Esperando Godot, de Samuel Becket

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Esperando Godot, de Samuel Beckett, é uma peça icônica do teatro do absurdo, e suas

"melhores" cenas muitas vezes dependem da interpretação pessoal de quem assiste ou lê a


peça. No entanto, algumas cenas são amplamente reconhecidas por sua profundidade,
humor e complexidade. Aqui estão algumas das cenas mais marcantes:

1. A Abertura (Ato I)

● Na abertura, Vladimir e Estragon discutem a ideia de se enforcarem em uma árvore.


Esse momento é uma introdução ao tom absurdo e cômico da peça, e revela a
relação entre os dois personagens e sua situação de espera sem sentido. A ideia de
se enforcarem reflete o desespero dos personagens, mas a forma cômica com que
discutem o ato traz leveza ao absurdo do cenário.

2. A Chegada de Pozzo e Lucky (Ato I)

● Quando Pozzo e Lucky entram, eles trazem uma nova dinâmica para a peça. Pozzo,
com sua postura dominadora e cruel, lidera Lucky, que está submisso e carregado
de fardos. Esse momento é significativo, pois explora temas de poder e submissão,
ao mesmo tempo que questiona a natureza das relações humanas e a existência.

3. O Discurso de Lucky (Ato I)

● Esta cena é uma das mais famosas e surreais da peça. Depois de ser mandado
falar, Lucky começa um monólogo incoerente, uma explosão de palavras sem
sentido que reflete o caos e a confusão da vida. Sua fala é quase um fluxo de
consciência que mistura filosofia, teologia e absurdo, simbolizando o colapso do
sentido e da lógica na existência humana.

4. A Mensagem do Menino (Ato I e Ato II)

● Em ambos os atos, um menino chega para informar a Vladimir e Estragon que


Godot não virá hoje, mas "talvez amanhã". Esse momento é central para a temática
da espera sem fim. Cada vez que o menino aparece, ele reforça o ciclo de
esperança e decepção dos protagonistas, deixando a impressão de que o amanhã
nunca realmente chegará.

5. O Debate sobre o Tempo e Memória (Ato II)

● No segundo ato, Vladimir e Estragon têm uma conversa sobre o tempo e


questionam se os eventos de ontem realmente aconteceram. Essa discussão
destaca a incerteza e a ambiguidade de sua situação e toca em questões
existenciais sobre a passagem do tempo e a natureza da memória. Esse momento é
impactante porque ilustra como eles estão presos em um loop, sem progresso ou
resolução.

6. A Dança e o Jogo do Chapéu (Ato II)


● No segundo ato, os personagens tentam se entreter com brincadeiras e gestos
bobos, como trocar chapéus. Esse momento cômico é uma representação da
tentativa dos personagens de encontrar algum sentido ou distração em meio à
espera. A dança e o jogo refletem o absurdo e a frustração de sua condição, com
um toque de humor sombrio.

7. O Final (Ato II)

● No final, Vladimir e Estragon decidem mais uma vez que vão partir, mas continuam
imóveis. A peça termina com a famosa frase "(Eles não se movem)", encapsulando
o ciclo interminável da espera. Este encerramento poderoso e ambíguo deixa o
público com uma sensação de vazio e de incompletude, reforçando a mensagem de
absurdo e a ausência de resolução.

Essas cenas, embora descritas individualmente, funcionam melhor no contexto da peça


como um todo. Esperando Godot é uma obra que depende muito da interação dos
personagens, do tom e do ritmo das conversas, e da atmosfera geral de absurdo e
desesperança, que se tornam mais profundos ao longo da peça.

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