Psicopatologia Geral

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PSICOPATOLOGIA GERAL

O QUE É PSICOPATOLOGIA?

• Requer debate constante e aprofundado;


• O conflito de ideias é uma necessidade;
• Avança-se por meio do esclarecimento e aprofundamento das diferenças em um debate
aberto, desmistificante e honesto.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA LOUCURA...

• Enfoque mitológico-religioso: Todo ato insensato é determinado pela ação dos deuses
– eles roubam do homem a razão. Grécia Antiga Homero (700 a. C.)
• Etiologia: Perturbações causadas por espíritos.
• Enfoque Psicológico da Loucura: Está no interior do homem com suas paixões
irresistíveis, sede de conflitos entre o desejo e a regra social.

Estudos de Freud:

Histeria: A noção de conflito presente na teoria psicanalítica; a importância das paixões na


constituição humana.

Platão (427-327 a. C): acreditava na separação mente (alma racional) e corpo (alma irracional),
má distribuição dos humores.

• Enfoque organicista da loucura: Doença resultante da crise no sistema de humores –


Hipócrates (460aC–380aC)

Doença em que o útero se desprendia da cavidade pélvica, estabelecendo assim, uma ligação
entre frustração sexual e histeria - propunha como tratamento o casamento. Pinel também
defendia essa tese. Galeno (131 – 200 d.C), generalista e eclético, para ele a loucura era uma
disfunção encefálica.

O modelo organicista da loucura enfoca na Psiquiatria biológica, que busca a causa da doença
mental em alterações orgânicas.

Na Idade Média: Os valores do cristianismo é acrescido na ideia de loucura e estava associada


à possessão diabólica.

No Renascimento (séculos XV e XVI) e com a Reforma Protestante (século XV), institui-se uma
concepção científica da loucura.

Tratado de Pinel (1745-1826), publicado em 1801: Institui a Psiquiatria, como especialidade


médica apta a tratar da loucura. Priorização dos aspectos comportamentais da loucura. A
histeria é tida como doença mental.

A comunidade científica (organicistas) passam a sustentar a tese que a histeria é uma doença
do cérebro, atingindo os dois sexos VERSUS Os defensores da psicogênese que a concebiam
como uma afecção psíquica, ou seja, uma neurose.

O termo “neurose”: Introduzido em 1769, pelo médico escocês Willian Cullen, doença
nervosa.

Escola de Nancy (1884): O hipnotismo/ hipnose como descoberta da natureza psicológica da


doença como método de tratamento.
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Século XIX: o ser humano fragmentado, e a predominância a compreensão dos fenômenos das
desordens comportamentais a partir das funções cerebrais.

Emil Kraepelin (1856-1926): Maior representante da concepção organicista da doença mental


– fundou a nosografia psiquiátrica, criou os termos “demência precoce” e “psicose maníaco-
depressiva”

Prevalência do corpo e ausência do doente, a fala não era importante.

Eugen Bleuler (1857- 1939): Introduziu a escuta do paciente como método de tratamento.

A psicanálise de Freud – século XIX – trazendo à cena o sujeito do inconsciente e que precisa
ser olhado e compreendido à luz da subjetividade.

Múltiplas e diferentes visões, interpretações e terapêuticas...

A Psiquiatria: Uma ciência que surge no século XIX (1802). Um ramo da medicina: disciplina
específica que tem por objeto de estudo, o diagnóstico e o tratamento do conjunto das
doenças mentais;

A Psicofarmacologia: Surge em 1950, trazendo avanços para o tratamento das doenças


mentais.

“Longe de questionar a utilidade dessas substâncias e de desprezar o conforto que elas trazem,
pretendi mostrar que elas não podem curar o homem de seus sofrimentos psíquicos, sejam
estes normais ou patológicos. A morte, as paixões, a sexualidade, a loucura, o inconsciente e a
relação com o outro moldam a subjetividade de cada, e nenhuma ciência digna desse nome
jamais conseguirá pôr termo a isso, felizmente”.(Roudinesco, 2000, p.9)

A Psicanálise: Surgiu no cenário científico com o trabalho de Freud e Breuer – Estudo sobre a
Histeria – final do século XIX.

• Método Hipnótico (Charcot).


• Método Catártico (Breuer).
• Teoria da repressão e da resistência.
• O descobrimento da sexualidade infantil.
• A interpretação dos sonhos.
• Aplicação e investigação do inconsciente.
• A técnica da Associação Livre.

NORMAL E PATOLÓGICO NA PSICOLOGIA E NA PSIQUIATRIA

O Conceito de Normalidade em Psicopatologia

Esses temas apresentam desdobramentos em várias áreas da saúde mental:

1. Psiquiatria legal ou forense.


2. Epidemiologia psiquiátrica.
3. Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria (a análise do contexto sociocultural e a relação
entre o fenômeno patológico e o contexto social).
4. Planejamento em saúde mental e políticas de saúde (verificar as demandas
assistenciais de determinado grupo populacional e serviços para atender tal demanda.
5. Orientação e capacitação profissional (definição de capacidade e adequação de um
indivíduo para exercer certa profissão).
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6. Prática clínica (avaliação e intervenção clínica).

CRITÉRIOS DE NORMALIDADE

1. Normalidade como Ausência de Doença – Seria aquele portador que não tem
nenhum transtorno mental definido.
2. Normalidade Ideal – Utopia, é socialmente constituída e referendada. Critérios
socioculturais e ideológicos arbitrários, às vezes, dogmáticos e doutrinários.
3. Normalidade estatística – O normal passa ser aquilo que se observa com mais
frequência numa população em geral (como peso, altura, tensão arterial, horas de
sono, quantidade de sintomas ansiosos, por exemplo).
4. Normalidade como Bem-Estar – Estado de completo bem estar, físico, mental e social
e não simplesmente ausência de doença, ou seja, uma utopia!
5. Normalidade Funcional – O fenômeno é considerado patológico quando a pessoa
torna-se disfuncional na vida acarretando sofrimento para si e para seu grupo social.
6. Normalidade como Processo – Consideram os aspectos dinâmicos do
desenvolvimento psicossocial. Esse conceito é bem útil em psiquiatria infantil, de
adolescentes e geriátrica.
7. Normalidade subjetiva – A partir da percepção do indivíduo sobre ele mesmo - por ex:
sujeitos em fase de maníaca.
8. Normalidade como liberdade – segundo a fenomenologia a doença mental pode ser a
perda da liberdade existencial, então, saúde mental como a possibilidade de dispor de
“senso de realidade, senso de humor e de um sentido poético perante a vida” Cyro
Martins (1981), podendo assim, relativizar os sofrimentos e as limitações inerentes à
condição humana e, assim, desfrutar dos resquícios de liberdade e prazer que a
existência oferece.
9. Normalidade operacional – define-se previamente o que é Normal e patológico –
critério arbitrário, com finalidades pragmáticas explícitas.

CRITÉRIOS DE NORMALIDADE E DE DOENÇA

• Depende dos fenômenos a serem analisados;


• De acordo com as opções subjetivas/filosóficas do profissional que vai avaliar;
• De acordo com o objetivo que se tem em mente;
• Exige muita postura crítica, ética e reflexiva dos profissionais;
• Estar doente é perder a liberdade, é viver na restrição e na dependência.

O NORMAL É TER SAÚDE?

• O conceito ampliado de saúde.


• Saúde: a relação do indivíduo com seu meio.
• Não é possível associar normalidade e saúde. “O ser vivo e o meio não podem ser
chamados de normais se forem considerados em separado” (Canguilhem, 1990: 145)
“O normal é poder viver em um meio em que flutuações e novos acontecimentos são
possíveis” (Canguilhem, 1990: 146)

BOM, E A PSICOPATOLOGIA NISSO TUDO?

• Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as
mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação.
• Conhecimento que se esforça para ser sistemático, elucidativo e desmistificante.
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• O psicopatólogo não julga moralmente o seu objeto, busca observar, identificar e


compreender os diversos elementos da doença mental.

O CAMPO DA PSICOPATOLOGIA:

• Inclui um grande número de fenômenos humanos especiais;


• São vivências, estados mentais e padrões comportamentais que, de um lado,
apresentam uma especificidade psicológica - não sendo “exageros” do normal - como
também fazem conexões complexas com a psicologia do normal – não é um mundo
estranho ao mundo das experiências psicológicas “normais”.
• Raízes nas ciências médicas (neurológicas), mas, com tradição humanística - filosofia,
literatura, artes, psicanálise.
• Ciência básica e autônoma. (Karl Jaspers (1883- 1969).

O SEU OBJETO DE ESTUDO:

• O homem na sua totalidade;


• Nunca se pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos;
• Uma abordagem possível, mas não á única; OU SEJA: Não se pode compreender ou
explicar tudo o que existe em um homem por meio de conceitos psicopatológicos. –
Van Gogh

FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS

• A forma dos sintomas: estrutura básica e relativamente semelhante nos diversos


pacientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva, etc. )
• O conteúdo: aquilo que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, de
menosvalia, religioso, de perseguição, etc.) Sendo mais pessoal e estando relacionado
com a história do paciente, seu universo cultural e da personalidade prévia ao
adoecimento – vide caso Maria.

CONTEÚDO DOS SINTOMAS PSICOPATOLÓGICOS

• Temas centrais da vida humana, como: sexo, alimentação, conforto físico, dinheiro,
poder, prestígio...
• Temores centrais do ser humano, como a morte, ter uma doença grave, sofrer de dor
física ou moral, miséria, falta de sentido existencial

A ORDENAÇÃO DOS FENÔMENOS HUMANOS EM PSICOPATOLOGIA

1. Fenômenos semelhantes – sensações que apesar da singularidade das pessoas são


basicamente semelhantes para todos.
2. Fenômenos em partes semelhantes e em partes diferentes – o sofrimento da vida
comum, a tristeza, somente em partes se assemelha com o que uma pessoa com
transtorno mental vivencia.
3. Fenômenos qualitativamente novos, diferentes – são próprios apenas a certas doenças
e estados mentais.

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