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Relato de caso
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
A comunicação buco sinusal (CBS) se caracteriza como uma complicação a qual pode
ocorrer em cirurgias de molares superiores, causando uma ruptura do revestimento do
seio, defeito ósseo e abertura do tecido gengival, que precisam ser fechados e
completamente isolados do ambiente oral e do tecido adjacente (Ferreira, D.R. de L. et
al., 2024).
Algumas formas de tratamento são descritas na literatura, cada uma com suas
indicações. O fechamento espontâneo de comunicações de (1 a 2 mm) pode ocorrer, já,
se a comunicação for de tamanho moderado (2 a 6 mm), medidas adicionais deverão
ser tomadas, como uma sutura em forma de oito figurado deverá ser feita sobre o
alvéolo dental para assegurar a permanência do coágulo de sangue na área, ou também,
pode ser colocado alguma substância promotora de coágulo, tal como uma esponja
gelatinosa (Gelfoam®), dentro do alvéolo antes da sutura. Se a abertura do seio for
grande (7 mm ou mais) o cirurgião deverá considerar o reparo da comunicação através
de um retalho (HUPP, 2021), tais como: Retalho Palatino Rodado, Retalho Deslizante
Vestibular, Enxertos Ósseos, utilizando Corpo Adiposo Bucal (Bola de Bichat)
,Tratamento medicamentoso e PRF.
A bola adiposa da bochecha pode ser usada no fechamento das comunicações buco-
sinusais por ter seu sucesso comprovado na literatura. Devido à sua posição anatômica,
possui características favoráveis para ser utilizada como enxerto pediculado na
reconstrução de defeitos intrabucais, especificamente na região posterior da maxila
(Martins Júnior; Kein; Kreibich, 2008).
Relato de Caso
Paciente ASA II, Melanoderma, sexo masculino, 43 anos de idade, procurou uma Clínica
Odontológica Particular com queixa principal de odor fétido, frequentes episódios de
inflamação na região posterior da maxila à direita, e passagem de líquidos e alimentos
da cavidade oral para nasal, com tempo de evolução de 2 meses. Em sua anamnese,
paciente relatou que foi realizado exodontia há 06 meses das unidades 16 e 17, referiu
ser fumante e não possuir qualquer outras comorbidades ou alergias medicamentosas,
apresentando pulso, pressão arterial e frequência respiratória normais. Ao exame intra-
oral mostrou a presença de um defeito no rebordo alveolar, sendo confirmada a
comunicação buco-sinusal, através da manobra de Valsalva e sondagem. Notou-se
também a presença de trajeto fistuloso: (Figura 01).
Estendeu-se a incisão com duas relaxantes por mesial e distal da fístula, criando-se o
retalho vestibular. Divulsionou-se os tecidos e incisou-se o periósteo na parte mais alta
e posterior do retalho vestibular, para exposição e captura do corpo adiposo de Bichat,
que foi tracionado delicadamente até o seu posicionamento sobre a fístula (Figura 07 e
08), sendo este suturado com fio seda 3/0 à mucosa palatina (Figura 09 e 10).
Por fim, o retalho vestibular foi reposicionado ao local de origem e suturado com fio
seda 3/0, ficando uma parte do tecido adiposo exposto na cavidade oral (Imagens 11 e
12).
Figura 11 e 12 - Pós operatório imediato, sutura íntegra e sem sinais sugestivos de
infecção.
DISCUSSÃO
Nos casos em que a comunicação não foi tratada dentro das primeiras 48 horas após
instalada, aumenta em 50% a ocorrência da sinusite; quando após 2 ou 3 semanas, as
chances aumentam para 90% (Demetoglu et al., 2018). Sendo assim, (Abdel-Aziz et al.,
2018) recomendaram fazer o descongestionamento nasal primeiramente, removendo o
foco infeccioso para posteriormente fazer a abordagem cirúrgica. No caso aqui relatado
o paciente não se queixou de dores devido à sinusite, porém foi observado esse quadro
e resto residual da unidade 16 através da inspeção clínica e do exame de imagem. Logo,
antes da cirurgia, tratou-se a infecção para uma posterior abordagem cirúrgica, sendo
utilizada antibioticoterapia e descongestionante nasal 15 dias antes do procedimento.
Caso esse fechamento primário não venha a ter sucesso ou a comunicação seja maior
ou igual a 3 mm, pode-se lançar mão de diversas técnicas cirúrgicas, sabendo das suas
vantagens e desvantagens, e que nenhuma se mostra superior a outra (Calvet et al.,
2014). O Retalho Palatino rodado é recomendado para o fechamento tardio de fístulas
Contudo, para Manuel, Kumar e Nair (2015), até o momento, as complicações que
causariam as desvantagens do uso do retalho da bola de Bichat são: hematoma, necrose
parcial, cicatrização excessiva, infecção ou lesão do nervo facial. Para evitar isso, deve-
se optar por expor o coxim adiposo por meio de uma dissecação romba, evitando lesões
a estruturas adjacentes e sem causar grandes tensões para a remoção dele do coxim.
Corroborando com a literatura, o paciente do caso em questão não apresentou
nenhuma complicação durante esses 6 meses de acompanhamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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