Aula Cap3 - CME 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL

DE LAVRAS
Departamento de Engenharia (DEG)

Conservação de Massa
e Energia

Graduação em Engenharia Química


Prof. Irineu Petri Júnior

2017
3 – Balanço em processos de múltiplas unidades
Quando se tem mais de uma unidade compondo um determinado processo é fundamental
diferir-se as fronteiras dentro das quais se está realizando o balanço. O espaço delimitado por
essas fronteiras é usualmente denominado de Volume de Controle (VC).
O Volume de Controle pode ser o processo como um todo, ou uma parte dele. Pode combinar
unidades interligadas ou localizar-se sobre uma única unidade ou mesmo em um ponto de
junção ou divisão de correntes de processo. Para a identificação dos diferentes sistemas
considerados, utiliza-se o desenho de blocos em linhas pontilhadas em torno da região
considerada no fluxograma, tornando-se para efeito de balanço, as correntes de fluxo que
atravessam essas fronteiras imaginárias.
Considere o fluxograma abaixo de um processo contendo 2 unidades (reator+separador) e os 5
VCs (A, B, C, D e E)
Alimentação
2 A

C E
B D
Alimentação Produto 3
1 REATOR SEPARADOR

Produto 2 Alimentação
Produto 1
3 2
Volume de controle A: compreende o processo como um todo, compreendendo todas as
correntes de alimentação e produto.
Volume de controle B: compreende um ponto de mistura de 2 correntes de alimentação.
Volume de controle C: compreende o balanço de massa no reator.
Volume de controle D: compreende um ponto de separação (divisão de correntes)
Volume de controle E: compreende o balanço de massa no separador.

Ex.: O fluxograma de um processo de destilação contínuo em estado estacionário é mostrado


abaixo. Cada corrente contém dois componentes chamados de A e B em diferentes proporções.
Calcule as vazões e composições das correntes 1, 2 e 3.
40 kg/h 30 kg/h
90% de A 60% de A
10% de B 40% de B

100 kg/h ? kg/h


50% de A Prato X Prato Y ? de A
50% de B ? de B

30 kg/h
30% de A
70% de B

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Exemplo 1
Processo de extração-destilação
Deseja-se separa uma mistura contendo 50% e acetona e 50% de água (em peso) em duas
correntes, uma rica em acetona, a outra em água. O processo de separação consiste na extração
da acetona da água com metil-isobutil-cetona (MIBC) que dissolve a acetona mas que é
praticamente imiscível na água, seguida por destilação para separa a acetona do solvente.
Em um estudo em planta-piloto, para cada 100 kg de acetona-água fornecidos à primeira etapa
da extração, 100 kg de MIBC são alimentados à primeira etapa e 75 kg à segunda etapa. O
extrato da primeira etapa contém 27,5% em peso de acetona. O rafinado da segunda etapa tem
uma massa de 43,1 kg e consiste em 5,3% de acetona e 1,6% de MIB, enquanto o extrato da
segunda etapa contém 9,0% de acetona e 3,0% de água. O produto de topo da coluna de
destilação contém 2,0% de MIBC e 1,0% de água.
Para uma base admitida de 100 kg de mistura acetona-água na alimentação, calcule as massa e
composições do rafinado e do extrato da etapa 1, do extrato da etapa 2, do extrato combinado
e dos produtos de topo e de fundo na coluna de destilação.

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3.1 Reciclo, bypass e purga
Considere uma reação química AR. É muito raro que ela se complete num reator
contínuo. Tanto faz quanto A está presente no início da reação ou quanto tempo ele é deixado
no reator, A é normalmente encontrado no produto. Suponha que seja possível encontrar um
modo de separar a maioria ou todo o A do produto R. Isto é vantajoso se o custo de separação
e alimentação compensar o custo de matéria prima A. Nessa situação é interessante reciclar o
reagente A (separação de R) para a entrada do reator.
Um fluxograma típico envolvendo uma operação de reciclo é mostrado abaixo. É
importante distinguir com clareza (para efeito de balanço), a alimentação nova da alimentação
do reator. Esta última é a soma da alimentação nova com a corrente de reciclo. O balanço é
feito nas unidades e na junção ou separação, de acordo com o processo.

alimentação alimentação
nova reator 100 kg/h A 10 kg/h A
110 kg/h A
REATOR 130 kg/h B SEPARADOR 100 kg/h B
200 kg/h A
30 kg/h B
90 kg/h A reciclo
30 kg/h B
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Uma operação também comum na indústria química é o desvio de uma
parte da alimentação de uma unidade e a combinação dessa corrente chamada
“bypass” com a corrente de saída daquela unidade. Isto pode ocorrer por uma série
de razões que serão apresentadas ao longo do curso de Eng. Química. Através deste
procedimento é possível, por exemplo, manipular a composição e as propriedades do
produto. O fluxograma técnico é mostrado abaixo:

alimentação
nova 90 kg/h A 0 kg/h A 20 kg/h A
110 kg/h A
REATOR 90 kg/h B
90 kg/h B

bypass 20 kg/h A

O procedimento para cálculo de balanço nesses processos com reciclo e


“bypass” é baseado no mesmo adotado para processos com múltiplas unidades.

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A purga é um processo que desvia e descarta uma corrente do processo para
que não haja o acúmulo de compostos indesejados no reator, pela utilização do
reciclo. Caso não houvesse a corrente de purga, a cada vez que o material fosse
reciclado, haveria o acúmulo de compostos indesejados, que não são removidos no
separador pela corrente de produto.

alimentação alimentação
nova reator 100 kg/h A 10 kg/h A
110 kg/h A
REATOR 130 kg/h B SEPARADOR 100 kg/h B
200 kg/h A
30 kg/h B
75 kg/h A reciclo
25 kg/h B

15 kg/h A
purga
5 kg/h B

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Exemplo 2
O fluxograma de um processo para recuperação de cromato de potássio (K2CrO4) a
partir de uma solução aquosa deste sal é mostrada abaixo.
água
m2

cristais - m4
alimentação m1 m3
CRISTALIZADOR
Torta
m0 nova EVAPORADOR e úmida
FILTRO solução m5
m6 reciclo filtrado

Nesta operação, 4500 kg/h de uma solução 1/3 K2CrO4 em massa é combinada com
uma corrente de reciclo contendo 36,36% de K2CrO4 , em massa. A corrente formada pela
junção das duas anteriores é alimentada ao evaporador. A corrente concentrada que deixa o
evaporador contém 49,4% de K2CrO4 ; esta corrente é alimentada ao cristalizador, no qual é
resfriada (causando a formação de cristais de K2CrO4 ) e então filtrada. A torta do filtro
contém cristais de K2CrO4 e uma solução (que umedece a torta) que, contém 36,36% K2CrO4
em massa; os cristais são responsáveis por 95% da massa total da torta. A solução que passa
através do filtro também tem 36,36% K2CrO4 em massa e constitui-se na corrente de reciclo.
Calcular a massa de água removida pelo evaporador, a taxa de produção de K2CrO4
cristalino, a relação “kg reciclo/ kg de alimentação nova” e as vazões com que o evaporador e
o cristalizador devem ser projetados.
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Reciclo com reação química
O reciclo de reagentes não consumidos é comumente utilizado quando se quer aumentar a
conversão dos reagentes em produtos, pois o mesmo reagente passa mais de uma vez dentro
do reator, sendo consumido em algum momento.
Algumas definições são importantes quando se usa o reciclo dos reagentes não consumidos,
para isso, considere o seguinte exemplo de reação química A  B:

75 mol A/min 100 mol A/min 25 mol A/min


75 mols B/min
REATOR SEPARADOR

25 mols A/min

reagente entra no processo - reagente sai do processo 75  0


Conversão global = 100%  100%  100%
reagent entra no processo 75

reagente entra no reator - reagente sai do reator 100  25


Conversão por passe no reator = 100%  100%  75%
reagent entra no reator 100

Este exemplo ilustra o objetivo do reciclo, pois, foi possível atingir completa utilização do
reagente, embora somente 75% do reagente que entra no reator é convertido antes de sair. A
vazão para que a conversão global seja de 100% está na perfeita separação. Se algum A sair
com a corrente de produto, a conversão será menor que 100%, embora ela deva ser sempre
maior que a conversão por passe
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Exemplo 3
Propano é desidrogenado para formar propileno em um reator catalítico: C3H8  C3H6 +
H2. O processo é projetado para uma conversão global de 95% do propano. Os produtos de
reação são separados em duas correntes: a primeira contém H2, C3H6 e 0,555% do propano
que deixa o reator é assumida como produto; a segunda que contém o restante do propano não
reagido e 5% do propileno que sai na corrente de produto, é reciclado ao reator. Calcule a
composição do produto, a relação (mols reciclado/mols de alimentação nova) e a conversão
por passe.

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Lista de Exercícios III
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