Trb. Quimica Geral

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distancia

Curso de Licenciatura em Ensino de Química

Evolução da Teoria Atómica e Cinética e Equilíbrio Químico

Curso: Licenciatura em Ensino de


Química
Disciplina: Química geral
Ano de Frequência: 1º
Tutor: Mela Pedro João Ferrão

Ricardo João
Codigoː708241854

Nampula, Agosto de 2024


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Classificação
Categoria Indicadores Padrões Pontuação Nota
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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura Organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(indicação clara dos 1.0
problemas)
Introdução  Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
de estudo
Conteúdo  Articulação e
domínio do discurso
académico
(expressão escrita 2.0
cuidada,
coerência/coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e 2.0
internacional
relevantes na área
de estudo
 Exploração de 2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão e práticos 2.0
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra, 1.0
Gerais Formatação Paragrafo,
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6  Rigor e coerência
Referencias edição em das 4.0
Bibliográficas Citações e citações/referencias
Bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Conteúdo
Introdução ......................................................................................................................... 5
Objectivos ......................................................................................................................... 5
História da Descoberta do Átomo .................................................................................... 6
A Antiguidade e os Filósofos Gregos ............................................................................... 6
A Revolução Científica e Robert Boyle ........................................................................... 6
Estrutura da Matéria ......................................................................................................... 7
Teoria Atómica de Dalton ................................................................................................ 7
Teoria Atómica de Thompson .......................................................................................... 8
Descoberta do Protão ........................................................................................................ 8
Teoria Atómica de Rutherford .......................................................................................... 8
O modelo atómico de Bohr ............................................................................................... 8
Números Quânticos e Configuração Electrónica dos Átomos e Iões ............................... 9
Princípio da Exclusão de Pauli ....................................................................................... 10
Exemplos de Configuração Electrónica ......................................................................... 10
Cinética e Equilíbrio Químico ........................................................................................ 12
Conceito de Cinética....................................................................................................... 12
Conceito de Velocidade .................................................................................................. 12
Lei da acção das massas ou lei de velocidade ................................................................ 13
Factores que Determinam a Velocidade de uma Reacção .............................................. 13
Conceito de Equilíbrio Químico ..................................................................................... 14
Tipos de Equilíbrio Químico ...................................................................................... 15
Sistemas homogéneos ............................................................................................. 15
Sistemas heterogéneos............................................................................................. 15
Constante de Equilíbrio (K) ............................................................................................ 16
Constante de equilíbrio em função da concentração (Kc) .............................................. 16
Relação entre Cinética Química e Equilíbrio Químico .................................................. 17
Factores que Afectam o Equilíbrio Químico .................................................................. 17
Conclusão ....................................................................................................................... 19
Bibliografia ..................................................................................................................... 20

4
Introdução

A evolução da teoria atómica e a compreensão da cinética e equilíbrio químico são


fundamentais para o desenvolvimento da química moderna. Desde a antiguidade, a
busca por entender a composição da matéria e as interacções entre as suas partes
constituintes tem sido uma constante na história da ciência. Apesar dos avanços
significativos na compreensão da estrutura atómica e dos processos químicos, muitos
conceitos ainda geram confusão e são mal interpretados, especialmente em contextos
educativos. Realçar que a compreensão clara da evolução da teoria atómica e dos
princípios da cinética e equilíbrio químico é crucial para estudantes e profissionais da
área, pois fundamenta a prática laboratorial e a aplicação de reacções químicas em
diversas indústrias. Esta pesquisa tem como objectivos:

Objectivos
Objectivo Geral

 Apresentar uma visão abrangente sobre a evolução da teoria atómica e os


conceitos de cinética e equilíbrio químico, destacando as contribuições dos
principais cientistas e a sua relevância na química moderna.

Objectivos Específicos

 Descrever a evolução dos modelos atómicos desde a antiguidade até a Mecânica


Quântica.
 Analisar as contribuições de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr para a teoria
atómica.
 Explicar os conceitos de cinética química, velocidade de reacção e factores que
a influenciam.
 Discutir o conceito de equilíbrio químico e a relação entre cinética e equilíbrio.
 Identificar os factores que afectam o equilíbrio químico.

Metodologia e Estrutura

A metodologia usada nessa pesquisa é bibliográfica que consistiu na leitura de


manuais, artigos e links que tratam da temática em destaque. E o trabalho tem a seguinte
estrutura: Introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.

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História da Descoberta do Átomo
A história da descoberta do átomo é uma narrativa fascinante que se estende por
milénios, reflectindo a evolução do pensamento humano sobre a matéria e a sua
estrutura. Desde as primeiras especulações filosóficas na Grécia antiga até as
descobertas científicas do século XX, a compreensão do átomo passou por várias
transformações significativas.

A Antiguidade e os Filósofos Gregos


A busca pela compreensão da matéria começou a desvincular-se de explicações
mitológicas na Grécia antiga, por volta do século V a.C. Leucipo e seu discípulo
Demócrito foram pioneiros na formulação da teoria atómica, propondo que a matéria
era composta por partículas indivisíveis chamadas átomos. Demócrito afirmava que "os
átomos são indestrutíveis e eternos, e que a diferença entre as substâncias se deve à
forma, tamanho e disposição dos átomos" (Duarte, s.d.). Esta ideia, embora
revolucionária para a época, não teve um impacto imediato, pois a concepção
aristotélica prevaleceu por mais de dois mil anos.

Empédocles introduziu a ideia de que a matéria era constituída por quatro elementos
primários: fogo, ar, água e terra. Ele acreditava que esses elementos eram indestrutíveis
e passavam por transformações, uma visão que Aristóteles refinou ao diferenciar esses
elementos com base em suas propriedades. Aristóteles defendia que a matéria era
infinitamente divisível, o que se tornou a visão dominante até a Idade Moderna (Duarte,
s.d.).

A Revolução Científica e Robert Boyle


A concepção aristotélica da matéria começou a ser desafiada no século XVII, com a
Revolução Científica. Robert Boyle, em 1661, publicou "The Sceptical Chemist", onde
argumentou que a identificação de elementos químicos deveria ser baseada na
experiência e na decomposição de substâncias. Boyle propôs que um elemento é uma
substância que não pode ser decomposta em partes mais simples, estabelecendo assim
as bases do método científico. Ele afirmou que "a verdadeira química deve ser baseada
na observação e na experimentação" (Duarte, s.d.). Através de experimentos com gases,
Boyle forneceu a primeira evidência experimental da existência dos átomos, desafiando
a visão aristotélica.

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Estrutura da Matéria
A teoria da estrutura atómica desenvolveu-se em três etapas principais:

1. Descoberta da natureza da matéria e dos electrões (c. 1900): No final do


século XIX, a pesquisa sobre a eletricidade e os raios catódicos levou à
descoberta dos electrões. J.J. Thompson, em 1897, demonstrou que o átomo não
é indivisível, utilizando um tubo de raios catódicos. Ele propôs que o átomo é
uma esfera carregada positivamente, com electrões inseridos para equilibrar a
carga (Duarte, s.d.).
2. Identificação do átomo como um núcleo pequeno rodeado de electrões
(1911): Ernest Rutherford, em 1911, ao bombardear uma lâmina de ouro com
partículas alfa, concluiu que a maior parte do átomo é vazia e que existe um
núcleo pequeno e denso, onde se concentra a carga positiva. Rutherford afirmou
que "o átomo é composto por um núcleo pequeno, contendo protões, rodeado
por electrões" (Duarte, s.d.).
3. Desenvolvimento das equações mecânico-quânticas para descrever o
comportamento dos electrões (1925): A mecânica quântica, desenvolvida por
cientistas como Niels Bohr e Werner Heisenberg, permitiu descrever o
comportamento dos electrões em termos de probabilidades, levando a uma
compreensão mais profunda da estrutura atómica.

Teoria Atómica de Dalton


John Dalton, considerado o pai da Química teórica, propôs uma teoria atómica que se
baseava na ideia de que a matéria é composta por átomos indivisíveis. Os principais
pontos da sua teoria incluem:

1. A matéria é constituída por átomos esféricos, maciços e indivisíveis.


2. Átomos com a mesma massa e tamanho formam um elemento químico.
3. Elementos diferentes possuem átomos com propriedades distintas.
4. A combinação de átomos de diferentes elementos gera novas substâncias.
5. Os átomos não são criados nem destruídos, apenas rearranjados (Duarte, s.d.).

A teoria de Dalton foi fundamental para o desenvolvimento da química moderna, pois


estabeleceu a base para a compreensão das reacções químicas e da conservação da
massa.

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Teoria Atómica de Thompson
A descoberta dos electrões por J.J. Thompson em 1897 levou à formulação de uma nova
teoria atómica. Thompson propôs que o átomo é uma esfera carregada positivamente,
com electrões inseridos para equilibrar a carga. Esta teoria, conhecida como o modelo
"pudim de passas", sugeria que os electrões estavam distribuídos uniformemente na
esfera positiva. Embora este modelo tenha sido um avanço significativo, ele foi
posteriormente refutado pelas descobertas de Rutherford (Duarte, s.d.).

Descoberta do Protão
Eugen Goldstein, em 1886, observou um feixe de partículas com carga positiva, que
mais tarde foram identificadas como protões por Ernest Rutherford em 1904.
Rutherford, ao bombardear uma lâmina de ouro com partículas alfa, concluiu que a
maior parte do átomo é vazia e que existe um núcleo pequeno e denso, onde se
concentra a carga positiva. Esta descoberta foi crucial para a compreensão da estrutura
atómica, pois levou à identificação do núcleo atómico como a parte central do átomo
(Duarte, s.d.).

Teoria Atómica de Rutherford


Rutherford propôs que o átomo é composto por um núcleo pequeno, contendo protões,
rodeado por electrões. Ele também sugeriu a existência de partículas neutras, os
neutrões, que foram descobertos por James Chadwick em 1932. A teoria de Rutherford
estabeleceu as bases para o modelo nuclear do átomo, que é fundamental para a
compreensão da química e da física moderna (Duarte, s.d.).

O modelo atómico de Bohr


O modelo atómico de Bohr, proposto por Niels Bohr em 1913, representa um avanço
significativo na compreensão da estrutura atómica, especialmente na distribuição dos
electrões na electrosfera. Bohr baseou seu modelo em postulados fundamentais que
relacionam a energia dos electrões às suas órbitas ao redor do núcleo. Segundo Bohr,
"os electrões descrevem órbitas circulares ao redor do núcleo" e cada órbita possui uma
energia constante, sendo que "os electrões situados em órbitas mais afastadas do núcleo
apresentam maior quantidade de energia" (Duarte, S.d.).

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Um dos principais contributos de Bohr foi a explicação dos espectros atómicos,
particularmente o do hidrogénio. Ele deduziu uma equação que relaciona a diferença de
energia entre níveis quânticos com a emissão de fotões, permitindo calcular os
comprimentos de onda das radiações emitidas. A equação resultante, ,

sugere que o modelo de Bohr é apropriado para o átomo de hidrogénio, uma vez que "as
experiências na época continuavam a ser concordantes com os conceitos de estado
estacionário, nível de energia e transição electrónica" (Duarte, S.d.).

Apesar das suas virtudes, o modelo de Bohr apresenta limitações. Ele não consegue
explicar a tabela periódica de forma sistemática, nem o comportamento dos electrões
em átomos mais complexos. Por exemplo, o modelo não justifica o fato de que o
electrão de valência do lítio apresenta um momento angular orbital igual a zero, quando
o valor previsto por Bohr seria diferente. Além disso, "somente a mecânica quântica foi
capaz de explicar a formação das ligações químicas e o comportamento dos electrões
nas moléculas" (Duarte, S.d.).

Em resumo, o modelo atómico de Bohr foi um passo importante na evolução da teoria


atómica, mas a sua incapacidade de abordar fenómenos mais complexos levou ao
desenvolvimento da mecânica quântica, que oferece uma compreensão mais abrangente
da estrutura atómica e das interacções químicas.

Números Quânticos e Configuração Electrónica dos Átomos e Iões


A mecânica quântica é a base teórica que permite a compreensão da estrutura atómica e
da configuração electrónica dos átomos e iões. Os números quânticos são fundamentais
para descrever o estado quântico de um electrón em um átomo. Existem quatro números
quânticos que desempenham papéis distintos na caracterização dos electrões:

1. Número Quântico Principal (n): Este número indica o nível de energia do


electrón e a sua distância média do núcleo. Os valores de n são números inteiros
positivos (n = 1, 2, 3, ...). Quanto maior o valor de n, maior é a energia do
electrón e mais distante ele está do núcleo.
2. Número Quântico Azimutal (l): Relaciona-se com a forma do orbital e pode
assumir valores inteiros de 0 a (n-1). Cada valor de l corresponde a um tipo de
orbital: s (l=0), p (l=1), d (l=2) e f (l=3). Por exemplo, para n=2, l pode ser 0
(orbital s) ou 1 (orbital p).

9
3. Número Quântico Magnético (m_l): Este número define a orientação do
orbital no espaço e pode ter valores inteiros que vão de -l a +l. Assim, para um
orbital p (l=1), m_l pode ser -1, 0 ou +1, correspondendo às três orientações
possíveis.
4. Número Quântico de Spin (m_s): Relaciona-se com o spin do electrón, que
pode ser +1/2 ou -1/2. O spin é uma propriedade intrínseca dos electrões que
contribui para o seu comportamento em campos magnéticos.

Princípio da Exclusão de Pauli


O Princípio da Exclusão de Pauli, formulado por Wolfgang Pauli em 1925, estabelece
que não é possível que dois electrões em um átomo tenham os mesmos quatro números
quânticos. Isso implica que cada orbital pode conter no máximo dois electrões, que
devem ter spins opostos. Este princípio é fundamental para a estrutura electrónica dos
átomos, pois explica a organização dos electrões em diferentes níveis de energia e
orbitais. Como Pauli (1925) afirmou, "dois electrões não podem ocupar o mesmo estado
quântico simultaneamente", o que é crucial para a formação de estruturas atómicas
complexas.

Regra de Hund

A Regra de Hund complementa o Princípio da Exclusão de Pauli ao descrever como os


electrões são distribuídos em orbitais de igual energia. Segundo esta regra, ao preencher
orbitais de igual energia (como os orbitais p, d e f), os electrões ocupam primeiro os
orbitais vazios antes de emparelhar-se. Isso minimiza a repulsão entre electrões e resulta
em uma configuração de menor energia. Por exemplo, ao preencher os três orbitais p,
um electrón ocupará cada orbital antes de qualquer par ser formado. Esta regra é uma
manifestação da busca dos sistemas atómicos por estados de energia mais baixos,
conforme discutido por Levine (2014).

Exemplos de Configuração Electrónica


Hidrogénio (H)

O hidrogénio, com um único electrón, possui a configuração electrónica 1s¹. O número


quântico principal é n=1, l=0, m_l=0 e m_s=+1/2 (ou -1/2). Esta configuração simples
ilustra a base da estrutura electrónica atómica.

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Oxigénio (O)

O oxigénio tem 8 electrões, com a configuração electrónica 1s² 2s² 2p⁴. Aqui, temos:

-1s: n=1, l=0, m_l=0, m_s=+1/2 e -1/2 (dois electrões)


- 2s: n=2, l=0, m_l=0, m_s=+1/2 e -1/2 (dois electrões)
- 2p: n=2, l=1, m_l=-1, 0, +1 (quatro electrões, seguindo a Regra de Hund). A
distribuição dos electrões nos orbitais p é um exemplo claro da aplicação da
Regra de Hund, onde os quatro electrões ocupam os orbitais de forma a
minimizar a repulsão.

Ferro (Fe)

O ferro, com 26 electrões, apresenta a configuração 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶ 4s² 3d⁶. A
distribuição dos electrões nos orbitais d é um exemplo claro da aplicação da Regra de
Hund, onde os seis electrões nos orbitais 3d são distribuídos de forma a minimizar a
repulsão. A configuração electrónica do ferro é um exemplo clássico de como a
mecânica quântica explica a estabilidade e a reactividade dos elementos (Atkins &
Friedman, 2011).

Configuração Electrónica de Iões

Os iões são átomos que ganharam ou perderam electrões, resultando em uma carga
líquida. A configuração electrónica dos iões é ajustada de acordo com a perda ou ganho
de electrões.

Ião de Sódio (Na⁺)

O sódio (Na) tem a configuração 1s² 2s² 2p⁶ 3s¹. Quando perde um electrão para formar
o ião Na⁺, a configuração torna-se 1s² 2s² 2p⁶, semelhante à do neônio (Ne). Este
processo de ionização é crucial para a formação de ligações iónicas em compostos
químicos.

Ião de Cloreto (Cl⁻)

O cloro (Cl) tem a configuração 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁵. Ao ganhar um electrão para formar
o ião Cl⁻, a configuração torna-se 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶, semelhante à do argônio (Ar). Este
ganho de electrão resulta em uma configuração estável, demonstrando a tendência dos
átomos de alcançar uma configuração electrónica semelhante à dos gases nobres.

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A compreensão dos números quânticos, do Princípio da Exclusão de Pauli e da Regra de
Hund é crucial para a descrição da configuração electrónica dos átomos e iões. Esses
princípios não apenas explicam a distribuição dos electrões, mas também fundamentam
a química e a física dos elementos. A mecânica quântica, portanto, é essencial para a
compreensão da estrutura atómica e das interacções químicas. Como afirmam Szabo e
Ostlund (1996), "a mecânica quântica fornece a estrutura teórica que permite a
descrição precisa dos sistemas atómicos e das suas interacções".

Cinética e Equilíbrio Químico


A cinética química é uma área da química que estuda a velocidade das reacções
químicas e os factores que a influenciam. Compreender a cinética é fundamental para o
controle de processos químicos em diversas indústrias, bem como para a compreensão
de fenómenos biológicos e ambientais.

Conceito de Cinética
A cinética química é o ramo da química que investiga a taxa de reacções químicas e os
mecanismos pelos quais estas ocorrem. Segundo Atkins e de Paula (2018), "a cinética
química fornece informações sobre a velocidade das reacções e os factores que a
influenciam, permitindo prever como as reacções se comportarão sob diferentes
condições" (p. 45). A cinética não se preocupa com o estado final da reacção, mas sim
com o caminho que a reacção percorre para chegar a esse estado.

Conceito de Velocidade
Segundo Duarte (S/d.), refere que “a velocidade das reacções químicas é medida através
da quantidade das substâncias que intervém na reacção ou que se forma durante ela por
unidade de tempo e unidade do volume do sistema (para as reacções homogéneas) ou
por unidade de superfície de separação de fases (para as reacções heterogéneas)”.(p. 93)

Nessa mesma ordem de ideia, a velocidade de uma reacção química é definida como a
variação da concentração dos reagentes ou produtos em função do tempo.

“Esta definição pode ser expressa através da equação V=±ΔC/Δt, onde o sinal (+)
corresponde a alteração da concentração da substância que se forma durante a reacção
(ΔC>0), enquanto que o sinal (─), à concentração da substância que intervém na

12
reacção (ΔC<0)” conforme Duarte (S/d. p. 93). A velocidade de uma reacção pode
variar ao longo do tempo, sendo geralmente mais rápida no início e diminuindo à
medida que os reagentes se consomem.

Lei da acção das massas ou lei de velocidade


Nos casos em que a reacção se processa através do choque de duas partículas reagentes
(moléculas, átomos), a depoendência da velocidade da reacção da concentração é
determinada pela Lei de acção das massas: “a uma temperatura constante, a velocidade
da reacção química é directamente proporcional ao produto das concentrações dos
reagentes” conforme Duarte (S/d. p. 101).

Assim, para as reacções do tipo A + B2 → AB2, a lei de acção das massas expressa-se
da seguinte forma: V = k[ ] [𝐵2].

Nesta equação [ ] [𝐵2] são as concentrações dos reagentes e o coeficiente de


proporcionalidade k, é a constante de velocidade da reacção química cujo valor depende
da natureza dos reagentes.

Exemplo: Escrever a expressão da lei de acção das massas para o caso das reacções: a)
2NO(g) +Cl2(g) → 2NOCl(g); b) CaCO3(cr) → CaO(cr) + CO2(g)

Resolução: a) V = k[NO]2 [Cl2].

b) Uma vez que o carbono de cálculo é uma substância sólida cuja concentração não se
altera durante a reacção, a expressão que pretendemos determinar adquire a forma V =
k, isto é, no presente caso a velocidade da reacção a uma determinada temperatura é
constante.

Factores que Determinam a Velocidade de uma Reacção


A velocidade de uma reacção química é influenciada por vários factores, incluindo:

1. Concentração dos Reagentes

Aumentar a concentração dos reagentes geralmente aumenta a velocidade da reacção,


pois há mais moléculas disponíveis para colidir e reagir. Segundo Laidler (1987), "a
velocidade de uma reacção é directamente proporcional à concentração dos reagentes,
conforme descrito pelas leis de velocidade" (p. 112).

13
2. Temperatura

A temperatura tem um efeito significativo na velocidade das reacções. Aumentar a


temperatura geralmente aumenta a velocidade, pois as moléculas têm mais energia
cinética e colidem com mais frequência e com maior energia. De acordo com Arrhenius
(1889), "a constante de velocidade aumenta exponencialmente com a temperatura, o que
pode ser descrito pela equação de Arrhenius" (p. 45).

3. Catalisadores

Os catalisadores são substâncias que aumentam a velocidade de uma reacção sem


serem consumidos no processo. Eles atuam diminuindo a energia de activação
necessária para a reacção ocorrer. Como afirmado por Horn (2005), "os catalisadores
permitem que as reacções ocorram por caminhos alternativos que têm energias de
activação mais baixas" (p. 78).

4. Superfície de Contacto

Em reacções heterogéneas, onde os reagentes estão em diferentes fases (por exemplo,


sólido e gás), a área de superfície do reagente sólido pode afectar a velocidade da
reacção. Quanto maior a área de superfície, maior a taxa de reacção, pois mais
moléculas estão disponíveis para colidir.

5. Pressão

Em reacções gasosas, aumentar a pressão pode aumentar a velocidade da reacção,


especialmente se o número de moléculas de gás nos produtos for menor do que nos
reagentes. Isso ocorre porque a pressão aumenta a concentração dos gases, levando a
mais colisões.

Conceito de Equilíbrio Químico


Segundo Oliveira, Silva e Tófani (2009), referem que “o equilíbrio químico é um estado
em que a velocidade da transformação dos reagentes em produtos é exactamente igual à
velocidade da transformação dos produtos em reagentes” (P. 1).

Para Batista (S/d.), “o equilíbrio químico é um fenómeno que acontece nas reacções
químicas reversíveis entre reagentes e produtos. Quando uma reacção é directa, está

14
transformando reagentes em produtos. Já quando ela ocorre de maneira inversa, os
produtos estão transformando-se em reagentes”.

Para ocorrer um equilíbrio químico é necessário que:

a temperatura seja constante


o sistema não tenha trocas com o ambiente

Quando um ponto de equilíbrio é atingido nas reacções reversíveis tem-se:

a velocidade das reacções directa e inversa iguais.


a concentração constante das substâncias presentes na reacção.

O equilíbrio químico é medido por duas grandezas: a constante de equilíbrio e o grau de


equilíbrio.

Ele pode ser alterado quando ocorre mudanças de: concentração, temperatura, pressão e
uso de catalisadores.

Tipos de Equilíbrio Químico

Sistemas homogéneos

São aqueles que os componentes do sistema, reagentes e produtos, encontram-se na


mesma fase conforme Batista (S/d.).

Sistemas gasosos

Soluções

Sistemas heterogéneos

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Os componentes da reacção, reagentes e produtos, estão em mais de uma fase.

Constante de Equilíbrio (K)


De acordo com Batista (S/d.), explica que

“a constante de equilíbrio (Kc) é uma grandeza que caracteriza o


equilíbrio químico levando em consideração os aspectos cinéticos das
reacções químicas e as soluções em equilíbrio dinâmico. No equilíbrio
químico, as taxas de reacção de um sentido de reacção e seu inverso
devem ser iguais.

Sendo assim, foi estabelecido que a constante de equilíbrio é obtida por:

O valor de K varia conforme a temperatura.

Constante de equilíbrio em função da concentração (Kc)


Dada a equação química:

Expressamos a constante de equilíbrio da seguinte forma:

Sendo que:

 [ ] é a concentração em mol/L
 a, b, c e d são os coeficientes estequiométricos

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Exemplo:

Equação química Constante de equilíbrio Kc

Atribuindo, por exemplo, valores para as concentrações temos:

Concentracoes Calculo daconstante de equilíbrio Kc


[ ] L
[ ] L
[ ] L

Relação entre Cinética Química e Equilíbrio Químico


A cinética química fornece informações sobre a velocidade com que uma reacção atinge
o equilíbrio. Segundo a teoria das colisões, as moléculas devem colidir de forma
adequada para que ocorra uma reacção. A velocidade da reacção é influenciada por
factores como a concentração dos reagentes, a temperatura e a presença de catalisadores
(Atkins & de Paula, 2010).

Quando uma reacção atinge o equilíbrio, as velocidades das reacções directa e inversa
são iguais, mas isso não implica que as concentrações dos reagentes e produtos sejam
iguais. O equilíbrio é dinâmico, pois as reacções continuam a ocorrer, mas sem
alteração nas concentrações. Como afirmam Laidler e Meiser (1997), "o equilíbrio
químico é um estado dinâmico em que as reacções ocorrem em taxas iguais, resultando
em concentrações constantes".

Factores que Afectam o Equilíbrio Químico


Vários factores podem influenciar o estado de equilíbrio de uma reacção química:

1. Concentração: Alterações nas concentrações dos reagentes ou produtos podem


deslocar o equilíbrio. Segundo o princípio de Le Chatelier, se um sistema em equilíbrio
é perturbado, ele se ajustará para minimizar essa perturbação (Harris, 2015).

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2. Temperatura: A temperatura afecta a constante de equilíbrio. Um aumento na
temperatura favorece a reacção endotérmica, enquanto uma diminuição favorece a
reacção exotérmica. Como mencionado por Van 't Hoff (1884), "a variação da
temperatura altera a posição do equilíbrio, dependendo da natureza da reacção".

3. Pressão: Em reacções que envolvem gases, mudanças na pressão podem afectar o


equilíbrio. Um aumento na pressão favorece o lado da reacção com menor número de
moléculas gasosas (Miller, 2018).

4. Catalisadores: Embora os catalisadores não afectem a posição do equilíbrio, eles


aceleram a velocidade com que o equilíbrio é alcançado, permitindo que as reacções
atinjam o estado de equilíbrio mais rapidamente (Baker, 2019).

18
Conclusão
A trajectória da descoberta do átomo e a compreensão da cinética e do equilíbrio
químico revelam a complexidade e a beleza da ciência. Desde as especulações
filosóficas da Grécia antiga até os desenvolvimentos da mecânica quântica, a busca pelo
entendimento da matéria e das suas interacções tem sido uma jornada fascinante. As
teorias atómicas, que evoluíram ao longo do tempo, não apenas fundamentaram a
química moderna, mas também abriram portas para inovações tecnológicas e científicas
que moldaram o mundo contemporâneo.

A cinética química e o equilíbrio químico, por sua vez, são pilares fundamentais que
sustentam a prática da química, permitindo que cientistas e engenheiros desenvolvam
processos eficientes e sustentáveis. A compreensão dos factores que influenciam a
velocidade das reacções e a posição do equilíbrio é crucial para a optimização de
reacções em indústrias químicas, farmacêuticas e ambientais.

Em suma, a história da descoberta do átomo e os conceitos de cinética e equilíbrio


químico não são apenas tópicos académicos, mas sim elementos essenciais que
interagem e se entrelaçam, formando a base do conhecimento científico que continua a
evoluir e a impactar a sociedade. A contínua exploração e investigação nestas áreas
prometem novas descobertas e inovações que poderão transformar ainda mais a nossa
compreensão do mundo à nossa volta.

19
Bibliografia
Advanced Electronic Structure Theory. Dover Publications.

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