Aula 4 A Origem Do Pensamento Sistemico Crepaldi

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AS ORIGENS DO PENSAMENTO SISTÊMICO: DAS PARTES PARA O TODO

GOMES, L. B.; BOLZE, S. D. A.; BUENO, R. K.; CREPALDI, M. A. As origens do pensamento


sistêmico: das partes para o todo. Pensando Família. V.18, N.2, PP. 3-16, 2014.

Profª Me. Lyege de Lima Borges Bastos


INTRODUÇÃO

 O Pensamento Sistêmico, hoje disseminado nas diversas áreas do conhecimento, ganhou um arcabouço teórico e
reconhecimento na primeira metade do século XX.
 O artigo objetiva apresentar os aspectos históricos e epistemológicos do Pensamento Sistêmico.
 Será realizada uma retomada histórica de acontecimentos que serviram como embriões para o
desenvolvimento do Pensamento Sistêmico.
 Será realizada uma apresentação das Teorias que ofertaram subsídios epistemológicos ao Pensamento
Sistêmico: A Teoria Geral dos Sistemas, a Cibernética e a Teoria da Comunicação.
 Serão apresentados os critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico; por fim, será evidenciada sua
aplicabilidade na área da Psicologia.

07/10/2024
PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Início do século XX
• Surgimento da Biologia Organísmica ou Organicismo em oposição ao mecanicismo;

• Forte influência na construção do Pensamento Sistêmico;

• Segundo a concepção Organísmica, as propriedades essenciais de um organismo pertencem ao todo,


de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades surgem justamente das
interações entre as partes.

07/10/2024
PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Início do século XX
• A Ecologia emerge da Escola Organísmica da Biologia quando biólogos começaram a estudar
comunidades de organismos e passa a ser uma das vertentes do Pensamento Sistêmico.
• A concepção de ecossistema moldou todo o pensamento ecológico a partir de então e promoveu uma
abordagem sistêmica da ecologia.
• O foco estava colocado no estudo das relações que interligam os organismos.
• A compreensão dos sistemas vivos como redes oferece uma nova perspectiva acerca das chamadas
hierarquias da natureza.
• De acordo com Capra (2006), não existe hierarquia na natureza e sim, redes que se formam dentro de
outras redes.

07/10/2024
PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Início do século XX
• Paralelamente ao nascimento da Ecologia, surge a Física Quântica, formulada Werner Heisenberg
na década de 1920, que contraria o pensamento newtoniano predominante até então, segundo o
qual todos os fenômenos físicos poderiam ser reduzidos às propriedades de partículas materiais
rígidas e sólidas.
• Tal teoria demonstra que os objetos materiais sólidos da física clássica se dissolvem, no nível
subatômico, em padrões de probabilidades semelhantes a ondas.
• Tais padrões não representam probabilidade de coisas e sim, probabilidades de interconexões.
• As partículas subatômicas não são coisas, são interconexões entre coisas que, por sua vez, são
interconexões entre outras coisas.
• Portanto, não se pode decompor o mundo em unidades elementares que existem de forma
independente: estas só podem ser entendidas nas interrelações. Sendo assim, é o todo que
determina o comportamento das partes.

07/10/2024
PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Início do século XX
• Ainda no início do século XX, surge a Psicologia Gestalt, acompanhando a tendência
intelectual em negar a fragmentação e o mecanicismo, buscando a totalidade;
• Max Wertheimer e Wolfgang Köhler reconhecem a existência de totalidades irredutíveis
como aspecto chave da percepção afirmando que totalidades exibem qualidades que estão
ausentes em suas partes.
• O filósofo Christian Von Ehrenfels afirma que o todo é maior do que a soma das partes,
princípio este que se tornou central na Teoria Sistêmica.

07/10/2024
PRECURSORES HISTÓRICOS DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Início do século XX

• Na década de 1930, o biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy apresenta a Teoria Geral dos
Sistemas;
• Em 1940, o matemático norte-americano Norbert Wiener inicia a elaboração da Cibernética;
• Ambas as teorias tiveram desenvolvimento paralelo no século XX e configuram os limites
paradigmáticos para a Teoria Sistêmica, em conjunto com a influência da Teoria da
Comunicação Humana, criada por Gregory Bateson e Paul Watzlawick.

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS
 Karl Ludwig von Bertalanffy foi um biólogo austríaco.

 Ludwig Von Bertalanffy critica a predominância do enfoque


mecanicista tanto na teoria quanto na pesquisa científica.
 O autor apresenta sua teoria do organismo considerado como
sistema aberto.
 Conhece a Teoria da Cibernética que florescia nos Estados Unidos
e passa a ser influenciado por ela.
 Em 1967 e 1968 publica a Teoria Geral dos Sistemas por meio de

uma editora canadense.

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 A Teoria Geral dos Sistemas também é conhecida por Teoria Sistêmica.


 Contudo, elas são diferentes, visto que a Teoria Geral dos Sistemas é mais ampla e abarca todas as áreas do
conhecimento (Física, Química, entre outras). Já a Teoria Sistêmica está mais voltada para a área da Psicologia.
 Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um movimento científico por meio de suas concepções
de sistema aberto e de sua Teoria Geral dos Sistemas.
 De acordo com o autor, organismos vivos são sistemas abertos que não podem ser descritos pela termodinâmica clássica,
que trata de sistemas fechados em estado de equilíbrio térmico ou próximo dele.
 Os sistemas abertos podem se alimentar de um contínuo fluxo de matéria e de energia extraídas e devolvidas ao meio
ambiente.
 Mantêm-se, portanto, afastados do equilíbrio em um estado quase estacionário ou em equilíbrio dinâmico.

(Capra, 2006)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 O objetivo da Teoria Geral dos Sistemas se constituía em estudar os princípios universais aplicáveis aos sistemas
em geral, sejam eles de natureza física, biológica ou sociológica.
 Bertalanffy conceitua sistema como um complexo de elementos em estado de interação.

 A interação ou a relação entre os componentes torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o


sistema, diferenciando-o do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos, 2010).
 A Teoria Geral dos Sistemas combina conceitos do Pensamento Sistêmico e da Biologia (Costa, 2010), incidindo na
generalização do Modelo Organicista, ou seja, na noção de que o universo pode ser pensado como um grande
organismo vivo (Pinheiro, Crepaldi, & Cruz, 2012).
(Capra, 2006)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 Assim, pressupõem-se que os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um
todo.
 O todo emerge além da existência das partes e "as relações são o que dá coesão ao sistema todo, conferindo-lhe
um caráter de totalidade ou globalidade, uma das características definidoras do sistema“ (Vasconcellos, 2008,
p.199).
 Os conceitos básicos de sua teoria são: globalidade, não-somatividade, homeostase, morfogênese, circularidade e
equifinalidade (Vasconcellos, 2010).

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A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 Na globalidade, todos os sistemas funcionam como um todo coeso e mudanças em uma das partes provocam
mudanças no todo.
 O conceito de não-somatividade afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-se considerar o todo em
sua complexidade e organização;
 A homeostase é o processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu
funcionamento.
(Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002;Vasconcellos, 2010)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 A morfogênese é o processo oposto a homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os
aspectos externos do meio e mudar sua organização.
 A circularidade, também chamada de causalidade circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz respeito à
relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear e obedece a uma sequência circular.
 A equifinalidade, refere que em um sistema aberto, diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e
diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Desta forma, nos sistemas fechados o
estado de equilíbrio é dado pelas condições iniciais.
(Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002;Vasconcellos, 2010)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 A Teoria Geral dos Sistemas também fez uso do conceito de retroalimentação ou feedback que emergiu na
Cibernética, o qual garante a circulação de informações entre elementos do sistema.
 A retroalimentação pode ser negativa, o que acontece quando esse mantém a homeostase, ou positiva, ocorre
quando o sistema responde pela mudança sistêmica (morfogênese) (Vasconcellos, 2010).
 Bertalanffy dedicou-se a investigar os princípios básicos interdisciplinares que pudessem constituir um arcabouço
conceitual abrangente capaz de unificar várias disciplinas científicas que estavam isoladas;
 Dessa forma a Sociologia e a Biologia também seriam abarcadas por uma ciência mais rigorosa.

 Propõe, portanto, uma ciência da totalidade, da integridade ou de entidades totalitárias.

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 O autor não queria se afastar do referencial da ciência tradicional e por isso manteve-se preso ao pressuposto de
objetividade.
 Ele acreditava em um mundo hierarquicamente organizado, em uma realidade independente do observador
(Capra, 2006).

 O autor busca uma síntese do conhecimento sem eliminar as diferenças por meio de um esquema claro e
consistente de conceitos, uma teoria unitária em torno de conceitos de sistema e organização.
 O foco é deslocado da constituição das entidades para a organização dos sistemas e para o conceito de interação
(Grandesso, 2000).

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
O CONCEITO DE INTERAÇÃO

 A interação gera realimentações (feedbacks) que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma
autorregulação regenerativa, que, por sua vez, cria novas propriedades, as quais podem ser benéficas ou maléficas
para o todo independente das partes.
 A interação dos elementos do sistema é chamada de sinergia. Por outro lado, a entropia é a desordem ou ausência
de sinergia. Um sistema para de funcionar adequadamente quando ocorre entropia interna.
 Os sistemas orgânicos em que as alterações benéficas são absorvidas e aproveitadas sobrevivem.

 Os sistemas onde as qualidades maléficas ao todo resultam em dificuldade de sobrevivência tendem a


desaparecer caso não haja outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira mutação.
 Assim, de acordo com Bertalanffy, a mudança permanece ininterrupta enquanto os sistemas se autorregulam e se
retroalimentam (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
O CONCEITO DE INTERAÇÃO

 Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que deve haver uma causalidade implícita.

 Em um ciclo de retroação, uma saída é capaz de alterar a entrada que a gerou, e consequentemente, a si própria.
Se o sistema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade.
 Portanto, em uma malha de realimentação deve haver certo retardo na resposta dinâmica. Esse retardo ocorre
devido a uma tendência do Sistema de manter o estado atual mesmo com variações bruscas na entrada, isto é, ele
deve possuir uma tendência de resistência a mudanças.
 Assim, uma organização realimentada e autogerenciada gera um sistema cujo funcionamento é independente da
substância concreta dos elementos que a formam.
 Dessa forma, elementos podem ser substituídos sem dano ao todo, o que caracteriza o processo de
autorregulação, no qual o todo assume as tarefas da parte que falhou (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA

 A Teoria da Cibernética foi desenvolvida pelo matemático americano, e


professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Norbert Wiener
(1894-1964).
 Em contexto da 2ª guerra mundial, Wiener aprimorou a artilharia antiaérea.
 A ideia de Wierner e dos pesquisadores com quem trabalhava era de
projetar máquinas que tivessem performance de funções humanas.
 Nas pesquisas realizadas para a execução do projeto, Wiener e Bigelow
criaram o conceito de feedback, também chamado de realimentação ou
retroação, o qual foi desenvolvido para explicar de que forma pode-se
corrigir desvios a máquinas computadorizadas, os quais eram essenciais
para a guerra.
 Se fazia analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o
funcionamento das máquinas de computação (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA

 A Cibernética também chamada de "Ciência da Correção".

 O termo Cibernética origina-se da palavra grega kybernetes que


significa piloto, condutor.
 Desta forma, tal teoria apresenta uma tendência mecanicista por sua
associação com máquinas ou sistemas artificiais.

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 1ª ORDEM
1ª CIBERNÉTICA

 A Teoria da Cibernética divide-se em Cibernética de 1ª ordem e de 2ª ordem. A Cibernética de 1ª ordem se subdivide em 1ª


e 2ª Cibernética.
 1ª Cibernética trata dos processos morfoestáticos (manutenção da mesma forma), resultantes da retroalimentação
negativa ou retroação autorreguladora, a qual conduz o sistema de volta a seu estado de equilíbrio homeostático,
 Trata da capacidade de auto-estabilização ou de automanutenção do sistema (Vasconcellos, 2010).
 Apresenta conceitos de input e output,
 Enfatiza a presença do observador fora do sistema e como expert (objetividade).
 A compreensão dos fenômenos ainda está arraigada à causalidade linear (estabilidade).
 Assim, nesta 1ª Cibernética emerge o pressuposto da complexidade, reconhecendo que a simplificação obscurece as
inter-relações, admitindo que não há uma causalidade linear e sim, circular (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 1ª ORDEM
2ª CIBERNÉTICA

 Já a 2ª Cibernética trata dos processos morfogenéticos (gênese de novas formas), resultantes de


retroalimentação positiva ou retroação amplificadora de desvios, amplificação que pode - caso não
produza a destruição do sistema e se a estrutura do mesmo permitir - promover sua transformação,
levando-o a um novo regime de funcionamento.
 Trata da capacidade de auto-mudança do sistema (Vasconcellos, 2010).

 Os conceitos de input e output persistem, mas aparece o conceito de feedback (criado por Wiener e
Bigelow) e de causalidade circular retroativa e recursiva.
 Assim, aqui tem origem o pressuposto da instabilidade, o qual baseia-se na noção do mundo como em
um processo de constante transformação, no qual há a indeterminação e, por isso, alguns fenômenos
são imprevisíveis e irreversíveis, e, portanto, incontroláveis (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 2ª ORDEM

 A Cibernética de 2ª ordem também é chamada de Si-Cibernética porque Edgar Morin propôs um movimento
que ultrapassasse a Cibernética: a Si-Cibernética.
 O prefixo si é o elemento da preposição grega sun que significa "estar junto", o que marca a obrigação
recíproca entre as partes.
 O físico Heinz Von Foster é responsável pela noção de sistemas observantes, de acordo com o qual o
observador, incluindo-se no sistema que observa, se observa observando (Vasconcellos, 2010).
 A partir da noção de sistemas observantes, a Cibernética tomou a si mesma como objeto de estudo e surgiu,
então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de construtivismo ou visão construtivista, pois
pressupõe o observador como parte do sistema observado (Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 2ª ORDEM

 Então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de Cibernética da Cibernética, ou Cibernética


novo-paradigmática, apresenta os três pressupostos da ciência novo-paradigmática, quais sejam:
complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
 A noção de complexidade está ligada a sistemas, ecossistemas, causalidade circular, recursividade,
contradições e pensamento complexo.
 A ideia de instabilidade está relacionada à desordem, evolução, imprevisibilidade, saltos qualitativos,
auto-organização e incontrolabilidade.
 O pressuposto da intersubjetividade envolve a inclusão do observador, autorreferência, significação
da experiência na conversação e co-construção (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A TEORIA DA COMUNICAÇÃO

 Gregory Bateson (1904-1980), antropólogo inglês, se


utilizou das teorias acima citadas para desenvolver a
Teoria da Comunicação.
 O autor, junto com seus colaboradores de Palo Alto
(Califórnia), descreveu a comunicação patogênica na
família do esquizofrênico
 A Teoria da Comunicação humana, na sua origem,
engloba três dimensões: a sintaxe, a semântica e a
pragmática.

07/10/2024
A TEORIA DA COMUNICAÇÃO

 A sintaxe se refere à transmissão da informação;

 A semântica está relacionada ao significado dos símbolos;

 A pragmática diz respeito aos aspectos comportamentais


da comunicação.
 A teoria também apresenta o conceito da
metacomunicação (comunicação sobre a comunicação) e o
uso de mensagens congruentes ou incongruentes
(Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1973).

07/10/2024
A PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO

 A Teoria da Pragmática da Comunicação Humana afirma que a comunicação afeta o comportamento ocasionando
implicações nas relações interpessoais.
 De acordo com Watzlawick et al. (1973), "atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui valor de
mensagem, influencia os outros, e estes outros que, por sua vez, não podem não responder a essas
comunicações, estão, portanto, comunicando também" (p. 45).
 A teoria também abarca os cinco axiomas.

(Watzlawick et al. 1973)

07/10/2024
AXIOMAS DA COMUNICAÇÃO HUMANA

 1) É impossível não comunicar;

 2) Toda comunicação tem aspecto de relato (conteúdo) e de ordem (relação);

 3) A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre os
comunicantes (cada comportamento é causa e efeito do outro);
 4) Os seres humanos se comunicam de maneira digital (comunicação verbal) e analógica (comunicação não-
verbal);
 5) Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, e estão baseadas na igualdade ou
na diferença

07/10/2024
07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS
 Karl Ludwig von Bertalanffy foi um biólogo austríaco.

 Ludwig Von Bertalanffy critica a predominância do enfoque


mecanicista tanto na teoria quanto na pesquisa científica.
 O autor apresenta sua teoria do organismo considerado como
sistema aberto.
 Conhece a Teoria da Cibernética que florescia nos Estados Unidos
e passa a ser influenciado por ela.
 Em 1967 e 1968 publica a Teoria Geral dos Sistemas por meio de

uma editora canadense.

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 De acordo com o autor, organismos vivos são sistemas abertos que não podem ser descritos pela termodinâmica
clássica, que trata de sistemas fechados em estado de equilíbrio térmico ou próximo dele.
(Capra, 2006)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 O objetivo da Teoria Geral dos Sistemas se constituía em estudar os princípios universais aplicáveis aos sistemas
em geral, sejam eles de natureza física, biológica ou sociológica.
 A Teoria Geral dos Sistemas combina conceitos do Pensamento Sistêmico e da Biologia (Costa, 2010), incidindo na
generalização do Modelo Organicista, ou seja, na noção de que o universo pode ser pensado como um grande
organismo vivo (Pinheiro, Crepaldi, & Cruz, 2012).
(Capra, 2006)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 Pressupõem-se que os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um todo.
 O todo emerge além da existência das partes e "as relações são o que dá coesão ao sistema todo, conferindo-lhe
um caráter de totalidade ou globalidade, uma das características definidoras do sistema“ (Vasconcellos, 2008,
p.199).
 Os conceitos básicos de sua teoria são: globalidade, não-somatividade, homeostase, morfogênese, circularidade e
equifinalidade (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 Na globalidade, todos os sistemas funcionam como um todo coeso e mudanças em uma das partes provocam
mudanças no todo.
 O conceito de não-somatividade afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-se considerar o todo em
sua complexidade e organização;
 A homeostase é o processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu
funcionamento.
(Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002;Vasconcellos, 2010)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 A morfogênese é o processo oposto a homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os
aspectos externos do meio e mudar sua organização.
 A circularidade, também chamada de causalidade circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz respeito à
relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear e obedece a uma sequência circular.
 A equifinalidade, refere que em um sistema aberto, diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e
diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Nos sistemas fechados o estado de
equilíbrio é dado pelas condições iniciais.
(Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002;Vasconcellos, 2010)

07/10/2024
A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS:
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS

 A Teoria Geral dos Sistemas também fez uso do conceito de retroalimentação ou feedback que emergiu na
Cibernética, o qual garante a circulação de informações entre elementos do sistema.
 A retroalimentação pode ser negativa, o que acontece quando esse mantém a homeostase, ou positiva, ocorre
quando o sistema responde pela mudança sistêmica (morfogênese) (Vasconcellos, 2010).
 O autor não queria se afastar do referencial da ciência tradicional e por isso manteve-se preso ao pressuposto de
objetividade.
 Ele acreditava em um mundo hierarquicamente organizado, em uma realidade independente do observador
(Capra, 2006).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA

 A Teoria da Cibernética foi desenvolvida pelo matemático americano, e


professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Norbert Wiener
(1894-1964).
 Em contexto da 2ª guerra mundial, Wiener aprimorou a artilharia antiaérea.
 A ideia de Wierner e dos pesquisadores com quem trabalhava era de
projetar máquinas que tivessem performance de funções humanas.
 Nas pesquisas realizadas para a execução do projeto, Wiener e Bigelow
criaram o conceito de feedback, também chamado de realimentação ou
retroação, o qual foi desenvolvido para explicar de que forma pode-se
corrigir desvios a máquinas computadorizadas, os quais eram essenciais
para a guerra.
 Se fazia analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o
funcionamento das máquinas de computação (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA

 A Cibernética também chamada de "Ciência da Correção".

 O termo Cibernética origina-se da palavra grega kybernetes que


significa piloto, condutor.
 Desta forma, tal teoria apresenta uma tendência mecanicista por sua
associação com máquinas ou sistemas artificiais.

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 1ª ORDEM
1ª CIBERNÉTICA

 A Teoria da Cibernética divide-se em Cibernética de 1ª ordem e de 2ª ordem. A Cibernética de 1ª ordem se subdivide em 1ª


e 2ª Cibernética.
 1ª Cibernética trata dos processos morfoestáticos (manutenção da mesma forma), resultantes da retroalimentação
negativa ou retroação autorreguladora, a qual conduz o sistema de volta a seu estado de equilíbrio homeostático,
 Trata da capacidade de auto-estabilização ou de automanutenção do sistema (Vasconcellos, 2010).
 Apresenta conceitos de input e output,
 Enfatiza a presença do observador fora do sistema e como expert (objetividade).
 A compreensão dos fenômenos ainda está arraigada à causalidade linear (estabilidade).
 Assim, nesta 1ª Cibernética emerge o pressuposto da complexidade, reconhecendo que a simplificação obscurece as
inter-relações, admitindo que não há uma causalidade linear e sim, circular (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 1ª ORDEM
2ª CIBERNÉTICA

 Já a 2ª Cibernética trata dos processos morfogenéticos (gênese de novas formas), resultantes de


retroalimentação positiva ou retroação amplificadora de desvios, amplificação que pode promover sua
transformação, levando-o a um novo regime de funcionamento.
 Trata da capacidade de auto-mudança do sistema (Vasconcellos, 2010).

 Os conceitos de input e output persistem, mas aparece o conceito de feedback (criado por Wiener e
Bigelow) e de causalidade circular retroativa e recursiva.
 Assim, aqui tem origem o pressuposto da instabilidade, o qual baseia-se na noção do mundo como em
um processo de constante transformação, no qual há a indeterminação e, por isso, alguns fenômenos
são imprevisíveis e irreversíveis, e, portanto, incontroláveis (Vasconcellos, 2010).

07/10/2024
A CIBERNÉTICA DE 2ª ORDEM

 A Cibernética de 2ª ordem também é chamada de Si-Cibernética porque Edgar Morin propôs um movimento
que ultrapassasse a Cibernética: a Si-Cibernética.
 O prefixo si é o elemento da preposição grega sun que significa "estar junto", o que marca a obrigação
recíproca entre as partes.
 O físico Heinz Von Foster é responsável pela noção de sistemas observantes, de acordo com o qual o
observador, incluindo-se no sistema que observa, se observa observando (Vasconcellos, 2010).
 A partir da noção de sistemas observantes, a Cibernética tomou a si mesma como objeto de estudo e surgiu,
então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de construtivismo ou visão construtivista, pois
pressupõe o observador como parte do sistema observado (Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).

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A CIBERNÉTICA DE 2ª ORDEM

 Então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de Cibernética da Cibernética, ou Cibernética


novo-paradigmática, apresenta os três pressupostos da ciência novo-paradigmática, quais sejam:
complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
 A noção de complexidade está ligada a sistemas, ecossistemas, causalidade circular, recursividade,
contradições e pensamento complexo.
 A ideia de instabilidade está relacionada à desordem, evolução, imprevisibilidade, saltos qualitativos,
auto-organização e incontrolabilidade.
 O pressuposto da intersubjetividade envolve a inclusão do observador, autorreferência, significação
da experiência na conversação e co-construção (Vasconcellos, 2010).

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A TEORIA DA COMUNICAÇÃO

 Gregory Bateson (1904-1980), antropólogo inglês, se


utilizou das teorias acima citadas para desenvolver a
Teoria da Comunicação.
 O autor, junto com seus colaboradores de Palo Alto
(Califórnia), descreveu a comunicação patogênica na
família do esquizofrênico
 A Teoria da Comunicação humana, na sua origem,
engloba três dimensões: a sintaxe, a semântica e a
pragmática.

07/10/2024
A PRÁTICA SISTÊMICA NO CAMPO DA PSICOLOGIA

 Até a década de 1940, o campo da Psicologia Clínica a prática terapêutica era orientada pela Psicanálise e a ideia
hegemônica era a de que o comportamento humano era regido por forças intrapsíquicas.
 Como consequência da Segunda Guerra Mundial, houve um movimento de união das famílias e tornaram-se mais
fortes as críticas à Psicanálise por não dar a ênfase necessária aos contextos ambientais.
 A Teoria Sistêmica passa a ganhar força trazendo a proposta de mudança no foco das teorias clínicas do indivíduo
para os sistemas humanos, ou seja, do intrapsíquico para o interrelacional.
 Dessa forma, nas décadas de 50 e 60, ocorre um movimento de combinação entre abordagens já consolidadas,
tais como a psicanalítica e novos conceitos baseados na Teoria dos Sistemas, na Cibernética e na Teoria da
Comunicação.

07/10/2024
A PRÁTICA SISTÊMICA NO CAMPO DA PSICOLOGIA

 De acordo com a Perspectiva Sistêmica, os sistemas devem ser vistos como estruturas organizadas
hierarquicamente que precisam ser analisadas em sua totalidade:
 Aspectos macrossociais
 As culturas das comunidades locais
 Níveis mais proximais (ou de microanálise), como as escolas e a família (Sifuentes, Dessen & Oliveira, 2007).

 Conforme Grandesso (2000), a mudança de foco do intrapsíquico para o interrelacional representou uma
transformação paradigmática das práticas da Psicologia.
 A ênfase passa a ser dada aos contextos, formula-se a postulação de uma causalidade circular retroativa e
recursiva para os fenômenos e amplia a compreensão da pessoa humana para além do psicológico.

07/10/2024
A PRÁTICA SISTÊMICA NO CAMPO DA PSICOLOGIA

 Böing et al. (2009) ressaltam que, de acordo com a Perspectiva Sistêmica, a escuta psicológica é vista uma
estratégia para considerar seres humanos em contextos de forma que as ações sempre partam do contexto e
sejam dirigidas para o contexto.
 O profissional de Psicologia, nesse cenário, desempenha um papel de mediador e catalisador das potencialidades
e dos recursos, tanto das pessoas em si, como da comunidade, na satisfação das necessidades e na melhora da
qualidade de vida.
 O psicólogo, juntamente aos demais profissionais da equipe de saúde, coordena ações que levem à ampliação da
situação apresentada, criam contextos de autonomia e favoreçam a mudança (Moré & Macedo, 2006;
Vasconcellos, 2008).

07/10/2024
A PRÁTICA SISTÊMICA NO CAMPO DA PSICOLOGIA

 O Pensamento Sistêmico passa a ser o substrato de propostas de intervenção para a clínica de família.

 A adoção da Perspectiva Sistêmica implica em entender a família como um sistema complexo, composto por vários
subsistemas que se influenciam mutuamente, tais como o conjugal e o parental (Kreppner, 2000).
 O estudo de Costa (2010) apresenta as diferentes Escolas de Terapia Familiar, desde aquelas fortemente
influenciadas pela Cibernética até aquelas que assimilaram as contribuições do Construtivismo e do
Construcionismo Social.

07/10/2024

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