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PORTUGUÊS

Revisão vários conteúdos – 2.º teste


3.º C. E. B. 8.º ano de Escolaridade

Diário

Lê o texto e consulta as notas, se necessário.

Coimbra, 30 de março de 1968


Nunca tal me havia sucedido, mas hoje aconteceu: oferecer um livro espontaneamente a uma pessoa
desconhecida, feliz por o ter escrito.
Quando a mandei entrar, nem por sombras calculei o desfecho da consulta. A minha imaginação falhou
miseravelmente diante do azul intenso e profundo que trazia nos olhos.
– Faça favor de dizer...
Queixou-se, observei-a, prescrevi, e só no derradeiro instante, à despedida, escutei maravilhado a história
recalcada e dramática de uma ancestralidade inconformada com um destino fora do seu meio. O pai, o avô e os
bisavós pescadores, e a mãe camponesa a retirar os filhos da servidão oceânica para os mandar servir em terra
firme. Os irmãos aceitaram de boa mente o exílio. Ela é que não. Vivia roída de saudades da lota e da canastra.
As ondas batiam-lhe nos ouvidos dia e noite. E, desse por onde desse, tinha de voltar, casar com um rapaz da
praia, e continuar a tradição da família. Longe das redes e da salmoura, a vida não era vida.
Franzina e delicada, transfigurava-se de tal maneira à medida que falava, que parecia um arrais à proa do
barco.
– Olhe, há dias que nem à praça posso ir. Vejo uma banca de peixe, e ponho-me a chorar.
E foi então que perdi também a compostura.
– Espere aí... – e juntei à receita um volume do Mar – Leia isto, a ver se gosta.
Miguel Torga1, Diário X, Dom Quixote, 2011

1 Miguel Torga é o nome artístico de Adolfo Rocha, médico otorrinolaringologista.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações apresentadas de (A) a (F) referem-se a uma história de vida, muito resumidamente
apresentada no texto.
1.1. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem cronológica dessa história, começando pelo
passado.
a) A rapariga não suporta as saudades do mar.
b) A rapariga não se conforma com a mudança.
c) O sonho de futuro da rapariga já está definido: casar com um pescador e retomar a tradição familiar.
d) A geração mais recente deixou a zona marítima e veio trabalhar a terra.
e) Os homens da família eram pescadores, as mulheres ajudavam na faina marítima.
f) Várias gerações da família de uma rapariga fizeram a sua vida junto ao mar.
2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1 a 2.3), a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto
2.1. O autor registou nesta página do seu diário
a) um facto real ocorrido no seu consultório.
b) um episódio imaginado depois da consulta a uma jovem de olhos azuis.
c) um facto ocorrido em tempos no seu consultório.
d) um episódio que o inspirou a fazer a obra Mar.

2.2. O escritor médico ofereceu um livro da sua autoria à rapariga porque


a) percebeu que ela era uma admiradora da sua obra e gostava de ler.
b) gostava ocasionalmente de fazer essas ofertas aos seus doentes.
c) sentiu que o livro Mar era o único alívio que podia dar à rapariga para o seu mal.
d) a rapariga parecia trazer o mar refletido nos seus olhos.

2.3. A rapariga era franzina e delicada, mas transfigurava-se, crescia em força e determinação quando falava
a) da infância.
b) da sua terra à beira-mar.
c) nos projetos futuros que a levariam de novo para o mar.
d) da família e do seu desagrado por ter mudado de vida.

3. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.
A rapariga que o médico escritor atendeu no seu consultório vivia frustrada e angustiada porque, segundo
o autor,
a) sentia uma saudade dolorosa e inconformada da vida à beira-mar.
b) sentia o apelo ancestral do mar.
c) sentia que a sua vida só fazia sentido no seu meio natural – junto ao mar.
d) sentia-se revoltada com a família.

Lê o texto e consulta as notas, se necessário.

15 de julho de 1993
À entrada do auditório, umas mocinhas da Universidade encarregam-se da venda dos livros de Torrente1.
Escolho uma meia dúzia deles e fico à espera de que me façam as contas e digam quanto tenho de pagar. Seis
livros, seis parcelas de uma soma simples, nenhuma delas com mais de quatro dígitos. A primeira tentativa
falhou, a segunda não foi melhor. Eu olhava, assombrado, o modo como a rapariga ia somando, dizia sete mais
seis, treze, e vai um, escrevia 3 na soma, 1 ao lado, e prosseguia, adicionando por escrito os que iam aos que
estavam, como, nos velhos tempos, um estudante da primeira classe antes de aprender a usar a memória. Uma
colega explicou-me com um sorriso meio envergonhado: «É que falta a máquina.» Diante daquela florida e
ignorante juventude, senti-me de súbito, infinitamente sábio em aritméticas: pedi o papel e o lápis, e, com um
ar de triunfo condescendente, rematei a soma num instante, mentalmente. As pobres pequenas ficaram
esmagadas, confusas, como se, tendo-lhes faltado os fósforos no meio da selva, lhes tivesse aparecido um
selvagem com dois pauzinhos secos e a arte de fazer lume sem calculadora.
José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário I, Porto Editora, 2016

1 Gonçalo Torrente Ballester, escritor espanhol (1910-1999).

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.


4. Resume o episódio narrado nesta página de diário.
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5. «Eu olhava, assombrado»


«Uma colega explicou-me com um sorriso meio envergonhado»
«senti-me de súbito, infinitamente sábio em aritméticas»
«As pobres pequenas ficaram esmagadas, confusas»

5.1. Situa as frases transcritas no contexto. Explica o que sentem os respetivos sujeitos e porquê.
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6. Que facto impressionou tanto o autor que o levou a registar este episódio no seu diário?
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7. Segundo as últimas linhas do texto, fazer contas sem calculadora era, para as jovens, comparável a que situação?
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8. Que intenção crítica está implícita no texto?


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Textos Literários

O mundo em que vivi


Outro acontecimento talvez insignificante, e, no entanto, inesquecível para mim: numa dessas manhãs de
inverno em que o ar, de tão gelado, nos corta a pela da cara e da cada boca sai um vapor espesso, numa manhã
assim vínhamos do liceu, com as golas levantadas para proteger o queixo e as orelhas. Anni tinha de fazer um
recado para o pai. Käte e eu resolvemos acompanhá-la e encaminhámo-nos numa direção diferente da do
costume. Ao dobrar a esquina esbarramos com Herbert e mais alguns rapazes. Juntaram-se a nós, e aos
grupinhos seguimos, tagarelando. À frente, no meio dos rapazes, Käte dava passos largos. Quando nos
aproximamos da sinagoga, vi-a baixar-se, fazer uma bola de neve que atirou contra o templo e ouvi-a soltar
gargalhadas. Os rapazes que a acompanhavam imitaram-na. Vi Herbert ir ter com eles e falar-lhes. Viraram-se
para mim. Depois continuaram caminho. O corpo escaldava-me. Anni apressou-se a falar: o professor de História
isto, o professor de História aquilo… Senti o propósito e isso ainda era pior.
No compartimento do comboio Herbert ficou junto de mim, afagou-me as mãos num gesto de amizade. Não
conseguiu, porém, confortar-me: a ideia de ser cobarde torturava-me até ao mais fundo do meu ser.
Com o tempo comecei a pensar demasiadamente na minha incapacidade de me defender. Nas festas para
que as companheiras me convidavam, chegava a simular dores de cabeça para não precisar de tomar parte nos
jogos, pois receava que alguém troçasse dos judeus. Mas lembro-me nitidamente de um outro receio que me
apoquentava paralelamente: incomodava-me apanhar os outros numa indelicadeza, vê-los na necessidade de se
justificarem, de se humilharem diante de mim. Entre ser-se humilhado ou ver-se os outros humilharem-se diante
de nós, a primeira situação é mais deprimente mas a segunda mais penosa.
A minha mãe tomava atitudes diferentes das minhas. Recordo uma viagem com ela. Um senhor bem-posto e
de luvas amarelas ajudou-nos a por as malas na rede. Olhou com admiração para a minha mãe e meteu conversa:
que ia passar as férias numas termas, que gostava de sítios sossegados… e:
– Pensei em ir para uma praia, mas desisti da ideia. Estão cheias de judeus. E eu não posso com judeus.
– Sou judia, disse a minha mãe com calma admirável.
O senhor corou. Balbuciou, atrapalhado:
– Perdão, minha senhora, não quis ofendê-la. A gente diz estas coisas mais por hábito. Creia que a achei
simpática logo que a vi entrar. De resto tenho alguns bons amigos judeus. Eu não detesto os judeus, digo muitas
vezes aos meus amigos judeus: se todos fossem como vocês, nem havia antissemitismo…
Desfez-se em mesuras, mas a minha mãe conservou-se reservada.
Oh, essa frase horrível que tantas vezes ainda havia de ouvir: «Se todos fossem como tu…». E o ridículo facto:
cada alemão tinha o seu bom amigo judeu que era uma exceção.
Ilse Losa, O mundo em que eu vivi, Porto, Afrontamento, 2011
9. Divide o texto em duas partes lógicas, justificando.
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10. Caracteriza psicologicamente a narradora. Na tua resposta, deves aludir ao facto de ela ser judia e das
consequências desse facto ao nível psicológico.
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11. Justifica a utilização da locução adverbial «no entanto» presente na linha 1.


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12. Identifica o recurso expressivo presente em «o ar, de tão gelado, nos corta a pele da cara», linha 2.
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12.1. Explicita a sua expressividade literária.


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13. Pode dizer-se que a mãe da narradora e o «senhor bem-posto», linha 25, que com ela dialogou no início
de uma viagem são, ao nível do caráter, pessoas muito diferentes.
13.1. Explica porquê.
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Frase Ativa e Frase Passiva

14. Transforma as frases ativas em frases passivas e vice-versa.

a) Paula Rego, naquela exposição, tinha abordado um tema recorrente na sua pintura.
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b) A atitude irresponsável por parte de determinadas empresas, poluidoras do meio-ambiente, tem
sido criticada pela jornalista.
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c) Caetano Veloso elogiou a celebração da língua portuguesa através da música.


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d) Na verdade, uma sensibilidade e uma cultura muito próprias serão tidas pelos poetas.
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e) Ana Sousa recebeu quatro prémios no Festival de Cinema de Veneza.


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f) Ela compraria os livros todos da coleção, se tivesse possibilidade para isso.


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g) O Universo tem sido estudado pelos astrónomos.


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h) Amanhã, já terás descoberto esse quebra-cabeças.


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15. Assinala a opção que corresponde à forma ativa da frase seguinte.


O desenvolvimento de várias competências sociais será possibilitado pelo trabalho voluntário.
a) O trabalho voluntário possibilitará o desenvolvimento de várias competências sociais.
b) O desenvolvimento de várias competências sociais é possibilitado pelo trabalho voluntário.
c) O trabalho voluntário tem sido possibilitado pelo desenvolvimento de várias competências socias.
d) O desenvolvimento de várias competências sociais terá sido possibilitado pelo trabalho voluntário.

16. Assinala a opção que corresponde à forma passiva da frase seguinte.


Efetivamente, a Organização das Nações Unidas tem destacado a importância do voluntariado.
a) Efetivamente, a importância do voluntariado terá sido destacada pela Organização das Nações Unidas.
b) A importância do voluntariado foi destacada pela Organização das Nações Unidas, efetivamente.
c) A Organização das Nações Unidas, efetivamente, destaca a importância do voluntariado.
d) Efetivamente, a importância do voluntariado tem sido destacada pela Organização das Nações Unidas.
Processos de Formação de Palavras
17. Lê, com atenção, as afirmações seguintes e classifica-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as
falsas.

1. A palavra “erro” tem como processo de formação de palavras a derivação não afixal.

2. A palavra “conhecimento” tem como processo de formação de palavras a derivação por


prefixação.

3. O verbo “florir” tem como processo de formação de palavras a derivação por sufixação.

4. O termo “azul-escuro” tem como processo de formação de palavras a composição por


associação de palavras.
5. O termo “hidrofobia” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de radical e palavra.
6. A palavra “peixe-espada” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de palavras.
7. O advérbio “indelicadamente” tem como processo de formação de palavras a derivação
por prefixação e sufixação.
8. O adjetivo “desleal” tem como processo de formação de palavras a derivação por
prefixação.
9. O nome “preconceito” tem como processo de formação de palavras a derivação por
prefixação e sufixação.
10. A palavra “autoavaliação” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de palavras.
11. O verbo “sobrepor” tem como processo de formação de palavras a derivação por
prefixação.
12. A palavra “sociocultural” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de radical e palavra.
13. A palavra “biblioteca” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de dois radicais.
14. O termo “quebra-nozes” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de radical e palavra.

15. O verbo “prever” tem como processo de formação de palavras a derivação por prefixação.

16. A palavra “neurocirurgia” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de radical e palavra.
17. A palavra “imparcialmente” tem como processo de formação de palavras a derivação por
prefixação e sufixação.
18. A palavra “sociologia” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de radical e palavra.
19. A palavra “passatempo” tem como processo de formação de palavras a composição por
associação de duas palavras.
20. A palavra “dignidade” tem como processo de formação de palavras a derivação por
prefixação.
18. Indica duas palavras derivadas de cada uma das formas de base indicadas na primeira coluna.
derivada derivada
por prefixação por sufixação
a. seguro
b. contar
c. coser

19. Indica verbos derivados da família de:

a. padrinho ____________ c. surdo ____________

b. gordo ______________ d. pobre ____________

20. Forma nomes derivados dos verbos indicados sem acrescentares afixos:

a. pescar ____________ c. apelar ____________

b. ajudar ____________ d. abalar ____________

21. Indica o processo de derivação utilizado na formação dos nomes do exercício anterior.

22. Coloca no respetivo lugar do quadro as seguintes palavras compostas:

• fisioterapia • cronologia • beira-mar • hidroavião • para-raios.

palavra + palavra radical + palavra radical + radical

23. Associa cada palavra da primeira coluna ao respetivo processo de formação.

(a) honra (1) derivação por prefixação


(b) colaboração (2) derivação por sufixação
(c) bem-vindo (3) derivação não afixal
(d) desatento (4) composição
(e) arrozal
(f) luso-francês
Pronominalização

24. Reescreve as frases, substituindo as expressões destacadas pelos pronomes pessoais.

a. A Carlota ofereceu este jogo ao irmão. _________________________________________________


b. As ondas varreram o areal. __________________________________________________________
c. Eu dou boleia aos dois irmãos. ________________________________________________________
d. Vamos partir o bolo agora? __________________________________________________________
e. Por favor, entrega este bilhete à tua prima. ______________________________________________
f. Tu apresentas os teus trabalhos muito bem. _____________________________________________

25. Reescreve as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas por pronomes pessoais.

a. Amanhã, lerei um conto aos meus colegas. _____________________________________________


b. Amanhã, lerei um conto aos meus colegas. _____________________________________________
c. O professor dará apoio aos alunos com dificuldades. _____________________________________
d. O professor dará apoio aos alunos com dificuldades. _____________________________________
e. Ela entregará o bilhete ao Luís. _______________________________________________________
f. Ela entregará o bilhete ao Luís. _______________________________________________________

26. Reescreve as frases abaixo, substituindo as expressões destacadas por pronomes pessoais.

a. Tu oferecerias brinquedos às crianças. _________________________________________________


b. Nós discutiríamos todos os problemas. _________________________________________________
c. Ela escreveria a carta. ______________________________________________________________
d. d. Tu cantarias uma canção. __________________________________________________________
e. Ele compraria aquele terreno. ________________________________________________________

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