Ataques de Tubarões Ao Homem: Centro Universitário de Brasília Faculdade de Ciências Da Saúde

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Centro Universitário de Brasília

Faculdade de Ciências da Saúde

ATAQUES DE TUBARÕES AO HOMEM

Lúcia Freitas da Silva

Brasília – 2003
Centro Universitário de Brasília
Faculdade de Ciências da Saúde
Bacharelado em Ciências Biológicas

ATAQUES DE TUBARÕES AO HOMEM

Lúcia Freitas da Silva

Monografia apresentada como requisito


para a conclusão do curso de Biologia do
Centro Universitário de Brasília.

Orientação: Prof. Marcelo X. A. Bizerril

Brasília – 2º semestre / 2003


Resumo
Os tubarões freqüentam os nossos mares e oceanos há aproximadamente
400 milhões de anos. São peixes da classe Chondrichtyes, em razão de seu
esqueleto cartilaginoso, sendo excelentes nadadores graças a sua estrutura
corporal fusiforme. Apesar de seu sistema nervoso ser muito primitivo, os
tubarões usam uma combinação de sentidos especiais para se localizar, caçar e
evitar predadores. Com hábitos alimentares variados, os tubarões se alimentam de
pequenos a grandes animais inclusive de outros tubarões. Das 410 espécies
conhecidas, somente 32 representam perigo ao ser humano; sendo os ataques
classificados em não provocados e provocados. Anualmente ocorrem de 70 a 100
ataques de tubarões ao homem, que resultam em 5 a 15 mortes, porém a
quantidade de ataques vem aumentando nos últimos anos, devido a maior
freqüência de pessoas nas praias praticando atividades aquáticas, sendo os
surfistas as maiores vítimas. A prevenção do ataque começa pelo bom senso,
como o conhecimento do local e as precauções a tomar. Atualmente 100 milhões
de tubarões são mortos anualmente e caso eles venham a desaparecer, graves
conseqüências serão observadas em ecossistemas marinhos, especialmente pelo
papel dos tubarões em regular populações de inúmeras espécies.

Palavras Chaves
Ataques de tubarão, Chondrichthyes, Comportamento animal, Mergulhadores,
Surfistas
Sumário

1. Introdução ................................................................................................................... 3
1.1. História evolutiva dos tubarões ....................................................................... 3
1.2. Características morfológicas............................................................................ 3
1.3. Hábitos alimentares ......................................................................................... 6
1.4. O problema analisado e os objetivos da pesquisa............................................ 7
2. Tubarões como agentes de risco a humanos ............................................................... 7
3. Onde os tubarões atacam .......................................................................................... 10
3.1. Ataques nos litoral brasileiro........................................................................ 11
4. Ataques contra o homem .......................................................................................... 12
4.1. As causas dos ataques................................................................................... 12
4.2. As vítimas dos ataques ................................................................................. 14
5. Prevenção ao ataque.................................................................................................. 16
5.1. Dispositivos anti-tubarões............................................................................. 17
6. Considerações finais ................................................................................................. 20
7. Referências Bibliográficas........................................................................................ 22
1. Introdução

1.1. História evolutiva dos tubarões

Os ancestrais dos tubarões surgiram nos mares e oceanos


aproximadamente há 400 milhões de anos, antes dos dinossauros vagarem pela
terra. O estudo dos fósseis desses ancestrais é difícil, pois logo à morte do tubarão
o seu esqueleto cartilaginoso se decompõe rapidamente, restando somente os
dentes, espinhos e escamas placóides (STUTZ, 1987).
Os primeiros tubarões não se pareciam muito com os atuais, pois tinham a
boca na parte frontal da cabeça, espinhos nas nadadeiras dorsais e não possuíam
nadadeira anal. Tal como são vistos hoje - boca localizada na parte ventral da
cabeça, nadadeiras dorsais sem espinho, nadadeiras peitorais, pélvica e anal -
provavelmente surgiram há 200 milhões de anos.
O fóssil de tubarão mais conhecido atualmente é o dente do megalodon
(Charcarodon megalodon), que mede 15 cm, indicando que este animal podia
chegar a medir 15 metros de comprimento e pesar até 50 toneladas. Ele foi um dos
maiores predadores dos oceanos e, assim, permaneceu no topo da cadeia alimentar
por 20 milhões de anos, desaparecendo inexplicavelmente há dois milhões de
anos. O nome megalodon significa “o tubarão com grandes dentes”, e é a espécie
considerada parente mais próximo do tubarão branco (Carwaedine, 2002).

1.2. Características morfológicas

Os tubarões ainda mantêm muitas características anatômicas dos seus


primeiros ancestrais, que o tornaram um animal perfeitamente adaptado à vida no
mar.

Corpo Perfeito

Os tubarões são peixes da classe Chondrichthyes, em razão de seu


esqueleto cartilaginoso. Apesar da cartilagem ser um tecido mais flexível que o
osso, ela proporciona proteção e suporte para os órgãos internos do tubarão. Sua

3
principal vantagem em relação ao osso está relacionada à densidade, pois dentro
d’água este é duas vezes mais denso que a cartilagem.
Muitos peixes ósseos armazenam ar em suas bexigas natatórias. O
processo de inflar ou desinflar a bexiga natatória é lento e vai depender da
profundidade em que o animal se encontra, impossibilitando sua rápida subida à
superfície. Já os tubarões, que não possuem bexiga natatória, são capazes de subir
e descer muito rápido na água sem correr risco algum, pois para se manterem
neutros dentro da água, armazenam grande quantidade de óleo no fígado.
Algumas espécies chegam a armazenar cerca de 25% do seu peso corporal em
óleo. Como o óleo é menos denso que a água, eles conseguem então reduzir o seu
peso (Gadig, 1998, ORR, 1986).
Os tubarões são excelentes nadadores, em virtude de sua estrutura corporal
fusiforme que lhe dá características hidrodinâmicas. Suas nadadeiras (figura 1)
dorsal e anal estão projetadas para impedir que o tubarão vire de cabeça para
baixo, enquanto o par de nadadeiras peitorais e pélvicas permitem que eles nadem
para baixo e para cima. A nadadeira caudal faz com que os tubarões se
movimentem para frente.

Figura 1. Estruturas morfológicas

A pele destes peixes é coberta por numerosas e minúsculas escamas,


aprofundadas na pele, denominadas escamas placóides, são estruturalmente iguais
aos dentes, conferindo proteção contra ferimentos e são substituídos,

4
automaticamente, quando necessário. Voltados para trás, as escamas ajudam a
melhorar a eficiência hidrodinâmica corporal, reduzindo a turbulência da água
durante o deslocamento do tubarão (ORR, 1986).

Sistemas sensoriais

Os tubarões possuem um sistema nervoso muito primitivo, com cérebro


pequeno e com pouca sensibilidade à dor. São fortes e resistentes, podendo
demorar muito a morrer mesmo quando estão seriamente feridos. Eles agem
exclusivamente por instinto e suas reações à diversas situações são imprevisíveis
(Carwaedine, 2002).
Os tubarões usam uma combinação de sentidos muito forte para se
localizar, caçar e evitar predadores. Em várias espécies, cada sentido é utilizado a
uma determinada distância de sua potencial fonte de alimento. Inicialmente, o
tubarão utiliza-se do som, que na água se propaga cinco vezes mais rápido do que
no ar. Se ele perceber alguma vibração interessante a vários quilômetros de
distância, ele irá investigar. Essas vibrações são captadas pelo ouvido interno,
localizado atrás de cada olho, e também por linhas laterais, onde são capazes de
captar vibrações de média e baixa freqüência, corrente, mudanças na temperatura
e pressão da água, facilitando a localização do alimento e obstáculos em águas
turvas. Seu olfato aguçado lhe permite detectar uma gota de sangue a 300 metros
de distância, por meio de um conjunto de células muito desenvolvidas. De fato,
grande parte do cérebro do tubarão é utilizado para essa função. Ao contrário do
que muitos pensam, eles têm um excelente campo de visão, que atua melhor de
perto, cerca de quinze metros de distância. Sua retina é formada por numerosos
bastonetes, o que lhe confere um aproveitamento mais eficiente da luminosidade
em locais de pouca luz, como em águas turvas, profundas ou à noite.
Os tubarões possuem receptores elétricos localizados em volta do focinho,
chamados de ampolas de Lorenzini. Elas são sensíveis à temperatura, salinidade e
pressão, conferindo ao animal a capacidade de localizar uma presa mesmo que ela
esteja completamente enterrada na areia (Szpilman, 1998; Carwaedine, 2002).

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Mordida

Os tubarões são considerados os primeiros vertebrados dotados de


mandíbulas. Elas são bem desenvolvidas, dotadas de dentes de forma e tamanho
variáveis relacionados ao uso. Espécies que comem peixes possuem dentes
afilados e pontiagudos, já outras que se alimentam de crustáceos e moluscos,
apresentam dentes achatados.
Os dentes dos tubarões são desprovidos de raízes e, por conseguinte, não
estão firmemente fixados às mandíbulas. Para suprir esta deficiência, eles
podendo apresentar até 20 fileiras de dentes conforme a espécie, que podem ser
destacados, ficando presos à vítima, substituídos por outros da fileira de trás. Este
processo de reposição pode levar dias ou semanas. Um tubarão ao longo de toda a
sua vida, pode perder e substituir até vinte mil dentes (STUTZ, 1987).
A boca do tubarão encontra-se na posição ventral da cabeça, porém não
existe contato rígido com o crânio, o que lhe proporciona maior abertura e
projeção da boca, sem necessidade de virar de lado para abocanhar a sua presa,
apesar de efetuarem esta manobra algumas vezes. Segundo Szpilman (1998) a
mordida do tubarão é muito potente, podendo chegar a 300 kg/mm2.

1.3. Hábitos alimentares

Os hábitos alimentares do tubarão variam muito de acordo com as


espécies. Eles se alimentam de pequenos e grandes peixes, moluscos, crustáceos,
plâncton, mamíferos, arraias e também de outros tubarões.
Os padrões comportamentais na busca por alimento são bem variados,
podendo se lentos e determinados ou convulsivos e rápidos. Esse comportamento
está relacionado com o padrão de ataque e o tipo de alimentação de cada espécie.
Porém, na presença de uma grande quantidade de alimento, o tubarão costuma
demonstrar uma voracidade e agressividade muito grande, a qual é denominada de
“frenesi”. As práticas de caça dos tubarões são guiadas e determinadas
basicamente pela combinação de todos os seus sentidos (Gadig, 1998 ; Szpilman,
1998).

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Os tubarões baleia (Rhincodon typus), gigante (Cetorhinus maximus) e o
megaboca (Megachasma pelagios), considerados os maiores peixes dos oceanos,
alimentam-se por filtração. Para tanto eles nadam lentamente perto da superfície
da água com a boca aberta, quando são capazes de filtrar enorme volume de água,
que passa pelos filamentos e sai pelas fendas branquiais. Já o tubarão branco
(Carcharodon carcharias), alimenta-se de mamíferos marinhos, principalmente
focas. As espécies de Galápagos (Carcharhinus galapagensis), tigre (Galeocerdo
cuvier) e cabeça-chata (Carcharhinus leucas), entre outros alimentos, podem
comer tubarões da própria espécie, caracterizando o canibalismo (Gadig, 1998).

1.4. O problema analisado e os objetivos da pesquisa

Recentemente, o homem vem expandindo as suas atividades recreacionais,


exploratórias e alimentares, invadindo o domínio dos tubarões. Estatisticamente, a
probabilidade de um ser humano ser atacado por um tubarão é muito pequena,
porém o medo e a ansiedade gerados pelo pouco conhecimento que possuímos
sobre a sua vida selvagem e o mistério que o cerca, fez do tubarão um dos
principais inimigos do homem. Embora, os tubarões não sejam uma ameaça ao
nosso bem estar, o ser humano tem mais medo de ser atacado por um tubarão do
que ser mordido por um leão. O lançamento nos Estados Unidos da América do
filme Tubarão em 1974 promoveu no mundo ocidental uma grande aversão a estes
animais, tendo como conseqüência a mortes de milhões de tubarões pelo homem.
Recentemente, no litoral do Rio de Janeiro, um tubarão foi capturado e morto à
paulada por banhistas, para alegria das pessoas que assistiam a cena e deleite da
imprensa local. Este fato ilustra a percepção equivocada que as pessoas têm destes
animais e as conseqüências trágicas para sua conservação
Compreender a real problemática dos ataques a humanos e sua relação
com o comportamento de caça aos tubarões é um importante passo para buscar
uma consciência pacífica entre tubarões e humanos.

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2. Tubarões como agentes de risco a humanos

Existem aproximadamente 410 espécies conhecidas de tubarões. Esta


quantidade vem aumentando continuamente porque, diversas espécies novas são
identificadas e adicionadas à lista a cada ano. Todavia apenas 32 espécies
representam perigo ao ser humano.
Os ataques de tubarões a seres humanos podem ser classificados em:
ataques não provocados, quando o incidente ocorre em ambiente natural e sem a
provocação do ser humano, e ataques provocados, habitualmente quando o
homem tenta manter contato físico com o animal (ISAF, 2003).
A seguir, serão descritas algumas espécies de tubarões que apresentam
registros de ataque não provocado ao homem, conforme tabela 1.
Carcharodon carcharias – Tubarão branco (figura 2)
Altamente agressivo e voraz, ataca e engole tudo que estiver no seu
caminho quando está com fome. É capaz de armazenar o alimento, sem digeri-lo,
por muitos dias, e a qualquer momento, regurgitá-lo para depois atacar novas
presas. São animais que vivem geralmente nas águas oceânicas, porém,
eventualmente, podem ser encontrados em águas rasas próximas ao litoral. São
responsáveis por numerosos registros de ataques a seres humanos.

Figura 2. Tubarão Branco

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Galeocerdo cuvieri – Tubarão tigre
Também conhecido como tintureira. São animais freqüentemente
encontrados próximos às praias, portos e estuários, sendo altamente perigoso para
os banhistas e mergulhadores. São animais com hábitos noturnos, passando todo o
dia em águas profundas perto da costa.
Carcharhinus leucas – Tubarão cabeça chata
São animais costeiros de nado lento, sendo encontrados em baías e
estuários. Possuem uma incrível capacidade de adaptação e grande tolerância à
vários níveis de salinidade. Quando jovens são bastante agressivos, sendo
responsáveis por vários ataques a surfistas no litoral do nordeste brasileiro.
Carcharhinus limbatus – Tubarão serra garoupa
São animais velozes e vivem em pequenos grupos de até 6 indivíduos.
Sphyrna zygaena – Tubarão martelo
São encontrados normalmente nadando calmamente perto da superfície da
água. Quando jovens formam bandos e vivem próximos à costa, oferecendo
perigo para o homem. São animais robustos com corpo alongado e uma cabeça
inconfundível, expandida lateralmente no formato de um martelo (Szpilman,
1998; Carwaedine, 2002).

Tabela 1. Principais espécies responsáveis por ataques de tubarões não


provocados ao homem entre os anos de 1528 a 2002 em todo o
mundo
Espécies Número de ataques Vítimas fatais
Carcharodon carcharias 253 68
Galeocerdo cuvieri 91 29
Carcharhinus leucas 66 20
Carcharhinus limbatus 28 0
Sphyrna zygaena 20 1
Fonte: ISAF

Entre os animais selvagens que mais atacam o homem em todo o mundo, o


tubarão situa-se apenas no quinto lugar, conforme a Tabela 2.

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Tabela 2. Animais selvagens que mais atacam o homem em todo o planeta

Animais Número de ataques


(por ano)
Cobras 250.000
Crocodilos 2.500
Abelhas 1.250
Elefantes 250
Tubarões 100
Fonte: Szpilman, 1998

Apesar da irreal imagem assustadora que infundem os filmes


sensacionalistas, segundo Szpilman (1998), a probabilidade de um ser humano ser
atacado por um tubarão é duas mil e quinhentas vezes menor do que um ataque de
cobra, sendo que 15% dos ataques são realizados pelo tubarão branco.

3. Onde os tubarões atacam

Segundo o Registro Internacional de Ataques de Tubarão (ISAF, 2003)


dos 536 prováveis ataques de tubarões relatados no mundo, durante os anos 90,
249 ocorreram em mares da Florida, 65 na África do Sul, 53 na Austrália, 50 no
Brasil, 17 na Nova Zelândia e 102 nos demais países do mundo.
As estatísticas mundiais mostram que os ataques costumam ocorrer em
águas não muito rasas – mais de dois metros de profundidade, e envolvem
tubarões com cerca de 2 a 8 metros de comprimento. Em todo o mundo, o maior
número de ataques de tubarão ocorre em mares tropicais e subtropicais, em águas
com temperatura igual ou superior a 21ºC. O pico dos ataques ocorre em janeiro,
sendo que o período de risco está compreendido ente 14 e 18 horas. Entretanto,
temos que considerar que os tubarões se alimentam a qualquer hora (Szpilman,
1998; Carwaedine, 2002).

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3.1. Ataques no litoral brasileiro

Na costa brasileira, o ataque de tubarão ao homem não é muito comum,


porém não deve ser descartado. Em circunstâncias especiais, tais como a fome, o
animal vence o medo e se aproxima da praia.
No Brasil, a maioria dos ataques acontece na Região Nordeste, onde o
clima e outras condições ambientais propiciam a presença de grandes tubarões
perto da costa, durante boa parte do ano. Já nas regiões sudeste e sul, os riscos
maiores são durante o verão, porque nessa época os grandes tubarões se
aproximam da praia para ter os seus filhotes. É nessa época também que uma
maior quantidade de pessoas estão na praia, devido às altas temperaturas.
Gadig (1998), sugere que na cidade de Recife, Pernambuco, o ataque a
surfistas não se deve somente ao maior número de pessoas dentro da água, mas
também a obra realizada na região costeira, onde foi fechada a desembocadura dos
rios que forneciam nutrientes ao ambiente litorâneo, tendo como conseqüência, a
quebra da cadeia alimentar.
Duas espécies são as prováveis causadoras de ataques a surfista no litoral
norte e nordeste brasileiro: tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas) e tubarão
tigre (Galeocerdo cuvieri), ambos não escolhem muito suas presas e normalmente
são agressivos (Gadig, 1998).
No Brasil já foram registrados 81 ataques de tubarão em nossa costa,
distribuídos conforme a tabela 3.
Tabela 3. Ataques de tubarões em litoral brasileiro entre os anos 1931 a 2002

Estado Total de Ataques Ataques Fatais Última Fatalidade


PE 35 11 1998
SP 11 0
MA 9 3 1995
RJ 9 2 2002
BA 5 1 1983
RN 4 1
RS 3 1 1990
PB 2 0
PR 1 0
SC 1 1
CE 1 0
Total 81 20
Fonte: ISAF

11
Segundo Szpilman (1998), os efeitos da degradação e do desequilíbrio
ambientais, provocados nos últimos anos na costa brasileira, são as principais
causas da aproximação dos tubarões às praias brasileiras.

4. Análise dos ataques ao homem

Ataques de tubarões a seres humanos sempre renderam grandes manchetes


na imprensa. O interesse público começou a ganhar maiores proporções somente
no século XX, durante a segunda guerra mundial, quando vários homens
morreram em alto-mar depois que seus navios foram afundados em águas cheias
de tubarões. A partir desses episódios, alguns países do mundo, principalmente os
Estados Unidos e a Grã-Bretanha, começaram a desenvolver projetos visando
proteger o homem dos ataques.
Em 1958 foi criada a “The International Shark Attack (ISAF)”,
administrada pela Sociedade Americana de Elasmobrânquios e pelo Museu de
História Natural da Flórida, atual centro mundial de registro de ataques de
tubarões, com mais de 3.000 mil casos, tendo representantes em vários países do
mundo. No Brasil, o representante é o Arquivo Brasileiro de Ataques de Tubarões
(Gadig, 1998).

4.1. As causas dos ataques

Os tubarões atacam as pessoas por várias razões, em ocasiões diferentes.


Não há um motivo determinado. Embora a carne humana não seja a parte
primordial da alimentação dos tubarões, alguns ataques ocorrem por encontros
oportunos e a simples mordida exploratória, dependendo da espécie, pode tornar-
se fatal.
Apesar da maioria dos ataques de tubarão acontecer sem nenhuma
provocação, sobretudo após naufrágio, no qual as vítimas não se encontram
feridas, o tubarão pode ser estimulado a atacar. Carwaedine (2002) relata
pesquisas realizadas com o grande tubarão branco (Carcharodon carcharias), na
qual verificou que ele morde as presas que não lhe são familiares, na tentativa de
encontrar uma potencial fonte de alimento, e ao se deparar com alimentos de

12
baixa concentração em gordura, como é o caso da carne humana, ele normalmente
a descarta. Nenhum ser humano, têm a mesma quantidade de gordura do que uma
foca ou um atum. Ainda, pesquisas demonstram que sua estratégia de ataque
consiste em dar uma mordida inicial e depois permanecer à distância da vítima,
aguardando a sua morte, evitando assim confronto direto no qual possa gastar
energia desnecessária ou até se machucar.
O tubarão não ataca o homem apenas visando alimentar-se, mas pode estar
se defendendo ou protegendo o seu território. Vários animais assim procedem
quando se sentem ameaçados, e o tubarão não seria uma exceção. Algumas
espécies de tubarão, normalmente, não são agressivas, porém podem reagir
violentamente quando provocadas. É o caso do tubarão lixa (Ginglymostoma
cirratum) que praticamente se alimenta de invertebrados marinhos e passa a maior
parte do tempo em sua toca, todavia, se provocado, pode morder e rapidamente se
afasta.
O maior risco de ataque desses animais surge quando eles estão à procura
de alimentos e estes lhe são negados. Exemplos ocorrem na caça submarina,
quando o peixe arpoado encontra-se próximo do mergulhador. Este emite ondas
de baixa freqüência, que irão estimular o tubarão, e conseqüentemente um
confronto com o mergulhador.
Outra possibilidade de ataque é a defesa de território, na qual o indivíduo,
inadevertidamente, invade o território do animal, sendo então recebido
agressivamente (Carwaedine, 2002).
Conforme Szpilman (1998) e Carwaedine (2002), a ISAF identificou três
diferentes tipos de ataques não provocados:
1- Golpear e correr – é o ataque mais comum. Normalmente as vítimas, surfistas
ou banhistas, encontram-se na zona de arrebentação e raramente conseguem
ver o agressor, que lhe morde uma única vez. A maior parte desses ataques
ocorre por erro de identificação devido à baixa visibilidade, em decorrência da
agitação da água. Nessas condições, o tubarão toma uma decisão rápida para
não perder a presa. Quando a esses fatores se acrescenta as atividades
desportivas, jóias e cores brilhantes, o tubarão, provavelmente, confunde a
perna humana com um peixe moribundo, de fácil captura. Após a mordida ele

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identifica rapidamente que se trata de caça de grande porte e solta a vítima,
afastando-se. Normalmente, essas mordidas ocorrem nas pernas, geralmente
abaixo do joelho e não passam de pequenas lacerações, raramente fatais.
2- Bater e morder – é o ataque menos comum, porém o mais perigoso, e quase
sempre fatal. As vítimas, normalmente, são nadadores ou mergulhadores em
águas profundas. Esse ataque se caracteriza por nados circulares ao redor da
vítima, com freqüentes impactos antes das mordidas, múltiplas e prolongadas.
Em geral, os ataques ocorrem por falta de alimento ou por defesa de território.
3- Furtivo – é igual ao ataque anterior, porém, sem aviso prévio.

4.2. As vítimas dos ataques

Em todo mundo ocorrem cerca de 70 a 100 ataques de tubarão por ano, no


que resulta, aproximadamente, cinco a quinze mortes. Esses dados são vagos,
visto que nem todos os ataques são registrados. Normalmente, os ataques
acontecem em cidades turísticas e, temendo alguma propaganda adversa, alguns
registros não são, intencionalmente, divulgados.
Historicamente, a taxa de morte era mais elevada do que hoje em dia. Isso
parece, não ter relação com o número de ataques ou a gravidade dos mesmos.
Esses números refletem os avanços nos serviços de emergências, que se
encontram prontamente disponíveis, aos tratamentos médicos atuais. Embora a
taxa de morte tenha diminuído, os números de novos ataques por tubarões
aumentaram nas últimas décadas. Foram registrados mais ataques de tubarões na
década de noventa do que em qualquer outra. O motivo desse aumento, segundo
Carwaedine (2002), deve-se a maior freqüência de pessoas nas praias, praticando
atividades aquáticas, entre elas banhistas, mergulhadores e surfistas.
A maioria dos ataques de tubarões ocorridos no ano de 2000 foi contra
surfistas. Coincidentemente, a maior parte desses ataques surgem nos grandes
centros de “surf”. Desde 1950, o número de surfistas atacados tem aumentado
progressivamente, em razão de sua prolongada permanência na água, aguardando
por uma “boa onda”. A teoria, defendida por biólogos e oceanógrafos, é que o
tubarão pode confundir o surfista em sua prancha com uma presa natural,
semelhante a um leão ou elefante marinhos, quando vistos por baixo. Outra

14
possível teoria, é que pequenos tubarões podem confundir a sola dos pés e a
palma das mãos, que tendem a ser mais claras do que a pele ou a roupa dos
surfistas, pelo branco das escamas dos peixes (Carwaedine, 2002).
Ataques contra mergulhadores são relativamente raros. A maioria dos
tubarões não tem contato com mergulhadores, e, assim sendo, é normal que esses
tratem qualquer coisa estranha com muito cuidado. A maioria dos grandes
tubarões que vivem em águas abertas, desconhece o quanto o mergulhador é
vulnerável.
Os ataques de tubarões a mergulhadores não têm um período determinado,
podendo ocorrer desde a entrada até a saída d’água. Na grande maioria dos casos,
o ataque é feito por uma única mordida e por animal que mede em torno de 1,5 a
2,4 metros. O tubarão branco é responsável pela maioria dos ataques, cerca de
42,6 %, enquanto o tubarão tigre por 10,3 %.
Conforme a ISAF (2003), de 1820 a 2002, foram registrados 400 ataques
de tubarão a mergulhadores em todo o mundo, sendo o maior número de
ocorrências na América do Norte e Oceania (figura 3).

Outros
3%

América do Sul
3%

Ilhas do Pacífico América do Norte


17% 27%

Europa
3%

Ásia
5%
América Central
Africa e Caribe
10% 11%

Oceania
21%

Fonte: ISAF

Figura 3. Locais e ocorrência de ataques de tubarão a Mergulhadores entre os anos


de1820 e 2002

15
O mergulhador normalmente atrai menos interesse para um tubarão do que
o nadador na superfície. Várias pessoas que mergulham em águas com tubarões
não se sentem confortáveis quando nadam na superfície, principalmente em águas
profundas. Nessas situações, caso surja um tubarão, não é preciso sair d’água, mas
manter-se calmo e sem grande agitação.
Dois terços dos ataques de tubarões a mergulhadores (ISAF, 2003),
acontecem com praticantes de caça submarina. Ataques também ocorrem em
mergulhos específicos, como aqueles que vão à procura de tubarões “Shark
dives”. Nesses eventos é comum os instrutores de mergulho alimentarem os
animais com peixes, retirados de pequenos recipientes, o que provoca verdadeiro
“frenesi” entre os tubarões na busca de alimento (Carwaedine, 2002).

5. Prevenção ao ataque

O bom senso é o melhor aliado das pessoas que queiram praticar qualquer
atividade aquática. A melhor prevenção é o conhecimento sobre o local no qual
irá surfar, nadar, mergulhar ou pescar, e quais as atitudes que devam ser evitadas
para se prevenir de um ataque. Bem sabemos não existir nenhum método que
proporcione uma garantia total, pois esses animais são imprevisíveis nas mais
diversas situações.
A maioria dos tubarões parece ter medo do homem, porém podem estar
presentes observando seus movimentos, sem serem vistos. São atraídos e
incentivados a atacar, principalmente, à procura de comida, diante de cores
berrantes e objetos metálicos, vibrações de baixa freqüência, explosões e outros
elementos que atraem o animal para próximo de suas vítimas. Entretanto, existem,
certos avisos e sinais produzidos pelos tubarões que podem ser considerados
como um provável e eminente ataque: (a) nadar rápido, aparentemente sem
direção; (b) nadar formando a figura de um oito; (c) nadar em circulo; (d)
contorcer o seu corpo em forma de “S” e (e) arquear as costas. Esses rituais de
ataques são mais evidentes em algumas espécies do que em outras.

16
Alguns princípios básicos descritos a seguir podem diminuir as chances de
encontros desagradáveis com tubarões, em áreas com registros anteriores de
ataque ao homem (Szpilman, 1998; Gadig, 1998).
- Não entrar sozinho no mar; o maior número de vítimas morre por
afogamento, devido à falta de socorro.
- Evitar entrar no mar nos períodos do amanhecer, do crepúsculo e à
noite; a maioria das espécies de tubarão que atacam o homem são mais
ativos e se alimentam nesses períodos.
- Evitar nadar em estuários ou baías com descarregamento de esgoto - o
lixo ou vazadores de esgotos é um grande atrativo para os tubarões.
- Não nadar na presença de mamíferos aquáticos, tais como: golfinhos,
leões marinhos ou botos, pois são alimentos muito atraentes para o
tubarão.
- Evitar permanecer além da zona da arrebentação, pois teoricamente, o
risco de ataque é maior.
- Evitar nadar ou mergulhar em águas turvas ou escuras, pois nesses
ambientes a vantagem sensorial é favorável ao tubarão.
- Não só traços de sangue atraem algumas espécies de tubarões, como
também vômito, urina e outros fluídos corpóreos são grandes atrativos.
- Não entrar no mar com jóias ou objetos brilhantes, nem de cores
berrantes, pois podem simular as cores e o brilho das escamas dos
peixes.

5.1. Dispositivos Anti-tubarões

Bastões

O bastão é usado por mergulhadores que visam afastar tubarões de


pequeno e médio porte sem lhes causarem danos. Os bastões, normalmente de
alumínio ou aço inoxidável com cerca de 90cm de comprimento, têm na
extremidade distal dispositivos pontiagudo dispostos em círculos, que se fixam,
suficientemente, na pele do tubarão, impedindo que o bastão escorregue, mas com

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a leveza necessária para que eles não fiquem feridos. Na outra extremidade, o
bastão possui um laço que será envolto no pulso.
Esse tipo de equipamento não assegura uma proteção absoluta, pois o
tubarão afastado dessa maneira tende a voltar, aguardando somente uma ocasião
propícia, ou muitas vezes, depois de ser afastado pela segunda vez, fica
desencorajado e afasta-se definitivamente (Cousteau, 1983).

Gaiolas

As gaiolas de alumínio foram originalmente desenvolvidas em 1960 para


proteger fotógrafos submarinos que ficavam trabalhando em torno do grande
tubarão branco. Hoje em dia, esse equipamento não é só utilizado por fotógrafos,
e pesquisadores, como também por turistas, para observarem o comportamento ou
somente terem contato com uma grande variedade de espécies de tubarão
(Carwaedine, 2002).

Roupas

Alguns profissionais de mergulho utilizam roupas e luvas de proteção


feitas de anéis de aço. Desenvolvida no início da década de 80, ela é usada por
cima das roupas tradicionais de mergulho e previnem que os dentes dos tubarões
penetrem na pele do mergulhador. Um único anel é capaz de suportar
aproximadamente 9 quilos de pressão, e normalmente uma roupa é feita
utilizando-se 400 mil anéis. Existem variações entre as roupas, as que são
confeccionadas com anéis simples são eficientes para animais pequenos, já as de
anéis duplos, suportam a mordida de um tubarão tigre ou mako (Shortfin mako).
Essas roupas têm se mostrado eficientes, possibilitando que mergulhadores nadem
livremente entre tubarões de pequeno e médio porte (Carwaedine, 2002).

Redes de proteção

Em alguns países do mundo, como Austrália e África do Sul, redes de


proteção contra ataques de tubarões são utilizadas para capturar tubarões antes
que eles cheguem perto da costa. Essas redes têm reduzido 90% dos ataques de

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tubarões, mas têm causado, em média, a matança de 42.000 tubarões por ano,
sendo o tubarão tigre e o tubarão branco as maiores vítimas. O maior problema da
utilização dessas redes, é que elas capturam outros animais dentre eles tartarugas,
golfinhos e arraias, mortos pelas redes de proteção (Allen, 2001).

Repelentes

Os primeiros estudos sobre a utilização de repelentes de tubarão


começaram durante a segunda guerra mundial, quando oficiais da marinha
americana e britânica preocupados com o alto índice de naufrágio de seus navios
em áreas infestadas de tubarão, desenvolveram repelentes químicos contra
tubarões.
Os primeiros repelentes envolviam uma mistura de 68 diferentes
substâncias tóxicas, inclusive gases venenosos. Porém testes demonstraram a
inviabilidade do uso, pois ao invés de repelir apenas os tubarões, a mistura matava
todos os peixes da área exposta.
Com o desenvolvimento das pesquisas, vários problemas começaram a
aparecer. Como desenvolver um repelente eficaz para afugentar as diferentes
espécies de tubarões? Para um mesmo produto utilizado, obtinha-se resultados
diversos. Em algumas espécies provocava a morte e em outras “frenesi”.
Atualmente existem experiências promissoras em andamento com agentes
químicos; como a pardaxina, produzidas pelo linguado (Pardachirus marmoraus)
e o sulfactantes, como o dodecilsulfato sódico, que têm recebido a atenção dos
pesquisadores, porém, até o momento nenhum repelente químico eficaz foi
desenvolvido.
Atualmente, o que tem se mostrado mais eficiente na área é um repelente
eletromagnético denominado SharkPOD (aparelho de proteção oceânica contra
tubarão), desenvolvido na África do Sul em 1995. O aparelho mede
aproximadamente 40 cm e pesa cinco quilos. O seu funcionamento é bastante
simples. Os tubarões possuem sensores especializados, ampolas de Lorenzini
localizadas no focinho, e o aparelho produz um campo eletromagnético suficiente
forte para desorientar, repelir e impedir que o tubarão se aproxime mais do que

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seis metros de sua presa. Recentemente, variações do SharKPOD foram
desenvolvidas para serem utilizadas por surfistas, mergulhadores, praticantes de
bodyboards, velejadores e para coletes salva vidas (Allen, 2001; Carwaedine,
2002).

6. Considerações Finais

Infelizmente, os meios de comunicação não mostram o lado fascinante dos


tubarões, que é a perfeita adaptação ao ambiente em que vivem, onde
desempenham um papel importante no equilíbrio dos ecossistemas, como
predadores no topo das cadeias alimentares. Os ataques contra o homem são o
resultado de alterações causadas por ele mesmo no ambiente, o que se reflete nos
domínios desse predador.
O ataque de tubarão ao homem não é muito comum, mas vem aumentando
a partir dos anos 70, devido ao aumento da população e a crescente ocupação das
zonas costeiras e uma conseqüente intensificação da degradação ambiental e da
pesca predatória, provocando uma escassez de alimento e vida marinha.
Conjugado a esses problemas a massificação dos esportes aquáticos,
especialmente o surf, vem atraindo o tubarão cada vez mais para as nossas praias.
De acordo com estimativas científicas, mais de 100 milhões de tubarões
são mortos anualmente em todo o mundo. Apesar desses números alarmantes,
atualmente, nenhuma espécie de tubarão consta da lista de animais ameaçados de
extinção (Carwardine, 2002).
As pessoas dizem se sentir ameaçadas pelos tubarões, mas esquecem que
esses animais também têm motivos para temer o homem. A pesca industrial, por
exemplo, captura grande quantidade de tubarões e, como a velocidade de
reprodução desses animais não permite que eles repovoem a área antes da
próxima pescaria, o tamanho das populações se torna cada vez menor. Além
disso, a poluição da água e a ocupação desordenada da faixa costeira destroem o
hábitat dos tubarões e eliminam áreas usadas como berçários por esses animais,
afetando o desenvolvimento e o ciclo biológico das espécies.

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A pesca de tubarões é feita no mundo inteiro, com a utilização dos mais
variados aparelhos. Porém, a maioria dos animais é morta acidentalmente por
redes de pesca lançadas por barcos pesqueiros, ou pela pesca predatória. Em
países asiáticos, basicamente tudo no tubarão é aproveitado. As nadadeiras são
consideradas as partes mais valiosas. Delas é feita sopa de nadadeira de tubarão,
prato oriental caríssimo, que dizem ser afrodisíaco. Muitas indústrias pesqueiras
orientais cometem o crime de capturar tubarões e cortar apenas as nadadeiras,
devolvendo o animal ao mar, onde irá morrer lentamente.
Os tubarões estão no ápice da cadeia alimentar, pois se alimentam de uma
grande variedade de animais marinhos: de caranguejos, peixes, tartarugas,
golfinhos e baleias. Segundo Gadig (1998), caso os tubarões sejam eliminados,
haverá um desequilíbrio ecológico e a abundância de diversos animais marinhos
será afetada. Não é possível prever o que aconteceria se todos os tubarões de uma
determinada área fossem eliminados, porém podemos aprender com
acontecimentos recentes, como no caso da Tasmânia, onde a população de lagosta
reduziu drasticamente após a pesca intensa dos tubarões na região. Isto ocorreu
pois, o tubarão controlava a população de polvos, o maior predador de lagosta.
Assim com certos peixes de elevada importância econômica para o homem
podem, inclusive, ter suas populações significativamente reduzidas.
A conservação dos tubarões só passou a ser uma preocupação nos últimos
anos, quando cientistas verificaram a diminuição da população de muitas espécies.
Esse animal demora muito a crescer e a atingir a maturidade. Muitas espécies
precisam de pelo menos 20 anos para se reproduzir pela primeira vez. A maioria
produz poucos filhotes a cada gestação, que demora em média dois anos.
Não é fácil convencer as autoridades a elaborar medidas em favor dos
tubarões, pois, ao contrário do que acontece com golfinhos, baleias, tartarugas e
peixes-boi, os tubarões não despertam nenhum tipo de simpatia nas pessoas. Isso
porque elas não têm a oportunidade de conhecer o lado fascinante da vida desses
animais e o quanto eles são importantes para o ambiente e, conseqüentemente,
para a própria espécie humana.

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7. Referências Bibliográficas
ALLEN, Thomas. Shark Attacks – Their Causes and Avoidance. New York: The
Lyons Press, 2001. 285 p.

CARWAEDINE, Mark & WATTERSON, Ken. The Shark - Watcher’s


Handbook. New Jersey: Princeton University Press, 2002. 287 p.

COUSTEAU, Jacques-Yves. O Mundo Submarino. Espanha: Salvat, 1983. v. 4, p


98 - 128

GADIG, Otto. Tubarões. São Paulo: Ática, 1998. 55 p.

ORR, Robert. Biologia dos Vertebrados. 5º ed., São Paulo: Editora Rocca Ltda,
1986. p. 27-72

SZPILMAN, Marcelo. Seres Marinhos Perigosos – Guia prático de identificação,


prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Instituto Ecológico Aqualang, 1998. p.
15-43

ISAF - The International Shark Attack File. Disponível em:


http://www.flmnh.ufl.edu/fish/default.htm. Acesso em 29/08/2003

STUTZ, Bruce. Why the shark bites. Natural history, Nov87, Vol. 96 Issue 11,
p94, 5p.

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