Rodolfo Peguin - 02 - Iesc J - 19 - 08 - 24

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DIÁRIO SEMANAL DE ATIVIDADES – IESC

Nome do acadêmico: Rodolfo Rubens Martins Peguin RA: 225316


Unidade de Saúde: Jd. Suécia Data: 19/08/2024
Docente: Dr. Pamela Schincariol

1. Sobre as atividades realizadas na Unidade de Saúde:

Como de costume em nosso encontro de IESC, nos separamos em trios para


atendermos nos consultórios. Começamos uma dinâmica diferente, onde nós atendemos o
paciente sem a presença da doutora na sala, fazemos todo o prontuário do paciente,
colhendo toda sua história do motivo da consulta, fazemos os exames físicos, discutimos
hipóteses diagnósticas e, assim que o terminamos, chamamos a doutora que vai conferir se
tudo está dentro dos conformes. Nesse dia, atendemos cerca de 6 pacientes. Destaco um
senhor de 61 anos que chegou acompanhado da esposa e estava com icterícia, bastante
astenia, dificuldade de deambulação e de fala.

Caso Clínico:
Paciente - Identificação: P.S.B.L – 61. Masculino; Mogi-Guaçu; Acompanhante:
ESPOSA.
Queixa Principal: “Fraqueza e perda abrupta de peso”.
HDA: Paciente comparece ao consultório acompanhado da esposa e apresenta-se
bastante apático, com dificuldade de deambulação e na fala. Esposa alega que marido
teve uma pneumonia há 2 meses, se recuperou lentamente, porém, há algumas semanas
veio perdendo bastante peso (13kg em um mês), começou a ter dificuldades para andar,
conversar, comer e falar. Severa astenia.

Exame físico: Ao exame apresenta-se REG; descorado +/++++; desidratado +/+++;


eupneica; ictérica +/++++; acianótica; afebril; hipoativo; orientado; reflexos diminuidos.
AC: BRNF sem presença de sopro. AR: MVF+ sem RA. TGI: oligúria; dificuldade de
evacuar. AL: sem apetite.
Vacinas: OK

Conduta: Encaminhamos paciente com urgência para realização de exames


complementares com urgência; orientamos hidratação e alimentação leve.
2. Vivência com a literatura:

Icterícia e perda abrupta de peso

A icterícia associada à perda abrupta de peso é uma combinação de sintomas


preocupante, frequentemente indicativa de uma condição médica grave. A icterícia ocorre
quando há um acúmulo de bilirrubina no sangue, causando o amarelamento da pele e dos
olhos. A bilirrubina é um subproduto da decomposição dos glóbulos vermelhos e, em
condições normais, é processada pelo fígado e excretada na bile. Quando o fígado não
consegue metabolizar a bilirrubina de maneira adequada ou há um bloqueio no sistema
biliar, ela se acumula, resultando na icterícia. A perda abrupta de peso é outro sintoma
alarmante e pode resultar de doenças sistêmicas, inflamatórias, malignas ou metabólicas. A
combinação desses dois sinais frequentemente aponta para uma disfunção significativa no
fígado, pâncreas ou sistema biliar, ou pode ser indicativa de condições malignas ou
infecciosas graves.

Causas Comuns

1. Doenças Hepáticas Graves

O fígado é responsável por várias funções essenciais, incluindo o metabolismo da


bilirrubina, síntese de proteínas e regulação do metabolismo. A perda de sua função pode
levar à icterícia e à perda de peso, além de outros sintomas.

- Hepatites (Viral, Alcoólica ou Medicamentosa):

A inflamação do fígado pode ser causada por vírus (hepatite A, B, C), consumo
excessivo de álcool ou reações a medicamentos. Quando o fígado está inflamado, sua
capacidade de metabolizar a bilirrubina é reduzida, levando à icterícia. Sintomas: Icterícia,
perda de apetite, fadiga, dor no quadrante superior direito do abdome, urina escura e fezes
claras. A perda de peso ocorre devido à anorexia e ao mal-estar geral. Tratamento: O
manejo envolve tratamento antiviral (para hepatites virais), abstinência de álcool (para
hepatite alcoólica) e retirada de medicamentos que possam ter causado lesões hepáticas.

- Cirrose Hepática

A cirrose é o estágio final da doença hepática crônica, onde o tecido hepático


saudável é substituído por tecido cicatricial (fibrose). A perda de peso ocorre devido à má
absorção de nutrientes e ao catabolismo aumentado. A icterícia resulta da incapacidade do
fígado de processar a bilirrubina. Sintomas: Icterícia, ascite (acúmulo de líquido no
abdome), confusão mental (encefalopatia hepática), perda de massa muscular e fraqueza.
Tratamento: Não há cura para a cirrose, mas o manejo envolve tratar a causa subjacente
(como evitar álcool ou tratar hepatites virais), medicamentos para controlar sintomas e, em
casos avançados, o transplante de fígado.

- Câncer de Fígado (Carcinoma Hepatocelular)

O câncer primário do fígado pode levar a icterícia se o tumor comprometer o fluxo de


bile. A perda de peso é frequentemente um dos primeiros sintomas devido ao efeito
sistêmico do câncer no metabolismo. Sintomas: Dor no abdome superior, sensação de
plenitude, fraqueza, perda de apetite, e icterícia. Tratamento: Dependendo do estágio, o
tratamento pode incluir cirurgia, ablação, quimioterapia ou transplante de fígado.

2. Doenças da Vesícula Biliar e Trato Biliar

O sistema biliar é responsável por transportar a bile do fígado para o intestino. Quando
há uma obstrução no fluxo da bile, a bilirrubina se acumula no sangue, causando icterícia.
Se essa obstrução for crônica, a perda de peso pode ocorrer devido à má absorção de
gorduras e nutrientes.

- Colelitíase (Cálculos Biliares)

Cálculos na vesícula biliar podem bloquear os ductos biliares, impedindo a passagem


da bile. Quando isso ocorre, a bilirrubina se acumula no sangue, resultando em icterícia.
Sintomas: Dor intensa no quadrante superior direito do abdome (frequentemente após
refeições gordurosas), icterícia, náuseas, vômitos e perda de peso, especialmente em casos
graves ou recorrentes. Tratamento: A remoção cirúrgica da vesícula biliar (colecistectomia)
pode ser necessária em casos de cálculos sintomáticos.

- Colangite (Infecção do Ducto Biliar)

A colangite é uma infecção séria do ducto biliar, geralmente causada por uma
obstrução (como um cálculo). A icterícia e a perda de peso podem ocorrer devido à má
absorção de nutrientes e ao estado catabólico gerado pela infecção. Sintomas: Febre alta,
dor abdominal, icterícia e perda de peso. Tratamento: Antibióticos e, em muitos casos,
cirurgia ou procedimentos endoscópicos para remover a obstrução.
- Câncer de Pâncreas ou Ducto Biliar (Colangiocarcinoma)

Tumores do pâncreas ou ducto biliar podem bloquear o fluxo de bile, levando à


icterícia. A perda de peso ocorre devido ao impacto sistêmico do câncer, como anorexia, má
absorção de nutrientes e metabolismo acelerado. Sintomas: Icterícia indolor, fezes claras,
urina escura, dor abdominal progressiva e perda de peso. Tratamento: Cirurgia,
quimioterapia e, em alguns casos, terapia paliativa.

3. Doenças Hemolíticas

As doenças hemolíticas são condições nas quais os glóbulos vermelhos são


destruídos mais rapidamente do que o corpo pode substituí-los. Isso leva a um acúmulo de
bilirrubina e, consequentemente, icterícia. A perda de peso pode ocorrer devido à demanda
metabólica aumentada.

- Anemias Hemolíticas Autoimunes

Nessa condição, o sistema imunológico ataca os glóbulos vermelhos, levando à


destruição prematura deles e ao acúmulo de bilirrubina. Sintomas: Fadiga, palidez, icterícia,
dor abdominal e perda de peso. Tratamento: Corticosteroides, imunossupressores e, em
alguns casos, transfusões de sangue.

- Anemias Hemolíticas Hereditárias (Talassemia, Esferocitose)


São condições genéticas que afetam a forma e a estabilidade dos glóbulos
vermelhos, resultando em sua destruição precoce. Sintomas: Icterícia, aumento do baço,
fraqueza e perda de peso. Tratamento: Transfusões regulares, esplenectomia (remoção do
baço) ou terapias gênicas, dependendo da gravidade.

4. Cânceres Sistêmicos

Muitos tipos de câncer, especialmente aqueles que afetam o fígado, pâncreas e trato
biliar, podem levar à icterícia. A perda de peso pode ocorrer devido ao estado
hipermetabólico associado ao câncer, além de anorexia e má absorção de nutrientes.

- Câncer de Pâncreas

O câncer pancreático é notoriamente agressivo e leva à icterícia devido à obstrução


do ducto biliar. A perda de peso é um dos primeiros sinais, resultante da má absorção e do
impacto metabólico do tumor. Sintomas: Dor nas costas ou abdome, fezes oleosas
(esteatorreia), icterícia e perda de peso rápida. Tratamento: Cirurgia, quimioterapia e, em
estágios avançados, cuidados paliativos.

- Pancreatite Crônica

A pancreatite crônica é uma inflamação persistente do pâncreas, que pode resultar


em danos permanentes ao tecido pancreático. Em alguns casos, a inflamação e o inchaço
crônicos podem comprimir o ducto biliar, levando à icterícia obstrutiva. A inflamação
prolongada pode causar cicatrizes e inchaço que estreitam ou bloqueiam o ducto biliar
comum, dificultando a passagem da bile do fígado para o intestino.

Sintomas da Pancreatite Crônica:

 Dor abdominal: A dor persistente no abdome superior que pode irradiar para as
costas.
 Icterícia: Pode ocorrer se o ducto biliar estiver bloqueado pela inflamação ou
cicatrizes.
 Esteatorreia (fezes gordurosas): Devido à má absorção de gorduras, causada pela
disfunção do pâncreas em produzir enzimas digestivas.
 Perda de peso: A má absorção de nutrientes, associada à pancreatite crônica,
frequentemente resulta em perda de peso.
 Diabetes: Pode se desenvolver em estágios avançados, quando a função endócrina
do pâncreas é afetada.
 Diagnóstico: Testes de imagem como TC, RM, ultrassonografia endoscópica, ou
CPRE para avaliar a inflamação e possíveis complicações.
 Tratamento: Mudanças na dieta, cessação do álcool, suplementos enzimáticos
pancreáticos, e em casos graves, cirurgia para aliviar a obstrução ou remover tecido
danificado.

- Pancreatite Aguda

A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas que pode, em casos


graves, causar icterícia. A inflamação aguda pode levar ao inchaço do pâncreas e
compressão do ducto biliar.

Nos casos mais graves, a inflamação pode comprimir o ducto biliar, bloqueando o fluxo de
bile. Se houver necrose (morte do tecido) pancreática ou pseudocistos, isso pode piorar a
obstrução.

Sintomas da Pancreatite Aguda:


 Dor abdominal intensa: Frequentemente localizada no abdome superior, irradiando
para as costas.
 Icterícia: Pode ocorrer se o inchaço comprimir o ducto biliar.
 Náuseas e vômitos: Sintomas comuns devido à disfunção do pâncreas.
 Febre: Pode estar presente em casos graves ou quando há infecção associada.
 Diagnóstico: Testes de imagem (TC, RM) para identificar inchaço ou necrose
pancreática. Exames de sangue para verificar níveis de amilase e lipase.
 Tratamento: Internação hospitalar, hidratação intravenosa, controle da dor, e, em
casos graves, cirurgia para drenar abscessos ou pseudocistos.

- Linfomas e Leucemias
Essas neoplasias malignas podem envolver o fígado ou baço, levando à icterícia. A
perda de peso é comum devido ao metabolismo acelerado do câncer. Sintomas: Fadiga,
febre, aumento dos linfonodos, perda de peso e icterícia. Tratamento: Quimioterapia,
radioterapia ou transplante de medula óssea.

3. Autorreflexão:

Achei bastante interessante e proveitosa a nossa nova dinâmica, uma vez que
discutimos entre apenas entre nós, alunos, com nossos conhecimentos se misturando pra
chegar num denominador comum. A prática assim é muito mais prazerosa e até didática, já
que temos que pensar e discutirmos para a hipótese diagnóstica ser a mais correta, sendo
complementada depois com a ajuda do nosso médico preceptor.

Referência bibliográfica

Velasco IT, Brandão Neto RA, Scalabrini Neto A, Martins HS. Emergências
clínicas: abordagem prática. 10ª Ed. 2015

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