Discussão - Coqueluche
Discussão - Coqueluche
Discussão - Coqueluche
Introdução:
➢ É uma doença infecciosa aguda do trato respiratório;
➢ Alta transmissibilidade;
➢ É causada pela bactéria Bordetella pertussis;
Epidemiologia:
➢ A OMS estima a ocorrência de 50 milhões de casos e 300 mil óbitos
anualmente;
➢ Letalidade em torno de 4%;
Etiologia:
➢ A Bordetella é um bacilo Gram-negativo, aeróbio obrigatório, não fermentador
e pleomórfico;
➢ A síndrome coqueluchoide pode ser causada pelas bactérias Bordetella
parapertussis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis, Chlamydophila
pneumoniae, Bordetella bronchiseptica, Bordetella holmesii e também por alguns
vírus respiratórios, particularmente o adenovírus e o vírus sincicial respiratório
(VSR);
➢ O período de incubação da coqueluche varia entre 5 e 21 dias (média 7 a 10
dias);
➢ Casos ocorrem durante todo o ano, tipicamente com um pico entre o verão e
o outono;
Fisiopatologia:
➢ Os danos são localizados na árvore respiratória, decorrentes da produção de
adesinas e toxinas, sendo a toxina pertussis a mais importante;
➢ A coqueluche tem duração de aproximadamente 6 a 12 semanas e apresenta
três estágios clínicos:
➢ Fase catarral: com duração de 7 a 14 dias: cursa com rinorreia,
lacrimejamento e febre baixa; no final desta fase inicia-se a tosse seca;
➢ Fase paroxística: com duração de 1 a 4 semanas: cursa com 5 a 10
episódios de tosse durante uma expiração, guincho na inspiração forçada, vômitos
pós-tosse, paroxismos em torno de 30 episódios a cada 24 horas (espontâneos ou
por estímulo);
➢ Durante o paroxismo, podem ocorrer cianose, olhos salientes, salivação,
lacrimejamento e distensão das veias do pescoço. Normalmente a criança fica
assintomática entre os episódios de tosse;
➢ Fase de convalescença, com duração de 1 a 2 semanas: cursa com
diminuição da frequência e gravidade da tosse. Neste período, o epitélio respiratório
do paciente fica suscetível e podem ocorrer paroxismos novamente se o paciente
apresentar uma infecção respiratória concomitante.
➢ Complicações entre adolescentes e adultos incluem síncope, perda de peso,
distúrbios do sono, incontinência urinária, fraturas de costelas e pneumonia. A
coqueluche é mais grave quando ocorre durante os primeiros 6 meses de vida,
particularmente em crianças prematuras e não imunizadas. Nas crianças dessa
faixa etária, a doença pode ser atípica, com um estágio catarral curto seguido por
engasgos, respiração ofegante, bradicardia ou apneia (67%) como manifestações
precoces proeminentes; ausência de guincho e período de convalescença
prolongado podem ocorrer. Morte súbita pode ser causada pela tosse paroxística.
➢ Complicações entre crianças incluem pneumonia (23%) e hipertensão
pulmonar, bem como complicações relacionadas aos acessos de tosse graves,
como hemorragia subdural ou conjuntival e hérnia; os acessos de tosse grave
podem levar a hipóxia e complicações, como convulsões (2%), encefalopatia
(menos de 0,5%), apneia e morte;
Diagnóstico:
➢ O exame de cultura é considerado o padrão-ouro para o diagnóstico
laboratorial da coqueluche e exige a coleta de uma amostra de nasofaringe
apropriada. Embora tenha 100% de especificidade, é pouco sensível, já que a B.
pertussis é um organismo fastidioso. A sensibilidade diminui se houver o início de
antibiótico antes da coleta, em indivíduos imunizados para coqueluche, se houver
mais de 2 semanas do início da tosse ou se a amostra foi manuseada
inadequadamente. Seu uso tem grande importância epidemiológica para a vigilância
da sensibilidade da bactéria aos macrolídeos;
➢ O teste PCR requer a coleta de uma amostra de nasofaringe adequada
usando um cotonete de Dacron ou de lavagem nasofaríngea ou de aspiração. A
aplicação dessa metodologia na rotina de diagnóstico no Brasil triplicou a
confirmação laboratorial, além de propiciar a liberação mais rápida dos resultados
de exames, de 15 dias para 24 a 48 horas. É o meio mais fácil e sensível
(principalmente nas primeiras três semanas de tosse) para o diagnóstico, porém sua
sensibilidade também diminui com o uso de antibiótico e em indivíduos previamente
vacinados. Este método detecta bactérias mortas e vivas e deve ser indicado
somente quando a sintomatologia for condizente com coqueluche, para evitar
resultados falso-positivos;
➢ A sorologia só tem benefício em pacientes vacinados há mais de 2 anos e
deve ser coletada em duas etapas, sendo a primeira amostra preferencialmente
coletada na fase catarral;
➢ Hemograma: leucocitose até 50.000 células/mm3 com linfocitose;
➢ Radiografia de tórax: imagem de “coração felpudo” com infiltrado intersticial e
espessamento peribrônquico;
Tratamento Medicamentoso:
➢ O uso preferencial de azitromicina e claritromicina para tratamento e
quimioprofilaxia da coqueluche é recomendado pelos guias de vigilância do Centers
for Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, e da agência
inglesa Health Public Protection (2011);
➢ Tendo em vista as evidências científicas dos benefícios e a disponibilidade
dessas drogas, o Ministério da Saúde preconiza o uso da azitromicina como droga
de primeira escolha no tratamento e na quimioprofilaxia da coqueluche e, como
segunda opção, a claritromicina;
➢ Nos casos de contraindicação ao uso desses macrolídeos, recomenda-se o
sulfametoxazol associado ao trimetoprim. A eritromicina pode ser usada, no entanto,
está contraindicada para crianças menores de 1 mês de idade e nas situações de
intolerância ou dificuldade de adesão;
➢ Os antibióticos indicados e suas respectivas posologias são os mesmos,
tanto para tratamento como para quimioprofilaxia. Indivíduos com pertússis são
considerados possíveis transmissores até que tenham completado 5 dias de
tratamento antibiótico adequado ou até 3 semanas depois do início da tosse,
devendo permanecer em isolamento com precaução para gotículas e
precauções-padrão;
➢ Na vacina de células inteiras, o componente pertússis é o principal
responsável por eventos adversos indesejáveis (febre, choro e irritabilidade), além
de outros potencialmente mais graves, como convulsões e síndrome
hipotônico-hiporresponsiva. Embora reatogênica, hoje é considerada segura e
eficaz. Muitos eventos adversos graves não mostraram relação de causalidade e
efeito, como demonstram alguns estudos epidemiológicos na investigação desses
episódios;
➢ A vacina não é responsável por morte súbita ou encefalopatia com lesões
permanentes em crianças que a receberam. Estudos demonstraram que as vacinas
acelulares (DTPa) são eficazes e menos reatogênicas que as celulares. A proteção
das vacinas contra coqueluche reduz com o tempo: após 5 a 10 anos do esquema
inicial, resta pouca ou nenhuma proteção. Em 2005 foram licenciadas vacinas
contra coqueluche para uso no adulto (dTPa): são acelulares, com quantidade
reduzida de toxina pertussis e combinadas com tétano e difteria (formulação para
adulto);
➢ Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina dTPa
para gestantes como profilaxia da doença na mãe e em lactentes jovens, pois, além
de reduzir a transmissão da mãe para o bebê, há imunização passiva (passagem
transplacentária de anticorpos), desde que a imunização ocorra até 20 dias antes do
parto;
Fisioterapia:
➢ A fisioterapia respiratória atua na higiene brônquica, melhora da ventilação,
após a fase aguda da infecção, a fisioterapia pode incluir exercícios físicos leves
para ajudar na recuperação geral e melhorar a condição física do paciente;
➢ As manobras com expiração rápida e abrupta (em especial a AFER) devem
ser realizadas com cuidado pois podem levar ao colapso das vias aéreas;
SARMENTO, George Jerre V.; CARVALHO, Fabiane Alves de; PEIXE, Adriana de
Arruda F. Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia 2a ed.. Barueri:
Editora Manole, 2011. E-book. ISBN 9788520459591. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520459591/. Acesso em: 31
ago. 2024.