Tese de Maria Andréa Da Silva

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Maria Andréa da Silva

OTIMIZAÇÃO DE AMOSTRADORES PASSIVOS


PARA A DETERMINAÇÃO DE PESTICIDAS EM
ÁGUA UTILIZANDO SPE E GC-MS

TESE DE DOUTORADO

Salvador
Junho, 2012
2

Maria Andréa da Silva

OTIMIZAÇÃO DE AMOSTRADORES PASSIVOS


PARA A DETERMINAÇÃO DE PESTICIDAS EM
ÁGUA UTILIZANDO SPE E GC-MS

Tese apresentada ao Instituto de Química


da Universidade Federal da Bahia, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Doutora em Química Analítica,
na área de Química Analítica Ambiental

Orientadora:
Profa. Dra. Vânia Palmeira Campos

Sistema de Bibliotecas – IQ/UFBA

Silva, Maria Andréa da.


Otimização de amostradores passivos para a determinação de pesticidas em águas
utilizando SPE e GC-MS / Maria Andréa da Silva. - 2012.
121 f. : il.

Orientadora: Profª. Drª. Vânia Palmeira Campos.


Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Química, Salvador,
2012.

1. Água-Poluição. 2. Água- Pesticidas. 3. Extração em fase sólida. 4. Analise


cromatográfica. I. Campos, Vânia Palmeira. II. Universidade Federal da Bahia.
Instituto de Química. III. Título.

CDD – 363.7394
CDU - 504.4.054:543.393

Salvador
2012
3
4

DEDICATÓRIA

Ao meu pai José da Silva (in memorian).


5

AGRADECIMENTOS

A Deus, a força maior que rege o universo.

À minha família, em especial aos meus pais José da Silva (in memorian) e Fátima Maria da
Silva, aos meus irmãos Wolney, Adriana, Andreza (in memorian), Alessandra e Amanda e aos
meus sobrinhos Ígor, Benno, Wictória, Melissa e Andreza pela paciência, compreensão e
dedicação. Muito obrigada por tudo família querida!

Á Profa. Dra. Vânia Palmeira Campos, pela orientação acadêmica, sugestão e apoio
proporcionados ao longo do presente trabalho.

A todos da Escola Técnica SENAI - Petrolina pela disponibilização dos dados, materiais e
equipamentos fornecidos para a pesquisa.

Aos amigos e colegas do Laboratório de Química Analítica Ambiental – LAQUAM, da


UFBA em especial aos amigos Joilma e Tadeu pela convivência harmoniosa e produtiva.

Enfim, a todos que de certa maneira vibraram para a realização deste trabalho.
6

RESUMO

Neste trabalho foram usados amostradores passivos POCIS e Chemcatcher com a técnica de
Extração em Fase Sólida SPE e a Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de
Massas, GC/MS. O objetivo geral do trabalho foi desenvolver uma metodologia para os
amostradores passivos POCIS e Chemcatcher para a análise de agrotóxicos em água
superficial e os objetivos específicos: estudar o desempenho dos amostradores passivos
através de desenvolvimento de metodologia SPE e GC/MS, calibrar em laboratório,
determinando as taxas de amostragem e implantar os amostradores na região do Vale do São
Francisco, em Petrolina, Pernambuco. O sorvente usado na SPE foi à base de sílica
modificada (C18) e os solventes foram metanol e diclorometano. A validação do método foi
feita para disco e cartucho, onde, o LD para disco variou de 0,0080 a 0,096 µg L-1 e para
cartucho 0,0070 a 0,43 µg L-1, o LQ de 0,026 a 0,32 µg L-1 e 0,024 a 1,4 µg L-1,
respectivamente. Os percentuais de recuperação para o disco variaram de 70,0 a 119,9 para
disco e 70,2 a 119,7 para cartucho. Os desvios-padrões para o disco variaram de 2,86 a 19,9 e
para cartucho 1,89 a 19,8. A repetitividade com 95% de confiança para disco variou de
0,0070 a 0,089 e 0,0070 a 0,41 para cartucho. As taxas de amostragem para os dispositivos
POCIS e Chemcatcher variaram, respectivamente: para 1 dia: sem membrana, 0,105 a
0,693 L dia-1 e 0,100 a 0,757 L dia-1; com membrana PES < 0,0080 a 0,069 L dia-1 e <0,0080
a 0,050 L dia-1; com malha de nylon 0,103 a 0,333 L dia-1 e 0,093 a 0,33 L dia-1. Para 3 dias
com renovação de água: com membrana PES < 0,011 a 0,083 L dia-1 e < 0,011 a 0,042 Ldia-1;
com malha de nylon 0,077 a 0,80 L dia-1 e 0,074 a 0,95 L dia-1. Durante três dias sem
renovação de água: com malha de nylon 0,067 a 0,28 L dia-1 e 0,064 a 0,31 L dia-1. Taxas de
amostragem teóricas foram calculadas em função dos coeficientes de difusão dos pesticidas
em água e do desenho e configuração dos dois modelos de amostradores passivos. As taxas
de amostragem para o POCIS e Chemcatcher variaram respectivamente de 0,11 a 0,23 L dia-1
e 0,077 a 0,16 L dia-1. Considerando-se um ambiente aquático com baixa contaminação (ao
nível do LQ do método) o tempo de exposição dos amostradores para captar os pesticidas
pode variar, a depender do composto, de 3 a 9 dias para o POCIS e de 4 a 10 dias para o
Chemcatcher. O desempenho dos dois modelos pode ser considerado semelhante e seu uso
com a técnica SPE e GC/MS é uma alternativa para a metodologia de determinação de
pesticidas em água, uma vez que o procedimento é simples, rápido e econômico.

Palavras-chave: pesticidas, SPE, GC/MS, amostragem passiva, POCIS, Chemcatcher.


7

ABSTRACT

In this study we used passive samplers POCIS and Chemcatcher with the technique of Solid
Phase Extraction SPE and Gas Chromatography coupled to Mass Spectrometry GC/MS. The
objective was to develop a methodology for passive samplers POCIS and Chemcatcher for the
analysis of pesticides in surface water. And as specific objectives: to study the performance of
passive samplers through the development of methodology SPE and GC/MS, to calibrate in
the laboratory, determining the sampling rate and to deploy the samplers in the Vale do Sao
Francisco, Petrolina, Pernambuco. The sorbent used was based on modified silica (C 18) and
the solvents, methanol and dichloromethane. The method validation was carried out to disk
and cartridge, where the LD to disk ranged from 0,0080 to 0,096 µg L-1 and 0,0070 to 0,43 µg
L-1 for cartridge, the LQ from 0,026 to 0,32 µg L-1 and 0,024 to 1,4 µg L-1, respectively. The
percentage of recovery for the disk ranged from 70,0 to 119,9 for disk and 70,2 to 119,7 for
cartridge. The standard deviations for the disk ranged from 2,86 to 19,9 and 1,89 to 19,8
cartridge. The repeatability with 95% confidence disk ranged from 0,0070 to 0,089 and from
0,0070 to 0,41 for cartridge. The sampling rates for the device and POCIS Chemcatcher
ranged, respectively, for one day, without membrane 0,105 to 0,693 L day-1 and 0,100 to
0,757 L day-1, PES membrane <0,0080 to 0,069- L day-1 and <0,0080 to 0,050 L day-1, with
nylon mesh from 0,103 to 0,333 L day-1 and 0,093 to 0,33 L day-1. For 3 days with water
renewal PES membrane <0,011 to 0,083- L day-1 and <0,011 to 0,042 L day-1, nylon mesh
0,077 to 0,80 L day-1 and 0,074 to 0,95 L day-1, for three days without replacement of water
with nylon mesh 0,067 to 0,28 L day-1 and from 0,064 to 0,31 L day-1. Sampling rates were
calculated based on theoretical diffusion coefficients of the water and drawing and setting two
types of passive samplers. The sampling rates for POCIS and Chemcatcher ranged from 0,11
to 0,23 L day-1 and 0,077 to 0,16 L day-1, respectively. Considering a low contamination
aquatic environment (at LQ method) the exposure time of sampling to capture the pesticides
may vary, depending on the compound, 3 to 9 days for POCIS and 4 to 10 days the
Chemcatcher. The performance of the two models can be considered similar and use the
technique with SPE and GC/MS is an alternative methodology for the determination of
pesticides in water, since the procedure is simple, fast and economical.

Key Words: pesticides, SPE, GC/MS, passive samplers, POCIS, Chemcatcher.


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplos de pesticidas organoclorados: (a) endossulfan (acaricida, inseticida e


formicida) e (b) DDT (acaricida) 22

Figura 2: Exemplos de pesticidas organofosforados: (a) metamidofós (inseticida e acaricida) e


(b) parationa-metílica (inseticida e acaricida) 22

Figura 3: Exemplos de pesticidas piretróides: (a) permetrina (inseticida e formicida) e (b)


deltametrina (inseticida e formicida) 23

Figura 4: Exemplos de pesticidas carbamatos: (a) aldicarb (inseticida, acaricida e nematicida)


e (b) carbaril (inseticida) 23

Figura 5: Exemplos de pesticidas triazinas: (a) atrazina (herbicida) e (b) simazina (herbicida)
24

Figura 6: Dinâmica dos agrotóxicos em ecossistemas aquáticos 33

Figura 7: Etapas do procedimento de Extração em Fase Sólida (SPE) 40

Figura 8: Dispositivo com membrana semipermeável 51

Figura 9: Amostrador passivo tipo PISCES 51

Figura 10: Amostrador passivo preenchido com sorvente 52

Figura 11: Desenho do amostrador passivo POCIS 53

Figura 12: Amostrador passivo tipo Chemcatcher 54

Figura 13: Amostrador passivo tipo MESCO 55

Figura 14: Dosímetro cerâmico 55

Figura 15: Perfil de extração típica de dispositivo de amostragem passiva 56

Figura 16: Tanque de exposição e carrossel com os dispositivos passivos usado na calibração
do Chemcatcher 61

Figura 17: Efeito hidrodinâmico das taxas de amostragem dos analitos em função de
velocidades de rotação do carrossel (0,40 e 70 rpm) 64

Figura 18: Desenho esquemático do sistema de exposição de amostradores passivos em


laboratório 65

Figura 19: Curvas de captação obtidas para os compostos em estudo 67


9

Figura 20: Média (n = 3) de acumulação dos analitos orgânicos no sistema de amostragem


passiva em três diferentes níveis de agitação (70, 140 e 250 rpm) 69

Figura 21: Concentração média ao longo do tempo de analitos orgânicos em dois sítios
marinhos 70

Figura 22: Desenho experimental de tanque de exposição para calibração do amostrador


passivo POCIS 75

Figura 23: Fluxograma que relata as etapas para a realização da técnica SPE 84

Figura 24: Desenho detalhado do amostrador passivo Chemcatcher 88

Figura 25: Foto dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher preenchidos 89

Figura 26: Foto da exposição em laboratório dos amostradores passivos (a) Chemcatcher e (b)
POCIS 90

Figura 27: Exposição dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher na lagoa de


contenção – Vale das uvas, Petrolina – PE 91

Figura 28: Cromatograma típico para obtenção da curva de calibração 95


10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação toxicológica da OMS 21

Tabela 2: Principais classes de agrotóxicos comercializadas no Brasil 26

Tabela 3: Limites máximos permitidos para pesticidas em água adotados no Brasil e outros
locais do mundo 36

Tabela 4: Taxas de amostragens e concentrações médias ao longo do tempo dos pesticidas


considerados no experimento em fluxo-contínuo 62

Tabela 5: Taxas de captação (L.dia-1) e concentrações (pg.L-1) estimadas no estudo 66

Tabela 6: Resumo de experimentos de calibração com o amostrador passivo Chemcatcher


72
Tabela 7: Comparação de captação de analitos no amostrador passivo POCIS com diferentes
composições de membranas 73

Tabela 8: Determinação experimental de taxas de amostragem (RS) usando amostrador


passivo POCIS sob condições de renovação sem agitação e com agitação 74

Tabela 9: Taxas de amostragem (RS) e concentração média dos analitos durante 5 a 21 dias
76
Tabela 10: Taxas de amostragem de analitos no amostrador passivo POCIS em duas
configurações e dois períodos de exposição (18 e 24 dias) 78

Tabela 11: Resumo de experimentos de calibração com o amostrador passivo POCIS 79

Tabela 12: Programação do forno e do injetor no GC 82

Tabela 13: Programação do espectrômetro de massas (MS) 83

Tabela 14: Tempos de retenção e principais íons monitorados dos analitos 92

Tabela 15: Equações das curvas analíticas e respectivos coeficientes de correlação (r) 93

Tabela 16: Figuras de mérito: Método SPE/GC-MS com 95% de confiança-disco 97


11

Tabela 17: Figuras de mérito: Método SPE/GC-MS com 95% de confiança-cartucho 98

Tabela 18: Quantidade de cada analito (M) extraída do amostrador passivo POCIS em
diferentes configurações e tempos de exposição 100

Tabela 19: Quantidade de cada analito (M) extraída do amostrador passivo Chemcatcher em
diferentes configurações e tempos de exposição 101

Tabela 20: Taxas de amostragem (Rs) dos analitos usando o amostrador passivo POCIS 102

Tabela 21: Taxas de amostragem (Rs) dos analitos usando o amostrador passivo Chemcatcher
104
Tabela 22: Taxas de amostragem (Rs) teóricas dos analitos usando os amostradores passivos
POCIS e Chemcatcher 106

Tabela 23: Simulação da massa de cada analito captado por dia pelos amostradores passivos
POCIS e Chemcatcher e previsão do tempo de exposição adequado considerando-se um
ambiente aquático contaminado ao nível do LQ do método. 108
12

LISTA DE ABREVIATURAS

a – Coeficiente angular
A – Área transversal do caminho de difusão
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
b – Coeficiente linear
C – Concentração média na água durante a medida;
Cs – Concentração dos analitos na amostra
Ce – Concentração dos analitos na fase receptora/extração
CW – Concentração média ao longo do tempo
Chemcatcher – do inglês Passive Sampler using Empore disk
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
d – Dias
D – Coeficiente de difusão molecular do analito
d.i. – Diâmetro interno
EPA – do inglês Environmental Protection Agency
GC/MS – do inglês Gas Chromatograpy with Mass Spectrometry
GHS – do inglês Globally Harmonized System
HPLC – do inglês High Performance Liquid Chromatography
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis
Ko – Coeficiente global de transferência de massa
Kes - Coeficiente de distribuição dos analitos entre a fase receptora/extração e a amostra
Koc – Coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo
Kow – Coeficiente partição octanol-água
Kdw – Coeficiente de partição entre a água e a fase extratora
L – Comprimento do caminho de difusão
LD – Limite de Detecção
LDPE – do inglês Low Density Polyethylene
LLE – do inglês Liquid Liquid Extraction
LQ – Limite de Quantificação
M – Massa de analito acumulada na membrana
m/z – Razão massa carga
MESCO – do inglês Membrane-enclosed sorptive coating
13

MS – Do inglês Mass Spectrometry


MS – Massa do sorvente
n – Quantidade extraída do analito
n.d. – Não detectado
ηw – Viscosidade cinemática da água a temperatura de interesse
OMS – Organização Mundial de Saúde
PDMS – do inglês polydimethysiloxane
PES – Polietersulfona
PI – Padrão interno
PISCES – do inglês Passive in situ concentration/extraction samplers
POCIS - do inglês Polar Organic Chemical Integrative
R – Recuperação
Rs – Taxa de amostragem do amostrador passivo
r – Coeficiente de correlação
RSD – do inglês Relative Standard Desviation
t - Tempo de amostragem
tr - Tempo de retenção
SBSE – do inglês Stir-bar sorptive extraction
SPE – do inglês Solid Phase Extraction
SPMD – do inglês Semipermeable membrane devices
SPME – do inglês Solid Phase Micro Extraction
SRG - Surrogate
V – Volume molar do analito
VD – Volume da fase extratora
Ve – Volume da fase de extração
VMP – Valor Máximo Permitido
x – Concentração do composto em estudo
y – Resposta do detector (altura ou área do pico)
14

SUMÁRIO

RESUMO 06
ABSTRACT 07
LISTA DE FIGURAS 08
LISTA DE TABELAS 10
LISTA DE ABREVIATURAS 12

1. INTRODUÇÃO 17

2. REVISÃO DA LITERATURA 20
2.1 Os pesticidas: conceito, classificações e histórico 20
2.2 O consumo de pesticidas no Brasil 25
2.3 Vantagens e desvantagens do uso de agrotóxicos 27
2.4 Contaminações dos recursos hídricos pelos pesticidas 31
2.5 Controle dos pesticidas na água 34
2.6 Métodos analíticos para a determinação de pesticidas em água 37
2.6.1 Extração em Fase Sólida (SPE) 38
2.6.2 Técnicas cromatográficas 40
2.6.3 Aplicações das técnicas SPE e cromatográficas para a determinação de pesticidas 41
2.7 Validação de métodos analíticos 44
2.7.1 Curva analítica e linearidade 44
2.7.2 Precisão 46
2.7.3 Exatidão 46
2.7.4 Limite de detecção e de quantificação 47
2.8 Métodos de amostragem 48
2.8.1 Amostragem passiva 48
2.8.2 Tipos de amostradores passivos para pesticidas em água 50
2.8.3 Calibração dos amostradores passivos 56
2.8.3.1 Calibração baseada no equilíbrio de extração 56
2.8.3.2 Calibração baseada na captação linear 57
2.9 Experimentos de calibração com amostradores passivos 60
2.9.1 Calibrações do amostrador passivo Chemcatcher 60
15

2.9.2 Calibrações do amostrador passivo POCIS


72

3. MATERIAIS E MÉTODO 80
3.1 Solventes e reagentes usados 80
3.2 Materiais usados 81
3.3 Equipamentos usados 81
3.4 Preparo das soluções de trabalho 82
3.5 Programação e condições do cromatógrafo e do espectrômetro 82
3.6 Desenvolvimento do procedimento de SPE 84
3.7 Validação do método SPE utilizando disco e cartucho 85
3.7.1 Seletividade 85
3.7.2 Curva analítica 85
3.7.3 Limite de detecção e de quantificação 86
3.7.4 Precisão 86
3.7.5 Exatidão 86
3.8 Cálculos e expressão dos resultados 86
3.9 Coleta das amostras de água 89
3.10 Construção dos amostradores passivos 89
3.11 Calibração dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher no laboratório 89
3.11.1 Metodologia de extração dos discos C18 90
3.12 Exposição dos amostradores passivos tipo POCIS e Chemcatcher 91

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 92
4.1 Otimização do sistema GC/MS: parâmetros cromatográficos 92
4.2 Curva analítica e linearidade 93
4.3 Limite de detecção e de quantificação, recuperação, desvio-padrão e repetitividade 96
4.4 Análises de pesticidas em amostras reais de água 98
4.5 Taxas de amostragem dos amostradores passivos: experimental e teórica 99
4.5.1 Determinação experimental das taxas de amostragem dos amostradores passivos 99
4.5.2 Cálculo das taxas de amostragem teóricas dos amostradores passivos 105
4.6 Aplicação dos amostradores passivos em ambiente aquático (lagoa de contenção, Vale das
uvas) 109
16

4.7 Resultado da exposição dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher na lagoa de


contenção 109

5. CONCLUSÕES 110

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111


17

1. INTRODUÇÃO

Os pesticidas são substâncias com finalidade de uso no controle de pragas na


agricultura para aumentar a demanda de alimentos, onde seu uso tem sido muito intensificado
e consequentemente está afetando a água, o solo, o ar, a fauna e flora. Diversos compostos
orgânicos, de usos variados, especialmente pesticidas, muitas vezes utilizados de forma
indiscriminada, produzem sérios problemas ao meio ambiente. Assim, são necessárias
pesquisas para o monitoramento e a análise desses componentes nos mais diversos ambientes,
por exemplo, ambientes aquáticos.
A quantidade desses componentes nocivos à saúde humana e ao meio ambiente é
regulamentada no Brasil para ambientes aquáticos, pela Resolução CONAMA 357/05 e pela
Portaria 2.914/11, que estabelece os limites de substâncias tóxicas (como os pesticidas) nas
águas superficiais, abaixo dos quais é garantida a saúde humana e o equilíbrio ecológico
aquático. Bastante preocupante ainda são os estudos mostrando que muitos destes produtos
químicos também resistem ao tratamento de água potável (CARBO, et al. 2008;
HILDEBRANT, et al. 2008; BRASIL, 2012b; BRASIL, 2012c).
Metodologias de análises qualitativas e quantitativas de poluentes orgânicos em
ambientes aquáticos têm sido bastante investigadas. As técnicas de amostragem dessas
substâncias, na sua grande maioria são caracterizadas pela coleta de amostras em locais
predefinidos, seguida de sua conservação e então análise dos componentes de interesse em
laboratórios. Mas, este tipo de técnica amostral tem algumas desvantagens, tais como: a
necessidade de se coletar grandes volumes para a obtenção de amostras representativas
visando quantificar os contaminantes em nível de traço; algumas técnicas convencionais
representam somente a qualidade instantânea do local amostrado, não admitindo a detecção
de picos de poluição e/ou contaminação entre intervalos de tempo não amostrados (ABNT,
1987; KOT et al., 2000).
A técnica de amostragem passiva pode ser usada para a determinação de compostos
orgânicos ou inorgânicos em variadas matrizes, incluindo ar, água e solo. Em relação a
amostragem tradicional, a amostragem passiva tem como vantagens: a coleta global dos
analitos, empregando somente um pequeno dispositivo (o amostrador passivo) num
determinado período; a redução do número de coletas, diminuindo assim o custo final e
principalmente para programas de monitoramento de pesticidas em água (SEETHPATHY e
GÓRECKI, 2008; VRANA et al., 2005; OUYANG, PAWLISZYN, 2007).
18

Existem várias técnicas de extração de pesticidas em água, citam-se: a extração


líquido-líquido (LLE), a micro extração em fase sólida (SPME), a extração sortiva em barra
magnética (SBSE), a microextração líquido-líqudo dispersiva (DLLME) e a extração em fase
sólida (SPE). A SPE é uma técnica já estabelecida junto a organismos internacionais, como
por exemplo, a EPA, que desenvolve metodologias para a determinação de agrotóxicos em
água. Dentre as técnicas citadas de extração a utilizada nos amostradores passivos é a
extração em fase sólida (SPE). Vários tipos de sorventes para SPE estão disponíveis
comercialmente, mas os baseados em sílica modificada com cadeia linear de 18 carbonos n-
octadecilsilano (C18) é o mais utilizado em amostradores passivos para a análise de
agrotóxicos em água (LANÇAS, 2004a; SILVA e COLLINS, 2011).
A maioria das técnicas de extração em fase sólida (SPE) desenvolvida utiliza a
cromatografia, tanto a líquida quanto a gasosa. A cromatografia determina analitos em níveis
muito baixos, a nível de traço (µg.L-1), como por exempos pesticidas em água. Uma das
técnicas mais empregadas para a determinação de compostos orgânicos, suficientemente
voláteis e termicamente estáveis, tem sido a cromatografia gasosa acoplada a diversos
sistemas de detecção, com destaque para a espectrometria de massas (GC/MS) que permite a
determinação simultânea de diversos compostos de várias classes (SABIN et al. 2011;
COLLINS et al. 2006).
Os amostradores passivos mais estudados na literatura são: POCIS e Chemcatcher.
Ambos podem-se utilizar as técnicas de extração SPE e a cromatográfica para a análise de
pesticidas em diferentes matrizes, a exemplo da água. Esses dispositivos estão sendo bastante
calibrados nos EUA e Europa tanto para a análise de compostos orgânicos e inorgânicos e
posteriormente implantados no meio ambiente. A utilização desses dispositivos em climas
tropicais ainda não foi testada, então neste trabalho foi importante realizar a otimização dos
dispositivos na região.
O objetivo do trabalho foi desenvolver uma metodologia para os amostradores
passivos POCIS e Chemcatcher para a análise de agrotóxicos em água superficial. Os
amostradores foram escolhidos segundo revisão da literatura por serem os mais utilizados na
atualidade. E como objetivos específicos: estudar o desempenho dos amostradores passivos
através de desenvolvimento de uma técnica SPE, calibração em laboratório e implantação dos
amostradores para agrotóxicos levantados como de uso mais intenso na região do Vale do
São Francisco, em Petrolina, Pernambuco. Esta área foi selecionada como sendo uma das
regiões agrícolas identificada como potencial usuária de agrotóxicos, bem como otimizar
metodologia analítica para pesticidas por GC/MS.
19

Os compostos a serem determinados pelo procedimento metodológico são: O,O,O


trietilfosforato, carbofurano, carbaril, tionazim, sulfotep, 1BCH, 2BHC, 3BHC, terbufós,
dissulfoton, 4BHC, metil-paration, heptacloro, fention, paration, heptacloro epóxido,
1clordano, 2clordano, 4,4DDE, dieldrin, endrin, endosulfan, 4,4DDD, endrin aldeído,
carbofenotion, endosulfan sulfato, 4,4DDT, endrin cetona, metoxicloro e leptofos. Como
padrão interno (PI) foram utilizados: acenafteno d10 e naftaleno d8 e como surrogate (SRG):
nitrobenzeno d5 e 2fluorobifenil.
20

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Os pesticidas: conceito, classificações e histórico

Vários termos são utilizados para os agrotóxicos, tais como: defensivos agrícolas,
biocidas, praguicidas, remédios de plantas, venenos, pesticidas, onde este último é bastante
utilizado na literatura internacional em língua inglesa (ALMEIDA, 2010). A denominação
pesticida é atribuída à substância ou mistura de substâncias destinadas a prevenir a ação ou
destruir direta ou indiretamente insetos, ácaros, roedores, ervas daninhas, bactérias e outras
formas de vida animal ou vegetal prejudiciais à lavoura (ARAÚJO, 2011). No Brasil, a Lei
Federal no. 7.802 de 11.07.89, alterada pela Lei no. 9.974, de 06.06.2000, regulamentada pelo
Decreto no. 4.074, de 04.01.2002, atualmente modificado pelos Decretos no. 5.981, de
06.12.2006 e no. 5.549, de 29.09.2005, define agrotóxicos e afins como:

Produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao


uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos
agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de
outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja
finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos; substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do
crescimento (BRASIL, 2012a).

Estão exclluídas desta denominação produtos como: fertilizantes, drogas veterinárias,


amadurecedores, aditivos alimentares e antibióticos (MARASCHIN, 2003).
A classificação dos agrotóxicos constitui tema de polêmica, devido às várias
denominações que tem sido aplicadas para indicar sua ação. Dentre as diversas classificações,
tem-se quanto a toxicologia, com base no grau de toxicidade para o homem, segundo a LD50
que é a dose capaz de provocar a morte de, pelo menos, 50% das espécies estudadas
(geralmente ratos ou camundongos). Os compostos são sempre classificados na classe mais
restritiva, ou seja, quando a LD50 dérmica de um composto for mais baixa do que a LD50 oral a
classificação final baseia-se na toxicidade dérmica e vice-versa. Atualmente, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) alinha essa classificação com os critérios de classificação definidos
pelo Sistema Mundial Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos
(GHS – do inglês Globally Harmonized System) utilizando as mesmas categorias para
estabelecer a classificação. O objetivo dessa classificação foi gerar um sistema globalmente
harmonizado sobre a classificação das substâncias químicas por tipos de perigos, rótulos e
21

fichas de segurança, conforme mostra a Tabela 1. Com essa classificação tem-se o


fornecimento para assegurar informações sobre os perigos físicos e toxicidade dos produtos
químicos que estão disponíveis a fim de reforçar a proteção da saúde humana o do meio
ambiente (COSTA et al. 2008; JARDIM e ANDRADE, 2009; ARAÚJO, 2011; OMS, 2012)

Tabela 1: Classificação toxicológica da OMS


Critério de classificação
Categoria GHS
Oral Dérmica
LD50 Nível risco LD50 Nível risco
mg.kg-1 mg.kg-1
Categoria 1 <5 Fatal <50 Fatal
Categoria 2 5-50 Fatal 50-200 Fatal
Categoria 3 50-300 Tóxico 200-1000 Tóxico
Categoria 4 300-2000 Nocivo 1000-2000 Nocivo
Categoria 5 2000-5000 Pode ser nocivo 2000-5000 Pode ser nocivo
Fonte: OMS, 2012.

Segundo Araújo (2011) os agrotóxicos podem também ser classificados quanto: à


utilização, ou alvos de ação (inseticidas, herbicidas, fungicidas, raticidas, aficidas, formicidas,
larvicidas, ovicidas, acaricidas, dentre outros); quanto ao modo de ação e penetração, os não
sistêmicos (ingestão, contato, microbiano e fumegante) e os sistêmicos (são transportados pela
seiva do vegetal em quantidade letal para o inseto); como orgânicos e inorgânicos; e segundo
a sua classe química. Neste último tipo de classificação, os pesticidas podem agrupar-se em
classes de substâncias cujo princípio ativo é formado por estruturas moleculares semelhantes,
onde subdividem-se em: organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides.
Os organoclorados são compostos à base de C, H e Cl. Estes compostos foram os
primeiros a serem sintetizados e podem ser também subdivididos em grupos distintos, como:
diclorodifeniletanos, como por exemplo, o DDT, os ciclodienos, como o por exemplo, aldrin e
dieldrin e os ciclohexanos clorinados, como por exemplo, o lindano. Apresentam como
características: baixa volatilidade, elevada estabilidade química e lipossolubilidade, lentas
taxas de degradação e de biotransformação, persistindo no meio ambiente por longo tempo.
Esta classe de pesticidas por possivelmente interferir na fertilidade e na reprodução dos
organismos, bem como o seu potencial de bioacumulação e bioamplificação teve seu uso
proibido de grande parte destes pesticidas. A proibição do uso do DDT levou a uma queda na
contaminação humana com este composto, que pode ser verificado pela diminuição de seus
22

níveis no leite materno. A Figura 1 ilustra exemplos de organoclorados. (ARAÚJO, 2011;


RANGEL, 2008).

(a) (b)

Figura 1: Exemplos de pesticidas organoclorados: (a) endossulfan (acaricida, inseticida e


formicida) e (b) DDT (acaricida).
Fonte: ANVISA (2012a).

Os organofosforados apresentam principalmente átomos de C e P em sua estrutura


consistindo em importante classe de inseticidas, normalmente derivados dos ácidos fosfórico,
ditiofosfórico e tiofosfórico. A Figura 2 (a e b) ilustra tipos de organofosforados. Como os
organoclorados, os organofosforados são lipossolúveis, entretanto, decompõem-se dentro de
dias ou semanas e, por esta razão é raramente encontrado na cadeia alimentar. No entanto,
eles apresentam uma toxicidade aguda mais elevada para humanos e outros mamíferos do que
os organoclorados, pois inibem a enzima Colinesterase (com conseqüente acúmulo de
acetilcolina nas fibras nervosas). Assim, tais compostos interrompem a transmissão de novos
impulsos e geram vários danos ao organismo como convulsões, parada respiratória e coma.
Apesar de ser bastante perigosos para o operador, devido à sua toxicidade aguda, o fato de
serem pouco persistentes no meio ambiente faz com que seus níveis residuais permaneçam
nos produtos alimentares não representando uma exposição capaz de desencadear efeitos
tóxicos nos seres humanos (ARAÚJO, 2011; MARASCHIN, 2003; RANGEL, 2008).

(a) (b)

Figura 2: Exemplos de pesticidas organofosforados: (a) metamidofós (inseticida e acaricida) e


(b) parationa-metílica (inseticida e acaricida)
Fonte: ANVISA (2012a).
23

Os piretróides são compostos sintéticos que apresentam estruturas semelhantes à


piretrina, substância existente nas flores do Chrysanthemum (pyrethrum) cinenariaefolium. A
Figura 3 (a e b) mostra estruturas de piretróides. São substâncias alergizantes e desencadeiam
freqüentemente episódios de asma ou bronquite em crianças. Como atuam tanto no sistema
nervoso central como no periférico, são capazes de produzir convulsões ou paralisias. São os
inseticidas mais utilizados em ambientes domésticos. Os piretróides são muito pouco
persistentes no ambiente, muito tóxicos para os insetos, mas são menos tóxicos para os
mamíferos do que os organofosforados ou do que os carbamatos (ARAÚJO, 2011; RANGEL,
2008).

(a) (b)

Figura 3: Exemplos de pesticidas piretróides: (a) permetrina (inseticida e formicida) e (b)


deltametrina (inseticida e formicida)
Fonte: ANVISA (2012a)

Os carbamatos são derivados do ácido carbâmico e estão intimamente relacionados


com os inseticidas organofosforados quanto a ação biológica (inibem a colinesterase) e não
são persistentes no meio ambiente. Os carbamatos são freqüentemente utilizados no controle
de insetos que, por alguma razão, são resistentes a compostos organofosforados. De um modo
geral, os carbamatos se hidrolisam (decompõem) lentamente em condições neutras ou
levemente ácidas, mas em pH acima de 7 a hidrólise é rápida. O aldicarb é um exemplo de
carbamato que é utilizado ilegalmente em ambientes domésticos como raticida conhecido
popularmente no Brasil como “chumbinho”. A Figura 4 ilustra exemplos de carbamatos
(ARAÚJO, 2011; MARASCHIN, 2003; RANGEL, 2008).

(a) (b)

Figura 4: Exemplos de pesticidas carbamatos: (a) aldicarb (inseticida, acaricida e nematicida)


e (b) carbaril (inseticida).
Fonte: ANVISA (2012a).
24

Os herbicidas triazinas têm como exemplos mais comuns a atrazina, a prometrina, a


ametrina e a simazina. São derivados nitrogenados heterocíclicos, em que o anel é composto
de átomos de N e C alternados no anel. Estes compostos inibem o início da via fotossintética,
impedindo assim o desenvolvimento das plantas. Entretanto, as plantas superiores
metabolizam as triazinas com uma elevada velocidade e, desta maneira, são menos sensíveis à
sua toxicidade do que as ervas. A Figura 5 (a e b) apresenta ilustrações de estruturas desse
tipo de herbicida (MARASCHIN, 2003; ARAÚJO, 2011).

(a) (b)
Figura 5: Exemplos de pesticidas triazinas: (a) atrazina (herbicida) e (b) simazina (herbicida)
Fonte: ANVISA (2012a).

A utilização dessas substâncias químicas no controle e eliminação de pragas data da


época dos romanos, gregos e chineses há mais de 3000 anos atrás. Estas civilizações já
utilizavam o pó de enxofre para controlar insetos e o cloreto de sódio para matar ervas
daninhas. Os historiadores atribuem ao tempo de Homero (1000 a.C.) as primeiras utilizações
de inseticidas, mas foi Plínio (23 – 79 d.C.) quem registrou pela primeira vez a sua utilização.
Mais tarde encontra-se uma grande variedade de materiais usados com resultados
questionáveis, com extratos de pimenta e tabaco, água com sabão, cal, vinagre etc. O primeiro
grande marco na história dos pesticidas sintéticos foi a descoberta no século XIX do “Verde
de Paris”(acetoarcenito de cobre) para combater o escaravelho da batata. Em 1874, o DDT
{1,1,1-tricloro-2,2-bis(p-clorofenil)etano} foi sintetizado pelo químico alemão Othmar
Zeidler, sendo que suas propriedades pesticidas foram descobertas sessenta e cinco anos
depois por outro químico suiço Paul Müller. Os testes realizados por Müller indicaram que o
DDT era capaz de controlar ou matar muitos insetos, apresentando efeito prolongado
(BEDOR, 2008; BARBOSA, 2004).
A indústria de agrotóxicos surgiu após a 1ª Guerra Mundial, quando as grandes
corporações químicas internacionais criaram subsidiárias produtoras de agrotóxicos,
objetivando o aproveitamento dessas substâncias. Pesquisas subseqüentes, realizadas entre
25

fins da década de 1930 e no decorrer de 1940, identificaram que as armas químicas eram
letais contra pragas que atacavam as culturas agrícolas (TERRA, 2008).
Com o advento da 2ª Guerra Mundial foram enviados esforços de armas químicas
onde surgiram os organofosforados e os carbamatos. Em 1943, o cientista alemão Gerhard
Schrader desenvolveu os organofosforados ou gás dos nervos que foi usado contra as tropas
aliadas. Durante a 2ª Guerra Mundial era muito comum os soldados espalharem DDT pelo
corpo para prevenir epidemias de Tifo, transmitidas por piolhos. Terminada a 2ª Guerra
Mundial em 1945, foram criadas estratégias de crescimento das empresas do ramo químico
procurando a diversificação para novos mercados nos quais pudessem utilizar as moléculas
desenvolvidas para fins bélicos. Foram criadas então, empresas-subsidiárias, oriundas
principalmente de grandes grupos químicos (Bayer, Basf, Hoescht, Dupont), voltadas a
produção de agrotóxicos organossintéticos. Nos tempos atuais, foi usado um organofosforado
conhecido como gás sarin em um atentado terrorista no metro de Tóquio deixando onze
mortos (RANGEL, 2008; TERRA, 2008).
No Brasil, o início da produção de organossintéticos data de 1946, quando a empresa
Eletroquímica Fluminense iniciou a fabricação de HCH (Hexaclorociclohexano). Em 1948, a
Rhodia passou a produzir no país o inseticida paration e, em 1950 uma fábrica de armas
químicas do exército no Rio de Janeiro começou a fabricar o DDT. Foi de fundamental
importância a criação em 1975 do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas, no recinto do
II Plano Nacional de Desenvolvimento, que proporcionou recursos financeiros para a criação
de empresas nacionais e a instalação de subsidiárias de empresas tradicionais no país
(PELAEZ et al. 2010; TERRA, 2008; ESPÍNDOLA, 2011).

2.2 O consumo de pesticidas no Brasil

O Brasil, como um país de ampla área rural e clima favorável, é um dos maiores
produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo, como conseqüência, o país é um
grande consumidor de agrotóxicos (BASTOS et al. 2011).
Dados da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef, 1999) citado em Barbosa
(2004) indicaram que o consumo de pesticidas no Brasil se manteve aproximadamente
constante de 1988 a 1993, com vendas em torno de U$ 1 bilhão e, a partir de 1994 estas vêm
crescendo continuamente, tendo já ultrapassado U$ 2 bilhões.
26

De acordo com as estatísticas de mercado do Sindag citado em Terra et al. (2008),


entre 2001/2004, o faturamento da indústria de agrotóxicos no país cresceu 96% atingindo em
2004 o recorde histórico de valor faturado, cerca de US$ 4,5 bilhões . Em 2007 o faturamento
novamente bateu recorde, atingindo cerca de US$ 5,4 bilhões, correspondendo a 13,53% do
faturamento mundial da indústria de agrotóxicos.
No ano de 2008, o Brasil assumiu o posto de maior consumidor de agrotóxicos em
todo o mundo, posição esta antes ocupada pelos Estados Unidos. O mercado de agrotóxicos
movimentou mais de US$ 7 bilhões em 2008, diante de US$ 6,6 bilhões do segundo colocado,
os norte americanos. Este fato leva a preocupação para as autoridades sanitárias nacionais,
sendo os agrotóxicos a segunda maior causa de intoxicações no país (ANVISA, 2012b;
BASTOS et al. 2011).
Segundo Sindag (2010) com relação as classes de pesticidas de maior comercialização
estão os herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas. Os herbicidas sempre vem liderando
de 2005 a 2008, com mais de 50% do total das classes, . A Tabela 2 apresenta o quantitativo
de ingredientes ativos, utilizados no Brasil no período de 2005 – 2008.

Tabela 2: Principais classes de agrotóxicos comercializadas no Brasil


Ingrediente ativo (t)
Classes de agrotóxicos
2005 2006 2007 2008
Herbicidas 136.853 144.986 189.101 185.665
Inseticidas 36.347 33.750 42.838 51.118
Fungicidas 26.999 24.707 27.734 32.881
Acaricidas 7.416 11.685 14.583 14.524
Outras classes 24.617 23.588 29.775 28.449
Somatório das classes 232.232 238.716 304.031 312.637
Fonte: SINDAG, 2010 citado em BASTOS et al. 2011.

Os herbicidas ainda dominam a maior parte do mercado brasileiro. Apesar de ter


encolhido 22% em 2009 e crescido de forma modesta em 2010 (1%), o segmento de
herbicidas ainda se mantém como maior segmento. Em 2010, as vendas da categoria subiram
para US$ 2,53 bilhões, mas ainda não retomaram o patamar de 2008, quando a receita obtida
com os herbicidas foi de US$ 3,2 bilhões. Com exceção do segmento de acaricidas, que
encolheu 18% para US$ 72 milhões, todos os demais setores apresentaram crescimento em
suas vendas. Mais uma vez, os fungicidas se destacaram com aumento de 21% em
comparação a 2009, totalizando US$ 2,17 bilhões. Com esse resultado, os fungicidas se
27

igualaram em importância aos inseticidas, que registraram o mesmo volume de vendas, com
crescimento de 9% sobre o ano anterior (SINDAG, 2011a).
Em 2011, a venda de defensivos agrícolas alcançou US$ 8,5 bilhões, ou seja 16,3% a
mais do que as de 2010. O Brasil distingue-se como um dos países entre os que possui uma
das maiores evoluções no consumo de agrotóxicos. Além de ser um país tropical, onde os
produtores utilizam mais pesticidas, por fazer duas safras por ano, o que não é praticado em
outros países (SINDAG, 2012).
As culturas agrícolas que mais contribuem para as vendas de agrotóxicos são: soja,
milho, algodão, café, cana-de-açúcar, onde essas lavouras foram responsáveis por 80% do
total das vendas em 2011 (SINDAG, 2012).
Ainda segundo SINDAG (2011b) a avaliação anual realizada pela consultoria britânica
Agranova calculou que o mercado mundial de defensivos agrícolas movimentou US$ 40,7
bilhões em 2010, sem muita variação em relação aos valores em termos reais, ajustados pela
inflação, dos últimos dez anos. Entre as empresas líderes do segmento estão a Syngenta,
Bayer, Basf, Dow e Monsanto.
As conseqüências da adoção deste novo modelo agrícola foram percebidas por toda a
população, tanto urbana como rural, ocasionando reflexos sociais, culturais, econômicos e
ambientais. Dentre estas conseqüências, a intensificação no volume e o uso indiscriminado de
agrotóxicos pelos agricultores e profissionais relacionados ao setor agrícola, vem trazendo
preocupações às autoridades públicas e a sustentabilidade dos recursos naturais, em
conseqüência da contaminação ambiental (OLIVEIRA et al, 2009a; ESPÍNDOLA, 2011).

2.3 Vantagens e desvantagens do uso de agrotóxicos

Apesar dos inquestionáveis benefícios obtidos pelo uso dos pesticidas, diversos
problemas associados à aplicação dessas substâncias têm sido constantemente observados
(GRISOLIA, 2005).
No final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960 nascem na comunidade técnica
internacional os primeiros processos de reavaliação dos problemas e eficiência dos
agrotóxicos (ALVES FILHO, 2002). A utilização dessas substâncias químicas para o combate
das doenças e pragas que afetam a atividade agropecuária e florestal, a partir do
desenvolvimento dos produtos sintéticos e da ampla propagação dessa tecnologia em todos os
28

países, sempre despertou um caloroso debate sobre os reais prejuízos e benefícios referentes
aos agrotóxicos. Miller Jr. citado em Alves Filho (2002) expõe um quadro geral desse debate,
o qual pode ser resumido em suas principais linhas de argumentação e tópicos:
“(1) Argumentos favoráveis aos agrotóxicos:
a) os agrotóxicos salvam vidas: controle de doenças transmitidas por vetores;
b) agrotóxicos aumentam a disponibilidade de alimentos e diminuem seus custos: estimativas
do Departamento de Agricultura dos EUA apontam que, se os herbicidas a base de triazinas,
largamente utilizados na cultura de milho, fossem banidos, ocorreria uma diminuição na
ordem de 8% da área cultivada a cada ano, aumentado os preços em cerca de 31%;
c) os agrotóxicos aumentam o lucro dos agricultores: nos EUA 42% da produção potencial de
alimentos é destruída pela ação de pragas e doenças que atacam as culturas antes e após a
colheita;
d) os agrotóxicos funcionam melhor e mais rápido que outras alternativas: em comparação
com outras medidas alternativas de controle de pragas, os agrotóxicos controlam a maioria
das pragas de forma mais rápida, a custos mais baixos, com um relativo efeito residual,
apresentando segurança quando aplicados adequadamente;
e) produtos mais seguros e efetivos estão continuamente sendo desenvolvidos: avanços nas
técnicas de engenharia genética e biotecnologia também melhoram a eficiência dos produtos.
(2) Argumentos contra os agrotóxicos:
a) o desenvolvimento da resistência genética: a maioria dos organismos considerados pragas,
especialmente os insetos, pode desenvolver resistência genética a qualquer substância tóxica,
através do processo de seleção natural – entre 1950 e 1989 cerca de 500 principais espécies de
insetos considerados pragas desenvolveram resistência genética a um ou mais inseticidas e
pelo menos 20 espécies de insetos são agora aparentemente imunes a todos os inseticidas;
b) a morte dos inimigos naturais e a conversão de pragas secundárias em pragas primárias: a
maioria dos agrotóxicos atua como substância tóxica de largo espectro de ação, matando não
apenas os organismos considerados alvo, mas também um grande número de predadores
naturais e parasitas que estariam mantendo em níveis razoáveis as populações consideradas
pragas;
c) o círculo vicioso dos agrotóxicos: na medida em que a resistência genética se desenvolve
surgem recomendações de aplicações mais freqüentes, e de doses mais altas, ou ainda são
sugeridas as trocas por novos produtos, a fim de se manter o controle sobre as espécies
resistentes – nos EUA, entre 1940 e 1984, as perdas das culturas por ataques de insetos
aumentaram de 7 para 13%, enquanto o uso de agrotóxicos aumentou em cerca de 12 vezes;
29

d) a mobilidade dos agrotóxicos no ambiente: não mais do que 10% dos agrotóxicos aplicados
às culturas por pulverização aérea ou terrestre atingem o organismo alvo – a EPA, agência
ambiental americana, têm detectado pequenas concentrações de 74 diferentes agrotóxicos em
águas subterrâneas amostradas em vários locais distribuídos por 38 Estados;
e) a amplificação biológica dos agrotóxicos: concentrações de inseticidas organoclorados,
lipossolúveis e de lenta degradação, podem ser amplificadas biologicamente em milhares e
milhões de vezes na cadeia alimentar – magnificação biológica;
f) as ameaças à vida silvestre: a cada ano cerca de 20% das colônias de abelhas nos EUA são
mortas por ação dos agrotóxicos e outra parcela de 15% é danificada, causando perdas anuais
de pelo menos US$ 206 milhões através da redução na polinização de culturas vitais;
g) as ameaças de curto prazo à saúde humana pelo uso e fabricação de agrotóxicos: estima-se
que pelo menos 323.000 dentre os 7 milhões de agricultores americanos sejam a cada ano,
acometidos por graves doenças decorrentes da exposição a agrotóxicos);
h) as ameaças de longo prazo à saúde humana: em 1987 a Academia Nacional de Ciências
reportou que os ingredientes ativos em 90% de todos os fungicidas, 60% dos herbicidas e,
30% dos inseticidas em uso nos EUA poderiam causar câncer em humanos; e a Agência
Ambiental Americana – EPA – posicionou os resíduos de agrotóxicos em alimentos como o
terceiro mais sério problema ambiental nos EUA, em termos de risco de câncer”.
A visão dos problemas conseqüentes do uso generalizado de substâncias químicas para
o combate às pragas, especialmente o DDT, foi em grande parte influenciada pelas denúncias
que aumentaram com a publicação do livro da pesquisadora americana Rachel Carson,
chamado “Primavera Silenciosa”, no ano de 1962. Esta foi a primeira obra a detalhar os
efeitos adversos da utilização indiscriminada de pesticidas, em especial os organoclorados, o
DDT. O livro descreve os desequilíbrios ecológicos em vários ecossistemas, como a extinção
de espécies, devido a bioacumulação seguida da bioamplificação do DDT. Mesmo nas regiões
mais distantes do planeta, sem nenhum tipo de agricultura, como as polares, pode-se detectar
resíduos de inseticidas organoclorados como o DDT e o DDE (dicloro-difenil-etilcloro) em
tecido adiposo de leões marinhos e outros mamíferos aquáticos (GRISOLIA, 2005; ARAÚJO,
2011; TERRA, 2008).
Em 1995, foi feito um estudo nas regiões agrícolas do Estado de Mississipi (EUA),
para avaliação da presença de agrotóxicos e seus derivados em amostras de ar e água de
chuva. O surpreendente foi a presença de DDE, metabólito do DDTA, banido nos Estados
Unidos há mais de vinte anos (GRISOLIA, 2005).
30

Ainda segundo Grisolia (2005) estudos em populações expostas não-ocupacionalmente


aos pesticidas demonstraram a dimensão da problemática da contaminação ambiental.
Populações residentes em regiões agrícolas sofrem as conseqüências da deriva após a
aplicação por pulverização, que acarretam intoxicações marcadas por diarréia, irritação ocular,
dores de cabeça, rinite, náuseas, irritação na garganta e problemas respiratórios.
As associações entre pesticidas e diferentes tipos de câncer são provenientes de estudos
com agricultores realizados em diversas partes do planeta. Os tipos de cânceres mais
relacionados aos agricultores são: pulmão, estômago, malanomas, próstata, cérebro, testículos,
sarcomas, linfoma de Hodkin, mieloma múltiplo e leucemias (GRISOLIA, 2005).
Os agrotóxicos ganharam uma dimensão de forte impacto à saúde pública e ambiental,
uma vez que o Brasil localiza-se como um dos maiores consumidores mundiais de
agrotóxicos, o maior da América Latina, sendo ainda limitados em nosso país os mecanismos
legais e sociais para o controle do seu uso e da conseqüente exposição da população aos seus
efeitos nocivos (RECENA e CALDAS, 2008).
As estatísticas de saúde evidenciam o desastre do uso indiscriminado de agrotóxicos:
envenenamento, loucura, suicídio, tuberculose, cegueira, deformações genéticas, dentre
outros. O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINTOX), criado em
1980 e vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) tem como função o fornecimento de
informação e orientação acerca de toxicidade das substância e a incidência de intoxicações.
Apenas a partir de 1999 o SINTOX passou a considerar casos de intoxicação causados por 17
agentes tóxicos, dentre eles os agrotóxicos . A disposição de categorias dada pelo SINTOX
para o registro das intoxicações é de 3 maneiras: uso agrícola, agrotóxico de uso doméstico,
produtos veterinários e raticidas, no entanto, dentro de uma classificação única os agrotóxicos,
no período de 1999 a 2007, são o segundo principal agente tóxico em relação ao número de
casos de intoxicação humana registrada no Brasil. Os resultados apresentam diferentes perfis
para as intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola e por produtos veterinários. Para o ano de
2007 foi registrado um total de 6.260 casos de intoxicações com agrotóxicos de uso agrícola e
395 casos com produtos veterinários. Esses registros referem-se à contaminação aguda
refletindo em sua maioria casos de exposição ocupacional de trabalhadores rurais, suicídios e
acidentes domésticos envolvidos principalmente com crianças (BASTOS et al. 2011;
BERGAMASCO et al. 2011).
Dentro do modelo agrícola existente, os pesticidas são considerados indispensáveis,
mas são também classificados como um dos principais poluentes químicos que se difundem
pelo planeta. As grandes indústrias européias e norte-americanas são as maiores produtoras e
31

exportadoras. No entanto, os países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, com expansão


de suas fronteiras agrícolas, são os grandes compradores. Assim, com sua ampla utilização e
com o intenso comércio internacional, regiões essencialmente agrícolas, distantes desse
processo industrial, apontam os danos causados por esse tipo de produto químico no campo.
O uso de agrotóxicos pela agricultura é a principal fonte de entrada destes compostos no meio
ambiente devido às grandes quantidades utilizadas (ALVES FILHO, 2002; GRISOLIA, 2005;
OLIVEIRA et al, 2009a).
Estima-se que aproximadamente 700.000 toneladas de pesticidas sejam lançadas,
anualmente, no meio ambiente, sendo boa parte utilizada na agricultura e aplicada diretamente
nas plantas ou no solo. As contaminações por agrotóxicos são provenientes de deriva durante
a aplicação, excesso de aplicação, excesso de resíduos em alimentos e na água, mau uso e
destino incorreto das embalagens, uso doméstico em ambientes fechados, práticas agrícolas
incorretas, como a não observância no intervalo de carência (prazo determinado entre a última
aplicação dos agrotóxicos e a colheita) dentre outros (BARBOSA, 2004; GRISOLIA, 2005).
Assim, são necessários estudos mais minuciosos sobre o destino destas substâncias no
ambiente, em especial a água que é vital para todos os seres vivos.

2.4 Contaminações dos recursos hídricos pelos pesticidas

A água representa o constituinte principal de todos os organismos vivos. Nos últimos


60 anos, a população mundial duplicou, enquanto que o consumo de água multiplicou-se por
sete. Considerando-se que, da água existente no planeta, 97,5% são salgadas (mares e
oceanos), e que 2,5% constituindo geleiras inacessíveis, resta apenas 1% de água doce,
acumuladas em lençóis subterrâneos, rios e lagos, distribuídos de forma desigual pela Terra. O
Brasil, que neste aspecto é um país privilegiado, retem 12% de toda essa reserva de água doce,
sendo que 80% da água doce do país encontram-se na região Amazônica, ficando os restantes
20% limitados ao abastecimento das áreas do território brasileiro onde concentram-se 95% da
população (DORES et al. 2008; EMBRAPA, 2012).
Os ambientes aquáticos são utilizados em todo mundo com distintas finalidades, dentre
as quais: o abastecimento de água para consumo humano, o uso industrial, a geração de
energia, a irrigação, a navegação, a aqüicultura e a harmonia paisagística, dentre outras. A
demanda de água aumenta rapidamente, com 70 - 80% demandados para a irrigação, menos de
20% para a indústria e, apenas 6% para consumo doméstico. A água que é um solvente versátil
32

freqüentemente utilizado para transportar produtos residuais para longe do local de produção
de descarga. Infelizmente, os produtos residuais transportados são na sua grande maioria
tóxicos e, sua presença pode degradar severamente o ambiente do rio, lago ou riacho receptor
(DORES et al. 2008; SILVA et al. 2008).
A utilização de agrotóxicos e seus possíveis efeitos à saúde humana e ao meio
ambiente tornaram-se uma grande preocupação à comunidade cientifica, principalmente
quando o recurso hídrico potencialmente contaminado for destinado para consumo
humano.Todavia, já foi comprovado através de diversos estudos que a presença de
agrotóxicos nos sistemas hídricos seria mais comum do que se imaginava, principalmente
naqueles próximos de regiões agrícolas que intensificam o uso de agrotóxicos (CABRERA et
al. 2008; GRÜTZMACHER et al. 2008; SOARES e PORTO, 2012).
Uma vez no ambiente, os pesticidas podem se distribuir, degradar ou acumular nos
compartimentos do ambiente (atmosfera, solo, sistemas aquáticos) e nos seres vivos. Os
fatores determinantes da dinâmica dos agrotóxicos no meio ambiente, são as formas de uso
dos pesticidas, características ambientais e propriedades físico-químicas do princípio ativo
(PINHEIRO et al. 2011).
Estudos sobre o destino de pesticidas nos variados compartimentos ambientais são
extremamente importantes, pois uma vez detectados no solo podem ser também encontrados
seus resíduos nos lençóis freáticos, como também nos poços artesianos, águas superficiais, em
áreas agrícolas de vários países, segundo documentado na literatura (GOMES et al. 2008;
PIASAROLO et al. 2008).
Os agrotóxicos podem atingir os ambientes aquáticos através da aplicação intencional
que ocasionam escoamento superficial, volatilização, lixiviação e evaporação a partir de áreas
onde acontecem as aplicações, em que estas substâncias podem ser acumuladas nas águas
(superficiais e subterrâneas), nos organismos aquáticos e alcançar o sedimento conforme pode
ser mostrado na Figura 6 (MARTINI, 2010; NETO, 2010).
Quando a aplicação ocorre por aspersão, há evaporação e as gotículas permanecem na
atmosfera por longo período, podendo ser transportadas pelas correntes aéreas para locais
distantes, contaminando a água, o solo, além da fauna e da flora (DORES et al. 2008).
33

Figura 6: Dinâmica dos agrotóxicos em ecossistemas aquáticos


Fonte: Bedor (2008).

Os agrotóxicos são aplicados intencionalmente nas plantas ou até mesmo no solo.


Estudos têm demonstrado que mesmo aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como
destino final o solo (cerca de 50% da dose pode ter como destino final esse compartimento
ambiental) sendo lavados das folhas através da ação das chuvas ou da água de irrigação. Após
chegarem ao solo, produtos podem ter seu destino influenciado por três formas principais de
transporte: lixiviação, escoamento superficial e volatilização. Ainda que as três formas
principais de transporte de pesticidas (lixiviação, volatilização e escoamento superficial)
possam parecer independentes, não é bem desse modo que acontece na prática. Em geral,
essas formas de transporte estão inter relacionadas. Entretanto, poderá acontecer o predomínio
de uma dessas formas dependendo de fatores como: do relevo, do tipo de pesticida utilizado,
das condições climáticas da região, do tipo e manejo do solo (MARTINS, 2010; SCORZA
JÚNIOR e REGITANO, 2012).
A lixiviação dos agrotóxicos através do perfil dos solos pode causar a contaminação
dos lençóis freáticos (reserva de água subterrânea), cuja descontaminação apresenta muitas
dificuldades. Certas práticas agrícolas relacionadas ao modelo de produção predominante,
como o uso excessivo e inadequado de agrotóxicos, a destruição da cobertura vegetal dos
solos para plantio, a não preservação das matas ciliares e das vegetações protetoras de
nascentes, dentre outros fatores, são os responsáveis por grande parte dos problemas dos
34

recursos hídricos. Em relação à água, embora a agricultura seja apenas uma das inúmeras
fontes não-pontuais de poluição, geralmente é indicada como a maior contribuinte de todas as
categorias de poluentes (GOMES et al. 2008; TAVANTI et al. 2009; LOURENÇATO, 2010;
SCORZA JÚNIOR e REGITANO, 2012).
Outro tipo importante de transporte ocorre quando este acontece na superfície do solo
juntamente com a água das enxurradas, sendo chamado de escoamento superficial que
corresponde ao transporte dos pesticidas através da água de enxurrada na superfície do solo,
que poderá ter como destino final os lagos e rios, ocasionando suas contaminações. Chuvas
mais intensas podem causar perdas de pesticidas por escoamento superficial (MARTINI,
2010; SCORZA JÚNIOR e REGITANO, 2012).
Segundo Maritini (2010) os pesticidas, uma vez na água, dependendo das
características físico-químicas, o resíduo dessas substâncias pode tanto se ligar ao material
particulado em suspensão, como se depositar no sedimento ou ser absorvido por organismos,
podendo então ser detoxicados ou acumulados. Eles podem ser transportados através do
sistema aquático por difusão nas correntes de água ou nos corpos dos organismos aquáticos.
Alguns agrotóxicos e/ou metabólitos podem também retornar à atmosfera por volatilização.
Assim, fica claro que há uma interação contínua dos agrotóxicos entre o sedimento e a água,
influenciada pelo movimento da água, turbulência e temperatura. Desta interação, pode
produzir inclusive maior tempo de exposição dos organismos aquáticos aos compostos tóxicos.
Os agrotóxicos presentes em corpos d´água podem penetrar nos organismos aquáticos através
de diversas portas de entrada e seu grau de acumulação depende do tipo de cadeia alimentar,
da disponibilidade e persistência do contaminante na água e especialmente de suas
características físicas e químicas.

2.5 Controle dos pesticidas na água

Programas de monitoramento no Brasil para a análise de pesticidas são realizados pela


ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Santiária e pelo MAPA - Ministério de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em 2001, a ANVISA criou o Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) que monitora resíduos de agrotóxicos em
alimentos, visando à criação de ações de vigilância sanitária, com foco na preservação e
controle dos riscos à saúde humana em consequência do consumo de alimentos contaminados.
35

Os dados obtidos têm possibilitado avaliar a qualidade e a segurança dos alimentos


consumidos pela população, carcterizar as fontes de contaminação, ofecerer avaliação em
relação ao uso inadequado e não autorizado de agrotóxicos, além de estimular as boas práticas
agrícolas. O MAPA criou o Plano Nacional de Controle de Resíduos de Contaminantes
(PNCRC), que controla a qualidade e segurança dos alimentos adquiridos pelo consumidor
tanto interno como externo. Ressaltando que ambos os programas de monitoramento são para
análise de agrotóxicos em alimentos e não para água (ANVISA, 2012c; BRASIL, 2011).
O Brasil, como outros países em desenvolvimento, dá início a preocupar-se com os
efeitos da poluição dos aqüíferos, refletidos nas fontes de água potável para o abastecimento
das populações, irrigação das culturas, criação de animais, etc. (NETO e SARCINELLI, 2009).
A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos aumenta, principalmente
quando a água é para consumo humano. Dentre os órgãos governamentais que controlam
agrotóxicos em água destacam-se a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA). No Brasil, essa responsabilidade é feita
pelo Ministério da Saúde (MS), através da Portaria 2.914 de 14 de dezembro de 2011 e o
Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
na sua portaria no.357 de 17 de março de 2005 (SILVA, 2010a; BRASIL, 2012b e 2012c).
O MS através da Portaria 2.914 de 14 de dezembro de 2011, “dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade”. Estabelece os limites máximos permissíveis para diversas
substâncias na água potável, entre elas, alguns pesticidas. E o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) na sua portaria no.357 de 17 de março de 2005, “dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”. A
Resolução fixa os limites máximos dos contaminantes na água, dentre esses alguns pesticidas
organoclorados, organofosforados, carbamatos e triazinas. As águas para consumo humano
com salinidade igual ou inferior a 0,5%, que são águas doces, são classificadas em quatro
classes especiais. Todas as classes destinadas ao abastecimento humano, onde a Classe I
(classe especial) própria quando feita a desinfecção, classe II (classe 1) após tratamento
simplificado, classe III (classe 2) após tratamento convencional e a classe IV (classe 3) após
tratamento convencional ou avançado (BRASIL, 2012b e 2012c).
Segundo a Resolução CONAMA no. 357/05, “o conjunto de parâmetros de qualidade
da água selecionado para subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado
periodicamente pelo poder público. Também deverão ser monitorados os parâmetros para os
36

quais haja suspeita da sua presença ou não conformidade. Os resultados do monitoramento


deverão ser analisados estatisticamente e as incertezas de medição consideradas” (BRASIL,
2012 c).
Na Tabela 3 encontram-se os limites individuais de cada tipo de agrotóxicos segundo a
Portaria no. 2.914/11 para água de consumo humano e a Resolução CONAMA no 357/05 para
águas doces com salinidade igual ou inferior a 0,5% (BRASIL, 2012b e 2012c)

Tabela 3: Limites máximos permitidos para pesticidas em água adotados no Brasil e outros
locais do mundo
VMP* VMP*1 VMP* VMP*
Agrotóxicos (μg L-1) (μg L-1) (μg L-1) (μg L-1)
(Portaria (Res. CONAMA OMS USEPA
2.914/11)2 357/05)3
Alaclor 20,0 20,0 20 2
Aldrin + Dieldrin 0,03 0,005 0,03 -
Atrazina 2,0 2,0 2,0 3,0
Bentazona 300,0 - - -
Carbaril - 0,02 - -
Carbofurano 7,0 - 7,0 40,0
Clordano (isômeros) 0,2 0,04 0,2 2,0
Demeton - 0,1 - -
Dodecacloro + Nonacloro - 0,001 - -
2,4 D 30,0 4,0 30,0 70,0
2,4,5 T - 2,0 9,0 -
DDT + DDD + DDE 1,0 0,002
Endossulfan (α β e sais) 20,0 0,056 - -
Endrin 0,6 0,004 0,6 2,0
Gution - 0,005 - -
Glifosato 500,0 65 - 700,0
Heptacloro e Heptacloro epóxido 0,03 0,01 - 0,4/0,2
Hexaclorobenzeno 1,0 0,0065 50,0 1,0
Lindano (-BHC) 2,0 0,02 2,0 0,2
Metolacloro 10,0 10,0 10,0 -
Metoxicloro 20,0 0,03 20,0 40,0
Molinato 6,0 - 6,0 -
Paration - 0,04 - -
Parationa Metílica 9,0 - - -
Pendimetalina 20,0 - 20,0 -
Pentaclorofenol 9,0 0,009 9,0 1,0
Permetrina 20 - 300 -
Propanil 20 - - -
Simazina 2,0 2,0 2,0 4,0
Terbufós 1,2 - - -
Toxafeno - 0,01 - -
Trifluralina 20,0 0,2 20,0 -
*
VMP: Valor máximo permitido; 1, padrão para consumo humano2, padrão ambiental3 Valores para água de
classe 3.
Fonte: (SILVA, 2010a; BRASIL, 2012b e 2012c).
37

É importante salientar que na Tabela 3 encontram-se pesticidas cujo seu uso foi
proibido no país e no mundo, a exemplo dos organoclorados, mas essas substâncias
apresentam grande estabilidade química e acentuada ação residual e devido a elevada
persistência no meio ambiente ainda são determinados (NETO, 2010; PRATES et al. 2011).
A União Européia de acordo com a Diretiva 98/83 CE estabeleceu o valor de
0,1 µg L-1 como concentração máxima permitida para qualquer agrotóxico individualmente e
de 0,5 µg L-1 para o total de agrotóxicos em águas destinadas para consumo humano (GRIZA
et al. 2008).
O monitoramento das concentrações de pesticidas nas águas é um passo necessário para
a avaliação dos riscos destes poluentes no meio ambiente, e, atualmente, é uma exigência dos
mercados nacional e internacional da legislação ambiental. Órgãos internacionais como a
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, EPA (do inglês Environmental
Protection Agency) e a Comunidade Européia (EC) iniciaram um controle, estabelecendo
limites em relação às concentrações de pesticidas encontradas em águas. Além disso, estes
órgãos também organizaram listas de periculosidade de tais compostos (por exemplo a lista
negra) da Diretriz 76/464/EEC sobre poluição causada por substâncias perigosas descarregadas
em ambientes aquáticos (2,4-D, endosulfan, linuron, metamidofós, paration-metílico) (GRIZA,
et al. 2008; ANDRADE et al. 2011).
Segundo Espíndola (2011) como o Brasil é um país de extenso território e possui
muitas pequenas propriedades (82%), os agricultores de um modo geral recebem pouca ou
nenhuma informação sobre a utilização dos agrotóxicos e conseqüentemente sobre sua
periculosidade. Muitas vezes não escolhem o agrotóxico correto, não possuem conhecimento
no preparo, aplicação, transporte, armazenamento e descarte das embalagens e sobras desses
agrotóxicos. Por esse motivo, um programa de monitoramento é indispensável para a
população. Metodologias mais rápidas e precisas de análises de pesticidas vêm sendo
desenvolvidas com o foco de tornar o custo mais baixo, com maior acesso da comunidade de
maneira geral e mais rapidamente.

2.6 Métodos analíticos para a determinação de pesticidas em água

Como o uso indiscriminado de agrotóxicos tem afetado drasticamente o equilíbrio do


meio ambiente, requer-se seu monitoramento através de análises de seus resíduos em diversas
38

fontes de água. O desenvolvimento de metodologias analíticas para a determinação de


pesticidas em água abrange duas fases importantes: a pré-concentração dos analitos e a
determinação destes com um método cromatográfico e detector apropriado (LANÇAS, 2004b;
PRATES et al. 2011).
Dentre as técnicas de extração normalmente utilizadas para isolar e concentrar analitos,
destacam-se: a extração líquido-líquido (LLE, do inglês Liquid-Liquid extraction), a micro
extração em fase sólida (SPME, do inglês Solid Phase Microextraction), a extração sortiva em
barra magnética (SBSE, do inglês Stir Bar Sorptive Extraction), a microextração líquido-
líqudo dispersiva (DLLME, do inglês Dispersive Liquid-Liquid Extraction) e a extração em
fase sólida (SPE, do inglês Solid Phase Extraction) , sendo a SPE a técnica mais utilizada para
tal análise. A extração em fase sólida (SPE) é atualmente a técnica mais empregada para
amostras líquidas, como matrizes de água (CALDAS et al. 2011; SILVA e COLLINS, 2011).
Os métodos que envolvem LLE, requer grandes volumes de solventes orgânicos, são
bastante trabalhosos, difíceis de automação e apresentam alto custo. A SPME foi introduzida
em 1990, nesta técnica, uma fibra de sílica fundida é coberta com a fase estacionária,
geralmente feita de polidimetilsiloxano (PDMS), que é exposta na amostra aquosa por um
determinado tempo, para que o equilíbrio seja alcançado e posteriormente o analito é
dessorvido pela fase móvel ou por aquecimento direto no injetor do cromatógrafo a gás. A
técnica SBSE foi introduzida em 1999 e baseia-se na extração sortiva sobre uma camada
polimérica, que reveste uma barra de agitação magnética, ou seja, tem como base o mesmo
princípio da SPME, com a diferença de utilizar maior volume de fase extratora. A DLLME foi
desenvolvida em 2006 como avanço das técnicas de microextração em fase líquida, cujo
método baseia-se no sistema ternário de solventes, que é uma miniaturização da LLE e utiliza
microlitros de solvente extrator. E a SPE, que é uma técnica muito empregada para pré-
concentração de agrotóxicos, onde muitas publicações utilizaram esta técnica em análise de
resíduos de agrotóxicos em matrizes aquosas (CALDAS et al 2011; CARBO et al. 2008).

2.6.1 Extração em Fase Sólida (SPE)

Vários trabalhos para a determinação de pesticidas em diversas matrizes, inclusive


água, têm sido desenvolvidos através da técnica de extração em fase sólida (SPE).
Inicialmente, é necessário selecionar o tipo de sorvente que será utilizado na análise, de acordo
39

com as características físico-químicas dos analitos de interesse. Diversos sorventes estão


disponíveis comercialmente, dentre eles: carvão ativado, sílica gel, silicato de magnésio
(florisil), alumina, polímeros (por exemplo, o copolímero de estireno entrecruzado com
divinilbenzeno) e os baseados em sílica modificada com cadeia linear de 8 carbonos n-
octilsilano (C8) e de 18 carbonos n-octadecilsilano (C18). Sendo que por muitos anos o n-
alquilsílica (C18) foi considerado o sorvente universal e, reforçando, segundo Hennion (1991)
se constitui na melhor fase sólida para análise de agrotóxicos em água (SILVA e COLLINS,
2011; SINGER et al. 2010).
Segundo Lanças (2009), os princípios relacionados com as técnicas LLE e SPE são
parecidos entre si e envolvem a partição e adsorção de compostos de interesse entre duas fases.
Na SPE o analito de interesse, para ser extraído, é dividido entre a fase líquida, a qual está
contida no suporte sólido e o solvente de eluição, como se fosse entre dois líquidos imiscíveis
semelhante ao que acontece na LLE. O analito de interesse na amostra terá menor ou maior
afinidade pela fase líquida do sorvente, definindo assim o grau de retenção deste analito.
Na técnica SPE, os analitos contidos numa matriz aquosa são extraídos, juntamente
com os compostos interferentes, após passarem por um cartucho (tubo de polipropileno entre
dois discos de polietileno, compactando o sorvente) ou disco contendo sorvente. Um solvente
orgânico seletivo é geralmente utilizado para remover os interferentes e então, outro solvente é
utilizado para eluir os analitos de interesse. Os mecanismos de retenção e eluição dos analitos
pela fase sólida acontecem através de forças intermoleculares entre o analito e a superfície da
fase sólida, envolvendo interações tipo van der Waals, tipo eletrostáticas, dipolo-dipolo,
dipolo-dipolo induzido, íon-dipolo, íon-íon, e ligação de hidrogênio (LANÇAS, 2004a;
SILVA, 2010b; SINGER et al. 2010).
Os discos possuem uma série de vantagens em relação aos cartuchos devido ao seu
formato, tais como: leito mais homogêneo, pressões menores durante a aplicação da amostra e
na eluição, ausência de caminhos preferenciais, maior capacidade para o analito, melhor
repetibilidade e reprodutibilidade, vazões mais altas e menores volumes de eluentes para a
dessorção. O melhor desempenho dos discos é devido ao tamanho menor das partículas, a
forma que propicia uma transferência de massa mais rápida. Uma desvantagem do uso de
discos é que a etapa de condicionamento é crítica, pois a secagem dos discos deve ser evitada,
porque, devido à grande área superficial, uma interface ar/água é formada facilmente,
originando em um decréscimo das recuperações (CALDAS et al., 2011).
Segundo Lanças (2004a) o processo de SPE pode ser resumido em quatro etapas
(Figura 7):
40

1. Condicionamento do adsorvente através da passagem de um solvente que condicione a


superfície do sólido, removendo quaisquer substâncias que estejam presas.
2. Percolação da amostra, nessa etapa ocorre a retenção dos analitos, a tranferência da amostra
deve ser quantitativa e lenta para ter resultados reprodutíveis.
3. Lavagem da amostra (clean-up), é uma etapa opcional, de limpeza da coluna, pois tem como
objetivo promover a remoção dos interferentes, mas o solvente utilizado não deve possuir
força suficiente para retirar o analito de interesse.
4. Eluição dos analitos adsorvidos, utilizando-se um solvente que tenha afinidade pelos
analitos

Figura 7: Etapas do procedimento de Extração em Fase Sólida (SPE)


Fonte: EMAN (2012).

A maioria das técnicas de extração em fase sólida desenvolvida utiliza a Cromatografia


Gasosa (GC, do inglês Gas Cromatography) e a Cromatografia Líquida de alta eficiência
(HPLC, do inglês High Performance Liquid Chromatography) como técnica instrumental para
determinação de resíduos de pesticidas (CHIARADIA et al. 2008).

2.6.2 Técnicas cromatográficas

São utilizadas para a separação e quantificação de substâncias diversas, podendo


também ser utilizadas como técnica de identificação, quando acopladas a um espectrômetro de
41

massas ou outro detector. Suas resoluções são excelentes, sendo possível analisar várias
substâncias em uma mesma amostra (multiresíduos). A sensibilidade da cromatografia é
bastante elevada. Dependendo do tipo de substância analisada e detector empregado, pode-se
obter resultados quantitativos em níveis que variam de picogramas a miligramas (LANÇAS,
2004b; COLLINS et al. 2006; CHIARADIA et al. 2008).
A cromatografia gasosa é aplicável a compostos voláteis e termicamente estáveis nas
temperaturas relativamente elevadas empregadas durante o processo de separação
cromatográfica. E a cromatografia líquida tem sido intensamente aplicada para os compostos
termicamente instáveis e não voláteis, que não são identificados por GC. Ambas as técnicas
são muito utilizadas para a determinação de pesticidas em diferentes matrizes, como água,
alimentos, solo e materiais biológicos (PINHO et al. 2009; ESTRELA, 2010; SILVA et al.
2010b).

2.6.3 Aplicações das técnicas SPE e cromatográficas para a determinação de


pesticidas

Diversos trabalhos são realizados com as técnicas SPE e cromatográficas para a


determinação de pesticidas em amostras de água. Na sequencia serão mostrados alguns
trabalhos com enfoque nestas análises.
Silva et al. (2011) realizaram monitoramento de resíduos de pesticidas em água
subterrânea em sete regiões produtoras de arroz. As amostras foram acidificadas a pH 3,0,
filtradas a vácuo e pré-concentradas no mesmo dia de coleta. A etapa de pré-concentração das
amostras e posterior extração dos analitos foi feita com a técnica SPE utilizando cartuchos com
500 mg de C18. Um volume de 250 mL de amostra foi percolado no cartucho e a eluição foi
feita com 1mL de metanol. A determinação final foi efetuada utilizando-se LC/MS. Os limites
de detecção e quantificação variaram de 2,0 a 4,0 ng L-1 e 4,0 a 100 ng L-1.
Donato et al. (2012) desenvolveram método multiresíduos para resíduos de pesticidas
em água baseado na SPE e LC-MS/MS. Os LD e LQ variaram de 0,01 a 0,04 µg L-1,
respectivamente. As recuperações variaram de 70 a 120% para a maioria dos compostos nos
níveis de fortificação 1,0; 2,5 e 5,0 µg L-1. Os cartuchos contendo 200 mg de C18 foram
condiconados com 3 mL de metanol 3 mL de água purificada. O volume de amostra utilizado
42

para percolar o cartucho foi 250 mL, após adicionado 3 mL de água purificada. A eluição foi
feita com 5 mL (1:1) (v/v) metanol:acetonitrila e o extrato introduzido no LC-MS/MS.
Marchesan et al. (2010) determinaram herbicidas por Cromatografia Gasosa com
Detecção por Captura de Elétrons (GC-ECD), após pré-concentração por SPE com 250 mL de
amostra em cartuchos contendo 500 mg de C18. A eluição dos agrotóxicos foi efetuada com 1
mL de metanol. Para todos os agrotóxicos estudados, valores satisfatórios de recuperação entre
81,3 e 112,3%, com valores de precisão entre 1,8 e 14,2%.
Caldas et al. (2010) validaram o método SPE, HPLC-DAD E LC-MS/MS para a
determinação dos agrotóxicos: carbofurano, clomazona, 2,4-D e tebuconazol em água
subterrânea. Foram utilizados cartucho com C18 contendo 200 mg do sorvente, que foram
condicionados com 3,0 mL de metanol. 3,0 mL de água ultrapura e 3,0 mL de água ultrapura a
pH 3,0. O volume de amostra foi de 250 mL que foi devidamente fortificada. A eluição foi
feita com 1,0 mL de metanol. O eluato foi recolhido e analisado por HPLC-DAD ou LC-
MS/MS. Os LQs do método foram de 0,2 µg L-1 para todos os agrotóxicos por HPLC-DAD e,
por LC-MS/MS, 4,0 ng L-1. As recuperações foram entre 60,3 a 107,7%, com RSD de 0,8 a
20,7% para todos os compostos por HPLC-DAD. Para o LC-MS/MS a precisão em termos de
repetitividade variou entre 0,97 a 20,7%, e as recuperações entre 67,0 e 108,9%.
Lopes et al. (2011) otimizaram e validaram dois métodos para a determinação de sete
pesticidas em águas superficiais e subterrâneas. A pré-concentração foi feita com cartucho C18
(500 mg) e a análise por cromatografia líquida de auta eficiência (CLAE-UV) e cromatografia
a gás com detector termiônico específico (CG-DTE). No primeiro método o cartucho C18 foi
condicionado com 10 mL de acetona, seguido por 10 mL de metanol e 10 mL de água
deionizada. O volume de amostra percolado pelo cartucho foi de 500 mL introduzido logo
após o condicionamento, evitando a secura. Após percolação da amostra o cartucho foi seco
sob vácuo por 30 min. A eluição dos analitos foi feita com 10 mL da mistura de acetato de
etila:diclorometano (1:1, v/v). O eluato foi concentrado até quase secura em evaporador
rotatório, foi retomado em 1,0 mL de acetato de etila e os analitos determinado por CG-DTE.
O segundo método foi validado condicionando o cartucho C18 com 10 mL de metanol e 10 mL
de água deionizada. O volume de amostra de água foi de 200 mL, após o cartucho foi lavado
com 5 mL de água e seco sob vácuo por 30 min. A eluição foi realizada com 3 mL de metanol.
Ajustou-se o volume final do eluato para 3,0 mL , sendo os analitos determinados por
CLAE-UV. Os métodos apresentaram exatidão (76 – 107%), precisão (<12%) e limites de
quantificação (0,22 – 0,48 µg L-1), portanto satisfatórios para os níveis de pesticidas em água.
43

Santos (2010) desenvolveu e validou método utilizando a técnica SPE, com a avalição
da eficiência de diferentes sorventes para a extração de resíduos de pesticidas pirimetanil,
flumetralina e cresoxim-metílico em água e determinação por GC/MS. Foram utilizados
cartuchos C18, florisil, sílica e resina polimérica aminopropil, mas a validação do método foi
realizada com o sorvente C18. O condicionamento do sorvente foi feito com 5 mL de
diclorometo, 5 mL de metanol e 10 mL de água ultrapura. O volume de amostra utilizado foi
de 200 mL com 10 mL de metanol e fortificada com os pesticidas. O sorvente foi seco por 10
min e a eluição feita com 20 mL de diclometano, que foi concentrado a 1 mL. A determinação
foi feita com GC/MS. Os valores da recuperação variaram de 79,0 a 102,3% e a precisão de
6,3 a 9,7%. Na análise de água potável, os resultados indicaram a ausência dos pesticidas.
Cappelini (2008) determinou pesticidas ametrina, atrazina, diuron e fipronil em
amostras de água aplicando a técnica SPE e cromatografia líquida com detector de diodos
HPLC–DAD. Os cartuchos utilizados foram com fase C18 de 500 mg, que foram
condicionados com 10 mL de acetato de etila e 10 mL de água. O volume de amostra de água
foi de 50 mL e fez-se eluição com 20 mL de acetato de etila. Concentrou-se o extrato até
secura e ressuspendeu-se com 1 mL de acetato de etila e analisou-se com HPLC – DAD.
Os limites de detecção e quantificação variaram de 0,02 a 0,05 mg.L- 1 e 0,07 a 0,17 mg L-1,
respectivamente. A precisão apresentou-se na faixa de 0,41 a 2,25% e a recuperação do
método de extração variou de 90 a 95%.
Silva (2010a) desenvolveu metodologia analítica para a determinação de agrotóxicos e
microsistina em águas superficiais utilizando SPE e GC/MS e LC/MS. Foram utilizados
cartuchos C18 contendo 500 mg de sorvente que foram condicionados com 10 mL de metanol e
10 mL de água deionizada. Após o condicionamento 500 mL de amostra de água foi percolada
no cartucho. Com o término da passagem da amostra pelo cartucho deixou-se o vácuo por
20 min para a secagem. A eluição foi realizada com 3 mL de ácido trifluoracético. Os eluatos
foram então secados totalmente e resuspendidos para um volume de 1,0 mL com metanol. Este
eluato foi dividido em duas alíquotas para o uso nos dois cromatógrafos. Uma alíquota de
0,5 mL foi armazenada para análise por LC-MS na determinação de microcistina. A outra
alíquota de 0,5 mL foi levada à completa secura sob fluxo de N2 e resuspendida com acetado
de etila para a análise de 37 agrotóxicos por GC-MS. A recuperação para os agrotóxicos variou
de 90 a 117% e os limites de detecção e quantificação variaram de 0,3 a 19,9 ng L-1 e 0,9 a
66,2 ng L-1, respectivamente.
Kurz et al. (2009) desenvolveram método para determinar herbicida bispiribac de sódio
em água superficial envolvendo SPE e HPLC-DAD. Foram utilizados cartuchos tipo C18 que
44

foram condicionados com 3 mL de metanol seguido por 3 mL de água purificada e mais 3 mL


de água purificada a pH 2,0. Os volumes de amostra variaram de 50 a 500 mL que percolaram
os cartuchos. A eluição foi feita com diferentes combinações de solventes
diclorometano:metanol (65:35), (80:20) e (50:50) (v/v). O método apresentou médias de
recuperação entre 97,7 a 101,3%, precisão com % RDS variando de 0,9 a 7,5% e os limites de
detecção e de quantificação variaram de 0,1 a 0,3 µg L-1, respectivamente.
Sabin et al. (2009) realizaram determinação multiresíduos de pesticidas em água
potável por GC-MS e SPE. A validação para a determinação de 20 pesticidas apresentou limite
de quantificação entre 0,003 a 0,093 mg L-1 e recuperações que variaram entre 51 a 116%.
Foram utilizados cartucho C18, onde o condicionamento foi feito com metanol e água
purificada, a percolação da amostra foi de 200 mL e, em seguida fez-se lavagem com água
purificada e posterior secagem por 30 min no vácuo. A eluição foi feita com 2 mL de acetato
de etilo e dicloremetano (1 + 1 mL). A concentração do eluato foi realizada em banho-maria a
55º C durante aproximadamente 20 min e após adicionado padrão interno.

2.7 Validação de métodos analíticos

Para a comprovação de que um novo método analítico produza informações confiáveis


e interpretáveis sobre a amostra, o mesmo deve ser submetido a uma avaliação denominada de
validação. No Brasil dois órgãos regulamentam a validação de métodos analíticos, que são: a
ANVISA, através da Resolução no. 899 de 29 de maio de 2003 e o INMETRO através do
documento feito para orientar sobre a validação de método analíticos. Ambos os órgãos
traduzem as guias da Eurachem, que é uma rede de organizações nacionais europeias, que tem
como objetivo o estabelecimento da rastreabilidade internacional dos resultados de medições
químicas, bem como promover as boas práticas laboratóriais (EURACHEM, 1998; LEITE,
2002; ANVISA, 2012d e INMETRO, 2011).

2.7.1 Curva analítica e linearidade

A curva analítica, também denominada de curva de calibração reproduz a relação entre


a resposta do instrumento e a concentração conhecida do analito. A linearidade é a habilidade
45

de uma metodologia analítica de comprovar que os resultados alcançados são diretamente


proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo especificado.
Recomenda-se que a linearidade seja determinada pela análise de, no mínimo, 5 concentrações
diferentes (EURACHEM, 1998; ANVISA, 2012d e INMETRO, 2011).
Existem duas padronizações para as análises cromatográficas quantitativas, que são a
padronização externa e a padronização interna (LIGIERO et al. 2009).
A padronização externa envolve a preparação de uma série de soluções-padrão de
composições próximas à concentração do analito na amostra. Os cromatogramas dos padrões
são então obtidos, e as alturas ou as áreas dos picos são lançadas em um gráfico em função da
concentração. O ideal é obter a curva analítica com uma reta passando pela origem e a
concentração da amostra é obtida a partir da equação desta reta. Mas, em alguns casos, pode-se
obter curvas com coeficientes lineares positivos ou negativos, cabendo ao analista efetuar um
tratamento criterioso dos dados da curva. Como desvantagens para utilização da padronização
externa, tem-se como fontes de erros analíticos as incertezas no volume de amostra e na
preparação dos padrões, como também problemas durante a injeção no cromatógrafo. Os
volumes de amostras são muito pequenos, portanto, as incertezas associadas à injeção
reprodutível deste tamanho com uma microsseringa podem chegar a um erro relativo alto
(LIGIERO et al. 2009).
Ainda segundo Ligiero et al. (2009) a padronização interna é melhor do que a externa
para as análises quantitativas cromatográficas com maior precisão. Nesta metodologia podem
ser minimizadas as incertezas introduzidas na injeção da amostra devido às pequenas
quantidades de amostras injetadas no cromatógrafo e diferentes analistas. Esta padronização é
muito indicada para técnicas com pouca reprodutibilidade, como por exemplo, no caso de
injeções manuais. Na padronização interna uma quantidade de uma substância medida
cuidadosamente, que atua como padrão interno (PI) é introduzida em cada padrão e também na
amostra e, a razão entre as áreas do pico do analito e do (PI) funcionam como padrão analítico.
Na escolha para o composto ser o PI deve-se observar que o pico referente ao padrão seja bem
definido dos demais picos dos componentes da amostra e elua próximo ao sinal do analito. O
padrão interno deve ser altamente puro, não reagir com nenhum componente da amostra e ser
quimicamente similar ao analito de interesse.
Através de tratamento estatístico, a partir dos dados experimentais podem-se estimar os
coeficientes da curva analítica de calibração, sendo o coeficiente de correlação (r) permite uma
estimativa da qualidade da curva obtida, pois quanto mais próximo de 1,0, menor a dispersão
46

do conjunto de pontos experimentais e menor a incerteza dos coeficientes de regressão


estimados (BARROS NETO et al. 2010).

2.7.2 Precisão

A precisão é um dos critérios mais importantes para a verificação do desempenho de


um procedimento analítico. É a expressão da concordância entre vários resultados analíticos
obtidos para uma mesma amostra, ou seja, avalia o dispersão de resultados entre ensaios
independentes repetidos de uma mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões em
condições definidas (EURACHEM, 1998; INMETRO, 2011; RIBEIRO et al. 2008).
A precisão é normalmente determinada em termos de repetitividade (precisão intra-
corrida), reprodutibilidade (precisão interlaboratorial) e precisão intermediária. A
repetitividade é o grau de concordância em que os resultados são obtidos a partir do mesmo
método, para a mesma amostra, mesmo laboratório, pelo mesmo operador, com o mesmo
equipamento e em curto intervalo de tempo. A reprodutibilidade refere-se à precisão avaliada
sobre a mesmo método para a mesma amostra, no mesmo laboratório ou em laboratórios
diferentes variando uma das seguintes condições: diferentes analistas, diferentes equipamentos
ou diferentes tempos. A precisão intermediária é a concordância de resultados do mesmo
laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com analistas diferente e/ou equipamentos
diferentes. A avaliação dessas três formas de precisão pode ser efetuada pelo cálculo do desvio
padrão relativo (RSD, do inglês: Relative Standard Deviation), também conhecido como
coeficiente de variação (CV). A precisão de um método analítico pode ser expressa como o
desvio padrão ou desvio padrão relativo de uma série de medidas (INMETRO, 2011;
OLIVEIRA et al. 2009b).

2.7.3 Exatidão

A exatidão de um método analítico é a concordância entre o resultado de um ensaio e o


valor de referência aceito como convencionalmente verdadeiro. Ela é calculada como
porcentagem de recuperação da quantidade conhecida do analito adicionado à amostra e o
valor verdadeiro aceito, acrescida dos intervalos de confiança, ou seja, é a medida da eficiência
47

no processo de isolamento do analito de interesse da matriz na qual se encontra presente. A


recuperação é o parâmetro mais utilizado para o desenvolvimento de uma metodologia
analítica. A recuperação (R) é definida como a proporção da quantidade de analito presente ou
adicionada na porção analítica do material teste, que é extraída e passível de ser quantificada.
A recuperação obtida deve estar compreendida entre a faixa de 70 a 120%, estabelecida pela
literatura de análise de resíduos de agrotóxicos (EURACHEM, 1998; RODRIGUES et al.
2011; RIBEIRO et al. 2008).

2.7.4 Limite de detecção e de quantificação

O Limite de detecção (LD) é a menor concentração detectada pelo procedimento


analítico e é geralmente expressa em unidade de concentração. O Limite de quantificação
(LQ) é a menor concentração de um analito que pode ser quantificada com precisão e
exatidão, com uma fidelidade determinada utilizando um determinado procedimento
experimental, onde também é geralmente expressa em unidades de concentração
(EURACHEM, 1998; IMOTO e FREITAS, 2008; MAFFEI, et al. 2009).
Na validação de um método analítico os resultados referentes tanto ao LD e LQ estão
relacionados à sensibilidade do método desenvolvido. Ambos os limites podem ser calculados
de três diferentes formas: método visual, método relação sinal-ruído e método baseado em
parâmetros da curva analítica. Um procedimento comum é aceitar como LD a concentração
ou massa do analito que geram um sinal três vezes maior do que o ruído do sistema. E para o
cálculo do LQ considera-se aceitável uma relação sinal-ruído de 10:1. O LD pode também ser
calculado considerando-se a regra da IUPAC de aproximadamente 3 desvios padrões e o LQ
com base em 10 desvios padrões. No processo estatístico são considerados todos os efeitos a
que o método está sujeito (variações do branco e variações das amostras fortificadas). De
acordo com o procedimento estatístico utilizado para análises de resíduos de pesticidas, o LQ
corresponde ao menor nível de fortificação estudado. A recuperação pode variar entre 70 e
120%, com coeficiente de variação de até 20%. (EURACHEM, 1998; IMOTO e FREITAS,
2008; MAFFEI, et al., 2009).
48

2.8 Métodos de Amostragem

Em relação a amostragem de água para monitoramento, um número relativamente


grande de amostras devem ser tomadas a partir de um determinado local durante toda a
duração da amostragem quando o método de amostragem in loco (amostragem tradicional) for
aplicado. Este tipo de amostragem é morosa e pode ser muito onerosa, sendo necessários
grandes volumes de amostras, para a quantificação de poluentes em nível de traço. Além disso,
retratam a condição de qualidade instantânea do ponto amostrado não fornecendo indicações
sobre o desenvolvimento temporal das variáveis avaliadas. Assim, não permite a detecção de
episódios de contaminação no intervalo entre as amostragens (KOT et al. 2007; PARREIRA et
al. 2004; VRANA et al. 2006).

2.8.1 Amostragem passiva

Amostragem passiva surge como alternativa para o monitoramento de pesticidas em


ambientes aquáticos. A amostragem passiva somente necessita de um pequeno dispositivo, o
amostrador passivo, representando uma forma simples, barata e eficiente de monitoramento
ambiental em águas. (KOT et al. 2007; VRANA et al. 2006; SEETHPATHY e GÓRECKI,
2008).
A técnica de amostragem passiva consiste na coleta integrada de analitos em
determinado período de amostragem, utilizando apenas pequeno dispositivo, que é de grande
importância uma vez que os locais de amostragem são muitas vezes situados longe do
laboratório, onde o posterior manuseio das amostras terá que ser realizado. Esta técnica
baseia-se no fluxo livre das moléculas do analito do meio amostrado para o meio de coleta.
Isso ocorre segundo a 1ª lei de Fick, através das forças diretivas de difusão. O meio de coleta
consiste de uma fase receptora contida no dispositivo, que tem como resultado a diferença
entre o potencial químico dos anallitos nos dois meios. A fase receptora poderá ser um
solvente, resina polimérica ou um adsorvente poroso (NAMIÉSNIK et al. 2005; KOT et al.
2007; VRANA et al. 2005).
Segundo Schäfer et al. (2009) e Pesce et al. (2011) a concentração média ao longo do
tempo (TWA) é a concentração do analito na água durante o tempo de exposição. A (C W)
concentração do analito pode ser calculada usando a Equação (01) para amostragem
integrativa (isto é, linear) de um dispositivo de amostragem passiva.
49

ms
Cw  (01)
Rs  t

Onde Cw é a concentração média ao longo do tempo (µg L-1);


Rs é a taxa de amostragem (L dia-1);
ms é massa de analito acumulada na fase receptora após o tempo de exposição (µg);
t é o tempo de amostragem (dia).

Segundo Seethapathy e Górecki (2008) diversos amostradores passivos estão


disponíveis comercialmente ou a partir de vários grupos de pesquisa. Todos eles são
projetados para realizar amostragem incluindo inúmeros fatores dentre eles:
(i) o meio de amostragem, ou a matriz (ar, água, solo, ou várias combinações destes, tais
como sedimentos ou aerossóis);
(ii) as propriedades químicas e físico-químicas do analito de interesse;
(iii) forma do analito (ionizado, não ionizado, adsorvido, etc) e concentração na amostra;
(iv) o tipo de medida necessária (quantitativa ou semi-quantitativa);
(v) duração desejada de amostragem;
(vi) variabilidade dos parâmetros ambientais em torno do amostrador ou na amostra em que
os amostradores são implantados;
(vii) custo e disponibilidade.
Uma vez que existem inúmeras variáveis que têm de ser consideradas, muitas vezes há
situações em que combinações de amostradores passivos têm de ser utilizadas para obter os
dados necessários. Enquanto a implantação dos amostradores passivos é bastante simples, a
estratégia de amostragem envolvida na escolha do número e tipo de amostradores passivos
para a implantação, suas localizações exatas, tempo e duração da exposição, a quantificação,
bem como no laboratório, requer uma análise cuidadosa. O conhecimento da fonte de poluição,
quantidade e destino potencial no meio ambiente, bem como dos métodos analíticos utilizados
para a quantificação, são alguns dos fatores importantes necessários para a interpretação dos
dados corretamente (KOT et al. 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).
Amostragem passiva ou dosimetria passiva vem ganhando aceitação para
monitoramento ambiental. Uma vasta gama de dispositivos de amostragem foi desenvolvida
para o acompanhamento de agrotóxicos na água, que serão descritos na seqüência (KOT et al.
2007; VRANA et al. 2006).
50

2.8.2 Tipos de amostradores passivos para pesticidas em água

Os amostradores passivos são utilizados para avaliar o comportamento dos compostos


orgânicos em ambientes aquáticos por um longo período. Eles devem ser simples de fabricar e
de manusear, pequeno o bastante para ser enviado ao laboratório, insensível aos interferentes
e, sobretudo, sensível ao analito que se deseja coletar (KOT et al. 2000).
Encontram-se na literatura alguns tipos de amostradores passivos para monitoramento
de poluentes orgânicos em água, testados apenas em climas temperados. Dentre eles pode-se
citar:

1. Dispositivo com membranas semipermeáveis SPMD (do inglês Semipermeable membrane


devices). Foi desenvolvido por Huckins, em 1990, para estudar a biodisponibilidade de
compostos químicos hidrofóbicos para organismos aquáticos. Consiste em membrana de
polietileno de baixa densidade sem aditivos e não-porosa, embora apresente cavidades
transientes com diâmetro de aproximadamente 10Å. Os volumes livres das cavidades
permitem a dissolução e difusão das moléculas orgânicas na membrana. O interior da
membrana é recheado com lipídio de elevada massa molecular e pureza, geralmente com
trioleína, que é o composto mais empregado por tratar-se de lipídio apolar encontrado em
organismos aquáticos. Quando o SPMD é colocado no ambiente aquático, os compostos
orgânicos hidrofóbicos são isolados passivamente e acumulados no amostrador. A
seletividade do amostrador é baseada no tamanho das moléculas dos analitos e sua habilidade
para dissolver na fase receptora. Devido à natureza integrativa do processo de amostragem, os
dispositivos podem ser expostos em intervalos de dias ou meses, geralmente em período de 14
a 30 dias. O processamento das amostras para extração dos analitos envolve: a remoção dos
microrganismos, a extração ou diálise e a purificação. As etapas de extração e purificação são
críticas, pois requer uma grande quantidade de solvente apropriado para recuperação dos
analitos (Figura 8). Os analitos que podem ser determinados pelo amostrador passivo são:
compostos hidrofílicos apolares (KOT et al. 2000; NAMIÉSNIK et al. 2004; PARREIRA et
al. 2004; OUYANG e PAWLISZYN, 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).
51

Figura 8: Dispositivo com membrana semipermeável


Fonte: Kot et al. (2000).

2. Amostrador com extração e concentração in situ PISCES (do inglês Passive in situ
concentration/extraction samplers). Foi primeiramente citado por Litten et al. (1993) é
preenchido com 200 mL de hexano, lacrado e suspenso na coluna d´água com duas
membranas imersas para maximizar as taxas de amostragem. A amostragem ocorre por
difusão molecular de contaminantes orgânicos dentro do solvente coletor, os quais passam
direto da água através das membranas. Em 1995 foi utilizado isooctano ao invés de hexano
para analisar pesticidas clorados em estuários e rios por um período de 3 semanas. Um
exemplo de PISCES é mostrado na Figura 9. Os compostos hidrofílicos apolares são os
analitos que são determinados por este tipo de dispositivo (KOT et al. 2000; NAMIÉSNIK et
al. 2004; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 9: Amostrador passivo tipo PISCES


Fonte: Kot et al. (2000).
52

3. Amostrador passivo preenchido com sorvente: Desenvolvido por Di Ginao et al. (1998)
esse amostrador é preenchido com carvão ativado como adsorvente. O dispositivo é
geralmente composto por dois discos de plástico acrílico, cujo caminho de difusão consiste de
72 orifícios, cada um com 1 mm de diâmetro e 1 cm de comprimento, agrupados no centro do
disco superior. O disco inferior contém uma seção que suporta o sorvente (1,5 g de carvão
ativo granular – 30 – 40 mesh). A janela de separação é colocada entre os dois discos para
impedir que o sorvente caia para fora dos orifícios de difusão. Esse tipo de dosímetro é
normalmente exposto por 5 – 50 dias. Depois da exposição o extrato é analisado para
determinação da concentração do analito, como apresentado na Figura 10. Os compostos
orgânicos de uma forma geral podem ser analisados por este tipo de amostrador (KOT et al.
2000; NAMIÉSNIK et al. 2004; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 10: Amostrador passivo preenchido com sorvente


Fonte: Namiésnik et al. 2004

4. Amostrador Integrativo de Compostos Orgânicos Polares POCIS (do inglês Polar Organic
Chemical Integrative). Foi desenvolvido em 1999 e é constituído de dois discos de membrana
hidrofílica que atuam como semipermeáveis, permitindo que os produtos químicos de interesse
atravessem para o absorvente e as partículas em suspensão sejam excluídas. O amostrador é
versátil, composto de uma fase sólida (sorvente ou mistura de sorventes) que pode ser alterado
para analisar produtos químicos específicos. O POCIS foi projetado para simular a exposição
53

respiratória de organismos aquáticos, para que assim não seja necessário utilizar animais em
testes. Ele é um dispositivo abiótico que permite a biodisponibilidade de produtos químicos
hidrofílicos. A configuração do dispositivo consiste de duas anilhas rígidas (3,3 cm D.I., 7,0
cm D.E e 0,3 cm de espessura). Os materiais mais comuns para a construção das anilhas são:
alumínio, teflon e aço inoxidável. Com três parafusos de tamanho 10-32 e 1,9 cm de
comprimento, dimensões estas adequadas para permitir o uso de discos e membranas
comercialmente disponíveis (47 mm). O diâmetro interno das anilhas prevê superfície máxima
de exposição e mantendo ainda sobreposição suficiente para garantir uma boa vedação. Os
parafusos e as porcas foram selecionados para permitir fácil montagem e desmontagem do
dispositivo. Na Figura 11 estão ilustrados os detalhes dos componentes do POCIS, onde
percebe-se grande simplicidade na construção deste tipo de dispositivo. Segundo os autores,
dispositivos maiores podem ser construídos para aumentar a área de amostragem. Aumentando
as anilhas (5,1 cm D.I.; 8,9 cm D.E.) e combinando-se com as membranas de discos maiores
pode-se aumentar a eficácia de amostragem na superfície (em aproximadamente 41 cm2) do
dispositivo. É um dos dispositivos mais utilizados na atualidade, como apresentado na Figura
11. Atualmente, duas configurações de POCIS estão disponíveis: a configuração genérica (ou
pesticidas) na qual contém uma mistura de três sorventes e, a farmacêutica, configuração com
um sorvente único. Os compostos orgânicos polares, tais como pesticidas, produtos
farmacêuticos podem ser analisados por este dispositivo (ALVAREZ et al. 2004; ALVAREZ
et al., 2005; KOT et al. 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 11: Desenho do amostrador passivo POCIS


Fonte: Alvarez et al., 2004
54

5. Chemcatcher (do inglês Passive Sampler using Empore disk). Foi desenvolvido por
Kingston et al. (2000), o sistema Chemcatcher usa uma membrana de difusão limitante, que
podem ser de polietileno de baixa densidade (LDPE) ou então de polietersulfona (PES). A
fase receptora neste amostrador é tipicamente um disco Empore C18, mas que pode ser
substituído por outro tipo de sorvente, a exemplo do estirenodivilbenzeno (SDB). O corpo do
amostrador originalmente foi feito de teflon, mas também já foi fabricado de polipropileno e
policarbonato. A membrana e a fase sólida são colocadas num plástico inerte. O amostrador é
baseado na difusão de compostos alvos através de uma membrana e a subseqüente
acumulação destes poluentes no adsorvente na fase receptora. O número de desenhos do
amostrador está sendo pesquisado com diferentes combinações de fases sólidas e das
membranas de difusão, tornando assim bastante prático seu uso. De uma forma geral os
compostos orgânicos podem ser analisados pelo amostrador passivo. Assim como o POCIS,
esse dispositivo também está sendo muito utilizado, um exemplo encontra-se na Figura 12
(KOT, et al., 2007; VRANA et al., 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 12: Amostrador passivo tipo Chemcatcher


Fonte: Fonte: KOT, A. et al., 2007

6. Amostrador com membrana incluída em revestimento de sorção MESCO (do inglês


Membrane-enclosed sorptive coating). Foi desenvolvido em 2001, o amostrador consiste de
uma fase sólida receptora hidrofóbica SBSE – do inglês Stir-bar sorptive extraction (Extração
por Barras Sortivas) envolta por membrana semipermeável hidrofílica. Os elementos da
estrutura: barra coberta com leve camada de [poli(dimetil siloxano)] (PDMS) do inglês
polydimethysiloxane, membrana de bolsa de diálise feita de celulose regenerada ou membrana
de polietileno de baixa densidade (LDPE), e 3 mL de água destilada. A seletividade da técnica
de extração do MESCO é baseada em dois modos: (1) as moléculas dissolvidas separam-se
das coloidais durante difusão pela membrana de diálise, (2) os analitos hidrofóbicos são
extraídos seletivamente para o interior da solução aquosa pela camada de sorvente PDMS,
55

como apresentado na Figura 13. Para este amostrador podem ser analisados: HPAs
(hidrocarbonetos poliaromáticos), BPCs (bifenilos policlorados) e pesticidas organoclorados
(KOT et al. 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 13: Amostrador passivo tipo MESCO


Fonte: KOT et al. 2007.

7. Dosímetro cerâmico: o amostrador é feito de uma membrana cerâmica (camada externa) e


material adsorvente. A membrana cerâmica pode ser personalizada para ter diferentes
tamanhos de poros. O tubo de cerâmica é uma barreira limitante de difusão, incluindo o
preenchimento da fase que consiste de esferas de sorvente sólido. A acumulação dos
contaminantes é realizada por difusão do contato da água através da membrana no adsorvente.
Eles acumulam com o tempo, dependendo do gradiente de concentração e do coeficiente
efetivo de transferência de massa na membrana como mostrado na Figura 14. Após a
amostragem, o material adsorvente é removido do dosímetro cerâmico e extrai-se com o
solvente adequado. Compostos orgânicos e inorgânicos podem ser determinados por este tipo
de amostrador (KOT, et al. 2007; SEETHPATHY e GÓRECKI, 2008).

Figura 14: Dosímetro cerâmico


Fonte: KOT et al., 2007
56

2.8.3 Calibração dos amostradores passivos

Segundo Ouyang e Pawlinszyn (2007) os resultados analíticos para os dispositivos de


amostragem passiva requerem uma apropriada calibração. O método de calibração é a base
para a concepção e quantificação de dispositivos de amostragem passiva. Atualmente existem
alguns métodos de calibração para a amostragem passiva, incluindo o regime linear, que é a
calibração baseada na captação linear e o regime de equilíbrio, a calibração baseada no
equilíbrio de extração. A Figura 15 ilustra o perfil do processo de extração envolvendo as dois
métodos de calibração mais utilizados nos amostradores passivos.

Figura 15: Perfil de extração típica de dispositivo de amostragem passiva


Fonte: Adaptada de Ouyand e Pawliszyn, 2007.

2.8.3.1 Calibração baseada no equilíbrio de extração

O método de calibração baseado no equilíbrio de extração é amplamente utilizado para


calibração no local de amostragem. Usando este método, o amostrador deve ser implantado
em longo tempo de exposição para permitir o equilíbrio termodinâmico entre a água e a fase
receptora. Para amostragem de campo, quando a extração do analito na água atinge o
equilíbrio, a concentração inicial dos analitos pode ser calculada com a Equação (02)
(OUYANG e PAWLINSZIN, 2007; VRANA et al. 2005).
57

Ce n
Cs  
Kes KesVe (02)

Cs é a concentração dos analitos na amostra;


Ce é a concentração dos analitos na fase receptora/extração;
n é a quantidade extraída do analito;
Ve é o volume da fase de extração;
Kes é o coeficiente de distribuição dos analitos entre a fase receptora/extração e a amostra.

O dispositivo de amostragem pode ser exposto diretamente à matriz da amostra,


evitando assim a necessidade de transporte volumoso e/ou pesadas amostras para o
laboratório. Calibração baseada no equilíbrio de extração só exige que o coeficiente de
distribuição, Kes, seja conhecido. Dispositivos de amostragem passiva que fornecem tempo
rápido de equilíbrio, podem usar este método de calibração (OUYANG e PAWLINSZIN,
2007).

2.8.3.2 Calibração baseada na captação linear

Segundo Ouyang e Pawlinszin (2007) para os amostradores passivos que trabalham no


regime linear, ou seja, supõe-se que a taxa de transferência de massa ou taxa de amostragem
permaneça constante durante todo o período de amostragem, bem como a relação entre Cs, e
n, pode ser expressa pela Equação (03).

nt
Cs  (03)
Rs

Onde Rs é a taxa de amostragem do amostrador para o analito (cm3 min-1), ou seja o volume
de água equivalente extraído por unidade de tempo;
n é a quantidade de analito extraída
t é o tempo de amostragem.
58

Ainda segundo Ouyang e Pawlinszin (2007) para dispositivos com uma geometria
bem definida a temperatura constante, a taxa de amostragem pode ser expressa com a
Equação (04):

D A
Rs  (04)
L

Onde D é o coeficiente de difusão molecular do analito na água;


A é a área transversal de difusão;
L é o espessura da camada de difusão.

Então, a concentração dos analitos pode ser calculada com o valor de D e os valores
conhecidos de A e L. Os coeficientes de difusão dos analitos na água D w podem ser
encontrados na literatura ou calculados com uma Equação (05), que é um modelo empírico:

1,326  10 6
Dw  (05)
w1,14  V 0,
589

Onde ηw é a viscosidade cinemática da água a temperatura de interesse (10-2g cm-1 s-1);


V é o volume molar do analito.

Segundo Alvarez et al. (2000) citado em Hernando et al. (2005) as Rs quando


determinadas em laboratório são expressas pela Equação (06), apresentada a seguir:

M
Rs  (06)
C t

M, é a massa de analito acumulada na membrana;


C, é a concentração média na água durante a medida;
t, tempo de amostragem.

Para Vrana et al. (2006) Rs é característica para um analito individual de interesse e


pode também ser estimada usando a Equação (07).
59

Rs  Ko  A  Ke  KDW  VD (07)

Ko é o coeficiente global de transferência de massa;


A é a área superficial da membrana;
Ke constante global de velocidade de troca;
KDW coeficiente de partição entre a água e a fase extratora;
VD volume da fase extratora.

Segundo Söderström et al. (2008) a Rs pode também ser expressa em L dia-1 e ser
descrita como o volume de água por dia de exposição que um dispositivo possa separar o
analito, ou seja, mede o volume de água que é isenta de analitos por unidade de tempo. E,
segundo Alvarez et al. (2000) citado em Hernando et al. (2005) é um parâmetro que permite
determinar a concentração natural de água a partir da concentração detectada na membrana
(fase receptora) dos dispositivos. Em outros trabalhos, este parâmetro tem a possibilidade de
determinar a concentração na água natural a partir da concentração detectada na membrana
(fase receptora) (HERNDANDO et al., 2005).
Os principais fatores que influenciam a taxa de amostragem são: a configuração do
amostrador; as propriedades moleculares do analito e as condições ambientais (fluxo da água
ou turbulência, temperatura, pH, luz UV, salinidade e biofilme). A captação pelos dispositivos
é geralmente controlada pela camada limite aquosa na interface membrana-água. Assim, o
parâmetro fluxo da água e turbulência em campo podem mudar a espessura desta camada
reduzindo a captação dos analitos. Em relação à temperatura, com o aumento da mesma há um
aumento na solubilidade, esta variável pode mostrar grandes diferenças sazonais e pode
também variar entre os dias dependendo das condições ambientais. Vários compostos têm um
número de grupos funcionais que podem ser ionizados ou neutralizados a depender do pH,
afetando a captação dos compostos. A salinidade influencia, pois com o aumento desta pode
reduzir a solubilidade de muitos compostos na água, e assim aumentar a eficiência de adsorção
na fase receptora. Biofilme (alga e crescimento microbiano) pode ocorrer na superfície da
membrana e impede a transferência de massa na fase receptora. Outra observação importante
também está relacionada com as propriedades dos pesticidas, tais como: volatilidade,
densidade e pressão de vapor (CAL et al. 2008; SEETHAPATHY e GÓRECKI, 2008;
SÖDERSTRÖM et al. 2009).
Para Cal et al. (2008) a taxa de amostragem é, no entanto, independente da
concentração do analito na água, pois para o experimento, com concentração conhecida em
60

água, a taxa de amostragem de cada analito pode ser calculada para diferentes condições
ambientais (temperatura e turbulência). Segundo Seethapathy e Górecki (2008)
independentemente do fato da aplicação do amostrador ser para poluentes na água, no ar ou
no solo, a função da barreira no amostrador passivo é definir a taxa de absorção de uma
substância para o amostrador passivo. No entanto, a camada limite pode também
desempenhar um papel significativo no âmbito de certas condições, especialmente quando o
fluxo de fluido através do amostrador é baixo. Ter um amostrador sob controle da camada
limite aquosa requer a calibração dos dados a várias condições de turbulência do fluxo ou a
utilização de um de composto de referência de desempenho.

2.9 Experimentos de calibração com amostradores passivos

Na seqüência são mostrados experimentos de calibração com tanques de exposição,


diferentes configurações do amostrador, formas de condicionamento de discos, membranas
limitantes de difusão e dados sobre as taxas de amostragem e concentração dos analitos. Serão
considerados os amostradores passivos mais utilizados para determinar pesticidas em água: o
Chemcatcher e o POCIS.

2.9.1 Calibrações do amostrador passivo Chemcatcher

Gunold et al. (2007) utilizaram um sistema de fluxo num recipiente de vidro de 20 L


com um carrossel onde 14 amostradores foram colocados em dois níveis giratórios horizontais
(7 amostradores em cada nível) conforme Figura 16. Ambos os amostradores e o carrossel
foram feitos de teflon. O carrossel é impulsionado por um motor elétrico para facilitar a
dispersão da solução estoque na água com velocidades ajustáveis de rotação (0,135 m s-1 e 0,4
m s-1) simulação caudal da água movendo os amostradores. Utiliza-se água de torneira
simulando a condutividade de corpos d’água superficiais e mantida em cerca de 14ºC por ar
condicionado. As velocidades de fluxo e temperatura corresponderam a média das condições
ambientais de córregos onde o estudo foi aplicado em campo. As concentrações dos pesticidas
no tanque são mantidas constantes com entrada e saída contínua de água, e solução estoque
100 µg L-1 de cada pesticida a ser determinado utilizando uma bomba de alta precisão
61

(5 mL h-1). O monitoramento dessas concentrações era feito com 500 mL de água a cada 72
horas (GUNOLD et al. 2007).

Figura 16: Tanque de exposição e carrossel com os dispositivos passivos usado na calibração
do Chemcatcher.
Fonte: Gunold et al. 2007.

Durante a calibração, dois amostradores são removidos a cada dois dias (um de cada
andar do carrossel) e substituídos por corpos vazios de amostrador Chemcatcher para manter
as condições hidrodinâmicas constantes. Antes do início de uma nova experiência, o tanque, o
carrossel e os dispositivos são lavados com etanol para remover o biofilme formado nas
paredes (GUNOLD et al. 2007).
Os amostradores passivos preenchidos com disco SDB-XC Empore (47 mm de
diâmetro; 15,9 cm2 de área superficial) como fase receptora não utilizavam membrana
limitante de difusão, sendo o lado aberto do amostrador selado com uma malha de Cu
(abertura da malha 5 mm), para evitar danos mecânicos e reprimir o biofilme. O disco Empore
é condicionado com 10 mL de acetona, 10 mL de 2-propanol e 10 mL de metanol. Após,
lavado com 20 mL de água utrapura, 100 mL de solução aquosa de compostos de referência
1µg L-1 (pirimicarb-D6 e clorfenvinfos-D10) é passada através do disco. Os discos são
colocados nos amostradores Chemcatcher, os quais são posteriormente preenchidos com água
62

de torneira, fechados e armazenados até exposição no tanque de exposição a 4ºC (< 72 horas).
Após a exposição no tanque, os discos são retirados, secos sob vácuo durante cerca de 15 min
e posteriormente eluídos duas vezes com 10 mL acetonitrila/metanol (1:1). O eluído é
evaporado num frasco de evaporação de 200 mL e dissolvido com 300 µL de acetonitrila.
Antes da análise, 5 µL de trifenil fosfato é adicionado como padrão interno e analisado por
GC/MS (GUNOLD et al. 2007).
Conforme a Tabela 4 as taxas de amostragem obtidas variaram de 0,13 a 0,44 L dia-1 e
0,13 a 0,38 L dia-1, as concentrações médias ao longo do tempo variaram de 55,4 a
147,7 ng L-1 e 63,9 a 167,8 ng.L-1, para V = 0,135 m s-1 e para V = 0,4 m s-1, respectivamente.
(GUNOLD et al. 2007).

Tabela 4: Taxas de amostragens e concentrações médias ao longo do tempo dos pesticidas


considerados no experimento em fluxo-contínuo
V = 0,135 m/sb V = 0,4 m/sb
PESTICIDA
Rsc (L/dia) CVa(%) Cwd (ng/L) CVa(%) Rsc(L/dia) CVa(%) Cwd (ng/L) CVa(%)
Acetoclor 0,35 10,3 84,6 7,6 0,34 15,5 91,2 18,7
Alaclor 0,32 16,5 55,4 15,8 0,31 11,7 63,9 17,8
Atrazina 0,28 10 108,3 8,2 0,22 10 127,6 24
Carbofurano 0,13 14,8 147,7 7,1 0,14 23,3 167,8 22
Clorfenvinfos 0,35 15,7 91,6 12,4 0,34 14,1 121,2 18,5
α-Endosulfan 0,42 16,6 80,9 14,2 0,38 10,8 101,6 11,6
Fenpropidin 0,3 19 80,3 16,5 0,27 17,8 93,5 19,3
Hexazinone 0,26 24,2 73,3 20,3 0,21 15,9 114 24,5
Linuron 0,12 21,5 79,3 18,8 0,13 17,8 13,.9 19,3
Oxadiazon 0,44 22,6 75,7 20,6 0,34 12,2 100,4 18,6
Pirimicarb 0,38 20 88,6 18,7 0,29 11,4 101,8 21,9
Tebuconazole 0,19 30,1 115,4 23,6 0,24 12,4 138,6 18,9
a b c
Coeficiente de variação Velocidade de fluxo Taxa de amostragem
d
Concentração média dos analitos ao longo do tempo
Fonte: Gunold et al. 2007

Para o período de 14 dias de implantação em campo do amostrador Chemcatcher, as


velocidades de fluxo variaram de 0,135 e 0,4 m s-1, assim, não irá afetar as taxas de
amostragem, pois estas foram bastante semelhantes. O amostrador passivo Chemcatcher com
disco Empore SDB-XC como fase receptora é adequado para o uso em monitoramento da
água para os 12 pesticidas estudados onde foram obtidas as taxas de amostragem para serem
utilizadas em estudos futuros (GUNOLD et al. 2007).
Vrana et al. (2006) já havia utilizado o mesmo tipo de tanque utilizado por Gunold et
al. (2007), para calibração a 2 L h-1, permitindo uma completa renovação da água a cada 10 h.
A agitação foi a 30 rpm e os produtos químicos testes foram dissolvidos em metanol
(30 µg L-1), bem como adequada quantidade de solução estoque (100 µL min-1) foram
colocados no tanque utilizando uma segunda bomba peristáltica. A concentração para cada
63

analito (100 ng L-1) foi mantida durante todo o experimento. Duplicatas de amostras de água
(500 mL) a partir da saída do tanque foram tomadas para análise. A exposição durou 14 dias,
durante os quais os amostradores foram removidos em intervalos fixos, desmontados e
analisados. A análise instrumental foi feita por GC/MS.
A configuração do Chemcatcher neste segundo experimento foi a seguinte: discos
Empore C18 (47 mm de diâmetro) foram utilizados como fase receptora, condicionados por
imersão em metanol por 20 min até se tornarem translúcidos e, em seguida, armazenados em
metanol. Os dispositivos foram preenchidos com n-octanol (450 µL, adicionado ao espaço
intersticial entre a fase receptora adsorvente e a membrana limitante de difusão), um solvente
com alta permeabilidade (solubilidade x difusividade) para os analitos e preenchido com
membrana de difusão de polietileno de baixa densidade LDPE (40 mm de espessura) que
foram calibrados para a medição da concentração média ao longo do tempo para análise de
pesticidas organoclorados (lindano, endossulfan, pentaclorobenzeno, dieldrin e
hexaclorobenzeno). Os amostradores foram selados por meio de uma tampa para armazenagem
antes da sua utilização (VRANA et al. 2006).
Três amostradores foram analisados antes da exposição para determinar níveis iniciais
de PRCs (Compostos de referência de desempenho) e analitos no amostrador. Para os PRCs,
os discos foram preparados com 10 mL de metanol que foi passado lentamente, seguido por
20 mL de água destilada ultrapura. Solução aquosa (500 mL) de PRCs, contendo 5 µg L-1 de
cada um dos seguintes produtos: D10-bifenil, D10-acenafteno, D10-fenantreno, D10-pireno e D12-
benzo[a]antraceno foi adicionada no disco. Foi aplicado vácuo durante 30 min para assegurar
que o disco estava completamente seco. O disco Empore foi então colocado no suporte do
dispositivo, onde 1 mL de solução de n-octanol em acetona (45% v/v) foi aplicada. Foi
utilizado exaustor por 10 min para evaporar a acetona. A membrana de LDPE (polietileno de
baixa densidade) condicionada com n-hexano durante 24 h foi posta no amostrador,
removendo as possíveis bolhas de ar formadas. Os compostos foram extraídos dos discos
Empore em banho ultra-som (5 min) usando acetona (5 mL) seguidos de mais 5 min em 50:50
(v/v) de acetato de etila: 2,2,4-trimetilpentano (5 mL) (VRANA et al. 2006).
Na Figura 17 encontram-se as taxas de captação dos analitos obtidas. A relação entre as
taxas de amostragem e a temperatura foram comparadas a 6º C, 11º C e 18º C, onde é
percebido o aumento na captação de todos os analitos estudados com o aumento da
temperatura. O mesmo aconteceu com o aumento da velocidade de fluxo (VRANA et al.
2006).
64

Assim, o estudo forneceu uma base de dados de calibração necessária para a


amostragem integrativa confiável de micropoluentes hidrofóbicos, como os hidrocarbonetos
aromáticos e pesticidas organoclorados em água (VRANA et al. 2006).

Figura 17: Efeito hidrodinâmico das taxas de amostragem dos analitos em função de
velocidades de rotação do carrossel (0,40 e 70 rpm)
Fonte: Vrana et al. 2006.

Um tanque de 25,0 L de aço inoxidável foi construído para calibração do amostrador


passivo Chemcatcher (Figura 18) continha os analitos: o,p’-DDE; p,p’-DDE; o,p’-DDD;
p,p’-DDD; o,p’-DDT; p,p’-DDT entre outros. Foram mantidas constantes: a temperatura e
turbulência da água e a concentração dos analitos. Água destilada e uma solução dos analitos
em metanol (50 µL) foram introduzidas continuamente no tanque por meio de tubos e duas
bombas peristálticas trabalhando em velocidades altas o suficiente para compensar as perdas
devido à acumulação nos discos e manter a concentração dos analitos constante (33 mL min-1 e
100µL min-1 respectivamente). Um agitador suspenso foi utilizado em 20 rpm para misturar
continuamente a água no reservatório e controlar a turbulência onde os amostradores estavam
expostos. A temperatura da água foi mantida constante através da utilização simultânea de uma
unidade de refrigeração e um termostato no tanque. Foram expostos 14 amostradores no
sistema de fluxo contínuo a 11oC durante 14 dias. Dois amostradores foram retirados a cada
48h para a verificar as concentrações dos pesticidas. Amostras de água em duplicata do
reservatório de saída foram tomadas diariamente para confirmar a concentração em cada
amostrador que foi exposto (CAL et al. 2008).
65

Figura 18: Desenho esquemático do sistema de exposição de amostradores passivos em


laboratório
Fonte: Cal et al. 2008

Ainda segundo Cal et al. (2008) a configuração geral do Chemcatcher foi da seguinte
forma: membrana de difusão (polietileno de baixa densidade LDPE e polietersulfona PES de
47 mm) e como fase receptora foram utilizados discos (C18 de 47 mm). O condicionamento
dos 10 discos foi o seguinte: todos foram imersos em metanol, até que eles ficassem
translúcidos, passagem de 10 mL de metanol, seguida por 20 mL de água ultrapura. O
tratamento dos discos foi de duas maneiras: Seis discos foram diretamente saturados com
água e quatro foram completamente secos sob vácuo durante 30min e, depois impregnados
com n-octanol. Dois dos seis discos saturados com água foram utilizados sem membrana.
Dois discos saturados com octanol e dois saturados com água foram cobertos com uma
membrana de PES e os discos restantes de cada tipo foram cobertos com membrana LDPE.
Em ambos os casos, a membrana de difusão foi colocada com cuidado em cima do disco C18,
evitando a formação de bolhas e os mesmos foram fixados com o apoio de disco do
amostrador. Após exposição, os amostradores foram desmontados, a membrana de difusão
removida e os discos C18 analisados por GC/MS.
A análise dos compostos acumulados na fase receptora foi feita por extração por
solvente por ultra-som e consistiu de duas extrações de 5 min: primeiro com 10 mL de
acetona e, depois com 10 mL de uma mistura de acetona:hexano (1:1 v/v). Os extratos foram
combinados, passaram diretamente por um cartucho de Na2SO4 e concentrados sob fluxo de
N2 até somente o octanol permanecer no vial. No caso dos discos saturados com água os
extratos foram concentrados até incipiente secura e redissolvidos com 225 µL de isooctano.
Depois de adicionar o padrão interno (25 µL de uma solução em octanol ou isooctano de C-p-
66

p’-DDT em 0,4 ng µL-1). Os extratos foram analisados por GC/MS utilizando coluna capilar
do tipo DB-5 (5% fenil metil siloxano) (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm). A captação foi linear, as
taxas de captação para cada composto variaram de 0,001 a 0,005 L dia-1 (medidas no
laboratório) e 0,002 a 0,282 L dia-1 (calculadas segundo modelo teórico desenvolvido por
Vrana et al. 2006) e concentrações de 1063 a 8440 pg L-1 as quais são mostradas na Tabela 5
(CAL et al. 2008).

Tabela 5: Taxas de captação (L.dia-1) e concentrações (pg.L-1) estimadas no estudo


PESTICIDAS Rs (L dia -1) a Rs (L dia -1) b C (pg L-1)
o,p´-DDE 0,002 0,003 1063
p,p´-DDE 0,001 0,002 2773
o,p´-DDD 0,003 0,007 1800
p,p´-DDD + o,p´-DDT 0,005 0,013 1333
p,p´-DDT 0,001 0,004 8440
a
Medidas no laboratório
b
Valores usando modelo teórico
Fonte: Cal et al. 2008

A calibração feita por Cal et al. (2008) com o dispositivo de amostragem passiva
Chemcatcher, foi avaliada pela primeira vez para poluentes altamente hidrofóbicos como
DDE, DDD, DDT e seus metabólitos. A Figura 19 mostra as curvas de captação (massa
acumulada de analitos em relação ao tempo de exposição) para os pesticidas estudados que
variaram de 0,76 a 0,81, aproximadamente linear. Preliminarmente, as taxas de amostragem
Rs foram estimadas a partir da divisão da inclinação das curvas de concentração de cada
composto na água. As taxas de amostragem calculadas presumem a viabilidade da
configuração avaliada do Chemcatcher para o monitoramento destes compostos em corpos
hídricos ambientais. Esta possibilidade significa uma melhoria sobre a avaliação tradicional
de poluição da água, tanto nas análises e na biomonitorização. Com base nestes resultados
preliminares, experiências futuras que envolvam a calibração do sistema de água a diferentes
temperaturas e turbulências serão necessários para o cálculo da concentração média ao longo
do tempo dos poluentes em água, a partir do quantidade de compostos acumulados no
amostrador. Neste trabalho não foi utilizada turbulência e por isso pode-se esperar taxas Rs
mais elevadas em sistemas como rios.
67

Figura 19: Curvas de captção obtidas para os compostos em estudo


Fonte: Cal et al. 2008.

Kingston et al. (2000) fizeram calibrações em laboratório e implantação do amostrador


passivo Chemcatcher em campo. Como compostos analisados foram: os herbicidas (atrazina e
diuron), o organoclorado (dieldrin) e as bifenilas PCB 52 e PCB 153. Utilizaram dois tipos de
configurações para o Chemcatcher: como fase receptora disco Empore C 18 (47 mm), como
membranas limitantes de difusão para analitos polares (membrana de polisulfona – PS) e para
analitos apolares (membrana de polietilelno de baixa densidade – LDPE). Os dois sistemas de
membranas completam-se mutuamente e juntos podem ser utilizados para amostragem de
68

uma série de analitos. Os discos Empore C18 foram condicionados por imersão em metanol
por 10 – 20 min até translúcido e, em seguida, armazenados em metanol até que fossem
utilizados. Antes de serem utilizados eles foram transferidos para uma placa de Petri de vidro
contento água ultrapura por 5 min, fazendo-se em seguida compressão com um tecido limpo e
seco para remover a água. Os discos condicionados foram colocados sobre o suporte de disco
do dispositivo com a membrana limitante de difusão, com o cuidado para não formar bolhas
de ar. Para impedir a secagem dos discos, os dispositivos foram preenchidos com 10 mL de
água e selados, utilizando a tampa rosqueada do amostrador.
Foi construído um tanque de exposição para implantação no laboratório que tinha um
volume fixo de 19,5 L de água destilada, em sistema de escoamento de fluxo em contínua
agitação (com agitador de vidro) tendo sido analisadas três diferentes velocidades de agitação
da água (75, 140 e 250 rpm), à temperatura ambiente. Água destilada e solução de analitos em
100 ng mL-1 em metanol que foram bombeados para o tanque de exposição por duas bombas
peristálticas com taxas controladas cerca de 30 e 0,3 mL min-1, respectivamente. Durante cada
experimento, a taxa de adição da solução de analitos e água para o sistema foi feita através de
fluxo ajustado de escoamento para manter constante a concentração dos analitos do tanque, a
qual era verificada diariamente pela análise das amostras de água (100,0 mL), tomada ao
longo do fluxo, utilizando LLE (KINGSTON et al. 2000).
Os dispositivos foram suspensos no tanque de exposição por períodos fixos dentro de
condições controladas de concentração de analitos, temperatura e velocidade de agitação.
Após exposição, os dispositivos foram removidos e desmontados, e os discos Empore C18
foram levados para extração e após que foram medidas as concentrações dos analitos. Todos
os compostos foram extraídos a partir dos discos em banho ultra-som por 5 min utilizando
acetona (5,0 mL), seguido por mais 5 min em solução de acetato: 2,2,4-trimetilpentano
(10,0 mL). Os extratos foram reduzidos para 1,0 mL sob N2 e transferidos para frascos
(2,0 mL) para análise em GC/MS. Em cada caso, captação linear cinética foi mantida sob
condições constantes, para a implantação dos períodos entre 1 e 9 dias (KINGSTON et al.
2000).
Os dados de acumulação dos analitos estão ilustrados conforme Figura 20, onde o
Chemcatcher foi preenchido com disco Empore C18 como fase receptora, como membranas
polisulfona e polietileno de baixa densidade. As condições de exposição: 72 h e as
concentrações fixa dos analitos a 11º C. Em relação aos efeitos da temperatura e turbulência
da água foi verificado que um aumento em ambas as variáveis levou a um aumento na taxa de
amostragem (KINGSTON et al. 2000).
69

Figura 20: Média (n = 3) de acumulação dos analitos orgânicos no sistema de amostragem


passiva em três diferentes níveis de agitação (70, 140 e 250 rpm).
Fonte: Kingston et al. 2000.

A implantação do amostrador em campo foi feita em dois sítios experimentais


marinhos no Reino Unido para análise de pesticidas. Um fio de nylon foi utilizado para
suspender os amostradores em uma orientação vertical e uma profundidade de 10 – 20 cm,
com as membranas viradas para baixo para minimizar a sedimentação de lodo na sua
superfície, pois após cada período de implantação os dispositivos ficam cobertos de uma
camada de lodo. Os amostradores permaneceram no local durante uma semana, depois dos
quais três amostradores de cada local foram retirados para análise. O desempenho do sistema
foi investigado por meio de exposições por uma ou mais duas semanas nos ambientes
marinhos, onde os amostradores foram utilizados para determinar a concentração média
ponderada pelo tempo. Os resultados quantitativos obtidos usando o amostrador passivo
foram comparados com aqueles obtidos utilizando amostragem spot (amostragem no local).
Assim, no levantamento de campo dois herbicidas (diuron e irgarol 1051) que são utilizados
como biocidas em tintas anti-incrustantes estavam entre os principais poluentes orgânicos
encontrados nas amostras spot. Esses compostos foram portanto, selecionados para utilização
na avaliação preliminar do desempenho dos amostradores em campo e como estes compostos
70

são relativamente polares, os amostradores foram preenchidos com membrana PES, conforme
Figura 21. A temperatura média foi 11,5ºC, dez amostras foram tomadas em local adjacente
onde os dispositivos foram implantados. Os dois biocidas foram encontrados em todas as
amostras coletadas no local durante a amostragem passiva (KINGSTON et al. 2000).

Figura 21: Concentração média ao longo do tempo de analitos orgânicos em dois sítios
marinhos.
Fonte: Kingston et al. (2000).

As massas (ng) de diuron e irgarol 1051 acumuladas na fase receptora dos três
amostradores passivos implantados por uma ou duas semanas nos dois sitos marinhos
variaram de 22,0 a 1336,1 e 4,3 a 216, 8; respectivamente (KINGSTON et al. 2000).
Schäfer et al. (2008) investigaram o desempenho do Chemcatcher utilizado para
monitorar dez pesticidas polares e semi-polares (acetoclor, alaclor, carbofurano,
clorfenvinfós, α-endossulfan, fenpropidin, linuron, oxadiazon, pirimicarb e tebuconazole) em
dezesseis riachos da Europa Central. O dispositivo foi equipado com discos SDB-XC, com
fase receptora (47 mm de diâmetro, 15,9 cm2 de área superficial) contendo poliestireno-
divinilbenzeno (PS-DVB) como sorvente. Antes de serem utilizados os discos SDB-XS foram
condicionados com: 10 mL de acetona, 10 mL de 2-propanol e 10 mL de metanol. Os discos
71

foram condicionados e colocados no corpo dos dispositivos, que foi subseqüentemente


preenchido com água purificada e guardados à temperatura de 4ºC na ausência de luz até o
momento de exposição (< 48 h). Para obter uma resposta rápida para as mudanças de
concentração, não foram utilizadas membranas de difusão. Brancos foram armazenados e não-
expostos ao longo de todo o período estudado, por uma semana, antes de um período esperado
de intensas chuvas, de acordo com as previsões meteorológicas locais. Os dosímetros foram
fixados em barras de aço de aproximadamente 15 cm abaixo das águas superficiais. Os lados
do Chemcatcher foram selados com uma malha de Cu (malhagem 5 mm) para impedir danos
mecânicos e reprimir a ação de microrganismos formando uma camada de biofilme. Os
amostradores foram direcionados para o fundo do córrego. Quatro locais foram equipados em
duplicata e um em triplicata para avaliar a variabilidade da captação do pesticida. Um branco
em campo foi exposto ao ar durante a implantação e recuperação de amostradores para ter em
conta o potencial aerotransportado de poluição.
Ainda segundo Schäfer et al. (2008) após a exposição, os amostradores foram
preenchidos com fluxo de água do respectivo local, fechados e guardados a tempertura de 4ºC
na ausência de luz. No laboratório, os discos SDB-XC Empore foram cuidadosamente
retirados do corpo do amostrador, secos usando vácuo durante cerca de 15 min,
posteriormente eluídos duas vezes com 10 mL de acetonitrila/metanol. O eluído foi
lentamente evaporado à secura sob N2 à 30º C e redissolvido com 200 µL de acetonitrila.
Antes das análises, 5 µL de trifenil fosfato foi adicionado como padrão interno (PI). Os
compostos selecionados foram quantificados utilizando GC/MS. O limite de quantificação
(LQ) do GC-MS foi 125 pg mL-1 para todos os compostos. Para o cálculo das taxas de
amostragens de cada composto, que são expressas em volume equivalente de amostra de água
por dia foram previamente determinadas em laboratório com experimento através de fluxo
sendo encontrada a faixa de 0,1 a 0,5 L dia-1 segundo Gunold et al. (2007).
Além disso, o estudo demonstrou que a calibração do Chemcatcher permaneceu no
regime de captação linear integradora até 14 dias. Dos 16 sítios amostrados, 7 dos 10
pesticidas foram encontrados no amostrador. Ambos os herbicidas cloroacetamidas (acetoclor
e alaclor) foram detectados mais freqüentemente acima do LQ, tendo as concentrações médias
ao longo do tempo mais elevadas, chegando a um máximo de 1 µg L-1. Os pesticidas
tebuconazole e pirimicarb foram encontrados apenas ocasionalmente e tiveram as menores
concentrações médias ao longo do tempo (SCHÄFER et al. 2008).
Um resumo geral sobre calibraçõres realizadas com o amostrador passivo
Chemcatcher encontradas na literatura estão reunidas na Tabela 6.
72

Tabela 6: Resumo de experimentos de calibração com o amostrador passivo Chemcatcher


Tempo de Taxas de
Fase receptora exposição Analitos amostragem (L Análise Ref.
(dias) dia-1) instrumental

Simazina, atraton, Com agitação


atrazina, simetrina, (0,04 a 0,19) Nyoni et al.
Disco C18 3, 5 e 7 prometon, propazina, HPLC-UV (2011)
ametrina, terbutilazina, Sem agitação
prometrina e terbutrina (0,03 a 0,13)

Dimetilftalato, tebutioron, Com membrana


hexazinona, simazina, (0,10 a 0,12)
SDB-RPS 10 a 30 atrazina, diuron, ametrina, HPLC-MS/MS Shaw et al.
metolacloro, fipronil e Sem membrana (2009)
clorpirifós (0,22 a 0,67)

Com membrana
Tebutiuron, hexazinone, (0,10 a 0,14)
SDB-RPS 5 simazina, atrazina, diuron HPLC-MS/MS Shaw et al.
e ametrina Sem membrana (2010)
(0,22 a 0,67)

SDB-XC
SDB-XC Atrazina, carbendazim, (0,08 a 1,12)
diazinon, irgarol,
SDB-RPS 3 a 24 isoprotutron, mecoprop, SDB-RPS HPLC-MS/MS Vermeirssen et
sulfametoxazole, terbutrin (0,09 a 1,01) al. (2009)
RPS-PES e terbutilazina
RPS-PES
(0,03 a 0,13)

Ametrina, atrazina, Sem membrana


bromacil, diuron, (0,36 a 0,44) GC/MS Pag et al.
SDB-RPD* 7 a 28 fluometuron, hexazinona, (2010)
metolacloro, prometrina, Com membrana
simazina, tebutiuron (0,08 a 0,14)

*SDB - Estirenodivilbenzeno
**SDB-RPS – Estirenodivilbenzeno-sulfonada
***SDB-RPD – Estirenodinvilbenzeno-sulfonada

2.9.2 Calibrações do amostrador passivo POCIS

Um dispositivo POCIS foi utilizado por Alvarez et al. (2004) para análises de
pesticidas como: atrazina, diazinon e diuron onde foram utilizadas membranas poliméricas
disponíveis comercialmente como: polietileno de baixa densidade (LDPE), polietersulfona
(PES), copolímero acrílico, celulose regenerada, polifluoreto de vinilideno (PVDF),
polipropileno hidrofílico e nylon. A membrana microporosa do POCIS atua como uma
barreira entre o adsorvente e o meio ambiente, permitindo assim a passagem dos analitos,
73

enquanto que as partículas em suspensão, colóides e biota (incluindo microrganismos) são


excluídas seletivamente. Na Tabela 7 encontra-se uma comparação do uso do amostrador
passivo POCIS com diferentes tipos de membranas, onde se pode ver que com as membranas
de copolímero acrílico, celulose, PVDF e polietileno não foi coletado o pesticida atrazina,
mas sim com as demais (ALVAREZ et al. 2004).

Tabela 7: Comparação de captação de analitos no amostrador passivo POCIS com diferentes


composições de membranas

Composição da membrana Diazinon Etinilestradiol Atrazina


% de captação % de captação % de captação
(SDa) (SD) (SD)
Polietersulfona 36 (2,7) 41 (6,87) 27 (6,9)
Copolímero acrílico 19 (5,3) 20 (3,8) NDb
Celulose 20 (3,8) 27 (9,1) ND
PVDFc 24 (7,8) 7.5 (1,2) ND
Polipropileno hidrofílico 31 (3,7) 40 (4,2) 16 (16)
Nylond 48 (4,3) 28 (6,3) 19 (1,9)
Polietilenod ND 26 (9,3) ND
a
SD = desvio padrão de triplicatas
b
ND = não determinado, os experimentos não foram realizados para este analito
c
PVDF = fluoreto de polivinilideno
d
Nylon e polietileno foram utilizados por um período de uma semana
Fonte: Alvarez et al. 2004

O acúmulo de biofilme sobre a superfície da membrana é outra barreira potencial para


analisar a transferência de massa. A espessura do biofilme irá variar dependendo do tempo de
exposição como também das condições ambientais (ALVAREZ et al. 2004).
Para a fase receptora foram utilizados dois tipos de configurações: uma mistura
trifásica de 200 mg de adsorvente [Isolute ENV +: Ambersorb 1500 disperso em S-X3 (bio-
esferas) (80:20 peso/peso)] e sorvente Oasis HLB um copolímero hidrofílico-lipofílico
equilibrado (N-vinilpirrolidona e divinilbenzeno).O primeiro tipo de configuração
denominada de genérica ou pesticida e o segundo tipo chamada de configuração farmacêutica.
A recuperação dos analitos com a primeira configuração foi feita com 50 mL nas proporções
volumétricas de 1:1:8 (metanol:tolueno:diclorometano) e com a segunda 2 vezes 20 mL de
metanol. Por causa do uso de sorventes poliméricos utilizados nos dispositivos POCIS eles
podem ser armazenados e secos, contrariamente aos sorventes à base de sílica (por exemplo,
C8 e C18), que primeiro devem ser condicionados para permitir a máxima interação com água.
Os eluatos recolhidos foram reduzidos em rotaevaporador e corrente de N2. Nenhum
procedimento de limpeza da amostra foi necessário. Análise instrumental foi feita através de
HPLC-DAD (Cromatografia líquida com detector arranjo de diodo) (ALVAREZ et al. 2004).
74

Alvarez et al. (2004) realizaram calibração para determinar taxas de amostragem em


tanque de exposição com capacidade de 1,0 L de água feito de vidro, contendo 1 POCIS em
cada recipiente, em triplicata. A água foi fortificada com 5 µg de cada analito, adicionando a
quantidade por meio de seringa e misturando cuidadosamente antes de adicionar o POCIS. O
sistema era com e sem agitação onde os melhores resultados de taxas de amostragem foram
para o sistema com agitação, conforme Tabela 8. No sistema com agitação a água era
renovada diariamente à temperatura de 27ºC. No outro sistema sem agitação, todas segundas e
sextas-feiras a temperatura de 23ºC. As renovações continuaram até 56 dias para demonstrar a
absorção contínua ao longo de períodos prolongados para a determinação das taxas de
amostragem dos analitos em 7, 14, 28, e 56 dias. As taxas de amostragem obtidas nos dois
sistemas variaram de 0,005 a 0,21 e 0,030 a 0,121 L dia-1, mostrando que a turbulência na
água foi preponderante para a captação dos analitos no amostrador.

Tabela 8: Determinação experimental de taxas de amostragem (RS) usando amostrador


passivo POCIS sob condições de renovação sem agitação e com agitação.
Analito RS (L dia-1) (sem agitação) RS (L dia-1) (com agitação)
Diuron 0,005 (0,002) 0,045 (0,016)
Isoproturon 0,015 (0,003) 0,086 (0,008)
Azitromicin 0,021 (0,006) 0,120 (0,075)
Fluoxetina 0,012 (0,007) 0,086 (0,023)
Levotiroxina 0,009 (0,008) 0,053 (0,028)
Omeprazole 0,007 (0,004) 0,030 (0,008)
Fonte: Alvarez et al. 2004

Os dados da calibração gerados sob várias condições de fluxo e/ou o uso de


permeabilidade/compostos de referência permitirá estimativa precisas das concentrações de
águas ambientais. Devido à qualidade dos dados obtidos e facilidade de utilização, a técnica
de amostragem passiva utilizando o dispositivo POCIS tem o potencial para se tornar o
padrão para a monitorização global da qualidade da água (ALVAREZ et al. 2004).
Mazella et al. (2007) fizeram a calibração de dispositivos POCIS para os herbicidas:
nicosulfuron, sulcotriona, mesotriona, ioxynil, DIA, DEA, metoxuron, simazina, DET,
IPPMU, DCPMU, atrazina, isoproturon, diuron, terbutilazina, linuron, acetocloro, aclonefen,
trifluralin, pendimetalina em um tanque de exposição de grande volume (80 L) preenchido
com água de torneira (pH 7,3), com temperatura constante de (17 ± 1ºC) para experimentos
em períodos de 5, 10, 15 e 21 dias (Figura 22). Foram adicionados todos os dias do
experimento 2 µM de CuSO4 na água do tanque para reduzir o crescimento de algas e
biofilme e a velocidade de fluxo variou entre 2 e 3 cm s-1.
75

Figura 22: Desenho experimental de tanque de exposição para calibração do amostrador


passivo POCIS
Fonte: Mazella et al. 2007.

Foram utilizadas as duas configurações: a genérica (ou pesticida) e a farmacêutica. Foi


utilizada membrana de difusão PES (polietersulfona). A água de torneira foi enriquecida com
os padrões de 20 herbicidas (1 - 2µg L-1) e as concentrações foram monitoradas com a
amostragem de 200 mL desta água em diferentes tempos. Em relação ao estudo da cinética, as
concentrações foram determinadas a cada 2 dias (11 amostras). Todo volume de amostras
capturadas foi insignificante em comparação ao grande volume do tanque de exposição (cerca
de 80 L) (MAZELLA et al. 2007).
Após a exposição, cada POCIS foi aberto e os sorventes (ou seja, a mistura trifásica e
o sorvente único – Oasis HLB) foram colocados em recipientes de vidro com 25 mL de água
ultrapura. Os adsorventes foram transferidos para tubos de polietileno e colocados sob vácuo.
Todos os cartuchos foram lavados com 10 mL de metanol, seguida de 10 mL de água
ultrapura e concentrados sob suave fluxo de N2. Eluições foram realizadas com 5 mL de
metanol:tolueno:diclorometano (1:1:8 v/v/v) para a mistura trifásica e 5 mL de metanol para
o adsorvente Oasis HLB. Os extratos foram concentrados em corrente de N 2 e dissolvidos em
1000 µL de metanol. Uma alíquota de 500 µL foi transferida para um vial, concentrada como
descrito acima e, após redissolvida com 500 µL acetonitrila e água (20:80 v/v) mistura prévia
para a análise com uma coluna ODS 2 (herbicidas neutros e básicos) (MAZELLA et al.
2007).
A análise instrumental foi feita com HPLC-DAD. Os melhores valores das taxas de
amostragem foram obtidos com a configuração farmacêutica. Na Tabela 9 estão apresentados
os valores para cada herbicida durante 5 a 21 dias de exposição (MAZELLA et al. 2007).
76

Ainda segundo o experimento de Mazella et al. (2007) a comparação entre as


configurações do POCIS durante 5 dias, apresentou uma primeira tendência que indicou a
configuração farmacêutica provavelmente como a mais adaptada para amostragem de
herbicidas polares. Esta calibração revelou-se captação linear integradora de vários herbicidas
durante 21 dias, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Taxas de amostragem (RS) e concentração média dos analitos durante 5 a 21 dias

Concentração média (µg L-1) Concentração média (µg L-1)


-1
Herbicidas Rs (mL dia ) em 5 dias de experimento em 21 dias de experimento

Nicosulfuron 43,9 1,57 1,63


Sulcotrione 29,3 2,00 1,87
Mesotrione 20,8 1,79 1,63
Ioxinil 176,8 0,88 0,83
DIA 63,6 0,98 0,96
DEA 121,5 1,02 1,00
Metoxuron 197,7 1,02 0,99
Simazina 210,3 0,60 0,59
DET 205,0 1,08 1,05
IPPMU 226,9 1,12 1,07
DCPMU 266,9 1,25 1,15
Atrazina 239,0 0,95 0,89
Isoproturon 217,6 1,05 1,02
Diuron 247,3 1,02 0,95
Terbutilazina 250,7 1,10 1,00
Linuron 235,9 1,09 0,94
Acetoclor 225,2 1,16 0,98
Aclonifen - N.D. N.D.
Trifluralin - N.D. N.D.
Pendimentalin - N.D. N.D.
N.D. não detectado
Fonte: Mazella et al. 2007

Foi realizado também um estudo cinético com o POCIS da configuração farmacêutica.


Com a calibração linear revelou-se absorção integral para vários herbicidas por 21 dias. Para
alguns compostos, como nicosulfuron, sulcotriona, mesotriona, DIA e DEA, as linearizações
só foram alcançadas para os 10 primeiros dias (MAZELLA et al. 2007).
Alvarez et al. (2005) fizeram amostragens tradicional e passiva com o POCIS para a
detecção de 96 contaminates orgânicos residuais dentre eles inseticidas, herbicidas e
fungicidas (atrazina, bromacil, carbaril, clorpirifos, DEET, diazinon, isoborneol, d-limoneno,
metalaxil, metolacloro, pentaclorofenol e prometon) em um riacho que recebe águas residuais
agrícolas, municipais e industriais. Foram selecionados 2 sítios para a realização da
amostragem. Em cada local um canister protetor contendo 8 dispositivos POCIS (4 de
configuração genérica e 4 de configuração farmacêutica) foi implantado por 54 dias.
77

Membrana de PES foi utilizada como limitante de difusão. Foram feitas medidas de controle
de qualidade (CQ) e brancos de campo e de laboratório. Resumidamente os POCISs foram
desmontados e o adsorvente foi transferido para colunas cromatográficas de vidro com fluxo
por gravidade. Metanol foi utilizado para recuperar os analitos da configuração farmacêutica e
para a configuração genérica uma combinação de 1:1:8 (v/v/v) de
metanol:tolueno:diclorometano. Os extratos foram reduzidos em volume por evaporação com
rotaevaporador e sob uma suave corrente de N2, filtrado através de filtro de fibra de vidro. As
amostras de água e a configuração genérica foram analisadas por GC/MS e a para a
configuração farmacêutica LC/MS. O tipo de calibração foi linear, onde foi utilizada a
equação (3) para estimar as concentrações dos analitos na água. As concentrações no sítio
1variaram de 130 a 320 ng / POCIS e no sitio 2 de 65 a 280 ng / POCIS.
A comparação de amostragem tradicional com a amostragem passiva para compostos
químicos orgânicos polares resultou na mais abrangente lista de contaminantes químicos
determinados. Análise dos dados gerados por ambos os métodos de amostragens indicou que
o método de amostragem passiva tem vantagens sobre a amostragem tradicional. Oito
compostos químicos foram isolados a partir dos extratos no POCIS do que nas amostras de
água por amostragem tradicional. Os resíduos químicos encontrados apenas no POCIS foi
devida a permanência do amostrador no local de implantação. Compostos químicos podem
entrar no sistema aquático através de um evento episódico e tem um tempo relativamente
curto de permanência, ou seja, o composto pode sofrer degradação química/biológica, sorção
e dissipação, que pode ser perdida por tomar amostras instantâneas como acontece na
amostragem tradiconal in loco. Assim, a utilização de amostradores passivos elimina a
necessidade de realizar múltiplas amostragens. Eles são tipicamente mais fáceis de manusear,
transportar e preservar as amostras de água do que a amostragem tradiconal, que requer um
ou mais litros. Assim, o POCIS proporciona um aumento na sensibilidade do método,
simplicidade de utilização, e relevância para avaliações de riscos ecológicos que não é
facilmente obtido com os métodos tradicionais de amostragem (ALVAREZ et al. 2005).
O dispositivo POCIS foi utilizado para determinar os pesticidas: carbaril, terbutrin,
diclorvos, malachita verde, deltametrina, permetrina, cipermetrina, simazina, atrazina e irgarol
em água do mar. Foi utilizada membrana de polietersulfona (PES), e os sorventes das
configurações genérica e farmaceutica. O procedimento geral de extração foi desenvolvido
com uma mistura de acetonitrila e metanol (50:50) (v:v). Para a determinação das taxas de
amostragem dos analitos, um experimento foi desenvolvido no laboratório. Os dispositivos
POCIS foram colocados em um recipiente de vidro com capacidade de 20 L de água do mar
78

fortificada com os pesticidas na concentração final de 170 ng L-1. O experimento foi realizado
sob constante turbulência, a uma temperatura de 18ºC durante todo o período de exposição.
As análises instrumentais foram feitas com GC/MS e a obtenção dos dados realizada através
do software Chem-Station do equipamento. Na Tabela 10 encontram-se os valores das taxas
de amostragem dos analitos em dois períodos de exposição (18 e 24 dias), comparando as
duas configurações: genérica e farmacêutica (HERNANDO et al. 2005).

Tabela 10: Taxas de amostragem de analitos no amostrador passivo POCIS em duas


configurações e dois períodos de exposição (18 e 24 dias)

Compostos Configuração Configuração Configuração Configuração


orgânicos Genéricoa Farmacêuticoa Genéricob Farmacêuticob
Diclorvos 0,015 0,021 0,013 0,021
Carbaril 0,016 0,019 0,014 0,019
Simazina 0,049 0,042 0,049 0,045
Atrazina 0,042 0,043 0,042 0,042
Terbutrin 0,049 0,047 0,045 0,043
Irgarol 0,033 0,042 0,041 0,032
Permetrina 0,015 0,011 0,017 0,013
Cipermetrina 0,009 0,006 0,012 0,011
Deltametrina 0,005 0,004 0,004 0,003
Malachita verde 0,002 0,003 0,003 0,002
a
Período de exposição referente a 18 dias
b
Período de exposição referente a 24 dias
Fonte: Hernando et al. (2005).

As concentrações dos analitos no POCIS genérico variaram de 0,005 a 0,049 µg L-1


no período de exposição de 18 dias e de 0,004 a 0,049 µg L-1 em 24 dias e no POCIS
farmacêutico 0,004 a 0,047 µg L-1 no período de exposição de 18 dias e 0,003 a 0,045 µg L-1
em 24 dias (HERNANDO et al. 2005).
Os dispositivos de amostragem passiva POCIS testados no presente estudo são
adequados para a detecção de níveis de concentração de pesticidas em um ambiente marinho.
O período de amostragem ótimo foi obtido em 18 ou 24 dias para os compostos analisados.
Estes resultados preliminares são parte de um estudo de pesquisa que está sendo desenvolvido
para um projeto de otimização dos parâmetros de microcontaminantes e as frequências de
amostragem para serem usados em programas de monitoramento ambiental em águas de
sistemas agrícolas ((HERNANDO et al. 2005).
Um resumo geral sobre calibrações realizadas com o amostrador passivo POCIS
encontradas na literatura estão reunidas na Tabela 11.
79

Tabela 11: Resumo de experimentos de calibração com o amostrador passivo POCIS


Tempo de Taxas de
Fase exposição Analitos amostragem Análise Ref.
receptora (dias) (L.dia-1) instrumental

Irgarol, acetocloro, atrazina,


clorotoluron, clorsulfuron, cianazina,
ciromazina, dimetacloro, diuron, Munaron, et
isoproturon, linurom, metazacloro, GC/MS al. (2011)
Oasis HLB 14 a 28 metoxizurom, nicosulfuron, prometrina, (0,064 a 0,239)
propacloro, propazina, pimetrozina, LC-MS/MS
simazina, metolacloro, terbutilazina e
terbutrin

Malachita verde, leucomalachita verde,


simazina, atrazina, diuron, carbaril,
Oasis HLB 1, 3 e 7 tebutrin, diclorvós, diflubenzurom, (0,001 a 0,223) LC-MS Bueno et al.
teflubenzurom, albendazole, etoxiquina, (2009)
difenil sulfona, irgarol e
2-tiocianometiltiobenzotiazole

Acetocloro, alacloro, atrazina,


azoxistrobim, carbaril, carbendazim,
carbofurno, 3-hidroxicarbofurano,
clorfenvinfóis, clortoluron, clorpirifós,
Oasis HLB 6 a 24 DCPMU, DCPU, DEA, DET, DIA, Lissald et al.
dimetoato, dimetomorfe, diuron, (0,087 a 0,282) HPL-MS/MS (2011)
hexaxinon, IPPMU, IPPU, irgarol,
isoproturon, linurom, metazacloro,
metomil, metolacloro, metoxurom,
pirimicarb, simazina, terbutilazina e
tiodicarb

2,4-D, 2,4-DB, 2,4,5-T, 2,4,5-TP, GC/MS Metcalfe et al.


Oasis HLB 28 a 32 MCPP, MCPA, dicamba, diclorpop e (0,13 a 0,35) (2011)
triclopir LC-MS/MS

Sem agitação
Clorotalonil, propiconazola a, (0,202 a 0,501)
Oasis HLB 21 propiconazola b, hexazinona e fosmet GC/MS Charlestra et
Com agitação al. (2011)
(0,499 a 0,930)

Oasis HLB 21 DIA, DEA,simazina, DET, atrazina, 0,106 a 0,239 HPLC-ESI- Mazella et al.
isoproturon e metalocloro MS/MS (2010)
80

3. MATERIAIS E MÉTODO

Parte deste trabalho foi desenvolvida no Laboratório de Cromatografia (LCR) da


Escola Técnica SENAI – Petrolina, no Estado de Pernambuco. Foram utilizadas as
informações sobre pesticidas utilizados na região previamente levantadas pelo SENAI, como
orientação para as determinações a serem feitas neste trabalho.
O desenvolvimento experimental consistiu na aplicação de técnica SPE utilizando
disco e cartucho para a extração de pesticidas organoclorados, organofosforados e carbamatos
em amostras de água, sendo posteriormente, submetidos à análise por GC/MS. Estes
procedimentos de extração foram comparados, principalmente, em termos de curva analítica e
linearidade, Limite de detecção (LD), Limite de quantificação (LQ), repetitividade (precisão)
e recuperação. A técnica SPE otimizada serviu de base para a calibração dos amostradores
passivos POCIS e Chemcatcher e implantação dos mesmos em ambientes aquáticos.

3.1 Solventes e reagentes usados

Solventes:

Diclorometano (Merk, Alemanha) Grau pesticida


Metanol (Merk, Alemanha) Grau pesticida
Acetona (Merk, Alemanha) Grau pesticida

Soluções padrão de pesticidas:

Supelco (CLP - Organochlorine Pesticide Mix) 2000 µg mL-1


Contendo: aldrin, 1BHC, 2BHC, 3BHC, 4BHC, 1clordano, 2clordano, dieldrin, endosulfan,
endosulfan sulfato, endrin, endrin aldeído, endrin cetona, heptacloro, heptacloro epóxido,
metoxicloro, 4,4DDD, 4,4DDE, 4,4DDT.

Supelco (EPA 8270 Organophosphorus Pesticides Mix 2) 2000 µg mL-1


Contendo: dimetoato, disulfoton, fampur, metil-paration, O,O,O-trietilfosforotioato, paration,
forato, sulfotep, tionazin.
M-8270-19 AcuuStandard METHOD 8270C/D PESTICIDES 1000 µg mL-1
Contendo: carbofenotion, fention, leptofos, malation, fosmet, terbufos, tetraclorvinfos.
81

Absolute Standards cabaril 1000 µg mL-1

Absolute Standards carbofurano 1000 µg mL-1

Solução de PI (Padrão Interno):


Supelco ( Semivolatile Internal Standard Mix) 2000 µg mL-1
Contendo: acenafteno-D10, criseno-D12, naftaleno-D8, perileno-D12, fenantreno-D10, 1,4-
diclorobenzeno-D4

Solução de SRG (Surrogate):


Supelco (Surrogate Standard) 4000 µg mL-1
Contendo: nitrobenzeno-D5, P-terfenil-D14, fenol-D6, 2-fluorobifenil, 2-fluorofenol, 2,4,6-
tribromofenol.

3.2 Materiais usados

 Cartuchos SPE (Bond Elut – contendo 500 mg de C18 de 6mL Varian e Spe-edTM C18
APPLIED SEPARATIONS)
 Discos Empore C18, 47 mm
 Membrana (Polietersulfona) 47 mm Sartorius Biolab Products
 Malha de nylon
 Pipetadores Transferpette (R) (10 – 100 µL e 100 – 1000 µL)
 Vial (2 mL)
 Seringa de 10 µL (Hamilton)
 Becker 1000 mL
 Bastão de vidro
 Funil de vidro

3.3 Equipamentos usados

 GC/MS/MS 3900 Saturn 2100T Varian


 Sistema Milli-Q Plus (Millipore)
82

 Bomba de vácuo
 Sistema de ar comprimido
 Amostradores passivos (POCIS e Chemcatcher)

3.4 Preparo das soluções de trabalho

O preparo das soluções foi baseado no método EPA 8270D. A partir das soluções
estoque de 2000 µg mL-1 e 1000 µg mL-1 de pesticidas, de 2000 µg mL-1 de Padrão interno e
de 4000 µg mL-1 de Surrogate preparou-se soluções diluídas de 100 µg mL-1 em diferentes
solventes: metanol, diclorometano e acetona, as quais foram armazenadas em viais âmbar. A
partir da solução 100 µg mL-1 contendo todos os pesticidas preparou-se solução a 10 µg mL-1
para obter as soluções trabalho nas seguintes concentrações, em µg mL-1: 0,2; 0,4; 0,8; 1,6 e
2,0. Ressaltando que em cada nível das soluções trabalho as concentrações de Padrão interno
e Surrogate permaneceram em 2,0 µg mL-1. Todas as soluções foram armazenadas em freezer
a -20º C, mas antes de serem utilizadas esperou-se que atingissem a temperatura ambiente
(EPA, 2008a).

3.5 Programação e condições do cromatógrafo e do espectrômetro

A programação e as condições utilizadas para o GC/MS foram baseadas no método


EPA 8270D. Na Tabela 12 encontra-se a programação para o GC e na Tabela 13 para o
espectrômetro de massas (MS) (EPA, 2008a).

Tabela 12: Programação do forno e do injetor no GC


Temperatura (o C) Taxa (o C/min) Hold (min) Total (min)
70 - 1,00 1,00
160 20,0 0,00 5,50
260 4,0 4,0 34,50
300 10,0 1,5 40,00
Programação do injetor: modo Splitless Tempo (min) 0,00 – Aberto (ON)
Tempo (min) 0,00 – Fechado (OFF)
Razão de split 1:20 Tempo (min) 0,50 – Aberto (ON)
83

Tabela 13: Programação do espectrômetro de massas (MS)

Delay (desligado para solvente) 4 min.


Análise 4 a 40 min.
Modo de Operação EI Auto
Scan 86 a 400 uma
Scan time 1.0 segundos
Corrente do filament 10 µA
Target TIC 20000 counts
Max Ionization Time 25000 µseg
Background Mass 45 m/z
RF Dump Value 650 m/z

As demais condições foram as seguintes:

PRESSÃO DA COLUNA: Vazão constante de 1 mL min-1


TEMPERATURA DO INJETOR: 260º C (temperatura constante)
TEMPERATURA DA TRANSFER-LINE: 100º C (aquecimento entre o GC e o MS)
TEMPERATURA DO ÍON TRAP: 200º C

Condições para cálculos e verificações

Método de cálculo: Padrão Interno.


Medição: Área.
Curvas analítica: Lineares, forçando o zero.
Largura de pico: 20 segundos.
Sensibilidade (Slope): 10.
Largura para identificação de picos (Peak Window): 0,2min.
Match Threshold utilizado: 400 (de 0 a 1000).
Espectros de referência: Capturados de um dos padrões de calibração.
Área mínima de pico: 100
Altura mínima de pico: 100

Foi utilizada coluna capilar do tipo DB-5 (5% fenil metil siloxano), com 30 m de
comprimento, 0,25 mm de diâmetro e 0,25 µm de espessura de filme. O gás de arraste
utilizado foi o Hélio, com 15 psi de pressão na entrada da coluna.
84

3.6 Desenvolvimento do procedimento de SPE

O desenvolvimento do procedimento SPE foi baseado no método EPA 3535A. As


etapas da técnica SPE desenvolvida encontram-se na Figura 23 (EPA, 2008b).

Condicionamento do cartucho ou disco


(20,0 mL de diclorometano + 20,0 mL de metanol)

(PERCOLAÇÃO) Inserção da amostra


1,0 L de água + Solução de pesticidas + Surrogate

Secagem sob vácuo por 20 min


(10 in Hg)

Eluição
(15 mL de diclorometano)
Após, deixar 1min sob vácuo e passagem em
cartucho contendo lã de vidro e 3g Na2SO4

Concentração sob fluxo suave de


ar comprimido até 1,0 mL

Adição de PI (Padrão Interno)

Injeção de 2,0 µL em GC/MS

Figura 23: Fluxograma que relata as etapas para a realização da técnica SPE.
85

3.7 Validação do método SPE utilizando disco e cartucho

Foram feitas três fortificações nos níveis: 0,1 µg L-1; 0,5 µg L-1 e 1,0 µg L-1. A
fortificação foi realizada utilizando-se água purificada MilliQ e pipetando-se diferentes
alíquotas da solução de trabalho contendo os pesticidas estudados na concentração de
10,0 µg mL-1. Alíquotas de 10,0; 50,0 e 100,0 µL foram adicionadas a 1,0 L de água
purificada para as concentrações finais de 0,1; 0,5 e 1,0 µg L-1, respectivamente. As amostras
obtidas foram em seguida submetidas ao processo de extração SPE. Para validação da técnica
SPE (disco e cartucho) foram realizadas sete extrações em cada nível de fortificação para a
obtenção dos seguintes parâmetros: Seletividade, Curva analítica, Limite de Detecção (LD) e
Limite de Quantificação (LQ), Precisão e Exatidão, que foram baseadas no Guia de
Validações da EURACHEM, 1998.

3.7.1 Seletividade

A seletividade nas análises por GC/MS é considerada alta. A seletividade do método


foi garantida pela ausência dos íons de quantificação e qualificação no tempo de retenção dos
analitos em uma amostra “testemunha”, ou também denominada de “branco”. Em amostras
reais a seletividade foi garantida pela relação entre íons de quantificação e qualificação com
tolerância de 20%. Próximo do limite de quantificação essa tolerância pode ser aumentada
para 30%.

3.7.2 Curva analítica

A curva analítica foi feita através do uso da padronização interna. Foram preparadas
soluções de pesticidas em solvente nas concentrações 0,2 µg mL-1; 0,4 µg mL-1, 0,8 µg mL-1,
1,6 µg mL-1 e 2,0 µg mL-1 para a construção da curva analítica. A estas soluções foram
adicionados PI e SRG na concentração 2,0 µg mL-1. Cada solução foi injetada em ordem
crescente de concentração para a obtenção da curva analítica. As curvas foram obtidas
automaticamente através do programa MS Workstation do equipamento GC/MS, o qual
forneceu todos os parâmetros da curva analítica.
86

3.7.3 Limites de detecção e de quantificação

Para a obtenção dos LD e LQ foram injetados os 7 extratos em cada nível de


fortificação. O LD foi obtido multiplicando por 3 os desvios-padrão encontrados e para o LQ
multiplicando por 10 os desvios-padrão encontrados.

3.7.4 Precisão

A precisão foi avaliada pela injeção de 7 réplicas por nível de concentração do estudo
de linearidade. Os resultados foram expressos em % RSD.

3.7.5 Exatidão

A exatidão foi encontrada de acordo com o estudo da recuperação, ou seja, as


amostras (água MilliQ) foram fortificadas nos 3 níveis: 0,1 µg L-1; 0,5 µg L-1 e 1,0 µg L-1
extraídas pelo Método SPE descrito anteriormente (fluxograma). O cálculo da recuperação
foi expresso pela Equação (08).

C1  C 2
R(%)   100 (08)
C3

Onde:
C1 é a concentração determinada na amostra fortificada;
C2 é a concentração determinada na amostra não fortificada;
C3 é a concentração determinada do padrão de fortificação.

3.8 Cálculos e expressão dos resultados

Os cálculos para a expressão dos resultados foram baseados no método EPA 8270D. A
quantificação dos compostos foi feita diretamente pelo software MS Workstation do
equipamento GC/MS, através do método do padrão interno (PI). As calibrações foram
87

efetuadas visando obter os fatores de resposta relativa dos analitos com relação ao Padrão
Interno (PI) (EPA, 2008a).
As equações (09) e (10) expressam o cálculo dos resultados do fator de resposta e da
concentração do analito.

Área do Padrão Interno  Conc. do analito


Fator de Resposta Relativa  (09)
Área do analito  Conc. do Padrão Interno

Área do analito  Fator de Resp. Relativa  Conc. do Padrão Interno


g do analito  (10)
Área do Padrão Interno

O Software utiliza uma curva de calibração com:


Y = Área do composto / Área do Padrão Interno
X = Concentração do Composto / Concentração do Padrão Interno

A programação do método do padrão interno (PI) foi realizada com Acenafteno d-10 e
Naftaleno d-8 a 2,0 µg L-1 para todas as faixas de calibração. Portanto, os cálculos irão
expressar o resultado do padrão interno sempre como 2,0 µg L-1 e os outros compostos
calculados considerando isto como realidade (EPA, 2008a).
Considerando-se que o zero é forçado, a inclinação da curva representa o inverso do fator
resposta relativa. Essa consideração na construção das curvas analíticas terá apenas a
incerteza do coeficiente b (inclinação). Desta forma é recomendado o uso de zero forçado
sempre que for viável para ter-se uma menor incerteza no método analítico ao final. Na
química analítica o mais comum é que as curvas interceptem o zero, ou seja o coeficiente a
seja zero. Mesmo que em grande parte das vezes o valor de a calculado não seja zero, o
intervalo de confiança de a inclui o zero, sugerindo que trabalhar com equações de
linearização com zero forçado seja mais vantajoso. A vantagem do uso de uma equação do
tipo y = bx é que tem-se apenas a incerteza do coeficiente b, o que geralmente resulta em
menor incerteza total para o ensaio (OLIVEIRA, 2010).
88

3.9 Coleta das amostras de água

Amostragem in loco foi realizada coletando amostras de água em frascos âmbar com
capacidade de 1,0 L. Os frascos foram colocados em caixas de isopor contendo gelo para
conservação das amostras até o transporte para o laboratório. As amostras foram analisadas no
mesmo dia de coleta. Foram coletadas amostras de água nos seguintes pontos: na Ilha do fogo
(localizada entre os Estados de Pernambuco e Bahia); orla de Petrolina; água de torneira do
SENAI – Petrolina e na lagoa de contenção da fazenda Vale das uvas. Estes pontos foram
escolhidos em função de informações recebidas no SENAI – Petrolina, como corpos hídricos
com possível contaminação por pesticidas. As coletas de água ocorreram nos períodos:
novembro de 2010 e março de 2011, onde foram contemplados 24 pontos (ABNT, 1987).

3.10 Construção dos amostradores passivos

Os amostradores passivos foram construídos em teflon (3 peças de cada) pela empresa


baiana QUIMI-GLASS. A configuração usada neste trabalho baseou-se no modelo
apresentado na Figura 11 (item 2.8.2) para o amostrador passivo POCIS e na Figura 24
apresentada a seguir, para o amostrador passivo Chemcatcher.

Figura 24: Desenho detalhado do amostrador passivo Chemcatcher


Fonte: Fornecido por Graham Mills (Universidade de Portsmouth, Reino Unido) por e-mail
em 17/09/2008.
89

3.11 Calibração dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher

No laboratório de Cromatografia da Escola Técnica SENAI – Petrolina foi feita a


calibração dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher em dois períodos de exposição:
1 dia e 3 dias. Foram usados os seguintes materiais para proteger o disco C18: membrana PES
e malha de nylon. Cada tipo de amostrador foi colocado em bécker de capacidade 1,0 L. A
presente calibração foi baseada no experimento de Alvarez et al. (2004), onde a calibração foi
feita em recipiente de vidro de exposição contendo 1,0 L de água e um único amostrador em
cada recipiente, em triplicata. As condições da presente calibração foram as seguintes:

 O volume de água utilizado foi 1,0 L e a concentração dos pesticidas foi de 1,0 µg L-1;
 Os discos C18 foram condicionados por 15 min antes de serem colocados nos
amostradores;
 A membrana PES e a malha de nylon foram condicionadas como sugerem Alvarez et
al. (2004);
 Os amostradores foram então recheados e colocados nos béckers para calibração,
conforme Figura 25.
 Foram feitos também experimentos sem o uso de membrana PES.
 A temperatura do ambiente de exposição dos amostradores variou de 25 a 27º C.
 O pH da água em torno de 7.
 Os amostradores foram suspensos nos béckeres com auxílio de fio de nylon, suportes e
garras em uma orientação vertical.
 Foi utilizada agitação magnética.

Figura 25: Foto dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher preenchidos


90

A Figura 26 (a) e (b) ilustra a exposição dos amostradores durante a calibração no


laboratório.

(a) Exposição do Chemcatcher (b) Exposição do POCIS

Figura 26: Foto da exposição em laboratório dos amostradores passivos (a) Chemcatcher e (b)
POCIS

3.11.1 Metodologia de extração dos discos C18

Os discos C18 colocados nos amostradores passaram pelos seguintes processos para a
completa análise das amostras:
 Secagem do disco C18 sob vácuo (10 in Hg) por 20 min;
 Eluição em 15,0 mL de DCM, após deixar 1 min sob vácuo;
 Concentração sob suave fluxo de ar comprimido ou N2 até 1,0 mL;
 Adição de PI;
 Injeção de 2,0 µL no GC/MS.
91

3.12 Exposição dos amostradores passivos tipo POCIS e Chemcatcher

De acordo com informações adquiridas na fazenda vale das uvas, a lagoa recebe água
proveniente de drenos (escoamento de excesso de água de irrigação ou chuva das áreas
adjacentes), da chuva e de algumas fossas sépticas.
Os amostradores POCIS e Chemcatcher foram expostos na lagoa de contenção por 3
dias consecutivos suspensos numa haste de madeira, em uma orientação vertical e
profundidade de 50 cm, conforme Figura 27. A configuração dos amostradores foi a seguinte:
utilizou-se malha de nylon e disco C18 em ambos os amostradores, em triplicata. Os mesmos
foram montados e colocados em frasco de vidro contendo água destilada até o momento da
exposição. Após a exposição os amostradores foram colocados num frasco de vidro e
adicionou-se a água da lagoa e o mesmo foi colocado numa caixa de isopor contendo gelo até
o transporte para o laboratório. No laboratório os amostradores foram desmontados e os
discos C18 foram analisados segundo a metodologia do item 3.11.1. A exposição foi baseada
nos experimentos de Kingston et al. (2000).

Figura 27: Exposição dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher na lagoa de


contenção – Vale das uvas, Petrolina – PE
92

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Otimização do sistema GC-MS: parâmetros cromatográficos

A otimização foi baseada no método EPA 8270C. Foi preparada solução a 10 µg mL-1
composta por 37 pesticidas, Acenafteno-D10 e Naftaleno-D8 como (PI) e Nitrobenzeno-D5 e
2-Fluorobifenil como (SRG) e injetado um volume de 1,0 µL. A Tabela 14 apresenta os
nomes dos compostos, tempo de retenção (tr em min) e os principais íons monitorados.

Tabela 14: Tempos de retenção e principais íons monitorados dos analitos


Nomes dos compostos Tempo de retenção (min) Íons monitorados
1. Nitrobenzeno D5 (SRG) 4,625 82+54+128
2. O,O,O Trietilfosforato 5,081 121+198+93
3. Naftaleno D8 (PI) 5.442 136+108+137
4. Carbofurano 6,279 164+149+122
5. 2-Fluorobifenil (SRG) 6,987 170+171+172
6. Acenafteno-D10 (PI) 8,393 162+163+164
7. Carbaril 8,668 144+115+116
8. Tionazin 9,854 107+143+248
9. Sulfotep 10,904 322+238
10. Forate 11,329 260+231
11. 1BHC 11,582 182+219
12. Dimetoato 11,966 87+109+143
13. 2BHC 12,457 219+183+109
14. 3BHC 12,741 183+219
15. Terbufos 12,781 231+103
16. Disulfoton 13,433 88+245+153
17. 4BHC 13,780 183+109
18. Metil Paration 15,116 263+246+125
19. Heptacloro 15,422 274+272
20. Malation 16,458 127+193
21. Aldrin 16,853 278+125
22. Fention 16,939 263+293
23. Paration 17,079 263+291
24. Hepcloro epóxido 18,482 355+267
25. 1Clordano 19,475 373+375+377
26. Tetraclorvinfos 19,705 331
27. 2Clordano 20,033 373+375+377
28. 4,4DDE 21,029 316+318+320
29. Dieldrin 21,228 263+279
30.Endrin 22,109 339+267
31. Endosulfan 22,601 195+241+237
32. 4,4DDD 22,868 245+345+347
33. Endrin Aldeído 23,245 281+345+347
34. Fampur 23,847 218
35. Carbofenotion 24,003 157+342
36. Endosulfan Sulfato 24,273 389+387+272
37. 4,4DDT 24,499 237+239+165
38. Endrin Cetona 26,331 317+245
39.Fosmet 26,532 160
40. Metoxicloro 27,008 227+228
41. Leptofos 28,165 171+377+375
93

4.2 Curva analítica e linearidade

Para a obtenção da curva analítica e determinação da linearidade foi utilizado o


método do padrão interno analisando-se mistura de padrões analíticos avaliadas em 5
concentrações diferentes para cada composto. A obtenção dos cromatogramas, equações e
coeficientes de determinação foi processada automaticamente pelo software de controle do
sistema. Na Tabela 15 encontram-se as equações das curvas analíticas e os valores dos
respectivos coeficientes de correlação (ANVISA, 2012d e INMETRO, 2011).

Tabela 15: Equações das curvas analíticas e respectivos coeficientes de correlação (r)
Nomes dos compostos Equação r
1. O,O,O Trietilfosforato y = 0,6949x 0,99688
2. Carbofurano y = 0,2889x 0,99706
3. Carbaril y = 0,2815x 0,99788
4. Tionazin y = 0,4841x 0,99109
5. Sulfotep y = 0,4571x 0,99878
6. Forato y = 0,4689x 0,99917
7. 1BHC y = 0,5975x 0,99957
8. 2BHC y = 0,6118x 0,99960
9. 3BHC y = 0,5004x 0,99948
10. Terbufos y = 1,3388x 0,99863
11. Disulfoton y = 0,4432x 0,99942
12. 4BHC y = 0,2811x 0,99869
13. Metil Paration y = 06651x 0,99216
14. Heptachloro y = 0,1709x 0,99780
15. Aldrin y = 0,1286x 0,99955
16. Fenthion y = 06875x 0,99910
17. Paration y = 0,2586x 0,99803
18. Hepcloro epóxido y = 0,1855x 0,99912
19. 1Clordano y = 0,4321x 0,99975
20. 2Clordano y = 0,2745x 0,99939
21. 4,4DDE y = 0,6370x 0,99944
22. Dieldrin y = 0,0781x 0,99944
23.Endrin y = 0,1296x 0,99943
24. Endosulfan y = 0,0737x 0,99990
25. 4,4DDD y = 0,7140x 0,99970
26. Endrin Aldeído y = 0,1485x 0,99949
27. Carbofenotion y = 0,3798x 0,99488
28. Endosulfan Sulfato y = 0,1002x 0,99041
29. 4,4DDT y = 1,1710x 0,99748
30. Endrin Cetona y = 0,0943x 0,99217
31. Metoxicloro y = 1,0841x 0,99121
32. Leptofos y = 0,3961x 0,99218
94

Os coeficientes de correlação (r) estão na faixa de 0,99, portanto, dentro do intervalo


permitido considerados adequados para a análise de resíduos de pesticidas (ANVISA, 2012d
e INMETRO, 2011).
Os pesticidas: malation, fampur, fosmet, tetraclorvinfós e dimetoato foram excluídos do
trabalho, pois apresentaram coeficientes de correlação abaixo da faixa permitida para análise
de resíduos de pesticidas.
A Figura 28 ilustra um cromatograma obtido a partir da injeção da solução contendo
todos os compostos no nível 0,8 µg L-1.
95

Figura 28: Cromatograma típico para obtenção da curva de calibração


96

4.3 Limite de detecção e de quantificação, recuperação, desvio padrão e


repetitividade

Nas Tabelas 16 e 17 encontram-se os valores dos Limites de detecção e Limites de


quantificação, %Recuperação, Desvio padrão e Repetitividade ambos com 95% de nível de
confiança para os procedimentos analíticos realizados com disco e cartucho. O nível de
fortificação de 0,1 µg L-1 garantiu resposta para todos os resultados para o disco. Para o
cartucho o nível de 0,1 µg L-1 garantiu resultados para a maioria dos pesticidas e o nível
0,5 µg L-1 para 10 outros: tionazin, dissulfoton, 4BHC, fention, paration, dieldrin,
carbofenotion, endosulfan sulfato, 4,4DDT e endrin cetona.
O LD ou LDM (Limite de Detecção do Método) para o disco variaram de 0,008 µg L-1
a 0,096 µg L-1 e o LQ ou LQM (Limite de Quantificação do Método) de 0,026 µg L-1 a 0,320
µg L-1 para os pesticidas endrin aldeído e endosulfan sulfato, respectivamente. O LDM para
cartucho variou de 0,007 µg L-1 a 0,434 µg L-1 e o LQM de 0,024 µg L-1 a 1,446 µg L-1 para
os pesticidas endrin aldeído e 4BHC, respectivamente.
As recuperações dos pesticidas em amostras de água fortificadas, com adição de
padrões nos três níveis de fortificação: 0,1 µg L-1; 0,5 µg L-1 e 1,0 µg L-1 para disco variaram
de 70,00 a 119,86 para endrin aldeído e endrin cetona, respectivamente. Para cartucho variou
de 70,17 a 119,69 para dieldrin e paration, respectivamente. Assim, de acordo com Abreu et
al. (2008) os dados de % Recuperação estão dentro da faixa estabelecida para a análise de
pesticidas que é de 70 a 120%.
A estimativa do desvio padrão relativo (RSD) para disco variou na faixa de 2,86 a
19,86 para endrin aldeído e endosulfan sulfato e para cartucho variou de 1,89 a 20,04 para
endrin aldeído e endosulfan sulfato, respectivamente. Os valores dos desvios-padrão também
encontram-se na faixa permitida para análise de pesticidas em água que é até 20% (ABREU
et al. 2008).
A repetitividade com 95% de confiança para disco variou de 0,007 a 0,089 para endrin
aldeído e endosulfan sulfato. A repetitividade com 95% de confiança para cartucho variou de
0,007 a 0,410 para endrin aldeído e 4BHC, respectivamente.
De uma forma geral, os resultados da validação para disco foram melhores do que
para cartucho para a maioria dos pesticidas estudados. As recuperações com disco foram
todas adequadas no nível de concentração 0,1 µg L-1, diferentemente daquelas com cartucho,
97

onde 10 pesticidas foram recuperados apenas no nível de concentração 0,5 µg L-1 . Além dos
valores mais baixos de LD e LQ obtidos para disco.

Tabela 16: Figuras de mérito: Método SPE/GC-MS com 95% de confiança-disco


Nomes dos compostos LD (μg L-1) LQ (μg L-1) Conc. Recuperação %RSD* Repetitividade
(μg L-1) (%) com 95% de
confiança**
Acenafteno d-10 Padrão Interno Padrão Interno 2,0 - - -
Naftaleno d-8 Padrão Interno Padrão Interno 2,0 - - -
Nitrobenzeno d-5 Surrogate Surrogate 2,0 - - -
2-Fluorobifenil Surrogate Surrogate 2,0 - - -
1. O,O,O Trietilfosforato 0,030 0,101 0,1 70,14 14,26 0,028
2. Carbofurano 0,051 0,172 0,1 75,86 19,41 0,048
3. Carbaril 0,020 0,066 0,1 71,85 9,74 0,018
4. Tionazin 0,025 0,084 0,1 71,00 11,27 0,023
5. Sulfotep 0,046 0,155 0,1 119,57 12,54 0,043
6. 1BHC 0,010 0,033 0,1 70,14 4,28 0,009
7. 2BHC 0,016 0,055 0,1 70,71 7,07 0,015
8. 3BHC 0,017 0,056 0,1 70,57 8,50 0,015
9. Terbufos 0,018 0,061 0,1 71,00 8,45 0,017
10. Disulfoton 0,032 0,107 0,1 73,85 14,89 0,030
11. 4BHC 0,045 0,152 0,1 102,29 14,66 0,042
12. Metil Paration 0,011 0,038 0,1 119,14 3,36 0,011
13. Heptacloro 0,031 0,103 0,1 80,86 12,37 0,029
14. Fention 0,027 0,091 0,1 86,14 10,45 0,025
15. Paration 0,050 0,168 0,1 98,14 17,32 0,046
16. Hepcloro epóxido 0,026 0,088 0,1 72,71 13,75 0,024
17. 1Clordano 0,033 0,111 0,1 86,57 12,71 0,031
18. 2Clordano 0,023 0,076 0,1 89,00 7,86 0,021
19. 4,4DDE 0,035 0,118 0,1 74,86 16,03 0,033
20. Dieldrin 0,034 0,114 0,1 116,29 9,46 0,032
21.Endrin 0,021 0,069 0,1 70,429 9,94 0,019
22. Endosulfan 0,018 0,060 0,1 79,57 7,54 0,017
23. 4,4DDD 0,020 0,068 0,1 72,43 9,66 0,019
24. Endrin Aldeído 0,008 0,026 0,1 70,00 2,86 0,007
25. Carbofenotion 0,038 0,128 0,1 96,43 13,48 0,036
26. Endosulfan Sulfato 0,096 0,320 0,1 119,14 19,86 0,089
27. 4,4DDT 0,030 0,099 0,1 118,57 8,43 0,028
28. Endrin Cetona 0,042 0,140 0,1 119,86 11,68 0,039
29. Metoxocloro 0,022 0,073 0,1 92,80 7,54 0,020
30. Leptofos 0,042 0,139 0,1 113,43 12,34 0,038
* Estimativa do desvio padrão relativo, RSD (%) = s . 100 / xm (onde x é a média das medidas em replicatas)
** A repetitividade com 95% de confiança foi calculada da seguinte forma: desvio padrão * 2,772 (onde
2,772 é um fator estatístico baseado na variação aceitável para uma duplicata com nível de confiança de 95%).

Os pesticidas aldrin e forato não apresentaram resultados satisfatórios, ou seja, não


foram recuperados de forma adequada (abaixo de 70%) na extração multirresíduo por SPE,
portanto foram retirados do presente estudo (EPA, 2008a).
98

Tabela 17: Figuras de mérito: Método SPE/GC-MS com 95% de confiança-cartucho


Nomes dos compostos LD (μg L-1) LQ (μg L-1) Conc. Recuperação %RSD* Repetitividade
(μg L-1) (%) com 95% de
confiança
Acenafteno d-10 Padrão Interno Padrão Interno 2,0 - - -
Naftaleno d-8 Padrão Interno Padrão Interno 2,0 - - -
Nitrobenzeno d-5 Surrogate Surrogate 2,0 - - -
2-Fluorobifenil Surrogate Surrogate 2,0 - - -
1. O,O,O Trietilfosforato 0,012 0,041 0,1 70,57 5,67 0,011
2. Carbofurano 0,022 0,076 0,1 74,29 10,77 0,021
3. Carbaril 0,068 0,227 0,1 105,00 19,90 0,063
4. Tionazin 0,227 0,756 0,5 89,14 18,27 0,210
5. Sulfotep 0,036 0,121 0,1 119,43 10,05 0,033
6. 1BHC 0,028 0,092 0,1 119,57 7,53 0,025
7. 2BHC 0,031 0,102 0,1 113,00 8,85 0,028
8. 3BHC 0,029 0,102 0,1 115,71 8,64 0,027
9. Terbufos 0,013 0,045 0,1 70,29 5,69 0,012
1. Disulfoton 0,202 0,674 0,5 70,31 18,29 0,187
11. 4BHC 0,434 1,446 0,5 76,17 19,36 0,410
12. Metil Paration 0,025 0,082 0,1 119,57 6,69 0,023
13. Heptacloro 0,030 0,100 0,1 91,71 10,90 0,028
14. Fention 0,063 0,211 0,5 80,66 19,77 0,058
15. Paration 0,291 0,972 0,5 119,69 18,04 0,269
16. Hepcloro epóxido 0,030 0,099 0,1 119,43 8,37 0,027
17. 1Clordano 0,021 0,071 0,1 108,86 6,43 0,020
18. 2Clordano 0,029 0,096 0,1 117,86 8,48 0,027
19. 4,4DDE 0,037 0,122 0,1 114,71 10,46 0,034
20. Dieldrin 0,274 0,913 0,5 70,17 19,68 0,253
21.Endrin 0,032 0,106 0,1 118,71 9,26 0,029
22. Endosulfan 0,028 0,093 0,1 117,43 7,66 0,026
23. 4,4DDD 0,117 0,389 0,1 71,77 19,73 0,114
24. Endrin Aldeído 0,007 0,024 0,1 105,86 1,89 0,007
25. Carbofenotion 0,234 0,781 0,5 107,31 17,68 0,217
26. Endosulfan Sulfato 0,154 0,514 0,5 111,43 20,04 0,142
27. 4,4DDT 0,117 0,389 0,5 71,77 18,34 0,108
28. Endrin Cetona 0,224 0,747 0,5 98,14 19,42 0,207
29. Metoxocloro 0,028 0,093 0,1 112,86 7,97 0,026
30. Leptofos 0,017 0,056 0,1 70,43 8,52 0,016
* Estimativa do desvio padrão relativo, RSD (%) = s . 100 / x m (onde x é a média das medidas em replicatas)
** A repetitividade com 95% de confiança foi calculada da seguinte forma: desvio padrão * 2,772 (onde
2,772 é um fator estatístico baseado na variação aceitável para uma duplicata com nível de confiança de 95%).

4.4 Análises de pesticidas em amostras reais de água

Amostras de água foram coletadas nos seguintes locais:


- Na Ilha do fogo (localizada entre os Estados de Pernambuco e Bahia);
- Orla de Petrolina;
- Água de torneira do laboratório de Cromatografia do SENAI – Petrolina;
- Lagoa de contenção da fazenda Vale das uvas.
99

Como já referido na metodologia deste trabalho, estes pontos foram escolhidos em


função de informações recebidas no SENAI – Petrolina, como corpos hídricos possivelmente
contaminados por pesticidas. O pH de todas as amostras estava em torno de 7.
Amostragem in loco foi feita coletando amostras (1,0 L) em triplicatas nos quatro
pontos utilizando o método validado no laboratório com disco e cartucho para avaliação
preliminar da implantação dos amostradores passivos nos modelos POCIS e Chemcatcher.
Não foi detectado nenhum pesticida em todas as amostras coletadas.
As amostragens e análises foram feitas em triplicatas nos quatro locais, dos quais
também tinham sido usadas amostras para testes de fortificação.

4.5 Taxas de amostragem dos amostradores passivos: experimental e


teórica

As taxas de amostragem para ambos os amostradores foram obtidas tanto em


laboratório como calculadas. Na sequencia seguem os detalhes da obtenção dessas taxas.

4.5.1 Determinação experimental das taxas de amostragem dos


amostradores passivos

Os experimentos de calibração com os amostradores passivos POCIS e Chemcatcher


no laboratório foram feitos em diferentes configurações: sem membrana ou malha, com
membrana PES e com malha de nylon por 1 dia e 3 dias. Nas calibrações por 3 dias, duas
condições foram postas: a primeira sem renovação de água, ou seja, a água fortificada com
solução de pesticidas a 1,0 µg L-1 contida no béquer não foi reposta durante esse período e
com renovação de água a cada 24 h, quando a água do béquer fortificada a 1,0 µg L-1 era
substituída. Estas condições foram postas para observar diferenças na captação em virtude de
possível degradação dos pesticidas na água durante esse período.
Nas Tabelas 18 e 19 encontram-se os resultados (massa de analito acumulada na
membrana dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher), bem como os valores dos
desvios-padrão obtidos com as triplicatas. As taxas de amostragens foram calculadas a partir
da exposição em laboratório descrita no item 3.11, através da Equação 06 que é baseada na
captação linear.
100

As Tabelas 20 e 21 apresentam os resultados das taxas de amostragem encontradas nas


diferentes condições estabelecidas. Estes dados serão utilizados para o cálculo das
concentrações dos analitos quando os amostradores passivos foram aplicados em campo.
Como a concentração dos analitos na água (Cs) foi fixa em 1,0 µg L-1, os valores da
taxa de amostragem (Rs) com tempo de exposição 1 dia foram considerados como sendo os
valores da quantidade extraída do analito no disco C18.

Tabela 18: Quantidade de cada analito (M) extraída do amostrador passivo POCIS em
diferentes configurações e tempos de exposição

Sem
membrana Com membrana (PES) Com malha de nylon
Nome dos compostos ou malha
3 dias (com 3 dias (sem 3 dias (com
1 dia 1 dia renovação de 1 dia renovação de renovação de
(µg) (µg) água) (µg) (µg) água (µg) água (µg)
1. O,O,O Trietilfosforato 0,173 (0,005) 0,030 (0,004) 0,056 (0,035) 0,140 (0,010) 0,250 (0,010) 0,270 (0,010)
2. Carbofurano 0,230 (0,017) < 0,051 0,080 (0,036) 0,230 (0,043) 0,497 (0,021) 0,560 (0,014)
3. Carbaril 0,206 (0,040) 0,069 (0,016) 0,045 (0,021) 0,128 (0,017) 0,380 (0,026) 0,430 (0,013)
4. Tionazin 0,300 (0,103) < 0,025 0,060 (0,027) 0,217 (0,020) 0,700 (0,030) 0,712 (0,022)
5. Sulfotep 0,417 (0,185) < 0,046 0,051 (0,015) 0,223 (0,025) 0,677 (0,025) 0,755 (0,014)
6. 1BHC 0,337 (0,058) 0,020 (0,008) 0,140 (0,037) 0,260 (0,052) 0,597 (0,005) 0,770 (0,027)
7. 2BHC 0,383 (0,041) < 0,016 0,147 0,012) 0,307 (0,040) 0,627 (0,025) 0,635 (0,013)
8. 3BHC 0,410 (0,085) 0,040 (0,003) 0,250 (0,031) 0,316 (0,021) 0,763 (0,015) 0,840 (0,021)
9. Terbufos 0,203 (0,070) < 0,018 < 0,018 0,117 (0,015) 0,317 (0,015) 0,380 (0,014)
10. Disulfoton 0,128 (0,020) < 0,032 < 0,032 0,112 (0,015) 0,340 (0,010) 0,385 (0,015)
11. 4BHC 0,657 (0,287) < 0,045 0,126 (,004) 0,333 (0,011) 0,843 (0,040) 1,355 (0,016)
12. Metil Paration 0,693 (0,085) < 0,011 < 0,011 0,227 (0,005) 0,750 (0,010) 2,390 (0,011)
13. Heptacloro 0,105 (0,030) < 0,031 < 0,031 0,117 (0,021) 0,202 (0,010) 0,230 (0,010)
14. Fention 0,220 (0,050) < 0,027 < 0,027 0,173 (0,006) 0,527 (0,021) 0,535 (0,014)
15. Paration 0,553 (0,095) < 0,050 < 0,050 0,213 (0,030) 0,807 (0,015) 1,995 (0,015)
16. Hepcloro epóxido 0,223 (0,111) < 0,026 0,063 (0,041) 0,247 (0,011) 0,651 (0,014) 0,680 (0,026)
17. 1Clordano 0,123 (0,032) < 0,033 < 0,033 0,116 (0,010) 0,243 (0,021) 0,265 (0,023)
18. 2Clordano 0,126 (0,038) < 0,023 < 0,023 0,123 (0,032) 0,317 (0,020) 0,345 (0,029)
19. 4,4DDE 0,132 (0,032) < 0,035 < 0,035 0,121 (0,015) 0,267 (0,021) 0,275 (0,011)
20. Dieldrin 0,347 (0,056) < 0,034 0,070 (0,022) 0,277 (0,025) 0,720 (0,020) 0,790 (0,029)
21.Endrin 0,290 (0,075) < 0,021 < 0,021 0,300 (0,030) 0,733 (0,025) 0,895 (0,003)
22. Endosulfan 0,360 (0,050) < 0,018 0,076 (0,015) 0,287 (0,011) 0,773 (0,014) 0,805 (0,005)
23. 4,4DDD 0,133 (0,051) < 0,020 < 0,020 0,170 (0,010) 0,523 (0,026) 0,600 (0,001)
24. Endrin Aldeído 0,283 (0,065) < 0,008 0,154 (0,030) 0,287 (0,011) 0,737 (0,027) 0,815 (0,033)
25. Carbofenotion 0,260 (0,020) < 0,038 < 0,038 0,170 (0,020) 0,510 (0,036) 0,540 (0,012)
26. Endosulfan Sulfato 0,373 (0,188) < 0,096 < 0,096 0,323 (0,025) 0,713 (0,047) 2,140 (0,017)
27. 4,4DDT 0,170 (0,060) < 0,030 < 0,030 0,103 (0,010) 0,326 (0,011) 0,351 (0,023)
28. Endrin Cetona 0,320 (0,056) < 0,042 0,142 (0,026) 0,220 (0,026) 0,740 (0,032) 0,790 (0,014)
29. Metoxicloro 0,370 (0,140) < 0,022 0,058 (0,027) 0,160 (0,026) 0,480 (0,030) 1,545 (0,011)
30. Leptofos 0,193 (0,045) < 0,042 0,080 (0,035) 0,168 (0,021) 0,463 (0,025) 1,490 (0,017)
Valores entre parênteses = desvio padrão
101

Tabela 19: Quantidade de cada analito (M) extraída do amostrador passivo Chemcatcher em
diferentes configurações e tempos de exposição

Sem
membrana Com membrana (PES) Com malha de nylon
Nome dos compostos ou malha
3 dias (com 3 dias (sem 3 dias (com
1 dia 1 dia renovação de 1 dia renovação de renovação de
(µg) (µg) água) (µg) (µg) água (µg) água (µg)
1. O,O,O Trietilfosforato 0,173 (0,006) < 0,030 0,053 (0,030) 0,103 (0,006) 0,260 (0,010) 0,277 (0,006)
2. Carbofurano 0,213 (0,038) < 0,051 0,060 (0,010) 0,173 (0,011) 0,298 (0,015) 0,337 (0,011)
3. Carbaril 0,193 (0,006) 0,050 (0,002) 0,030(0,026) 0,130 (0,010) 0,223 (0,015) 0,250 (0,020)
4. Tionazin 0,347 (0,091) < 0,025 0,043 (0,015) 0,177 (0,006) 0,397 (0,021) 0,593 (0,035)
5. Sulfotep 0,483 (0,083) < 0,046 0,048 (0,015) 0,207 (0,006) 0,650 (0,036) 0,757 (0,057)
6. 1BHC 0,323 (0,055) 0,015 (0,005) 0,123 (0,016) 0,250 (0,010) 0,490 (0,026) 0,513 (0,035)
7. 2BHC 0,307 (0,047) < 0,016 0,073 (0,021) 0,240 (0,035) 0,497 (0,020) 0,550 (0,030)
8. 3BHC 0,383 (0,073) 0,020 (0,000) 0,120 (0,026) 0,247 (0,006) 0,513 (0,025) 0,627 (0,030)
9. Terbufos 0,273 (0,078) < 0,018 < 0,018 0,120 (0,001) 0,308 (0,015) 0,403 (0,032)
10. Disulfoton 0,121 (0,007) < 0,032 < 0,032 0,108 (0,006) 0,237 (0,015) 0,273 (0,015)
11. 4BHC 0,610 (0,303) < 0,045 0,100 (0,020) 0,247 (0,025) 0,627 (0,025) 1,623 (0,629)
12. Metil Paration 0,757 (0,006) < 0,011 < 0,011 0,170 (0,010) 0,707 (0,015) 2,863 (0,064)
13. Heptacloro 0,100 (0,021) < 0,031 < 0,031 0,105 (0,026) 0,193 (0,015) 0,223 (0,053)
14. Fention 0,127 (0,043) < 0,027 < 0,027 0,123 (0,025) 0,213 (0,011) 0,247 (0,025)
15. Paration 0,317 (0,120) < 0,050 < 0,050 0,171 (0,020) 0,397 (0,015) 2,657 (0,025)
16. Hepcloro epóxido 0,237 (0,090) < 0,026 0,077 (0,015) 0,227 (0,021) 0,374 (0,021) 0,395 (0,036)
17. 1Clordano 0,115 (0,032) < 0,033 < 0,033 0,114 (0,006) 0,228 (0,015) 0,287 (0,025)
18. 2Clordano 0,107 (0,038) < 0,023 < 0,023 0,113 (0,011) 0,207 (0,021) 0,240 (0,010)
19. 4,4DDE 0,123 (0,029) < 0,035 < 0,035 0,122 (0,000) 0,248 (0,015) 0,285 (0,035)
20. Dieldrin 0,353 (0,061) < 0,034 0,071 (0,025) 0,203 (0,015) 0,698 (0,021) 0,807 (0,038)
21.Endrin 0,303 (0,015) < 0,021 0,073 (0,015) 0,243 (0,015) 0,560 (0,020) 0,633 (0,025)
22. Endosulfan 0,377 (0,081) < 0,018 < 0,018 0,200 (0,017) 0,664 (0,010) 0,727 (0,038)
23. 4,4DDD 0,183 (0,075) < 0,020 < 0,020 0,123 (0,006) 0,247 (0,015) 0,277 (0,015)
24. Endrin Aldeído 0,227 (0,057) < 0,008 0,127 (0,015) 0,200 (0,0170 0,371 (0,015) 0,413 (0,047)
25. Carbofenotion 0,133 (0,017) < 0,038 < 0,038 0,131 (0,011) 0,567 (0,015) 0,623 (0,049)
26. Endosulfan Sulfato 0,423 (0,146) < 0,096 0,099 (0,010) 0,326 (0,017) 0,921 (0,020) 1,987 (0,025)
27. 4,4DDT 0,200 (0,079) < 0,030 < 0,030 0,101 (0,000) 0,357 (0,021) 0,443 (0,040)
28. Endrin Cetona 0,310 (0,036) < 0,042 0,117 (0,020) 0,147 (0,015) 0,437 (0,032) 0,472 (0,020)
29. Metoxicloro 0,383 (0,522) < 0,022 < 0,022 0,093 (0,006) 0,287 (0,030) 2,710 (0,056)
30. Leptofos 0,237 (0,015) < 0,042 < 0,042 0,154 (0,006) 0,391 (0,020) 1,237 (0,045)
Valores entre parênteses = desvio padrão

A Tabela 20 mostra os valores das taxas de amostragem para o dispositivo POCIS que
variaram de acordo com o tempo de exposição: para 1 dia, sem membrana 0,105 L dia-1 a
0,693 L dia-1, com membrana PES < 0,008 a 0,069 L dia-1, com malha de nylon 0,103 L dia-1
a 0,333 L dia-1, para 3 dias com renovação de água com membrana PES < 0,011 a
0,083 L dia-1, com malha de nylon 0,077 L dia-1 a 0,797 L dia-1 e durante três dias sem
renovação de água com malha de nylon 0,067 L dia-1 a 0,28 L dia-1.
Na Tabela 21 os valores das taxas de amostragem para o dispositvo Chemcatcher
variaram de: para 1 dia, sem membrana 0,100 L dia-1 a 0,757 L dia-1, com membrana PES
< 0,008 a 0,050 L dia-1, com malha de nylon 0,093 L dia-1 a 0,326 L dia-1, para 3 dias com
renovação de água com membrana PES < 0,011 a 0,041 L dia-1, com malha de nylon
102

0,074 L dia-1 a 0,954 L dia-1 e durante três dias sem renovação de água com malha de nylon
0,064 L dia-1 a 0,307 L dia-1.

Tabela 20: Taxas de amostragem (Rs) dos analitos usando o amostrador passivo POCIS

Sem
membrana Com membrana (PES) Com malha de nylon
ou malha
Nome dos compostos 3 dias (com 3 dias (sem 3 dias (com
1 dia 1 dia renovação de 1 dia renovação de renovação de
(L dia-1) (L dia-1) água) (L dia-1) água (L dia-1) água (L dia-1)
(L dia-1)
1. O,O,O Trietilfosforato 0,173 (0,005) 0,030 (0,004) 0,019 (0,035) 0,140 (0,010) 0,083 (0,010) 0,090 (0,010)
2. Carbofurano 0,230 (0,017) < 0,051 0,027 (0,036) 0,230 (0,043) 0,166 (0,021) 0,187 (0,014)
3. Carbaril 0,206 (0,040) 0,069 (0,016) 0,015 (0,021) 0,128 (0,017) 0,127 (0,026) 0,143 (0,013)
4. Tionazin 0,300 (0,103) < 0,025 0,020 (0,027) 0,217 (0,020) 0,233 (0,030) 0,237 (0,022)
5. Sulfotep 0,417 (0,185) < 0,046 0,015 (0,015) 0,223 (0,025) 0,226 (0,025) 0,252 (0,014)
6. 1BHC 0,337 (0,058) 0,020 (0,008) 0,047 (0,037) 0,260 (0,052) 0,199 (0,005) 0,257 (0,027)
7. 2BHC 0,383 (0,041) < 0,016 0,049 0,012) 0,307 (0,040) 0,209 (0,025) 0,212 (0,013)
8. 3BHC 0,410 (0,085) 0,040 (0,003) 0,083 (0,031) 0,316 (0,021) 0,254 (0,015) 0,280 (0,021)
9. Terbufos 0,203 (0,070) < 0,018 < 0,018 0,117 (0,015) 0,106 (0,015) 0,127 (0,014)
10. Disulfoton 0,128 (0,020) < 0,032 < 0,032 0,112 (0,015) 0,113 (0,010) 0,128 (0,015)
11. 4BHC 0,657 (0,287) < 0,045 0,042 (,004) 0,333 (0,011) 0,281 (0,040) 0,452 (0,016)
12. Metil Paration 0,693 (0,085) < 0,011 < 0,011 0,227 (0,005) 0,250 (0,010) 0,797 (0,011)
13. Heptacloro 0,105 (0,030) < 0,031 < 0,031 0,117 (0,021) 0,067 (0,010) 0,077 (0,010)
14. Fenthion 0,220 (0,050) < 0,027 < 0,027 0,173 (0,006) 0,176 (0,021) 0,178 (0,014)
15. Paration 0,553 (0,095) < 0,050 < 0,050 0,213 (0,030) 0,269 (0,015) 0,665 (0,015)
16. Hepcloro epóxido 0,223 (0,111) < 0,026 0,021 (0,041) 0,247 (0,011) 0,217 (0,014) 0,227 (0,026)
17. 1Clordano 0,123 (0,032) < 0,033 < 0,033 0,116 (0,010) 0,081 (0,021) 0,088 (0,023)
18. 2Clordano 0,126 (0,038) < 0,023 < 0,023 0,123 (0,032) 0,106 (0,020) 0,115 (0,029)
19. 4,4DDE 0,132 (0,032) < 0,035 < 0,035 0,121 (0,015) 0,089 (0,021) 0,092 (0,011)
20. Dieldrin 0,347 (0,056) < 0,034 0,023 (0,022) 0,277 (0,025) 0,240 (0,020) 0,263 (0,029)
21.Endrin 0,290 (0,075) < 0,021 < 0,021 0,300 (0,030) 0,244 (0,025) 0,288 (0,003)
22. Endosulfan 0,360 (0,050) < 0,018 0,025 (0,015) 0,287 (0,011) 0,258 (0,014) 0,268 (0,005)
23. 4,4DDD 0,133 (0,051) < 0,020 < 0,020 0,170 (0,010) 0,174 (0,026) 0,200 (0,001)
24. Endrin Aldeído 0,283 (0,065) < 0,008 0,051 (0,030) 0,287 (0,011) 0,246 (0,027) 0,272 (0,033)
25. Carbofenotion 0,260 (0,020) < 0,038 < 0,038 0,170 (0,020) 0,170 (0,036) 0,180 (0,012)
26. Endosulfan Sulfato 0,373 (0,188) < 0,096 < 0,096 0,323 (0,025) 0,238 (0,047) 0,713 (0,017)
27. 4,4DDT 0,170 (0,060) < 0,030 < 0,030 0,103 (0,010) 0,109 (0,011) 0,117 (0,023)
28. Endrin Cetona 0,320 (0,056) < 0,042 0,047 (0,026) 0,220 (0,026) 0,247 (0,032) 0,263 (0,014)
29. Metoxicloro 0,370 (0,140) < 0,022 0,019 (0,027) 0,160 (0,026) 0,160 (0,030) 0,515 (0,011)
30. Leptophos 0,193 (0,045) < 0,042 0,027 (0,035) 0,168 (0,021) 0,154 (0,025) 0,497 (0,017)
Valores entre parênteses = desvio padrão

Tanto com o amostrador POCIS como com o Chemcatcher, os melhores valores (mais
altos) das taxas de amostragem foram obtidos sem uso de membrana PES ou malha de nylon.
O uso de membrana PES não foi favorável para ambos os amostradores POCIS e
Chemcatcher, pois muitos pesticidas durante 1 dia não foram captados e durante 3 dias, com
renovação de água, apenas 7 pesticidas para o POCIS e 5 para o Chemcatcher. Além disso, os
pesticidas captados mostraram taxas de amostragem bem baixas. Alvarez et al. (2004)
testaram sete tipos de membranas (PES, copolímero acrílico, celulose, PVDF, polipropileno
hidrofílico, nylon e polietileno) com o amostrador passivo POCIS por um período de 1 a 7
103

dias. Três membranas apresentaram bons desempenhos, que foram PES, polipropileno
hidrofílico e nylon. Segundo Cal et al. (2008) o dispositivo Chemcatcher foi testado com duas
membranas diferentes (PES e LDPE) e sem membrana. Os resultados obtidos como esperado
ocorreu nos discos sem revestimento de membrana (2,7 a 56 ng), com a utilização da
membrana LDPE (1,0 a 29 ng) e com a membrana PES (0,3 a 2,7 ng). No entanto, a utilização
da membrana é obrigatória, a fim de evitar deterioração da fase de recepção no ambiente
aquoso, especialmente devido à incrustação.
Quanto a exposição com malha de nylon por 1 dia, os valores das taxas de amostragem
são em geral bem próximos dos da configuração que não usa a membrana, para ambos os
amostradores. Com 3 dias de exposição, sem e com renovação de água, a maioria dos valores
das taxas apresentam baixas variações. Com 3 dias de exposição e com renovação de água, as
taxas de amostragem para os pesticidas 4BHC, metil-paration, paration, endosulfan sulfato,
metoxicloro e leptofós apresentaram significativo aumento para ambos os amostradores
passivos. Essas oscilações nos valores das taxas de amostragem se devem a fatores como:
variação de temperatura, turbulência, umidade relativa do ar (30 a 60%) e a propriedades
moleculares destes compostos, pois houve troca da solução aquosa dos pesticidas (com
renovação de água). Charlestra et al. (2012) também encontraram valores com aumento
significativo nas taxas de amostragem para cinco pesticidas (clorotalonil, propiconazola a,
propiconaloza b e hexazinona e fosmet ) devido a velocidade de fluxo e turbulência. As
variações das taxas de amostragem (L dia-1) para os pesticidas: clorotalonil foi de 0,348 a
0,764, propiconazola a de 0,447 a 0, 579, propiconazola b de 0,202 a 0,747, hexazinoa de
0,361 a 0,530 e fosmet de 0,501 a 0,930.
104

Tabela 21: Taxas de amostragem (Rs) dos analitos usando o amostrador passivo Chemcatcher

Sem
membrana Com membrana (PES) Com malha de nylon
ou malha
Nome dos compostos 3 dias (com 3 dias (sem 3 dias (com
1 dia 1 dia renovação de 1 dia renovação de renovação de
(L dia-1) (L dia-1) água) (L dia-1) água (L dia-1) água (L dia-1)
(L dia-1)
1. O,O,O Trietilfosforato 0,173 (0,006) < 0,030 0,018 (0,030) 0,103 (0,006) 0,086 (0,010) 0,092 (0,006)
2. Carbofurano 0,213 (0,038) < 0,051 0,020 (0,010) 0,173 (0,011) 0,099 (0,015) 0,112 (0,011)
3. Carbaril 0,193 (0,006) 0,050 (0,002) 0,010 (0,026) 0,130 (0,010) 0,074 (0,015) 0,083 (0,020)
4. Tionazin 0,347 (0,091) < 0,025 0,014 (0,015) 0,177 (0,006) 0,132 (0,021) 0,198 (0,035)
5. Sulfotep 0,483 (0,083) < 0,046 0,012 (0,015) 0,207 (0,006) 0,217 (0,036) 0,252 (0,057)
6. 1BHC 0,323 (0,055) 0,015 (0,005) 0,041 (0,016) 0,250 (0,010) 0,163 (0,026) 0,171 (0,035)
7. 2BHC 0,307 (0,047) < 0,016 0,024 (0,021) 0,240 (0,035) 0,166 (0,020) 0,183 (0,030)
8. 3BHC 0,383 (0,073) 0,020 (0,000) 0,040 (0,026) 0,247 (0,006) 0,171 (0,025) 0,209 (0,030)
9. Terbufos 0,273 (0,078) < 0,018 < 0,018 0,120 (0,001) 0,102 (0,015) 0,134 (0,032)
10. Disulfoton 0,121 (0,007) < 0,032 < 0,032 0,108 (0,006) 0,079 (0,015) 0,091 (0,015)
11. 4BHC 0,610 (0,303) < 0,045 0,033 (0,020) 0,247 (0,025) 0,209 (0,025) 0,541 (0,629)
12. Metil Paration 0,757 (0,006) < 0,011 < 0,011 0,170 (0,010) 0,236 (0,015) 0,954 (0,064)
13. Heptacloro 0,100 (0,021) < 0,031 < 0,031 0,105 (0,026) 0,064 (0,015) 0,074 (0,053)
14. Fenthion 0,127 (0,020) < 0,027 < 0,027 0,123 (0,038) 0,071 (0,011) 0,082 (0,025)
15. Paration 0,317 (0,120) < 0,050 < 0,050 0,171 (0,020) 0,132 (0,015) 0,886 (0,025)
16. Hepcloro epóxido 0,237 (0,090) < 0,026 0,024 (0,015) 0,227 (0,021) 0,125 (0,021) 0,132 (0,036)
17. 1Clordano 0,115 (0,032) < 0,033 < 0,033 0,114 (0,006) 0,076 (0,015) 0,096 (0,025)
18. 2Clordano 0,107 (0,038) < 0,023 < 0,023 0,113 (0,011) 0,069 (0,021) 0,080 (0,010)
19. 4,4DDE 0,123 (0,029) < 0,035 < 0,035 0,122 (0,000) 0,083 (0,015) 0,095 (0,035)
20. Dieldrin 0,353 (0,061) < 0,034 0,023 (0,025) 0,203 (0,015) 0,233 (0,021) 0,269 (0,038)
21.Endrin 0,303 (0,015) < 0,021 0,024 (0,015) 0,243 (0,015) 0,187 (0,020) 0,211 (0,025)
22. Endosulfan 0,377 (0,081) < 0,018 < 0,018 0,200 (0,017) 0,221 (0,010) 0,242 (0,038)
23. 4,4DDD 0,183 (0,075) < 0,020 < 0,020 0,123 (0,006) 0,082 (0,015) 0,092 (0,015)
24. Endrin Aldeído 0,227 (0,057) < 0,008 0,042 (0,015) 0,200 (0,017) 0,124 (0,015) 0,138 (0,047)
25. Carbofenotion 0,133 (0,017) < 0,038 < 0,038 0,131 (0,011) 0,189 (0,015) 0,208 (0,049)
26. Endosulfan Sulfato 0,423 (0,146) < 0,096 0,033 (0,010) 0,326 (0,017) 0,307 (0,020) 0,662 (0,025)
27. 4,4DDT 0,200 (0,079) < 0,030 < 0,030 0,101 (0,000) 0,119 (0,021) 0,148 (0,040)
28. Endrin Cetona 0,310 (0,036) < 0,042 0,039 (0,020) 0,147 (0,000) 0,146 (0,021) 0,157 (0,020)
29. Metoxicloro 0,383 (0,522) < 0,022 < 0,022 0,093 (0,006) 0,096 (0,030) 0,903 (0,056)
30. Leptophos 0,237 (0,015) < 0,042 < 0,042 0,154 (0,006) 0,130 (0,020) 0,412 (0,045)
Valores entre parênteses = desvio padrão

Em geral, os resultados para endosulfan e carbofurano, para ambos os amostradores


mostraram-se bem próximos dos obtidos por pesquisas anteriores. Por exemplo, num
exeperimento de Vrana et al. (2006) a taxa de amostragem obtida num experimento utilizando
o Chemcatcher e disco C18 ficou na faixa de 0,2 L dia-1 a 0,15 L dia-1 para endosulfan. Num
outro experimento de Gunold et al. (2007) a (Rs) para carbofurano ficou na faixa de 0,13 a
0,14 L dia-1 e endosulfan 0,38 L dia-1 a 0,42 L dia-1, portanto, valores bem próximos dos
obtidos neste trabalho. No experimento de Cal et al. (2008) as taxas de DDE, DDD e DDT
foram inferiores às obtidas no presente trabalho.
105

4.5.2 Cálculo das taxas de amostragem teóricas dos amostradores passivos

Foram feitos os cálculos das taxas de amostragem teóricas (Rs) visando comparar com
os dados obtidos na calibração em laboratório. As taxas de amostragem teóricas (Rs) foram
calculadas segundo a Equação (4) onde D é o coeficiente de difusão molecular do
composto/pesticida na água, A é a área de difusão e L o caminho de difusão, ou seja, a
espessura do disco C18 no amostrador passivo. As áreas transversais para os dois tipos de
amostrador passivo foram calculadas com base na Figura 11 (item 2.8.2) para o amostrador
passivo POCIS e na Figura 24 (item 3.10) para o Chemcatcher. Os valores encontrados foram
respectivamente 10 e 14 cm2. Vale ressaltar que pelo desenho do amostrador passivo POCIS
esta área foi considerada em dobro para o cálculo da taxa de amostragem. A Tabela 22 mostra
os valores encontrados, bem como os dados dos coeficientes de difusão molecular dos
analitos na água a 25º C obtidos em GSI Environmental (2012).
Comparando os dados de Rs obtidos no laboratório neste trabalho e aqueles
encontrados na literatura, na configuração sem membrana, observa-se que eles mostram-se
bastante semalhantes. No entanto, existe a necessidade do uso de membrana ou malha quando
da exposição em um corpo hídrico para funcionar.
Assim, a configuração do amostrador passivo com uso de malha de nylon foi escolhida
para a aplicação do dispositivo no meio ambiente (lagoa), pois as taxas de amostragem (Rs),
determinadas mostram-se adequadas para o uso de amostradores passivos POCIS e
Chemcatcher para a captação dos pesticidas estudados.
Mesmo com as diferenças no desenho dos dois modelos de amostradores passivos
usados, as taxas de amostragem para os diferentes compostos analisados encontradas foram
bem próximas para ambos os modelos. O tipo de amostrador POCIS mostrou uma capacidade
de amostragem apenas 1,4 vezes mais alta do que o Chemcatcher, comparando os dados da
Tabela 22.
106

Tabela 22: Taxas de amostragem (Rs) teóricas dos analitos usando os amostradores passivos
POCIS e Chemcatcher

Nomes dos compostos Coeficiente de difusão na água Rs (L dia-1) Rs (L dia-1)


(D) m2 dia-1 POCIS Chemcatcher

O,O,O Trietilfosforato 5,39 x 10-5 0,180 0,126


Carbofurano 4,67 x 10-5 0,156 0,109
Carbaril 4,84 x 10-5 0,161 0,113
Tionazin 5,02 x 10-5 0,167 0,117
Sulfotep 4,75 x 10-5 0,158 0,111
1BHC 6,34 x 10-5 0,211 0,148
2BHC 6,34 x 10-5 0,211 0,148
3BHC 6,34 x 10-5 0,211 0,148
Terbufos 4,39 x 10-5 0,146 0,102
Disulfoton 6,91 x 10-5 0,230 0,161
4BHC 6,34 x 10-5 0,211 0,148
Metil Paration 6,91 x 10-5 0,230 0,161
Heptacloro 4,92 x 10-5 0,164 0,115
Fention 4,68 x 10-5 0,156 0,110
Paration 5,00 x 10-5 0,167 0,117
Hepcloro epóxido 3,65 x 10-5 0,122 0,085
1Clordano 4,03 x 10-5 0,134 0,094
2Clordano 4,03 x 10-5 0,134 0,094
4,4DDE 5,07 x 10-5 0,169 0,118
Dieldrin 4,09 x 10-5 0,136 0,095
Endrin 4,09 x 10-5 0,136 0,095
Endosulfan 3,93 x 10-5 0,131 0,092
4,4DDD 4,11 x 10-5 0,137 0,096
Endrin Aldeído 3,31 x 10-5 0,110 0,077
Carbofenotion 4,32 x 10-5 0,144 0,101
Endosulfan Sulfato 4,00 x 10-5 0,133 0,093
4,4DDT 4,28 x 10-5 0,143 0,099
Endrin Cetona 3,85 x 10-5 0,128 0,090
Metoxicloro 3,85 x 10-5 0,128 0,090
Leptofos 5,36 x 10-5 0,179 0,125

A Tabela 23 mostra a simulação da massa e a previsão do tempo de exposição dos


amostradores passivos POCIS e Chemcatcher. Os LQs do método SPE para a maioria dos
pesticidas foram mais baixos que os VMP. Apenas para heptacloro, heptacloro epóxido e
dieldrin foram mais altos que a legislação. Com base nos valores e nas taxas de amostragem
determinadas na calibração dos amostradores passivos em laboratório é possível prever qual a
massa que pode ser amostrada nos dispositivos por dia de exposição e considerando a
concentração do composto/pesticida no ambiente aquático ao nível do LQ do método pode-se
prever o tempo de exposição adequado para que sejam quantificados os compostos de
interesse. A Tabela 23 apresenta esses valores individualmente para cada pesticida. Dessa
forma pode-se observar que usando o amostrador passivo POCIS são necessários de 3 a 9 dias
de exposição para que sejam quantificados os pesticidas em ambiente aquático com
baixíssima contaminação. Utilizando o amostrador passivo Chemcatcher esse tempo de
exposição necessário aumenta de 4 a 10 dias. Diversos trabalhos realizados com os
107

amostradores passivos POCIS e Chemcatcher em diferentes configurações de membranas


limitantes e sorventes são constantemente estudados em tempos que podem variar de 1, 3, 7,
14, 30 a 56 dias (BUENO et al. 2009; METCALFE et al. 2011; NYONI et al. 2011; SHAW
et al. 2009).
108

Tabela 23: Simulação da massa de cada analito captado por dia pelos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher e previsão do tempo de
exposição adequado considerando-se um ambiente aquático contaminado ao nível do LQ do método.

Previsão para quatificação


Limite legislado da massa amostrada por dia Tempo de exposição previsto
Compostos (VMP)* de exposição (dia)
Rs Rs LD LQ (µg dia-1)
(L d-1) (L d-1) (disco) (disco) MS
POCIS Chemcatcher µg L-1 µg L-1 CONAMA 357/05 a, b 2.914/11 POCIS Chemcatcher POCIS Chemcatcher
1.O,O,O Trietilfosforato 0,140 0,103 0,030 0,101 - - 0,014 0,010 8 10
2. Carbofurano 0,230 0,173 0,051 0,172 - 7,0 0,040 0,030 5 6
3. Carbaril 0,128 0,130 0,020 0,066 0,02 a; 70 b - 0,008 0,009 8 8
4. Tionazin 0,217 0,177 0,025 0,084 - - 0,018 0,015 5 6
5. Sulfotep 0,223 0,207 0,046 0,155 - - 0,035 0,032 5 5
6. 1BHC 0,260 0,250 0,010 0,033 0,02a; 2,0b 2,0 0,008 0,008 4 4
7. 2BHC 0,307 0,240 0,016 0,055 0,02a; 2,0b 2,0 0,017 0,013 4 5
8. 3BHC 0,316 0,247 0,017 0,056 0,02a; 2,0b 2,0 0,018 0,014 4 4
9. Terbufos 0,117 0,120 0,018 0,061 - 1,2 0,007 0,007 9 9
10. Disulfoton 0,112 0,108 0,032 0,107 - 1,2 0,012 0,011 9 10
11. 4BHC 0,333 0,247 0,045 0,152 0,02a; 2,0b 2,0 0,051 0,037 3 5
12. Metil Paration 0,227 0,170 0,011 0,038 - 9,0 0,009 0,006 5 7
13. Heptacloro 0,117 0,105 0,031 0,103 0,01ª; 0,03b 0,03 0,012 0,011 9 10
14. Fention 0,173 0,123 0,027 0,091 - - 0,016 0,011 6 9
15. Paration 0,213 0,171 0,050 0,168 0,04 a; 35 b - 0,036 0,029 5 6
16. Hepcloro epoxido 0,247 0,227 0,026 0,088 0,01ª; 0,03b 0,03 0,022 0,020 4 4
17. 1Clordano 0,116 0,114 0,033 0,111 0,04 a; 0,3b 0,2 0,013 0,012 9 10
18. 2Clordano 0,123 0,113 0,023 0,076 0,04 a; 0,3b 0,2 0,009 0,008 9 10
19. 4,4DDE 0,121 0,122 0,035 0,118 0,002 a, c; 1,0 b 1,0 0,014 0,014 9 9
20. Dieldrin 0,277 0,203 0,034 0,114 0,005 a, d; 0,03 d 0,003d 0,032 0,023 4 5
21.Endrin 0,300 0,243 0,021 0,069 0,004 a;0,2b 0,6 0,021 0,017 4 5
22. Endosulfan 0,287 0,200 0,018 0,060 0,056 a; 0,22b 20,0 0,017 0,012 4 5
23. 4,4DDD 0,170 0,123 0,020 0,068 0,002 a, c; 1,0b 1,0 0,012 0,008 6 9
24. Endrin Aldeido 0,287 0,200 0,008 0,026 - - 0,007 0,005 4 6
25. Carbofenotion 0,170 0,131 0,038 0,128 - - 0,022 0,017 6 8
26. Endosulfan Sulfato 0,323 0,326 0,096 0,320 - - 0,103 0,104 4 4
27. 4,4DDT 0,103 0,101 0,030 0,099 0,002 a,c;1,0b 1,0 0,011 0,010 9 10
28. Endrin Cetona 0,220 0,147 0,042 0,140 - - 0,031 0,020 4 7
29. Methoxicloro 0,160 0,093 0,022 0,073 0,03ª; 20,0b 20,0 0,012 0,007 7 10
30. Leptofos 0,168 0,154 0,042 0,139 - - 0,023 0,021 7 7
* Valor Máximo Permitido. a Limite legislado para águas doces de classe 1 e 2. b
Limite legislado para águas doces de classe 3. c limite legislado para DDT + DDD + DDE. d limite
legislado para Aldrin + Dieldrin.
4.6 Aplicação dos amostradores passivos em ambiente aquático (lagoa de
contenção, Vale das uvas)

Durante a exposição dos amostradores na lagoa de contenção Vale das uvas foram
feitas coletas paralelas de 1,0 L de água para o acompanhamento das concentrações dos
pesticidas durante os três dias de exposição. As análises de água na lagoa confirmaram mais
uma vez que nenhum pesticida foi detectado.

4.7 Resultado da exposição dos amostradores na lagoa de contenção

Foram implantados por três dias, três amostradores passivos POCIS e Chemcatcher de
cada tipo totalizando nove. Como membrana protetora da fase sólida (C18) foi utilizada a
membrana de nylon. Nenhum pesticida foi detectado em ambos os amostradores na
implantação dos dispositivos passivos na lagoa de contenção durante os três dias de
exposição.
Os resultados da implantação dos amostradores passivos POCIS e Chemcatcher
confirmaram a não detecção dos pesticidas. Análises de pesticidas em água devida as baixas
concentrações são muito sujeitas a contaminações cruzadas, que podem ocorrem: entre
padrões de calibração e amostras; entre amostras diferentes; durante o preparo das amostras;
ou no aparelho e a falsos detectados devido a espectros semelhantes de interferentes nos
cromatogramas. Desta forma, é comum que se obtenham falsos positivos se não tem os
devidos cuidados como: usar padrões em baixas concentrações e rigor na captura e verificação
dos espectros. Apesar de não ter detectado nenhum pesticida, a calibração no laboratório dos
amostradores passivos serviu para verificar a eficácia do uso destes dispositivos como
alternativa para a análise de pesticidas em água. A implantação dos amostradores confirmou
que os amostradores têm bons desempenhos, portanto, podem ser utilizados como
amostradores passivos para pesticidas em ambientes aquáticos.
110

5. CONCLUSÕES

A configuração utilizada nos amostradores passivos baseada na técnica de extração


SPE é simples e rápida e usando uma malha de nylon como proteção da fase receptora, que
fixa os compostos que até ela difundem, mostrou ser adequada para capturar pesticidas em
água.
O amostrador passivo Chemcatcher aplicado permite ser preenchido mantendo a fase
receptora úmida até o início da amostragem e sua comparação em laboratório com o
amostrador passivo POCIS tendo como fase receptora C18, mostrou que ambos tem
desempenho semelhante com taxas de amostragem muito próximas.
A configuração com malha de nylon foi a mais adequada para uso nos amostradores,
podendo impedir a formação de biofilme no disco C18 e favorecendo taxas de amostragem
mais altas.
Através das taxas de amostragem teóricas, calculadas em função do coeficiente de
difusão dos diferentes compostos amostrados e dos desenhos dos dois tipos de amostradores
passivos usados, pode-se concluir que o amostrador passivo POCIS tem uma capacidade de
amostragem apenas 1,4 vezes maior do que o Chemcatcher.
Considerando-se um ambiente aquático com baixa contaminação (ao nível do LQ do
método) o tempo de exposição dos amostradores passivos para captar os pesticidas
determinados neste trabalho pode variar, a depender do composto, de 3 a 9 dias para o
amostrador passivo POCIS e de 4 a 10 dias para o Chemcatcher.
Considerando os resultados obtidos para as taxas de amostragem, recuperações e
figuras de mérito da metodologia analítica conclui-se que o procedimento proposto é eficiente
para a determinação de O,O,O trietilfosforato, carbofurano, carbaril, tionazim, sulfotep,
1BCH, 2BHC, 3BHC, terbufós, dissulfoton, 4BHC, metil-paration, heptacloro, fention,
paration, heptacloro epóxido, 1clordano, 2clordano, 4,4DDE, dieldrin, endrin, endosulfan,
4,4DDD, endrin aldeído, carbofenotion, endosulfan sulfato, 4,4DDT, endrin cetona,
metoxicloro e leptofos, em amostras de água de superfície.
111

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