Cimento, Ceramica, Porcelana e Vidro. 6 Grupo
Cimento, Ceramica, Porcelana e Vidro. 6 Grupo
Cimento, Ceramica, Porcelana e Vidro. 6 Grupo
Universidade Rovuma
Instituto Superior de Recursos Naturais e Ambiente
2024
Admiro Rachide Andremane
Atija Abu
Filomena Daniel
Sérgio Salvador
Universidade Rovuma
2024
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Introdução
O cimento, a cerâmica, a porcelana e o vidro são materiais fundamentais na construção civil e
em diversas outras indústrias. Sua história e evolução refletem o avanço tecnológico e a
capacidade do ser humano de transformar matérias-primas em produtos de alta utilidade e
valor. Este trabalho tem como objetivo explorar o histórico, o processo de fabricação e as
principais características desses materiais, com foco nas suas aplicações práticas e
importância no desenvolvimento de infraestruturas modernas. Cada material, desde o cimento
com sua importância na construção civil até a porcelana e o vidro com suas aplicações
técnicas e estéticas, desempenha um papel crucial na sociedade contemporânea.
Objetivo Geral:
Objectivos Específicos:
1. Cimento
1.1. Historial
Anos depois, na época dos grandes impérios gregos e romanos, obras como o Coliseu e o
Panteão empregaram solo de origem vulcânica de Santorino, uma ilha localizada na Grécia,
assim como da cidade de Pozzuoli, na Itália. Por endurecer com a acção da água, este solo
tinha propriedades similares ao cimento que viria a ser desenvolvido séculos depois.
De acordo com a ABCP (2024) é com John Smeaton que inicia o cimento artificial, um
engenheiro inglês comummente chamado de “o pai da engenharia civil” que, em 1756, criou
um produto altamente resistente através da calcinação de calcários moles e argilosos.
Tempos depois, em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras
calcárias e argila, transformando-as num pó fino e percebeu que depois de ser misturado com
água e secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não
se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento
Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez
semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. Esse é basicamente o cimento que é usado
nos dias de hoje (TecnoMor, 2024).
Durante este período, o cimento era um produto estratégico para a construção de rodovias,
edifícios administrativos e outras infra-estruturas essenciais para a administração colonial
portuguesa.
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Em 2021, a Dugongo Cimentos inaugurou uma das maiores fábricas de cimento do país,
localizada na província de Maputo, com uma capacidade de produção de 2 milhões de
toneladas por ano (Notícias, 2021).
1.2. Conceito
O cimento deriva do latim cæmentum sendo uma referencia à velha Roma que era construída
com pedra natural de rochedos e sentadas com argamassa e aditivos especiais.
Na forma de concreto, torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e volumes, de
acordo com as necessidades de cada obra. Graças a essas características, o concreto é o
segundo material mais consumido pela humanidade, superado apenas pela água.
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Composto Percentagem
Silicato tricálcico (CaO)3SiO2 percentagem 45-75%
Silicato dicálcico (CaO)2SiO2 percentagem 7-35%
Aluminato tricálcico (CaO)3Al2O3 percentagem 0-13%
Ferroaluminatotetracálcico (CaO)4Al2O3Fe2O3 percentagem 0-18%
1.4.3. Calcinação
O clínquer é resfriado e, em seguida, moído com gesso. O cimento resulta da moagem fina de
vários componentes, sendo o componente maioritário oclínquer, juntando-se gesso e aditivos
(cinzas volantes, escórias de alto forno, folhas de calcário. (Pedro, Marques & Vieira, 2021,
p.8).
1.4.5. Armazenamento
Os sacos de cimento devem sempre ser estocados em local coberto, livre de humidades e com
ventilação abundante. O cimento moído é armazenado em silos e, em seguida, embalado em
sacos ou carregado a granel para distribuição.
O cimento serve como base para criar uma massa que terá a função de unir outras matérias-
primas, ajudando a formar a estrutura de uma obra; Dentre as suas principais finalidades,
podemos destacar a composição de reboco, de argamassa ou concreto;
2. Cerâmica
2.1. Historial
De acordo com Lepri (2023) A cerâmica é o material artificial mais antigo produzido pelo
homem, existindo a cerca de dez a quinze milanos. a história da cerâmica nasce no momento
em que o homem começou a utilizar o barro endurecido pelo fogo.
De acordo com Lepri (2023) as primeiras cerâmicas de que se há notícia são da Pré-História:
vasos de barro, sem asa, que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por óxidos de
ferro.
Potes, jarros, tigelas e outros recipientes cerâmicos eram usados para armazenar grãos, óleos,
vinho, água e outros alimentos essenciais, e panelas e potes e eram utilizados para cozinhar
sobre o fogo, assar pães e bolos em fornos e preparar alimentos de várias formas.
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a cerâmica continuou a ser uma forma artística importante, o período do Renascimento foi
caracterizado por um renascimento no interesse pela cerâmica como forma de expressão
artística e como meio de criação de objectos de beleza e valor.
De acordo com Superprof (2024) diz que a Revolução Industrial, a produção de cerâmica
tornou-se mais industrializada, com a introdução de novas tecnologias e equipamentos. Nesta
época, a cerâmica desempenhou vários papéis importantes que reflectiam as mudanças
sociais, tecnológicas e económicas sentidas na altura.
2.2. Conceito
Segundo Watt (1990) diz que a cerâmica é um material feito a partir da argila, que é moldada
e depois queimada em altas temperaturas para se tornar rígida e durável.
Por tanto, mesmo com toda modernização, e num mundo cada vez mais dominado pela
produção em massa, a cerâmica feita à mão é valorizada pela sua autenticidade, excelência
artesanal e conexão com o processo criativo. Muitas pessoas procuram peças de cerâmica
únicas e personalizadas para uso doméstico, decoração e coleccionismo.
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Segundo Coutinho (2012) diz que a cerâmica é composta principalmente por argila, mas sua
formulação pode variar dependendo do tipo de cerâmica que se deseja produzir. composição
da cerâmica:
Argila: O principal componente, que pode incluir diferentes tipos como argilas
plásticas, caulino e argilas de grão fino.
Areia: Adicionada para aumentar a resistência e a estabilidade do produto final,
evitando que ele encolha excessivamente durante a queima.
Feldspato: Um mineral que actua como um fundente, ajudando a baixar a temperatura
de fusão durante o processo de queima e a formar uma superfície vitrificada.
Carbonatos e outros aditivos: Usados para modificar a textura, a cor e a plasticidade
da massa cerâmica
Óxidos: Podem ser incluídos para criar diferentes cores e efeitos na superfície do
produto final.
A produção da cerâmica envolve várias etapas, que podem variar conforme o tipo de produto
final desejado
a) Preparação da Argila
b) Moldagem
Modelagem Manual: A argila pode ser moldada à mão, utilizando técnicas como o torno
ou a modelagem por extrusão.
Moldes: Para produções em massa, são usados moldes para garantir uniformidade.
c) Secagem
Os objectos moldados são deixados para secar ao ar livre, o que pode levar várias horas a dias,
dependendo da espessura e humidade do ambiente.
d) Queima Inicial
Os objectos secos são submetidos a uma queima inicial em temperaturas que variam de 800°C
a 1000°C. Isso remove a humidade residual e aumenta a resistência da peça.
e) Aplicação de Revestimentos
Segundo Dalla (2006) diz que a cerâmica pode ser aplicada em muitas áreas do nosso
quotidiano, mas as aplicações mais comuns são:
3. Porcelana
3.1. Historial
A história da porcelana transporta-nos para os séculos VII a X, marcados pela dinastia Tang,
na China. O material impermeável e translúcido – então denominado yao – nasceu da mistura
de dois minérios, que continuam a ser parte integrante de sua composição: o feldspato e o
caulino. Este último deriva da palavra Kauling, originária da colina de Jauchau Fu, onde a
matéria-prima foi obtida pela primeira vez. Através de um processo arcaico e da sujeição a
uma cozedura de 1.450 graus centígrados, os chineses descobriram que as características do
feldspato proporcionavam à porcelana a vitrificação, enquanto o caulino assegurava a forma
da peça (CostaVerde, 2018).
A verdadeira porcelana, conhecida como "porcelana dura", foi desenvolvida mais tarde,
durante a dinastia Song (960-1279 d.C.), quando técnicas aprimoradas de vitrificação
permitiram a criação de peças ainda mais finas e resistentes. O auge da produção de porcelana
chinesa ocorreu durante a dinastia Ming (1368-1644), com a cidade de Jingdezhen se
tornando o principal centro de produção mundial (Finlay, 2010).
Foi apenas no início do século XVIII, na cidade de Meissen, na Alemanha, que os europeus
conseguiram fabricar a primeira porcelana "dura" verdadeira fora da China. Johann Friedrich
Böttger, um alquimista alemão, e Ehrenfried Walther von Tschirnhaus, um cientista, foram
creditados pela descoberta da fórmula que utilizava caulim, permitindo à Europa começar a
produzir sua própria porcelana (Zakin, 2001).
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3.2. Conceito
3.3. Matérias-Primas
Caulim: Um tipo de argila branca de alta pureza, fundamental para conferir a brancura
e plasticidade à porcelana.
a) Mistura e Homogeneização
b) Moldagem
Fundição: A massa é diluída com água e despejada em moldes porosos, ideal para
peças mais delicadas (Santos & Ferreira, 2015).
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c) Secagem
Após a moldagem, a peça passa por um processo de secagem controlada para remover a
umidade residual da massa. Esse processo evita a formação de rachaduras durante a queima
(Brasil & Pratta, 2011).
d) Queima
Resistência Mecânica
A porcelana é um material conhecido por sua elevada resistência mecânica, resultado da alta
temperatura de queima que provoca a vitrificação total da massa. Isso torna a porcelana mais
resistente a impactos e à abrasão em comparação a outras cerâmicas (Costa, 2006).
Baixa Porosidade
Um dos fatores que diferencia a porcelana de outros tipos de cerâmica é sua baixa porosidade.
A vitrificação confere à porcelana uma estrutura praticamente impermeável, o que a torna
ideal para utensílios de cozinha e revestimentos (Oliveira, 2018).
Estabilidade Química
A porcelana é altamente estável quimicamente, resistindo bem à ação de ácidos e bases, o que
a torna amplamente utilizada em laboratórios químicos e na indústria alimentícia (Brasil &
Pratta, 2011).
Isolamento Eléctrico
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Porcelana macia: Contém uma menor quantidade de caulim e é usada em peças mais
delicadas, como ornamentos.
4. Vidro
4.1. Historial
O vidro é um dos materiais mais antigos utilizados pelo ser humano. Sua descoberta remonta
a aproximadamente 4.000 a.C., quando povos da Mesopotâmia e do Egito começaram a
fabricar pequenos objetos de vidro. Esses primeiros artefatos eram criados com a fusão de
materiais como areia e soda, que, ao serem expostos a altas temperaturas, formavam uma
substância amorfa e transparente. O vidro egípcio era utilizado principalmente para objetos
decorativos e recipientes, como frascos de perfumes e joias (Stern & Schlick-Nolte, 1994).
Na Idade Média, a produção de vidro migrou para a Europa, onde a Itália, especialmente na
ilha de Murano, tornou-se um importante centro de produção de vidro. Os vidreiros de
Murano desenvolveram técnicas avançadas e produziram vidros refinados, como o cristallo,
que era altamente valorizado por sua transparência e beleza. A indústria do vidro continuou a
evoluir, especialmente após a Revolução Industrial, quando processos automatizados
permitiram a produção em massa de vidro para aplicações como janelas, garrafas e
instrumentos científicos (Turner, 2015).
4.2. Conceito
o vidro é um sólido não cristalino que exibe o fenómeno de transição vítrea, podendo ser
produzido a partir de materiais inorgânicos, orgânicos e metálicos. (Fogaça, 2024)
4.3. Matérias-Primas
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O processo de fabricação do vidro envolve a fusão das matérias-primas em fornos que operam
a temperaturas superiores a 1.400°C. A mistura é aquecida até formar uma massa líquida
homogênea, sem cristais, que posteriormente será resfriada para formar o vidro (Associação
Brasileira de Normas Técnicas [ABNT], 2016).
b) Refino
Após a fusão, a massa vítrea é refinada para remover bolhas de ar e impurezas. Esse processo
é essencial para garantir a homogeneidade e a qualidade óptica do vidro produzido (Garcia &
Gallo, 2002).
c) Moldagem
O vidro fundido é moldado de acordo com o tipo de produto desejado. Entre os principais
métodos de moldagem estão:
Processo float: Para produção de vidros planos, o vidro fundido é vertido sobre um
leito de estanho, garantindo uma superfície plana e uniforme.
Sopro: Usado na produção de garrafas e outros recipientes ocos.
Prensagem: Para produção de peças mais espessas, como utensílios de mesa e lentes
(Giordano, 2009).
d) Recozimento
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A transparência é uma das características mais valorizadas no vidro. Isso ocorre devido à
ausência de cristais no material, o que permite a passagem da luz sem distorções significativas
(Giordano, 2009).
b) Resistência Química
c) Fragilidade
Apesar de suas inúmeras qualidades, o vidro é um material frágil e pode quebrar facilmente
sob impacto ou mudanças bruscas de temperatura. Vidros temperados ou laminados são
soluções que aumentam sua resistência mecânica (Associação Técnica Brasileira das
Indústrias Automáticas de Vidro [ABIVIDRO], 2019).
d) Isolamento Térmico
O vidro tem baixa condutividade térmica, o que o torna um bom isolante em aplicações como
janelas, protegendo ambientes internos de variações extremas de temperatura (Garcia &
Gallo, 2002).
Vidro laminado: Consiste em duas camadas de vidro com uma película de polivinil
butiral (PVB), sendo amplamente utilizado em para-brisas de automóveis e fachadas
de prédios (Giordano, 2009).
Vidro borossilicato: Possui alta resistência a choques térmicos e é comumente usado
em utensílios de laboratório e utensílios de cozinha (Oliveira & Santos, 2017).
O vidro é um material 100% reciclável, podendo ser reutilizado infinitamente sem perda de
qualidade. A reciclagem de vidro economiza energia e reduz a emissão de gases poluentes.
No Brasil, o índice de reciclagem de vidro ainda é inferior a países como Alemanha e Japão,
mas iniciativas vêm sendo adotadas para aumentar a taxa de reaproveitamento (ABIVIDRO,
2019).
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Conclusão
Através deste estudo, foi possível perceber a importância histórica e tecnológica do cimento,
da cerâmica, da porcelana e do vidro em diversas áreas da sociedade. Esses materiais são
parte integrante do desenvolvimento humano, desde a criação de infraestruturas essenciais até
a produção de objetos artísticos e utilitários. Ao longo dos séculos, a evolução nos processos
de fabricação e as inovações tecnológicas permitiram a adaptação dessas matérias-primas às
necessidades contemporâneas. Em Moçambique, por exemplo, o crescimento da produção de
cimento e vidro nos últimos anos reflete o impacto desses materiais no desenvolvimento
econômico e na modernização do país. O conhecimento e o aprimoramento das técnicas de
produção continuam a ser essenciais para garantir a sustentabilidade e eficiência no uso desses
recursos.
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