Aula de Colera para Metoro - MEDICUS MUNDI 093923 (1) VF

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Conselho Executivo Provincial de Cabo Delgado

Direcçao provincial de Saúde


Departamento de Saúde Pública

Aula sobre doenças diarreicas/cólera (sinais e sintomas, modo


de transmissão, medidas de prevenção e procedimentos em caso de
suspeita de doença)
Formação de técnicos de saúde em ferramentas para resposta básica a doenças
diarreicas e incluindo a cólera

Dra. Santinha - DPS


Metoro (Ancuabe), 28 de Outubro de 2024

Projecto: Melhorar o estado de saúde da população deslocada nos centros de reassentamento


e da população de acolhimento dos distritos de Ancuabe e Montepuez (Cabo Delgado).
CÓLERA

• Definição

➢ Cólera - é uma doença diarreica aguda causada pela enterotoxina do Vibrio


cholerae, através da ingestão de alimentos ou água contaminados pela

bactéria Vibrio cholerae.


Manifestações clínicas:

A cólera manifesta-se de forma variada, desde infecções inaparentes até diarreia


profusa e grave.

➢ Forma leve ou oligossintomática - diarreia leve, como acontece na maioria


dos casos (80% das pessoas infectadas).

➢ Forma grave - (‹ 10% do total), o início é súbito, com diarreia aquosa, profusa,
com inúmeras dejeções diárias, por vezes do tipo “água de arroz” e cheiro a
peixe, com ou sem vómitos, dor abdominal e cãibra. A diarreia e os vômitos,
podem causar perda de líquidos, na ordem de 1 a 2 l/h.
Reservatório

Os principais reservatórios de V. cholerae são o homem e as


fontes de água.

➢ O homem é o reservatório usual de V. cholerae toxigênico


dos sorogrupos O1 e O139;

➢ São fontes de infecção, os doentes no período de


incubação, na fase das manifestações clínicas e na
convalescença, bem como os portadores assintomáticos;

➢ Os bacilos são eliminados pelas fezes e pelo vômito.


Modo de transmissão

➢ Pelo consumo da água ou alimentos contaminados por fezes ou

vómitos de um doente ou portador;

➢ Manipulação dos alimentos e utensílios contaminados;

➢ De pessoa a pessoa causada na deficiente higiene individual e colectiva;

➢ A elevada ocorrência de assintomáticos (portador sadio).


Diagnóstico

• Diagnóstico diferencial:

➢ Com todas as diarreias agudas.

• Diagnóstico laboratorial:

➢ Isolamento do V. cholerae, nas fezes de doentes ou portadores

assintomáticos.

➢ Testes de diagnóstico rápido podem ser usados no início da epidemia

(alerta e detecção precoce dos primeiros casos).


Prevenção da cólera

O melhor meio de protecção contra epidemias de cólera é através de:

➢ O abastecimento de água potável em quantidade e qualidade,

➢ Boas condições de saneamento do meio,

➢ Boa higiene individual e colectiva,

➢ Produção e disseminação de mensagens para a promoção da higiene e

saúde,

➢ e mobilização de outros sectores para apoiar nesta actividade.


Medidas de controlo da cólera

❖ Garantir o acesso da população aos serviços de diagnóstico e tratamento;

❖ Garantir a oferta de água de boa qualidade e em quantidade suficiente;

❖ Garantir o destino e o tratamento adequado das fezes ;

❖ Garantir a recolha e destruição adequada do lixo;

❖ Promover a vigilância de indivíduos sintomáticos;

❖ Promover a vigilância de meios de transporte e terminais portuários, aeroportos, rodoviários


e ferroviários;

❖ Promover medidas que visem à redução do risco de contaminação de alimentos, em


especial por meio do comércio ambulante;

❖ Garantir a qualidade dos processos de limpeza e desinfecção, principalmente para serviços


de saúde e áreas onde se confecionam alimentos;

❖ Promover as atividades de educação em saúde para garantir o acesso da população a


informação e aos conhecimentos necessários sobre à prevenção e controlo da doença;
Preparação a RESPOSTA

O controlo e a mitigação dos efeitos de uma epidemia de só pode ter

resultados se forem criados mecanismos para o seu controle, antes

durante e depois da sua ocorrência.

A preparação e resposta da colera requer decisores e trabalhadores com

conhecimentos,

- a existência de um plano de resposta bem detalhado,

- colaboração multissectorial,

- e compromisso político.
Actividades a realizar antes da epidemia

Criação ou reativação dos Comités e Distritais

- Activar um sistema de monitoria para a vigilância activa da doença

- Formar e actualizar os trabalhadores, a nível dos distritos e unidades sanitárias em


risco;

- Identificar e treinar actores comunitários de saúde (APE, activistas, lideres


comunitários, etc.)

- Realizar campanhas de mobilização e sensibilização para promoção de práticas para


prevenção surtos;

- Reforçar a vigilância da qualidade da água

- Adquirir, preparar e preposicional dos medicamentos e outros insumos, incluindo RH, e


identificar os canais de distribuição para responder a emergência
Actividades a realizar durante a epidemia

- Informação aos níveis superiores e a população sobre a ocorrência da doença;

- Intensificar a educação para a saúde na comunidade e nas unidades sanitárias;

- Reativação das Comissões de Emergência Sanitária em todos nível, e activar a equipe


de resposta rápida contra a cólera a todos

- Activação do sistema de alerta e resposta para monitoria da doença

- Declarar imediatamente o início do surto de cólera após confirmação laboratorial;

- Instalação do CTDD;

- Reforço das medidas Preventivas ;

- Documentar todas as actividades durante a epidemia;

- Elaborar o relatório de fim da epidemia;

Nota: Aumento do número de casos e mortes por diarreia, Detectado o primeiro caso confirmado ou morte por cólera;
Insuficiência de materiais e equipamentos (medicamentos, EPI, camas, etc); Insuficiência de recursos humanos; Dificuldade
de acesso as unidades sanitárias; Dificuldade no abastecimento de água, alimentos seguros e saneamento deficiente
Actividades a realizar após a epidemia

Produzir o relatório da epidemia e se possível fazer uma avaliação, actualizar

o plano de resposta (guião de avaliação da OMS);

Continuar com a vigilância da doença, ate a declaração do fim da epidemia;

Continuar com as medidas preventivas, garantir a sustentabilidade na

distribuição da água e melhoria do saneamento;

O grupo multissectorial continuar a reunir regularmente de preferência

mensalmente, mesmo na ausência da epidemia.


Principais intervenientes

❖ Comité Multissectorial de Emergências Sanitárias.


• (MISAU, INS, MOPHRH, MTA, MAEFP, MINEDH, MIC, MI,MDN, INIAE,
GABINFO, PARCEIROS DE COOPERAÇÃO, Sector privado, CVM, RNU
e das ONGs, e Sociedade civil

❖ Comité Técnico de Combate a Cólera e Outras Diarreias


• Liderança e Coordenação;
• Vigilância Epidemiológica e Laboratorial;
• Manejo de Casos;
- Água, Higiene & Saneamento (WASH )
• Vacinação oral contra a cólera;
• e Comunicação de Risco & Envolvimento Comunitário
RESUMO DOS ASPECTOS LOGÍSTICOS POR NÍVEL DE ATENÇÃO DE SAÚDE

Para a preparação de uma epidemia o MISAU, a nível central deve:


• Garantir o aprovisionamento, transporte e a distribuição atempada de
medicamentos, material médico-cirúrgico;
• Dinamizar formação técnica das equipas nas províncias;
A DPS deve:
• Identificar e treinar as equipas distritais para realizar acções no terreno e na
enfermaria;
• Requisitar atempadamente medicamentos e material médico-cirúrgico (kit de
Cólera) ao MISAU;
• Garantir o envio do stock mínimo de medicamentos e material (kit de Cólera)
para os distritos,
O SDSCGAS deve:
• Manter as equipas técnicas em alerta;
• Criar os “Cantos de Rehidratação Oral” a nível das unidades sanitárias;
• Identificar um local para instalação do CTDD;
• Requisitar atempadamente o stock mínimo de medicamentos, material (Kit de
Cólera) e reagentes.
PELA ATENÇÃO DISPENSADA

O MEU MUITO OBRIGADA


Bibliografia
• Gujral, Lorna; Manjate, Rosa Marlene; Manual de
Prevenção e Tratamento da Cólera e de outras
Diarreias Agudas. Departamento de
Epidemiologia, Direcção Nacional de Saúde
Pública Ministério de Saúde-Moçambique - Maputo

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