Ataques de Tubarões Ao Homem: Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências Da Saúde
Ataques de Tubarões Ao Homem: Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências Da Saúde
Ataques de Tubarões Ao Homem: Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências Da Saúde
Brasília – 2003
Centro Universitário de Brasília
Faculdade de Ciências da Saúde
Bacharelado em Ciências Biológicas
Palavras Chaves
Ataques de tubarão, Chondrichthyes, Comportamento animal, Mergulhadores,
Surfistas
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................... 3
1.1. História evolutiva dos tubarões ....................................................................... 3
1.2. Características morfológicas............................................................................ 3
1.3. Hábitos alimentares ......................................................................................... 6
1.4. O problema analisado e os objetivos da pesquisa............................................ 7
2. Tubarões como agentes de risco a humanos ............................................................... 7
3. Onde os tubarões atacam .......................................................................................... 10
3.1. Ataques nos litoral brasileiro........................................................................ 11
4. Ataques contra o homem .......................................................................................... 12
4.1. As causas dos ataques................................................................................... 12
4.2. As vítimas dos ataques ................................................................................. 14
5. Prevenção ao ataque.................................................................................................. 16
5.1. Dispositivos anti-tubarões............................................................................. 17
6. Considerações finais ................................................................................................. 20
7. Referências Bibliográficas........................................................................................ 22
1. Introdução
Corpo Perfeito
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principal vantagem em relação ao osso está relacionada à densidade, pois dentro
d’água este é duas vezes mais denso que a cartilagem.
Muitos peixes ósseos armazenam ar em suas bexigas natatórias. O
processo de inflar ou desinflar a bexiga natatória é lento e vai depender da
profundidade em que o animal se encontra, impossibilitando sua rápida subida à
superfície. Já os tubarões, que não possuem bexiga natatória, são capazes de subir
e descer muito rápido na água sem correr risco algum, pois para se manterem
neutros dentro da água, armazenam grande quantidade de óleo no fígado.
Algumas espécies chegam a armazenar cerca de 25% do seu peso corporal em
óleo. Como o óleo é menos denso que a água, eles conseguem então reduzir o seu
peso (Gadig, 1998, ORR, 1986).
Os tubarões são excelentes nadadores, em virtude de sua estrutura corporal
fusiforme que lhe dá características hidrodinâmicas. Suas nadadeiras (figura 1)
dorsal e anal estão projetadas para impedir que o tubarão vire de cabeça para
baixo, enquanto o par de nadadeiras peitorais e pélvicas permitem que eles nadem
para baixo e para cima. A nadadeira caudal faz com que os tubarões se
movimentem para frente.
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automaticamente, quando necessário. Voltados para trás, as escamas ajudam a
melhorar a eficiência hidrodinâmica corporal, reduzindo a turbulência da água
durante o deslocamento do tubarão (ORR, 1986).
Sistemas sensoriais
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Mordida
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Os tubarões baleia (Rhincodon typus), gigante (Cetorhinus maximus) e o
megaboca (Megachasma pelagios), considerados os maiores peixes dos oceanos,
alimentam-se por filtração. Para tanto eles nadam lentamente perto da superfície
da água com a boca aberta, quando são capazes de filtrar enorme volume de água,
que passa pelos filamentos e sai pelas fendas branquiais. Já o tubarão branco
(Carcharodon carcharias), alimenta-se de mamíferos marinhos, principalmente
focas. As espécies de Galápagos (Carcharhinus galapagensis), tigre (Galeocerdo
cuvier) e cabeça-chata (Carcharhinus leucas), entre outros alimentos, podem
comer tubarões da própria espécie, caracterizando o canibalismo (Gadig, 1998).
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2. Tubarões como agentes de risco a humanos
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Galeocerdo cuvieri – Tubarão tigre
Também conhecido como tintureira. São animais freqüentemente
encontrados próximos às praias, portos e estuários, sendo altamente perigoso para
os banhistas e mergulhadores. São animais com hábitos noturnos, passando todo o
dia em águas profundas perto da costa.
Carcharhinus leucas – Tubarão cabeça chata
São animais costeiros de nado lento, sendo encontrados em baías e
estuários. Possuem uma incrível capacidade de adaptação e grande tolerância à
vários níveis de salinidade. Quando jovens são bastante agressivos, sendo
responsáveis por vários ataques a surfistas no litoral do nordeste brasileiro.
Carcharhinus limbatus – Tubarão serra garoupa
São animais velozes e vivem em pequenos grupos de até 6 indivíduos.
Sphyrna zygaena – Tubarão martelo
São encontrados normalmente nadando calmamente perto da superfície da
água. Quando jovens formam bandos e vivem próximos à costa, oferecendo
perigo para o homem. São animais robustos com corpo alongado e uma cabeça
inconfundível, expandida lateralmente no formato de um martelo (Szpilman,
1998; Carwaedine, 2002).
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Tabela 2. Animais selvagens que mais atacam o homem em todo o planeta
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3.1. Ataques no litoral brasileiro
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Segundo Szpilman (1998), os efeitos da degradação e do desequilíbrio
ambientais, provocados nos últimos anos na costa brasileira, são as principais
causas da aproximação dos tubarões às praias brasileiras.
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baixa concentração em gordura, como é o caso da carne humana, ele normalmente
a descarta. Nenhum ser humano, têm a mesma quantidade de gordura do que uma
foca ou um atum. Ainda, pesquisas demonstram que sua estratégia de ataque
consiste em dar uma mordida inicial e depois permanecer à distância da vítima,
aguardando a sua morte, evitando assim confronto direto no qual possa gastar
energia desnecessária ou até se machucar.
O tubarão não ataca o homem apenas visando alimentar-se, mas pode estar
se defendendo ou protegendo o seu território. Vários animais assim procedem
quando se sentem ameaçados, e o tubarão não seria uma exceção. Algumas
espécies de tubarão, normalmente, não são agressivas, porém podem reagir
violentamente quando provocadas. É o caso do tubarão lixa (Ginglymostoma
cirratum) que praticamente se alimenta de invertebrados marinhos e passa a maior
parte do tempo em sua toca, todavia, se provocado, pode morder e rapidamente se
afasta.
O maior risco de ataque desses animais surge quando eles estão à procura
de alimentos e estes lhe são negados. Exemplos ocorrem na caça submarina,
quando o peixe arpoado encontra-se próximo do mergulhador. Este emite ondas
de baixa freqüência, que irão estimular o tubarão, e conseqüentemente um
confronto com o mergulhador.
Outra possibilidade de ataque é a defesa de território, na qual o indivíduo,
inadevertidamente, invade o território do animal, sendo então recebido
agressivamente (Carwaedine, 2002).
Conforme Szpilman (1998) e Carwaedine (2002), a ISAF identificou três
diferentes tipos de ataques não provocados:
1- Golpear e correr – é o ataque mais comum. Normalmente as vítimas, surfistas
ou banhistas, encontram-se na zona de arrebentação e raramente conseguem
ver o agressor, que lhe morde uma única vez. A maior parte desses ataques
ocorre por erro de identificação devido à baixa visibilidade, em decorrência da
agitação da água. Nessas condições, o tubarão toma uma decisão rápida para
não perder a presa. Quando a esses fatores se acrescenta as atividades
desportivas, jóias e cores brilhantes, o tubarão, provavelmente, confunde a
perna humana com um peixe moribundo, de fácil captura. Após a mordida ele
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identifica rapidamente que se trata de caça de grande porte e solta a vítima,
afastando-se. Normalmente, essas mordidas ocorrem nas pernas, geralmente
abaixo do joelho e não passam de pequenas lacerações, raramente fatais.
2- Bater e morder – é o ataque menos comum, porém o mais perigoso, e quase
sempre fatal. As vítimas, normalmente, são nadadores ou mergulhadores em
águas profundas. Esse ataque se caracteriza por nados circulares ao redor da
vítima, com freqüentes impactos antes das mordidas, múltiplas e prolongadas.
Em geral, os ataques ocorrem por falta de alimento ou por defesa de território.
3- Furtivo – é igual ao ataque anterior, porém, sem aviso prévio.
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possível teoria, é que pequenos tubarões podem confundir a sola dos pés e a
palma das mãos, que tendem a ser mais claras do que a pele ou a roupa dos
surfistas, pelo branco das escamas dos peixes (Carwaedine, 2002).
Ataques contra mergulhadores são relativamente raros. A maioria dos
tubarões não tem contato com mergulhadores, e, assim sendo, é normal que esses
tratem qualquer coisa estranha com muito cuidado. A maioria dos grandes
tubarões que vivem em águas abertas, desconhece o quanto o mergulhador é
vulnerável.
Os ataques de tubarões a mergulhadores não têm um período determinado,
podendo ocorrer desde a entrada até a saída d’água. Na grande maioria dos casos,
o ataque é feito por uma única mordida e por animal que mede em torno de 1,5 a
2,4 metros. O tubarão branco é responsável pela maioria dos ataques, cerca de
42,6 %, enquanto o tubarão tigre por 10,3 %.
Conforme a ISAF (2003), de 1820 a 2002, foram registrados 400 ataques
de tubarão a mergulhadores em todo o mundo, sendo o maior número de
ocorrências na América do Norte e Oceania (figura 3).
Outros
3%
América do Sul
3%
Europa
3%
Ásia
5%
América Central
Africa e Caribe
10% 11%
Oceania
21%
Fonte: ISAF
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O mergulhador normalmente atrai menos interesse para um tubarão do que
o nadador na superfície. Várias pessoas que mergulham em águas com tubarões
não se sentem confortáveis quando nadam na superfície, principalmente em águas
profundas. Nessas situações, caso surja um tubarão, não é preciso sair d’água, mas
manter-se calmo e sem grande agitação.
Dois terços dos ataques de tubarões a mergulhadores (ISAF, 2003),
acontecem com praticantes de caça submarina. Ataques também ocorrem em
mergulhos específicos, como aqueles que vão à procura de tubarões “Shark
dives”. Nesses eventos é comum os instrutores de mergulho alimentarem os
animais com peixes, retirados de pequenos recipientes, o que provoca verdadeiro
“frenesi” entre os tubarões na busca de alimento (Carwaedine, 2002).
5. Prevenção ao ataque
O bom senso é o melhor aliado das pessoas que queiram praticar qualquer
atividade aquática. A melhor prevenção é o conhecimento sobre o local no qual
irá surfar, nadar, mergulhar ou pescar, e quais as atitudes que devam ser evitadas
para se prevenir de um ataque. Bem sabemos não existir nenhum método que
proporcione uma garantia total, pois esses animais são imprevisíveis nas mais
diversas situações.
A maioria dos tubarões parece ter medo do homem, porém podem estar
presentes observando seus movimentos, sem serem vistos. São atraídos e
incentivados a atacar, principalmente, à procura de comida, diante de cores
berrantes e objetos metálicos, vibrações de baixa freqüência, explosões e outros
elementos que atraem o animal para próximo de suas vítimas. Entretanto, existem,
certos avisos e sinais produzidos pelos tubarões que podem ser considerados
como um provável e eminente ataque: (a) nadar rápido, aparentemente sem
direção; (b) nadar formando a figura de um oito; (c) nadar em circulo; (d)
contorcer o seu corpo em forma de “S” e (e) arquear as costas. Esses rituais de
ataques são mais evidentes em algumas espécies do que em outras.
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Alguns princípios básicos descritos a seguir podem diminuir as chances de
encontros desagradáveis com tubarões, em áreas com registros anteriores de
ataque ao homem (Szpilman, 1998; Gadig, 1998).
- Não entrar sozinho no mar; o maior número de vítimas morre por
afogamento, devido à falta de socorro.
- Evitar entrar no mar nos períodos do amanhecer, do crepúsculo e à
noite; a maioria das espécies de tubarão que atacam o homem são mais
ativos e se alimentam nesses períodos.
- Evitar nadar em estuários ou baías com descarregamento de esgoto - o
lixo ou vazadores de esgotos é um grande atrativo para os tubarões.
- Não nadar na presença de mamíferos aquáticos, tais como: golfinhos,
leões marinhos ou botos, pois são alimentos muito atraentes para o
tubarão.
- Evitar permanecer além da zona da arrebentação, pois teoricamente, o
risco de ataque é maior.
- Evitar nadar ou mergulhar em águas turvas ou escuras, pois nesses
ambientes a vantagem sensorial é favorável ao tubarão.
- Não só traços de sangue atraem algumas espécies de tubarões, como
também vômito, urina e outros fluídos corpóreos são grandes atrativos.
- Não entrar no mar com jóias ou objetos brilhantes, nem de cores
berrantes, pois podem simular as cores e o brilho das escamas dos
peixes.
Bastões
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a leveza necessária para que eles não fiquem feridos. Na outra extremidade, o
bastão possui um laço que será envolto no pulso.
Esse tipo de equipamento não assegura uma proteção absoluta, pois o
tubarão afastado dessa maneira tende a voltar, aguardando somente uma ocasião
propícia, ou muitas vezes, depois de ser afastado pela segunda vez, fica
desencorajado e afasta-se definitivamente (Cousteau, 1983).
Gaiolas
Roupas
Redes de proteção
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tubarões, mas têm causado, em média, a matança de 42.000 tubarões por ano,
sendo o tubarão tigre e o tubarão branco as maiores vítimas. O maior problema da
utilização dessas redes, é que elas capturam outros animais dentre eles tartarugas,
golfinhos e arraias, mortos pelas redes de proteção (Allen, 2001).
Repelentes
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seis metros de sua presa. Recentemente, variações do SharKPOD foram
desenvolvidas para serem utilizadas por surfistas, mergulhadores, praticantes de
bodyboards, velejadores e para coletes salva vidas (Allen, 2001; Carwaedine,
2002).
6. Considerações Finais
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A pesca de tubarões é feita no mundo inteiro, com a utilização dos mais
variados aparelhos. Porém, a maioria dos animais é morta acidentalmente por
redes de pesca lançadas por barcos pesqueiros, ou pela pesca predatória. Em
países asiáticos, basicamente tudo no tubarão é aproveitado. As nadadeiras são
consideradas as partes mais valiosas. Delas é feita sopa de nadadeira de tubarão,
prato oriental caríssimo, que dizem ser afrodisíaco. Muitas indústrias pesqueiras
orientais cometem o crime de capturar tubarões e cortar apenas as nadadeiras,
devolvendo o animal ao mar, onde irá morrer lentamente.
Os tubarões estão no ápice da cadeia alimentar, pois se alimentam de uma
grande variedade de animais marinhos: de caranguejos, peixes, tartarugas,
golfinhos e baleias. Segundo Gadig (1998), caso os tubarões sejam eliminados,
haverá um desequilíbrio ecológico e a abundância de diversos animais marinhos
será afetada. Não é possível prever o que aconteceria se todos os tubarões de uma
determinada área fossem eliminados, porém podemos aprender com
acontecimentos recentes, como no caso da Tasmânia, onde a população de lagosta
reduziu drasticamente após a pesca intensa dos tubarões na região. Isto ocorreu
pois, o tubarão controlava a população de polvos, o maior predador de lagosta.
Assim com certos peixes de elevada importância econômica para o homem
podem, inclusive, ter suas populações significativamente reduzidas.
A conservação dos tubarões só passou a ser uma preocupação nos últimos
anos, quando cientistas verificaram a diminuição da população de muitas espécies.
Esse animal demora muito a crescer e a atingir a maturidade. Muitas espécies
precisam de pelo menos 20 anos para se reproduzir pela primeira vez. A maioria
produz poucos filhotes a cada gestação, que demora em média dois anos.
Não é fácil convencer as autoridades a elaborar medidas em favor dos
tubarões, pois, ao contrário do que acontece com golfinhos, baleias, tartarugas e
peixes-boi, os tubarões não despertam nenhum tipo de simpatia nas pessoas. Isso
porque elas não têm a oportunidade de conhecer o lado fascinante da vida desses
animais e o quanto eles são importantes para o ambiente e, conseqüentemente,
para a própria espécie humana.
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7. Referências Bibliográficas
ALLEN, Thomas. Shark Attacks – Their Causes and Avoidance. New York: The
Lyons Press, 2001. 285 p.
ORR, Robert. Biologia dos Vertebrados. 5º ed., São Paulo: Editora Rocca Ltda,
1986. p. 27-72
STUTZ, Bruce. Why the shark bites. Natural history, Nov87, Vol. 96 Issue 11,
p94, 5p.
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