais e criativas, alinhadas aos princípios do Currículo Referência de Minas Gerais. Brincar
com esses brinquedos, seguindo regras adaptadas ao contexto local e às necessidades dos
pequenos, promove o aprendizado colaborativo e o respeito ao meio ambiente, contribuindo
para a formação de cidadãos conscientes e críticos. A sensibilização da turma por meio da
literatura infantil dentro do tema proposto foi o ponto de partida para a produção de
poemas. Divididos em grupos, as crianças escolheram sobre um animal e relataram de forma
poética suas características. Assim surgiu o livro “Estrela-do-mar e outros poemas marinhos”
que foram apresentados pelas crianças às suas famílias com direito a autógrafo dos
pequenos poetas. A experiência de ouvir e produzir poemas foi extremamente significativa,
estimulando a imaginação, a sensibilidade e a construção de um repertório linguístico rico e
diversificado.

Palavras-chave: projeto; poemas; pesquisa.

Frescas literárias: espaço para o protagonismo dos bebês na educação infantil

Thatiane do Nascimento Castro de Oliveira


UNESP / IBILCE (Campus de São José do Rio Preto)

Resumo: O presente trabalho tem como propósito destacar as práticas organizadas pela
professora autora, apresentadas como relato de experiência, que promoveram o
protagonismo literário dos bebês no cotidiano de suas turmas, tanto nos espaços internos
quanto externos à sala de referência. As práticas descritas, tem como público alvo duas
turmas de Berçário 1, composta por 18 bebês (2023) e 12 bebês (até agosto de 2024) de
quatro meses a um ano e meio de idade de uma escola municipal de São José do Rio Preto –
SP. O contato com livros faziam parte da rotina diária dos bebês (Brasil 2010, 2017), sendo
constantemente disponibilizados exemplares de qualidade literária em um espaço acolhedor
e convidativo. Esses livros ficavam ao alcance dos bebês para que pudessem manipulá-los e
explorá-los conforme suas próprias iniciativas e interesses, ampliando seus repertórios,
possibilitando conforme Cabrejo-Parra (2014) mergulhos em universo particular, possibilitando
descobertas e trocas extremamente valiosas entre eles. Além disso, despertavam o prazer
pelas diversas possibilidades que os livros oferecem, colaborando de maneira intrínseca para
a formação de futuros bons leitores. Além do espaço interno, aconteciam com frequência as
chamadas “frescas literárias” que são possibilidades organizadas ao ar livre, com o objetivo
de oferecer um ambiente acolhedor, repleto de boas opções literárias, proporcionando
momentos propícios para o contato com a natureza e com os livros. Dessa forma, as
possibilidades de escolha permitiram maior intimidade entre os bebês e os livros, garantindo-
lhes o direito de acesso a esse bem cultural e a aproximação com outras realidades, culturas
e histórias. As histórias eram apresentadas às crianças por meio de leituras de colo, em
pequenos e grandes grupos, servindo como uma ponte para a comunicação dos bebês com o
mundo, como postula Pezani (2019). Esses momentos faziam parte dos cotidianos das turmas
e eram oferecidos regularmente, através de convites lançados pela professora autora, que
utilizava mudanças no tom de voz, criava suspense ou fazia perguntas para despertar a
curiosidade do grupo. Conforme o interesse das crianças, elas tinham liberdade para
aceitavam ou não o convite. Como parte da documentação desse processo, alguns registros
das vivências literárias resultaram em vídeos compartilhados com os pais e responsáveis, além
de mini-histórias que narravam as diversas aprendizagens dos bebês. Esses registros foram
exibidos em exposições ao longo do ano, garantindo a visibilidade das aprendizagens das
crianças, o direito das famílias de acompanhar seu desenvolvimento, além de espaço de
apreciação para toda a comunidade escolar.

Palavras-chave: Fresca literária; protagonismo dos bebês; ampliação cultural.

Projeto literário “A galinha Ruiva”: Reflexões sobre a vida e a morte

Elizabete da Silva Carniel (Prefeitura Municipal de Arroio do Sal- RS)

Resumo: Este trabalho foi realizado no ano de 2022 com uma turma de 3º ano do Ensino
Fundamental, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Governador Leonel Brizola, no
munícipio de Arroio do Sal/RS. A turma era composta por 21 estudantes que haviam acabado
de perder a professora titular em uma morte súbita. A dor e o luto tomaram conta da escola e
como fui escolhida para assumir a turma no lugar da falecida professora, senti a necessidade
de dialogar sobre aspectos emocionais e sobre o surgimento da vida, através da literatura.
Em paralelo a isso, surgiu a ideia de criar um projeto para estimular a aprendizagem através
da pesquisa e curiosidade dos estudantes, abrangendo todo o currículo do 3º ano. O intuito
era tentar amenizar a dor da perda. O livro escolhido como ponto de partida para o projeto
literário foi “A Galinha Ruiva” de autoria de André Koogan Breitmam. O projeto envolveu a
mediação de leitura, degustação de alimentos à base de milho e o acompanhamento do
crescimento dos pintinhos. Após a leitura da história, a professora de ciências mostrou um
video sobre como nascem os pintinhos. As crianças ficaram atentas e sugiram muitas
perguntas. Um dos alunos disse que tinha um galinheiro em casa e então tivemos a ideia de
acompanhar o crescimento dos pintinhos na escola. De forma interdisciplinar, com o auxílio
da professora de ciências, trouxemos para a sala de aula uma chocadeira automática.
Depois de instalada, os 21 ovos foram inseridos no equipamento e 10 deles nasceram. Conclui-
se através deste relato que a aprendizagem se dá por meio da curiosidade e da pesquisa. A
literatura é capaz de oportunizar momentos de diálogo entre os estudantes, nos humanizar e
libertar do caos, como afirma Candido (2004). A experiência literária deixou marcas
profundas nos estudantes, que nunca mais esqueceram da galinha ruiva e seus pintinhos.

Palavras-chave: literatura infantil; projeto literário, mediação de leitura.


Sessão 6 - Experiências com o livro ilustrado:
produção e edição
Coordenadores: Denize Teis (GPEL-UTFPR) e Rafael
Silva (GPEL-PPGL/UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


Edição e publicação de livros Manuela Travasso da Costa Ribeiro
cartoneros: uma alternativa (UFPE)
sustentável e de baixo custo de
difusão da Literatura

Diferentes caminhos para a palavra: o


livro ilustrado pela perspectiva de Roberta Lima Malta
quem escreve

Floripa a pé! Relato da experiência de Douglas Menegazzi (UFSC)


co-design de livro digital locativo com Caroline Machado (UFSC)
crianças Cristina Colombo Nunes (UFSC)
Cristina Santos
Dirce Rafaelli

Assim como a poesia, a imagem Rodrigo Fischer (Universidade


Estadual da Paraíba)

Trajetórias de um fio de rio Anita Prades (UNESP)

Edição e publicação de livros cartoneros: uma alternativa sustentável e de baixo custo


de difusão da Literatura

Manuela Travasso da Costa Ribeiro (UFPE)

Resumo: A Mariposa Cartonera, editora artesanal sediada em Recife – PE surge em 2013 com
o objetivo de publicar literatura a baixo custo para facilitar a circulação de livros de
qualidade. Com base em princípios da economia solidária e envolvendo setores fragilizados
da sociedade no processo de produção, o coletivo inspirou-se no fenômeno cartonero,
movimento originado na Argentina durante a crise econômica ocorrida no fim da década de
90 como uma alternativa viável de publicação para escritores sem acesso aos meios editoriais
convencionais. A edição cartonera representa bem mais do que apenas livros. É a recusa da
histeria tecnológica. A paixão, a energia e a partilha são os valores do movimento cartonero.
Ele responde ao sismo econômico que afetou a Argentina e que afeta a cada dia um
crescente número de países. “O que é que eles nos deram? Miséria, pobreza. O que é que
lhes damos ? Livros. Para que haja um outro caminho, uma outra porta, uma outra via pela
qual seja possível passar” (Washington Cucurto). O objetivo da presente proposta de relato é
detalhar o processo de edição e publicação, bem como apresentar propostas de trabalho
pedagógico com as obras ilustradas ‘Le Petit Prince’ e ‘Manual do Pequeno Escritor’. Na
primeira, é feita uma releitura com toque brasileiro do clássico de Saint-Exupéry ilustrado
pela artista francesa Alicia Cuerva (Cosette Cartonera, Clermont-Ferrand). Na segunda obra,
a autora Ana Claudia Suriani (University College London) apresenta elementos essenciais
para desenvolver narrativas de ficção, usando como base contos tradicionais do ocidente. O
livro – que junto com a edição ‘Grimm e Perrault para ler’ compõe a série Manual do Pequeno
Escritor – também é composto por ilustrações de Alicia Cuerva e conta com atividades
práticas e exemplos para facilitar o aprendizado, voltando-se para o público a partir dos dez
anos de idade. Ambas as obras têm capas únicas de papelão reutilizado e são produzidas à
mão, contendo ilustrações coloridas no miolo.

Palavras-chave: livro cartonero; literatura cartonera; literatura infanto-juvenil.

Diferentes caminhos para a palavra: o livro ilustrado pela perspectiva de quem


escreve

Roberta Lima Malta

Resumo: Este relato de experiência começa quando, para escrever um livro ilustrado - nos
termos de Sophie Van Der Linden, uma obra “em que a imagem é espacialmente
preponderante em relação ao texto” e “a narrativa se faz de maneira articulada entre texto e
imagem” -, tendo como matéria apenas palavras, pois não sou ilustradora, reduzi um conto de
três páginas para um roteiro de páginas duplas, com projeções de muitas imagens e
pouquíssimas letras: sete frases, para ser mais específica. O resultado foi o livro Loba, em
coautoria com Paula Schiavon e publicação pela Pequena Zahar, um bom retorno de público
e crítica e uma escritora em intimidade com o deslocamento. Como reconhecer-me escritora
quando o livro que consigo construir é justamente aquele em que me abstive da palavra?
Com o pensamento em busca de pertencimentos possíveis para o sujeito que escreve livros
ilustrados, acabei encontrando rumos inusitados em minhas práticas de escrita, como o
diálogo com diversos poetas do não dizer e seus artifícios de concisão e lapidação, tais como
Alejandra Pizarnik e Abbas Kiarostami, e ressonâncias com o cinema e seus procedimentos de
escrita enquanto base para a imagem. Experimentei também a palavra em múltiplas direções,
em uma criação textual que não é compulsoriamente linear e finalizada, mas que pode se
desdobrar em anotações, textos dispersos, desenhos e dobraduras do papel. Diante da
importância e visibilidade crescente da linguagem do livro ilustrado nas produções literárias
para a infância, refletir sobre sua criação a partir do ponto de vista de quem escreve, para
que se ampliem suas possibilidades de atuação, de forma que esta não se limite à produção
de um conto em seus próprios termos, a qual imagens serão sobrepostas posteriormente, mas
que inclua novos usos da palavra em seu diálogo com a imagem desde a gênese da criação,
se configura como ação necessária para ampliar o potencial criativo desses livros tão cruciais
para a formação de leitores no Brasil.

Palavras-chave: livro ilustrado; escrita; palavra.

Floripa a pé! Relato da experiência de co-design de livro digital locativo com crianças

Douglas Menegazzi (UFSC)


Caroline Machado (UFSC)
Cristina Colombo Nunes (UFSC)
Cristina Santos
Dirce Rafaelli

Resumo: Os livros digitais, quando adequadamente projetados, podem oferecer experiências


com tecnologias educativas e literatura multimodal de modo a enriquecer habilidades de
multiletramento, autonomia e leitura crítica digital desde a infância. Dentre os recursos
multimídia e interativos dos livros digitais, o emprego de mecanismos locativos são
consideravelmente vantajosos para a aproximação de leitores nativos digitais com espaços
físicos, já que permitem, por exemplo, acesso a conteúdos de acordo com a geolocalização
ou por QR Codes em marcos físicos. Essas possibilidades parecem ainda mais interessantes
no contexto pós-pandêmico, pois podem estimular a interação social com o mundo “real” por
meio de narrativas que exploram espaços das cidades onde as crianças vivem ou transitam.
Diante disso, relatamos experiências realizadas com crianças durante a fase de pesquisa do
projeto “Floripa a pé!”, no qual visamos adaptar um livro físico sobre roteiros históricos para
crianças na capital de Santa Catarina para um formato digital, com multimídia e recursos
locativos. O foco está nas atividades de coleta de dados realizadas com crianças da 5ª série
(9 a 11 anos) de uma escola pública municipal. As atividades incluíram: a elaboração de
mapas para identificar percepções e interesses das crianças em roteiros urbanos e
paisagens; exercícios de construção de textos verbais para expressar esses interesses;
criação de personagens narrativos baseados em temáticas preferidas; e construção de senso
de autoria para relatar percursos e histórias sobre a cidade. Além disso, as crianças
participaram da leitura e avaliação de algumas telas de uma versão piloto do livro digital.
Utilizamos uma abordagem de Design Participativo, que proporciona uma metodologia
prática para o desenvolvimento de sistemas de informação alinhados aos interesses, práxis e
delimitações do público ao qual se destina. Esse método envolve a coleta, análise e
prototipação colaborativa com os usuários, neste caso, as crianças leitoras. Entre as
relevâncias, destacamos o grande interesse das crianças por mapas e a alta capacidade
expressiva e de síntese nas representações de roteiros urbanos; o interesse específico por
áreas públicas de lazer, como praças, bosques e campos de futebol; a importância de
características raciais dos personagens e por aqueles baseados em histórias ou lendas locais;
e preferências estéticas influenciadas pela cultura digital, como desenhos animados e jogos.
Por fim, relatamos como a coleta de informações irá nortear o desenvolvimento do projeto
Floripa a pé!

Palavras-chave: livro infantil; mídia locativa; roteiro literário.

Assim como a poesia, a imagem

Rodrigo Fischer (Universidade Estadual da Paraíba)

Resumo: O relato de experiência se propõe à análise do processo de composição de duas


obras: De Volta, de Ricardo da Cunha Lima, editado pela CIA das Letrinhas e lançado em
2022, e Menino que Não Faz Xixi Fica Verde, de Tino Freitas, editado pela Gato Leitor e
lançado em 2024, ambas ilustradas pelo educador e artista pernambucano Rodrigo Fischer.
Na ocasião, o ilustrador discorrerá sobre a relação entre poesia e ilustração. Diferente do
álbum ilustrado que, geralmente, possui uma narrativa, o livro de poesias requer um outro tipo
de composição de imagens tanto em relação aos textos que, embora coesos dentro de uma
estrutura total da obra, não obedecem necessariamente a uma continuidade, quanto à
composição do livro em geral, que ‘deve’ alinhavar textos, de certa forma, livres. Para essa
abordagem, o ilustrador usará como aporte teórico autores como Gianni Rodari, Amir Brito
Cadôr, Vilém Flusser, Martin Salisbury e Morag Styles e Peter Hunt. Partindo do trinômio
escrita/imagem/visualidades, o ilustrador examinará, nos livros citados, a relação intrínseca
entre a produção escrita literária e outras formas de visualidades do livro, tais como
tipografia, ilustrações, papel, cores, projeto gráfico que, unidas, compõem esse complexo e
fascinante mosaico chamado livro (de poesias) ilustrado. Além disso, este relato de
experiência se propõe a um exercício de leitura que tenta analisar o enfrentamento produzido
entre textos e imagens, invólucros de memórias, intertextos, ampliações do texto base e que
atuam como foco de compreensão para a produção de sentidos. Pretende-se, também,
contribuir nos estudos da cultura visual, aprofundando as abordagens visuais à literatura, ou
chamada aqui de visualidades, que colocam em relevo análises articuladas entre texto e
imagens, visualidades e memória. Nessa perspectiva, abordar-se-á o autor/ilustrador também
como curador na busca pela construção do livro como um artefato em que se materializam
variadas formas de visualidades.

Palavras-chave: poesia; ilustração; visualidades.

Trajetórias de um fio de rio

Anita Prates (UNESP)

Resumo: “Trajetórias de um fio de rio: narrar por imagens no contexto do livro ilustrado” é o
título da dissertação de mestrado de minha autoria, desenvolvida entre os anos de 2017 e
2019 no Instituto de Artes da UNESP. Um dos aspectos fundamentais que nortearam a
pesquisa consistia no entendimento da própria dissertação como um processo criativo que
integrasse teoria e prática. Em conjunto com o desenvolvimento das reflexões conceituais, foi
produzido um livro ilustrado infantil denominado “Fio de rio”, posteriormente publicado nas
livrarias e distribuído em escolas por meio da seleção, em 2020, no programa “Minha
Biblioteca”, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A investigação teórica que
compõe a dissertação fundamenta essencialmente a criação de “Fio de rio”, compreendido
como dispositivo de transbordamento poético da teoria. Temas como o ofício da ilustração no
contexto da narrativa visual; as possibilidades de jogo semântico entre palavras e imagens; o
papel da imaginação na construção de conhecimento; a importância social da literatura; a
imaginação como forma de resistência; bem como uma reflexão metalinguística sobre a
prática de se fazer pesquisa, reverberaram, em diversas camadas, na narrativa apresentada
em “Fio de rio”. Com uma narrativa predominantemente visual e carregando muitos aspectos
de autobiografia, “Fio de rio” traz a história de uma menina vivendo em um grande centro
urbano em tempos de seca e estiagem. Ao descobrir um singelo fio de água correndo na
borda da calçada, a protagonista percorre um passeio pelas memórias que correm por
debaixo do asfalto. A menina vivencia uma experiência de descoberta individual e coletiva
relacionada aos rios canalizados que se escondem sob as ruas da metrópole, e trilha uma
viagem imaginária que transforma completamente a maneira da criança compreender a
cidade que habita. No contexto em que “Fio de rio” se encontra permeado de relações com a
pesquisa acadêmica, a metáfora do “des-cobrimento” do potencial de água oculto pelo
concreto também reverbera em sugestões sobre o que consiste o próprio ato da pesquisa
crítica, no movimento de desvelamento e aprofundamento no que parece oculto à primeira
vista. Revelar e reavivar o rio pode dizer do jorro inesgotável da diversidade de saberes às
quais, em diversas ocasiões, se impõe uma tentativa de apagamento a partir de um cânone
colocado, feito concreto, como a única verdade possível.

Palavras-chave: imaginação; rio; livro ilustrado.


Sessão 7 - Experiências com o livro ilustrado:
resistências e mediações
Coordenadores: Miguel D’Amorim (GPEL-PPGL/UFPE)
e Ana Maria (GPEL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


Lendo livros ilustrados para entender Jéssica Andrade Guabiraba Barbosa
identidade racial na educação de (EREMSOL)
jovens e adultos

Ledeiras: leitura e resistência a Patricia Lapot Costa (UFG)


solidão pedagógica Edione Marques Da Silveira Passos
(UFG)

Interação texto-imagem na formação Eliane Bezerra da Silva


de leitores crítico Wallysson Eugênio Santos Pereira
(Universidade Estadual de Alagoas –
UNEAL)

A representação imagética e Xaiane Tatifa da Silva Luciano


simbólica do silêncio: uma análise da Marcelo Costa
relação e aplicação de temas Adryelle Marinho
fraturantes e livro ilustrado em Eu fico (UNIFAFIRE)
em silêncio

Livro de literatura afro-brasileira como


ferramenta de identidade e Hellen Vitoria De Lima Santos (UFRPE)
empoderamento: uma experiência
com crianças de 1 ano

Lendo livros ilustrados para entender identidade racial na educação de jovens e


adultos

Jéssica Andrade Guabiraba Barbosa (EREMSOL)

Resumo: A partir de uma atividade sobre contos de fadas que foi aplicada em sala de aula
anteriormente, foi percebido que a maior parte dos estudantes da Educação de Jovens e
Adultos da Escola de Referência em Ensino Médio Solidônio Leite não tinham tido contato
com leituras de livros infantis e ilustrados. Também foi trabalhado em sala de aula o racismo e
suas vertentes, dessa forma, foi pensada uma atividade que pudesse englobar a temática
com o gênero literário. Os livros escolhidos retratam a identidade racial com ilustrações, além
de releituras dos clássicos contos de fadas, trazendo personagens pretos e preocupações
que vão para além de bailes, são eles: “Amoras”, “E foi assim que eu e a escuridão ficamos
amigas” de Emicida ambos ilustrados por Aldo Fabrini, “O pequeno príncipe preto” de Rodrigo
França ilustrado por Juliana Barbosa Pereira, “Neguinha, sim!” de Renato Gama e ilustrado por
Bárbara Aquino, “O pequeno sereio”, “O pedido da fada madrinha”, “Bela, a fera, e Fernão, o
belo” e “Cinderela e o baile dela” de Janaina Tokitaka e ilustrados por Flávia Borges. Todas as
obras são de autores e ilustradores brasileiros. A atividade foi aplicada na turma do segundo
módulo da EJA, dentro da sala eles foram divididos em oito equipes e cada equipe recebeu
um livro, a leitura foi feita na íntegra e após a leitura finalizada, os estudantes apresentaram
suas obras para as demais equipes, eles tiveram que falar sobre a ilustração e seus
significados dentro da obra, o texto em conjunto com os desenhos, o contexto do livro e a
temática central que cada um traz, principalmente na escolha de personagens e os seus tons
de pele, com as releituras, eles tiveram que comparar com os textos originais que também
foram levados para sala de aula. Ao final foi feita uma reflexão sobre as obras escolhidas e a
relevância de trabalhar o tema.

Palavras-chave: leitura; ilustração; livros ilustrados; identidade racial.

Ledeiras: leitura e resistência a solidão pedagógica

Patricia Lapot Costa (UFG)


Edione Marques Da Silveira Passos (UFG)

Resumo: O grupo de estudos Ledeiras nasceu do desejo de estudar compartilhado


professoras de Educação Infantil. A partir de 2015, nos encontrávamos, quinzenalmente, para
leitura em voz alta. Estudamos várias obras, aprendendo em companhia, conceito de Oliveira-
Formosinho (2009), citado por Fochi (2019). Em fevereiro de 2021, os estudos migraram para o
virtual e criamos o @ledeiras. Recebemos pedidos para ingressar no Ledeiras, muitos com
comentários sobre não ter com quem estudar e compartilhar sua prática, revelando uma
“solidão pedagógica”; termo discutido por Izoli (2022), é o sentimento de quem não tem com
quem dialogar na escola e fala da necessidade de apoio para deixar essa solidão. Decidimos
nos juntar a professoras com desejo de aprender em companhia e abrimos uma chamada
pública, em 2022. Tomamos as primeiras decisões, pois “Sem que estivéssemos plenamente
conscientes, a mudança já estava acontecendo, pois, esse olhar, essa escuta do que é
importante no dia a dia, é algo que contagia” (Mello, Barbosa e Faria, 2018, p. 16). Optamos
por estudar obras de domínio público, dialogando com documentos normativos da Educação
Infantil, em encontros online, quinzenais, iniciados com um deleite, sendo a leitura de estudo
era feita em voz alta, com paradas previamente definidas para discussão. Ao final do
semestre faríamos um encontro presencial, para compartilhar leituras deleites. Recebemos 56
inscrições, e terminamos o semestre com 35 participantes, que avaliaram o percurso.
Enviamos elas uma carta escrita por nós. Escuta, leitura em voz alta, deleites, memórias dos
encontros e cartas, são hoje tradição do grupo. Avaliamos e decidimos manter a organização
dos encontros de estudos, sendo que todo semestre trazemos elementos novos; os deleites; o
encontro presencial; as avaliações das participantes, que norteiam a definição de temas de
estudo; as chamadas públicas, as inscrições e a divulgação pelo Instagram. As jornadas de
estudo duram um semestre. A partir de 2023, decidimos estudar livros e delimitar o número de
participantes. São 50 vagas, com 10 na lista de espera, preenchidas rapidamente todo
semestre, com pessoas de diferentes lugares do Brasil e muitas estão no grupo desde 2022, o
que leva a acreditar que tem contribuído na qualificação da prática das participantes. Nossa
esperança é que o Ledeiras oportunize a nós e outras professoras aprender em companhia,
nos apoiando para vencer a solidão pedagógica, qualificando nossa prática em favor das
crianças da Educação Infantil.

Palavras-chave: educação infantil; leitura; formação.

Interação texto-imagem na formação de leitores crítico

Eliane Bezerra da Silva (Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL)


Wallysson Eugênio Santos Pereira (Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL)

Resumo: O relato de experiência apresentado é fruto de uma atividade realizada com alunos
do curso de Licenciatura em Letras da Universidade Estadual de Alagoas, na disciplina de
Literatura Brasileira. A atividade foi desenvolvida com o objetivo de despertar o interesse dos
alunos pela leitura e escrita literária, promovendo a formação de leitores críticos e reflexivos.
Para tanto, foi utilizado o texto "Morte e Vida Severina," de João Cabral de Melo Neto, em
conjunto com sua adaptação audiovisual, produzida pela TV Escola e adaptada por Miguel
Falcão. A proposta foi interagir passagens do texto literário com situações cotidianas dos
alunos, ampliando a experiência leitora e estimulando a criação artística. O referencial
teórico que embasa a atividade está ancorado nas noções de leitura literária como prática
formativa e na relação entre texto e imagem como potenciais multiplicadores de sentidos. A
escolha do texto "Morte e Vida Severina" foi motivada por sua reconhecida qualidade
literária e pela capacidade de ressoar com a realidade vivida pelos alunos. A versão
audiovisual da obra foi selecionada pela sua riqueza polissêmica, que facilita a transposição
do mote severino para o contexto cotidiano dos estudantes, integrando, assim, o universo
literário ao dia a dia. A experiência foi estruturada em quatro etapas principais: (1) motivação
e primeira leitura através da animação; (2) discussão coletiva sobre a obra, promovendo uma
reflexão sobre a vida severina; (3) contextualização sobre o autor e a produção literária de
João Cabral de Melo Neto; e (4) produção textual e artística pelos alunos, que consistiu na
criação de poemas inspirados na obra lida e na sua ilustração. Os resultados apontam para
um significativo engajamento dos alunos, que demonstraram uma maior sensibilidade e
compreensão crítica tanto do texto quanto das imagens associadas. A relevância da
experiência reside na capacidade de integrar a literatura e as artes visuais como ferramentas
pedagógicas para a formação de leitores mais conscientes e criativos.

Palavras-chave: leitura literária; produção artística; formação crítica.


A representação imagética e simbólica do silêncio: uma análise da relação e
aplicação de temas fraturantes e livro ilustrado em Eu fico em silêncio

Xaiane Tatifa da Silva Luciano (UNIFAFIRE)


Marcelo Costa (UNIFAFIRE)
Adryelle Marinho (UNIFAFIRE)

Resumo: A presente pesquisa intitulada "A representação imagética e simbólica do


sentimento do silêncio: uma análise da relação e aplicação de temas fraturantes e livros
ilustrados em "Eu fico em silêncio "" foi construído pelo a partir de um relato de experiência
vivenciado a partir da especialização em Literaturas: Infantil Juvenil e Brasileira, realizado na
disciplina de Literatura Infantil Brasileira. Nesse contexto, o estudo tem como objetivo
apresentar a pesquisa construída nessa disciplina, tendo como foco de aprofundamento a
concepção de livro ilustrado e a sua relação com temas os fraturantes, bem como, a sua
relevância no que concerne a aplicação desse tipo de narrativa para o universo infantil. Para
essa pesquisa foi utilizado como base teórica os autores Linden, Souza, Gutfreund, Salisbury e
Styles, para concepções de livro ilustrado, enquanto que para noções de temas fraturantes
utilizou-se Lira. Nesse sentido, a pesquisa busca realizar uma breve linha do tempo, no que
concerne a história da literatura infantil e suas temáticas. Com isso, o trabalho utilizou-se da
metodologia de cunho bibliográfica para essa análise temporal. A partir disso, pode-se
verificar que na contemporaneidade o uso de temas fraturantes tornou-se cada vez mais
comum, o que corrobora para que ocorra uma quebra da perpetuação do seguinte
pensamento: "as crianças necessitam serem protegidas dos temas sociais sensíveis". Com
isso, nota-se que ao ser trabalhadas essas temáticas em diferentes áreas da vida da criança,
o responsável pelo mediação contribuirá para que a criança tenha uma nossa da realidade
mais crítica e consequentemente posso se identificar com a história abordada. Diante do
estudo em sala de aula, verificou-se que o uso do livro ilustrado corrobora para o
conhecimento crítico, consciente e reflexivo da criança leitura. Logo, a leitura de livros
ilustrados com temáticas fraturantes atrelados a uma mediação de leitura coesa e coerente
torna o processo de leitura mais sensibilizado e instrutivo.

Palavras-chave: literatura infantil; livro ilustrado; temas fraturantes.

Livro de literatura afro-brasileira como ferramenta de identidade e empoderamento:


uma experiência com crianças de 1 ano

Hellen Vitoria De Lima Santos (UFRPE)

Resumo: Este relato de experiência descreve uma prática pedagógica afrocentrada


implementada com crianças de 1 ano em uma creche municipal em Recife. O projeto teve
como objetivo primordial promover o reconhecimento e a valorização da identidade negra
desde a primeira infância, utilizando a literatura afro-brasileira como ferramenta fundamental
para essa abordagem. A escolha de livros que retratam a cultura e as vivências da população
negra é um passo significativo para que as crianças possam se ver representadas e
reconhecidas em suas próprias histórias. A fundamentação teórica do projeto se apoiou em
autores como Conceição Evaristo (2016), Lélia Gonzalez (1988) e Muniz Sodré (2002), que
discutem a importância da cultura afro-brasileira e suas contribuições para a formação
identitária. Conceição Evaristo, em suas obras, enfatiza a necessidade de narrativas que
reflitam as experiências e a resistência dos povos afrodescendentes, permitindo que as
crianças se conectem com suas raízes culturais. Lélia Gonzalez aborda a interseccionalidade
das questões de raça e gênero, oferecendo um olhar crítico sobre a educação e a
necessidade de um currículo que valorize a diversidade. Muniz Sodré, por sua vez, discute a
construção da identidade negra através da comunicação e da expressão cultural, salientando
a relevância das práticas artísticas na formação do sujeito. As atividades desenvolvidas
envolveram a leitura e a apreciação de livros ilustrados que retratam personagens negros e
suas histórias. As crianças foram incentivadas a explorar essas narrativas, promovendo
discussões sobre a diversidade cultural, a autoestima e a valorização da própria identidade. A
prática também incluiu atividades lúdicas, como contação de histórias, desenhos e jogos, que
ajudaram a aprofundar a conexão das crianças com os conteúdos apresentados. Durante o
processo, foram enfrentados desafios, como a resistência inicial de alguns educadores em
abordar temas relacionados à raça e identidade, além da necessidade de adaptar as
atividades à faixa etária dos alunos. No entanto, os resultados observados foram muito
positivos. As crianças demonstraram maior interesse e curiosidade pelas histórias afro-
brasileiras, além de um aumento na autoestima e na empatia em relação a diferentes
culturas. Esse relato evidencia a importância da literatura afro-brasileira ilustrada na
formação identitária e no empoderamento das crianças, contribuindo para uma educação
mais inclusiva e representativa, que respeita e valoriza a diversidade cultural presente no
Brasil.

Palavras-chave: literatura afro-brasileira; identidade negra; primeira infância.


Sessão 8 - Experiências com o livro ilustrado: a
recepção em jogo
Coordenadores: Maria Eduarda (GPEL-UFPE) e
Esdras Dias (PPGL-UFPE)

Relatos de experiência Autores(as)


“101 Mulheres incríveis que Taila Jesus da Silva Oliveira
transformaram a Ciência”: um relato (UNIVASF)
de experiência sobre um círculo
literário

“Ser tão” em estudos


etnocartográficos em escolas Maria Letícia de Lima Martins (UFAL)
sertanejas

“Ser tão”: provocações e reações (da


paisagem estático-silenciosa à
produção de uma paisagem sonora Ismar Inácio dos Santos Filho (UFAL)
sertaneja)

“Este livro é de chorar, professora?”:


mediação de livros ilustrados na Thais de Souza Schlichting (FURB)
educação superior

“101 Mulheres incríveis que transformaram a Ciência”: um relato de experiência sobre


um círculo literário

Taila Jesus da Silva Oliveira (UNIVASF)

Resumo: O presente relato de experiência visa compartilhar reflexões construídas no âmbito


de um círculo de leitura, através do livro ilustrado “101 Mulheres incríveis que transformaram a
Ciência”, de Claire Philip, e ilustrado por Isabel Muñoz. A prática realizada semanalmente,
com alunas do Ensino Médio, do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos (CEMPA),
localizado no Bairro da Paz, em Salvador/Bahia, teve como objetivo proporcionar o debate
sobre a importância, inspiração e representatividade de mulheres cientistas e suas
contribuições para diferentes áreas do conhecimento, tais como: medicina, engenharia,
química, astrofísica, biologia, matemática (Philip, 2020). A partir das ponderações de Cosson
(2021), para quem os círculos literários compõem uma importante estratégia de letramento
literário, as discussões construídas durante os encontros buscaram reforçar a formação
identitária. das participantes, especialmente com temáticas ligadas a questões de raça e
e gênero. A escola, de acordo com Cosson (2021), é um espaço privilegiado para tais
construções, pois o encontro promovido neste ambiente gera importantes debates que irão se
tocar no devir das relações dialógicas (Bakhtin; Volochinov, 2006). Diante disso, as biografias
e ilustrações presentes no livro, de modo integrado, contribuíram para que as participantes
pudessem correlacionar as vivências das cientistas com as suas próprias experiências de vida,
dialogando com a descoberta de histórias de mulheres que foram invisibilizadas em relação
às suas criações e contribuições para a sociedade. As estudantes participantes fazem parte
de um projeto maior, denominado Garotas 4.0, uma iniciativa de docentes do Centro
Universitário SENAI-CIMATEC, em parceria com o CEMPA, cujo intuito é promover a formação
de meninas na área de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática),
ofertando oficinas e proporcionando a inserção das estudantes em segmentos como a
Engenharia e a Robótica. Sendo assim, o círculo de leitura proporcionou o questionamento
sobre quem pode produzir conhecimento e qual a importância de desconstruir padrões
estabelecidos sobre o lugar de mulheres, especialmente negras, nas Ciências.

Palavras-chave: livro ilustrado; círculo de leitura; mulheres cientistas.

“Ser tão” em estudos etnocartográficos em escolas sertanejas

Maria Letícia de Lima Martins (UFAL)

Resumo: Neste relato, discuto e problematizo minha proposta de pesquisa Mestrado, no


PPGLL-FALE-UFAL, desenvolvida a partir das discussões do Grupo de Estudos em Linguística
Aplicada/Queer em Questões do Sertão Alagoano (GELASAL), no qual refletimos acerca da
interface linguagem e território, sob as orientações de uma “Geografia Discursiva”, em
filiação à Linguística Aplicada. Nesses estudos, problematizamos produções enunciativo-
discursivas acerca de espaços-tempos-sujeitos, em especial o Sertão/Nordeste e sua gente.
Tais questões me inquietam enquanto sujeita sertaneja/nordestina. Desse cenário sócio-
político e acadêmico, submeto-me a relatar minha pesquisa (em fase inicial), na qual me
proponho a ir a campo (escolas em Delmiro Gouveia, sertão alagoano) e realizar rodas de
leitura sobre o livro literário infantil ilustrado, de 2016, intitulado “Ser Tão”, de Fábio Monteiro,
com ilustrações de Mauricio Negro, nas quais viso dialogar, dissolver estereótipos e promover
outras lições artístico-literárias territoriais a crianças do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental
Anos Iniciais (público para o qual a obra é indicada). “Ser Tão” é uma narrativa que, conforme
minha pesquisa de graduação, tomou essa obra como objeto de estudo, em Martins (2023),
(re)enuncia sentidos estabilizados sobre o(s) espaço(s) Sertão e Nordeste e mobiliza aspectos
linguístico-semióticos para manter construções imagéticas e discursivas que reafirmam
sentidos estereotipados sobre esses espaços. A proposta na pós-graduação é a de realizar
um estudo etnocartográfico, a partir de João Bittencourt (2011) e Colling (2011), visando a
produção de “crônicas de proximidade crítica” (no fazer pesquisa), em Moita Lopes e
Fabrício, 2019). Volochinov (2018) e Santos Filho (2012) são mobilizados para pensar
procedimentos de leitura interessados, como leitura possível para a proposta mencionada
acima. Dessa forma, estabeleço diálogos também com Albuquerque Jr (2008; 2011; 2016;
2017; 2019), Antunes (2012), Andrueto (2017), Besse (2014), Bossato (2023), Bunzen (2022),
Colomer (2014), Lima e Rosa (2021), Machado (2001), Martins e Souza (2021), Moita Lopes
(2006); Santos (Ataniel, 2021), Santos (Hugo, 2022), Santos Filho (2012; 2022) e Távora
(1993), dentre outres.

Palavras-chave: livro infantil ilustrado; Sertão; etnocartografia enunciação; Linguística


Aplicada.

“Ser tão”: provocações e reações (da paisagem estático-silenciosa à produção de


uma paisagagem sonora sertaneja)

Ismar Inácio dos Santos Filho (UFAL)

Resumo: A leitura de “Ser tão”, de Monteiro (2016), me provocou. Ou, essa obra me
incomodou, a ponto de gerar reações práticas. Dessa situação, este relato visa narrar e
estranhar a leitura, o incômodo e as reações a essa composição literária. Entretanto, a
posição assumida é a de refletir acerca da participação dessa obra literária infantil, ilustrada,
e suas consequências, no letramento literário-imagético territorial, não como recusa ao texto
em questão. Essa problemática nasce no Grupo de Estudos em Linguística Aplicada/Queer
em Questões do Sertão Alagoano (Gelasal), que se preocupa em investigar a interface
“linguagem e território”, a partir da noção de que o discurso é espacializante, conforme
Albuquerque Jr. (2008). A leitura da obra, por um homem adulto, vivendo no sertão alagoano,
interessado nos estudos sobre território, concluiu que esse texto cria artisticamente uma
“paisagem estática” para o espaço sertão: vegetação rasteira, árvores quase sem folhas,
caminho de um rio que insiste em não mais nascer, céu sem nuvens, sol intenso, menino de
olhos e choro secos, onde tudo falta – um lugar deserto – onde até o pássaro não canta e
onde não há barulho de vento. Incomodado com essa produção espacial, tive algumas
reações: a) fotografei e filmei a paisagem sertaneja alagoana (a partir de um passeio por
quase 100km de rodovia), b) inseri o livro como objeto de estudos em uma disciplina em um
curso de Letras, c) orientei um TCC que tomou o livro como objeto de reflexão (Martins, 2023)
e d) fiz um curso sobre paisagem sonora. No curso, a partir de Bialetto (2018a; 2018b), em
tratamento de duas cenas audiovisuais (das filmadas, item a)), produzi uma paisagem sonora
sertaneja, com base na ideia de “inscrições sonoras textuais” – um processo subjetivo-
imaginativo, poético e político. Essa última ação se configura como uma reação de
enfretamento à escrita de uma paisagem estática, e silenciosa. Quero, então, em dialogo
com Andrueto (2012), Bossato (2023), Bunzen (2022), Colomer (2014), Goh (2022), Macedo
(2021) e Portugal (2020), discutir minhas considerações acerca desse processo e pensar o
papel do livro literário infantil ilustrado na formação de crianças. Todo o processo me
possibilitou novas formas de compreender, experimentar, habitar e (re)pensar o espaço
sertão, a partir da sua dimensão sonora, em processos de escuta e de ressignificação.
Busquei dissolver o “Ser tão”, preocupado com as iniquidades sociais forjadas através do
preconceito de lugar, em específico contra o sertão, o Nordeste.
Palavras-chave: “Ser tão”; literatura infantil ilustrada; Linguística Aplicada; paisagem sonora;
letramento literário-territorial

“Este livro é de chorar, professora?”: mediação de livros ilustrados na educação


superior

Thais de Souza Schlichting (FURB)

Resumo: Ao longo da graduação, a leitura geralmente assume o papel de meio de construção


de conhecimentos declarativos a respeito de temas variados daquela área do saber. Mesmo
em cursos nos quais tecnicamente figura a literatura de forma cotidiana, como Letras e
Pedagogia, a leitura se volta à função do “ler para aprender” sobre um tema, uma área, um
construto ou “ler para fazer” alguma outra ação, como uma análise de teoria literária.
Inserida neste contexto e com anseios de que a literatura pudesse chegar aos estudantes
como formação estética, forma de fruição e humanização, a autora deste relato passou a
levar livros ilustrados para contar aos estudantes, como uma ferramenta humanizadora, que
potencializa reflexões, interações e construções. Este relato de experiência, então, constitui-
se de uma prática empreendida ao longo de diferentes disciplinas as quais a autora lecionou
para uma turma de graduação em Letras, na Universidade Regional de Blumenau (FURB), em
Santa Catarina. Durante essas disciplinas, da área da Linguística, foram inúmeros livros
ilustrados, clássicos e contemporâneos, que a autora levou à turma. Pautada em autores da
área da educação literária, como Bajour (2012; 2023), Andruetto (2017) e Colomer (2007), a
autora criou um hábito com aqueles que, a rigor, não seriam o público-alvo dos livros
ilustrados: estudantes de graduação. Quando a aula iniciava com outra prática que não a
mediação do livro ilustrado, os estudantes passaram a pedir “mais uma história”. Após a
leitura de “A cabine telefônica do Sr. Hirota”, de Heather Smith e ilustrações de Rachel Wada,
na qual muitos estudantes se emocionaram, a turma passou a sempre perguntar, ao início de
cada mediação, se “este livro é de chorar?”. Ao longo dos semestres juntos, a mediação de
livros ilustrados ganhou uma proporção tão significativa aos estudantes que foi levada
também às práticas de estágio supervisionado na educação básica, além disso, os próprios
estudantes se propuseram também a selecionar e fazer a mediação de livros ilustrados à
turma, na graduação. Atualmente, com esta turma já graduada em Letras, são muitos os
relatos que a professora recebe dos ontem estudantes e hoje professores que levam livros
ilustrados a seus alunos da educação básica.

Palavras-chave: educação superior; mediação em leitura; leitura literária.


Comunicações orais

31/10 - Tarde (14:00 às 16:00)

Sessão 2 - Aspectos estéticos e étnico-raciais


Coordenadores: Miguel D’Amorim (GPEL-UFPE) e
Esdras Dias (PPGL-UFPE)

COMUNICAÇÕES ORAIS Autores(as)


Poesia, intermidialidade e ilustração:
figurações do sagrado afrobrasileiro Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)
em Poemas para ler com as palmas,
de Edimilson de Almeida e Maurício
Negro

O livro ilustrado infantil na educação


literária decolonial: perspectivas para Willian Francisco de Moura (UPF)
formação de leitores nos Anos Iniciais Gabriel Dias Vidal Azevedo (UNB)
do Ensino Fundamental

Presenças negras na literatura infantil:


a leitura de crianças quilombolas do Marcia Silva Lica (USP)
Maranhão

Um convite a descortinar a
racialização do menino negro na Darlize Teixeira de Mello (Ulbra)
literatura infantil na obra “O amigo do Angela Maria Pinheiro
rei”, de Ruth Rocha

A colonialidade do saber em histórias


de Tia Nastácia, de Monteiro Lobato: Marcos Vinicius Rodrigues (UFGD)
vias para a justiça cognitiva

Poesia, intermidialidade e ilustração: figurações do sagrado afrobrasileiro em Poemas


para ler com as palmas, de Edimilson de Almeida e Maurício Negro

Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)

A comunicação analisa a seção “Orixás”, do livro Poemas para ler com palmas, do poeta
mineiro, Edimilson de Almeida Pereira, com ilustrações do artista plástico Maurício Negro,
publicado em 2017. Trata-se de um conjunto de oito poemas: “Exu”, “Ogum”, “Iansã”, “Xangô”,
“Iemanjá”, “Omolu” e “Oxalá” e de seus respectivos símbolos sagrados, desenhados pela
técnica do desenho livre em xilogravura. Primeiramente, discute-se o conceito de ilustração
como submídia (Clüver, 2011) de um texto-fonte e como um elemento específico de atuação e
coprodução do sentido do texto verbal. Em seguida, comenta-se como a ilustração opera
uma transposição midiática (Rajewsky apud Clüver, 2011) do texto verbal para o visual e suas
aporias (Clüver, 2006). Na sequência, discute-se como a ilustração no livro de Edimilson,
enquanto gesto midático, coloca a imagem submetida ao critério de sucessividade, uma vez
que ela traduz um texto verbal pré-existente (Hoek, 2006). Por outro lado, evoca-se a imagem
que acompanha cada poema, tomada como mídia de representação, como propõe Elleström
(2017), quando a relação apresenta uma natureza icônica e amplia os sentidos do poema.
Nessa perspectiva, a ilustração é concebida como imagem que acompanha um texto e
assume os seguintes aspectos: a) ícone, quando imita a aparência visual de um objeto; b)
índice, ao apresentar uma relação de causa e efeito com o objeto que representa; c) símbolo,
quando apresenta significados convencionais, isto é, estabelecidos culturalmente, por
convenção (Camargo, s.d, n.p). A partir desses marcos referenciais, discutem-se que aspectos
do processo intermidiático o corpus poemático da referida seção e obra são postos em
evidência pela ilustração. Preliminarmente, a análise revelou o predomínio da
pragmatografia, ou seja, descrição de coisas (Hansen, 2006) atribuídas ao panteão sagrado
africano e que na transposição intermidiática da ilustração indica a opção pela
referencialidade ao símbolo sagrado de cada orixá e consequente figuratividade e
literalidade.

Palavras-Chave: poesia brasileira; ilustração; sagrado; Edimilson de Almeida Pereira.

O livro ilustrado infantil na educação literária decolonial: perspectivas para formação


de leitores nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Willian Francisco de Moura (UPF)


Gabriel Dias Vidal Azevedo (UNB)

A formação literária de leitores nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, doravante (AIEF),
perpassa questões pedagógicas, estéticas e interculturais. Nesse contexto, este estudo teve
como objetivo investigar como a perspectiva decolonial pode contribuir para a formação de
leitores literários nos AIEF, explorando os elementos multimodais de livros infantis, bem como
práticas pedagógicas que promovam a diversidade cultural, a desconstrução de estereótipos
e a valorização de narrativas marginalizadas na seleção de textos literários. Desse modo, a
pesquisa está fundamentada nos pressupostos teóricos de autores como Walsh (2012, 2014,
2015, 2023), Candau (2010, 2011); Chartier (1998); Petit (2009, 2013); Kress e van Leeuwen
(2006) e Colomer (2007). Do ponto de vista epistemológico, esta investigação enquadra-se
na área dos Estudos decoloniais sobre formação de leitores. Quanto aos seus objetivos,
classifica-se como uma pesquisa bibliográfica interpretativa. Além disso, também é uma
pesquisa-ação (Thiollent, 2011). Quanto à abordagem do problema é do tipo qualitativo.
Nesse contexto, a pesquisa foi realizada em uma turma de 5º ano dos AIEF, de modo que
foram abordadas nos momentos de acolhimento, as obras ilustradas infantis “O Pequeno
Príncipe” (1943), de Antoine de Saint-Exupéry e “O Pequeno Príncipe Preto” (2020), de
Rodrigo França. A partir do trabalho cotidiano com esses textos, foram propostas discussões
relacionadas à desconstrução de estereótipos, à diversidade étnica e racial brasileira, aos
diálogos interculturais. Esses debates tiveram como suporte tanto as narrativas dessas
histórias infantis como também as ilustrações que compõem ambas as obras, pois as
ilustrações são mecanismos multissemióticos que auxiliam na construção de sentidos do texto.
Os registros do trabalho foram feitos em diários de campo e nos planejamentos das aulas da
turma. Logo, concluímos que a formação de leitores literários nos AIEF sob uma perspectiva
decolonial visa não apenas ampliar o repertório literário dos estudantes, mas também
desenvolver neles uma consciência crítica e um senso de justiça social, preparando-os para
serem cidadãos mais conscientes e engajados em um mundo diverso e complexo.

Palavras-chave: literatura Infantil; decolonialidade; leitor literário.

Presenças negras na literatura infantil: a leitura de crianças quilombolas do Maranhão

Marcia Silva Lica (USP)

A literatura infantil tornou-se um gênero com diversidade na sua composição gráfica,


estética, temática, na autoria e na editoração, dentre outras especificidades que a definem e
a qualificam, sendo uma ferramenta importante na formação dos leitores desde a mais tenra
idade. No Brasil tem sido campo de pesquisas e de pautas políticas nos contextos
educacionais e culturais, dado que seu acesso é um direito humano. Nessa direção, este
estudo em andamento busca investigar como um grupo de 10 crianças com idades entre 8 a 11
anos moradoras de duas comunidades quilombolas da micro região da Baixada Ocidental do
Maranhão, recebem, leem e interpretam obras literárias infantis com “presenças negras”,
indicando suas identificações raciais, territoriais e sociais. Designamos livros com tais
presenças aqueles em que há no texto ilustrações assim como personagens, cenários,
estéticas e aspectos narrativos da linguagem advindos da linguagem oral e escrita da
população negra. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, com atividades de campo
caracterizadas pela pesquisa-ação, usando pressupostos de base etnográfica. Para tal,
foram realizadas atividades de mediação de leitura e leitura compartilhada partindo de um
acervo de livros ilustrados previamente organizado pela pesquisadora. Os referenciais
dialogam com estudos da infância, educação, psicologia, literatura e relações étnico-raciais,
dentre os quais citamos, por exemplo, Assis Duarte, Debora Araújo, Regina Dalcastagnè,
Willian Corsaro, Nilma Lino Gomes, Neuza Santos, Antonio Candido, Paulo Freire, Jorge Larrosa
e outros (as). Partimos da hipótese de que as interpretações das crianças sobre os livros
podem suscitar novas análises de critérios estéticos e discursivos e permitir, processualmente,
reflexões sobre seu pertencimento étnico-racial, letramento racial e sobre possível ferramenta
para efetivação da Lei nº 11.645/08, fundamental para o enfrentamento e a superação do
racismo.

Palavras-Chave: literatura infantil; crianças quilombolas; negritudes.

Um convite a descortinar a racialização do menino negro na literatura infantil na obra


“O amigo do rei”, de Ruth Rocha
Darlize Teixeira de Mello (Ulbra)
Angela Maria Pinheiro

Este estudo objetiva analisar e comparar a obra literária “O amigo do rei” de autoria da
escritora Ruth Roch, a partir de dois projetos gráfico: um da editora Ática, de 1997, ilustrado
por Eva Furnari e outro, da editora Salamandra, de 2009, ilustrado por Cris Eich. Tal estudo
faz parte de um recorte de um projeto de pesquisa de doutorado, em andamento, intitulado
“Curadoria Literafro: olhares e tensionamentos pedagógicos para uma educação antirracista
na rede municipal de Fortaleza/CE”, que visa conhecer e analisar as obras literárias infantis
com temáticas afros e afro-brasileiras do acervo das bibliotecas escolares municipal de
Fortaleza/CE enquanto pedagogia cultural antirracista, com vistas a problematizá-lo e
potencializá-lo. Os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa situam-se no campo dos
Estudos Culturais, utilizando como abordagem teórico-metodológica a análise cultural,
baseada no circuito da cultura. Para a análise do artefato cultural foi realizado um recorte
das imagens das obras literárias que melhor gerassem possibilidades de comparação e
tensionamento relativos à representação racializada. Os conceitos de identidade, diferença e
representação corroboraram para a análise, considerando os estudos de Hall (2000; 2010) e
Silva (2000). A oportunidade de analisar o projeto gráfico das obras, através da análise
cultural, fez descortinar algumas construções, algumas metanarrativas sobre o racismo,
considerando a análise das imagens. Observou-se quanto as representações são oriundas de
produções de imagens que formam identidades e que acabam por representá-las tomando
por critério os seus códigos culturais. A mesma obra de literatura infantil “O amigo do rei”,
que trouxe um lugar estereotipado para o menino negro em 1997, foi o livro que reverteu este
estereotipo na versão de 2009, contestando um regime racializado de representação. É
interessante observar que já em 1997, na primeira versão desse livro, Ruth Rocha fala sobre um
menino negro que pode ser rei, deslocando o lugar subalterno desse menino e seus
estereótipos, apesar das muitas questões apresentadas nas imagens analisadas no presente
estudo. Após dezesseis anos esta obra é reformulada e traz uma nova narrativa visual, apesar
do seu texto verbal ser o mesmo. Vem mostrar a literatura infantil como um espaço identitário,
de luta, de resistência, um lugar político e de valorização da História e da Cultura Afro e afro-
descendente como obriga as leis 10.639/03 e sua atualização na 11.645/08.

Palavras-Chave: representação; racialização; literatura infantil afros e afro-brasileira.

A colonialidade do saber em histórias de tia Nastácia, de Monteiro Lobato: vias para a


justiça cognitiva

Marcos Vinicius Rodrigues (UFGD)

Originalmente publicado em 1937, Histórias de Tia Nastácia (2018) é uma das duas obras de
folclore brasileiro escritas por Monteiro Lobato. Nela, a partir da personagem Tia Nastácia,
demonstra-se majoritariamente a exposição de textos da tradição oral popular brasileira,
textos estes que são inferiorizados em detrimento a textos de matriz europeia por Pedrinho,
Narizinho e Emília. Tendo essa obra de Monteiro Lobato por corpus, esta pesquisa pretende
analisar este processo de inferiorização, visto na obra, a partir do conceito de colonialidade
do saber (Quijano, 2005). Ao lado disto, esta pesquisa objetiva demonstrar, a partir das
discussões sobre pensamento abissal (Santos, 2009), como tal inferiorização, no texto
lobatiano, acaba por invisibilizar tradições não-eurocêntricas. Desta forma e visando uma
justiça cognitiva (Santos, 2009), ambos estes objetivos têm sua finalidade em mostrar como
há uma necessidade de descolonização (Grosfoguel, 2009) do pensamento que perpassa
Histórias de Tia Nastácia (2018), descolonização esta que pode ser dada por meio de um
pensamento pós-abissal (Santos, 2009) e liminar (Mignolo, 2003). De tal modo, a metodologia
desta pesquisa dá-se mediante o estudo bibliográfico, leitura seletiva, interpretação e
recolha — no livro Histórias de Tia Nastácia de Monteiro Lobato (2018) e em teóricos tais quais
Aníbal Quijano (2005), Boaventura de Sousa Santos (2009), Ramón Grosfoguel (2009), Walter
Mignolo (2003), Marisa Lajolo (1993) e Raquel A. da Silva (2009) — de passagens e eixos
temáticos que melhor expressam as questões aqui abordadas. Por resultados, percebe-se que
o processo de inferiorização das histórias populares brasileiras, visto no livro de Lobato (2018),
se mostra sintoma da colonialidade do saber (Quijano, 2005) e engendra o apagamento da
tradição do folclore nacional. É claro que não é possível reescrever a obra de Lobato, porém,
necessita-se que sua leitura tente superar esta matriz colonial invisibilizadora que apaga as
culturas não-eurocêntricas. E isto pode ser feito a partir de um pensamento pós-abissal
(Santos, 2009) e liminar (Mignolo, 2003).

Palavras-Chave: epistemologia liminar; literatura infantil; literatura decolonial.


Sessão 3 - Verbo-visualidade, juventudes e recepção
Coordenadoras: Elisabeth Melo (GPEL-UFPE) e Donizete
Silva (PPGLE-UFPE)

comunicações orais Autores(as)


Rosa: em tra(n)çados de humanidade Eliane Maria Diniz Campos (UERJ)

Os devaneios da menina Clarice: uma Ana Luiza Borges Batista Santos (UFU)
análise do surrealismo presente na
obra Clarice de Roger Mello

Estudo dos recursos semióticos na


construção da obra ‘Inês’: uma leitura Veronica Pereira Coitinho Constanty
das relações interpessoais entre (Unioeste)
personagens e leitores permeadas
pela trágica temática do amor
proibido

Da minha janela: um livro ilustrado e Elisabeth Maria de Melo


as múltiplas vozes de estudantes do Kellyson Wesley da Silva
8º ano

Escalar a página entre(pousos): Barbara dos Santos (UNESP)


álbuns e livros de artistas

Rosa: em tra(n)çados de humanidade

Eliane Maria Diniz Campos (UERJ)

A obra de João Guimarães Rosa (1908-1907), escritor mineiro pós modernista, já rendeu um
sem-número de pesquisas e estudos acadêmicos. Devido à inquestionável qualidade e
potência de sua produção, pesquisadores do mundo todo se debruçam sob seus textos com
a finalidade de fazer investigações psicanalíticas, literárias, filosóficas, teológicas, entre
outras. No entanto, justamente pela vasta diversidade da produção desse escritor, pouco se
nota a exploração da potencialidade criativa dessa literatura em meio ao universo infanto-
juvenil, menos ainda se percebe o esgotamento na verificação do valor pedagógico e
humanista de suas histórias. Talvez pela complexidade de alguns de seus textos, talvez pelo
limitado conhecimento sobre algumas publicações ilustradas que podem abrir frestas de
compreensão e entendimento para este mundo rosiano, as pesquisas nesse campo ainda são
escassas. Nesse sentido, esta comunicação tem por objetivo analisar dois livros: Fita verde
no cabelo, de João Guimarães Rosa, com ilustrações de Roger Mello (1965 -), publicado pela
Editora Nova Fronteira, em 1992 e Rosa, de Odilon Moraes (1966 -), com texto e ilustrações
desse ilustrador, publicado pela Olho de Vidro, em 2017. Há a intenção de se perceber o
entrosamento entre a narrativa e as imagens (linguagem verbal e não verbal); aspectos de
consonâncias e dissonâncias entre fluxo sintático e fluxo pictórico; as perspectivas dos
ilustradores segundo o contexto de produção de quando compuseram esses trabalhos;
análise de estilo de cada um; contribuições pedagógicas possíveis desses lançamentos. Em
termos de referencial teórico, serão utilizados críticos culturais como Edward Said (1935-
2003); críticos da obra de João Guimarães Rosa como Marli de Oliveira Fantini (UFMG) e
especialmente Vilém Flusser (1920-1991), exímio estudioso da obra de Rosa. Ademais, artigos e
outros estudos que buscaram compreender sobre a trajetória artística de Roger Mello e
Odilon Moraes também serão acessados.

Palavras-Chave: Guimarães Rosa; ilustração; humanismo.

Os devaneios da menina Clarice: Uma análise do surrealismo presente na obra Clarice


de Roger Mello

Ana Luiza Borges Batista Santos (UFU)

Partindo da leitura do livro de literatura juvenil de Roger Mello, Clarice, ilustrado por Felipe
Cavalcante que também foi responsável pelo projeto gráfico e publicado em 2018, pretende-
se analisar o surrealismo presente na obra a partir das ilustrações, por isso, pretende-se
analisá-la também. A obra Clarice, narra um período da vida de uma menina que está no
caos da ditadura militar brasileira, o livro é narrado em primeira pessoa e tanto as ilustrações
quanto o texto transpassam todos os silêncios e a angústia da menina. A narrativa cria, por
meio da ilustração, figuras abstratas e desfiguradas, como uma planta com olhos vigilantes
no tronco e folhas em formato de uma mão monstruosa, que representam a mente dessa
menina e seus devaneios. Sendo assim, analisaremos o surrealismo presente na ilustração. Os
aparatos teóricos para esta análise serão, a obra de Maria Nikolajeva e Carole Scott, no livro
sobre ilustração e modalidade (1951) Teresa Colomer (2017) sobre fundamentos e
características da literatura infantil, Luis Camargo Ilustração do Livro Infantil (1995), o artigo
de Dante Tringali, Dadaísmo e surrealismo (1990), e também o artigo de Flávio Carvalho (1956)
que será usado como aparato teórico para o surrealismo, Maria Martins: e o desejo
imaginante (2021) será usado como aparato para análise da obra surrealista, O Impossível
(1945), presente na obra por meio de uma intertextualidade, também o artigo de Lúcia Grossi
dos Santos (2002), Robert Ponge (2004) sobre o surrealismo no Brasil na década de 1920 e
1950. O surrealismo não acontece apenas nas ilustrações, mas também na intertextualidade
presente no texto, ele transforma e absorve os certos silêncios e os devaneios os
transformando em surrealistas. Compreende-se que Felipe Cavalcante e Roger Mello criaram
através da ilustração surrealista expor tudo aquilo que atormenta a mente de Clarice, sua
angústia e sua confusão acerca do período ditatorial e seus silêncios.

Palavras-Chave: literatura juvenil; surrealismo; silêncios.


Estudo dos recursos semióticos na construção da obra ‘Inês’: uma leitura das relações
interpessoais entre personagens e leitores permeadas pela trágica temática do amor
proibido

Veronica Pereira Coitinho Constanty (Unioeste)

O atual cenário educacional requer mudanças quanto à noção de letramento, fazendo-se


necessário um deslocamento da linguagem verbal, tida como uma única forma de
representação, para uma visão mais ampla de linguagem (Grupo de Nova Londres, 1996).
Dentro desse escopo, o livro infantil e juvenil ilustrado constitui uma importante ferramenta
para a aprendizagem das diferentes formas de letramentos (Painter, Martin, Unsworth, 2013,
Lewis, 2001), uma vez que ele é uma forma de texto bimodal no qual as ecolhas dos recursos
semióticos utilizados, tanto no modo visual quanto no verbal, tem igual relevância para a
criação de significados. Tendo em mente tais aspectos, apresentamos o estudo da relação
entre os referidos modos textuais presentes no livro infantil Inês (Mello e Massarani, 2015),
vencedor do prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil do ano de 2016, na
categoria ‘Criança Hors-Concours’. A fim de conduzir tal estudo, toma-se como presuposto
teórico a Gramática do Design Visual (Kress e van Leeuwen 2006) e a proposta de Painter,
Martin e Unsworth (2013) que, com base nessa Gramática e na Gramática Sistêmico
Funcional (Halliday, Matthiessen, 2004) delineiam a noção de intermodalidade, ou seja, os
referidos autores trazem uma proposta para a análise das narrativas encontradas em livros
infantis e juvenis que permite lançar um olhar mais profundo sobre a relação intersemiótica
entre os modos textuais e visuais. Considerando-se que a temática da narrativa é constituída
por uma história de amor trágica, observou-se como a temática foi desenvolvida pelo texto
visual e pelo texto escrito a fim de chegar ao público infantil e juvenil. De maneira geral, foi
possível verificar que o texto verbal é construído por meio de um poema, o qual, juntamente
com as ilustrações criam um tom enérgico à narrativa, sendo que ambos se complementam
para construir as relações de poder, amor e traição que permearam o fatídico destino de Inês
de Castro. Dessa forma, buscou-se apresentar as possibilidades interpretativas advindas do
estudo dessa relação, para, a partir das mesmas, traçar reflexões a respeito das
contribuições que o livro infantil, visto sob uma perspectiva sistêmico funcional, pode trazer
acerca do letramento multimodal.

Palavras-Chave: recursos semióticos; relações interpessoais; letramento multimodal.

Da minha janela: um livro ilustrado e as múltiplas vozes de estudantes do 8º ano

Elisabeth Maria de Melo


Kellyson Wesley da Silva
No âmbito escolar, percebemos poucas pesquisas com livros ilustrados no Ensino Fundamental
II e de como tais obras literárias podem trazer aos estudantes experiências, vivências e ricos
diálogos em leituras compartilhadas (cf. Yunes, 2009). O livro “Da Minha Janela”, cuja autoria
é de Otávio Júnior, com ilustrações de Vanina Starkoff, foi publicado em 2019 pela
Companhia das Letrinhas, e em 2020 ganhou o Prêmio Jabuti na categoria de melhor Livro
Infantil. “Da Minha Janela” traz em seu formato, páginas duplas, cores, cenário e metáforas,
elementos constituintes da narrativa verbo-visual (Nikolajeva; Scott, 2011; Linden, 2018;
Salisbury, Styles; 2013; Ramos, 2020); bem como a intrínseca relação entre a linguagem
verbal e visual (cf. Nikolajeva; Scott, 2011). A narrativa verbal “Da Minha Janela” apresenta-se
breve, elíptica e incompleta, e essa incompletude é um desafio para a participação ativa,
reflexiva e crítica do leitor (cf. Bajour, 2023). A linguagem visual do livro destaca-se na
ambientação: são inúmeros detalhes descritos através das ricas ilustrações, das
intertextualidades, ampliando e expandindo o que o texto verbal descreve, e até mesmo indo
além dele. As múltiplas ilustrações das páginas duplas e sem molduras, promovem o efeito de
presença e envolvimento (cf. Nikolajeva; Scott, 2011). Autor e ilustradora apresentam o ponto
de vista de um menino-narrador que mora na favela e, da sua janela, a descreve com afeto,
emoção, encanto; com uma visão subjetiva, positiva e cheia de esperança (cf. Vasconcelos e
Ramos, 2021) - o que vai de encontro à visão da favela como lugar de violência e medo. A
partir desses componentes, o presente trabalho objetiva analisar alguns dos múltiplos
aspectos que constituem o livro ilustrado, nas perspectivas de uma educação dialógica
proposta por Freire (1967); da experiência/sentido explicitada por Larrosa (2002), e de como
os estudantes apreciaram as dimensões estéticas, temáticas e imagéticas do livro. Dessa
forma, a partir de fotografias, gravação de áudio da roda de conversa literária e de
produções textuais e visuais dos discentes, foi possível analisar os comentários dos estudantes
para alguns recursos da narrativa, tais como a metáfora visual, as cores e as posições de
diversos elementos nas páginas duplas. Em “Da Minha Janela” a favela é vista por um menino
negro como um lugar feliz, trazendo aos estudantes reflexões éticas e estéticas do lugar onde
vivem. A janela atua como uma metáfora polissêmica daquilo que se vê e daquilo que pode
ser criado a partir dela.

Palavras-Chave: livro ilustrado; educação dialógica; experiência.

Escalar a página entre(pousos): álbuns e livros de artistas

Barbara dos Santos (UNESP)

Este trabalho tem como objetivo compartilhar alguns estudos sobre álbuns e livros de artistas
baseados na experiência da pesquisadora em acervos de bibliotecas escolares durante a
graduação e, mais recentemente, no mestrado em Ensino de Artes pelo Instituto de Artes da
UNESP. As primeiras aproximações com o tema se deram ainda na graduação da
Licenciatura em Letras e se consolidaram a partir da disciplina Tópicos Especiais de
Literatura e Outras Produções Culturais (TL096) ministrada durante o 1º semestre de 2016 no
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL/Unicamp) pelo autor e ilustrador Odilon Moraes. Na
ocasião, foram propostos diferentes exercícios de experimentação para confecção de um
boneco, que contemplou a História do livro e da ilustração a partir de uma perspectiva
histórica e transversal. Este curso foi importante naquele momento, pois abriu um caminho de
possibilidades de pesquisa em livros de imagem em acervos e bibliotecas que permanece até
os dias atuais. Logo, para este recorte temático, iremos produzir algumas reflexões sobre os
livros de artista produzidos pela artista plástica Edith Derdyk (1955-) e que estão no bojo das
discussões sobre as referências fundamentais para professores de Arte no contexto escolar.
Desde 1981, Edith produz livros de artista a partir dos seus trabalhos em instalações e
performances que realiza por diferentes espaços expositivos a partir de variadas
materialidades e significados que os percursos de sua obra nos levam a trilhar. Assim, para
esta análise, iremos destacar os livros de artista Vão (1999), O que fica do que escapa (2001),
Rasuras e Fiação (2002). Cabe ressaltar que há muitos outros livros da artista, todavia, para a
presente reflexão iremos trazer algumas contribuições a partir destas obras para discutir o
livro ilustrado nos seus diferentes suportes e materialidades. Uma das questões fundamentais
nos livros de artista de Edith Derdyk é o trabalho com a palavra como experiência estética, ou
seja, propõem-se um exercício do desdobramento de um texto imagético, a partir do desenho
da escrita e da escrita do desenho. A palavra, neste âmbito, é vista como uma materialidade
fundamental no processo de feitura e produção das imagens, na qual o traçado das letras
sugere novas imagens ao leitor. Portanto, ao trazer as contribuições dos livros de artista para
as discussões sobre o livro ilustrado, pretende-se propor um trabalho por meio da ideia de
escalar como suspensão, na qual as palavras e as imagens provocam afetamentos, escapes e
vazam pelas bordas.

Palavras-Chave: experiência literária; livro de artista; processos de criação.


Sessão 4 - Aspectos estéticos e éticos: obras,
políticas e infâncias
Coordenadoras: Magda Dezotti (GPEL-UFMG) e Ana
Maria (GPEL-UFPE)

comunicações orais Autores(as)


Literatura infantil e o conto de história Thaís Oliveira Andrade (UNEB)
no processo de letramento Roseneide Passos Vitorio de Oliveira
(UNEB)

Livro bom, livro duvidoso, livro ruim: Hercules Toledo Correa (UFOP)
qualidade estética, ética e Tathiana Maria Viana
pedagógica em obras para crianças Stemler Morandi de Queiroz (UFOP)

Trajetórias e transformações nos livros Mariana Parreira Lara do Amaral


infantis brasileiros: a ascensão da (UFMG)
imagem e da materialidade na Mônica Correia Baptista (UFMG)
construção narrativa

Os livros e as crianças pequenas:


cotejos das obras “Posso ficar no Edson Rodrigo de Azevedo (Unesp)
meio” e “A sopa está pronta” de
Susanne Strasser

PNLD-Literário e agentividade no local


de trabalho: uma análise do processo Ana Maria da Silva (UFPE)
de escolha de obras literárias para o
grupo 5 da educação infantil em PE

Literatura infantil e o conto de história no processo de letramento

Thaís Oliveira Andrade (UNEB)


Roseneide Passos Vitorio de Oliveira (UNEB)

Os contos de história têm origem na antiguidade e, até hoje tem encantado as crianças,
despertando nelas um grande interesse. Sabe-se que alguns contos possuem linguagem
simples e uma simbologia já estruturada, os contos encantam e acompanham as crianças
podendo levá-las a um mundo de fantasias, de idealizações. A conexão existente entre
Literatura Infantil e contação de história permite que a criança construa sua própria
identidade, possibilitando através da linguagem oral e escrita a transmissão de
conhecimentos, estimula a afetividade e desenvolve o gosto pela leitura. Além do mais,
relacionar a Literatura Infantil a ação de contar histórias enquadra-se na capacidade de
viabilizar a interligação da criança a “outros universos”, outras culturas, outras experiências.
Partindo desses pressupostos que surge esse estudo, com intuito de discutir a luz de teóricos
sobre a substancialidade da contação de histórias e uso da Literatura Infantil para o
desenvolvimento das crianças, não as colocando somente como recurso para proporcionar o
aprendizado da leitura e escrita, mas levando em consideração a sua importância para o
desenvolvimento integral das crianças no processo de letramento. Por ser uma pesquisa de
referencial teórico e abordagem qualitativa, o estudo embasou-se em teorias de autores para
fundamentar esta pesquisa dentre eles: Coelho (2002 e 2009); Barbosa (2008); Abramovich
(2003); Cascudo(2000); Tahan (1961); Espínola (2009) e Oliveira (2009); Soares (2000); Sisto
(2001 e 2005), dentre outros, visto que ambos realizaram importantes pesquisas no que diz
respeito ao universo da Literatura Infantil e da contação de história. Conclui-se que, a
contação de história contribui significativamente para o desenvolvimento das crianças na
Educação Infantil, sendo pertinente e imprescindível a presença dessa prática no cotidiano
escolar, bem como que o educador compreenda essa importância, e pratique-a com prazer,
visto que ela auxilia na potencialização da imaginação, da concentração, da oralidade, da
linguagem escrita, contribuindo também na inserção do discente ao mundo letrado, o que
certamente tornará esses alunos futuros leitores e escritores.

Palavras-Chave: criança; aprendizagem; leitura; escrita.

Livro bom, livro duvidoso, livro ruim: qualidade estética, ética e pedagógica em obras
para crianças

Hercules Toledo Correa (UFOP)


Tathiana Maria Viana Stemler Morandi de Queiroz (UFOP)

“Livro bom é um livro cheio de surpresas, que a gente lê sem adivinhar o que vem depois.
Quando eu estou lendo e dá para saber o que vem em seguida, porque eu já li antes um
monte de coisas que nem aquelas, prefiro largar o livro.” (resposta de um adolescente, numa
escola do interior de São Paulo, dada à escritora Ana Maria Machado, durante uma conversa
com a autora, em 2005). Esse depoimento é um dos pontos de partida para as reflexões que
buscam responder a uma grande e polêmica questão: o que é qualidade na literatura para
crianças? As discussões fundamentam-se em aspectos estéticos, éticos e pedagógicos de
algumas obras selecionadas para a formação de professoras da educação infantil no âmbito
do projeto “Leitura e escrita na Educação Infantil”, uma proposta de formação em serviço, de
âmbito nacional, promovida pelo Ministério da Educação em parceria com Universidades
públicas e prefeituras municipais de todo o Brasil. O projeto também faz parte do
“Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”. De natureza bibliográfica, os resultados
preliminares da pesquisa apresentam as principais características materiais das obras
analisadas: linguagem verbal expressiva e criativa; ilustrações/imagens que ampliam os
sentidos do texto verbal; projetos gráficos e editoriais que incitam a curiosidade do pequeno
leitor, além de outras questões que proporcionam reflexões éticas e apropriações das obras
pelas unidades de educação infantil. Neste trabalho, parte das obras selecionadas para o
LEEI são comparadas a alguns livros para crianças (literários ou não) disponíveis no mercado
editorial brasileiro. Obras indicadas para o Leitura e escrita na educação infantil
selecionadas para análise: O pato, a morte e a tulipa, texto e ilustrações de Wolf Erlbruch
(Companhia das Letrinhas); Eloísa e os bichos, texto de Jairo Buitrago e ilustrações de Rafael
Yocktent (Pulo do Gato) e Se eu abrir esta porta agora, texto, ilustrações e projeto gráfico de
Alexandre Rampazzo (SESI-SP). A pesquisa recupera e analisa, ainda, resultados de práticas
pedagógicas/pesquisas de campo já realizados/as com alguns dos livros, publicados em
periódicos especializados.

Palavras-Chave: literatura para crianças; qualidade estética, leitura e escrita na educação


infantil.

Trajetórias e transformações nos livros infantis brasileiros: a ascensão da imagem e


da materialidade na construção narrativa

Mariana Parreira Lara do Amaral (UFMG)


Mônica Correia Baptista (UFMG)

Os livros ilustrados, cada vez mais frequentes no mercado editorial brasileiro, são obras
complexas, cujo modo de narrar transcende os limites verbais e convoca a visualidade e a
materialidade como recursos essenciais às leituras. Esta pesquisa, ao evidenciar o livro
ilustrado nacional na produção literária para a infância, analisou obras premiadas pela
Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, entre 1975 e 2020. Pretendeu-se
investigar as possíveis transformações ocorridas na função da ilustração, sua articulação com
o texto verbal e o objeto livro, de forma a caracterizar a constituição e identidade do livro
ilustrado brasileiro. A partir do percurso histórico da literatura infantil no ocidente, discutem-
se as especificidades do livro ilustrado, considerando-o como objeto artístico, e busca-se
identificar manifestações acerca da exploração de diferentes relações entre palavra, imagem
e objeto na produção nacional ao longo dos anos. As contribuições teóricas de Michel Melot
(2015), Odilon Moraes (2019), Sophie Van der Linden (2011), Martin Salisbury e Morag Styles
(2012), Rui de Oliveira (2008b) e Maria Nikolajeva e Carole Scott (2011) apoiaram as análises
e conclusões do trabalho. A metodologia consistiu na análise dos livros premiados nas
categorias Criança, Livro de Imagem, Melhor Ilustração e Livro Brinquedo pela FNLIJ, no
período mencionado. O exame dos dados permitiu organizar o acervo em sete categorias
principais, que evidenciam características da perspectiva do livro ilustrado contemporâneo:
1º) Texto e imagens: espaços em disputa; 2º) O silêncio da palavra e a imagem narrativa; 3º)
O design da palavra; 4º) Materialidade e narrativa; 5º) Metaficção e intertextualidade; 6º) O
Brasil expresso na visualidade e 7º) Autoria: referências e paradigmas. Observaram-se pontos
de aproximação entre as obras, nas quatro dimensões do espaço-tempo: (linha, página, livro
e tempo), descritas por José Salmo Alencar e Luiz Antonio Coelho (2016). O percurso desta
pesquisa reforça a complexidade e potencialidade dos livros ilustrados, em especial, na
produção nacional, e indica que este modo de narrar é predominante nas premiações mais
recentes da FNLIJ, nas categorias analisadas. A trajetória de premiações nos revela que,
mesmo antes do uso do termo “livro ilustrado” no Brasil, é possível observar um processo de
ascensão da imagem, aliado à exploração do livro como objeto.

Palavras-Chave: literatura infantil; livro ilustrado; livro ilustrado brasileiro.


Os livros e as crianças pequenas: cotejos das obras “Posso ficar no meio” e “A sopa
está pronta” de Susanne Strasser

Edson Rodrigo de Azevedo (Unesp)

O presente trabalho busca analisar duas obras da escritora e ilustradora alemã Susanne
Strasser e como sua produção estabelece relação com os leitores da primeira infância
partindo de algumas questões norteadoras: quais convites as obras podem fazer ao leitor?
Quais linguagens habitam nas páginas escritas e ilustradas pela autora? Para tanto, nos
debruçaremos sobre as seguintes obras: “Posso ficar no meio?”, publicada no de 2023 e “A
sopa está pronta”, publicada em 2024, ambas pela editora Companhia das Letrinhas. Na
análise, mesmo que inicial, buscaremos tecer um diálogo entre os enunciados visuais e
escritos das referidas obras com as premissas teóricas que versam sobre as práticas de leitura
com as crianças pequenas, perpassando por uma breve análise do projeto gráfico e dos
elementos que compõem as narrativas da autora. Além disso, nos aproximaremos de
referenciais teóricos que versam sobre a literatura para a infância tais como Reyes (2017),
López (2018) bem como estudios russos da Filosofia da Linguagem, sendo um deles Bakthin
(2017), dentre outros pesquisadores. Ainda vale ressaltar que as obras acima citadas
publicadas no Brasil carregam marcas dialógicas e estabelecem relações com a infância,
trazendo elementos que narram situações cotidianas e que, mesclam linguagens que
convidam o leitor pequeno a adentrarem nas narrativas, seja pela personagem em destaque
nas páginas, seja nos outros personagens que vão compondo o livro. Outro ponto a ser
destacado refere-se ao fato de que a autora, que já publicou outras obras no mercado
editorial brasileiro, “costura” as experiências vividas durante a vida e a sua relação com seus
filhos durante suas publicações. Por fim, pretende-se com este trabalho possibilitar um
diálogo que evidencie a potencialidade de obras literárias como as da referida autora alemã
pensando as crianças pequenas como leitoras e suas especificidades nesta fase da vida,
além de explorar as tantas camadas que compõem um livro, seus desafios, suas não-
linearidades e seus convites às práticas com a linguagem literária com crianças.
Palavras-Chave: infância; literatura infantil; Susane Strasser.

PNLD-Literário e agentividade no local de trabalho: uma análise do processo de


escolha de obras literárias para o grupo 5 da educação infantil em PE

Ana Maria da Silva (UFPE)

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), as propostas


pedagógicas da Educação Infantil devem respeitar alguns princípios, dentre eles os princípios
estéticos, “da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas
diferentes manifestações artísticas e culturais" (Brasil, 2010, p. 16). Para isso, é fundamental
que a literatura, enquanto produção artística e cultural, esteja presente nesse processo,
garantindo às crianças diferentes formas de ler, conhecer e explorar a si e o mundo.
Reconhecendo o potencial da leitura literária na formação das crianças, foram criadas, no
decorrer da trajetória sócio-histórica brasileira nos últimos 25 anos, políticas públicas
educacionais (PNBE, PNLD-Literário), além de programas de leitura das esferas municipais,
com vistas a garantir o acesso às obras literárias e a formação dos acervos escolares. O
PNLD-Literário, voltado à etapa da Educação Infantil, é uma política pública coordenada pelo
Ministério da Educação (MEC) em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, que
tem como objetivo fornecer obras literárias para crianças em idade pré-escolar (Grupos 04 e
05). A presente pesquisa teve como objetivo identificar e analisar, por meio de entrevistas
semiestruturadas, quais os critérios elegidos para a escolha dos acervos oferecidos pelo
programa, em três escolas municipais de Camaragibe e três escolas municipais do Recife,
além de observar os espaços e as possíveis bibliotecas escolares; como também investigar a
realidade da implementação da política pública na prática. A análise documental do edital
revelou que a seleção das obras possui critérios restritivos, fragilizando a experiência estética
com o texto literário (cf. Soares, 2003). Durante o processo de escolha dos acervos, houve
também o apagamento da participação de agentes fundamentais na implementação do
Programa. Além disso, a falta de espaço no ambiente escolar para organização adequada
dos acervos trouxe impactos na execução de políticas públicas de leitura literária.

Palavras-Chave: Educação infantil; educação literária; PNLD-Literário.


Sessão 5 - Narrativas, verbo-visualidade e
problematizações
Coordenadoras: Cristiane Abreu (GPEL-UFPE) e
Gabriela Mafra (UNICAMP)

Comunicações orais Autores(as)


O problema do nome: livro ilustrado
Andreia Aparecida Suli da Costa
ou livro-álbum? Algumas reflexões
(UNESP- Universidade Estadual
sobre designações, contextos e seus
Paulista - Júlio de Mesquita Filho)
usos

Quando os mundos se encontram:


Thayanne Araujo Camilo (UFPB)
uma relação entre Domingo, de
Thayná Costa de Oliveira Lima (UFPB)
Marcelo Tolentino (2023) e Hora de
Daniela Maria Segabinazi (UFPB)
sair da Banheira, Shirley, de John
Burningham (1978)

Janaina Nascimento (UDESC -


A narrativa do livro ilustrado:
Universidade do Estado de Santa
apontamentos sobre a relação texto e
Catarina)
imagem e a construção da obra pela
leitura

O cachorrinho samba na floresta de


Elizangela Maria Esteves De Barros
Maria José Dupré (1905-1984):
(UNIFESP)
evolução das ilustrações em 70 anos
de publicações (1950-2021)

Deysiane Elias Dos Santos


Narrativas gráficas na educação:
(Universidade Estadual de Alagoas –
análise das interações entre texto
UNEAL)
verbal e elementos visuais
Eliane Bezerra da Silva (Universidade
Estadual de Alagoas – UNEAL)

Renan Luis Salemo (PUC - SP);


Um "livrokê"? O som e a imagem no
Diana Navas (PUC - SP)
livro "Lulu, traço e verso"

O problema do nome: livro ilustrado ou livro-álbum? Algumas reflexões sobre


designações, contextos e seus usos

Andreia Aparecida Suli da Costa


(UNESP- Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho)

Livro ilustrado ou livro-álbum? Ou seria álbum ilustrado? Livro infantil ilustrado? Ou ainda livro
ilustrado contemporâneo? Basta uma rápida busca para conferir que todas essas
nomenclaturas são (ou foram) utilizadas no Brasil para nomear o mesmo objeto: um livro que
se vale da interdependência de palavras, imagens e design em sua composição narrativa. É
comum, por conseguinte, em diferentes publicações teóricas, que o termo livro ilustrado seja
acompanhado de explicações, como se ele mesmo não bastasse para elucidar do que se está
tratando. Não há consenso sobre qual nome usar e essa problemática não é exclusiva do
cenário brasileiro. Na Europa, o livro-álbum também concorre com álbum ilustrado ou apenas
álbum. Em língua inglesa, picture book, picture-book e picturebook, muitas vezes, podem se
referir ao mesmo tipo de livro. Vale ressaltar que, na França, Espanha e Portugal, embora
também haja divergências quanto às terminologias, prevalece sempre a presença do
vocábulo álbum nas nomenclaturas. Nos países da América Latina, vizinhos do Brasil, o termo
com frequência utilizado entre os estudiosos e especialistas é libro-álbum. Nesse sentido, a
ausência de uma nomenclatura específica pode representar um problema, especialmente, no
fortalecimento de pesquisas sobre o tema, ou ainda na demarcação deste tipo específico de
livro, o que pode incorrer em uma dificuldade de reconhecimento e, por consequência, nos
modos de mediação de leitura. Assim, neste trabalho, a partir das inquietações e reflexões
tecidas em nossa pesquisa de doutoramento, ainda em desenvolvimento, tendo como
referência os estudos de Renata Gabriel Nakano (2012), Daniela Gutenfreud (2022), bem
como autores como Fanuel Hanán Días (2007), Sophie Van der Linden (2015; 2018), Maria
Nikolajeva e Carole Scott (2011), dentre outros, pretendemos apresentar um breve painel sobre
os usos dos termos livro ilustrado e livro-álbum, retomando as origens deste tipo de livro em
nosso país, a fim de tentar compreender as diferentes escolhas terminológicas que coexistem
no cenário brasileiro e os motivos pelos quais o termo álbum parecer mais acertado em nossa
percepção.

Palavras-Chave: livro ilustrado; livro-álbum; designações.

Quando os mundos se encontram: uma relação entre Domingo, de Marcelo Tolentino


(2023) e Hora de sair da banheira, Shirley, de John Burningham (1978)

Thayanne Araujo Camilo (UFPB)


Thayná Costa de Oliveira Lima (UFPB)
Daniela Maria Segabinazi (UFPB)

Este trabalho se propõe a fazer uma análise comparativa entre as obras Hora de sair da
banheira, Shirley!, do escritor John Burningham (1978) e Domingo, de Marcelo Tolentino (2023).
Os livros citados apresentam pontos em comum, como por exemplo: os dois fazem parte do
gênero da literatura infantil, são livros ilustrados, e utilizam elementos do cotidiano para
compor as fantasias da criança, além de apresentar o imaginário da criança como foco
narrativo. Observa-se, nesse gênero, que por meio de sua narrativa, ele oferece à criança a
vivência de situações diferenciadas no seu cotidiano, fazendo-a sentir diversos sentimentos a
partir da leitura de uma obra (Marçal, 2016), que é o que acontece com as obras que serão
trabalhadas, trazendo a fantasia confabulando as emoções postas nas narrativas. A análise
irá focar, sobretudo, no deslocamento de imagens que a imaginação das crianças
protagonistas das obras pode alcançar. Uma conclusão interessante que pode-se perceber
nos dois livros que serão analisados, é que ambos apresentam diferentes formas de realizar a
leitura da narrativa. Como são compostos pelo texto verbal e imagético, eles podem ser lidos
considerando apenas as ilustrações ou pode ser feita a leitura do texto verbal e visual ao
mesmo tempo. Em Hora de sair da banheira, Shirley! há três maneiras de ler: apenas texto
verbal da página esquerda, focando os elementos do mundo adulto; apenas texto visual
adentrando na fantasia de Shirley e as duas leituras juntas. Percebe-se, então, que as duas
linguagens têm a sua função na construção discursiva, em que estabelece não só um vínculo,
mas tornando também a narrativa mais interativa para o leitor (Ramos e Nunes, 2013). Nessas
obras, o encontro dos mundos acontece quando as crianças questionam os adultos como
norma, utilizando estratégias como a fantasia para subverter suas visões (Nikolajeva, 2023).
Assim, concluímos que as duas obras aqui postas evidenciam dois mundos que se cruzam: o
infantil e o adulto, evidenciando, por meio das ilustrações, a criança com seu poder de
fabulação de reverter o real e misturar a fantasia nas ações cotidianas.

Palavras-Chave: literatura Infantil; livro ilustrado; imagens; imaginação.

A narrativa do livro ilustrado: apontamentos sobre a relação texto e imagem e a


construção da obra pela leitura

Janaina Nascimento (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina)

Este texto aborda, inicialmente, os apontamentos de Sophie Van der Linden em Para ler o
livro ilustrado (2011), que compreende as características formais da relação visual
estabelecida entre texto e imagem, no que tange a elaboração narrativa. A partir da
perspectiva de Linden sobre a construção formal da página dupla, compreende a importância
da leitura na construção da obra a partir de Wolfgang Iser em o Ato da Leitura (1996) e a
teoria do Efeito Estético. Analisa 3 obras, sendo duas brasileiras: Chapeuzinho Amarelo (1996)
de Chico Buarque e Ziraldo, e O menino que vendia palavras (2016), de Ignácio de Loyola
Brandão e Marina Newlands, e uma portuguesa, A águia e a água (2016) de Mia Couto e
Danuta Wojciechowska. Considera a obra artística livro ilustrado como um fenômeno que se
elabora virtualmente e se realiza através do leitor, mas não desconsidera a importância das
estruturas associativas e dissociativas próprias da relação texto e imagem, ou aspectos
linguísticos, literários, icônicos e plásticos, inerentes a construção do livro ilustrado. Considera,
por fim, que a leitura atravessa a estrutura do livro ilustrado, e que a existência da obra em
seu caráter artístico compreende a experiência do leitor de forma complexa. Esta experiência
complexa, articulada no tecer conjunto dos vários elementos que a compõem, se dá através
do caráter estrutural de geração de significação que ocorre a partir das tensões da página
dupla e da interrelação entre texto e imagem nos seus aspectos formais, que mesmo formais,
ou seja, relativos a existência física do livro, arremetem-se como recurso narrativo e
discursivo. Na medida em que o caráter formal estrutura as articulações texto-imagem-
página dupla, o leitor incorpora a percepção destes aspectos formais na sua leitura, e media
a existência da obra através da sujeição da compreensão dos aspectos à própria
experiência. A formação narrativa e a obra, então, não são únicas ou definitivas, mas existem
porque o leitor lê, colocando a leitura como um ato que renova a obra e torna sua existência
dependente da leitura.

Palavras-Chave: texto; imagem; leitor.


O cachorrinho samba na floresta de Maria José Dupré (1905-1984): evolução das
ilustrações em 70 anos de publicações (1950-2021)

Elizangela Maria Esteves De Barros (UNIFESP)

Este trabalho apresenta resultados parciais de pesquisa de Mestrado em Educação, cujo


objetivo é contribuir para a produção de uma história revisitada da literatura infantil
brasileira, em especial compreender o lugar da escritora Maria José Dupré (1905-1984) nessa
história. Para tanto, toma-se como fonte quatro edições do livro O cachorrinho Samba na
floresta, a sexta produção bibliográfica da autora destinada ao público infantil, publicado
pelas editoras Brasiliense (1950), Saraiva (1962), Ática (1991) e Ática (2021). A partir dos
aportes teóricos da Literatura Comparada, o estudo busca examinar e comparar as
ilustrações dessas edições ao longo do tempo, com o objetivo de entender como essas
representações visuais contribuíram para o sucesso e a permanência dessa obra no mercado
editorial brasileiro até os dias atuais. A escolha desse título específico foi motivada pela
disponibilidade e acesso aos exemplares físicos de cada uma das edições analisadas, o que
permitiu a realização de uma análise comparativa, conforme a perspectiva teórica adotada.
Desde o lançamento de O cachorrinho Samba na floresta em 1950, a obra foi ilustrada por
diversos ilustradores renomados que contribuíram significativamente para a história da
ilustração no Brasil. Entre eles, destacam-se André Le Black, que ilustrou a edição da
Brasiliense; Francisco Xavier de Paiva Andrade, responsável pela edição da Saraiva; Adelfo M.
Suzuki, que ilustrou a edição da Ática de 1991; e Cris Eich e Jean-Claude, que colaboraram na
edição mais recente, também publicada pela Ática em 2021. Os resultados parciais obtidos
até o momento indicam que a escrita de Maria José Dupré, aliada a estratégias editoriais
bem-sucedidas, especialmente na escolha criteriosa dos ilustradores e na qualidade das
técnicas de ilustração empregadas em cada edição, desempenhou um papel fundamental na
manutenção da relevância e popularidade do título. Mais de setenta anos após sua
publicação inicial, a obra continua a ser reeditada e amplamente aceita pelos leitores.

Palavras-Chave: literatura infantil; Maria José Dupré; ilustração.

Narrativas gráficas na educação: análise das interações entre texto verbal e


elementos visuais

Deysiane Elias Dos Santos (Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL)


Eliane Bezerra da Silva (Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL)

O presente estudo tem como objetivo geral investigar as dinâmicas entre o texto verbal e os
elementos visuais em narrativas gráficas, com foco na compreensão de como essa fusão
contribui para a construção de significados no contexto educacional. Os objetivos específicos
incluem analisar os desafios enfrentados pelos leitores na interpretação dessas narrativas,
explorar a interação entre texto e imagem no contexto da comunicação visual e investigar se
a presença da imagem altera a construção de sentidos por parte dos leitores. A justificativa
para esta pesquisa reside na crescente importância das narrativas gráficas no cenário
contemporâneo, onde a multimodalidade dos textos se torna cada vez mais relevante. Com o
avanço da tecnologia e da cultura digital, as práticas de ensino de leitura, tradicionalmente
focadas apenas no texto escrito, necessitam ser repensadas, de modo a incorporar a leitura
de imagens como uma habilidade complementar e essencial para o letramento literário. O
problema central da pesquisa é compreender como a interação entre o texto verbal e os
elementos visuais influencia a construção de significados e a transmissão emocional nas
narrativas gráficas, além de identificar os desafios que os leitores enfrentam ao interpretar
essas obras. A metodologia adotada é de natureza qualitativa e exploratória, envolvendo a
análise de obras literárias gráficas, entrevistas com leitores e embasamento teórico em
estudos literários e de comunicação visual. A pesquisa busca compreender as complexidades
das experiências de leitura, ressaltando o papel ativo do leitor na interpretação do texto
literário. O referencial teórico está ancorado em estudos sobre multimodalidade, letramento
literário e comunicação visual, que fornecem as bases para a análise das narrativas gráficas.
Até o momento, os resultados indicam que a fusão de texto e imagem nas narrativas gráficas
desempenha um papel crucial na construção de significados, ao mesmo tempo em que exige
dos leitores uma capacidade de interpretação mais abrangente. A relevância deste estudo se
manifesta na ampliação do conhecimento sobre a importância da comunicação visual em
narrativas gráficas, promovendo uma compreensão mais profunda das dinâmicas entre texto
verbal e elementos visuais na literatura contemporânea. Além disso, espera-se que o estudo
contribua para abrir novos caminhos de investigação e para expandir o campo do letramento
literário, integrando de forma mais efetiva a leitura de imagens nas práticas pedagógicas.

Palavras-Chave: leitores; narrativas gráficas; texto; imagem; educação.

Um "livrokê"? O som e a imagem no livro "Lulu, traço e verso"

Renan Luis Salermo (PUC-SP)


Diana Navas (PUC-SP)

Este estudo propõe uma análise da interação entre som e imagem no livro "Lulu, Traço e
Verso", publicado em 2021 pela editora Pancho Sonido. Reunindo letras de músicas de Lulu
Santos e ilustrações de Daniel Kondo, a obra explora a sinergia entre os elementos visuais e
os sonoros, proporcionando uma experiência de leitura multissemiótica guiada pelos sons,
traços e cores. Por meio de um exame das ilustrações e dos sons das canções, este estudo
busca entender como a sonoridade dialoga com as escolhas visuais das ilustrações de Daniel
Kondo, e vice-versa. Ao ler a obra é possível reconhecer que a posição dos elementos visuais
(cores, traços e formas) confere um ritmo de leitura que interfere na maneira como se constrói
o ritmo da canção. Da mesma forma, a organização das páginas duplas por canção e a
sequência das ilustrações também são aspectos que contribuem para a experiência de leitura
das imagens. Tendo isso em vista, nesta pesquisa, propomos uma investigação que irá se
concentrar em três aspectos principais: na composição dos elementos sonoros e visuais que
estruturam o livro, na relação entre a sonoridade e visualidade e, por fim, na experiência
estética projetada pela obra, que parece promover um "karaôke ilustrado". Assim, este estudo
visa promover uma análise da linguagem baseada nos estudos da visualidade (Floch, 1985), da
sonoridade (Barthes, 1990) e da recepção estética (Zumthor, 2018). A partir desse referencial
teórico, acreditamos que esta investigação coloca em destaque relação entre o som e a
imagem reconstruída esteticamente pelos artistas em "Lulu, Traço e Verso", além de
proporcionar caminhos de interpretação para um trabalho de mediação de leitura dessa obra
que constrói um jogo dinâmico entre o som e a visualidade como recursos de construção de
sentidos. Espera-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para o campo da
literatura juvenil, oferecendo renovadas perspectivas sobre a mediação de leitura de obras
que exploram o universo dos sons ou usam desses elementos como chave para renovadas
experiências estéticas.

Palavras-Chave: som; ilustração; literatura juvenil.


Comunicações Orais

01/11 - Manhã (08:00 às 10:00)

Sessão 1 - Narrativas no livro ilustrado


Coordenadoras: Carol Borges (GPEL-UFPE) e Márcia
Guabiraba (GPEL-UFPE)

Comunicações orais Autores(as)


A incongruência do riso em livros Beatriz dos Santos Feres (UFF)
ilustrados Anabel Medeiros Azerêdo de Paula
(SEEDUC-RJ)
Margareth Mattos (UFFS)

Narrativa ancestral em Chico Crislayne de França Souza


Moleque: análise gráfica, textual e (UNIFAFIRE)
ilustrativa Rayssa Ferreira De França (UNIFAFIRE)

Quando o altruísmo exaure o corpo: Francisca Júlia da Silva Soares


uma análise psicanalítica literária da (UFCG)
dependência em “A árvore generosa”,
de Sheil Silverstein

Verticalizando o horizonte: a Dayane Rouse Fraga Lima


bioluminescência narrativa em Meu Ítala Maria Andrade Ramos da Paz
querido abismo Rossana Maximino de Souza
(UNIFAFIRE)

A expressão pós-moderna na
literatura ilustrada brasileira Carol Gobbo

A incongruência do riso em livros ilustrados

Beatriz dos Santos Feres (UFF)


Anabel Medeiros Azerêdo de Paula (SEEDUC-RJ)
Margareth Mattos (UFFS)

O livro ilustrado destinado preferencialmente a crianças (LINDEN, 2011; NIKOLAJEVA; SCOTT,


2011; RAMOS, 2011) é um espaço bastante susceptível ao humor, seja por estar aberto a uma
conformação semiodiscursiva incongruente que pode provocar o riso (EAGLETON, 2020), seja
pela fácil consolidação da cumplicidade entre autor e leitor em face, quase sempre, de uma
conivência lúdica. A tríade locutor-alvo-interlocutor (CHARAUDEAU, 2006), no ato de
enunciação humorístico que envolve a criança, mostra-se não só um recurso de captação do
leitor-mirim, como também uma maneira de fazê-lo lidar com textos complexos e multimodais
que, quase sempre, lhe exigem a habilidade para fazer inferências e para usar a sua
imaginação, com o intuito de levá-lo a questionar o mundo e provocá-lo a desconstruir a
realidade (mesmo quando o alvo do humor é ele próprio, o leitor criança). Considerando-se
tanto os estudos sobre o livro ilustrado quanto os estudos sobre o riso, o cômico, a ironia e o
discurso de humor, pretende-se analisar os seguintes livros ilustrados de escritores e
ilustradores latino-americanos, selecionados para análise: A velhota cambalhota (ORTHOF;
TATO, 1993); Era uma vez uma ave (HAUVILLER; DIPACHO, 2023); O baixo Alberti (CALLE;
DIPACHO, 2023). Em cada um dos três livros, busca-se se investigar como, por meio da
interrelação entre palavra, imagem e design, a comicidade das formas, dos movimentos, das
situações e das palavras (BERGSON, 1980) contribui para o jogo enunciativo de uma história
cômica e/ou divertida, cujo propósito é o de levar o leitor à condição de dissociar o que é
“dito”, na superfície linguístico-imagética do texto, do que é “pensado”, no nível do implícito.
Nesse jogo enunciativo de dissociação entre explícito e implícito, construído pela instância de
produção da obra, o leitor é levado a perceber incoerências e polissemias que podem
deslocar referências entre isotopias diversas em seu processo de produção de sentidos.

Palavras-Chave: livro ilustrado; humor; leitor criança.

Narrativa ancestral em Chico Moleque: análise gráfica, textual e ilustrativa

Crislayne de França Souza (UNIFAFIRE)


Rayssa Ferreira De França (UNIFAFIRE)

Este trabalho analisa Chico Moleque: Um Sonho de Liberdade, de Maria Luiza Batista Bretas e
ilustrado por Santiago Régis, explorando aspectos gráficos, textuais e ilustrativos. A obra
retrata a vida de Chico Moleque, resgatando à vivência dos negros escravizados. As
ilustrações complementam o texto, criando uma narrativa crítica-reflexiva sobre identidade e
memória na Literatura Infanto-juvenil. Bretas usa em sua narrativa textual uma linguagem
simples e objetiva que engloba os desafios enfrentados por Chico desde a infância de
trabalho árduo até a liberdade conquistada por determinação. É um livro que promove
reflexões acerca das condições humanas na escravidão e a busca pela identidade em um
ambiente de opressão racial. As ilustrações feitas por Santiago Régis complementam e
enriquecem essa história, usando cores vibrantes e técnicas que não apenas embelezam o
texto, mas também ampliam o significado do texto. A imagens representam a beleza da
África até o cenário de escravidão que narram o caminho de Chico, oferecendo um contexto
intersemiótico que garante a compreensão do leitor. O projeto gráfico da obra é descrito
como excepcional, empregando uma paleta de cores que dá um ar de esperança, resistência
e resiliência. A disposição ponderada entre as imagens e o texto assegura um dinamismo à
leitura, promovendo uma experiência interativa. Além da análise do próprio livro, o artigo se
baseia em referências teóricas de Celia Abicalil Belmiro, Dani Gutfreund e Antônio Candido
sobre o papel dos livros ilustrados na literatura infantojuvenil e a relevância da literatura
humanizadora para aprofundar a compreensão do tema. Em suma, o estudo destaca a
importância de "Chico Moleque, um Sonho de Liberdade" não apenas como uma obra
literária de qualidade artística e narrativa, mas também como um material educacional e
cultural que oferece um olhar crítico sobre questões sociais, visando proporcionar ao leitor
uma reflexão sobre a experiência de corpos negros escravizados. Além de possuir uma voz
ancestral poderosa que promove a representatividade, o livro contribui para a formação de
uma consciência crítica através da literatura infantojuvenil. Este estudo reflete não apenas
a análise do livro em si, mas também a sua relevância dentro do campo da literatura
infantojuvenil, destacando como obras como esta podem moldar perspectivas e desenvolver a
visão de mundo dos jovens leitores.

Palavras-Chave: ilustração; narrativa ancestral; literatura infanto-juvenil.

Quando o altruísmo exaure o corpo: uma análise psicanalítica literária da


dependência em “A árvore generosa”, de Sheil Silverstein

Francisca Júlia da Silva Soares (UFCG)

Nos alfarrábios mitológicos, a deusa do amor e da alquimia, Afrodite, vagava em busca de um


amor ímpar e belo que, no traço das paixões, fabricasse o mais lindo sentimento. Por tal
empreendimento, a divindade sempre doará de si além do necessário. Desde então, da arte
literária aos moldes sociais, o amor ao próximo sempre esteve presente na caminhada do
indivíduo e constitui as relações coletivas, a interação humana e as sensações afetuosas. O
ser nasce e morre em meio ao caos de sentimentos, desde a melancolia ao amor, e esse
emaranhado é a base para as atitudes internalizadas pelo homem. Essa conjectura, de
natureza arquetípica sobrevive às eras, entrando-se em espaços literários, a exemplo da
narrativa de Shel Silvesrstein, em A Árvore Generosa (1964). Numa relação amorosa desigual
uma árvore abdica de si mesma, mortificando-se, em prol da felicidade “momentânea” de um
menino, então incapaz de manter qualquer relação empática. Simbolicamente, o confronto
psicológico entre o feminino e o masculino pode ser interpretado a partir das posições
ocupadas: a árvore é aquela que tudo suporta, permanece à espera, ele, por sua vez,
regressa de acordo com suas vontades, partindo e regressando quando deseja. A árvore é um
dos temas simbólicos mais ricos e difundidos. Ao final de cada ato generoso, realiza-se frente
a satisfação do outro ignorando suas necessidades e, sobretudo, a ingratidão de que é alvo.
Existe, no íntimo desse vínculo, uma dependência narcísica do menino que consome, aos
poucos, a vida e as memórias que ramificam, inadvertidamente, a experiência de dor e
solidão do objeto amado. Portanto, a partir de uma perspectiva psicanalítica, percorremos o
mencionado clássico infantil, no intento de esgarçar a subjetividade dos personagens, no que
diz respeito à relação de objetos e fantasias inconscientes. Sendo crucial utilizar os preceitos
de Klein para entender os comportamentos infantis da personagem e passividade da árvore,
como em “O sentimento de solidão” e “Amor, culpa e reparação e outros trabalhos”, assim
como Bettelheim em “A Psicanálise dos Contos de Fadas”. Através da literatura infantil, foi
possível estabelecer uma análise crucial e com base psicanalítica para os comportamentos
tendenciosos de ambas as personagens, bem como comprovar sua existência além da ficção,
precisamente no desenvolvimento desse ato na infância.

Palavras-Chave: literatura infantil; psicanálise; subjetividade.


Verticalizando o horizonte: a bioluminescência narrativa em Meu querido abismo

Dayane Rouse Fraga Lima


Ítala Maria Andrade Ramos da Paz
Rossana Maximino de Souza
(UNIFAFIRE)

O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise do livro ilustrado Meu querido
abismo (2020), escrito por Raphael Gancz e ilustrado por Mariana Coan. Para tanto, iremos
usar como suporte teórico o trabalho de Lira (2021) a qual relata sobre temas fraturantes
dentro da literatura infantil e juvenil (LIJ) e a forma como essas temáticas podem ser
abordadas para este público. Para tanto, utilizamos os pensamentos de Cândido (2012),
Coelho (1982), Gutfreund (2023) e Bettelheim (1980), entre outros. Pensar nas crianças como
sendo seres dotados da capacidade de experienciar a fruição estética de uma obra artística
é um ponto de virada no cenário da LIJ como todo. Reconhecer essa competência nas
crianças é fundamental para que se entenda a importância da imaginação para o
desenvolvimento infantil. Por meio da manipulação da palavra e, no caso dos livros ilustrados,
da imagem, a literatura é capaz de criar uma espécie de “veracidade” que acaba se
manifestando através da linguagem que opera. Meu querido abismo é um livro filosófico e
dialógico, adequado para diversas faixas etárias, cumprindo seu papel de provocar e incitar a
reflexão e autocompreensão. A ideia de literatura como lente (COELHO, 1982), facilita o
entendimento da competência imaginativa do texto literário: ele amplia nossos horizontes,
pois permite que o ser humano organize e sinta o mundo. Permite, também, um novo olhar
sobre coisas que são aparentemente simples, é capaz de revelar o que se oculta e de lançar
luz ao que antes era desconhecido. O livro contemporâneo rompe, com muita maestria, as
ideias antes concebidas acerca dos textos destinados aos infantes e aos jovens. A leitura
para as infâncias e juventudes precisa ser significativa, pois “a aquisição de habilidades,
inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que se aprendeu a ler não acrescenta
nada de importante à nossa vida.” (BETTELHEIM, 1980, p. 12). Afinal, cair no abismo não é ruim
quando percebemos que ele é inseparável de quem somos.

Palavras-Chave: literatura infantil; livro ilustrado; fruição literária.

A expressão pós-moderna na literatura ilustrada brasileira

Maria Carolina Nunes Gobbo (University of Glasgow)

Este trabalho analisa as representações de livros ilustrados pós-modernos na literatura infantil


brasileira. Ele articula as bases teóricas europeias do pós-modernismo e os estudos sobre
livros ilustrados pós-modernos com as raízes coloniais do contexto multicultural brasileiro.
Com essa articulação, o estudo explora o papel do passado colonial na experiência brasileira
de pós-modernidade. O objetivo da pesquisa é investigar como os livros ilustrados pós-
modernos brasileiros estão inseridos em posturas pós-coloniais. Os principais textos utilizados
na análise são Alice no Telhado (2010), de Nelson Cruz, e Selvagem (2010), de Roger Mello. A
abordagem metodológica para a análise dos livros de imagens é a Análise Crítica de
Conteúdo (Short, 2011), e as principais teorias críticas envolvidas na investigação são o Pós-
modernismo e o Pós-colonialismo. Na seção metodológica, são estabelecidos critérios para
identificar as características pós-modernas e pós-coloniais nos livros, com base em estudos
sobre o livro pós-moderno (Lewis, 2001; Pantaleo & Sipe, 2008) e em sua vertente brasileira
(Mendes, 2018). O design e composição visuais são avaliados a partir dos paradigmas
semióticos de Halliday (1978), Kress e Van Leeuwen (2021), assim como estudos de Cultura
Visual de Moebius (1986) e Perry Nodelman (1988).Em seguida, são abordadas as implicações
educacionais do uso desses livros em sala de aula, com ênfase em sua relevância para o
Letramento Crítico dos alunos. A partir da análise composicional das obras citadas, conclui-se
que a evidência do movimento, da materialidade do objeto-livro e da intertextualidade são
apresentadas como principais expressões pós-modernas.Os resultados deste trabalho
também sustentam a afirmação de que os Livros de Imagens Pós-Modernos Brasileiros estão
entrelaçados com o passado colonial do país e que oferecem soluções de subversão de
poder em sua estrutura visual e textual permitindo um processo descolonizador no ato de
leitura . Conclui-se, portanto,que a expressão pós-moderna na literatura infantil brasileira é
evidente no cenário contemporâneo e explora potencialidades múltiplas no pequeno leitor.

Palavras-Chave: livro ilustrado; pós-moderno; representação brasileira.


Sessão 2 - Recepção e mediação do livro ilustrado
em diferentes contextos
Coordenadoras: Soraya Pedrosa (GPEL-UFPE) e
Gabriela Mafra (UNICAMP)

Comunicações orais Autores(as)


De quem você tem medo? Leitura Gillian Taveira Moraes Ichiama (PUC-
visual e mediação literária na SP)
primeiríssima infância por meio do Guilherme Francini (PUC-SP)
livro ilustrado Bruxa, bruxa venha à
minha festa

Mediação literária por booktokers: Beatriz Schneider (FURB)


promoção de livros ilustrados Thais de Souza Schlichting (FURB)

Uso de livro ilustrado nas práticas de Júlia Bilck Venturi (FURB)


estágio curricular obrigatório de Ricardo Sales Odorizzi (FURB)
Língua Portuguesa: mediação de Thais de Souza Schlichting (FURB)
histórias no Ensino Fundamental

Tânia Márcia Tomaszewski (UFRGS)


Canoa-biblioteca: critérios para a Franciele Vanzella Da Silva (UFRGS)
elaboração de percursos de leitura
literária

O diálogo com as crianças leitoras Jaqueline Oliveira Santos


nas escolhas artísticas: Eva Furnari e a Secretaria Municipal de Educação de
ilustração São Paulo (SME/SP)

De quem você tem medo? Leitura visual e mediação literária na primeiríssima infância
por meio do livro ilustrado Bruxa, bruxa venha à minha festa

Gillian Taveira Moraes Ichiama (PUC-SP)


Guilherme Francini (PUC-SP)

Nossa proposta consiste em realizarmos uma abordagem do livro Bruxa, Bruxa, venha à minha
festa, de Arden Druce, ilustrado por Pat Ludlow, com o objetivo de explorar temas fraturantes
na literatura infantil. A obra, conhecida por sua narrativa repetitiva e circular, com ilustrações
de figuras monstruosas, hiper realistas que segundo Van der Linden define como livros
ilustrados aquelas “obras em que a imagem é especialmente preponderante em relação ao
texto, que, aliás, pode estar ausente. A narrativa se faz de maneira articulada entre texto e
imagem” (Van der Linden, 2011, p. 24). Essa obra será trabalhada por meio de uma análise
das representações visuais e do impacto de sua temática em crianças bem pequenas. A
metodologia adotada envolverá duas abordagens principais: uma experiência de mediação
com crianças bem pequenas e uma análise detalhada das ilustrações do livro, a qual estará
concentrada nos elementos visuais e suas formas de mitigarem a percepção do público
infantil. Como suporte teórico-reflexivo, utilizaremos, entre outros, os livros Para ler o livro
ilustrado (2018), de Sophie Van der Linden, e Sombras, censuras y tabús en los libros infantiles
(2020), de Fanuel Díaz. A mediação literária — entendida como: “uma ponte entre os livros e
os leitores” (2012, p. 28), conforme preconiza Yolanda Reyes — será conduzida em ambiente
escolar, no qual as crianças, de um a três anos de idade, serão expostas à leitura interativa
da história. Observações e registros das reações e interações das crianças com a narrativa
permitirão a coleta de dados qualitativos, que serão analisados para compreendermos como
obras potencialmente fraturantes são percebidas e processadas por essa faixa etária. Ao
final, buscar-se-a compreender se a recepção das crianças permite relações de proximidade
com a interpretação construída pelos pesquisadores.

Palavras-Chave: literatura infantil; temas fraturantes; mediação literária.

Mediação literária por booktokers: promoção de livros ilustrados

Beatriz Schneider (FURB)


Thais de Souza Schlichting (FURB)

A mediação literária é essencial à formação leitora e essa mediação pode ocorrer de


diversas formas, em espaços formais e não formais, como, por exemplo, em uma rede social.
Este é o caso da mediação feita pelos booktokers, indivíduos que criam e compartilham
conteúdo sobre livros no TikTok. Inserida nesse contexto, esta pesquisa apresenta como
objetivo analisar e caracterizar a mediação literária de livros ilustrados empreendida por
booktokers. O aporte teórico da investigação apoia-se em reflexões sobre a educação
literária, a partir de autores como Bajour (2012), Britto (2015), Farias (2022) e Ferrari (2022).
Considerando-se que um mediador literário é aquele que facilita a interação entre leitor e
obras literárias, é alguém que tem um planejamento, com propósitos a serem alcançados sem
renunciar à afetividade, da generosidade da partilha, do amor a tudo que é assumido como
uma missão, esta pesquisa entende que o mediador precisa ouvir o público para o qual está
realizando a mediação. Esta pesquisa se classifica como qualitativa, com a análise de um
corpus constituído por vídeos publicados no TikTok cujos conteúdos se referem à
apresentação de livros ilustrados. A partir de descritores relativos à literatura infantil e livro
ilustrado, realizou-se a busca dos vídeos e, após, com as dimensões de análise que emergiram
dos dados, explorou-se cada vídeo. As dimensões de análises se organizam em: 1.
Apresentação de informações sobre o livro e vídeo, 2. Como apresentam a história e
ambientação, 3. A quem se destina esse vídeo. Os resultados apontam para implicações
enriquecedoras, dentre elas a confirmação de que os booktokers apresentam uma síntese do
livro indicado, utilizam melodias ao fundo da apresentação e a linguagem de forma
acelerada, apresentam a capa do livro e o autor, deixando em segundo plano o ilustrador e a
editora dos livros. Os dados ainda indicam que os booktokers realizam a indicação de livros
para outro mediador, ou seja, a maioria dos vídeos não são dirigidos às crianças. Além disso,
durante a busca pelos vídeos, verificou-se que os booktokers compartilham suas opiniões e
interpretações pessoais sobre os livros, para tanto, empregam adjetivos, de modo que se crie
uma apresentação que acaba sendo bastante subjetiva, pois se apoia em apreciações e não
na caracterização do livro em si.

Palavras-Chave: leitura; mediação literária; TikTok.

Uso de livro ilustrado nas práticas de estágio curricular obrigatório de língua


portuguesa: mediação de histórias no ensino fundamental

Júlia Bilck Venturi (FURB)


Ricardo Sales Odorizzi (FURB)
Thais de Souza Schlichting (FURB)

Práticas de contação de histórias de literatura infantil no ensino de Língua Portuguesa são


uma maneira de cativar o estudante da educação básica a participar mais ativamente das
aulas, mesmo em contextos posteriores às séries iniciais. Inserido nessa temática, este
trabalho tem como objetivo relatar a experiência de emprego de atividades lúdico-
pedagógicas voltadas à contação de história, no estágio curricular obrigatório em Língua
Portuguesa, no contexto dos anos finais do Ensino Fundamental. A dupla de professores em
formação fez a contação de história do livro “A Verdadeira História dos Três Porquinhos”, de
Jon Scieszka. A partir dessa mediação leitora, foram trabalhados diferentes aspectos da
tecitura textual, interpretações, compreensões e análise linguística, especialmente a respeito
dos tempos verbais. A escolha do livro deu-se por se tratar de uma história já conhecida pelos
estudantes, porém, contada por um ponto de vista diferente – o que motivou discussões e
reflexões em sala de aula. Fazendo o uso de pauta lúdica para a atividade de pré-leitura, os
estagiários capturaram a atenção dos estudantes e fizeram a contação da história, sempre
pedindo a participação dos alunos. Após a realização das atividades, os professores em
formação conseguiram baixar o filtro afetivo (KRASHEN, 1982) dos estudantes, fato
perceptível levando em consideração a disposição dos alunos em participar das outras
atividades propostas depois da contação e discussão da história. Ademais, foi possibilitado o
desenvolvimento da inteligência linguística, pois, como aponta Torres (2014), o texto, com
suas características reflexivas, ativa o conhecimento prévio fomentando o interesse de
compreendê-lo, auxiliando o aprendizado pela leitura (cf BAJOUR, 2012). Diante do trabalho
empreendido em sala de aula, foi possível perceber que contações de história cativam os
estudantes, mostrando-lhes que a Língua Portuguesa pode ser aprendida de maneira
eficiente e divertida e que a mediação leitora – de literatura infantil – é bastante profícua no
contexto dos anos finais do ensino fundamental.

Palavras-Chave: mediação de história; estágio curricular de língua portuguesa; educação


Básica.
Canoa-biblioteca: critérios para a elaboração de percursos de leitura literária

Tânia Márcia Tomaszewski (UFRGS)


Franciele Vanzella Da Silva (UFRGS)

Uma das funções mais importantes de uma mediadora de leitura é selecionar os livros que
serão lidos com as crianças, pois a mediação já começa na seleção (Bajour, 2012). A
bibliotecária e intelectual francesa Geneviève Patte (2012) corrobora com esse pensamento e
defende que quando selecionamos os livros que iremos ler com as crianças não estamos
limitando e restringindo o contato delas com os livros e sim valorizando o que será lido.
Dentre um oceano de excelentes possibilidades literárias, precisamos fazer escolhas para
construir percursos de leitura, e para isso é preciso estabelecer bons critérios para que a
seleção seja eficaz e não aleatória. Diante disso nos perguntamos: Quais critérios
estabelecer para selecionar livros que potencializam a mediação literária através dos
percursos de leitura? Nosso objetivo, ao tentar responder esse questionamento, é refletir
sobre os critérios de seleção de obras para a construção de percursos literários potentes.
Como metodologia desta pesquisa, ancoradas em Bajour (2012) e Patte (2012), analisamos
um conjunto de livros literários para a infância que foram selecionados para fazer parte da
Exposição Fabulários, realizada entre setembro e dezembro de 2023 em Canoas/RS, que
teve como curadora a escritora Gabriela Romeu. As “narrativas das águas, suas gentes,
memórias, plantas, bichos e outros seres”, frase que definiu essa exposição interativa,
estavam presentes em objetos, imagens, vídeos e experiências sensoriais em cada espaço.
Mas foi na “canoa-biblioteca”, local da exposição onde os livros estavam dispostos em
prateleiras com formato de canoa, que detivemos nosso olhar. Buscamos com essa análise a
construção de percursos possíveis a partir dos livros disponibilizados. Entendemos um
percurso de leitura como um conjunto de livros, agrupados por um critério definido pela
mediadora de leitura, que serão lidos em sequência com as crianças. Se assemelha a um
projeto, pois a mediadora tem uma intencionalidade ao escolher os livros e a ordem em que
serão apresentados às crianças. Porém não há a necessidade de um produto final e o que
importa são realmente as conversas literárias suscitadas a partir dos livros, os
questionamentos, as relações intertextuais estabelecidas com outros livros. Concluímos que
ao selecionar livros para um percurso de mediação é necessário conhecê-los, fazendo leituras
prévias a fim de identificar as possíveis relações entre eles. Além disso, que a partir de um
conjunto de livros é possível construir diferentes percursos, a depender dos objetivos de cada
mediação.

Palavras-Chave: percurso literário; mediação de leitura; critérios de seleção.

O diálogo com as crianças leitoras nas escolhas artísticas: Eva Furnari e a ilustração

Jaqueline Oliveira Santos


Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME/SP)
Eva Furnari, autora e ilustradora de mais de 60 títulos voltados para crianças, é uma artista
reconhecida e premiada pela qualidade da sua ilustração. Furnari desenvolveu em seus
quarenta anos de carreira diferentes técnicas para compor os livros de sua autoria,
especialmente, como fotografia, colagem, desenho, aquarela. Desde a década de 1990,
Furnari progressivamente explorou o desenho como técnica mais presente em seus trabalhos
(PRADO; VALENTE, 2019). Essa escolha se relaciona por um lado com suas interações com as
crianças, e as releituras que criaram para as ilustrações de Eva, bem como sua compreensão
sobre o processo artístico e o lugar da espontaneidade na criação (FURNARI, 2018). Assim, o
objetivo da exposição que se propõe neste resumo é apresentar algumas características das
ilustrações de Eva Furnari, ao longo da carreira, e discuti-la à luz de suas declarações, em
entrevistas e texto de caráter autobiográfico, sobre sua relação com as crianças leitoras e
como as compreende (CHARTIER, 1988; 1991). Em outras palavras, como sua representação de
crianças leitoras informou, em certa medida, suas explorações artísticas no processo de
ilustração das obras – e a estabelecer diálogo com os leitores por caminhos como o do riso. A
ênfase no desenho na ilustração de seus livros, e a busca por espontaneidade e exploração
de outros efeitos a partir da construção de figuras em que há cores e proporções diversas,
está relacionada com os modos como as crianças interagem com suas narrativas, inclusive o
texto imagético. Em outras palavras, a ilustração, em suas escolhas técnicas, dialoga com as
crianças como parte do processo criativo. Para essa discussão, alguns referenciais teóricos
importantes são Roger Chartier (1988; 1991), Alessandra Del Ré (2008; 2011), Afonso Romano
de Sant´Anna (2000), Angela Lago (2008) e Graça Ramos (2011). Para além do debate
teórico, e em diálogo com essas reflexões, ressalta-se as ponderações de Eva Furnari
registradas em textos como o de Maria Ligia Guidin (2010), Ricardo Prado e Gabriela Abuhab
Valente (2019) e um texto de caráter autobiográfico de Eva Furnari em que trata de sua
relação com o desenho (2018).

Palavras-Chave: Eva Furnari; crianças leitoras; humor.


Sessão 3 - Expressividade, ilustração e verbo-
visualidade
Coordenadoras: Elisabeth Melo (GPEL-UFPE) e Dalva
Alencar (GPEL-UFPE)

Comunicações orais Autores(as)


A ilustração em uma coleção de Débora Cristina Marini (UFRGS)
recontos de Jane Austen para
crianças

Entre textos e imagens: uma análise Fernando Antonio (UNIFAFIRE)


da potência ilustrativa e comunicativa Érica de Melo (UNIFAFIRE)
da obra Tom de André Neves Adriana Nascimento (UNIFAFIRE)

Estratégia de leitura: caminhos para a


formação de leitores por meio das Ana Beatriz Brito de Lima (Ufac)
ilustrações do livro Ida e volta, de
Juarez Machado

Expressividade tipográfica nos livros


ilustrados do autor-ilustrador Odilon Thalita Roberta Macêdo Lima (IFPE)
Moraes: uma análise do processo Eduardo A B M Souza (IFPE)
criativo à escrita diagramática

Adaptações de Ismália, os dois irmãos,


nem filho educa pai e o matador por Joyce Aparecida da Silva Linard
Odilon Moraes: livros ilustrados e a (UNESP)
criação de necessidades Cyntia Graziella Guizelim Simões
humanizadoras para o ato de ler Girotto (UNESP)
literatura

A verbo-visualidade na poesia juvenil


brasileira: uma análise da obra Maria Ester (UFPB)
Cotidiano, paixões & outros flashes: Daniela Segabinazi (UFPB)
Haiquases

A ilustração em uma coleção de recontos de Jane Austen para crianças

Débora Cristina Marini (UFRGS)

O presente trabalho é um recorte de minha dissertação de mestrado, que é sobre a coleção


Awesomely Austen, a qual adapta os seis romances da escritora inglesa Jane Austen para
crianças. Minha pesquisa investiga as estratégias de reescrita utilizadas nos romances, bem
como aspectos de mercado para sua apresentação e distribuição ao jovem público. Um dos
aspectos relevantes entre essas estratégias é o trabalho de ilustração,que dá uma identidade
à coleção, unifica as obras que a compõe, e também agrega significado (Coelho, 2000). A
editora Hachette UK, que publica a coleção Awesomely Austen, escolheu a artista franco-
belga Églantine Ceulemans para ilustrar os romances da coleção. Ceulemans não utiliza
técnicas digitais para ilustrar, optando pelo papel, lápis, caneta e aquarela. Destarte, neste
recorte apresento algumas ilustrações de Ceulemans, analisando seu traço e técnica de
coloração, e como seu trabalho se articula com cada romance. Para tanto, tomo como
referencial teórico Vidal (2019) para estudo do traço; e Silva (2020) e Ramos (2020) sobre o
uso de ilustrações na literatura infantil. Ceulemans opta por ilustrar a coleção com cartuns,
um estilo que permite explorar a expressão física e facial dos personagens sem grandes
interferências do mundo real, ressaltando aspectos de sua essência (Vidal, 2019). Seu traço é
arredondado, portanto acolhedor e simpático, e o preenchimento em preto e branco é
arranjado em contraste, conforme o tom do romance. Desse modo, o trabalho de Ceulemans
se ajusta não apenas para organizar a coleção, mas também para dialogar com as
estratégias de cada autor dos recontos: o humor representado pelo baixo contraste e
exagero de expressão corporal e facial, e o em momentos de seriedade alto contraste e
pouca movimentação corporal e facial. Em conclusão, as ilustrações da artista atraem o olhar
dos leitores para a coleção e agregam significado ao texto apresentado nos recontos.

Palavras-Chave: ilustração; Awesomely Austen; Églantine Ceulemans.

Entre textos e imagens: uma análise da potência ilustrativa e comunicativa da obra


Tom de André Neves

Fernando Antonio (UNIFAFIRE)


Érica de Melo (UNIFAFIRE)
Adriana Nascimento (UNIFAFIRE)

Este trabalho se trata de uma análise acerca dos aspectos textuais, imagéticos e gráficos
apresentados na obra "Tom” de André Neves, sendo fruto de um trabalho acadêmico
apresentado e realizado durante a vivência literária na disciplina Literatura infantil, juvenil e
brasileira que ministrado pela professora Érica Verçosa no curso de especialização com o
mesmo nome na Unifafire em 2023. O objetivo deste artigo é apresentar um estudo analítico
e teórico acerca dos elementos que constituem a obra mencionada, destacando o texto, a
ilustração e o projeto gráfico, contribuindo para que possamos perceber o alcance
comunicativo que uma ilustração potente pode representar em um livro de literatura
infantojuvenil. Para o embasamento teórico, utilizamos contribuições pertinentes de autores
como Batista (2023), Camargo (2020), Linden (2014), Lira (2021) que versam com
propriedade sobre ilustração e literatura infantojuvenil. Como panorama inicial abordam-se a
literatura infantojuvenil brasileira e os componentes básicos que se referem aos livros
ilustrados e com ilustrações para contextualizá-los e em seguida é apresentado um apanhado
teórico sobre a potencialidade discursiva dos textos ilustrados para destacarmos
separadamente o texto, ilustrações e o projeto gráfico do livro Tom, trazendo algumas
imagens do livro para complementar a nossa discussão. Paralelo a isso foram trazidos
aspectos importantes sobre os temas que perpassam a obra, como o TEA e o relacionamos
aos temas fraturantes da literatura para discutirmos sobre o significado da obra, nos quais
podemos encaixar o conteúdo e a sua importância para crianças e leitores que se arriscam a
se envolver com a leitura atenta do livro. Acredita-se que nesta conseguimos obter o
resultado de que a linguagem textual potencializada pelo recurso das imagens pode alcançar
muitos leitores, em especial crianças, por conta da sua capacidade comunicativa, sendo algo
muito enriquecedor para o desenvolvimento da leitura e o livro Tom cumpre muito bem esse
papel.

Palavras-Chave: Tom; ilustração; literatura infantil.

Estratégia de leitura: caminhos para a formação de leitores por meio das ilustrações
do livro Ida e volta, de Juarez Machado.

Ana Beatriz Brito de Lima (Ufac)

Enquanto desdobramentos das atividades do estágio do Centro de Integração Empresa-


escola em parceria com a Universidade Federal do Acre e Biblioteca Pública Adonay Barbosa
dos Santos, o presente trabalho justifica-se como necessidade da construção da educação
Literária acriana e formação de leitores. Tem como objetivo apresentar uma mediação de
leitura com o livro ilustrado Ida e Volta do autor Juarez Machado (1979). Para alcançar tal
objetivo, tomam-se os pressupostos teóricos-metodológicos Tecendo um leitor: uma rede de
fios cruzados de Eliana Yunes (2009), Caminhos para a formação de leitor organizado por
Renata Junqueira (2004), Direito à literatura de Antônio Cândido (2004), procurando
estratégias para a formação de leitores e em busca de construir/constituir ou identificar uma
educação literária acriana por meio dos centros culturais da cidade de Rio Branco -AC. Para
tanto, propõe-se a leitura do livro Ida e Volta, de Juarez Machado, narrativa que se dá por
meio das ilustrações, pois o autor utiliza da linguagem não verbal para discorrer sobre os
acontecimentos da trama, dessa forma, a mediação de leitura em se tratando dessa narrativa
se refere a todas as idades, pois se trata da formação do leitor, mas, específica, pode ser
aplicada nos anos iniciais da Educação Básica. Em síntese, a mediação acontece quando as
escolas públicas ou comunidade visitam a biblioteca e as agentes de leitura montam um
repertório com contação de história, brincadeira de roda, leitura, cantigas e contato com o
acervo literário. Os resultados dessa pesquisa apontam para a importância de centros
culturais no desenvolvimento do discente ou comunidade e incentivar os investimentos para
que esses espaços culturais atuem ativamente para formar um leitor e compartilhar as
literaturas locais, cânone e mundiais. Por isso, uma das conclusões do trabalho consiste em
defender a democratização da leitura, do livro e a acessibilidade nos espaços culturais, além
disso, ampliar as práticas de leituras do discentes e visitantes dos espaços culturais.

Palavras-Chave: leitura literária 1; formação de leitores 2; espaço cultural 3.


Expressividade tipográfica nos livros ilustrados do autor-ilustrador Odilon Moraes:
uma análise do processo criativo à escrita diagramática

Thalita Roberta Macêdo Lima (IFPE)


Eduardo A B M Souza (IFPE)

Este artigo contribui com a elaboração teórica acerca do uso da tipografia nos livros
ilustrados brasileiros. Para isso, utilizamos o conceito de expressividade tipográfica, com o
intuito de evidenciar sua ambiguidade entre vista e lida, além de analisar a atuação
tipográfica dentro dos aspectos de medium das narrativas gráficas no campo dos livros
ilustrados, sendo essas narrativas: artrologia, multimodalidade, ordem pictórica e
materialidade. Utilizamos, também, o conceito de escrita diagramática para compreender
suas relações semânticas na superfície. Diante da lacuna científica nessa discussão,
realizamos uma investigação pautada em quatro fases. Então, antes de restringirmos o
escopo para o estudo da expressividade tipográfica em livros ilustrados, foi necessária uma
etapa exploratória acerca deste artefato, a primeira fase. Assim, partimos para a segunda
fase, a preliminar, a qual subdividiu-se nas etapas de (a) levantamento de autores-
ilustradores brasileiros, em que a produção do autor-ilustrador Odilon Moraes destacou-se
pela longevidade no mercado editorial dos livros ilustrados e, inclusive, sua autoralidade
significativa acerca do uso da tipografia; (b) leitura seletiva, em que analisamos
detalhadamente as recorrências no uso da tipografia e suas obras; (c) elaboração do roteiro
de entrevista para entrevistá-lo acerca de seu trabalho tipográfico. Com isso, realizamos a
terceira fase, a entrevista, a qual ocorreu remotamente em março de 2023. Por fim, a quarta
fase, a analítica, seguiu os preceitos de Yin (2016) para o tratamento dos resultados obtidos
na fase da entrevista com Odilon Moraes. Ao relacionar o discurso do autor-ilustrador com
nossa fundamentação teórica e análises, argumentamos que a escrita diagramática – tanto a
escolha tipográfica quanto a distribuição espacial – de Odilon Moraes é silenciosa: por meio
de escolhas tipográficas convencionais, a palavra prioriza a mensagem linguística, que marca
o ritmo de passagem das páginas. Isso é reiterado pelo relato de seu próprio processo
criativo. Desse modo, articulada com as ilustrações, a experiência estética é avivada na
experiência de leitura. Portanto, demonstramos como a tipografia – mesmo a convencional –
compõe a leitura do livro ilustrado.

Palavras-Chave: tipografia; expressividade tipográfica; livros ilustrados.

Adaptações de Ismália, Os dois irmãos, Nem filho educa pai e o Matador por Odilon
Moraes: livros ilustrados e a criação de necessidades humanizadoras para o ato de ler
literatura

Joyce Aparecida da Silva Linard (UNESP)


Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto (UNESP)

A presente comunicação oral é parte do recorte de uma pesquisa de Mestrado acadêmico


A presente comunicação oral é parte do recorte de uma pesquisa de Mestrado acadêmico
em andamento, intitulada: O cronotopo literário e os livros ilustrados de Odilon Moraes:
possibilidades de criação de necessidades humanizadoras para o ato de ler literatura na
infância, desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de
Filosofia e Ciências – UNESP – Campus da cidade de Marília/SP, com orientação da
Professora Dra. Cyntia Graziella G. S. Girotto, articulada com a Linha Teoria e Práticas
Pedagógicas e juntamente com o grupo de pesquisa CEPLLI (Centro de Estudos e Pesquisas
em Linguagem, Literatura e Infância) do PPGE da FFC – UNESP – Campus de Marília/SP. O
objetivo geral da pesquisa é de analisar as quatro obras: Ismália, Nem filho educa pai, Os
dois irmãos e O Matador realizadas pelo autor e ilustrador contemporâneo Odilon Moraes em
suas adaptações e criações para o formato livro ilustrado, cujo conteúdo as fazem
permanecer como narrativas no cronotopo do grande tempo, compreendendo, assim, o novo
apelo estético que incide no pequeno tempo da infância, criando necessidades
humanizadoras para o ato de ler literatura. A metodologia teórico-bibliográfica é central na
pesquisa e as mais diversas trocas dialógicas com os estudiosos russos do círculo bakhtiniano
do século XX (Mikhail Bakhtin e Valentin Volóchinov) são base para o cotejo entre os
pesquisadores da área da leitura e da Literatura infantil, notadamente os que debruçam
sobre a formação de leitores e sobre a linguagem visual dos livros ilustrados. Como conclusão
para a pesquisa, espera-se contribuir para o debate sobre a importância do livro ilustrado
como objeto cultural criador de necessidades humanizadoras de leitura literária junto às
crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, tanto quanto enfatizar a sua relevância na
transição do aluno, aprendiz de leitor, para a formação do leitor mirim do Ensino Fundamental
ciclo II.

Palavras-Chave: educação literária; livro ilustrado; formação do leitor.

A verbo-visualidade na poesia juvenil brasileira: uma análise da obra Cotidiano,


paixões & outros flashes: Haiquases

Maria Ester (UFPB)


Daniela Segabinazi (UFPB)

A Literatura Juvenil é uma área que vem ganhando destaque com produções literárias que
apresentam rupturas estruturais e inovações temáticas características da
contemporaneidade, principalmente, a partir dos anos 1980, quando se tem uma maior
preocupação com a qualidade dos livros e os projetos gráficos melhoram. Entretanto, o foco
das pesquisas a respeito dessa produção recai sobre as narrativas juvenis, enquanto a poesia
não tem o seu devido destaque. Em vista disso, o presente trabalho objetiva analisar a obra
de poesia juvenil Cotidiano, paixões & outros flashes: Haiquases (2019), escrita por Luís Dill e
ilustrada por Silvana de Menezes, a fim de destacar a importância do enlace entre o texto
verbal e o texto visual para a construção de sentidos durante a leitura. Buscamos realizar uma
breve contextualização sobre a poesia juvenil brasileira; discutir as características das
produções literárias contemporâneas; descrever os principais elementos constitutivos de um
projeto gráfico; e analisar a verbo-visualidade na obra literária a fim de mostrar as
transformações do gênero e a incorporação de novas tendências. Quanto à metodologia,
pesquisa possui uma natureza básica, com ênfase na pesquisa descritiva, com análise do
corpus a partir das categorias texto verbal e visual e seus entrelaçamentos. Como
embasamento teórico utilizamos como principais referências os estudos de D’Onofrio (1995);
de Sampaio (2014); de Oliveira (2012); de Linden (2011); de Bispo (2021); Nunes (2019) e de
Camargo (1998). Dentre as considerações finais, constatamos que a obra analisada apresenta
traços inovadores em sua composição, evidente na disposição gráfica, nas temáticas e na
relação entre texto e imagem, elementos que favorecem a multiplicação de sentidos do texto
poético. Contudo, reforçamos a necessidade de mais produções literárias no campo da
poesia juvenil que contemplem o texto visual em sua composição, uma vez que não só a
ilustração, como também toda a materialidade presente no livro é necessária para a
multiplicação dos sentidos da poesia.

Palavras-Chave: poesia juvenil; Luís Dill; leitura; texto verbal; ilustrações.


Sessão 4 - Identidades e questões étnico-raciais
no livro ilustrado
Coordenadores: Raísa Almeida (GPEL-UFPE) e Rafael
Silva (GPEL-UFPE)

Comunicações orais Autores(as)


As narrativas de Julián, de Jessica Fernando Rodrigues de Oliveira
Love, e o debate sobre identidade de (UNIFESP)
gênero em textos verbo-visuais

Palavra, imagem e design – a coleção Darlize Teixeira de Mello (Ulbra)


Heartstopper - “amor homoafetivo: Cristiane De Lorenzo
bullying, tabus e segredos”

Como ler o brasil nos livros ilustrados?


Um paralelo entre classes de Douglas Menegazzi (UFSC)
representação cartográfica e Brenda Porfírio da Silva (UFSC)
temáticas na literatura nacional para Thaisa Polito Ascari (UFSC)
a infância

Livros de literatura infantil negra: Josianna Maria Moreira de Oliveira


análise dos paratextos e as (Universidade Federal do Rio Grande
implicações para a formação do do Norte)
mediador de leitura Juliana de Melo Lima (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte)

Ancestralidade, memória e negro Nara Nathalie Nascimento dos Santos


afetividade na obra Os tesouros de Juliana de Melo Lima
Monifa (UFRN)

As narrativas de Julián, de Jessica Love, e o debate sobre identidade de gênero em


textos verbo-visuais

Fernando Rodrigues de Oliveira (UNIFESP)

Neste texto, apresentam-se resultados de estudo cujo objetivo é analisar a construção


estética verbo-visual de duas narrativas infantis centradas na personagem Julián, da escritora
e ilustradora norte-americana Jessica Love. Toma-se como objeto de análise os livros "Julian é
uma sereia" e "Julián no casamento", publicados respectivamente no Brasil em 2021 e 2023,
pela Editora Boitatá. Tratam-se de narrativas curtas do ponto de vista verbal, que retratam o
processo de reconhecimento identitário do protagonista, Julián, de forma não binária. Na
primeira história, publicada originalmente em 2018, Julián, ao sair da aula de natação,
depara-se com três mulheres vestidas de sereia, gerando deslumbre e o desejo de poder ser
como elas. Ao chegar em casa, escondido da avó, cujo texto sugere ser a responsável pelos
cuidados do menino, ele se “monta” como as sereias que conheceu, num processo de
transformação visual, comportamental e identitário. Na segunda história, publicada
originalmente em 2021, Julián se mostra mais maduro e mais desconstruído com relação aos
padrões de masculinidade e feminilidade recorrentes nas sociedades ocidentais, inclusive
com a narrativa ambientada num casamento lésbico. No decurso da festa, decide brincar
com Marissol, vivenciando experiências sensoriais múltiplas, que indicam uma inversão da
lógica tradicional e comum na literatura para crianças: Marissol, menina cisgênero, se
distância dos padrões instituídos como feminino; Julián, menino cisgênero, se distancia dos
padrões instituídos como masculino. Por meio de narrativas sensíveis, calcadas no respeito à
liberdade, no acolhimento e na celebração do amor incondicional, Jessica Love toca num dos
temas mais tabus do universo infantil, expandindo os horizontes do leitor e abrindo espaço
para reflexões mais profundas sobre identidade de gênero e sexualidade desde a/na
infância. Nesse sentido, as narrativas em torno de Julián possibilitam uma experiência estética
diferenciada (e polêmica), que concorre para a construção de novos modos de conceber,
compreender e problematizar a literatura infantil na contemporaneidade.

Palavras-Chave: literatura infantil; narrativas verbo-visuais; identidade de gênero; Jéssica


Love; Julián é uma seria; Julián no casamento.

Palavra, imagem e design – a coleção Heartstopper - “Amor homoafetivo: bullying,


tabus e segredos”

Darlize Teixeira de Mello (Ulbra)


Cristiane De Lorenzo

O presente estudo objetiva analisar obras literárias infantis e juvenis, circulantes no contexto
escolar, sobre a temática de gênero e de sexualidade, com vista a problematizá-las
evidenciando a importância da palavra, da imagem e do design como apoio para a ativa
interação do leitor na construção de sentidos. O estudo, ser apresentado, é um recorte da
dissertação intitulada: Infâncias, juventudes e gênero: as práticas sociais e o contexto
escolar. Os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa situaram-se no campo dos
Estudos Culturais, utilizando como abordagem teórico-metodológica a análise cultural. Para
a organização do material empírico foi realizado o mapeamento de obras literárias, sobre a
temática de gênero e sexualidade, presentes no espaço escolar de uma escola privada no
município de Porto Alegre/RS, considerando três espaços de circulação: as obras literárias
escolhidas como leituras obrigatórias no currículo escolar, as obras literárias que abordam a
temática na biblioteca e as obras literárias advindas do espaço doméstico. A análise das
obras literárias possibilitou a constituição de dois eixos analíticos da pesquisa: Eixo 1: Palavra,
imagem e design: “Um é menino, outro é menina” e Eixo 2: Palavra, imagem e design: “Amor
homoafetivo: bullying, tabus e segredos”. Para o presente seminário serão abordadas as
análises do segundo eixo analítico: “Amor homoafetivo: bullying, tabus e segredos”. As obras
da “coleção” Heartstopper, trazem para o público infanto-juvenil a complexidade e uma
representatividade saudável das sexualidades e do gênero, mesmo nos momentos dramáticos
e de autodescoberta. Nas análises empreendidas pode-se perceber que a obra traz uma
leitura fluída e contemporânea, um design gráfico moderno, abusando de elementos gráficos
que transcendem as páginas do livro, além de ser marcada pela representatividade do mundo
jovem contemporâneo com uso de redes sociais. Os resultados da pesquisa evidenciaram
como as obras literárias que os alunos trazem para a escola, com conteúdo que “quebram” os
estereótipos de gênero e sexualidade, confrontam-se, na maioria das vezes, com obras
literárias, circulantes no currículo escolar, que ainda trabalham com questões binárias de
gênero e sexualidade, salientando a relevância de colocarmos nossas lentes na direção desse
entre-espaço para que seja possível a incorporação de temas polêmicos e contemporâneos,
como esse, no contexto escolar. Nesse sentido, o estudo realizado traz problematizações
sobre o currículo escolar, situando-o como um espaço fronteiriço de trocas e
interculturalidade, que deveria valorizar e reconhecer o valor das diferenças.

Palavras-Chave: obras literárias infantis e juvenis; gênero; contexto escolar.

Como ler o Brasil nos livros ilustrados? Um paralelo entre classes de representação
cartográfica e temáticas na literatura nacional para a infância

Douglas Menegazzi (UFSC)


Brenda Porfírio da Silva (UFSC)
Thaisa Polito Ascari (UFSC)

A literatura é potencialmente relevante para formar a visão de mundo das crianças e, por
meio dos livros ilustrados com representações de lugares e mapas, pode promover o
letramento geográfico e a percepção crítica e afetiva sobre os espaços. Este estudo
investiga como os lugares brasileiros são representados em livros infantis nacionais e por
quais temáticas. Para isso, realizamos um levantamento teórico sobre as aproximações da
literatura para a infância com a cartografia, letramento geográfico e cartográfico,
identificando as principais classes de representações de lugares e mapas encontradas na
literatura infantil e as habilidades demandadas durantes fases do desenvolvimento cognitivo
das crianças. E seguida, realizamos a seleção e análise descritiva de 18 livros ilustrados,
ficcionais e não ficcionais, de 11 editoras brasileiras especializadas no segmento. A análise
desses livros possibilitou identificar categorias nas diferentes classes de representações
cartográficas e mapear tendências temáticas, identificando propensões a estilos gráficos
específicos. Os temas abordados incluem, especialmente, representações de espaços
identitários, biomas, a contextualização de territórios, e experiências subjetivas de trajetos. A
pesquisa também discute como essas representações podem influenciar o desenvolvimento
de habilidades como geolocalização, representatividade, cidadania e o senso de
pertencimento a uma localidade ou território. Este estudo visa contribuir com subsídios para a
seleção e uso mais criterioso de livros, especialmente para educadores e mediadores durante
as práticas de leitura com as crianças, estimulando que possam explorar de forma
significativa as representações gráficas de lugares e mapas nas obras literárias. Além disso,
oferece uma visão abrangente, embora ainda inicial, de como os livros ilustrados brasileiros
podem contribuir para a formação de leitores e na educação geográfica e cultural a partir
da valorização da identidade territorial nacional desde a infância, o que está alinhado com
perspectivas contemporâneas de decolonização e reconhecimento do entorno, do local e da
comunidade nas práticas cotidianas das crianças.
Palavras-Chave: letramento cartográfico; representação territorial; livro ilustrado.

Livros de literatura infantil negra: análise dos paratextos e as implicações para a


formação do mediador de leitura

Josianna Maria Moreira de Oliveira (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)


Juliana de Melo Lima (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

O artigo investiga os paratextos presentes em dez livros de literatura infantil negra, com foco
na análise dos elementos, funções e posicionamentos à luz da perspectiva de educação
antirracista. A pesquisa é embasada em estudos sobre racismo (Almeida, 2019), educação
antirracista (Ribeiro, 2019; Cavalleiro, 2001), literatura infantil (Debus e Vasques, 2009) e
paratextos (Ramos, Schenkel e Rela, 2020). Utilizando uma abordagem qualitativa, a
pesquisa examina tanto o texto verbal quanto as imagens dos paratextos dos livros
analisados. Os paratextos, que compreendem capas, contracapas, prefácios, posfácios,
dedicatórias, orelhas e folhas de rosto, são considerados produções externas ao texto central
do livro. Esses elementos têm o potencial de influenciar a recepção da obra, servindo como
um convite à leitura e ampliando o entendimento sobre o enredo, os autores e os contextos
culturais das obras. Nos livros investigados, esses paratextos abordam e celebram aspectos
culturais da África e dos povos negros, com ênfase na valorização das tradições e na
representação positiva dos indivíduos negros. As capas e ilustrações desses livros retratam a
beleza e a profundidade das culturas africanas, ressaltando a divindade, o encantamento e a
riqueza simbólica presentes nessas tradições. As biografias dos autores, em sua maioria
negros, destacam suas realizações, inteligência e a luta histórica por reconhecimento e
justiça. Essas representações afirmativas desempenham um papel crucial na construção de
uma narrativa antirracista, oferecendo uma visão empoderadora e educacional sobre as
culturas africanas e a identidade negra. A pesquisa demonstra que os paratextos contribuem
significativamente para a promoção de uma educação antirracista, ao valorizar e celebrar a
diversidade cultural e histórica. Os mediadores de leitura podem utilizar os insights desta
pesquisa para desenvolver abordagens mais conscientes e enriquecedoras ao apresentar
livros de literatura infantil negra, incentivando uma apreciação mais profunda e crítica das
culturas retratadas e promovendo uma compreensão mais inclusiva e justa no processo
educacional.

Palavras-Chave: literatura infantil negra; paratextos; mediador de leitura.

Ancestralidade, memória e negro afetividade na obra Os tesouros de Monifa

Nara Nathalie Nascimento dos Santos


Juliana de Melo Lima
(UFRN)
Este artigo tem como objetivo investigar a abordagem da ancestralidade, da memória e da
afetividade no livro Os Tesouros de Monifa (2009), escrito por Sônia Rosa, ilustrado por
Rosinha e publicado pela Editora Brinque-Book, tendo como personagens principais avó e
neta. A pesquisa é de natureza qualitativa (Bogdan; Biklen, 1994), com análise das
textualidades verbal e visual presentes no livro. Os fundamentos teóricos exploram alguns
valores afro-civilizatórios (Trindade, 2005) e a interseção entre ancestralidade (Machado,
2014), memória (Bosi, 1987) e negro afetividade (Jesus, 2019). A pesquisa respalda-se no
conceito de Literatura Infantil Negra (Amarilha; Campos, 2015) e aborda a importância de
desconstruir estereótipos raciais e promover uma representatividade positiva dos povos
negros e de suas culturas. A importância do trabalho reside na capacidade dessa obra de
promover uma educação que não apenas reconheça a diversidade cultural, mas também
esteja ciente das complexidades e riquezas associadas à herança cultural e afetiva das
comunidades afrodescendentes. No livro são valorizadas a ancestralidade, a memória e a
negro afetividade por meio do texto verbal, construído com linguagem expressiva e emotiva,
como ao Monifa relatar que seu coração acelerou ao ler a carta recebida, criando uma
atmosfera envolvente e subjetiva. Sônia Rosa utiliza a narrativa para construir uma
representação sensível e profunda da relação entre avó e neta, destacando a importância da
transmissão de valores culturais e afetivos entre as gerações. A escolha de palavras, repletas
de simbolismos, os diálogos e a estrutura do texto verbal contribuem para uma experiência
leitora que não só promove a identificação com as personagens, mas também desafia
estereótipos e amplia o entendimento sobre a diversidade dentro das culturas afro-
brasileiras. A narrativa verbal, assim, dialoga diretamente com as ilustrações, formando uma
unidade coesa que valoriza a negritude e a ancestralidade em toda a sua riqueza. As
ilustrações de Rosinha desempenham um papel crucial nessa obra, complementando e
ampliando a narrativa verbal, oferecendo ao leitor uma imersão profunda na cultura através
dos valores abordados. A ilustradora recorre a cores vibrantes e imagens ricas em detalhes,
que reforçam os laços familiares e celebram a beleza e a riqueza da cultura afro-brasileira,
contribuindo para uma experiência sensorial que valoriza a negritude em sua diversidade. A
obra destaca o papel fundamental das emoções e das relações familiares na construção de
uma identidade forte e resiliente, sendo um testemunho da importância da representatividade
e da autoafirmação para as novas gerações.

Palavras-Chave: literatura infantil negra; leitura; valores afro-civilizatórios.


Sessão 5 - Semioses, paratextos e imaginação no
livro ilustrado
Coordenadores: Maria Eduarda de Albertin (GPEL-
UFPE) e Jéssica Guabiraba (GPEL-UFPE)

Comunicações orais Autores(as)


Imagem e palavra em a Rainha louca Lilliân Alves Borges (Universidade
louca louca, de Anabella López Federal do Triângulo Mineiro)

“Ser tão” em multissemioses literário- Ismar Inácio dos Santos Filho


territoriais: letramento para espaços Maria Letícia De lima Martins
como “solos fixos” (UFAL)

Por fim, mas não menos importante:


aspectos paratextuais de livros Márcia Tavares (UFCG)
ilustrados na leitura do Colofão

Uma análise psico-literária do


sagrado nas narrativas infantis: As vias Francisca Júlia da Silva Soares
perseguidas pela imaginação (UFCG)
amplificam o encantado infantil com
os Contos de Fadas

Narrativas familiares nos livros-álbuns Fernanda Rios de Melo (PUC-SP)


brasileiros

Trocoscópio e a construção do Eunícia Fernandes (PUC-Rio)


pensamento histórico

Imagem e palavra em “A rainha louca louca louca”, de Anabella López

Lilliân Alves Borges (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)

Este trabalho tem como objetivo analisar o livro A rainha louca louca louca de 2023, da
artista Anabella López, concentrando o olhar análise acerca do texto verbal e visual o livro,
pois de acordo com a própria artista em entrevista: “seus livros possuem uma relação entre
imagem e texto”. A rainha louca louca louca é baseado no conto O rei sábio, de Khalil
Gibran. Nesse conto há um rei que todos os súditos respeitavam pela sua sabedoria e temiam
pelo seu poder, até que um dia, uma bruxa enfeitiça o único poço de água da cidade,
fazendo que todos aqueles que bebam da água daquele poço enlouqueçam. Em
contrapartida, na releitura realizada por Anabella López não temos um rei e sim uma rainha.
Importante mencionar que o livro López é dedicado a duas mulheres: Dilma e Nise. Nas
palavras de Beard: “as mulheres no poder são vistas como tendo ultrapassado os limites ou se
apossado de algo a que não têm direito” (BEARD, 2018, p. 64|). É por isso que diferentemente
do conto tradicional, entendemos o motivo de na releitura de López não acontecer a
redenção da rainha, ou seja, ela não volta à lucidez. Ela é julgada, humilhada e expulsa da
cidade, uma cidade, na qual todos os súditos estão inseridos dentro de uma grande teia: uma
teia de difamação, de informações falsas, de discursos selecionados, organizados e
distribuídos para elaborar uma vontade de verdade. Compreendemos, portanto, que o
trabalho realizado pela artista, em seu livro, tanto por meio das imagens quanto das palavras,
demarca o seu projeto estético, um projeto que possui dimensionamento literário, artístico,
temático, ideológico, logo, seus livros dialogam e se mantêm dentro de um percurso estético,
o qual prioriza a qualidade das narrativas verbais e visuais e a constante preocupação com
as questões sociais, com os sujeitos da margem, especificamente, as mulheres e sua inserção
dentro de uma sociedade patriarcal, machista e misógina.

Palavras-Chave: A rainha louca louca louca; imagem; discurso estético.

“Ser tão” em multissemioses literário-territoriais: letramento para espaços como


“solos fixos”

Ismar Inácio dos Santos Filho


Maria Letícia De lima Martins
(UFAL)

Nosso estudo problematiza o livro literário infantil ilustrado “Ser tão”, de autoria de Fábio
Monteiro, com ilustração de Mauricio Negro, publicado em 2016, pela Editora Paulinas,
indicado para crianças do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental. No estudo, desenvolvido no
Grupo de Estudos em Linguística Aplicada/Queer em Questões do Sertão Alagoano
(Gelasal), interrogamos os aspectos linguístico-semióticos mobilizados na obra, discutimos
sua composição e colocamos sob suspeição a tematização territorial, indagando os sentidos
de “sertão” forjados na fábula e a noção de língua(gem) e literatura subjacente nesse livro.
Temos o forte interesse em estranhar as possíveis implicações desse livro no letramento
literário-territorial de crianças pequenas. A pesquisa está vinculada aos pressupostos da
Linguística Aplicada Indisciplinar, que considera a relação entre as práticas discursivas e
sociais, tomando-as como indissociáveis. Nesse fazer, reconhecemo-nos desenvolvendo uma
“Geografia discursiva”, na qual estudamos a interface “linguagem e território” e na qual
compreendemos que é gente que faz espaços. A investigação está sob a ordem
metodológica dos estudos enunciativo-discursivos, no Círculo de Bakhtin. Dialogamos com
Albuquerque Jr (2008; 2011; 2016; 2017; 2019), Antunes (2012), Andrueto (2017), Besse (2014),
Bossato (2023), Bunzen (2022), Colomer (2014), Lima e Rosa (2021), Machado (2001), Martins
e Souza (2021), Moita Lopes (2006); Santos (Ataniel, 2021), Santos (Hugo, 2022), Santos Filho
(2012; 2022) e Távora (1993), dentre outres. Os resultados da pesquisa indiciam que os
elementos constitutivos da narrativa literária infantil trazem uma construção linguístico-
discursiva multissemiótica, mobilizando inclusive traços de obras de arte subjetivas, que
continua a (re)enunciar dizeres de um arquivo de dizibilidade e visualidade sobre “sertão”
forjado no final do século 19 e que forja, na formação infantil, um letramento literário-
territorial sob a perspectiva de “ solos fixos”. Assim, temos a preocupação de questionar a
formação de crianças pequenas nos processos de leitura literária, refletindo, portanto, a
função da literatura e do livro literário infantil ilustrado.

Palavras-Chave: livro infantil literário; Sertão; enunciação; Linguística Aplicada; Geografia


discursiva.

Por fim, mas não menos importante: aspectos paratextuais de livros ilustrados na
leitura do Colofão

Márcia Tavares (UFCG)

O livro ilustrado para a infância, compreendido como objeto multimodal, se estabeleceu


como uma tendência da produção de literatura infantil e juvenil das duas primeiras décadas
desse século, com ênfase em propostas que priorizam a tríade dos sistemas de linguagens
das imagens, do projeto gráfico e do texto escrito. Nesse cenário é pertinente indagar como
se concretizam as mudanças ocorridas com esse objeto, e, notadamente, como se
especificam as alterações dentro da materialidade e da forma desse livro ilustrado
contemporâneo. O artigo aborda o espaço físico e paratextual do colofão em uma série de
livros ilustrados contemporâneos publicados em território nacional e sua relação com
aspectos de inventividade e interferência na narrativa. Partindo do entendimento de que os
dados listados no colofão, compreendido a partir de Meyle et al (2021), formam uma estrutura
conceitual dentro de práticas criativas do livro para infância. O objetivo maior deste estudo é
com¬preender que tipos de listagens e informações contidas no colofão interferem no
entendimento dos textos e dos elementos do projeto gráfico dos livros analisados, e da
mesma forma, como podemos identificar elementos da pressuposição do leitor nesse
paratexto. Para alcançar este objeti¬vo realizamos uma leitura comparada, crítica e reflexiva
de várias obras com intervalo de publicação nas duas primeiras décadas do século XXI
buscando compreender as estratégias de locação e descrição do paratexto em análise.
Nossa pesquisa se caracteriza como de natureza descritivo-interpretativa e utilizará
fundamentação pautada em Nikolajeva e Scott (2011), e Linden (2011) sobre as técnicas para
ilustrar, Araújo e Oliveira (2012) e Genette (2015) e Lins (2017) sobre leitura de imagens e
paratextos editorias. Sobre a constituição estética da produção para infância assumiremos os
pressupostos de análise do alfabetismo visual de Dondis (2009) e de Goés (2003). Como
conclusão, podemos afirmar que o colofão nestas obras de literatura infan¬til é apresentado
como um espaço si¬multaneamente tradicional/ técnico e inventivo/poético, com matizes
diversificadas.

Palavras-Chave: livro ilustrado; paratextos; Colofão.

Uma análise psico-literária do sagrado nas narrativas infantis: As vias perseguidas


pela imaginação amplificam o encantado infantil com os Contos de Fadas

Francisca Júlia da Silva Soares (UFCG)


Os Contos de Fadas são coadjuvantes na vida das crianças, transcende todos os que
deleitam sobre a narrativa e constitui suas formulações psíquicas, ao exercer um poder na
vida dos jovens privilegia submergir no mundo da fantasia. Em contrapartida, essa atuação
torna-se simbólica à medida das narrativas forem anunciadas pelos adultos que presenciam e
participam da vida dessas crianças e, para uma ocorrência natural, é crucial aos profissionais
da educação articularem os pontos positivos e negativos com a produção subjetiva. Os
Irmãos Grimm apresentam a lição do persistir em “João e Maria”, o clássico europeu que faz
parte da tradição oral, que narra a vida de dois irmãos pobres, que ao sofrerem o abandono
afetivo dos pais na floresta, percorrem até encontrar uma casa feita de doces. O conto “O
patinho feio” do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen é considerado um dos
clássicos da literatura, possui uma visão particular de si. Nas narrativas, o princípio é uma
perseguição a contemplação, principalmente, a contemplação de si-mesmo, em ritos
sagrados e perceptíveis, os campos e residências são obstáculos a serem desbravados. Eis os
objetivos do presente trabalho: examinar a busca feita pelas personagens para compreender
a si e perscrutar o universo imaginativo das crianças. Partindo desse princípio, o estudo
refere-se a uma pesquisa de campo analítico, por meio dos estudos realizados dos escritos, e
como referencial teórico por meio de Bettelheim em “A Psicanálise dos Contos de Fadas”
para compreender os comportamentos das personagens. De modo expressivo, a literatura
infantil tem sua abordagem como instrumento, um desafio aplicável e de resultados, por
vezes, motivadores, capacitada a transformar o mundo da criança, seu jeito de enxergar e
agir, tornando-se um sujeito ativo na sociedade. O pequeno cidadão compreende o contexto
que vive, que por vezes pode ser um espaço cruento em maldade e/ou belamente pacífico,
modificando seus espaços de acordo com a realidade, e agindo de modo com suas
necessidades.

Palavras-Chave: literatura infantil; contos de fadas; psicanálise; fantasia.


Narrativas familiares nos livros-álbuns brasileiros

Fernanda Rios de Melo (PUC-SP)

Propomos para esta comunicação a análise de 2 livros brasileiros que trazem temáticas
relacionadas ao universo familiar. São objetos de estudo desta comunicação: Amanhã
(Pequena Zahar, 2022) e Rosa (Edições Olho de Vidro, 2017). Amanhã apresenta três
narrativas da mesma família. Três meninas representam três gerações desde Oriê, a menina
que morou no Japão, passando por sua filha e chegando à sua neta. A obra inicia-se com a
história contemporânea adentrando cada vez mais rumo ao passado. Ela conduz o leitor às
histórias individuais e ao mesmo tempo à história da grande imigração japonesa no Brasil.
Quando um homem está perto de ganhar um filho, ele enlouquece e desaparece. Em Rosa,
observamos duas narrativas se desenrolarem uma por meio das imagens e outra por meio das
palavras. Por meio do texto verbal, notamos um pai se afastando do filho que acabou de
nascer sem entendermos muito bem o porquê, vamos compreendendo ao longo da narrativa.
Através das ilustrações, acompanhamos o filho em sua retomada ao lugar de origem em
busca deste pai desaparecido. Vemos nesse desenrolar que o filho acredita na presença do
pai, mesmo que ele não esteja por perto. A metodologia será de cunho bibliográfico e
qualitativo, tendo como principais referências Linden (2011), Nodelman (2011) e do próprio
Odilon Morais (2022). O principal objetivo desta comunicação é observar de que modo a
leitura do livro-álbum brasileiro contemporâneo se transforma por meio das imagens e das
palavras propostas nestas duas obras. Almejamos identificar as estratégias visuais e textuais
propostas pelos autores, analisando de que maneira as palavras se relacionam com as
ilustrações, estabelecendo com elas uma relação de concordância ou discordância. Em
relação à temática, procuraremos estabelecemos de que modo estas duas narrativas, uma
ligada à imigração japonesa e outra ligada ao universo roseano podemos demonstrar
similaridades, mas que também o nosso país foi construído por culturas diversas e que podem
coabitar o mesmo território.

Palavras-Chave: Lúcia Hiratsuka; Odilon Moraes; livro-álbum brasileiro.

Trocoscópio e a construção do pensamento histórico

Eunícia Fernandes (PUC-Rio)

A comunicação é convite para alargamento ainda maior daquilo que o livro ilustrado tem
proporcionado: o atravessar de fronteiras disciplinares. As universidades contemporâneas
foram erigidas sob o paradigma científico iluminista, cioso de delimitações precisas de
campos de conhecimento, entretanto, se as ciências atravessaram séculos se beneficiando de
trocas (inter e transdisciplinares), a atual emergência (e validação) de saberes constituídos à
margem da razão moderna ocidental, recoloca e adensa discussões sobre os recortes. Em tal
contexto, o livro ilustrado é objeto provocador. A disputa por sua nomenclatura – picturebook,
livro álbum, álbum ilustrado etc. – é, em si, evidência das valorosas tensões que ele
estabeleceu entre os campos do texto (literatura), da imagem (arte) e do design.
Compreendendo-o como uma linguagem que articula todos esses elementos, resulta na
problematização de paradigmas e territórios, que podem ser exemplificados,
respectivamente: no questionamento de Dani Gutfreund sobre o livro ilustrado não se reportar
à literatura estrito senso, mas sim à ficção, e nas consideração de Amir Cadôr sobre pontes e
distâncias entre livro ilustrado e livro de artista. Não só. As ferramentas interpretativas
resultantes de pesquisas sobre tal linguagem mostram o vigor de trocas conceituais que
dissolvem fronteiras, como o uso de ecossistema por Aline Abreu. Partindo de tais
considerações, a comunicação objetiva apresentar como a exploração da linguagem livro
ilustrado aciona referentes conceituais que são indispensáveis para o conhecimento histórico,
portanto, atravessando limites e interferindo positivamente na habilidade de crianças e
adultos em melhor compreenderem historicidades. Para começar, estruturalmente, o livro
ilustrado definido como linguagem (texto, imagem e design como diferentes vozes que, no
diálogo, compõem o sentido) rompe com linearidades. É dizer que, no mínimo, a leitura/
manuseio de livros ilustrados fratura o modelo histórico das linhas de tempo -
tradicionalmente constituídas a partir de uma única voz - e apresenta alternativa multivocal
na compreensão de narrativas. E, de modo particular, há obras que promovem outras
experimentações conceituais caras à historiografia. É o caso de TROCOSCÓPIO de Bernardo
Carvalho (Planeta Tangerina, 2010) que, além de acionar os conceitos de deslocamento e
mudança, coloca no horizonte do leitor o argumento da alteração de paradigma.
TROCOSCÓPIO recoloca e adensa a discussão sobre os recortes forma e conteúdo, além
daqueles dos campos do saber.

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