Pancreatite Aguda
Pancreatite Aguda
Pancreatite Aguda
O pâncreas é uma glândula mista com 80% de sua massa voltada para funções
exócrinas e 20% para endócrinas. A função endócrina se destaca na produção de
insulina (células betas) e glucagon (células alfas). Já a parte exócrina é composta pelas
células acinares que produzem enzimas digestivas e as secretam no ducto pancreático
que as leva para o duodeno, onde caem na segunda porção duodenal e atual na
digestão.
Cálculos menores que 5mm e micro litíase aumentam substancialmente os riscos, pois
pequenos cálculos podem passar pelo ducto colédoco e impactarem na ampola de
Vater/ esfíncter de Oddi.
Outras causas
- Pós CPRE;
- Medicamentosa (antiretrovirais e imunossupressores);
- Autoimunes;
- Infecções.
- Entre outras...
ACHADOS CLÍNICOS
O principal achado é a dor abdominal. Na PA haverá dor em abdômen superior, podendo
irradiar para ambos os hipocôndrios (dor em faixa), de forte intensidade e rápida
instalação, atingindo o pico da dor em torno de 10 a 15 minutos.
A dor pode ser desencadeada por cólica biliar ou libação alcoólica, é comum que haja
também náuseas e vômitos associados.
CASOS GRAVES: dor abdominal intensa com distensão abdominal e sinais de irritação
peritonial. Nesses casos pode haver íleo adinâmico, respiração superficial por irritação
do nervo frênico, sinais de SIRS (febre, taquicardia, taquipneia...) e alteração do nível de
consciência por encefalopatia pancreática.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da pancreatite aguda vem com 2 dos 3 seguintes:
EXAMES COMPLEMENTARES
Laboratoriais
✓ Dosagem de amilase sérica (mais utilizado);
✓ Dosagem de lipase sérica;
✓ Dosagem de TG deve ser feita para indicar a causa da PA, sendo que estes só
podem ser considerados causa quando acima de 1000mg/dL.
✓ Dosagem de PCR é útil para indicar a gravidade do quadro, sendo quadros com
PCR acima de 150 considerados de maior gravidade. Outros marcadores de pior
prognóstico são: Hematócrito > 44% e ureia.
Exames de imagem
- Ultrassonografia do abdomen
Exame que deve ser realizado em todos os pacientes, porém em alguns casos,
quando há distensão de alça junto, não será possível visualizar adequadamente.
A USG pode detectar inflamação pancreática, cálculos biliares e cálculos no
ducto colédoco.
Ao exame, o pâncreas aparece aumentado e hipoecoico.
- Tomografia com contraste
CLASSIFICAÇÃO
A classificação é feita quanto a sua forma clínica, as complicações e a gravidade.
FORMA CLÍNICA
Pancreatite aguda edematosa. A,B: Imagens axiais de TC pós-contraste fase venosa mostram aumento pancreático difuso,
densificação dos planos adiposos peripancreáticos (setas longas) e acúmulos líquidos agudos no espaço pararrenal anterior
esquerdo e na goteira paracólica esquerda (setas curtas), sem áreas de necrose parenquimatosa.
COMPLICAÇÕES
GRAVIDADE
Pancreatite aguda leve: PA sem disfunção orgânica e sem complicações.
Pancreatite aguda grave: PA com tudo de ruim, tem disfunção orgânica persistente
(+48 horas) associada a complicações locais (pseudocisto, necrose ou abcesso), e tem
também complicações sistêmicas.
São disfunções orgânicas: choque, insuficiência renal com creatinina >2mg/dL após
hidratação adequada, insuficiência respiratória com PO2 < 60mmHg e sangramento
do TGI >500ml em 24h.
Critérios de Ranson
CRITÉRIOS QUE INDICAM PIOR PROGNÓSTICO
Existem vários além dos de Ranson, aqui vou colocar o menor: BISAP
- Ureia >30mg/dL;
- Confusão mental ou rebaixamento de consciência;
- SIRS;
- Idade > 60 anos;
- Presença de derrame pleural.
TRATAMENTO
O tratamento da PA é baseado em medidas de suporte, já que nenhuma medicação se
mostrou capaz de cessar a inflamação pancreática.
DIETA
Iniciamos a dieta quando sabemos que será tolerada, isto é, diante de um paciente com
melhora da dor abdominal e peristaltismo preservado. Vemos que há peristaltismo
preservado quando há melhora dos sintomas de náuseas e vômitos + presença de RH
na ausculta abdominal.
O ideal é que o paciente receba dieta VO ou por sonda enteral, reservando a parenteral
apenas para os pacientes que não tolerem a via enteral ou que não atinjam a meta
nutricional nas primeiras 72h. Nesses que não atingem, mantemos a enteral e
acrescentamos a parenteral. Manter é importante para reduzir a permeabilidade
intestinal e diminuir a translocação bacteriana, evitando disfunções e complicações.
HIDRATAÇÃO
A recomendação das diretrizes para hidratação inicial é de 250 a 500ml/ hora. Para
pacientes hipovolêmicos, a hidratação em ritmo de 5-10ml/kg/hora é indicada.
ANALGESIA
ANTIBIOTICOTERAPIA
A ATB terapia empírica inicia-se com ampla cobertura para gram negativos
(carbapenêmicos) posteriormente ampliada para gram positivos e fungos.
CPRE
COLECISTECTOMIA
Quanto aos pacientes com PA grave e/ou necrose retroperitoneal, muito se discute em
relação ao momento da cirurgia. Como o momento ideal para cirurgia é quando houver
menor grau de inflamação sistêmica, muitos cirurgiões preferem realizá-la após 8-12
semanas.
COMPLICAÇÕES
A maioria das PA´s que evoluem com coleções podem ser manejadas de maneiras não
invasivas, no entanto, caso ocorra aumento significativo da coleção, sinais sugestivos
de infecção como febre alta e piora da leucocitose ou gás na imagem, pode ser
necessário intervenção endoscópica ou cirúrgica.
Mais associadas a PA graves, que geralmente evoluem com necrose pancreática e
peripancreática, formando uma massa inflamatória que pode vir a gerar pseudocistos e
abcessos. A necrose é um fator que predispõe a infecção em muitos casos.