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FECHAMENTO DE COMUNICAÇÃO BUCO-SINUSAL UTILIZANDO RETALHO DE BOLA DE

BICHAT - RELATO DE CASO CLÍNICO


Brandão Neto et. al.

FECHAMENTO DE COMUNICAÇÃO BUCO-SINUSAL UTILIZANDO


RETALHO DE BOLA DE BICHAT - RELATO DE CASO CLÍNICO
Salvador de Oliveira Brandão Neto ¹, Raimundo José Cardoso Neto², Amanda Natali
Carvalho Dantas³, José Jessé Costa Borges Neto4 , Arthur Vinicius Souza Dantas de
Almeida5, Jorge Vinicius Freire Leite 6 , Nathalia Batista de Albuquerque7 , Maria Rita
Teixeira De Souza8 , Maria Taywri Almeida Costa9, José Renato Moraes Carvalho Barreto
Brandão10.

Relato de caso
RESUMO

A Comunicação buco sinusal é caracterizada como uma condição mórbida relativamente


frequente na prática odontológica. Apesar de estar relacionado a alguns fatores etiológicos, o
principal deles são as exodontias de molares superiores por sua proximidade anatômica ao seio
maxilar. O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico de tratamento de comunicação
oroantral utilizando o Corpo Adiposo de Bichat. Paciente Asa II do gênero masculino, 43 anos,
procurou uma clínica odontológica particular, por frequentes episódios de inflamação na região
posterior da maxila, onde afirmou ter realizado exodontia das unidades 16 e 17, há 06 meses.
Diante do quadro clínico do paciente, foi solicitado tomografia computadorizada de feixe cônico.
Ao exame intra-oral, observou-se a presença da fístula na região da exodontia e, ao exame
tomográfico, foi observada hipodensidade em seio maxilar, sugerindo fenestração óssea e
sinusite, respectivamente. Iniciou-se antibioticoterapia e descongestionante nasal para sinusite
e posterior cirurgia de fechamento da fístula buco-antral com uso da bola de Bichat. O manejo
adequado é essencial no sucesso terapêutico da fístula. O caso acordou com a literatura,
demonstrando que o uso da bola de Bichat é um método conveniente e confiável para a
reconstrução de defeitos intra-orais de pequeno a médio porte

PALAVRAS-CHAVE : Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico. Fístula bucoantral. Sinusite


Maxilar

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 8 (2024), Page 3834-3852.
FECHAMENTO DE COMUNICAÇÃO BUCO-SINUSAL UTILIZANDO RETALHO DE BOLA DE
BICHAT - RELATO DE CASO CLÍNICO
Brandão Neto et. al.

ORAL-SINUSAL COMMUNICATION CLOSURE USING BICHAT


BALL FLAP - CLINICAL CASE REPORT

ABSTRACT

Sinus floor communication is characterized as a relatively common morbid condition in


dental practice. Although related to several etiological factors, the primary one is the
extraction of upper molars due to their anatomical proximity to the maxillary sinus. The
aim of this study is to report a clinical case of oroantral communication treatment using
the Bichat's fat pad. A 43-year-old male patient, ASA II, sought a private dental clinic due
to frequent episodes of inflammation in the posterior region of the maxilla, where he
reported having undergone extraction of teeth #16 and #17 six months ago. Given the
patient's clinical presentation, Cone-Beam Computed Tomography was requested.
Intraoral examination revealed the presence of a fistula in the extraction site, and
tomographic examination showed radiopacity in the maxillary sinus, suggesting bone
fenestration and sinusitis, respectively. Antibiotic therapy and nasal decongestant were
initiated for sinusitis, followed by surgical closure of the oroantral fistula using Bichat's
fat pad. Proper management is essential for the therapeutic success of the fistula. This
case aligns with the literature, demonstrating that the use of Bichat's fat pad is a
convenient and reliable method for reconstructing small to medium-sized intraoral
defects.

KEYWORD: Cone-Beam Computed Tomography. Oroantral Fistula. Maxillary Sinusitis

Instituição afiliada – 1,2,3,4,5,6,7,8,9Bacharel em Odontologia pela Universidade Tiradentes – SE; 9Graduanda de


Odontologia pela Universidade da Amazônia -PA; 10Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial –
UERJ .
Dados da publicação: Artigo recebido em 03 de Julho e publicado em 23 de Agosto de 2024.
DOI: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n8p-3834-3852
Autor correspondente: Salvador de Oliveira Brandão Neto [email protected]

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0


International License.

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INTRODUÇÃO

Os seios maxilares são cavidades aéreas localizadas bilateralmente à cavidade nasal,


sendo considerados os maiores seios paranasais. Este seio apresenta dimensão e
formato variável e possui relação com o osso alveolar da maxila, o qual,
consequentemente, está intimamente conectado com os alvéolos dos molares, pré-
molares e, eventualmente, dos caninos. Essa íntima relação ocorre através do
assoalho, que é delgado e revestido por um epitélio pseudo-estratificado ciliado
mucossecretor. Dentre as principais funções dessas cavidades, estão o aquecimento
e umidificação do ar inspirado, ressonância da voz e alívio do peso do complexo crânio
facial. A proximidade entre o seio e os alvéolos é um fator de risco para comunicação
entre a cavidade oral e o seio maxilar (Sinhorini, et al,. 2020); (Rosa, et al,. 2022); (Neto,
et al., 2023) e (Cunha, et al., 2019).

A comunicação buco sinusal (CBS) se caracteriza como uma complicação a qual pode
ocorrer em cirurgias de molares superiores, causando uma ruptura do revestimento do
seio, defeito ósseo e abertura do tecido gengival, que precisam ser fechados e
completamente isolados do ambiente oral e do tecido adjacente (Ferreira, D.R. de L. et
al., 2024).

Outros fundamentos que podem aumentar as chances de aparecer esse tipo de


complicação são: a idade do paciente, anatomia e posição da raiz em relação ao seio,
falta de espessura do assoalho sinusal, aposição direta do revestimento maxilar acima
dos dentes posteriores ou por reabsorção óssea, quando acometido por doença
periodontal (AL- Juboori, et al., 2018 ; Lewusz-Butkiewicz, et al., 2018).

As fístulas buco-sinusais são resultado de patologias, trauma ou pequenas


intervenções cirúrgicas, porém a causa mais comum é a extração dos molares superiores
devido à proximidade anatômica entre as raízes com o seio maxilar. Dentre as causas
está a curetagem dos alvéolos após extração, remoção cirúrgica de dentes inclusos,

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fraturas de tábuas ósseas vestibulares ou durante enucleação de cistos ou tumores em


íntima relação ao seio maxilar. Quando as fístulas superam os 3mm ou existe inflamação
ou infecção no seio maxilar ou na região periodontal, é necessário o uso de alguma
técnica cirúrgica para seu fechamento (Allais et al., 2008).

Para o diagnóstico da condição, são necessários exames radiográficos e procedimentos


clínicos, como a inspeção visual, palpação alveolar e manobra de Valsalva. A manobra
de Valsalva consiste em obliterar a passagem de ar nasal com os dedos e solicitar que o
paciente expire, enquanto o cirurgião dentista observa se há presença de bolhas na
região suspeita. É considerada positiva, ou seja, tem comunicação, caso haja saída de ar,
secreção ou sangramento (Amorim, et al, 2020). Os pacientes se queixam de sabor
salgado, escape demar pela boca,halitose,dificuldades ao deglutir alimentos e líquidos,
coriza e dor facial (Sinhorini, et al, 2020).

Algumas formas de tratamento são descritas na literatura, cada uma com suas
indicações. O fechamento espontâneo de comunicações de (1 a 2 mm) pode ocorrer, já,
se a comunicação for de tamanho moderado (2 a 6 mm), medidas adicionais deverão
ser tomadas, como uma sutura em forma de oito figurado deverá ser feita sobre o
alvéolo dental para assegurar a permanência do coágulo de sangue na área, ou também,
pode ser colocado alguma substância promotora de coágulo, tal como uma esponja
gelatinosa (Gelfoam®), dentro do alvéolo antes da sutura. Se a abertura do seio for
grande (7 mm ou mais) o cirurgião deverá considerar o reparo da comunicação através
de um retalho (HUPP, 2021), tais como: Retalho Palatino Rodado, Retalho Deslizante
Vestibular, Enxertos Ósseos, utilizando Corpo Adiposo Bucal (Bola de Bichat)
,Tratamento medicamentoso e PRF.

Anatomicamente a bola de Bichat ou corpo adiposo bucal encontra-se no espaço


mastigatório, sendo constituída de um corpo principal com quatro processos, e é
envolvido por uma tênue cápsula fibrosa. Seu corpo principal localiza-se lateralmente
ao músculo bucinador e na borda anterior do músculo masseter (Pereira et al., 2004).

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A bola adiposa da bochecha pode ser usada no fechamento das comunicações buco-
sinusais por ter seu sucesso comprovado na literatura. Devido à sua posição anatômica,
possui características favoráveis para ser utilizada como enxerto pediculado na
reconstrução de defeitos intrabucais, especificamente na região posterior da maxila
(Martins Júnior; Kein; Kreibich, 2008).

Além disso, a bola adiposa da bochecha é recomendada para o fechamento de fístulas


e comunicações de tamanhos e localizações variadas, na resolução de casos cirúrgicos
anteriores que falharam, além de possuir, baixa taxa de morbidade, manutenção da
profundidade do sulco vestibular, baixa incidência de falhas, alta aplicabilidade, boa
vascularização e tamanho do retalho (Veras Filho et al., 2010).

O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de fechamento de


comunicação bucosinusal utilizando como opção de tratamento cirúrgico, associado ao
tratamento medicamentoso, o retalho do corpo adiposo de bichat.

Relato de Caso
Paciente ASA II, Melanoderma, sexo masculino, 43 anos de idade, procurou uma Clínica
Odontológica Particular com queixa principal de odor fétido, frequentes episódios de
inflamação na região posterior da maxila à direita, e passagem de líquidos e alimentos
da cavidade oral para nasal, com tempo de evolução de 2 meses. Em sua anamnese,
paciente relatou que foi realizado exodontia há 06 meses das unidades 16 e 17, referiu
ser fumante e não possuir qualquer outras comorbidades ou alergias medicamentosas,
apresentando pulso, pressão arterial e frequência respiratória normais. Ao exame intra-
oral mostrou a presença de um defeito no rebordo alveolar, sendo confirmada a
comunicação buco-sinusal, através da manobra de Valsalva e sondagem. Notou-se
também a presença de trajeto fistuloso: (Figura 01).

Figura 1 – Apresentação da fístula Bucosinusal ao exame Clínico inicial

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Fonte: caso clínico pesquisado

Foi solicitado exame complementar de T.C. (Tomografia Computadorizada cone bean)


para auxílio no diagnóstico, onde podemos observar imagem hiperdensa sugestiva de
raiz residual da unidade 16, além de uma hipodensidade sugestiva de rompimento de
parede inferior de seio maxilar do lado direito cujo qual adjunto do exame clínico,
majoritário, onde foi confirmada a suspeita diagnóstica de Comunicação Bucosinusal
(Figura 02, 03 e 04).

Figura 2 – Laudo tomográfico

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Figura 3 - Corte axial, reconstrução 3D

Fonte: caso clínico pesquisado

Figura 4 - Corte axial.

Fonte: caso clínico pesquisado

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Com finalidade de tratar o quadro de Sinusite Maxilar instalado, foi realizada


antibioticoterapia com Amoxicilina + Clavulanato de Potássio 875+125mg durante 15
dias. Como tratamento coadjuvante, foi prescrito Cloridrato de Oximetazolina 0,50
mg/ml (04 gotas em cada narina; 2x ao dia), Descongestionante Solução Via Inalatória
45ml Eucaliptol 33mg/ml + Terpinol 22mg/ml + Mentol 22mg/ml (Penetro Inalante 3x
ao dia, durante 5 minutos), lavagem com Cloreto de Sódio 09mg/ml (através da própria
lesão) e Digluconato de Clorexidina 0,12% ( Bochechar 2x ao dia) no período de 15 dias.

No momento do procedimento cirúrgico, em ambiente ambulatorial e com paciente já


sem sinais de infecção no seio maxilar, sob anestesia local com 04 tubetes de Lidocaína
2% + Epinefrina 1:100.000, utilizando as técnicas de bloqueio alveolar póstero-superior
direito, bloqueio do nervo palatino maior direito e infiltrações nas regiões adjacentes ao
procedimento. A incisão foi realizada com lâmina de bisturi 15 circundando a região da
fístula permitindo sua ressecção, fazendo a exodontia da raiz residual, expondo o tecido
cruento e obtendo apoio em tecido ósseo sadio (Figura 05 e 06).

Figura 5 - Incisão elíptica ao redor da fístula e relaxante para vestibular

Fonte: caso clínico pesquisado

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Figura 6 - Incisão elíptica ao redor da fístula e relaxante para vestibular

Fonte: caso clínico pesquisado

Estendeu-se a incisão com duas relaxantes por mesial e distal da fístula, criando-se o
retalho vestibular. Divulsionou-se os tecidos e incisou-se o periósteo na parte mais alta
e posterior do retalho vestibular, para exposição e captura do corpo adiposo de Bichat,
que foi tracionado delicadamente até o seu posicionamento sobre a fístula (Figura 07 e
08), sendo este suturado com fio seda 3/0 à mucosa palatina (Figura 09 e 10).

Figura 7 e 8 – Corpo adiposo de Bichat

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Fonte: caso clínico pesquisado

Figura 9 - Sutura do Corpo adiposo às bordas da ferida e reposicionamento do retalho


vestibular

Fonte: caso clínico pesquisado

Figura 10 - Sutura do Corpo adiposo às bordas da ferida e reposicionamento do retalho


vestibular

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Fonte: caso clínico pesquisado

Por fim, o retalho vestibular foi reposicionado ao local de origem e suturado com fio
seda 3/0, ficando uma parte do tecido adiposo exposto na cavidade oral (Imagens 11 e
12).
Figura 11 e 12 - Pós operatório imediato, sutura íntegra e sem sinais sugestivos de
infecção.

Fonte: caso clínico pesquisado

Foi prescrito no pós-operatório Amoxicilina + Clavulonato de Potássio 875+125 mg de 8

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em 8 horas durante 7 dias, Cetoprofeno 100mg de 12/12 horas durantes 5 dias, e


Dipirona 01g de 06/06 horas por 03 dias ou em caso de dor, todos por via oral. O
paciente foi orientado quanto aos cuidados no pós-operatório: não usar nenhum tipo
de prótese, evitar quaisquer tipos de pressão negativa ou positiva na cavidade oral, e a
correta higienização da cavidade oral e em especial a região operada. Em uma semana,
no retorno do paciente, pode-se observar que a superfície exposta do corpo adiposo
tornou-se branco-amarelada, em algumas áreas houve presença de necrose parcial do
tecido adiposo e ausência de processo inflamatório significativo. Em 15 dias,
observaram-se áreas vermelho claro e áreas vermelho escuro recobrindo o tecido,
explicando-se este fato como áreas de formação de tecidos de granulação jovem e áreas
com formação de tecido de granulação denso, respectivamente. Solicitou-se retorno do
paciente após 30 dias do procedimento cirúrgico para proservação, observando-se
cicatrização favorável com total fechamento da fístula bucosinusal, sem sinais de
recidiva, infecção e distúrbios relacionados à fonação (Figura 13 ).

Figura 13 - Pós-operatória de 30 dias, onde observa-se epitelização completa da


ferida.

Fonte: caso clínico pesquisado

DISCUSSÃO

As comunicações buco-sinusais frequentemente ocorrem como resultado da


exodontia de dentes superiores posteriores devido à sua proximidade com o seio

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maxilar. Existem, porém, outros fatores etiológicos menos frequentes como


traumatismo gerado pelo uso inadequado de instrumentos, destruição do seio maxilar
por lesões periapicais e remoção de cistos e/ou tumores do palato ou do seio maxilar
(Parise; Tassara, 2016). No caso em questão o paciente nos informou que cerca de 06
meses atrás ele teria realizado procedimento cirúrgico de exodontia de dentes
superiores posteriores.

Nos casos em que a comunicação não foi tratada dentro das primeiras 48 horas após
instalada, aumenta em 50% a ocorrência da sinusite; quando após 2 ou 3 semanas, as
chances aumentam para 90% (Demetoglu et al., 2018). Sendo assim, (Abdel-Aziz et al.,
2018) recomendaram fazer o descongestionamento nasal primeiramente, removendo o
foco infeccioso para posteriormente fazer a abordagem cirúrgica. No caso aqui relatado
o paciente não se queixou de dores devido à sinusite, porém foi observado esse quadro
e resto residual da unidade 16 através da inspeção clínica e do exame de imagem. Logo,
antes da cirurgia, tratou-se a infecção para uma posterior abordagem cirúrgica, sendo
utilizada antibioticoterapia e descongestionante nasal 15 dias antes do procedimento.

O diagnóstico e o tratamento da comunicação bucosinusal devem ser realizados o mais


precoce possível através de exames clínicos e de imagem (SANTOS, 2022), como para
(PSILLAS et al., 2021), a Tomografia Computadorizada é o exame de imagem padrão
ouro mais indicado para avaliação da comunicação buco sinusal, devido a sua
desenvoltura, pois proporciona riqueza em detalhes, sem magnificação, sem
sobreposição. Antes de qualquer tentativa no fechamento dessa complicação, deve-se
controlar e eliminar a infecção, sendo que, o fechamento primário, em até 48 horas, tem
de 90% a 95% de sucesso, enquanto o secundário tem apenas 67% (ALVES et al., 2020).
No caso em questão, como houve uma espera para conclusão do quadro infeccioso, o
procedimento cirúrgico tornou-se secundário.

Caso esse fechamento primário não venha a ter sucesso ou a comunicação seja maior
ou igual a 3 mm, pode-se lançar mão de diversas técnicas cirúrgicas, sabendo das suas
vantagens e desvantagens, e que nenhuma se mostra superior a outra (Calvet et al.,
2014). O Retalho Palatino rodado é recomendado para o fechamento tardio de fístulas

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buco-sinusais, especialmente nos casos em que o fechamento com retalho vestibular


tenha falhado. Suas desvantagens são citadas como sendo difícil a rotação do retalho
palatino, possibilidade de necrose tecidual, hemorragia da artéria palatina maior e
desconforto aos pacientes devido à área cruenta (Parise; Tassara, 2016). No caso aqui
relatado não se optou por este tipo de retalho por opção cirúrgica dos autores, devido
a área cruenta deixada no palato pela técnica do retalho palatino rodado e a
familiaridade do autor com a técnica da bola de bichat.

Já (Güven,1998 ; Howe,1990) têm predileção pelo retalho bucal deslizante por


considerar um tecido de fácil distensão, fácil execução e sendo bem feito, tem elevados
índices de sucesso, mas como desvantagens surgem a perda considerável de fundo de
vestíbulo, necessidade de pedículos amplos, possíveis infecções e hematomas, e, mais
raramente, injúrias ao nervo facial e ducto parotídeo além de que são preferíveis para o
fechamento de comunicações buco-sinusais imediatas e pequenas <5mm (Yalcin et al.,
2011). No caso aqui exposto a comunicação não foi considerada pequena (maior que
5mm), sendo utilizado o retalho vestibular, para um melhor reposicionamento dos
planos que foram suturados, como foi dito o procedimento cirúrgico não foi imediato,
corroborando com a literatura.

Outra forma de tratamento, é a utilização da Bola de Bichat para correção da


comunicação bucosinusal, demonstrando ganhos positivos ao paciente, além de ser
simples e seguro (SANTOS, 2022).

A escolha da técnica do uso da bola de bichat para o tratamento de comunicação


bucosinusal é amplamente aceita, pois apresenta vantagens como custo reduzido e
técnica fácil, e, como vantagem biológica, esse tecido adiposo apresenta suprimento
sanguíneo advindo dos ramos temporal profundo, bucal, artéria maxilar, também pelo
o ramo facial transverso da artéria temporal superficial e por pequenos ramos da artéria
facial (Rocha, et al., 2022).

Existe uma concordância significativa entre os autores em relação à eficácia da


utilização da bola de Bichat para o fechamento de comunicações e fístulas buco-sinusais.

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O sucesso da técnica é ressaltado pelos elevados índices de sucesso, variando de 92,5%


a 100%. Essa alta taxa de sucesso se dá pelo grande suprimento sanguíneo derivado
das artérias maxilar e facial, a facilidade de técnica cirúrgica e o baixo custo. Foi
destacado, também, que existem vantagens importantes quando o corpo adiposo bucal
é utilizado como retalho pediculado, incluindo: Cicatrizes mínimas, rápido processo de
epitelização, procedimento simples e rápido que pode ser realizado no consultório
sob anestesia local e sem impacto estético. A eficácia desta técnica é observada com
uma taxa de sucesso de 90,9% e elevada satisfação dos pacientes (Sinhorini, et al., 2020);
(Cunha, et al., 2019); (Rocha, et al., 2020) e (Chekaraou, et al., 2021).

Contudo, para Manuel, Kumar e Nair (2015), até o momento, as complicações que
causariam as desvantagens do uso do retalho da bola de Bichat são: hematoma, necrose
parcial, cicatrização excessiva, infecção ou lesão do nervo facial. Para evitar isso, deve-
se optar por expor o coxim adiposo por meio de uma dissecação romba, evitando lesões
a estruturas adjacentes e sem causar grandes tensões para a remoção dele do coxim.
Corroborando com a literatura, o paciente do caso em questão não apresentou
nenhuma complicação durante esses 6 meses de acompanhamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após procedimentos cirúrgicos, ainda que seja exodontia simples, é necessário


avaliação e acompanhamento adequado do paciente, a fim de se evitar postergar o
tratamento das complicações inerentes a esse procedimento. Fatores, como condição
sistêmica do paciente, questões psicossociais e de renda, devem ser abordados para a
escolha do tratamento adequado. Nosso caso concordou com a literatura,
demonstrando que o uso da bola de Bichat é um método, conveniente e confiável para
a reconstrução de defeitos intra-orais de pequeno a médio porte e mostrou ser um
tratamento de sucesso, de boa aplicabilidade, fácil obtenção e manipulação, possibilita
um pós-operatório bastante confortável para o paciente quando confrontada com
outras técnicas, pode ser realizada no próprio consultório odontológico e não há
necessidade de material especializado. Um importante fator para qualquer técnica, com
a finalidade de fechamento da comunicação é a resolução da infecção.

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