Atividade Teórico-Prática

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Estagiárias: Evellyn Monteiro de Lucena, Julya Kelly Venâncio da Silva

Caso 1: Paciente M.L, feminina, 58 anos, procurou atendimento na Clínica Escola de


Fonoaudiologia com queixa vocal e dificuldade de deglutição. Já realizou tratamento
radioterapêutico e tireoidectomia total, o que provocou uma paralisia da prega vocal direita
em posição lateral com arqueamento, formando uma fenda fusiforme ântero-posterior. Na
deglutição, relata que quando come sente a sensação de comida presa na garganta e
necessidade de tossir para limpar. Também, tem costume de ingerir água para ajudar a
descer os alimentos.

1- O que avaliar?

➢ Voz: Avaliação das pregas vocais, intensidade vocal, avaliação perceptivo-


auditiva,ressonância, pitch e esforço vocal.
➢ Deglutição: Avaliação clínica da deglutição, considerando o relato de sensação de
comida presa e tosse após a alimentação.
➢ Sensibilidade laríngea: Testes para verificar possíveis alterações na proteção das
vias aéreas durante a deglutição, dado o histórico de radioterapia.
➢ Capacidade respiratória: Avaliação do esforço respiratório, já que a radioterapia
pode impactar essa função.

2- Possíveis alterações

➢ Na parte vocal: Paralisia da prega vocal direita, levando a uma fenda fusiforme, com
impacto na qualidade vocal, podendo causar uma rouquidão e soprosidade.
➢ Deglutição: Presença de disfagia orofaríngea, com possível acúmulo de alimento na
hipofaringe e risco de aspiração.
➢ Proteção das vias aéreas: Comprometimento da proteção da via aérea inferior,
aumentando o risco de penetração ou aspiração.

3-Objetivos e estratégias terapêuticas

➢ Voz: Melhorar a eficiência do fechamento glótico, por meio de estratégias de


exercícios de adução vocal, manobras de esforço vocal, fonoterapia com foco no
aumento de ressonância.
➢ Deglutição:Facilitar o trânsito do bolo alimentar e prevenir aspiração, por meio de
estratégias de manobras compensatórias (ex: manobra de Mendelsohn), ajuste
postural (ex.: chin tuck), exercícios de fortalecimento muscular orofaríngeo.
➢ Manter a via aérea protegida durante a ingestão, por meio da adaptação de
consistências alimentares e ingestão de líquidos espessados, como por exemplo de
nível 2, se necessário.
4- Possibilidade de retorno à dieta via oral (VO)

Retorno aos poucos, com a introdução de dietas modificadas em consistência e


monitoramento rigoroso, além da terapia fonoaudiológica com os devidos exercícios e
planejamento, dado o risco de penetração/aspiração.

Caso 2: Paciente F.C, masculino, 85 anos, internado a 10 dias no hospital Walfredo Gurgel
devido a pneumonia por broncoaspiração. Devido ao estado cognitivo rebaixado provocado
pela infecção respiratória, foi necessário colocar sonda nasoenteral para alimentação.
Paciente segue aos cuidados da equipe com necessidade de avaliação e reabilitação
fonoaudióloga.

1- O que avaliar?

➢ Deglutição: Avaliação clínica da deglutição, para avaliar a segurança e eficiência da


deglutição.
➢ Estado cognitivo: Avaliação da cognição, considerando o estado rebaixado e
possível impacto na resposta de deglutição.
➢ Respiração: Avaliação da coordenação respiratória e deglutição, especialmente por
conta da broncoaspiração e pneumonia associada.
➢ Fatores nutricionais: Avaliar estado nutricional e condições de uso da sonda
nasoenteral.

2.- Possíveis alterações

➢ Deglutição: Alta probabilidade de disfagia orofaríngea, com risco de aspiração,


considerando a broncoaspiração e pneumonia.
➢ Estado cognitivo: Redução na capacidade de proteção da via aérea e controle
adequado do bolo alimentar.

3- Objetivos e estratégias terapêuticas

➢ Deglutição: Com o objetivo de reduzir o risco de aspiração e melhorar o manejo oral


do alimento, fazendo à adaptação da consistência dos alimentos, exercícios para
fortalecimento muscular, manobras de deglutição seguras.
➢ Cognitivo: Promover melhor consciência e controle do processo de deglutição,
estimulando de forma leve,com treino de reforço de comandos claros durante a
alimentação.
➢ Nutrição:Manter a nutrição adequada sem comprometer as vias aéreas, via sonda
nasoenteral até segurança para a VO.

4- Possibilidade de retorno à dieta via oral (VO)

O retorno à dieta VO dependerá da melhora cognitiva e da estabilidade respiratória, além da


eficiência na deglutição sem risco de aspiração. Inicialmente, seria indicado começar com
líquidos espessados e alimentos em consistência pastosa, de nível 2 ou 3.

Caso 3: Paciente M.J, feminina, 65 anos, teve um AVC a uma semana, está com dieta
mista (sonda nasoenteral e via oral de treino em consistência pastosa levemente
espessada) liberado pela fono anterior. Paciente ainda refere engasgos e tosse com essa
consistência e precisa continuar o processo terapêutico.
1- O que avaliar?

➢ Deglutição: Revisar o histórico de deglutição antes do AVC e a evolução desde a


internação; Monitorar episódios de tosse e engasgos, bem como a presença de
ruídos respiratórios após a alimentação; Testes clínicos de deglutição para
diferentes consistências (líquidos, pastosos, sólidos).
➢ Capacidade de comunicação: Identificar possíveis déficits na compreensão e
expressão, que podem afetar a capacidade de seguir orientações durante as
refeições; Analisar como a paciente se comporta durante as refeições, se há sinais
de aversão ou medo.
➢ Consistência alimentar: Verificar se a consistência pastosa levemente espessada é
realmente segura e se há necessidade de ajustes.

2 - Possíveis alterações:

➢ Disfagia: Dificuldade em deglutir alimentos, evidenciada pelos engasgos e tosse.


➢ Risco de Aspiração: A presença de tosse durante a alimentação sugere que a
paciente pode estar aspirando alimentos.
➢ Alterações na Comunicação: Possíveis dificuldades em seguir orientações durante a
alimentação, o que pode impactar a segurança.

3- Objetivos e estratégias:

➢ Para Disfagia
Objetivo: Melhorar a segurança da deglutição e reduzir episódios de engasgo.

● Estratégias:

Reavaliação da Consistência: Considerar a possibilidade de espessamento adicional ou


ajuste na textura dos alimentos.

Treinamento de Técnicas de Deglutição: Ensinar a paciente sobre posicionamento


adequado, pausas durante a alimentação e uso de estratégias compensatórias.

➢ Para risco de aspiração

Objetivo: Minimizar o risco de aspiração durante a alimentação.

● Estratégias:

Monitoramento e Orientações: Orientar cuidadores sobre sinais de aspiração e práticas de


alimentação segura.

Uso de Espessantes: Introduzir espessantes em líquidos, se necessário, para garantir uma


consistência segura.

➢ Para comunicação

Objetivo: Garantir que a paciente possa seguir orientações durante a alimentação.

● Estratégias:

Educação: Informar a paciente e os cuidadores sobre a importância de seguir as instruções


de deglutição.
Utilização de Recursos Visuais: Se houver dificuldades de compreensão, usar pictogramas
ou gestos para facilitar a comunicação.

4- Possibilidade de retorno à dieta via oral (VO):

➢ O retorno à dieta via oral deve ser planejado com cautela, incluindo uma avaliação
gradual da deglutição. Isso permitirá reavaliar a deglutição com diferentes
consistências, começando com alimentos mais seguros. É fundamental um
acompanhamento contínuo para monitorar a tolerância da paciente à alimentação
oral, registrando quaisquer sinais de desconforto ou dificuldade. Além disso, deve
haver reavaliações regulares para revisar o progresso e ajustar as recomendações
conforme necessário, sempre em colaboração com a equipe multidisciplinar.

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