Psicologia Da Educação Com Ênfase em Emoção e Inteligência
Psicologia Da Educação Com Ênfase em Emoção e Inteligência
Psicologia Da Educação Com Ênfase em Emoção e Inteligência
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psicogenéticas de Vygotsky e Wallon, parece ser a única a apontar a ideia de
uma correspondência constante entre aspectos afetivos e intelectuais em
qualquer conduta, não apenas de maneira geral, mas em todas as fases do
desenvolvimento.
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Iniciaremos pela abordagem de Henri Wallon , a qual privilegia o aspecto
afetivo, indicando seu papel estruturante no início da vida da criança. Para este
autor, a emoção organiza a vida psíquica inicial e antecede as primeiras
construções cognitivas. A gênese da cognição está, pois, para Wallon, nas
primeiras emoções, as quais, por sua vez, estão diretamente ligadas ao
desenvolvimento do tônus (aspecto orgânico). O mesmo autor define o
desenvolvimento como a passagem do eu orgânico ao eu psíquico, pela via
das primeiras emoções que são, em essência, o instrumento para a interação
com o outro, antes que a cognição seja construída. Assim, as emoções
permitem, no início da vida, a construção dos conhecimentos sobre o mundo e
a construção da personalidade. O autor apresenta o que considera como a
sequência do desenvolvimento quanto à construção da pessoa a partir da ideia
do papel estruturador das primeiras emoções em relação à cognição, para
depois descrever o desenvolvimento como um movimento de alternância de
predominâncias, ora afetiva ora cognitiva, culminando com uma
preponderância cognitiva.
Para esse autor, o início de sua vida a criança possui emoções que são
independentes da representação. Essas emoções iniciais são o recurso
expressivo das necessidades por excelência, diferentemente dos sentimentos e
paixões que dependem de representações. Desse modo, a ideia essencial
sobre a emoção na perspectiva de Wallon, aponta a emoção como um
elemento se nutre do efeito que causa no outro. A abordagem de La Taille et al
(Ibidem) está de acordo com as etapas da construção da pessoa postulada por
Wallon, a saber: 1) etapa de indiferenciação entre eu e outro; 2) diferenciação
gradativa entre eu e outro com o despontar da ‘pessoa’; e 3) chegando
(aproximadamente na idade escolar) à fase categorial, na qual, já de posse de
instrumentos cognitivos tais como a representação e o pensamento racional,
utiliza-os para coordenar as emoções e para construir conhecimentos. Vemos
então que, para Wallon, as emoções podem inicialmente criar operações
cognitivas que permitirão a construção do conhecimento, por um lado, e, por
outro, podem estruturar a ‘pessoa’ no início da vida, sem a participação da
cognição (nem mesmo a sensório-motora).
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Já a perspectiva de Vygotsky propõe que a razão teria a capacidade de
controlar as emoções mais primitivas, graças ao domínio dos instrumentos
culturais, em especial a linguagem. O autor aborda o desenvolvimento
psicológico das funções superiores na infância, tais como memória, percepção,
pensamento, imaginação e vontade. Para o autor, as teorias que valorizaram o
pensamento da criança no plano biológico deveriam (como fez Piaget)
considerar simultaneamente os momentos sociais e biológicos no
desenvolvimento do pensamento.
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às necessidades fisiológicas e às ‘novidades’ trazidas pelo exercício da
percepção. São basicamente sentimentos de agrado e desagrado, êxito e
fracasso, decorrentes das ações no mundo. Na etapa subsequente, a das
representações pré-operatórias, na qual predominam a imitação, o jogo
simbólico e as intuições rígidas e inflexíveis, ocorreriam sentimentos também
de natureza intuitiva (as simpatias e antipatias), rígidos e inflexíveis, bem como
sentimentos ligados às pessoas como objetos privilegiados, ainda que falte à
afetividade, assim como à inteligência, maior flexibilidade e conservação,
mesmo que os afetos tenham já certa estabilidade. Os afetos são, entretanto,
mais estáveis do que no período anterior.
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e transformadas pela cultura em suas diferentes manifestações, assim como
transformando-a reciprocamente na socialização dos sujeitos. O estudo da
linguagem, da palavra e das narrativas como resultado das relações de
reciprocidade entre sujeito e objeto, da complementaridade entre afetividade e
racionalidade, será privilegiado neste contexto. Entretanto, de modo inverso os
escritos de Piaget que privilegiaram os aspectos racionais do funcionamento da
inteligência, não parecem se aplicar, contudo, nem aos seus escritos iniciais
sobre o pensamento irracional das crianças (como bem apontou Vygotsky) e
muito menos às suas últimas obras, as quais buscaram manter o dinamismo do
funcionamento psicológico, em seus aspectos racionais e afetivos.
Referência