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INSTITUTO SUPERIOR DE FORMAÇÃO E
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
LICENCIATURA EM PSICOLOGIA SOCIAL E DO
TRABALHO
2º ANO
PSICOLOGIA DE COMUNICAÇÃO
Tema: FUNCIONALISMO
Discentes:
Docente:
MSC. Agostinho Alberto João Sendela
Maputo, Setembro de 2024
índice 1. Introdução........................................................................................3 1.1. Objectivos..................................................................................3 2. Metodologia......................................................................................4 3. Funcionalismo...................................................................................5 3.1. Funcionalismo na sociologia...........................................................5 5. O contraste entre Émile Durkheim e Karl Marx.......................................6 6. Solidariedade Mecânica e Orgânica.......................................................7 7. Conclusão.........................................................................................8 8. Bibliografia.......................................................................................9 1. Introdução A partir da Revolução Industrial no século XVIII, a Europa presenciou a eclosão de acontecimentos os quais não estava preparada para enfrentar. O surgimento das máquinas proporcionou mudanças significativas tanto espaciais quanto sociais. O grande contingente populacional que migrava do campo para a cidade, fugindo da miséria, da fome e do desemprego, promoveu um verdadeiro inchaço na área urbana. A realidade daquele período apresentou-se preocupante, pois a cidade não estava preparada para receber o grande número de pessoas que para lá se direcionavam em busca de trabalho. Portanto, estava instaurado um verdadeiro caos social, presenciando-se no espaço urbano o aumento da criminalidade, prostituição, desestruturação familiar, etc. Naquela época já havia sido desenvolvida a matemática, a física e a biologia, mais nenhuma dessas ciências era capaz de dar respostas ao caos social gerado pela Revolução Industrial. E é a partir da necessidade de solucionar tais problemas que surge em 1839 a ciência social conhecida como Sociologia, pelas mãos do filósofo e matemático francês Auguste Comte (1798-1857). Dado o pontapé inicial, a sociedade se tornou um constante objecto de estudo para vários pensadores e estudiosos da modernidade, todos analisando a sociedade do seu tempo, e claro, desenvolvendo a teorias diferenciadas a cerca da realidade estudada. Dentre os quais se destacam os autores das teorias clássicas: Karl Marx (1818-1883) - direcionando seus estudos para a teoria materialista, que tem como objeto a ênfase dada à luta de classes; Max Weber (1864- 1920) – inaugura a teoria compreensiva, que está intimamente ligada à ação social e Émile Durkheim ( 1858- 1917) – que desenvolve a teoria funcionalista, dando atenção especial ao fato social em si juntamente com a visão voltada para a moral de cada indivíduo. 1.1. Objectivos 1.1.1. Objectivo geral Compreender a contribuição do funcionalismo de Émile Durkheim para o estudo da sociedade, destacando como suas ideias sobre coesão social e a relação entre indivíduo e sociedade ajudaram a fundamentar a sociologia. 1.1.2. Objectivos específicos Comparar as visões de Durkheim e Karl Marx; Explicar o conceito de solidariedade mecânica; Definição de funcionalismo 2. Metodologia A metodologia adotada para conduzir a pesquisa do tema proposto, foi baseada em: • Pesquisa bibliográfica; • Discussão relactivamente a informação colectada. 3. Funcionalismo Funcionalismo é um paradigma científico que busca entender uma sociedade a partir das suas regras de funcionamento e das diferentes funções nela desempenhadas. De acordo com os teóricos funcionalistas, cada indivíduo em uma sociedade exerce uma função, e o conjunto de todas as funções permite o funcionamento harmônico da sociedade. Os estudos funcionalistas dos grupos sociais buscam analisar suas instituições e suas regras, como por exemplo, família, religião, crenças, modos de produção e educação. 3.1. Funcionalismo na sociologia O funcionalismo na sociologia é discutido primeiramente por Émile Durkheim, que foi o fundador da sociologia como uma disciplina científica. Durkheim se baseou em princípios da biologia para explicar o funcionamento das sociedades. Ele as comparava com um organismo vivo, em que cada órgão tem uma função específica. Para o funcionalismo, cada indivíduo de uma sociedade tem seu papel e, no desempenho de suas funções, a coletividade garantiria a sobrevivência de toda a estrutura. Para o autor, a interpretação das sociedades está relacionada aos factos sociais, que são valores e normas culturais, como por exemplo a língua, a arquitetura, o dinheiro, os costumes e os papéis sociais. Para cada facto social, existem regras em uma sociedade e é a partir dos factos sociais que Durkheim acredita que a consciência coletiva é construída. Os factos sociais, segundo Durkheim, possuem três características: Social: se aplicam a todos ou à maioria da sociedade; Exterior: o facto social existe independente da vontade dos indivíduos; Coercitivo: os factos sociais são impositivos e se os indivíduos não o seguem, sofrem punições. Um dos exemplos de facto social em nossa sociedade é a educação. A educação é social porque se aplica à todos, é exterior porque é independente da vontade de um indivíduo e é coercitiva, pois ela é imposta. 4. Relação entre o indivíduo e a sociedade O autor se detém em indivíduos inseridos em grupos, ajuntamentos, reuniões, pois, segundo o mesmo, o objecto de estudo de toda a sua teoria é o homem inserido em sociedade, fora dela o indivíduo não cria, não reproduz, não contribui para sua permanência ou mudança. E é a partir dessa união, agrupamento, reunião, que ele vai observar a existência de duas consciências no indivíduo, a individual e a coletiva, enfatizando a superioridade da segunda sobre primeira. A definição de consciência coletiva aparece pela primeira vez na sua obra Da divisão do trabalho social. “Trata-se do conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado e com vida própria.” A coletiva é compartilhada pelo grupo, enquanto que a individual é própria de cada elemento. Sem que percebam, os indivíduos agem conforme a vontade do grupo ao qual pertencem. E é isso que constitui a ideia principal da teoria funcionalista: a sociedade somente se consolida como uma unidade a partir do momento em que acontece a ultrapassagem do indivíduo pela sociedade, ou seja, é ela que dita as regras, as normas sociais enquanto que o indivíduo apenas será moldado conforme a sua vontade. Em outras palavras: a sociedade, além de anteceder o indivíduo, prevalece sobre o mesmo.
5. O contraste entre Émile Durkheim e Karl Marx
1-Natureza da Sociedade Durkheim acreditava que a sociedade é um sistema estável e integrado, no qual os indivíduos desempenham papéis que sustentam a coesão social. Ele desenvolveu o conceito de sociedade mecânica e orgânica) para descrever como os indivíduos se unem e como as sociedades funcionam em diferentes estágios de desenvolvimento. Marx, por outro lado, via a sociedade como sendo definida pela luta de classes e pelos conflitos económicos. Ele acreditava que as estruturas sociais, particularmente no capitalismo, eram inerentemente exploradoras e geravam desigualdade. 2-Indivíduo e Sociedade Para Durkheim, a sociedade exerce uma força sobre o indivíduo através de fatos sociais, que são normas e valores que moldam o comportamento humano. Ele via o indivíduo como alguém que se integra à sociedade por meio da internalização dessas normas. Marx, por sua vez, acreditava que o indivíduo, especialmente no capitalismo, é moldado pelas relações econômicas e de produção. Os trabalhadores (proletariado) estão alienados, pois são controlados pelos capitalistas (burguesia), que dominam os meios de produção. 3-Função das Instituições Sociais Durkheim via as instituições sociais (família, religião, educação) como mecanismos para manter a coesão social e a ordem. A função dessas instituições é integrar os indivíduos à sociedade
Para Marx, as instituições sociais são parte do superestrutura (cultura,
ideologia, política), que serve para manter o poder e os interesses da classe dominante. Ele acreditava que as instituições sociais legitimam a exploração e perpetuam as relações de dominação. 4-Mudança Social Durkheim reconhecia a mudança social, mas a via como um processo gradual, necessário para a adaptação e continuidade da sociedade. Marx, em contrapartida, acreditava que a mudança social viria através de uma revolução violenta, liderada pela classe trabalhadora, que derrubaria o capitalismo e instauraria o socialismo.
6. Solidariedade Mecânica e Orgânica
A humanidade, para Durkheim, está em constante evolução que será caracterizado pelo aumento dos papéis sociais proporcionado pela complexidade que a sociedade adquiriu com a Revolução Industrial. Levando-se a observar que as sociedades existentes se estruturam de forma diferenciada, implicando dizer que algumas se organizam sobre a forma de solidariedade conhecida como mecânica (ou por similitudes), enquanto que outras se organizam sobre a forma de solidariedade conhecida como orgânica. As sociedades organizadas sobre a forma de solidariedade mecânica são aquelas onde é possível observar a existência de poucos papéis sociais. Segundo Durkheim os membros viveriam de maneira semelhante e geralmente ligados à crença e sentimentos comuns. Compete aí salientar a presença maciça da consciência coletiva. Neste tipo de sociedade a individualidade não é tolerada. Quando um membro começa a demonstrar atitudes dessa natureza o mesmo é corrigido pelo grupo para que não quebre a harmonia social. Já as sociedades organizadas sobre a forma de solidariedade orgânica são aquelas onde nos deparamos com uma infinidade de papéis sociais. São sociedades consideradas complexas, e que encontram a coesão social a partir dos diferentes papéis desempenhados por cada elemento. Esse tipo de solidariedade é característica de sociedades capitalistas, onde a mesma é comparada a um organismo vivo, e seus órgãos vitais são representados pelas instituições sociais. Se uma instituição social apresenta uma dificuldade em desempenhar sua função de maneira eficaz, afetará a sociedade como um todo, assim como dentro do organismo humano um dos seus órgãos não o funcionar de maneira saudável prejudicará o bom funcionamento dos demais. A teoria funcionalista consiste justamente nessa dinâmica analisada por Durkheim. Funcionalismo (do Latim fungere, que significa desempenhar). Portanto, as instituições sociais ao desempenharem de maneira satisfatória sua função, proporcionam a coesão social, caso contrário, considerar-se-á que a sociedade estará passando por uma patologia, ou seja, uma doença. Muitos funcionalistas argumentam que as instituições sociais são interdependentes e formam um sistema estável e que uma mudança em uma instituição irá precipitar uma mudança em outras instituições. Esse fenômeno é denominado por Durkheim de analogia orgânica. 7. Conclusão A sociedade é dotada de uma alta complexidade de relações sociais, onde as mesmas devem ser regulamentadas por instituições capazes de garantir a ordem e a estabilidade social. Essa necessidade vem sendo percebida a partir do momento em que a divisão do trabalho deixou de ser algo simples e passou a exigir tanto de estudiosos, como do próprio Estado, uma postura mais significativa no que se refere a organização social. A visão sociológica, acompanhada da visão jurídica, contempla muito bem tal necessidade. Émile Durkheim, ao elaborar a teoria do fato social, (afirma que o mesmo exerce um poder coercitivo sobre os elementos, onde se por ventura o indivíduo tentar se rebelar contra os factos sociais, sofrerá castigos, aquilo que Durkheim irá chamar de pena, que será aplicado a ele a partir do direito, ou seja, de forma jurídica, institucionalizada. Toda sua teoria acerca da sociedade, leva a crer que a mesma não seria possível sem a presença de um ente regulador. A ordem e o progresso de uma nação não seriam possíveis sem a aplicabilidade das leis. Portanto, os homens não seriam capazes de desenvolver o meio em que vivem sem estarem sobre o julgo de uma instituição de caráter superior as suas vontades e paixões. Sem tal direcionamento estariam fadados ao fracasso da própria existência. 8. Bibliografia Costa, Cristina. Introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005. Vasconcelos, Ana. Manual compacto de sociologia. São Paulo: Rideel, 2010. Durkheim, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Parsons, Talcott. The Structure of Social Action. New York: Free Press, 1937. Merton, Robert K. Social Theory and Social Structure. New York: Free Press, 1949