2013 Durabilidade CPR

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SOTO, N. T. A. ; MACIOSKI, G. ; MAZER, W. ; CASALI, J. M. .

Avaliação de propriedades
do Concreto de Pós Reativos: um estudo de durabilidade. In: Congresso Brasileiro do
Concreto, 2013, Gramado. Anais do 55 Congresso Brasileiro do Concreto, 2013.

Avaliação de propriedades do Concreto de Pós Reativos: um estudo de


durabilidade
Properties Evaluation of Reactive Powder Concrete: a durability study

Nicolle T. A. Soto (1); Gustavo Macioski (2); Wellington Mazer (3); Juliana M. Casali (4)

(1) Engenheira Civil do Departamento de Projetos e Obras da UTFPR


(2) Chefe dos Laboratórios do Departamento Acadêmico de Construção Civil da UTFPR
(3) Professor Doutor do Departamento Acadêmico de Construção Civil da UTFPR
(4) Professora Doutora do Departamento Acadêmico de Construção Civil da UTFPR
Rua Deputado Heitor Alencar Furtado, 4900 – Ecoville, Curitiba – PR

Resumo
Com o avanço das tecnologias de construção e a necessidade de estruturas cada vez mais resistentes e
esbeltas, novos tipos de concreto têm sido desenvolvidos visando suprir essa demanda. Após o concreto
convencional já houve o desenvolvimento do concreto de alta resistência, o concreto de alto desempenho e,
mais recentemente, o concreto de ultra alto desempenho e o concreto de pós reativos. Assim, o objetivo
deste trabalho é determinar algumas propriedades do concreto de pós reativos avaliando principalmente o
seu comportamento frente à penetração de agentes agressivos. Também foi avaliado um no concreto
convencional para comparação de resultados, uma vez que este é ainda o tipo de concreto mais utilizado.
As propriedades avaliadas foram: resistência à compressão, porosidade (através da injeção de ar sob
pressão dentro da massa do concreto), resistividade elétrica e absorção de água total e por capilaridade. Os
resultados demonstram uma grande diferença das propriedades em relação aos tipos de concreto.
Constatou-se que a utilização da sílica ativa e pó de quartzo,em função do melhor empacotamento das
partículas, promoveu uma porosidade e uma absorção de água menores dos concreto de pós-reativos em
relação aos concreto convencional. Também foi observado valores de resistividade elétrica no concreto de
pós reativos maiores do que os obtidos para os concretos convencional. Desta forma, este trabalho
apresenta uma caracterização das diferentes propriedades que influenciam o comportamento à penetração
de agentes agressivos e diferencia os tipos de concreto do ponto de vista de durabilidade demonstrando, de
forma clara, os benefícios da utilização do concreto de pós-reativos em ambientes de maior agressividade.
agressividade.Palavra-Chave: Concreto de Pós Reativos, CPR, Durabilidade, Porosidade, Resistividade

Abstract
With the advancement of technology and the need to build structures increasingly resistant and slim, new
types of concrete have been developed to meet this demand. After conventional concrete, it has been the
development the high resistance concrete, high performance concrete, and more recently, the ultra-high
performance concrete or reactive powder concrete. The objective of this paper is to determine some
properties of reactive powder concrete mainly evaluating its behavior towards the penetration of aggressive
agents. It also has been compared to the conventional concrete results, since this is still the most widely
used type of concrete. The properties evaluated were: compressive strength, porosity (by injecting air under
pressure into the mass of the concrete), and electrical resistivity and total water absorption by capillarity. The
results show a great difference of the properties between different types of concrete. It was found that the
use of silica fume and quartz powder, according to a better packing of the particles, caused a reduce in the
porosity and water absorption of reactive powder concrete in relation to conventional concrete. It was also
observed values of electrical resistivity of reactive powder concrete greater than those obtained for
conventional concrete. Therefore, this paper presents a characterization of the different properties that
influence on the behavior of the penetration of aggressive agents and present different types of concrete in
terms of durability demonstrating clearly the benefits of using reactive powder concrete in aggressive
environments.
Keywords: Reactive Powder Concrete, RPC, Durability, Porosity, Resistivity.
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1
1 Introdução

O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo devido à


abundância de matérias primas e de um conhecimento já solidificado de sua utilização.
Com o avanço das tecnologias de projeto e necessidade de estruturas que exigem cada
vez mais desse material, constantemente surgem pesquisas e novos tipos de concreto
visando suprir essas necessidades.
Os primeiros registros de um concreto que obteve resistência à compressao
próxima de 200 MPa foi em meados dos anos 70, desenvolvido por Brunauer e
patenteado pela H. H. Bache (AÏTCIN, 2012). O princípio desse material é o uso de
partículas muito finas como o pó de quartzo e a sílica ativa e aditivos superplastificantes,
tentando obter a menor relação água/aglomerante possível.
A durabilidade dos materiais à base de cimento Portland está intimamente
relacionada com a permeabilidade, uma vez que é esse o mecanismo que permite a
entrada de agentes agressivos como íons cloreto, íons sulfato e dióxido de carbono
(SANJUAN & MARTIALAY, 1996). A penetração desses agentes pode ocasionar reações
químicas e físicas que fazem com que o concreto não atinja a vida útil para a qual foi
projetada (MEHTA & MONTEIRO, 1994).
No que diz respeito à durabilidade, acredita-se que o concreto de pós reativos
tenha bom desempenho, uma vez que funciona com o princípio do empacotamento de
partículas muito finas, possuindo uma estrutura muito densa e de baixa porosidade, o que
resulta em uma dificuldade para os agentes patológicos. Porém existem poucos estudos
específicos na área para verificar como ocorre o processo de degradação das estruturas
nesse material, e esse é o objetivo do presente trabalho.

1.1 Histórico do Concreto de Pós Reativos e suas principais aplicações

Através de pesquisas realizadas na França e no Canadá em meados de 1990


desenvolveram o concreto pós reativos como material alternativo ao concreto de alto
desempenho – CAD, podendo chegar a 800MPa, contra 120MPa do CAD e 60MPa do
concreto convencional (VANDERLEI, 2004).
Uma das primeiras e mais famosas aplicações do CPR é a Passarela de
Sherbrooke, no Canadá (Figura 1). Construída em 1998, ela possui vão de 56m e
emprega CPR encapsulado em tubos metálicos de paredes finas. Outra construção
utilizando o CPR é a estação de trem de Shawnessy, também no Canadá (Figura 2).
Foram construídas cascas côncavas sem a presença de armadura principal.

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Figura 1 - Passarela de Sherbrooke, Canadá (Fonte:
REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA (2006)) Figura 2 - Estação de trem em Calgary (Fonte:
REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA (2006))

2 PRINCÍPIOS E PROPRIEDADES DO CONCRETO DE PÓS


REATIVOS

O concreto de pós reativos foi idealizado com base no princípio de formação com o
mínimo de defeitos como microfissuras ou poros capilares, características essas obtidas
com o aumento da compacidade e resistência dos materiais constituintes. Para isso, os
seguintes princípios são realizados (CHEYREZY, 1999):
 Aumento da homogeneidade causada pela eliminação do agregado graúdo;
 Aumento da compacidade pela otimização granulométrica e aplicação de
pressão antes e depois da pega;
 Progresso da microestrutura pelo tratamento térmico após o endurecimento;
 Melhoramento da ductibilidade pela adição de fibras de aço;
 Manter os procedimentos de mistura e moldagem tão próximos quanto
possível dos padrões já existentes, de modo a gastar o menor tempo entre
essas operações.
Com os três primeiros princípios obtém-se uma matriz com alta resistência à
compressão, porém com baixa ductibilidade, propriedade conseguida com a adição de
fibras de aço, que confere também resistência à tração ao CPR (VANDERLEI, 2004).

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização dos materiais utilizados

3.1.1 Cimento Portland

O cimento Portland utilizado na pesquisa foi o CP II Z – 32, obedecendo às


especificações da NBR 5732:1991, para ambos os tipos de concretos: convencional e
CPR. As Tabela 1 e Tabela 2 apresentam as análises químicas e físicas,
respectivamente, feitas pelo fabricante com os resultados da média do mês em que o
cimento foi produzido, em março de 2013.
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Tabela 1 - Propriedades Químicas do Cimento Tabela 2 - Propriedades Físicas do Cimento utilizado (Fonte:
utilizado (Fonte: Autoria Própria (2013)) Autoria Própria (2013))
PROPRIEDADES QUÍMICAS DO CIMENTO PROPRIEDADES FÍSICAS DO CIMENTO
Al2O3 SiO2 Fe2O3 CaO MgO Exp. Quente Cons. Normal Blaine # 200 # 325
% % % % % mm % cm²/g % %
6,47 22,64 3,16 54,26 4,01 0,65 27,5 3.705 2,27 11,36
SO3 P. Fogo CaO L. R. Ins. Eq. Alc. Tempo de Pega (h:min) Resistência à Compressão (MPa)
% % % % % Início Fim 1 dia 3 dias 7 dias 28 dias
2,27 4,86 1,15 10,85 0,97 03:07 03:51 14,5 26,8 33,7 40,5

3.1.2 Agregados

O agregado miúdo utilizado foi uma areia natural proveniente do Rio Iguaçu, região
metropolitana de Curitiba. Já para concreto convencional foi utilizado como agregado
graúdo brita n° 01 de origem granítica. Nos Gráfico 1 e Gráfico 2 são apresentadas as
curvas granulométricas utilizadas para cada tipo de concreto.

Concreto de Pós Reativos Concreto Convencional


0% 0%
10% 10%
Porcentagem Retida Acumulada
Porcentagem Retida Acumulada

20% 20%
30% 30%
40% 40%
50% 50%

60% 60%

70% 70%

80% 80%

90% 90%

100% 100%
0,01 0,1 1 10 100 0,01 0,1 1 10 100
Abertura da Peneira (mm) Abertura da Peneira (mm)

Agregado Miúdo Agregado Graúdo Agregado Miúdo

Gráfico 1 - Análise granulométrica - Concreto Gráfico 2 - Análise granulométrica - CPR (Fonte: Autoria
Convencional (Fonte: Autoria Própria) Própria)

3.1.3 Adições

3.1.3.1 Sílica ativa


Para esse trabalho utilizou-se sílica ativa nacional, com coloração cinza.
Encontram-se, nas Tabela 3 e Tabela 4 as características química e física fornecidas pelo
fabricante.

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Tabela 3 - Caracterização Química da Sílica Ativa
(Fonte: Camargo Corrêa Metais, 2013)
PROPRIEDADES QUÍMICAS DA SÍLICA ATIVA Tabela 4 - Caracterização Física da Sílica Ativa
(Fonte: Camargo Corrêa Metais, 2013)
Superfície específica (m²/kg) 20.000
PROPRIEDADES FÍSICAS DA SILICA ATIVA
Massa Específica (g/cm³) 2,20
Teor de SiO2 min 85,0%
Umidade (%) 1,20
Equivalente Alcalino em NaO2 máx 0,50%
Formato da partícula Esférico
Diâmetro médio 0,20

3.1.3.2 Pó de Quartzo
Abaixo na, Tabela 5, apresenta-se a análise química do pó de quartzo fornecida
pelo fabricante e, no é apresentada a curva granulometrica.

Concreto de Pós Reativos


0%

Tabela 5 - Caracterização Química do Pó de Quartzo 10%


Porcentagem Retida Acumulada

20%
(Fonte: Vanderlei (2004))
30%
PROPRIEDADES QUÍMICAS DO PÓ DE QUARTZO 40%

Umidade (%) 0,020 50%

60%
Perda ao fogo (%) 0,130
70%
Teor de SiO2 (%) > 99,000 80%

90%
Teor de Fe2O3 (%) < 0,050
100%
Teor de Al2O3 (%) < 0,300 0,01 0,1 1 10 100
Abertura da Peneira (mm)
Teor de TiO2 (%) < 0,035
Pó de quartzo

Gráfico 3 - Análise granulométrica - Pó de Quartzo


(Fonte:Mineração Jundu)

3.1.3.3 Aditivo
O aditivo adotado foi o aditivo sintético de polímeros policarboxilatos classificado
como superplastificante com as características apresentadas na Tabela 6 fornecidas pelo
fabricante.

Tabela 6 - Características do aditivo superplastificantes (Fonte: MC – Bauchemie)


CARACTERÍSTICAS DO SUPERPLASTIFICANTE
Característica Unidade Valor
Densidade g/cm³ 1,06
Dosagem recomendada % 0,2 a 5,0
Teor de cloretos % < 0,1
Teor de álcalis % < 1,0

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3.1.4 Proporcionamento dos Materiais

Para a obtenção do traço do concreto convencional foi utilizado o método


ABCP/ACI para 25 MPa e para o concreto de pós reativos foi utilizado o método de Alfred
- adaptação do modelo de Andreasen que incorpora um valor mínimo de tamanho de
partícula, o que é uma característica de sistemas reais (DINGER & FUNK, 1994). A
Tabela 7 apresenta o proporcionamento (traço) utilizado.

Tabela 7 - Resumo dos traços (Fonte: Autoria Própria)


Cimento Areia Brita Água Sílica Quartzo Aditivo
CONV 1 1,94 2,46 0,52 - - -
CPR 1 1,1 - 0,22 15% 23% 4%

Os corpos de prova do concreto convencional foram desmoldados após 24 horas e


mantidos desde então em cura úmida. Já os corpos de prova do concreto de pós reativos
foram desmoldados depois de 24 horas e mantidos em cura térmica a 90ºC durante 7
dias, e, após esse período, ficaram em tanque de imersão até a data dos ensaios.

3.2 ESTUDO DAS PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO

3.2.1 Teor de ar incorporado

O teor de ar incorporado foi determinado no concreto convencional pelo método


pressiométrico descrito pela NBR NM 47:2002.Já para o concreto de pós reativos foi
utilizada a NBR 13278:2005 (método destinado para argamassas.
O ensaio para determinação do teor de ar incorporado para o CPR foi adotado em
função do menor volume necessário para a realização do ensaio.

3.3 ESTUDO DAS PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO

3.3.1 Resistividade Elétrica

Para a medida da resistividade elétrica utilizou-se o Método dos Quatro Eletrodos,


ou Método de Wenner. Este método é normatizado pela ASTM G57, e, apesar de ter sido
desenvolvido para uso em solos, o seu uso para medida de resistividade em concreto tem
sido muito utilizada, tendo sido adaptados equipamentos para esse uso (ABREU, 1998).
O ensaio é realizado da seguinte forma: nos eletrodos externos é usada uma
corrente alternada, enquanto nos eletrodos internos é medida uma diferença de potencial.
Para que as medidas sejam confiáveis os eletrodos devem estar eqüidistantes e em linha
reta.
Para este ensaio foram moldados três corpos de prova de cada um dos concretos,
medindo 15cm x 15cm x 15cm, seguindo as recomendações de Gowers & Millard (1999),
conforme Figura 3. Eles foram instrumentados com 4 trechos de fios de cobre de 10mm²
de área e comprimento de 8cm, decapados nas extremidades.
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Para melhorar o contato do concreto com o fio, a capa de verniz dos fios foi retirada
nas duas extremidades e a ponta a ser imersa no concreto foi amassada. Uma das
extremidades foi inserida 2cm dentro do concreto. Os equipamentos e o corpo de prova
podem ser observados na Figura 4.

Figura 3 - Posicionamento dos fios de cobre e Figura 4 - Ensaio de resistividade elétrica (Fonte:
medidas dos corpos de prova (Fonte: Autoria Autoria Própria)
Própria)

3.3.2 Absorção de água total e por capilaridade e Índice de Vazios

Para os dois tipos de concreto foram realizadas as medidas de absorção de água


total por imersão e índice de vazios, seguindo as recomendações da NBR 9778:1987 e de
absorção por capilaridade segundo a NBR 9779:1995.
Para este estudo a temperatura utilizada para a secagem dos corpos de prova na
estufa foi de 50ºC. Esse procedimento foi adotado seguindo recomendação Silva (2005).

3.3.3 Permeabilidade ao ar

A permeabilidade ar foi obtida utilizando o aparelho Porosiscope™, que utiliza a


técnica de injeção de ar sob pressão para determinar a permeabilidade do concreto ao ar.
O aparelho pode ser observado na Figura 5 e Figura 6.

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Figura 5 - Porosiscope™ utilizado no ensaio de Figura 6 - Ensaio de permeabilidade ao ar (Fonte:
permeabilidade (Fonte: James Instruments) James Instruments)

Para a realização do ensaio foi feito em cada corpo de prova um orifício de


(10x40)mm onde foi inserido um tampão para vedar completamente o orifício.
Com a introdução deste tampão é deixado um espaço vazio cilíndrico de 10mm de
diâmetro x 20 mm de altura, que fica há 20 mm abaixo da superfície do corpo-de-prova. O
ar do corpo-de-prova é retirado pela pistola, criando um vácuo igual ou superior a 55kPa.
O temporizador do aparelho mostra quantos segundos foram necessários para que a
pressão diminuísse para 50kPa. Esse tempo é utilizado como parâmetro para medir a
permeabilidade do concreto.

3.3.4 Resistência à compressão

O ensaio de resistência à compressão foi realizado em uma prensa EMIC com


capacidade de 200 toneladas de acordo com a NBR 7215:1996. Antes do ensaio os
corpos-de-prova foram retificados e saturados.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO

4.1.1 Teor de ar incorporado

O concreto convencional apresentou 3,30% de ar incorporado. Sendo o valor


obtido próximo da literatura, que varia de 1 a 3% em concretos sem aditivos, podendo
chegar a até 5% sem causar prejuízos ao desempenho mecânico do material (GEYER &
SÁ, 2006).
Já o concreto de pós reativos apresentou teor de ar incorporado maior do que o
encontrado para o concreto convencional, com o valor de 4,01%.
Este comportamento pode ser explicado pela ação do aditivo superplastificante,
segundo Hartmann & Helene (2003), pois durante a mistura mecânica o aditivo facilita a
incorporação de bolhas de ar aumentando os valores do teor de ar incorporado.
Possivelmente o ar incorporado foi expelido para a superfície, pois apesar de ter sido feito
adensamento do concreto durante o ensaio, a textura extremamente viscosa do concreto
de pós reativos dificultou a saída de ar logo após a moldagem.
O ensaio para determinação do teor de ar incorporado foi realizado imediatamente
após o término da mistura. Após aproximadamente 15 minutos da moldagem dos corpos
de prova foi possível verificar a formação de bolhas na parte superior, após a realização
do ensaio de determinação de ar incorporado (Figura 7). O CPR após curado não
apresentava bolhas de ar aparentes em seu interior, observado visualmente após a
retificação dos corpos-de-prova (Figura 8).

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Figura 7 - Bolhas no topo do corpo de prova CPR Figura 8 - Aspecto da seção do corpo de prova CPR
(Fonte: Autoria Própria) rompido e retificado (Fonte: Autoria Própria)

4.2 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO

4.2.1 Resistividade Elétrica

A resistividade elétrica é um importante parâmetro no monitoramento de corossão


de estruturas. Isso se dá pelo fato de ela controlar o fluxo de íons que se difundem no
concreto (HELENE, 1993).
O Gráfico 4 apresenta as medidas de resistividade elétrica obtida para os dois tipos
de concreto estudados.

Gráfico 4 - Resultado ensaio de Resistividade Elétrica (Fonte: Autoria Própria)

Pode ser vista na Tabela 8 classificação apresentada por Cascudo (1997) para a
resistividade, proposta pelo Comité Euro-internacional Du Beton - CEB - e com grande
aceitação no meio técnico.

Tabela 8 - Critérios de avaliação do concreto quanto a resistividade (Fonte: Cascudo (1997))


Resistividade do Concreto Indicação de Probabilidade de Corrosão
ρ > 20 kohm.cm Desprezível
10 a 20 kohm.cm Baixa

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5 a 10 kohm.cm Alta
ρ < 5 kohm.cm Muito Alta

A partir da classificação CEB pode-se concluir que ambos concretos encaixam-se


na classe de probabilidade de corrosão desprezível.Porém o concreto de pós reativos
apresenta valores de resistividade aos 28 dias 2,3 vezes maior. Também o concreto de
pós reativos apresenta visivelmente um aumento da resistividade, enquanto o concreto
convencional apresenta leituras praticamente constante desde os 14 dias de idade.
Aos 45 dias o CPR aumentou a sua resistividade em aproximadamente 65%,
chegando a valores quase 4 vezes maiores que o concreto convencional.
Observa-se que o concreto de pós reativos apresenta valores maiores e com
aumento constante durante o período ensaiado, possivelmente diminuem muito mais a
probabilidade de corrosão e deterioração do concreto.

4.2.2 Absorção de água total e por capilaridade

O Gráfico 5 apresenta os valores de absorção de água total e o índice de vazios


para os concretos

Gráfico 5 - Resultado dos ensaios de Absorção por Imersão (Fonte: Autoria Própria)

Analisando-se a porosidade, medida por meio da imersão total dos corpos-de-


prova na água, pode-se observar que o CPR apresentou volume médio total de poros
bastante inferior aos do concreto convencional usado como referência.
Considera-se que um concreto com absorção total menor que 6% é de grande
durabilidade (ISHIKAWA, 2010). Tendo o CPR apresentado valor quase 5 vezes menor
que o concreto convencional, provavelmente o concreto de pós reativos teria durabilidade
maior quando analisada essa propriedade.
Os resultados dos ensaios de absorção de água por capilaridade realizados para
os dois tipos de concreto após 28 dias de cura são apresentados no Gráfico 7 e Gráfico 8.

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Gráfico 6 - Absorção por capilaridade Concreto Gráfico 7 - Absorção por capilaridade CPR (Fonte:
Convencional (Fonte: Autoria Própria) Autoria Própria)

Observa-se que os valores de absorção por capilaridade do concreto de pós


reativos é muito inferior ao concreto convencional, cerca de 60 vezes após 72 horas.
Esse comportamento pode ter sido obtido pela utilização da sílica ativa e do pó de
quartzo que, devido ao seu diametro menor e, por conseqüência, grande área especifica,
interferindo na microestrutura do concreto de pós reativos.
Isso pode ter influenciado a estrutura dos poros como na intercomunicabilidade,
distribuição e diâmetro deles pois, conforme Neto (2011), com a utilização de adições
minerais ocorre o refinamento dos poros, tendo seu diâmetro reduzido.
Comparando-se os valores obtidos com outros concretos com adições minerais, o
concreto de pós reativos estudado apresentou valores inferiores. Neto (2011), em seu
estudo com concretos contendo diferentes teores de cinza de casca de arroz, obteve
valores de 0,042g/cm² às 72h do concreto contendo 10% de sílica ativa aos 91 dias de
cura Ainda Santos (2006) observou valores de absorção capilar para o concreto com
sílica ativa de 0,1122g/cm² às 72 e aos 98 dias de cura.

4.2.3 Permeabilidade ao ar

Em seus estudos sobre o método Cather et al (1984) propôs a seguinte


classificação, apresentada na Tabela 9 abaixo.

Tabela 9 - Classificação do concreto pela permeabilidade ao ar (Fonte: Cather et al (1984))


Categoria de Qualidade Tempo (s) Interpretação Tipo de material
0 <30 Pobre Argamassa porosa
1 30-100 Moderado Concreto com resistência à compressão de 20 N/mm²
2 100-300 Satisfatório Concreto com resistência à compressão de 50 N/mm²
3 300-1000 Bom Concreto adensado e bem curado
4 >1000 Excelente Concreto com polímeros

Para o ensaio de permeabilidade ao ar o concreto convencional apresentou


resultado, aos 28 dias, de 537 segundos. Com os valores obtidos, realizado com o
aparelho POROSISCOPE, pode-se afirmar que o concreto convencional apresenta aos 28
dias valores que permitem classificá-lo na categoria 3 (bom).

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Já para o concreto de pós reativos, não foi possível a realização de uma medida
quantitativa para o mesmo, uma vez que o tempo do ensaio foi superior a bateria do
equipamento (1 hora). Possivelmente a quantidade de poros do CPR é muito pequena,
impedindo a dispersão da pressão através de poros no corpo-de-prova ou essa pressão é
muito pequena para a realização do ensaio com esse material.

4.2.4 Resistência à compressão

Nos Gráfico 8 e Gráfico 9 são apresentados os resultados do ensaio de resistência


à compressão.

Gráfico 8 - Ensaio de Resistência à compressão – CPR Gráfico 9 - Ensaio de Resistência à compressão -


(Fonte: Autoria Própria) Concreto Convencional (Fonte: Autoria Própria)

Os resultados de resistência a compressão para os dois concretos foi maior aos 28


dias do que aqueles ensaiados aos 7 dias – como esperado - mostrando a influência da
idade no ganho de resistência de compostos a base de cimento (MEHTA & MONTEIRO,
2008).
No que diz respeito aos valores de resistência à compressão, aos 7 dias o CPR
apresentou resultados 4 vezes maiores do que o concreto convencional, tendo o concreto
de pós reativos aumentado sua resistência em 14% dos 7 aos 28 dias e o concreto
convencional apresentou um acréscimo de resistência de 19%. Possivelmente o concreto
de pós reativos apresentou menor acréscimo de resistência pois para esse concreto foi
realizado o processo de cura térmica pelo qual passou nos primeiros 7 dias contribuíram
para que a sua resistência aos primeiros dias de idade fosse aumentada.
Os dois tipos de concreto apresentaram altos valores de coeficiente de variação,
variando de 4 a 20%.Possivelmente isso se deve ao fato de só terem sido ensaiados 3
corpos de prova por idade para cada ensaio.

5 CONIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados obtidos verificou-se que o melhor empacotamento


promovido pelas adições, o alto consumo de cimento e o emprego de aditivo
superplastificante teve grande influência na redução da absorção de água e maior
resistência no concreto de pós reativos.
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De forma geral, o CPR apresentou resistividade elétrica superior, crescente ao
longo do tempo e, segundo a classificação, indicou probabilidade de corossão
desprezível; a absorção total de água por imersão foi menor que 1% e índice de vazios
próximos também a 1%; a absorção de água por capilaridade foi muito inferior ao
concreto convencional; a permeabilidade ao foi caracterizada como excelente.
Todos os ensaios realizados apresentam um excelente desempenho do concreto
de pós reativos quanto à resistência a penetração de agentes agressivos por apresentar
baixo índice de vazios, baixa capilaridade, pouca permeabilidade e alta resistividade
elétrica além de altos valores de resistencia à compressão.
É também, visível a necessidade do desenvolvimento de metodologias de ensaios
específicas para este tipo de material. Apesar de ter-se conseguido obter resultados
significativos para todas as propriedades analisadas, alguns dos ensaios utilizados não
eram específicos para concreto e nenhum deles contemplava as particularidades do
concreto de pós reativos. Possivelmente com mais estudos e métodos específicos esse
concreto pode ser mais estudado e, como conseqüência, ser cada vez mais difundido
como solução para ambientes agressivos e não só notável pela sua excepcional
resistência mecânica.

6 REFERÊNCIAS

ABREU, A. G. Efeito das adições minerais na resistividade elétrica de concretos


convencionais. Porto Alegre. 1998. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 1998.

AÏTCIN, P.-C. Concreto de Alto Desempenho– São Paulo – Editora Pini, 2000.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM. Standard test method
for field measurement of soil resistivity using the Wenner four electrode method – G
57:95a (reapproved 2001). Annual Book of ASTM Standard, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da densidade de
massa e do Teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 1995.

_____. NBR 5732: Cimento Portland comum. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.

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