Resumo Expandido PDF
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André Batista Maia (1), Antônio Ronney Alves do Nascimento (2), Yasmin Pinheiro
Vidal(3), Reinaldo Fontes Cavalcante (4).
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Quixadá. E-mail: [email protected]
²Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Quixadá. E-mail: [email protected]
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RESUMO
A poluição e os desequilíbrios causados pela mesma geram diversos impactos às comunidades devido
ao desequilíbrio em complexas teias alimentares que eventualmente acabam afetando direta ou
indiretamente o homem. Os testes de toxicidade têm o intuito de estudar e quantificar os efeitos que um
poluente ou substância pode causar em organismos vivos, desta forma o mesmo também possibilita
ações mitigadoras de danos ou normas que regulem lançamentos de poluentes em diversos ambientes.
Existem diversos organismos que podem ser utilizados nos testes de toxicidade, dentre eles ratos e
coelhos, entretanto, tem um custo elevado e apresentam difícil manejo. Uma alternativa é a utilização
de microcrustáceos, como por exemplo, Artemia salina, que são de pequeno porte e de fácil manuseio,
facilitando assim o procedimento das análises. Além disso, os seus cistos são acessíveis e de baixo custo,
viabilizando os testes. Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância dos testes de toxicidade
para o meio científico e acadêmico detalhando os testes e sua respectiva precisão. Os testes de toxicidade
quantificam a DL50( Dose letal mediana) e definem a toxicidade de uma dada substância, sendo
imprescindíveis para a avaliação do ambiente. Tendo em vista que as análises físicas e químicas não são
suficientes para a avaliação completa do ambiente, se mostra necessário um parecer de como os
organismos vivos reage em contato com determinadas substâncias. Desta forma, os testes de toxicidade
se apresentam como uma análise biológica, complementando a avaliação do ambiente, preenchendo
lacunas deixadas pela análise física e química.
Palavras-chave: Teste de toxicidade. Artemia salina. Toxicologia.
INTRODUÇÃO
Todo ser vivo reage com seu ambiente e produz resíduos (Derísio, 2000). Desde os primórdios
o homem retira da natureza inúmeros recursos para sua subsistência, para consumo direto ou
para transformá-los em outros produtos. A utilização desses recursos gera resíduos, podendo,
em determinadas quantidades, provocar alterações indesejáveis no meio ambiente, ocasionando
a poluição do mesmo. A Revolução Industrial foi um marco da história da humanidade, que
aumentou drasticamente a intervenção humana e o crescimento gradativo da poluição no meio
ambiente. Esse conjunto de atividades humanas promoveu modificações na qualidade das
águas, dos solos e do ar.
Os produtos e subprodutos gerados pelas indústrias são, em geral, os principais responsáveis
pela poluição ambiental, sendo de suma importância a avaliação dos riscos e, em especial, da
toxicidade promovida por estas devidas substâncias no meio ambiente. Segundo Bueno e
Piovezan (2015), a toxicologia estuda o efeito de determinadas substâncias em organismos
vivos. Entende-se por toxicidade qualquer efeito adverso manifestado por organismos testes, o
que pode incluir desde alterações genéticas, imobilidade, deformidades até letalidade
(PIMENTEL, 2011). Os testes de toxicidade são elaborados com o objetivo de avaliar ou prever
os efeitos de substâncias tóxicas nos sistemas biológicos e averiguar a toxicidade relativa das
substâncias que são preponderantes na avaliação do ambiente (BAROSA, 2003). Dentre as
várias técnicas existentes, sempre compreendem uma série de dados que podem ser obtidos por
meio de microrganismos e animais de laboratório ou seres humanos, visando classificar a
toxicidade de uma ou mais substâncias químicas (BUENO E PIOVEZAN, 2015).
O primeiro tipo de teste toxicológico a que são submetidos os compostos é o agudo-letal, que
consiste de uma análise após curta exposição (24h – 48h) do composto com o organismo
bioindicador, geralmente ratos ou coelhos (BUENO E PIOVEZAN, 2015). Mas, os testes que
utilizam esses animais apresentam desvantagens, como a grande quantidade de amostras
utilizada e os custos elevados (RIOS, 1995; BAROSA, 2003). Vislumbrando a redução dos
custos e das demais dificuldades encontradas nos testes com os animais anteriormente citados,
foram desenvolvendo-se novos métodos e buscado outros animais alternativos para realização
dos testes de toxicidade.
Após vários estudos sobre organismos e suas devidas sensibilidades a determinadas substâncias
foi observado uma considerável preferência na utilização de alguns microcrustáceos, em
especifico, a Artemia salina, para realização dos testes de toxicidade. A Artemia salina é uma
espécie de microcrustáceo da ordem Anostraca, encontrado em águas salgadas (CARVALHO
et al., 2008). É utilizada como alimento vivo para peixes, sendo seus ovos encontrados em lojas
de aquaristas. Essa espécie de microcrustáceo marinho tem sido utilizada em experimentos
laboratoriais como um bioindicador, sendo o seu grau de tolerância em relação a um fator
ambiental reduzido e específico, de modo que apresenta uma resposta nítida frente a pequenas
variações na qualidade do ambiente (ABEL, 1989). A letalidade desse organismo tem sido
utilizada para identificação de repostas biológicas, nas quais as variáveis como a morte ou vida
são as únicas envolvidas (MEYER et al., 1982).
Segundo Hirota (2012) ensaio de letalidade frente á Artemia salina é uma metodologia
extensamente utilizada na linha de pesquisa de produtos naturais para avaliar o potencial tóxico
de extratos e substâncias isoladas. Ela é utilizada em testes de toxicidade aguda devido à sua
capacidade para formar cistos dormentes, sua praticidade de manuseio e cultivo, por ser um
método rápido e barato, aplicável como bioindicador em uma avaliação toxicológica pré-clínica
(CARVALHO, C. A. de. et al. 2009). Hirota (2012) afirma ainda que, Mesmo com o avanço
tecnológico, esta técnica tem perdurado nas publicações científicas. Apesar de ser relativamente
simples, este ensaio tem a capacidade de gerar informações de grande utilidade de forma rápida,
econômica e com reprodutibilidade. Devido á estas características, esta metodologia vem sendo
empregada além da linha de pesquisa em produtos naturais, sendo observada sua aplicabilidade
em áreas como síntese de medicamentos, farmacologia, neurologia, química, meio ambiente,
ecologia, screening biológico e outros.
Em toxicologia, dose letal mediana (DL50 ou LD50, do inglês Lethal Dose) é a dose necessária
de uma dada substância ou tipo de radiação para matar 50 % de uma população em teste
[normalmente medida em miligramas de substância por quilograma de massa corporal dos
indivíduos testados (mg/kg =ppm)] (BUENO E PIOVEZAN, 2015). Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), são consideradas tóxicas substâncias que apresentam DL50 abaixo
de 1000 ppm em Artemia salina (MEYER et al., 1982).
Pimentel (2011) afirma que a preocupação a respeito dos impactos das atividades humanas em
ecossistemas aquáticos tem gerado grande demanda por melhores tecnologias baseadas em
detecções rápidas e seguras dos riscos envolvidos. Para Ait-Aissa et al. (2003), tem ficado cada
vez mais evidente que análises químicas isoladas não são suficientes para se alcançar boas
avaliações de risco em amostras ambientais, pois estas não informam a fração de contaminantes
disponível para organismos vivos nem o potencial efeito deles quando misturados. Para que
seja obtido um retrato fiel do impacto, é preciso que haja caracterizações ecotoxicológicas
integradas às análises químicas (Svensson et al., 2005).
Em geral, a qualidade hídrica das águas e dos efluentes aquosos pode ser controlada de duas
formas distintas, embora complementares: a primeira é a análise física e química que identifica
e quantifica os parâmetros descritos anteriormente e a segunda é a análise biológica, que
qualifica os efeitos causados pelas diferentes substâncias presentes no sistema de estudo. Como
os resultados das análises químicas não permitem uma avaliação dos efeitos destas substâncias
sobre os seres vivos, essa lacuna da química ambiental é preenchida pelos métodos biológicos
de medição (CUNHA, 2011). Além disso, especificamente com estes testes toxicológicos, o
controle da qualidade das águas ganha outra dimensão (KNIE E LOPES, 2004).
Desta forma, tendo em vista a relevância dos testes de toxicidade frente ao microcrustáceo
Artemia salina, foi feito o presente trabalho, vislumbrando apresentar as potencialidades destes
testes, sua praticidade e a precisão dos dados obtidos, fornecendo informações importantes
sobre a toxicidade de substâncias que, eventualmente, podem estar ou que venham a ser
introduzidas no meio ambiente, propiciando uma maior segurança a saúde e ao bem estar
humano e dos demais organismos integrantes do meio ambiente.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Testes de toxicidade são ferramentas desejáveis para avaliar a qualidade das águas e a carga
poluidora de efluentes, uma vez que somente as análises físico-químicas tradicionalmente
realizadas, tais como demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio
(DBO), sólidos suspensos, concentrações de metais e de outras substâncias de caráter orgânico
ou inorgânico, cujos limites encontram-se estabelecidos nas legislações ambientais, não são
capazes de distinguir entre as substâncias que afetam os sistemas biológicos e as que são inertes
no ambiente e, por isso, não são suficientes para avaliar o potencial de risco ambiental dos
contaminantes (COSTA, 2008). A sensibilidade Artemia salina frente à variações nas condições
ambientais tornam esse microcrustáceo um confiável bioindicador, sendo utilizado em diversas
pesquisas e análises da qualidade de água.
Os testes de toxicidade são aplicados em diversos artigos científicos por conta de sua
praticidade e confiabilidade. O estudo da toxicidade é extremamente importante, pois fornece
informações sobre a qualidade do ambiente ou parte dele, possibilitando assim mensurar qual a
concentração letal de um determinado produto (BOTELHO, 2010). Os organismos vivos são capazes
de produzir um conjunto de informações sobre a biodisponibilidade de substâncias contaminantes, assim
como sobre sua transferência para a cadeia alimentar, o que faz destes biossensores ótimas referências
para avaliação da toxicidade (ARRAES & LONGHIN, 2012)
O conhecimento a respeito da mobilidade e concentração destes elementos tóxicos na cadeia trófica tem
importância prática e imediata quando se admite a possibilidade de contaminação humana e isto tem
incenivado a pesquisa de sua biodisponibilidade, bioconcentração e bioacumulação em organismos
aquáticos diversos (CASAS, 2008).
CONCLUSÃO
Como a poluição de ecossistemas lacustres é uma realidade a ser enfrentada, podemos então
ressaltar a importância dos testes de toxicidade no monitoramento de padrões aquáticos, ou na
identificação de concentrações ofensivas ao equilíbrio da biota aquática. Entretanto, esses
testes, mesmo analisando o potencial de impacto de certas substâncias, não podem substituir as
análises físicas e químicas tradicionais, pois as análises físicas e químicas identificam e
quantificam as concentrações das substâncias tóxicas, enquanto testes de toxicidade analisam e
monitoram as conseqüências dessas substâncias sobre os organismos aquáticos. Portanto, é
necessário um trabalho conjunto, de análises físicas, químicas e biológicas, para avaliar de
maneira precisa e segura a qualidade do meio ambiente em estudo, proporcionando segurança
e bem estar para o homem e aos demais organismos que compõem o meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BAROSA, J., FERREIRA, A., FONSECA, B. e SOUZA, I. Teste de toxicidade de cobre para
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http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/cadernos/article/viewFile/527/pdf_1. Acesso em: 12
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CASAS, S. et al. Relation between metal concentration in water and metal contento of marine
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n.1, 2011.