Continuação Dos Depoimentos em Homenagem Ao Ex-Governador Do Acre Orleir Cameli

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28 ALÉRCIO DIAS

O QUE SEI SOBRE O GOVERNADOR ORLEIR CAMELI

Esta breve narrativa tem a pretensão de esclarecer, colocando a


limpo, vários aspectos do nosso contexto político contemporâneo,
até agora não revelados ao grande público acreano, relativos à vida
e feitos do governador Orleir Cameli. Um grande homem, emérito
administrador, trabalhador incansável, capaz e determinado,
extremamente humano que a todos ajudava.
Possuía um grande coração e não sabia negar um pedido ao seu
semelhante, especialmente aos mais simples. Eu costumava lhe
dizer que o seu coração atingia dimensões incomensuráveis que
ultrapassava a sua querida Cruzeiro do Sul, quiçá o nosso Acre.
Trago à luz uma série de fatos e acontecimentos absolutamente
verdadeiros, que objetivam, senão no todo, pelo menos em parte,
tornar pública, diante da impossibilidade de reparar a gigantesca
injustiça sofrida por um homem, que foi atingido brutalmente em
suas emoções causando-lhe abalos psicológicos que lhe impunham
forte dor e enorme constrangimento. Pior é a constatação de que
tudo fora feito da forma mais cruel, através da ação covarde de
pessoas e instituições que se utilizavam dessa maquiavélica trama,
urdida covardemente sob encomenda num jogo sujo e despudorado
para obtenção do poder político.
Como é sabido, o principal item do “MANUAL PETISTA”
concebido por Lula, Dirceu e companhia, cumprido à risca em todo
o Brasil, é que tudo é válido e permitido quando o assunto é a
conquista ou manutenção do poder, principalmente a desconstrução
da reputação dos adversários ou de pessoas que representem
ameaça. “feio é perder”, já disse Lula várias vezes.

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Nessa linha de raciocínio, o projeto político do PT comandado por
Jorge, Tião e Marina era conquistar o governo do Estado, na
sucessão de Orleir Cameli, que poderia, mantendo-se no cargo,
disputar à reeleição em 1998, como permite a lei até hoje.
Era mais do que óbvio, que Orleir, era o inimigo a ser batido,
porque indiscutivelmente era o candidato mais forte, pelo grande e
moderno governo que vinha fazendo, notadamente nas obras de
infraestrutura como estradas, escolas e hospitais, inclusive a balsa
ambulante que atendia os pobres nas barrancas dos rios.
Em sua gestão a educação, da qual honrosamente fui secretário,
escolhido e nomeado por ele, sofreu um gigantesco avanço, tanto
na qualidade do ensino, como na construção de uma nova sede, de
modernas escolas, na alfabetização de adultos e principalmente na
distribuição de transportes (ônibus e bicicletas), além do completo
material, mochilas e fardas para todos os estudantes, o que jamais
havia sido feito antes e que depois de Orleir foi posto um fim.
O astuto, esperto e diligente Jorge Viana, assustado com a obra
de Orleir, entregou-se e comandou imediatamente uma operação
junto ao seu líder maior no País, que exercia forte influência e tinha
livre trânsito no MPF e conseguiu trazer por encomenda, escolhido
a dedo, o procurador petista chamado Luiz Francisco, para a
missão específica de produzir e orientar a mais terrível perseguição
a Orleir e seu governo, montando uma verdadeira usina de
denúncias, através de acusações de toda a ordem contra o
Governador, transformando-a numa prática corriqueira.
Não havia um só dia que os jornais, TVs e rádios não traziam
manchetes e notícias “plantadas” contra Orleir, as quais faziam
repercutir na grande imprensa nacional. Tudo então passou a ser
feito para destroçar a dignidade, a reputação e a honra do
governador, sempre no terreno preferido pela diretriz política, que é

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o da ética e da probidade, não importando a dor de um homem de
bem, e da sua família.
Em várias oportunidades acompanhamos o Governador à
Brasília, para audiências com o próprio presidente da república FHC
que saia pela tangente, pois contava com os votos da senadora
Marina Silva, à mando dos petistas – tanto é verdade que FHC foi
um presidente extremamente generoso no aporte de recursos para
o Acre, governado por Jorge Viana. Batemos às portas do Ministro
da Justiça, fomos ao Procurador geral do MP e ao presidente do
STF, levados pelos líderes maiores do nosso partido, a fim de
denunciarmos a monstruosidade que vinha sendo praticada.
Um rosário de acusações torpes, de denúncias vazias de
mentiras sem nexo como o contra banco de avião dos Estados
Unidos, de ser portador de vários CPFs, como se isso fosse cabível
na cabeça e na vida de um ex-empresário, que sabendo das
consequências jamais se permitiria a isso. Mas a infâmia continuava
e a nossa ação caia sempre no vazio, diante do poderio do PT à
época, que tudo podia e a quem tudo era permitido.
Só bem mais tarde é que nos foi possível compreender a
extensão da trama diabolicamente urdida para enfraquecer a
imagem de Orleir Cameli e ao mesmo tempo desencorajá-lo a
concorrer, o que de fato acabaram conseguindo, deixando livre o
caminho para Jorge, Tião e o seu PT. Conquistaram o governo e o
Senado em 1998. Tínhamos conhecimento inclusive das ameaças
feitas a ele, através de emissários, de que se tentasse se
candidatar, fariam tudo para colocá-lo na cadeia.
Sob pena de praticar uma impiedosa omissão que a minha
consciência me cobraria permanentemente no futuro, não poderia
deixar de trazer à luz esses lamentáveis fatos, que se não forem
compreendidos pelos homes, tenho a mais absoluta convicção de

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que o nosso DEUS sabe que estou apenas tentando fazer JUSTIÇA
a um homem que deixou sua grande obra para os seus
semelhantes, como pessoa, como empresário, como o maior
prefeito de Cruzeiro do Sul e também o maior governante que o Acre
já teve. Que o amigo ORLEIR descanse em paz e que nós
cultivemos a sua inesquecível memória.

Alércio Dias
Ex - Secretário de Educação
Governo de Orleir Cameli, Deputado Federal

29 DR. LUIZ AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA BATISTA

ORLEIR CAMELI:
AMIGO, ESTIMULADOR, APOIADOR, CONSELHEIRO

Admiro e, até de certa forma, me inspiro no homem empresário


astuto, visionário e brilhante que foi Orleir Cameli. Homem acreano
simples, humano, que se tornou gigante e, que mudou e projetou
Cruzeiro do Sul para a modernidade e para o futuro. Sempre será
para todos nós o nosso Governador, e pessoalmente para mim, um
amigo, um conselheiro, um apoiador, um entusiasta do nosso
trabalho.
Sempre tive contato profissional com toda a família, Dona Bethe,
Sr. Orleir e filhos que sempre fizeram seus exames laboratoriais
conosco, mas a minha mais memorável lembrança ao lado do Orleir
Cameli, foi quando iniciamos a construção da matriz do LABSUL –
Diagnósticos Clínico-Laboratoriais.

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Era um projeto desafiante, tanto pela complexidade, quanto pelas
exigências de execução; o projeto de engenharia foi feito por uma
empresa do Estado de Santa Catarina e o projeto de arquitetura por
uma empresa de São Paulo. Em certa ocasião, mostrei o projeto ao
Sr. Orleir e, ele me explicou “Dr. Luiz, a dificuldade talvez não seja
exatamente levantar o prédio, mas preparar o terreno, já que é um
terreno de esquina em declive, e por possuir casas edificadas dos
lados”; confesso que naquele momento me preocupei, não havia
enxergado essa ótica e nem, o meu engenheiro local.
Passaram-se alguns meses, era janeiro de 2008, auge da
construção da BR 364, ligando Cruzeiro a Rio Branco, todos os
caminhões e máquinas da cidade, encontravam-se na estrada;
incrivelmente, não havia uma escavadeira, nenhum caminhão
caçamba na cidade, já havia duas semanas que procurávamos para
alugar e iniciarmos a obra, e nada, até na Colorado havíamos
passado, e todas as suas máquinas ocupadas com a estrada.
Preocupado e ansioso, vislumbrava atraso, já no início da obra.
Em uma noite, fui até o terreno para falar com o vigia. Na volta
atravessando a rua, encontro o Vice-Governador Cesar Messias,
que me perguntou: “Quando começaria a obra? Quando veriam
crescer o prédio”, respondi: está difícil. Não havia conseguido alugar
nenhuma escavadeira, tão pouco, operador experiente para
preparar o terreno.
Todas as máquinas e caminhões estavam na estrada. Ele passou
o braço no meu ombro e mencionou: “Doutor estou indo agora no
Orleir, vamos falar com ele, ele poderá te orientar”. Já era noite,
fiquei imaginando que iria incomodar ou atrapalhar algo, pois era
hora do jantar e sabia o quanto o Senhor Orleir era ocupado, mas
aceitei o convite e fomos ao encontro dele.

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Chegando à casa, fui recepcionado com um abraço, e foi logo me
questionando: “trabalhando até essa hora doutor? Ou está
supervisionando o canteiro da obra?”. O Vice-Governador Cesar
Messias, interrompeu e com um sorriso no rosto, disse: “Orleir, o
doutor Luiz está com um problema, precisa iniciar o preparo do
terreno com uma escavadeira e um caminhão, mas não consegue
ninguém para fazer o serviço”.
O senhor Orleir, com um sorriso, silenciou por uns segundos e
disse: “Serve uma escavadeira zero km?” E eu pasmo respondi:
“Acho que sim”, em seguida ele se prontificou: “Estar resolvido,
doutor. Não se preocupe, estou recebendo uma escavadeira nova
em três dias e, em vez de, desembarcá-la na estrada, trarei direto
para Cruzeiro do Sul, à sua obra, fiquei perplexo, minha fisionomia
mostrava isso.
Minha segunda preocupação foram os custos, quanto custaria
esta prontidão. Só o frete do acampamento da estrada até em
Cruzeiro, mais as horas trabalhadas, deveria ser muito caro. O
carisma, do senhor Orlei, permitiu que respondesse com sorrisos,
que eu não me preocupasse, depois resolveríamos, o importante
para ele e para mim era iniciarmos logo a obra. Conversamos um
pouco mais, e pasmo estava e pasmado fui embora.
Passaram os dias e nada de escavadeira, fiquei frustrado. Não
telefonei, nem procurei contato. No dia seguinte as 09:30 da manhã,
entrou na recepção do LABSUL o motorista do caminhão que trazia
a escavadeira perguntando onde poderia descarregar a escavadeira
que o seu Orleir mandou. Quase incrédulo e pasmo, respondi no
terreno à esquina. E numa correria, desfizemos acerca de madeira
para que pudesse o caminhão entrar e descarregar a “almejada”
escavadeira.

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Em 27 de Fevereiro de 2008, marcava-se o dia que oficialmente
iniciamos a construção dos 1740 m2 do LABSUL – Diagnósticos
Clínico-Laboratoriais e CMJ – Centro Médico Juruá. Nos três dias
seguintes, a escavadeira e o caminhão caçamba foram postos a
serviço da obra dia e noite. No período tentei falar com o senhor
Orleir, mas sem sucesso.
No quarto dia pela manhã, já finalizando o serviço, o senhor Orleir
vai à obra e nos encontramos. Ele indagou se o terreno está do jeito
que meu engenheiro pedira e se estava nivelado adequadamente
com entusiasmo respondi que sim. Estava melhor do que ele
imaginara. Estamos prontos para iniciarmos a locação.
Em seguida, indaguei dos custos do serviço, e ele me
surpreendeu mais uma vez, com suas palavras: “Bem, três dias de
escavadeira, três dias de caminhão removendo barro” fez uma
pausa silenciosa, e finalizou doutor Luiz, não cobrarei nada, só
quero que termine o prédio, o investimento que está fazendo aqui
em Cruzeiro do Sul, será benefício para todo o nosso povo do Juruá.
Agora peço que não faça esse tapume de proteção muito alto
desse lado, para que eu possa acompanhar da minha varanda a
construção do maior Laboratório do Juruá, ou melhor, do Acre, e
poderei dizer que ajudei a construir. Fiquei perplexo, sem reação,
restou-me abraçá-lo e agradecê-lo fervorosamente; deixamos o
tapume de proteção do lado direito mais baixo. Posteriormente, ele
nos visitou para ver o andamento da construção e vez ou outra, nos
aconselhava quanto a pontos da evolução da construção.
O senhor Orleir Cameli, assinou também seu nome naquele
prédio, sem sua ajuda imensurável, provavelmente teríamos
demorado muito mais para iniciarmos a obra e provavelmente o
serviço de nivelamento não teria sido tão bem-feito.

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Por várias vezes, em que tive oportunidade, agradeci e propalei
essa passagem do senhor Orleir, dia 09 de abril de 2011 na
inauguração do prédio, fiz de maneira solene, para que todos
vissem o quão seu coração era grande e quão era entusiasta no
crescimento de Cruzeiro do Sul.
Assim, o nosso eterno agradecimento a este homem brilhante,
entusiasta, visionário, nosso Governador Orleir Cameli.

Doutor Luiz Augusto N. O. Batista


Responsável Técnico-Clínico LABSUL Diagnósticos Clínico-
Laboratoriais Cruzeiro do Sul – Acre
(Amigo)

30 ARQUILAU DE CASTRO MELO

Eu recordo bem, era junho de 2006. Havíamos desembarcado no


Aeroporto de Cruzeiro do Sul e estávamos a caminho da cidade.
Próximo ao Igarapé Preto, uma pessoa que dirigia um carro, a nossa
frente, baixou o vidro e jogou várias caixas de bombons de
chocolate, aparentemente, vazias. A primeira reação instintiva foi
comentar que se tratava de um absurdo, de falta de educação de
alguém que se desfazia de lixo em plena rodovia. Contudo, várias
crianças que estavam no igarapé correram e colheram às caixas.
Percebemos, então, que elas estavam cheias de bombons e ao
alcançarmos o veículo à frente vimos que era Orleir Cameli que o
ocupava.
A sociedade cruzeirense cansou de testemunhar gestos de
generosidade como esse. Católico assíduo contribuiu muito com a
igreja católica em Cruzeiro do Sul. Em leilões do novenário da igreja,

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em homenagem a Nossa Senhora da Glória, padroeira de Cruzeiro
do Sul, ele dava lances e cobria lances e arrematava a preços
altíssimos uma galinha recheada, e em seguida doava novamente
ao leilão, tudo isso com discrição.
Orlei era um homem muito solidário, não precisou estar prefeito
ou governador para ajudar a todos que dele necessitava. Sempre
esteve com os amigos, que se encontravam doentes e precisavam
de ajuda. Era comum pagar todos os custos com viagens e
tratamentos dos enfermos. Atitudes como estas renderam a Orlei o
apreso e a consideração da população. Hoje ele é uma lenda, de
quem contam e recontam fatos e ficcionais.
Embora se tratasse de um homem de poucas letras, sempre foi
admirado por ser um empresário inteligente, destemido, arrojado e
trabalhador, com um faro incomum para enxergar negócios
lucrativos nas muitas atividades em que se envolveu, não somente
no Acre, mas também em Manaus, onde conquistou e cultivou
grandes amigos.

Arquilau de Castro Melo


Cruzeirense, Aposentado e Magistrado
(Amigo)

31 CÉLIA OKAMOTO

As palavras que encontro para recordar este memorável homem


são diversas, mas escolho poucas que traduzirão as inúmeras
qualidades que possui: coragem, desafiador, lutador e coração
bondoso. Foi um homem preocupado com o bem-estar social e a
saúde do povo, sempre procurou ajudar quem a ele recorresse,

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principalmente os humildes. Posso dizer, destes anos de convívio,
lições e aprendizado, que jamais irei esquecer. Tenho convicção
que o carisma de Orlei Cameli faz falta a todos. Ser humano como
nunca conhecera antes. Reconheceremos sempre sua gratidão
para com a nossa família.

Célia Okamoto e Oscar Okamoto


(in memoriam
(Amigos)

32 MARIA CEZARINETE DE SOUZA ANGELIM

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-


las”. A frase do pensador e filósofo Grego Aristóteles, encontra
ressonância na vida de Orleir Cameli.
Seja no homem simples nascido no seringal ou naquele que se
tornou prefeito do município de Cruzeiro do Sul e governador do
estado do Acre. Ele foi merecedor das honrarias que recebeu em
vida e mesmo daquelas que após a morte, lhe foram prestadas pelo
povo do Acre.
Nos últimos momentos fúnebres, o corpo estava sendo levado
para o cemitério, era possível observar no semblante da multidão
que acompanhava o cortejo nas ruas da cidade um profundo
sentimento de dor pela perda; mas também de reconhecimento ao
trabalho e amor dedicados à sua terra.
O escritor inglês William Shakespeare parecia ter razão quando
assinalou que “os covardes morrem várias vezes antes de sua
morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma
vez”. Orleir se destacava pela coragem acima de tudo de viver, de

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não se entregar às dificuldades e às dores mesmo na doença;
coragem de amar a família e abraçá-la como dádiva maior; coragem
de nunca se mostrar indiferente aos outros, mesmo em face de
circunstância, onde isso seria o natural.
Ele teve uma trajetória marcada pela simplicidade, trabalho e
discrição, admitidos pelo povo acreano. Foi um homem à frente de
seu tempo, fundamental no processo de consolidação da história
recente do Estado.
O filho cruzeirense foi pedra angular para a integração entre os
municípios acreanos e o restante do País - numa demonstração
irrefutável de seu espírito empreendedor.
Cameli teve vários papéis importantes no curso de sua história,
porém entre suas virtudes - homem simples que sempre foi -
aquelas que mais o apraziam nunca ocuparam as principais
manchetes de jornais: filho devotado, irmão fraterno, marido
presente, pai e avô amoroso, homem público de destaque,
predicamentos enaltecidos por aqueles que desfrutaram do convívio
mais próximo durante sua trajetória neste plano.
Sempre reservado, ele fez diferença na vida de muitas pessoas
por meio de seus atos caridosos, fato de conhecimento público e
notório.
Orleir Cameli será lembrado pelas qualidades que afloravam em
seus atos, não só como estadista, posto que no exercício de seu
mister, buscou sempre a harmonia e a independência dos poderes
constituídos no Estado. Será lembrado, ainda por todos aqueles
cujas vidas foram tocadas com suas mãos generosas.
eixou à sua mãe, irmãos, esposa Beatriz Cameli, a seus filhos,
netos, amigos e, sobretudo, ao povo, um legado de valores centrado
no trabalho como essência para prosperidade e solidariedade. Não
viveu em momento algum para que sua presença nos espaços

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público e privado fosse notada. Mas hoje não há quem consiga
negar a relevância de sua presença no decurso da história do Acre.

Dr. Maria Cezarinete de Souza Angelim


Magistrada

33 MARCLI DE SOUZA NOGUEIRA

Orleir Messias Cameli era um homem temente a Deus, um ser


humano de personalidade forte, cheio de contrastes, sensível,
corajoso, lutador e determinado.
Nasceu em uma família muito especial de origem humilde. Com
sua determinação, conquistou muitos sonhos e objetivos em sua
vida. Empresário, empreendedor, homem público, quando prefeito
de Cruzeiro de Sul e governador do estado do Acre, desempenhou
brilhantemente seu papel, realizou muitos sonhos pessoais, de
amigos e desconhecidos.
Líder nato, trazendo na intimidade uma singularidade só dele,
tinha pressa em tudo que fazia, queria ver resultados, muitas vezes
se tornava impaciente. Mais ao mesmo tempo tinha paciência de
ouvir as histórias das outras pessoas, principalmente dos menos
favorecidos, tinha compaixão para com todos que lhe procuravam.
Tratava a todos com muita generosidade, sem distinção, ricos,
pobres, parentes até mesmo os desconhecidos.
Com seu jeito empreendedor, conquistou o sucesso de uma vida
plena, passou a expressar-se diante do mundo usando sua
originalidade, sabedoria, inteligência. Conhecimento para executar
suas tarefas. Assim conquistou o carinho e o respeito de todos que
tiveram o privilégio de conhecê-lo.
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Eu o conheci quando fui trabalhar como telefonista na empresa
Marmud Cameli Ltda, dele e da família. Trabalhei por 18 anos. E
aprendi a conviver com ele, conhecê-lo melhor, na convivência do
dia a dia. Confesso que algumas vezes foi difícil, já que ele era muito
exigente e perfeccionista, mas que contribuiu na minha formação
profissional. Neste momento só tenho o sentimento de gratidão pela
oportunidade de ter trabalhado com ele. Ele considerava todos,
tratava com respeito e carinho os familiares, amigos e
desconhecidos.
Ausentei-me por um período da empresa e retornei treze anos
depois. Ele me convidou para trabalhar novamente em sua
empresa, a Construtora Colorado Ltda, retornando em 17 de
fevereiro de 2013, como secretária. Agradeço a Deus em primeiro
lugar, e depois ao Sr. Orleir pela oportunidade de trabalho. Orgulho-
me de ter compartilhado deste momento tão "especial” de sua vida.

Marcli de Souza Nogueira


Funcionária da Empresa Construtora Colorado
(Amiga)

34 RAY MELO

Orlei foi mais que um amigo. Eu o tinha, com toda minha


consideração, como um irmão. Foi difícil demasiadamente, para
mim e minha família aceitar a dor da perda, saber que ele partiu
quando muitos precisavam dele. Crescemos juntos, éramos amigos,
e nos tornamos homens de trabalho. Ele não media esforço para
nada. Admirador da construção civil tratava a todos de forma
simples e igualitária. Homem honesto zelava por caráter e respeito.

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Ninguém estar preparado para o momento tão difícil. Nenhum
amigo, que teve amizade sincera para com o outro, deseja passar
por um choque como este. Há um provérbio que diz: “Amigo é
aquela pessoa que o tempo não apaga”. Orleir é este amigo, o que
me resta é uma grande saudade.

Ray Melo
(Amigo)

35 AMARILDO CAMARGO

Existem pessoas que cruzam nossa vida e nos marcam de tal


forma que é impossível esquecê-las, mesmo que o tempo tente
corroer de nossa mente as lembranças do que realizamos e
passamos ao lado destas pessoas. O processo de partida delas
para outra existência (para os que acreditam na reencarnação) na
qual não a veremos mais em matéria, faz o nosso coração se
deparar com uma angústia imensa e e vermos os flashes de nossas
memórias e dos momentos vividos em companhia delas.
Quando me pediram para escrever sobre as experiências vividas
com Orleir Cameli, sabia em meu coração que ele se encaixava no
perfil de pessoa muito especial, pois aprendi a amá-lo de tal forma
que com o passar dos anos adotei-o como meu Pai, já que o partira
cedo de minha vida, quando possuía apenas quinze anos.
Talvez algumas pessoas venham a questionar porque o amo
tanto, se apenas convivi com o nobre Orlei por quatro anos (1995-
1998). Fui ajudante de ordens, quando ele desempenhava a função
de Governador do Acre. Respondo, de consciência tranquila e
apaixonada, porque acredito que passei em sua vida não apenas

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como um profissional, que tinha a missão de protegê-lo, mas
também como um grande amigo em que o respeito, confiança e
lealdade eram sinônimos de uma relação que se estendia até seus
familiares, do qual tenho a relatar agradecimentos, por terem me
tratado sempre com grande dignidade e respeito e por terem aberto
as portas de seus lares para me receber quando por lá estive.
O que relato é o que presenciei e não o que ouvi falar. Não
necessito de manifestações de louvor para promover-me, pois os
relatos que faço são percepções do que observei nos anos de
convivência, os quais permitem-me caracterizar e traçar um perfil
profissional e pessoal do meu “pai de coração”, o que poderá ser
considerado contraditório ou não por outras pessoas, mas afirmo
são minhas convicções.
Orleir Cameli, obstinado a atingir seus objetivos, apoiava-se em
princípios morais e éticos. Aprendeu a lidar com políticos e suas
vaidades eleitoreiras, pois era tudo o que muitos almejavam. Creio
que tenha sido a principal decepção e que o fizera afastasse da vida
política. Tornou-se repeitado no meio político e temido por seus
adversários.
O isolamento do estado do Acre fez Orlei adotar como bandeira:
a sua integração. Isolados da modernidade, o povo acreano era
humilde e carente. Orlei dividia com o povo seu carisma e sua
compaixão solidária, doando mantimentos e muitas outras coisas
que supriam a suas necessidades, principalmente para com o povo
do interior.
A grande preocupação do nosso governador era o
desenvolvimento do estado e do seu povo. Fora ele que iniciara a
integração, permitindo que os futuros governantes pudessem dar
continuidade ao processo de construção da BR 364, que liga o Acre
de um extremo ao outro. Homem de grande visão sabia que que só

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poderia desenvolver um estado se o que ele produzisse podesse
ser escoado.
Assim em 1996 fez com que muitos o considerassem como o
Governador das Estradas. Por ser conhecedor da arte de fazer
estradas pude presenciar no primeiro ano de sua administração
embates com empreiteiros que eram desmascarados por sua
incapacidade de realizar o projeto de governo.
Na reabertura da estrada, Orlei decidiu sair da capital com
destino a Cruzeiro do Sul pela própria BR 364 e eu o acompanhei.
Ele estava determinado em cumprir o que havia prometido meses
antes, desejava chegar pela própria estrada no mesmo ano da
reabertura.
Ao entardecer, um helicóptero nos alcançou próximo ao rio
Liberdade, com o propósito de levá-lo em segurança até Cruzeiro
do Sul, pois as máquinas ainda trabalhavam na reabertura do trecho
da estrada de Tarauacá a Cruzeiro do Sul, mas ele negou-se a
embarcar na aeronave e continuamos pela estrada à noite e
acompanhamos as máquinas trabalhando e abrindo caminho para
chegarmos a Cruzeiro do Sul.
Ele tinha consciência, que uma vez inciada a reintegração do
Estado, não haveria mais volta, pois sabia e afirmava, que este
propósito, se tornaria uma bandeira de estado e não o projeto de um
único governo. Ele tinha convecção de que seria impossível
terminar em sua administração o sonho de integração do Acre.
Por várias vezes, presenciei uma relação reciproca de
carinho e paixão dele e das pessoas carentes, que o abraçavam e
beijavam. Era impossível forma cordão de isolamento, pois a
segurança era quebrada por ele que adorava andar em meio ao
povo, pois ali sentia a verdaderia admiração e o apreso do povo por

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si, que por vezes dizia-me “tenente não existe dinheiro no mundo
que pague esta gratidão”.
Vi-a no brilho dos olhos das pessoas a renovação de suas
esperanças de um futuro melhor e mais digno, pois era isso que ele
queria. Classifico-o como uma pessoa extremamente bondosa e
trabalhadora.

Amarildo Camargo
Chefe de Segurança, Polícia Militar

36 DION NOBREGA LEAL

Tive o prazer de conhecer Orleir Messias Cameli na década de


80, ele como empresário e eu Policial Federal no Estado do Acre.
Devo registrar que naquela época, as dificuldades para as
missões policiais na região norte eram enormes, principalmente no
vale do Juruá.
Orleir nos ajudou muito. Não posso esquecer que ele cedeu
muitas vezes seu melhor funcionário, senhor Wilson, um exímio
mateiro, que nos guiou diversas vezes pela selva permitindo um
bom desempenho no nosso trabalho naquela região.
Mais tarde, em 1995, tive a honra de ser convidado por ele, então
Governador do Estado do Acre para assumir a Secretaria de Estado
de Administração, onde permaneci de 1995 a 1997.
Merece registro, o fato de que Orleir me convidou para a
Secretaria de Administração, pois precisava de um gestor que
resolver-se de uma vez por todas a questão de 11.000 servidores

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públicos contratados em gestões anteriores sem concurso. Orleir
sempre nos cobrou a solução deste problema.
Passados meses de levantamentos, investigações e trabalhos
administrativos, foi possível apresentar a minuta, em decreto, que
anularia as contratações e permitiria a abertura de concurso público.
Orleir Cameli, homem de coração humano sensível, após
analisar todas as implicações econômicas, sociais e principalmente
a situação em que ficariam as famílias dos servidores, que seriam
atingidas por aquela medida, não sancionou o decreto. Até hoje
vários servidores públicos do Estado do Acre, permanecem em seus
cargos sobre as mesmas condições.
Em poucas palavras, eis o meu relato, que demonstra, o quanto
nosso saudoso amigo Orleir Cameli era na realidade um grande
“paizão" principalmente dos mais humildes.

Dion Nobrega Leal


Defensor Público-Geral do Estado do Acre
Ex-secretário de Administração
Estado do Acre/gestão Orleir Cameli

37 DR HAMILTON ROCHA

O meu grande amigo Orleir Cameli, em seus tempos de homem


não público, era um empresário, que se destacava com seus irmãos,
em suas atividades comerciais.
Tínhamos bons momentos de prosa. Um dia, em seu escritório,
falou-me que as noites eram longas, para quem queria atingir
objetivos e trabalhava muito. Mostrou-me um pedaço de asfalto, o

472
primeiro teste da máquina que se encontrava na BR 317 no
munícipio Boca do Acre.
Era um homem atencioso, e eu admirava sua atenção para com
as pessoas, independente de posições sociais. Lembro-me dele
trocando o pneu do carro de uma senhora, ajudando-a, o que muitos
empresários bem-sucedidos como ele não fariam. Quando tudo
aconteciam como ele havia planejado, Orleir esbanjava um sorriso
alegre.
Nossa amizade tornava-se mais forte a cada dia. E fortaleceu-se,
infelizmente, ainda mais em um momento trágico para sua família,
a morte de dona Nadir, esposa de seu Calili Cameli. Ele e eu a
acompanhamos no voo de Cruzeiro do Sul a São Paulo, para um
tratamento. Ela faleceu faltando apenas 20 minutos para
pousarmos. Aterrissamos com as cortinas fechadas. Fomos direto
para o hangar abastecer.
Foi necessário fazer um novo plano de voo. Retornamos à nossa
cidade. No tempo de espera, conversamos sobre o acontecimento
e lamentamos não termos sucesso naquela empreitada de salvar
uma vida tão querida e importante. O momento difícil serviu para
refletirmos mais sobre nosso modo de ver a vida. Uns três dias após
o enterro, ele me chamou em seu escritório para acertarmos as
contas do acompanhamento, disse-lhe que não cobraria, afinal não
havíamos logrado êxito, ele afirmou que eu havia feito o trabalho,
mesmo assim eu não cobrara.
Ele descobriu que eu havia comprado um jipe do senhor
Magid, a prestações, e que faltavam três para quitá-lo. Ele quitou.
Somente descobri quando fui pagar. Fui ao seu escritório e o
indaguei, Orleir disse que pagara, pois eu não lhe permitirei pagar o
acompanhamento médico, fez em gesto de amizade. Este era outro
detalhe importante da sua personalidade.

473
Ele possuía uma das maiores virtudes para mim, a gratidão.
Outra qualidade invejável e que deveria servir de exemplo para as
pessoas era a sua paixão pelos pais dona Marieta e seu Marmud,
que para ele eram verdadeiros deuses aqui na terra. Muito rara de
se ver hoje na maioria das famílias, infelizmente.
Há um fato marcante e memorável. A criação da balsa hospital,
que teve para ele um motivo justo. O que o inspirou foi uma tragédia
que presenciou, um ribeirinho teve suas vísceras lançadas fora, ao
ser atingido por uma facada no abdômen, o que provocara sua
morte, assim idealizou a balsa hospitalar com centro cirúrgico,
gabinete odontológico, consultas médicas, para amenizar o
sofrimento dos ribeirinhos e de locais que só se tinham acesso pelos
rios.
Quando reflito sobre a personalidade do meu amigo e analiso
toda a sua trajetória, penso que se algo foi ruim em sua vida, fora
os entraves da política. Certa vez como governador ele me disse
que era uma pessoa anônima e feliz com sua vida. A estar
governador sentia muitas vezes injustiçado e via-se cercado por
pessoas que só tinham interesse em seu cargo não em sua pessoa.
E de fato ele estava certo.
Em nossas vidas, temos momentos que nós não gostaríamos de
ter passado ou vivido. Mas a índole do Orleir sempre será um
exemplo a ser seguido, pelas suas atitudes honestas que beneficiou
milhares de pessoas que realmente precisavam de um amigo, fato
que ele nunca deixou de ser.

Dr. Hamilton Rocha


Médico
(Amigo)

474
38 ENICE MARIANO COELHO

UM OLHAR SOBRE ORLEIR MESSIAS CAMELI

Tombou o Ipê, mas deixou a sombra alicerçada pela tolerância,


bravura, criatividade, empreendedorismo, autenticidade, amor ao
próximo e diversidade. Caiu, mas deixou um legado na história
política e no desenvolvimento do Acre. Não mediu esforços nem
sacrifícios, para trazer ao estado a modernização, integração e,
principalmente a socialização do Vale do Juruá.
Enfrentou a preponderância dos adversários políticos que temiam
a sua consolidação no poder, devido a sua competência, destemor
e bravura nos momentos de tensão.
Um homem orgulhoso de sua origem. Um porto seguro para os
pobres, a quem deu esperança e a que nunca faltou. Como
exemplo, a doação de 500 vacas leiteiras para as famílias de
agricultores. Manteve sempre suas portas abertas para os que
precisavam de sua ajuda. Seu empreendedorismo ocupa lugar de
destaque em toda Amazônia Brasileira.
Um marco, também importante, que demonstra sua preocupação
com a cidade e com a sua própria história, é o lançamento,
juntamente com a Universidade Federal do Acre, do Álbum
Iconográfico -A Cidade de Cruzeiro do Sul - revisitando o Juruá
como meio de resgatar a memória histórica do Vale do Juruá.

Enice Mariano Coelho


Amiga, Mestra em História pela Universidade Federal lumineFnse
Ex-professora e ex-chefe do Departamento de História da
Universidade Federal do Acre.

475
39 FÁTIMA BARROS

Há momentos que a vida nos reserva surpresas, como essa de


expressar em palavras o significado que tem alguém que marcou a
nossa história.
Sendo assim, vou desafiar-me, pois a causa é nobre e requer de
mim essa manifestação que envolve sentimento de gratidão. Quero
contextualizar, minha aproximação com esse povo amoroso e com
esse homem distinto.
Como sou cidadã rio-branquense meu convívio com o vale do
Juruá não foi constante. Mas na década de 1980, integrei um grupo
religioso onde estreitei laços de amizades com pessoas de Cruzeiro
de Sul. A aproximação foi intensificada, quando me casei com
Maciel, cidadão cruzeirense de nascimento e de coração, na década
1990. Meu esposo é amigo de James Cameli, filho do senhor Orleir
Cameli.
Passaram-se alguns anos até conhecê-lo, pessoalmente. Foi em
sua campanha para governador do estado do Acre, quando
convidou meu esposo para unir-se a sua equipe de trabalho, que
efetivamente, tive oportunidade de conhecê-lo e confirmar suas
qualidades e habilidades, principalmente no reconhecimento de
lideranças. Orleir era um homem distinto, determinado, de visão,
trabalhador, generoso e solidário.
Suas qualidades me surpreendiam e sua gestão nos chamava
atenção. Um homem de coragem impulsionava frentes de trabalhos.
Destaco a reabertura da BR 364, a construção da balsa hospital, por
ter sentido na pele, como ele bem dizia, as tristes consequências do
isolamento de décadas, vivido pelo povo daquela região, em
especial os ribeirinhos.

476
Seu sentimento pelo povo da região lhe provocou o desejo de
fazer: bem, diferente e melhor. Em seu governo participei,
diretamente. Foram poucos meses, à frente da Direção do DEAS,
mas o projeto de levar água com frequência aos bairros da cidade
de Cruzeiro do Sul, sensibilizou-me. Através da perfuração de poços
artesianos, nossa equipe de trabalho concretizou aquela ação,
precisa e necessária, que contou com a sua visão e seu apoio.
Contornando, creio que até hoje, uma situação, que no momento,
era de urgência e emergência, pois milhares de famílias viviam no
racionamento de água potável. Um homem diferente, que marcou
sua trajetória na terra com bons feitos.

Fátima Barros
Ex Gerente da SANACRE – Rio Branco
(Amiga)

40 HELENA BARBARY

Orleir Cameli nasceu em uma época, em que, não havia escola


para todos, principalmente, nos locais mais afastados da capital,
como o Alto Juruá, no Seringal Triunfo.
Desejando que seus filhos estudassem, os pais de Orleir o
senhor Marmud Cameli e a senhora Marieta Messias Cameli
pediram a seus amigos Estepham Elias Barbary e Lucimar de
Amorim Barbary, que acolhesse seus filhos em sua residência na
vila. E assim, Orleir iniciara seus estudos. O vilarejo era pequeno,
mas havia igreja, delegacia, posto de saúde e escola.

477
Foi um aluno comportado e aplicado; de bom conceito na
escola e boa convivência entre os colegas da Vila e na família que
o adotou neste período escolar.

Helena Barbary
Professora
(Amiga)

41 IRMÃS FRANCISCANAS DE SÃO JORGE

“Eu vou para Deus, mas não esquecerei a quem eu amei na


terra!” Santo Agostinho
É difícil falar do Sr. Orleir. Um homem tão conhecido pelos seus
dons e capacidades, e sobretudo pela sua grandeza de espírito e
generosidade. Talvez o que direi seja apenas a repetição de tudo
que outros já destacaram da sua vida.
Cheguei a Cruzeiro do Sul em 1988. O senhor Orleir já era um
homem muito conhecido e bem-conceituado como empresário.
Ouvia muito falar dele, mas não o conhecia. Ouvia seu nome se
repetir muitas vezes por D. Henrique e D. Luiz, pois era também um
grande benfeitor das obras sociais da Diocese, além de amigo
particular de ambos.
Ausentei-me por um período da cidade e quando retornei o Sr.
Orleir era então prefeito Cidade, período em que estive à frente da
Pastoral da Criança. Aproxime-me dele e de D. Beatriz Cameli, para
realizarmos um trabalho de parceria em favor das crianças.
Nesse período ele organizou as creches nos bairros e aproveitou
as líderes da Pastoral da Criança para serem monitoras. Fazíamos
as capacitações juntas, pastoral e Prefeitura e o trabalho produziu

478
muitos frutos. Ele reconhecia e valorizava nossas líderes, que se
sentiam gratas. A Pastoral e nossas crianças cresceram muito e
bem acompanhadas. Foi um tempo áureo da Pastoral da Criança
em nosso município.
Em minha passagem à frente do Asilo Lar dos Vicentinos,
também firmou parcerias, nos ajudou doando carne, leite e queijo
para os idosos do asilo, muitas vezes entregava pessoalmente. Era
tão bondoso que também perguntava aos velhinhos, o que
precisavam etc. Ele chamava minha atenção, porte alto, de
personalidade forte, destemido e generoso. Eu sou muito pequena,
ele às vezes nem me percebia. Mas isso nunca me importou.
Gostava de admirá-lo pela sua bravura e determinação,
confirmadas por permanecer firme e tornar-se governador, e nunca
desistir de sua jornada, apesar dos tantos ataques que lhe fizeram
ele erguia a cabeça e seguia em frente.
Também estreitei laços de amizade com sua fiel companheira D.
Beatriz que como uma grande dama estava sempre ao seu lado. As
pessoas costumam dizer: “atrás de um grande homem sempre tem
uma grande mulher”. Penso diferente e digo que é ao lado. O casal
é a prova disso. Desde que conhecera D. Beatriz, sempre a vi como
esposa presente, em cada momento e até o fim. Exemplo de
fidelidade e dignidade, a simplicidade em mulher. Admiro-a como
também admirei o Sr. Orleir.
Ao Sr. Orleir, minha eterna gratidão, em nome de todas as
crianças e famílias ajudadas, quase sempre no anonimato. Porque
o bem age melhor no silêncio do coração. Que seu nome seja
perpetuado na história de Cruzeiro do Sul e para toda a sua família.

Ir. M. Socorro
(Amiga)

479
42 IRMÃS DO INSTITUTO SANTA TERESINHA

A palavra que escolho para iniciar estas memórias é gratidão. A


Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Maria Madalena é
muito grata pela generosidade do Senhor Orleir Cameli em vários
momentos que necessitou de sua ajuda.
Um dia ao levar D. Beatriz até Porto Walter para conhecer a
escola onde estudou com a Ir. Grácia e com o D. Luiz, Orlei no
almoço com as Irmãs Dominicanas, perguntou qual era o projeto
delas. A Irmã respondeu que seu projeto era transformar os
dormitórios, do antigo internato desativado, em hospedaria, para
ajudar a manter o convento e as obras sociais que as Irmãs realizam
no município. No mesmo instante ele pediu para fazer o orçamento,
e parte da obra foi financiada por ele.
Sua generosidade não finda aqui. Sempre contribuiu com
Instituto Orfanológico Santa Teresinha. Em 2012 doou para o caipira
do colégio, uma Moto, que foi usada como prêmio do bingo e a festa
foi um sucesso. Em pleno dia de trabalho, ele largou tudo para dar-
me atenção e mostrar-me seus grandes maquinários, seus projetos,
e nomeando como o mais importante a construção da Capela do
Frei Galvão, já em processo de construção, réplica da Catedral
Nossa Senhora da Glória, em ação de graças por uma benção
alcançada.
Esses são alguns dos inúmeros atos de caridade que nossas
Irmãs Dominicanas receberam deste homem generoso. Nossa
saudosa Irmã Diana, com certeza, teria muito a dizer e a agradecer
pelo apoio que ele deu nos projetos sociais, mantido pela
Congregação.

480
“Deem e será dado a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida
e transbordante será dada a vocês. Pois à medida que usarem
também será usada para medir vocês". (Lc. 6,38)
Pela Misericórdia de Deus, o senhor Orleir Cameli, goze da
Plenitude da Vida. Amém.

Ir. Mônica Fermino


(Amiga)

43 AMYR DANTAS JR.

O Orleir Cameli foi, antes de tudo, um grande homem, capaz de


doar-se sempre, a todos que lhe procuravam. Essa é a imagem mais
nitida que tenho dele em minha memória.
Era um homem com visão empreendedora, um líder nato. Desses
que impõem respeito com a simples presença. Às vezes tremia de
medo ao tratar com ele um assunto empresarial, mas em casos de
pedir ajuda, não temia.
Infundia respeito. Um respeito sem igual. Era um homem muito
verdadeiro. Falava alto e em bom tom toda verdade que tinha que
ser dita, doesse a quem doesse.
Homem sútil. Tinha uma noção arguta de tudo que o cercava.
Dos fatos, das pessoas, das oportunidades de negócios, das
intenções disfarçadas, de tudo. Tinha um olho de águia.
Foi um grande homem. Era um homem audaz. Conseguiu
realizar muitas obras em situações dificeis. Fará falta. Deixou
grandes obras concluídas nos confins do Brasil e a saudade no
coração de muita gente de sua amada Cruzeiro do Sul. Questiono-

481
me: quem vai alimentar o ideal de plantar indústrias em Cruzeiro do
Sul, no extremo oeste do Acre? Ele morreu com o sonho de
implementar indústrias que fornececem produtos de qualidade para
outras indústrias do sul do país. Fará falta, mas o clã Cameli
continua, agora sob o “signo Orleir”.

Amyr Dantas Jr.


Contador
(Amigo)

44 GERALDO RODRIGUES DE SOUZA

Falo de uma pessoa que sempre esteve disposto a estender a


mão. Sabemos que um bom trabalho só acontece quando se tem
uma boa liderança. Orleir sempre foi um homem sério, um bom líder,
comprometido, disposto a tender e ajudar nas dificuldades de seus
clientes.
O que sinto é a saudade de todas as conversas, brincadeiras,
sorrisos, problemas e expectativas futuras. E posso dizer que valeu
muito a experiência de termos compartilhados momentos que
ficarão para vida toda.
Só tenho a agradecer imensamente por toda ajuda que me deu
durante esses 20 anos. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição
e a vida, quem crê em mim, ainda que morra viverá. João 11:25.

Geraldo Rodrigues de Souza


Funcionário da Construtora Colorado
(Amigo)

482
45 SUEDE CHAVES

Tive pouco tempo para os livros, para a escola. Mesmo assim,


guardo no fundo do coração esse período encantado de minha vida.
Na época, estudar era luxo para as crianças do seringal, fossem
filhos de seringueiros ou de patrões.
Chiquinho e eu, “encauchado” de seringa aos pés,
desembarcamos no porto de Cruzeiro do Sul. Confesso que foi
paixão à primeira vista, a mais forte que eu vivera até aquele
momento.
A cidade fervilhava. Transeuntes, estivadores e embarcadiços no
porto; canoas-chatas, barcos e até navios chegando e partindo para
os seringais, colônias, municípios do amazonas como Manaus. Era
inverno e até o majestoso navio “Lobão” havia ancorado por ali.
Estivadores pareciam formigas de roça, carregando sacas de
açúcar no “lombo”. Descendo e subindo “pranchas” (de madeira),
balançando como se tivessem molas, os estivadores deram suor e
sangue para o comércio e o povo de cruzeiro. Devemos muito ao
trabalho pesado deles. Por isso, mesmo quando melhorei de vida,
criei, organizei e administrei empresas nos diversos setores da
economia, fui até político, sempre tratei a todos – ricos pobres ou
remediados - igualmente, com respeito e dignidade.
Disso me orgulho, e sei que minha gente apreciava este meu lado
amigo e companheiro de ser; nas agonias das famílias com
problemas de saúde. Quando estava ao meu alcance, nunca me
recusei a ajudar!
Ah, voltando o disco (sou desse tempo!).
Guardo com muita alegria essa fase do grupo escolar... nem tanto
pelos estudos, mas por tudo que a cidade nos propiciou, a mim e ao
Chiquinho, depois veio o Eládio, sempre presentes na minha vida:
483
as primeiras e mais sinceras amizades, as namoradas, as festinhas
e os bailes no clube Juruá, as “peladas” e até os apelidos que ganhei
por ser alto e magro que nem um caniço!
A paixão pelos nauas futebol clube, então, nem se fale! não
perdia uma partida no nosso velho cruzeirão, fã incondicional do
meiocampista (...), por acaso meu colega de pensão; naquela
época, partida de futebol era programa social aos domingos, coisa
sadia e divertida para as famílias...
Nesse “redemoinho” de vida me descobri com ganas para o
comércio, os empreendimentos, audaciosos às vezes, para
produzir, progredir, gerar empregos, renda, riquezas, felicidade...
nesse sentido acho que fui um progressista, acima de partidos e
ideologias, às quais nunca me subjuguei.
Uma última palavra para a minha sempre terna e eterna cruzeiro
do sul: nascestes com o destino singular de não pertencer a
ninguém, porque sempre fostes a terra de todos: dos irmãos
nordestinos, cearenses, árabes, peruanos, amazonenses, alemães,
mineiros, paraenses e paranaenses, civis e militares, padres e
pastores!
Tenho orgulho do teu tamanho, da tua pujança econômica; da tua
arquitetura, misto de Europa e seringal; de tua catedral e de tuas
ladeiras; da tua farinha e dos teus pescados, de teus rios e igarapés,
de tuas belezas naturais, mas principalmente do teu generoso povo!
que teceu extraordinário núcleo urbano em plena floresta
amazônica, distantes milhares de quilômetros da chamada
“civilização”, dos chamados “grandes centros” nacionais e mesmo
amazônicos!
Em vossa homenagem e no mais comovido agradecimento, por
tudo que me oferecestes em vida, não beijo, genuflexo, os vossos

484
pés, porque nunca foste a rainha do orgulho. beijo as vossas mãos,
porque sempre foste a rainha da nobreza!

Suede Chaves
Advogado e Jornalista
(Amigo)

46 JOSÉ LUIZ – ETAM

homem é apenas arrendatário da terra, q pertence à Deus. A


ordem é dominá-la e o esforço por fazê-la produzir o encaminha em
direção ao dia que o Senhor Deus nos determina. Assim foi a
tragetória desse grande homem, procurando sempre ajudar o seu
próximo em suas dificuldades.
São em tempos difíceis que descobrimos os grandes e
verdadeiros amigos. Posso dizer que o senhor Orleir era um amigo
de verdade. Em poucas palavras posso até definir o quanto a
amizade dele foi e sempre será marcante em minha vida. Amizade
esta, que lembrarei por toda a eternidade.
Seu nome poderia ser traduzido em um acróstico: “Otimismo,
Respeito, Lealdade, Espirituoso, Irmão e Responsável”. Sua
simplicidade, humildade e gerenosidade, as guardarei para sempre
em meu coração. Sei ainda, que ele está descansando
serenamente nos braços do Altíssimo, pois é isso que seres
humanos de bons corações fazem.

Zé Luiz – Etam
(Amigo)

485
47 FRANCISCO SOCORRO TAVARES BIRIMBA

Foi um orgulho tê-lo como patrão.


Grande amigo, líder e companheiro. Orleir foi uma pessoa
maravilhosa com quem tive a felicidade e o privilégio de poder dividir
26 anos de trabalho. Sempre pronto a estender a mão para os mais
necessitados. Ele deixava uma marca pessoal em tudo que fazia e
pela forma como fazia. Sem dúvidas, ele foi um exemplo de quem
soube unir e apoiar com muita sabedoria, para assim, construir, doar
e socorrer.
Normalmente, nos deparamos com aqueles que colocam o poder
acima dos valores humanos, comportando-se autoritariamente e
ampliando distâncias de seus subordinados. Orleir era diferente. Por
ser um patrão diferenciado, não poderia deixar de registrar aqui
minha gratidão pela forma amiga e sincera que sempre me tratou.
Mais que um superior no ambiente de trabalho, demostrou ser
sempre um companheiro e deixou muito claro que podíamos contar
com a sua ajuda.
Seu conhecimento nos transmitia segurança e garra para
batalhar em busca dos nossos ideais. Olhando para ele podíamos
ver que seus esforços não eram em vão. Era um homem de
sucesso. Com ele podemos aprender que só os que não querem
não encontram caminho a seguir.
Orleir foi a prova mais completa de que tudo vale a pena e que
na vida acima de tudo temos que ter humildade para reconhecer os
nossos erros e aceitá-los com dignidade. Só assim superamos
obstáculos.

Francisco Socorro Tavares Birimba


Funcionário (vigia da residência)
486
48 RODRIGO PONCIANO

Deus estar feliz, pois recebeu em seus braços um guerreiro, o pai


dos pobres, que tanto fez por eles. Orleir ajudou a muitos. A família
Lima Verde e a cruzeirense choram sua partida. Homem
competente.
Lembro-me que no funeral do meu pai ele fora quem nos
confortara no momento de dor. Recordo nitidamente suas palavras:
“família tenham orgulho do que este homem fez por Cruzeiro do
Sul.” Que as minhas palavras também possam confortar sua família,
que ela possa encontrar conforto em tudo de bom que ele fez. O
povo do Acre vai sempre lembrar que fora ele o nome íngreme que
sustentou o sonho e o fez acontecer reabrindo a BR-364, sem ele
até hoje, a estrada nunca sairia do papel.
Que ele possa agora, na presença de Deus, lutar muito mais
pelos acreanos em especial por Cruzeiro do Sul, para que o povo
não fique desamparado.

Rodrigo Ponciano
Família Lima Verde

49 TOINHA E ZÉ VIEIRA

Carregava consigo o cheiro do povo, é uma honra inenarrável


podermos em nome da nossa família e de nossa querida Sena
Madureira, externar o nosso carinho e profundo respeito pelo eterno
amigo e Governador do Acre, Orleir Cameli.

487
Um homem de personalidade forte, de índole idônea e que
carregava consigo o cheiro do povo, por isso sua vida foi
visivelmente marcada pela sua simplicidade.
Na nossa história, um grande legado em seu nome está selado.
Na nossa gente, as memórias arraigadas pelos seus grandes feitos.
Em nossa cidade, um divisor de águas entre o isolamento e o
progresso.
Em nossos corações a gratidão eterna ao grande líder e fiel
amigo ORLEIR MESSIAS CAMELI.

Toinha e Zé Vieira
Ex Prefeita e Ex Deputado
(Amigos)

50 SOAD FARIAS DA FRANCA

Eu ouvi muito, em Rio Branco, a respeito da sua personalidade


no período da campanha para governador. Como funcionários
públicos, tínhamos receio da perseguição, ou coisas desse tipo. Não
o conhecíamos e ele vinha do Vale do Juruá e as notícias que eram
divulgadas em Rio Branco, realmente, não eram nada promissoras,
descobrimos mais tarde que não passavam de perseguições.
Contudo, ele foi uma pessoa singela. O Governador Orleir
Messias Cameli, que em 1995 marcou o início de um período de
grandes realizações. Foram quatro anos de inúmeras obras em
todos os municípios do Acre. Foi gratificante compartilhar esses
tempos de boas ideias ao lado dele. Impressionante era a
capacidade que ele tinha para discernir e gerenciar todas as

488
questões referentes à área da construção, projetos e
planejamentos.
Aquela vontade imensurável em ajudar e querer melhorar
situações precárias das pessoas, com tamanha generosidade,
impressionava, especialmente quando alguém pedia auxílio. A sua
dedicação ao Juruá fazia com que nós também acabássemos nos
envolvendo no seu ideal e passássemos abraçar causas e
realizarmos grandes feitos, juntos.

Soad Farias da Franca


Doutora em Arquitetura e Urbanismo

51 NABIHA BESTENE

Uma pessoa audaciosa e positiva, um cidadão trabalhador,


dinâmico, competente e capaz de transformar um simples caminho
em uma bela estrada, este foi Orleir Messias Cameli.
Ele foi sempre assim: construiu com o trabalho um patrimônio e
deixou um “legado” de exemplo para os netos, filhos e amigos.
Casado com Beatriz Barroso Cameli, uma mulher de fibra, que o
acompanhou por décadas, lado a lado como um sustentáculo firme
em toda a sua trajetória.
Filho, pai, esposo e amigo dedicado ao bem comum sem olhar
perspectivas de ambição, vaidade e orgulho, nos fazia compreender
que todos somos iguais perante o Pai.
O considerava uma pessoa audaciosa e positiva, porque
conseguiu ser um homem com visão do futuro. Partiu para o outro

489
lado da vida onde todos nós nos encontraremos um dia, não se
despediu, apenas deu um adeus breve.

Nabiha Bestene
Diretora da Eletroacre
(Amiga)

52 SÉRGIO NOBRE DO AREAL SOUTO

O BARRENTO E O AZUL

Poema homenagem a um grande homem


Chamado Orleir Cameli.
Profundo conhecedor e navegador
das águas turvas do rio Juruá.
-------
O Juruá segue destino ao Amazonas
Escorregando sua alma toldada
Num acalanto comovente e mudo
Como se fosse a derradeira estrada
-------
O Juruá segue em busca do Amazonas
Levando vida para os ribeirinhos
Lavando roupas enxaguando sonhos
Com a sensação de não estar sozinho
-------
E vai serpenteando esperanças

490
Alimentando os curuminzinhos
Num labirinto turvo de emoções
fazendo festa com os passarinhos
-------
Passa por tribos, aldeias
Colocações, seringais
Solitário, silencioso
Mas, destemido e audaz.
-------
Passa por vilas e vales
Por povoados e cais
Vai deslizando seu leito
Deixando tudo pra trás
-------
E vai serpenteando esperanças
Alimentando os curuminzinhos
Num labirinto turvo de emoções
fazendo festa com os passarinhos
-------
Passa por praias desertas
Passa barranco, igapós
Pelas enchentes, vazantes
Desamarrando os nós.
-------
Passa por ilhas e luas
Passa montes, paranás
Deixando um rastro de estrelas
491
Na noite densa e voraz.
-------
O Juruá pega carona do Amazonas
E já se considera seu parceiro
Com seu olhar barrento e vigilante
Deixando versos para o cancioneiro.
-------
O Juruá segue feliz com o Amazonas
Já sabe até aonde vai chegar
Pra misturar as suas águas doces
Com o sal ardente do azul do mar.

Sérgio Nobre do Areal Souto


Músico e Compositor
(Amigo)

53 FLÁVIO LUCENA DA COSTA

Há oito anos trabalho para a empresa Colorado, fazendo a


segurança da residência do Senhor Orleir Cameli. Sou vigia
noturno. Mas nossos laços não são tão recentes, ele é um dos
responsáveis por eu estar vivo até hoje.
Em 1997, um terrível acontecimento mudou minha vida. Na
época eu trabalhava e um posto de combustível. A madrugada
parecia tranquila, tudo ocorria normalmente. Mas a tranquilidade
acabou, pois assaltantes invadiram o local e renderam-me, fui
amarrado e levado para o interior do posto, onde fui agredido
violentamente e onde minha vida parecia findar-se. Precisei viajar
imediatamente e não havia mais vagas disponíveis.

492
Tudo conspirava contra, mas ele apareceu e deu solução ao
problema. Consegui vaga para que eu viajasse e fizesse o
tratamento necessário.
Foi mais uma prova que ele, como sempre, nunca desamparou
quem precisava da sua ajuda.
Hoje vivo bem, sequelas daquele dia só nas lembranças.
Trabalho, sustento minha família e guardo na memória tudo de bom
que o senhor Orleir fez para mim e para minha família.
Cuido de sua casa como se fosse minha, como forma de
agradecimentos por toda sua generosidade. Que Deus o continue
abençoando onde quer que o Senhor esteja.

Flávio Lucena da Costa


Funcionário (Vigia Residência)

54 REGINA MAIA BRAGA

Sei que a população Cruzeirense sente um vazio enorme com a


perca deste grande líder de popularidade inédita.
Os planos de Deus são ocultos para cada um de seus filhos,
motivo que nos leva a viver de acordo com os preceitos divinos.
Acredito que o senhor Orleir Messias Cameli tenha cumprido uma
missão cristã aqui neste mundo. Homem de caráter forte, de
qualidades pessoais tão raras: amigo, bondoso, solidário,
competente, dinâmico, amigo dos homens simples, das pessoas
pobres. Muitas vezes ele alegrou a molecada, que jogava com bolas
furadas, quando ele passava pelos campos de peladas e doava uma
nova. Era uma gritaria agradecendo.

493
Foi um homem muito paternalista, patrocinou grandes eventos
culturais. Além de ajudar e até mesmo custear tratamentos de saúde
para pessoas que haviam de fazer tratamento fora da cidade.
Certo dia, reunido com amigos surgiu a proposta: que ele se
candidata a prefeito do município. Concordou e a população
aplaudiu e colocou-o no cargo.
Foi o maior prefeito que está tivera. Transformações surgiram
com sua gestão. Ele mudou a face da cidade.
Quando em sua campanha empolgante para governador, o povo,
sem distinção de idade, fazia a divulgação de seu jingle. Era uma
festa seus comícios. Tive oportunidade de exercer pequenos cargos
ou funções que sempre agradeço.
Com sua gestão a educação teve um grande avanço. Ele
proporcionou aos alunos fardamento completo. Para os
interioranos, que moravam distante das escolas, ônibus para
transporte escolar. Proporcionou saúde, por meio de um ônibus
equipado com toda uma equipe de dentistas e auxiliares que
prestavam atendimento volante nas unidades escolares.
Os benefícios foram inúmeros. No Vale do Juruá ele construiu o
Teatro dos Nauas, a grande escola Dom Henrique Ruth, hoje uma
das escolas mais conceituadas no estado, e muitas outras. Fez um
salão de eventos, o Cordélia Lima. Os programas sociais e em
outras ações foram amostras vivas da sua boa gestão.
Sei plenamente que seus feitos, suas atitudes, trabalho e
determinação são galardão que cristalizaram seu espírito de homem
de fé. Considero toda família e o meu amigo jamais será esquecido.

Regina Maia Braga


Professora, Inspetora de Ensino
Vice-prefeita de Cruzeiro do Sul
(Amiga)

494
55 JOSÉ RAMOS MACIEL

Conheci Orleir Cameli em 2011, por meio do seu filho James


Cameli. O empresário de sucesso, proprietário da empresa
Construtora Colorado, com quem tive contato direto em 2003, em
uma viagem a Porto Walter. Na época Dom Luiz, bispo aposentado,
estava morando naquela cidade e dona bete, esposa do senhor
Orleir, desejava visitá-lo. Era sábado, saímos depois do almoço e
chegamos lá no fim da tarde. Ao desembarcarmos, o primeiro local
para onde ele se dirigiu foi o colégio, que estudou quando garoto.
No domingo, após a missa Dom Luiz ofereceu-lhes um café, após
ele conversou com populares e retornamos à cidade de Cruzeiro.
Pegar uma lancha, subir e descer o rio eram motivos de
descontração para o seu Orleir. Em 2008 fomos ver uma balsa, que
estava vindo de Thaumaturgo e encalhou, senhor Chiquinho, estava
conosco. Passando na boca do Ouro Preto, ele disse: meu pai
arrastou muita canoa aí dentro. Encontrarmos a balsa encalhada na
foz do riozinho das minas. Ele tirou a blusa, os sapatos e a calça e
mergulhou nas águas para verificar a profundidade. Conseguimos
passar a balsa no raso, já no fim da tarde. Dormimos na cidade mais
próxima, Porto Walter. Pernoitamos no campo Santana. No dia
seguinte seguindo suas ordens descemos o rio. Ouvi e ri de muitos
casos contados por ele e seu pai.
Em outra ocasião fomos encontrar a balsa Colorado que vinha de
Manaus, ele era um homem preparado sempre, levou barraca,
colchão e cinco horas da tarde no estirão do rebojo a pedido dele
paramos para tomar um café, fumar um cigarro e ouvir o assobio de
uma macucau. Encontramos a balsa na foz dos campinas.
Não posso deixar de mencionar um dos seus pais feitos e
benefícios para o estado do Acre e toda a sua população, a BR-364,

495
em sua construção o senhor Orleir teve dois momentos importantes.
Primeiro como governador, dando início ao asfaltamento. Segundo
como empresário empreiteiro asfaltando um dos trechos mais
críticos entre o Rio Jurupari e Rio Purus.
O acompanhei em muitas viagens, de carro ou de lancha foram
muitas idas e vindas. Considero-o e o respeito por seu caráter e por
nossas vivências.

José Ramos Maciel (Zezinho)


Motorista
(Amigo)

56 JOÃO BÔSCO DE MEDEIROS

Foi com muita alegria que recebi o honroso convite da Sra.


Beatriz Cameli para dar meu testemunho na produção da biografia
e saudoso Governador Orleir Messias Cameli.
Quando cheguei ao Estado do Acre, no ano de 1985, eram
poucas as estradas implantadas. Quanto as estradas pavimentadas
quase não existiam. Em 2005, ao assumir minhas funções no DNIT
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), extinto
DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), ao
mesmo tempo se iniciava a pujante administração do Governo do
Sr. Orleir Cameli. Apesar de não participar diretamente durante o
seu governo, tive o privilégio de trabalhar com ele e sua equipe do
DERACRE (Departamento de Estradas e Rodagens do Acre).
Homem de espírito desbravador, no seu governo, logo foi
tomando forma, o projeto de interligar o Acre através de implantação
e pavimentação de rodovias e, consequentemente ligando o Acre
ao restante do Brasil e aos países fronteiriços.

496
Por meio de convênios firmados pelo Governo do Estado, através
do DERACRE, com o antigo DNER foram pavimentados diversos
trechos como: Rio Branco/Brasiléia, Rio Branco/Sena Madureira e
parte do trecho Cruzeiro do sul/Tarauacá.
Nos contatos mantidos com o Governador e sua equipe, ficava
claro o desejo de complementar a pavimentação do trecho de Sena
Madureira a Cruzeiro do Sul, completando portanto, a pavimentação
da BR-364. Pois, assim, tiraria os cruzeirenses do isolamento.
Sua política de investimento em estradas, mesmo criticada pela
oposição, teve continuidade nos Governos seguintes, onde Orleir,
então como empresário, ajudou-os a pavimentar mais estradas no
Estado do Acre, contribuindo para concretizar seu sonho.
Orleir alavancou a ligação rodoviária no Estado do Acre. Este é o
testemunho de quem trabalhou em parceria com o Governo do
Estado do Acre conduzido pelo senhor. Orleir Cameli.

João Bôsco de Medeiros


Eng° Supervisor da Unidade Local do DNIT Rio Branco-AC
(Amigo)

57 ESPERIDIÃO FECURY PINHEIRO DE LIMA

Não é fácil escrever algo sobre alguém, pois “parece” que


estamos de uma forma ou de outra julgando a pessoa e isso,
acredito, não deveria ser tarefa dos humanos. Mas, mesmo assim,
tentarei suscintamente dizer algo sobre o que presenciei,
convivendo no trabalho diário com este homem Orleir Cameli.
A sua principal característica era marcada pelo desejo maior de
resolver os problemas dos mais humildes. Sensibilizava-se com as

497
suas angústias e nas nossas andanças por todo este Estado, pude
constatar o bom ouvinte que era para escutar os necessitados, bem
como seus gestos carinhosos para com todos eles.
Sinal marcante também de sua personalidade e aprazível aos
que participaram do seu convívio, eram os “causos” que adorava
contar e suas fortes gargalhadas, que quebravam o silêncio, falando
da vida e mostrando como dela tinha tirado os seus ensinamentos.
Estes acontecimentos guardo com admiração e as estórias,
guardo com saudades.

Esperidião Fecury Pinheiro de Lima


Diretor do Deracre
(Amigo)

58 NEYLSON SOUZA VASCONCELOS

Às vezes, ao nos expressar ou nos dirigir a alguém, sentimos


dificuldades em encontrarmos as palavras que realmente traduzam
um sentimento ou uma emoção. Falar de Orleir Cameli é o contrário,
pois a facilidade com que fluem as palavras, os adjetivos para
qualificá-lo, nos conduzem facilmente para construir esse simples
mais sincero relato.
Tive o privilégio de estar com Orleir Cameli em muitas ocasiões,
quer fosse, na qualidade de piloto, conduzindo-o aos mais diversos
lugares aqui em nossa região, para visitar suas obras, seus
negócios, quer fosse, em alguma outra situação que por ventura nos
encontrássemos. Alegrava-me poder servi-lo, quando ele me ligava
e dizia: “Vamos lá comandante.” Sua determinação, coragem,
ousadia eram contagiantes, pois quem estava à sua volta se sentia

498
estimulado e encorajado para enfrentar as dificuldades que a vida
apresentasse. Era um exemplo de força, por isso chamado por
muitos de “guerreiro”.
Considero Orleir Cameli um ser humano inigualável, sincero e
firme em suas decisões, generoso, amigo e acima de tudo
preocupado com os menos favorecidos, qualidades muito raras de
se encontrar em alguém nos dias de hoje, por isso o fez tão
diferente, amado, reverenciado, querido e respeitado por quem o
conheceu. Crianças, jovens e adultos todos o admiravam.
Como todos os cruzeirenses, quero demostrar o meu
reconhecimento, prestar minha homenagem e dizer, ainda que, uma
pessoa como Orleir Cameli, dificilmente terá um sucessor.

Neylson Souza Vasconcelos


Piloto
(Amigo)

59 Rômulo Antônio de Oliveira Grandidier

Falar sobre o senhor Orleir Cameli, realmente requer tempo, para


escrever e para ler o que foi escrito. A sua história é magnífica, um
currículo de benfeitorias na área econômica e social que é invejável,
mas principalmente reconhecida por todos aqueles que tomaram
conhecimento das suas obras.
Uma pessoa inteligentíssima e abençoada, que a noite sonhava
com as benfeitorias e durante o dia as colocava em prática.
Não conheço um ser humano tão determinado, quanto ele. Suas
obras e seus negócios eram grandiosos e em pouco tempo pude
perceber que o seu coração era bem maior que tudo isso.

499
No início do ano de 2002, lembro que durante uma conversa ele
falou que daria início a um empreendimento no ramo da construção
civil. Passados oito anos ele já tinha conseguido elevar a sua
construtora para a maior dentro do estado do Acre e uma das
maiores da Região Norte.
A política estava no seu sangue, e seus conhecimentos sobre
empreendedorismo, política social, economia e finanças eram
avançadíssimos para uma pessoa que tinha somente o ensino
fundamental.
Por ser um grande homem, que realizava benfeitorias sempre no
sentido de melhorar a vida sofrida do povo do Acre e beneficiar os
mais necessitados (pobres), tinha apoio e aprovação da grande
maioria da população. Isso despertou os invejosos, aquelas
pessoas que ficam se mordendo quando veem alguém se
destacando nos seus trabalhos. Iniciava uma perseguição
implacável no final do seu governo. Ele me revelou que as
perseguições, acusações, mentiras e maldades trouxeram uma
grande decepção, assim resolveu abandonar a carreira política.
Orleir Cameli saiu da política porque não suportava mais as
perseguições de políticos hipócritas, maus caráteres e corruptos.
Por diversas vezes vi economistas, advogados, engenheiros,
contadores, administradores, médicos, professores, políticos e
pessoas comuns entrarem em sua sala e saírem maravilhados com
o seu nível de conhecimento e com as informações que tinha sobre
o Acre e o Brasil. Em agosto de 2007, entraram dois Doutores da
UNB (Universidade de Brasília) em sua sala, permaneceram por
umas três horas conversando, quando saíram um deles me disse,
“este homem pode até não ser um gênio, mas chega muito próximo,
tivemos uma aula prática sobre política e economia”.
Orleir Cameli, prefeito de Cruzeiro do Sul, governador do Estado
do Acre, empresário e ser humano, nos ensinou como construir uma

500
cidade, um estado e uma sociedade melhor. Seus projetos
executados eram espetaculares e atendiam as necessidades das
áreas da saúde, educação, agricultura, pecuária, urbanismo,
abastecimento de água, segurança, transportes etc. Mas um dos
seus maiores sonhos era a integração do estado com a conclusão
do asfaltamento da BR 364 no trecho entre Rio Branco e Cruzeiro
do Sul.
Quando governador do Estado do Acre, mesmo com escassos
recursos deu início e concluiu o asfaltamento de Sena Madureira a
Rio Branco e entre Rio Branco a Brasiléia. Entendia que se
integrasse o Estado tiraria os municípios do isolamento e a
população da miséria. As obras de asfaltamento de Cruzeiro do Sul
a Tarauacá também tiveram grandes avanços, mas como o
mandato foi somente de quatro anos, este trecho não foi concluído.
No dia 08 de maio de 2013, Cruzeiro do Sul e o Acre perdem seu
filho mais ilustre, que partiu para uma viajem sem fim, nos
abandonou sem pedir permissão, deixando-nos com o coração
apertado e uma saudade infinita. Contudo nos presenteou com um
grande legado e que deve ser respeitado: trabalhar muito e
honestamente, sermos justos e caridosos, apoiar os projetos sociais
e as pessoas de bem, cuidar melhor das nossas crianças e jovens,
sermos tementes a DEUS, dessa forma podemos construir uma
sociedade melhor.
Quero agradecer a família do Srº Orleir Cameli, especialmente a
Sr.ª Beatriz Cameli e Linker Cameli, pela oportunidade que me
concederam. Atenciosas Saudações.

Rômulo Grandidier
Contador da Empresa
(Amigo)

501
60 PROF.ª IVONE E FRANCISCO TOMÉ

HOMEM DE FIBRA

O conheci em cruzeiro do Sul. Convidou-me para trabalhar com


ele, senti-me muito honrada e agradecida. O senhor Orleir Messias
Cameli, em sua gestão de prefeito de Cruzeiro do Sul, permitiu-me
trabalhar por um período de 01 ano e 03 meses, como secretária
Municipal de Educação.
Já conhecia há anos e pude constatar mais de perto sua
tenacidade, determinação e gosto pelo trabalho.
Ele era um homem simples, humilde, caridoso, inteligente e muito
trabalhador, assim ele fazia a sua administração.
Como prefeito melhorou muito o setor educacional, oferecendo
melhores condições de trabalho para os professores, distribuindo
Kits escolares para os alunos da rede municipal, melhorou o
transporte escolar e fornecia as escolas uma merenda de qualidade.
Foi ele que deu ordem para levantar as necessidades existentes no
quadro de magistério da Secretaria Municipal de Educação, para
realização do 1° Concurso Púbico Municipal. O que foi feito,
realizado, já no mandato de seu vice. Pois ele se afastou para
concorrer às eleições a governador do Estado do Acre. A ele
devemos o mérito de ter com este concurso, preenchendo
aproximadamente 100 vagas, na SEMEC, em todos os seus
setores.
Melhorou em muito a estrutura física de Cruzeiro do Sul. Fez o
canal da Avenida Rodrigues Alves e Boulevard Thaumaturgo.
Sempre com muito zelo marcava presença nas obras que realizava,
sem medir esforços, tanto de dia quanto a noite.

502
Ele era um homem arrojado, muito trabalhador e sensível com os
problemas dos mais humildes. Sempre preocupado em melhorar as
condições de sobrevivência de seus irmãos cruzeirenses.
Quando assumiu o governo do Estado do Acre, sua preocupação
maior era integrar o Vale do Juruá ao Vale do Acre. E assim, contra
tudo e contra todos que não apoiavam seu projeto, deu uma
arrancada determinada e corajosa, na abertura, melhoramento e
asfaltamento de grandes trechos da BR 364, que se encontrava
adormecida e abandonada pelo descaso de alguns governantes
anteriores.
Ele sofreu muitas críticas, perseguições e até processos. Mas
fez. E fez bem-feito. Um trabalho de qualidade. Pois este era um
dos seus pontos fortes, construção de estradas, em que tinha largos
conhecimentos e muita competência.
Assim ele permitiu fazer aquela ligação tão sonhada e desejada
por todos nós. Se hoje temos uma ligação via terrestre dos dois
vales e, consequentemente a outras partes do país se deve a este
homem que podemos intitular de o “Gigante do Vale do Juruá”.
Orleir Messias Cameli, empresário, empreendedor competente,
ex-prefeito, ex-governador deu muitas alegrias a seu povo. Deixou
muitas saudades e lembranças nos corações de todos que tiveram
a feliz oportunidade de conhecer, conviver e trabalhar com aquele
homem que acima de tudo deixou um legado ao seu povo.
Exemplo de um grande ser humano e um político ousado. Muito
além, no reino dos céus, receberá como recompensa o seu
galardão!

Prof.ª Ivone e Francisco Tomé


(Amigos)

503
61 FRANCISCO BARBOSA DA SILVA JÚNIOR

A PONTE DO RIO MOA

Orleir deixou um legado surpreendente, dos quais muitos aqui


nestas memórias citarão, mas quero mencionar a que me
surpreendeu por sua grandiosidade, impactante estrutura e sua
utilidade.
Aos 22 dias do mês de fevereiro de 1999, convidado pelo meu
pai para ir ao município de Rodrigues Alves tratar assuntos
particulares de trabalho, tive o privilégio de passar pela primeira vez
sobre a ponte do Rio Moa, e surpreendi-me com a beleza dela.
Trata-se de uma grande obra com 185 metros de vão, com
aproximadamente 08 metros de largura, com altura aproximada de
12 metros, sustentada por 04 pilares duplos bem fixados no fundo
do rio, com uma passarela para pedestres e capacidade de mão
dupla para veículos, além do cenário que pode atrair vários turistas
e a utilidade para o povo de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima,
Rodrigues Alves. Deve-se levar em conta também à segurança e
satisfação do povo ao trafegar pela ponte.
Vi ali a competência de um grande homem, que com a confiança
que lhe foi repassada cumpriu com seus compromissos, e acima de
tudo honrou o povo Acreano.

Francisco Barbosa da Silva Junior


Policial Militar
(Amigo)

504
62 FRANCISCO FERREIRA GOMES

Cada homem deixa a sua marca. É assim ao longo dos tempos:


homens e mulheres deixam no curso de suas trajetórias, a marca
da sua determinação, perseverança, humor, otimismo ou força de
trabalho.
Quantos não são aqueles que impulsionados por uma Força
Maior, realizam feitos ou ações que ficam eternizados no coração
do seu povo? Quantos ainda, movidos pelo sentimento de
fraternidade, tem uma vida de doação a serviço da coletividade?
É assim que foi e, é exatamente assim que tem sido mundo afora.
O homem, com sua inteligência, faz; e ao fazer deixa a marca
indelével do seu feito. Grandes homens passaram por esta Terra
dos Nauas e, cada um, a seu tempo, deixaram-nos importante
contribuição.
O Orleir Cameli é um destes abnegados e determinados homens,
filho de Cruzeiro do Sul, e orgulho maior para cada Cruzeirense.
O nascimento humilde nos altos seringais, não impediu-lhe de
crescer e tornar-se um empreendedor por excelência. Há quem diga
que foi o maior empreendedor que Cruzeiro do Sul já viu, e eu
considero que sim.
Guardava consigo as lições nobres do berço, como o amor e a
fraternidade pelo próximo. Homem de poucas palavras Orleir
destacava-se pela ação. Tido como homem destemido, sua foça e
sua palavra faziam a diferença quando o assunto era realizar um
trabalho complexo ou quaisquer atividades.
Generoso e amigo era capaz de envolver-se com a meiguice das
crianças e sair pelas ruas de Cruzeiro distribuindo chocolate a todas
que encontrava pelo caminho. Com suas firmes posições, em

505
determinado momento, teve que colocar-se contra aqueles que
queriam impedir o crescimento do Acre.
A seu tempo ousou e sonhou com um Acre para todos, unido e
ligado pelo antigo sonho da pavimentação da BR 364. Nos dias de
hoje Orleir deixa-nos a imagem do “Gladiador” que dá a vida em prol
de uma causa maior. Sua luta e sua dedicação não foram em vão.
Esse é o seu legado maior: o trabalho e a determinação de quem
luta por aquilo que verdadeiramente acredita.

Francisco Gomes (Chico Gatão)


Professor e Jornalista
(Amigo)

63 FRANCISCO CAMELI MESSIAS

Orleir, como todos sabem, nasceu no Seringal Belo Horizonte,


fruto da união entre Marmud Cameli e Maria do Patrocínio Messias.
Orleir destacou-se desde cedo entre as crianças da família pela
sua inteligência e esperteza. Alfabetizou-se na Escola do Seringal
Belo Horizonte e depois foi para Porto Walter estudar na escola José
de Anchieta (Seminário da cidade), com os padres Luís e Henrique.
No ano seguinte veio para Cruzeiro do Sul para continuar os
estudos, mas não chegou a concluir o ano letivo, pois a vontade de
trabalhar e ganhar dinheiro falou mais alto.
Empreendedor de decisões arrojadas, juntamente com seu pai
partiu rumo aos negócios. Trabalhou com a seringa e a exploração
de madeira, montando a primeira Serraria de Cruzeiro do Sul.
Orleir sempre sonhou alto. Dizia ele: “Se os outros podem,
porque não posso também?”. Foi assim, que se destacou como

506
empresário com os irmãos e o pai. Casou-se a primeira vez com 19
anos, vindo casar outras duas vezes mais tarde. Realizado
financeiramente queria ajudar seu povo, candidatou-se a prefeito,
venceu com grande maioria dos votos e em seguida partiu para a
disputa do governo do Acre, vencendo as eleições.
Filantropo por natureza, como governador procurou sempre
ajudar os mais necessitados, especialmente em caso de doença,
ajudava sem olhar a quem. Pagou escola para muitas pessoas que
tinham vontade de estudar e crescer. Trabalhador ao extremo,
nunca tirou férias, sempre esteve à frente dos trabalhos. Herdou do
avô árabe o dom dos negócios.

Francisco Cameli Messias


(Primo)

64 SR. HÉLIO MATOS DE MELO

Ele foi mais que um amigo. O considerava um irmão. Foi difícil


demais, para mim e minha família aceitar a dor da perda, saber que
ele partiu quando muitos precisavam dele. Fomos amigos desde a
infância. Crescemos e nos tornamos homens de trabalho. Ele não
media esforço para nada, demonstrava total admiração no
trabalho da construção. Tratava a todos de forma simples, desde
criança aos adultos, vendo-os de forma igualitária e honesta. Zelava
por caráter e respeito
Tenho certeza de que minha amizade com ele foi sincera. Ele foi
um amigo de verdade. Trabalhei muito tempo para a empresa deles,
certamente foi um choque sua partida. Ninguém estava preparado
para um momento tão difícil.
507
O que me resta é uma grande saudade de um amigo. Mas diz um
provérbio: Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga.
Sr. Hélio Matos de Melo
Comerciante
(Amigo)

65 CHARLENE CARVALHO

Durante muitos anos ouvi piadinhas de amigos por ser amiga do


ex-governador Orleir Cameli. Uns porque não acreditavam que
tínhamos uma amizade real. Outros por maldade mesmo. Alguns
mais malévolos chegavam a afirmar que tínhamos uma falsa
intimidade. Isso sempre me machucou profundamente. Mas creio
que isso acontecia porque as pessoas sempre o tinham como um
homem inacessível. Era o ex-governador Orleir Cameli, a maior
liderança política do Juruá, um mito, quase uma lenda. Um homem
que a maioria das pessoas só conheciam na superfície. Não deve
ser fácil a estes imaginar que para além de todas as grandes coisas
que fez, era um homem comum, um bom pai, bom marido, excelente
filho e amigo excepcional.
Parece meio prepotente dizer, mas talvez por ter acompanhado
de perto alguns dos seus momentos mais difíceis e também os mais
sublimes, sempre tive pelo seu Orleir o carinho, o afeto, o respeito
e a deferência da amizade. O homem que eu ligava e ele atendia de
prontidâo. Que eu chegava com meu jeito estabanado e
espalhafatoso e ele só ria. Que recebia-me com carinho, atenção,
cuidado e deferência, privilégio de uns poucos. mas de todos que
privavam da sua amizade. Críticas ele nunca fazia. Exceto ao peso.
Quando o conheci, aos 21 anos, pesara míseros 56 kg.

508
Sabe como é, não é? O tempo passa, a gente engorda, não
consegue emagrecer e aí fica gorda. E dessa crítica eu não
escapava. Nunca. D. Beatriz vivia a morrer de vergonha a cada vez
que ele dizia: tá gorda, hein? Era zoação e constatação da
realidade. Já seus conselhos recebi muitos. Bons conselhos, diga-
se. A maioria os trouxe e apliquei-os à vida. Sou uma pessoa melhor
por causa disso, graças a Deus.
Ele gostava de mim, fato. E eu sempre me achei afortunada por
isso. Gostava de saber de tudo, mas não falava mal dos outros.
Gostava de estar informado sobre tudo e, na maioria das vezes,
sabia mais das coisas que eu. E como sempre trabalhei como
jornalista, acho que ele gostava de conversar comigo para ter uma
versão a mais de como andavam as coisas no Acre e no mundo.
O Orleir que eu conheci era um homem muito bem humorado e
cheio de graça. Era severo, também. E cuidadoso. Além da boa
conversa, guardarei em meu coração o seu abraço. Eu sempre
sentia-me protegida naquele abraço. Um abraço de pai, de amigo,
de bem-querer. Aquele homem rude e poderoso sabia como poucos
ser um bom amigo. Como não se sentir afortunada e grata por essa
amizade?
Ele sabia que eu morria de medo de avião. Uma vez, de Manaus
à Rio Branco, a aeromoça perguntou se eu queria um lanche. Antes
que eu respondesse ele disse: ela não come comida de avião. Se
preocupe com ela não, moça. Ela trouxe uma lata de leite ninho
cheio de farofa de jabá. E fazia isso com excelente humor. Dizia que
eu ia pra Cruzeiro de carro por pura pirraça e achava um absurdo
eu evitar o avião. Em boa medida isso me ajudou a perder o medo
de voar.
Ele reunia em sua casa os amigos e a família no Natal e no
Reveillon, para celebrar a vida e agradecer a gratidão, aliás, sempre

509
foi uma de suas maiores virtudes, a generosidade. As pessoas
conhecem sua generosidade com os mais humildes, pobres e
necessitados, embora não tenha havido uma única vez em que ele
tenha feito propaganda disso. Pelo contrário.
A generosidade da mão estendida aos amigos que vai além da
ajuda financeira, mas se pauta pela amizade, pelo dar e receber. Eu
sou parte de você, você é parte de mim. Somos amigos e você pode
contar comigo em todo o tempo, a qualquer hora, isto era ele. Pode
contar com o meu dinheiro também mas, acima de tudo, com a porta
aberta para entrar, sentar e conversar sempre que precisar. Fui
usuária desse benefício por mais de 20 anos. E sou grata pela
oportunidade e pelas possibilidades.
No final do ano de 2012, peguei a estrada e fui a Cruzeiro depois
de uns anos de ausência. No período queria estar perto, abraçá-lo
e ser abraçada. Foi a melhor coisa que fiz. Em minha última visita a
Colorado, antes de retornar a Rio Branco, ele me mostrou os
avanços das obras do novo escritório. Mostrou, inclusive, as obras
de um elevador que ia do térreo ao primeiro andar, onde ele
trabalhava.
Não o fez para usar – seu vigor, mesmo na doença, o permitia
subir a escada às vezes mais rápido que eu – mas para que duas
pessoas em especial pudessem usar: um amigo bispo que sempre
ia lá rezar com ele e D. Marieta. Os dois tem dificuldades de
locomoção e mesmo as visitas sendo raras, no caso da D. Marieta
as vezes uma vez por ano, ele fez questão de investir no conforto
dos que amava.
Porque isso era mais importante que qualquer outra coisa. Ele
era assim: estava sempre mais preocupado em agradar, em fazer a
todos sentirem-se bem, do que no próprio conforto. Não que não

510
gostasse do conforto. Não é isso. É que ele sempre se preocupava
primeiro com o outro.
Nos falamos pela última vez um mês antes dele partir. Foi uma
ligação rápida. Sua voz ainda tinha a firmeza de sempre, apesar do
corpo já não ter o mesmo vigor. Ele não estava triste. Talvez um
pouco temeroso, pois sabia que seus dias não estavam sendo fáceis
e sabia que ainda tinha muito a fazer pelas pessoas que amava. No
dia da sua partida, saí de Rio Branco de carro, apesar do Gladson,
seu sobrinho, ter me oferecido uma vaga no avião.
Viajar sete horas pela estrada que ele sonhou, visualizou e tornou
realidade boa parte dela, não me deixou melhor, mas me ajudou a
superar a dor. Pedi ao Neto, que dirigia o carro, que parasse no
Liberdade. Ali, por alguns segundos olhei o céu estrelado e
agradeci. Agradeci a Deus pelo privilégio da amizade. Agradeci a
Deus por, de alguma forma, fazer parte de um pedacinho da história
daquele homem. E agradeci a Deus por tê-lo recolhido. Deus dá,
Deus tira. Seja feita a sua vontade. Ele sabe o que é melhor para
cada um de nós. Sempre.
Dele guardo a saudade, o sorriso, as brincadeiras, a alegria, a
força, a determinação, o amor pelo Acre e, o mais importante: o
amor pelo Juruá. Como sempre digo aos amigos, aprendi a amar o
Juruá pelos olhos azuis de um Cameli. Foi amor a primeira vista.
Hoje, Cruzeiro do Sul é minha segunda casa e sou grata a Deus por
ter na família Cameli um lar, um abrigo, um porto seguro desde
1992.

Charlene Carvalho
Jornalista
(Amiga)

511
66 CLOVIS QUEIROZ

ALGUNS FATOS E FEITOS MARCANTES DO ORLEIR


E DE SEU GOVERNO

Orleir tinha um “jeitão” característico e especial de conversar e


fazer amigos, sempre franco e transparente. Ele era extremamente
comprometido com suas raízes e com o povo humilde do Acre,
principalmente os do Vale do Juruá. Jamais se esqueceu de seus
amigos e companheiros. Sempre muito determinado, tinha uma
vontade imensa de trabalhar pela integração e o desenvolvimento
do estado do Acre, visando à criação de empregos e a melhoria da
qualidade de vida dos seus habitantes.
Lembro-me que em sua gestão como governador do estado do
Acre, Orleir tinha três prioridades principais: saúde, educação e a
construção de estradas. Na saúde pública realizou, entre outros,
dois grandes projetos inovadores e, realmente revolucionários para
a região: a importação de remédios, após superar inúmeras
barreiras comerciais e as resistências burocráticas inerentes ao
processo de compra. Conseguiu realizar a aquisição de uma
quantidade enorme de remédios para suprir todos os hospitais
públicos do Acre.
O preço total de aquisição desses medicamentos importados foi
extremamente barato em comparação com os valores praticados
naquela época pelos fornecedores tradicionais do estado. E, ainda,
o Hospital Flutuante para o atendimento da população ribeirinha do
vale do rio Juruá. Em sua viagem inaugural o Barco Hospital
navegou até o município de Marechal Thaumaturgo prestando um
atendimento médico de primeira qualidade.

512
Embarcado encontravam-se médicos, enfermeiros além de toda
a infraestrutura necessária para a realização de exames de
diagnóstico clínico e enfermaria. Para complementar o atendimento,
cada paciente recebia, além dos medicamentos prescritos pelos
médicos, uma Bolsa Alimentação que continha uma grande
quantidade de viveres, arroz, feijão, carne, açúcar, café, leite em pó
etc., suficientes para um mês de alimentação de uma família. Essa
viagem foi sem dúvida um dos momentos de maior alegria,
satisfação e realização pessoal que o governador vivenciou
durante o período que esteve à frente do Estado.
Orleir, realmente realizava-se quando estava junto à sua gente
contribuindo para diminuir o sofrimento e o abandono daquela
população esquecida pelo poder público.
Na educação, também teve mais uma iniciativa pioneira, forneceu
uniforme, transporte e kit escolar, para cada aluno. A finalidade era
motivar e facilitar a mobilidade dos alunos e professores de suas
casas para a escola. O governador doou para cada aluno da zona
rural uma bicicleta e para as cidades forneceu uma quantidade de
ônibus escolares suficiente para em rotas regulares garantir o
transporte dos estudantes, professores e demais colaboradores.
O Orleir dedicava-se de corpo e alma para realizar a grande meta
de seu governo, a construção de estradas. Sua prioridade era à
construção da BR 364 de Rio Branco à Cruzeiro do Sul e a BR 317
de Rio Branco - Assis Brasil. Ele participava pessoalmente de tudo
o que se referia as BR’s, desde o desafio de viabilizar recursos
financeiros as alternativas de traçado da rodovia e principalmente
tudo que dependia do governo federal.
Sempre que possível ele ia às frentes de trabalho das estradas
onde efetivamente participava junto com os técnicos e os operários
das atividades diárias na luta para superar as incontáveis

513
dificuldades e imprevistos que surgiam a cada dia, durante os
trabalhos de execução das obras. Nos acampamentos e nas frentes
de trabalho ele se comportava como um verdadeiro líder e ao
mesmo tempo um trabalhador comum, totalmente integrado e
participante das equipes de trabalho. Bebia e comia a mesma
alimentação que era servida aos trabalhadores da obra.
Orlei não era um homem que buscasse honrarias. Sempre
orientou seus assessores diretos para não esperarem por ele para
entregar à população as obras de governo, já concluídas. Logo
concluídas deveriam ser disponibilizadas para a população. Ele só
estaria presente nos eventos se fosse possível conciliar a sua
agenda de governador com a data de conclusão da obra.
Ele era totalmente contra gastar dinheiro do povo com
divulgação, propaganda ou marketing das realizações do seu
governo. Sempre dizia que todo e qualquer centavo que pudesse
ser economizado deveria ser investido nas estradas. Com toda
certeza podemos afirmar que as estradas construídas no governo
do Orleir foram às de melhor qualidade e as mais baratas
construídas em todo o Acre.
Orleir assumiu o governo quando o Estado estava literalmente
falido e, além disso, sofreu uma perseguição política insana que
tinha como única finalidade a de impedi-lo de trabalhar e de realizar
os compromissos de campanha, entretanto, mesmo com inúmeras
dificuldades ele demonstrou que o governante que ama o seu povo
consegue através do trabalho, empenho e determinação fazer muito
pelo desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida de seus
conterrâneos.

Clovis Queiroz
Ex - Presidente da Eletroacre
(Amigo)

514
67 DEUSDETE BARAHUNA BEZERRA

Conheci Orleir em 1955. Convivi com ele alguns momentos


próximos e outros distantes até 05 de maio de 2013, quando ele
faleceu na cidade de Manaus.
Orleir, jovem forte inteligente, sábio humilde, caridoso etc. Era um
homem integro e caprichoso, gostava de tudo o que era seu em
ordem. Havia momentos em que aspereza estava presente em seu
temperamento, mas em seu coração ele era um ser humano de
sentimentos profundos e principalmente quando se tratava dos mais
humildes.
Era admirado e querido por todos. Ele gostava e respeitava os
idosos, crianças e adolescentes, faziam o impossível para vê-los
felizes.
Homem, simplíssimo. Nasceu no Seringal Triunfo em 1949 e aos
06 anos de idade veio com o irmão Chiquinho estudar em Porto
Walter no colégio dos Padres. Lá, houve um fato interessante, em
que ele ainda jovem teve a oportunidade de demonstrar sua
capacidade de liderar. Ele convenceu todos os alunos para que não
alçassem. Pois a comida tinha um odor insuportável. O prato servido
era jabuti (cagado) o qual havia sido preparado pela cozinheira
novata, alemã, que encontra o animal 03 dias antes, já morto e o
prepara.
No período de férias, voltava para o seringal onde ajudava o
senhor Marmud Cameli, seu pai, a extrair borracha das seringueiras,
nas estradas de cortes na floresta.
Ele era muito inteligente. Quando Orleir veio para Cruzeiro do
Sul, continuar seus estudos, com sua visão empreendedora
percebeu que a extração e compra de madeira de lei em toras dava
um bom lucro, ele montou uma cerraria em Cruzeiro do Sul.

515
Comprava toras de madeira às beneficiava, na própria cerraria e
vendia para o exterior. Ele era um homem caridoso, com este
empreendimento, ele doou madeiras e casas aos pobres, sem
discriminação de cor, raça ou credo, fazia isto sem desejar glórias,
silenciosamente, como fizeram com a construção da igreja em Porto
Walter e o Hotel das freiras dominicanas. Comprou as casas da
família Barbary, que ficavam em frente à igreja, ordenando que nada
se construísse ali, para que a igreja continuasse sendo a visão da
chegada da cidade.
O novo cenário mudou completamente o rumo de suas
atividades, a proibição da extração de madeira pelo IBAMA e IMAC,
fez Orleir seguir para um novo empreendimento: a fábrica de
Borracha, em que comprava dos seringueiros, beneficiava e
exportava para fora do Acre. Isto trouxe ao vale do Juruá, muito
emprego.
O boom da borracha passou e Orleir, mais uma vez com sua
visão aguçada, ruma para mais uma atividade empresarial que lhe
assegurava sucesso e que crescia na região, a construção civil.
Monta em Cruzeiro do Sul, a empresa Construtora Colorado, hoje
muito famosa. No estado é referência nas atividades de
terraplanagem. Mas também, desenvolveu atividades de
agropecuárias, vigorosamente. Tornando-se mais um
empreendimento de sucesso, abençoado por Deus.
Orleir era o homem do povo, empregou, beneficiou com
remédios, moradia, alimentação. Era um administrador
determinado, o que fez com que o povo pedisse sua candidatura a
prefeito de Cruzeiro do Sul. Ele, depois de consultar Dona Beatriz,
sua esposa e a família, candidatou-se e foi eleito. No primeiro ano
de sua gestão, recebera o título de melhor prefeito do Brasil.

516
O desafio era grande, a prefeitura encontrava-se atolada em
dívidas, como diz o ditado popular, devia “a Deus e ao Diabo”. Em
pouco tempo ele saldou as dívidas, limpou o nome da prefeitura,
comprou usina de asfalto, máquinas e investiu maciçamente no
crescimento da cidade e ela ficou bonita.
O Acre atravessava um período crítico de más admin
istrações e dívidas, quase a beira da falência. O povo Acreano
considerando a situação une as forças e os dois vales: do Acre e
Juruá pedem pelo nome Orleir a candidato ao governo do estado.
Ele era a salvação para o Acre. E assim se fez, candidatou-se ao
governo e teve uma vitória esmagadora, que deixou muitos políticos
magoados. Isso resultou na formação mais articulosa e maliciosa de
um grupo de políticos mau caratês que tinham como objetivos:
persegui-lo, impedir que ele trabalhasse e arrancá-lo do poder.
Sua administração crescia e os beneficiados eram os pobres e
humildes, que estavam satisfeitos. Na área da saúde temos como
exemplo a Balsa Hospital Doutor Monte Brago Negro, equipada com
enfermaria, lanchas, helicóptero, médicos cardiologistas,
ginecologistas, horto-pediatria, clínico Geral, oftalmologistas,
dentistas etc. Seus programas de governo beneficiou o povo com
energia, condições de trabalhos em casas de farinha, equipando-
as, motores de barcos, equipamentos de trabalho como enxadas e
enchadecos, machados, terçados, plantadoras de arroz e muitas
outras. Seu governo ainda beneficiou muito as pessoas carentes
com o programa mais alimentação.
Construiu a pista de Marechal Thaumaturgo, proporcionou
transporte escolar fluvial e terrestre, postos de saúde etc. Deus
havia nos dado um excelente administrador.
Dizem que tem gente que nasce como uma estrela. Eu acho que
Orleir Cameli nasceu como uma constelação. Observe bem: viajava

517
de avião de ônibus, de moto, de canoa, de balsa, de voadeira de
helicóptero foi perseguido demais e nunca sofreu um acidente se
quer, nunca o vi andando com segurança sua fé em Deus era sua
grande segurança.
Deus o levou, não para que nós ficássemos sozinhos, mas para
que ele lá do céu ao lado de Deus, possa nos servir melhor. Fez
muito por esta terra, deixara aqui, sua esposa Dona Bete para
continuar as obras.

Deusdete Barahuna Bezerra


(Amigo)

68 ESTEPHAN ELIAS BARBARY NETO

UM HOMEM QUE MUITO CEDO DEIXOU ÓRFÃO O SEU POVO

Boas lembranças me remetem à família desde saudoso homem.


Durante algum tempo de minha vida dediquei-me ao trabalho ao
lado do meu pai como todo bom filho faz. Não conhecia tão bem o
Orleir, apesar da boa amizade que existia entre as famílias Cameli
e Barbary. Amizade essa, que começou a partir dos nossos
patriarcas.
Tinha quinze anos quando minha família comprou um posto de
lavagem de veículos e mudamos de ramo. Foi aí que tive a
oportunidade de, pelo menos esporadicamente, de estar mais
próximo dos irmãos Cameli. Lembro-me como se fosse hoje, das
várias vezes que lavei e, que fiz questão de lavar os carros de Orleir,
Eládio e Francisco, o “Chiquinho”, os mais conhecidos da família

518
Cameli, por suas trajetórias sempre voltadas ao crescimento da
região do Vale do Juruá.
Mais tarde, Eládio e Chiquinho decidiram mudar para a capital
amazonense, Manaus. Aqui ficou Orleir que continuou
desenvolvendo o seu trabalho com a mesma dedicação e afinco. O
empresário, que já era notável, tornou-se ainda mais bem sucedido.
Em 1993, ingressei nas fileiras da Polícia Militar do Acre e no
início do ano de 1994 mudei para Rio Branco. Apesar de estar
distante da bela Cruzeiro do Sul, acompanhava com alegria a
grande transformação que o município passava, graças àquele
simples e humilde homem, que, com uma votação expressiva do
seu povo, havia se tornado o prefeito da nossa querida Cidade.
A alegria e o entusiasmo das pessoas eram perceptíveis quando
se referiam ao Orleir, que já se tornara um grande líder. Não
bastasse a sua glória, mais tarde, todo o Acre, impulsionados pelo
entusiasmo do povo do Vale do Juruá, levaram Orleir ao Palácio Rio
Branco. Ele então se tornava Governador do Estado do Acre.
Ficamos eufóricos, não acreditávamos que aquele homem simples,
porém de coração grande, que abdicou das luxúrias que o seu
sucesso poderia lhe dar, estaria dando um passo tão largo em sua
caminhada.
Começava uma nova vida para Orleir. Fleschs, holofotes e
jornalistas passaram a fazer parte do seu dia a dia. Foi então, que
um dia, quando menos esperava, fui surpreendido com a
informação de que eu seria transferido para trabalhar na segurança
da residência oficial do Governador. Foi então que passei a
conhecê-lo melhor, assim como a sua família. Dona Beatriz, a
esposa e Linker, o filho mais novo. Foram com quem tive mais
contato inicialmente. Passaram-se os dias e fui percebendo que a
solidariedade não era uma virtude somente de Orleir, mas também

519
de sua companheira, que não media esforços para ajudar a quem
precisava.
Apesar de não fazermos parte da família, nós, policiais militares
a serviço da segurança do governador e de seus familiares, nos
sentíamos como se fôssemos. A mesma alimentação que era
servida na mesa de Orleir, também era na nossa. Aquele homem
contemplado com o poder parecia não se importar com tamanho
status. Preocupava-se com o nosso bem-estar, questionava se a
alimentação estava boa, se a família estava bem, ou seja, parecia
mais um pai protegendo a sua prole.
Terminado o seu mandato, Orleir presenteou a todos os seus
escudeiros como se estivesse pagando a um funcionário por
término de contrato. Apesar de que fazíamos, não só por termos a
responsabilidade e a incumbência, mas, por nos sentirmos mais que
à vontade e motivados. Um grande líder, honesto, solidário, homem
simples sem vaidades e que amava o que fazia. Esse é o conceito
e virtudes que guardaremos de Orleir.
Enfim, como a vida é uma caixinha de surpresas, fomos
surpreendidos com a informação de sua doença e posteriormente a
morte. Este homem que tinha uma missão divina de ajudar o seu
povo foi levado precocemente, e sei que se assim não fosse muito
ainda faria para alegrar os corações daqueles que o procurassem
como muitos que bateram à sua porta e foram atendidos. Resta-nos
agradecer por tudo que ele fez, pois, sabemos que ele conquistou
com justiça um bom lugar ao lado do Pai Eterno. Que a família
continue com o mesmo trabalho social em atenção aos menos
favorecidos, pois era isso que alegrava o seu coração.

Estephan Elias Barbary Neto


Major da Polícia Militar

520
69 FRANCISCA SIMÃO BARBOSA

MEMÓRIA DE ORLEIR CAMELI

Como descrever uma pessoa, com a bravura de leão, coração de


criança, olhar de águia e a sabedoria de quem ama seu povo?
Somente uma eterna apaixonada, o que não seria difícil para sua
esposa Beatriz.
Tarefa difícil para mim, mas sem dúvida prazerosa, já que vivi
vários momentos ao lado deste homem poderoso, que com sua
forma autônoma de viver, expressou tão bem, seu grande amor pelo
necessitado, que atraiu para si multidões, pela forma simples de ser,
mesmo vivendo em um palácio.
Faltava-lhe a voz, e as lágrimas lhe chegavam aos olhos, quando
via um necessitado feliz. Por isso sempre criou proezas para isso:
chegando ao trabalho dos braçais, sempre encontrou uma forma de
os surpreenderem.
Às vezes dizia: “quem sobe naquele pé de coco para tirar coco
para mim? “O atrevido que subisse, ao descer, ganhava como
prêmio uma nota de R$: 100,00 (cem reais). E saia dali feliz.
Ele doou à comunidade Shalon, uma banda de música completa,
para quem quer com a música pudessem evangelizar os irmãos. Só
quem o conhecia, era capaz de ver naquele rosto sério e muitas
vezes engraçado, os sinais de felicidade. Um dia em sua residência,
fez um almoço especial, um excelente pirão de caldo de mandi
(peixe muito apreciado na região) e carinhosamente nos serviu.
Já em sua política o momento que mais me emocionou, foi
quando em uma conversa fraterna, declarou a mim aos presentes,
com os olhos vermelhos, e aquela expressão forte: “Nega, minha
maior felicidade, é ver um pobre feliz”.

521
Era uma reunião para executar uma ação social. Ele com aquela
postura autêntica e poderosa ele elevou a voz e disse: “minha gente,
distribuam as coisas para as pessoas mais necessitadas, pois eles
ficarão felizes de verdade”. Eu jamais imaginei que a maior
autoridade de nosso estado, fosse capaz de descer ao nível de um
necessitado para sentir o que ele sentiria, ao ser beneficiado. Isso
é ter senso de equidade.
Doou curso de Inglês completo a minha filha Queila Barbosa
Lopes, que tinha sonho de falar outra língua. Ao educandário
sempre deu sua atenção. Sou do conselho, e sempre soube das
grandes doações àquela instituição. Casa dos idosos, também
sempre teve seu olhar carinhoso.
Recordo a alegria de uma Técnica de enfermagem, que sendo
chamada por ele para vacinar sua família amada, ao término, lhe
agraciava em dinheiro. Fez muitas pessoas felizes. E sua ajuda só
não chegou, onde não teve conhecimento do sofrimento.
E assim, que tenha discípulos e discípulas. Porque o amor é algo
que vem de dentro para fora. Gera ações no meio de nosso povo.
Seu grande sonho era ter a casa cheia de netos brincando. Já que
sua família era algo muito importante, e que sempre estiveram
unidos mesmo nas divergências da vida. Ao meu querido amigo, a
minha gratidão e a da minha família.
Ele sempre continuará nos fazendo felizes, cada vez que nos
lembrarmos das suas grandes demonstrações de amor para com o
irmão necessitado. E não tenho dúvidas que as alegrias semeadas,
nos permitem colher uma vida de paz. Sinto falta dos cafés
maravilhosos que tomamos juntos. E riamos das graças que fazias.

Francisca Simão Barbosa


Professora
(Amiga)

522
70 HÉLIO TELES CAMELI

Orleir Messias Cameli, foi um homem trabalhador, de fibra e


muita coragem que nunca mediu esforços para enfrentar os
desafios que a vida lhe propusera, sempre na busca de seus
objetivos. Foi uma pessoa que sempre procurou ajudar o próximo,
sem se importar com a diferença social, pois tinha um coração
enorme, e fazia o bem sem olhar a quem.
Enquanto prefeito da nossa cidade e governador do estado
contribuiu bastante para o desenvolvimento dos mesmos, sempre
nos trazendo melhorias e novas perspectivas de futuro. Mesmo
abandonando a vida pública, continuou de alguma forma
contribuindo com a nossa cidade, sendo um empresário bem
sucedido.
Ele foi um primo que eu tinha muita admiração e o estimava muito
pela maneira de como tratava as pessoas, em especial os
familiares.
Ficará sempre gravado na memória o que meu primo Orleir fez
por mim, quando soube que eu estava passando por momentos
difíceis com problemas de saúde no ano de 2003. O mesmo me
ligou para que eu comparecesse em seu escritório para
conversarmos sobre o assunto, quando cheguei vi sua preocupação
e imediatamente me encaminhou para São Paulo para realizar
tratamento, dando toda a assistência necessária. Graças a Deus e
a bondade de Orleir realizei todos os procedimentos e me encontro
bem.
Orleir foi e sempre será uma pessoa muito especial que terei
eterna gratidão por tudo que ele fez por mim e por minha família.

Hélio Teles Cameli


(Primo)

523
71 FUNCIONÁRIOS – ETAM

NEIDE LEMOS:
Enquanto político, uma pessoa polêmica, mas, ao mesmo tempo,
um construtor de ideias, de visão e alternativas para enfrentar os
principais problemas de seu estado e do seu amado povo acreano.
Um homem que soube aliar a política ao coração generoso e
humanitário, sempre priorizando ajudar os menos favorecidos. Um
homem de bem, de fé, respeitado por todos e que escreveu seu
nome na história do Acre. Uma perda irreparável para os acreanos
e para os que se privaram de sua amizade.

SILVIA QUEIRÓZ:
Pessoa de extrema sensibilidade, grande censo de humanidade,
amigo leal e excelente chefe de família. Deixa uma imensa e
insubstituível lacuna no coração de todos.

JAQUELINE FAYAL:
Apesar do pouco contato, posso avalia-lo como um ser humano
frágil, de postura firme e determinado. Uma possoa popular e amada
por todos, que deixou saudades, diante de tanta generosidade e
amor ao próximo. Essas virtudes pude comprovar em uma viagem
à Cruzeiro do Sul, em que me deixou muito impressionada e feliz.

ARGEMIRO SANTIAGO:
Deus o tem em um lugar muito especial, pelo grande coração
bondoso que tinha que tanto ajudou a todos. O meu eterno
agradecimento e minha saudade a este amigo que partiu quando o
mundo ainda precisava dele.

524
DIVANIR LIMA - (PAULISTA):
Sei que descansa ao lado do Pai, o merecido descanso dos
justos. Sua passagem aqui foi marcante e inesquecível. Seu
coração e sua bondade ultrapassava todos os limites.

JOSÉ LUIZ – (ZÉ LUIZ):


Este homem fez por sua cidade, seus amigos e familiares
tudo o que era necessário para que estivessem felizes. Sempre
disposto a ajudar a quem precisasse. Seu nome e sua
generosidade, jamais serão esquecidos ou superados. Sua
trajetória de vida foi curta, porém, linda e um exemplo a ser seguido.
Foi uma honra ter convivido com tão nobre homem.

JOSÉ ANTONIO CHAVES DOS SANTOS - (VELA):


Eu tive a grata satisfação de trabalhar com ele, de fazer parte
de seu quadro de funcionários, e posso afirmar que é quase
impossível enumerar qualidades e gestos de solidariedade em um
único ser humano. Sou grato a ele por tudo.

Funcionários – Etam
(Amigos)

72 JOÃO BATISTA GOMES BEZERRA

Tive a honra de ser convidado para participar da biografia de


uma das criaturas que mais me impressionou pela sua
generosidade, durante os 45 anos de minha prática profissional.

525
Minha identificação com Orleir Messias Cameli se iniciou na
década de 80, por volta dos seus 36 anos de idade, no auge de sua
atividade empresarial e no estirão da minha atividade como médico
de Terapia Intensiva e inicio de atividade como médico de família.
O que mais impressionou-me neste homem foi sua preocupação
em cuidar de pessoas carentes, apesar da saúde frágil e sem
suporte securitário ou estatal, não se importava com os altos custos
desta prática.
A ele, devo parte das minhas habilidades e oportunidades em
lidar com entusiasmo, com situações médicas peculiares. Participei
sob sua indicação de situações médicas mais graves e raras da
minha prática, com resultados mais gratificantes do ponto de vista
humano e médico.
Orleir se preocupava com a saúde da mãe, esposa, irmãos,
filhos, tios , amigos e funcionários, porém a sua pouco se importava.
Era até certo ponto negligente, desobediente, irreverente e
inconsequente em relação às orientações profiláticas e terapêuticas
por mim recomendadas.
Ele subestimava as consequências de hábitos de vida não
favoráveis como, sedentarismo e tabagismo e, sua doença crônica;
mais prevalente na humanidade, a Diabetes Melitus.Com minha
observação e nossa surpresa, por volta de 2010, ele apresentou
uma lesão dermatológica no seu dorso que na literatura médica
significa sinal de alerta com relação `a malignidades.
No final de 2012, ele apresentou quadro agudo e acelerado de
dores abdominais, perda de peso e sarcopenia, acentuados.
Foi internado, investigado e se estabeleceu o diagnóstico e
prognóstico final da sua vida.
Apesar de todos os recursos disponíveis no estado atual da
medicina oncológica, sua doença foi inexorável, nos restando

526
apenas, diante do seu conhecimento do que estava ocorrendo,
minimizar seu sofrimento e sua angústia. Sem se queixar ou
enfatizar sua situação grave, preocupava-se em primeiro lugar em
poupar seus entes queridos, na tentativa de diminuir a preocupação
de todos.
Aos 45 anos de medicina, perdi uma das criaturas com quem
mais me identifiquei e da qual sinto muita falta.
Que Deus perpetue o que ele realizou de bom, releve ou perdoe
seus desacertos, descansando em Paz.

João Batista Gomes Bezerra


Médico de São Paulo

73 JOSÉ BESTENE E FAMÍLIA

Sem oportunidade de ter adquirido grande cultura em bancos de


escolas, Orleir Messias Cameli soube perfeitamente desenvolver o
potencial de sua inteligência, conquistando com seu trabalho
fortunas invejáveis, não só de bens materiais, mas sabendo partilhar
com os humildes o que a sorte o tinha favorecido, gestos tão nobres
e tão raros em nossa época.
Isso continuará a lhe render homenagens em Cruzeiro do Sul.
Sua bondade permitiu muitos tratamentos de saúde para amigos,
parentes e pessoas desconhecidas. Custeadas sem nenhuma
preocupação com os gastos.
Muitos foram agraciados com presentes no Natal, na Páscoa, ou
em qualquer momento em que a dor do infortúnio lhe feria.

527
Com um jeito particular e especial de agir, discretamente ele
ajudava o próximo. Sua mão amiga nunca deixava de socorrer os
que sofriam.
Orleir Cameli foi chamado pelo PAI, mas deixou para todos nós
um exemplo de benfeitor dedicado, de companheiro, amigo, chefe
de família exemplar, atos que seriamente iluminam todos e anulam
qualquer defeito natural do ser humano.
Orgulhamo-nos, em tê-lo como parte da nossa família. Sua
esposa, Beatriz Barroso Cameli, minha prima, mostrou-se digna de
ser sua companheira, parceira fiel em todos os momentos da vida
dele, provando sua dedicação até seu último momento. Sem dúvida
dias cheios de tormentos, mas sempre aquecidos com a sua
presença, carinho e conforto moral.
É um exemplo de homem, em que suas atitudes perpetuamente
estarão gravadas na vida dos que o conheceram.

José Bestene e Família


Secretário de Saúde e Deputado Estadual
(Amigo)

74 JOSÉ CLEUDON CARDOSO

O Senhor Orleir foi o responsável pelo carinho apelido tenho hoje:


“Chiclete”. Este me acompanhará pelo resto da vida. A alcunha de
“chiclete” deve-se ao fato, da minha presença ao seu lado, quando
ele se lançou como candidato a governador do estado.
O acompanhei em cada momento da campanha, em todas as
viagens eu estava nas caravanas. Em todas, grudado ao senhor
Orleir, por isso logo ele me colocou o apelido.
528
Por sua moral, ética e determinação, ele tornara-se meu
ídolo. Ao saber do seu falecimento imediatamente, sem fazer malas,
viajei de Rio Branco para Cruzeiro do Sul, praticamente com a roupa
do corpo.
Eu que sempre estive colado nele, fiz questão de
acompanhá-lo até a sua última morada, confesso que abalado e
desconcertado com sua partida me emocionei muito e chorei. Eu
perdera a referência da minha vida. No dia seguinte fui recebido com
carinho pela viúva Dona Beatriz que agradeceu a dedicação e o meu
amor pelo Orleir Cameli. Hoje, guardo com saudade as lembranças
do meu amigo de tantos anos, Orleir Cameli.

José Cleudon Cardoso (Chiclete)


(Amigo)

75 JOSEFA MUSTAFA TUMA

Observamos com profunda admiração a doação e a entrega


profunda que Orleir Cameli tinha por sua cidade e acima de tudo
pelo ser humano. Diz um ditado: “O homem sonha, Deus abençoa,
a Obra nasce.” Temos certeza de que assim foi sua passagem por
nossas vidas.
Sabemos que o homem para se perpetuar precisa realizar três
coisas: Ter um filho, plantar uma arvore e escrever um livro. Quando
Beatriz, esposa de Orleir nos contou que estava escrevendo um
livro sobre a vida dele vimos uma oportunidade para também deixar
registrado a nossa admiração e o nosso apreço por tão generoso
ser humano.
Assem, meu irmão, conta que muitas vezes presenciou o
cuidado e acima de tudo o respeito que Orleir tinha para com as

529
pessoas menos favorecidas. A ponto de se indispor com
determinadas classes para defender o direito negado a aqueles.
Pude presenciar um momento desses. Padre Amarildo com muita
emoção, já nos últimos momentos de Orleir, lembrou com profundo
respeito da bicicleta que ganhou para poder ir à escola.
Meu pai, Oziel lembra-se de muitas passagens ao longo desses
mais de 50 anos de amizade. Muitos fatos lhe veem a memória tanto
na parte familiar quanto na empresarial.
Quando a familiar, um dos fatos mais marcantes foi quando da
passagem do aniversário da D. Marieta, mãe de Orleir Cameli, ele
comprou um carro, fretou um avião do Comandante Muniz para
levá-lo à Cruzeiro do Sul, pois queria presentear a sua mãe. Esse
fato é narrado por meu pai com muita emoção, pois não teve a
oportunidade de conhecer, sua mãe. Tenho certeza de que via no
Orleir o exemplo de filho que todo ser humano deve ser.
Quanto sua vida empresarial, meu recorda com saudades do
amigo de caminhada. Conta fatos de quando juntos resolveram
encurtar distancias da região da Boca do Acre até Rio Branco Acre.
Momento de muita luta, muitas noites em claro.
Lembra-se da dificuldade que o povo tinha ao fazer o trajeto Rio
Branco Sena Madureira. Este trecho levava até seis dias para ser
percorrido, pois as pessoas tinham que sair de Rio Branco, ir a Boca
do Acre e assim pegarem o barco para Sena Madureira. Orleir
construiu a estrada o percurso que era realizado em dias passou a
ser feito em uma hora.
Lembro-me da construção da Estrada que liga Boca do Acre a
Rio Branco, eu ficava admirada do esforço sobre-humano que foi
feito para a sua construção. O empresário deixou sua marca por
onde passou.

530
Nas mentes e nos corações das pessoas as quais ele foi solitário
ficaram gravados suas obras e sua gratidão, principalmente para
com os pobres. Tenho certeza de que Deus em sua infinita bondade
sabe que Orleir procurou sempre seguir os mandamentos de forma
fiel e incansável.
Na sua mensagem de “Uma Igreja Misericordiosa”, o Cardeal
Dom Claudio Hummes transmite as seguintes instruções: “O Papa
Francisco insiste constantemente que a Igreja deve ser
misericordiosa e cada cristão deve sê-lo. Insiste numa Igreja que
sabe acolher, ouvir, abraçar, perdoar e compreender. Uma igreja
que prioriza o encontro com as pessoas e os grupos, que dialoga
com os diferentes, constrói pontes para chegar a todos.”
Assim foi e fez Cameli em nosso meio.

Josefa Mustafa e Família


Empresária
(Amiga de Infância)

76 LAURO JULIÃO DE SOUSA SOBRINHO

Falar do Orleir Cameli é lembrar de um amigo, que nos deixou


muito cedo, mas tenho a certeza de que continuamos juntos.
Nos conhecemos no ano de 1978, em Cruzeiro do Sul, pela
ocasião da construção do Hospital do município de Mâncio Lima.
Depois do Governo de Joaquim Macedo, eu e Orleir Cameli
ficamos um pouco separados, mas um dia nos encontramos
novamente em Rio Branco e ele me confessou: “Lauro, vou ser
candidato a Prefeitura de Cruzeiro do Sul” e eu respondi, “não te
mete nisto, a política é uma coisa muito suja continue a ser um bom

531
empresário”, mas ele saiu para o desafio, tornou-se Prefeito de
Cruzeiro do Sul e depois Governador do nosso Estado.
Era um empresário de sucesso, bom administrador e realizou um
excelente trabalho na área de infraestrutura quando assumiu estes
cargos, mesmo assim não ficou imune as ofensas em todos os
níveis, praticadas por seus adversários políticos, que não aceitavam
a sua excelente administração. Como exemplo podemos citar, a
pavimentação asfáltica das rodovias, BR 317 entre Rio Branco e
Brasiléia e a BR 364 entre Rio Branco e Sena Madureira.

Lauro Julião de Sousa Sobrinho


Engenheiro Civil

77 Luiz de Oliveira Garcia

Foi no ano de 1973, exatamente numa manhã ensolarada que


cumprindo uma missão do 7º BEC em Cruzeiro do Sul, que conheci
a família Cameli, mais precisamente o patriarca Senhor Marmud
Cameli e seus três filhos, Francisco, Orleir e Eládio. Como os
conheci? Foi trabalhando, retirando madeira do Rio Moa no bairro
da Lagoa, sob o comando firme do pai senhor. Marmud.
Naquela data fui apresentado a eles, isto já fazem exatos 41 anos
do ocorrido, na época, Orleir tinha 24 anos de idade e já lutava ao
lado dos irmãos e do pai pelo crescimento profissional da família
Cameli.
Convivi com a família, por todos esses anos e pude com muita
honra desfrutar da sua amizade e em especial do Orleir que acabou
dando sobejas provas de confiança ao meu nome, quando ocupou
o elevado cargo de governador do Estado do Acre.
532
Falar em Orleir é sinônimo de grandeza, solidariedade e respeito
ao valor humano, em especial aos menos favorecidos, pelos quais
eu sou testemunha de seus valiosos préstimos, ajudando-os a
minimizar seu sofrimento e sua dor.
Vivi momentos em que testemunhei o tamanho do seu coração e
a grandeza de sua alma no bem servir, sem olhar a quem, as
pessoas que necessitavam de apoio.
Nunca presenciei Orleir alardeando seus feitos, sempre o vi fazê-
los com discrição e com muito amor e carinho.
Sua caminhada nesta Terra durou 64 anos, mas foi permeada de
grandes feitos, tanto familiarmente quanto na área empresarial,
onde os ensinamentos do lar sempre falaram mais alto que os
ditames da escola.
Orleir foi um filho exemplar, um ótimo pai, um irmão companheiro
e um grande amigo. Seu amor por Cruzeiro do Sul e todo o Vale do
Juruá, era tão grande e forte no seu coração de Acreano, que seu
maior sonho como governador seria ter ligado Cruzeiro do Sul, sua
terra natal, à capital acreana. Seu desejo maior era construir a BR
364 com o apoio do povo acreano e entrou na luta com denodo e
coragem, só não consegui seu intento pela malvada perseguição
daqueles que levantando falsos testemunhos o impediram de vê-la
concluída, ainda no âmbito de seu governo.
O trabalho realizado por ele, entre Cruzeiro do Sul e o Rio
Liberdade, Tarauacá a Feijó e Sena Madureira a Rio Branco, dão
provas de sua capacidade, mesmo enfrentando a fúria incontrolável
de seus opositores.
Em apenas quatro anos de governo e contra a vontade de muitos,
mesmo assim, conseguiu implantar aproximadamente 300 km de
asfalto de qualidade, entre a terra em que nasceu e a capital do
Acre.

533
Sou testemunha viva do que ele enfrentou. Os maus tratos ontem
recebidos, através das inúmeras inverdades, foram molas
propulsoras do impedimento do cumprimento de sua missão.
Vivi a seu lado, e acompanhei sua luta e seu sofrimento. A maior
prova do que relato está registrado nos anais da Assembleia
Legislativa do Estado do Acre, onde os que tentaram barrar a
construção da BR-364 jogavam impiedosamente nódoas no
uniforme limpo daquele que só queria cumprir sua missão para o
bem do Acre.
Nada é mais claro do que a intenção do bem servir com amor,
daqueles que dizem servir, mas o que fazem, é unicamente por
outros interesses, onde o Poder pelo Poder, fala mais alto que o
cumprimento honroso da missão.
Esse testemunho, que dou voluntariamente, traduz muito além da
verdade, o meu pensamento sobre esse homem, que utilizando o
aprendizado da vida e buscando no tempo o aperfeiçoamento das
conquistas alcançadas, fez tudo o que esteve ao seu alcance pelo
Acre e pela sua gente.
Ao ser convidado pela sua digníssima esposa, dona Beatriz
Cameli, para expor meu pensamento sobre meu amigo, notável
figura do cenário político e empresarial acreano, fiquei gratificado e
feliz, porque falar dele é muito fácil e me permite relatar seus feitos
que se perpetuaram na história.
Ao finalizar, cumpre-me agradecer a dona Beatriz e toda a família
Cameli, pela consideração que tiveram e tem pelo meu modesto
nome.
Orleir, já dizia no passado, que começava a abrir o caminho para
lutar pela sua terra e pela sua gente.
O exemplo se dá fazendo e Orleir o fez.

534
Que Deus faça justiça a sua administração e ao seu nome, são
os meus votos.

Luiz Garcia
º Sargento do Exército Brasileiro
Deputado Estadual

78 LUZIA MARIA SOARES DE OLIVEIRA

CRUZEIRO DO SUL E O ACRE NÃO SERÃO


O MESMO SEM ORLEIR CAMELI

Não conheci ninguém com a força e determinação desse grande


homem. Tão forte que o seu nome fez a diferença entre os meios
sociais, políticos e econômicos da região.
Reconhecido por todos como um líder nato. Os cruzeirenses se
sentiam protegidos por ele. Seu nome se confundia com a marca do
homem vencedor, imbatível, poderoso, bom, empreendedor, forte,
formador de opinião. Ele construiu riqueza com talento e sabedoria.
Quem o conheceu, vivenciou seus sonhos e sua preocupação
com os necessitados e com futuro. O que ele fez garantiu a
perenidade de sua marca. Seus olhos azuis enxergavam longe. Não
será esquecido. Foi respeitado por todos, até por aqueles que um
dia o atacaram. Um ícone. Inspirou muitos cruzeirenses a acreditar
em um futuro promissor para o Acre.

Luzia Maria Soares de Oliveira


(Amiga)

535
79 DR. MARCELO FERAZ SAMPAIO

O médico sensível, aquele de vocação, tem a possibilidade de


ser em seus anos de prática médica um grande observador do
mundo. E sendo um bom observador você consegue até formular
ideias e teorias. Uma delas em que eu acredito piamente é que os
homens exemplares, os bons de caráter, os que amam, enfim os
ditos “especiais” não ficam muito tempo neste mundo.
Apenas quando perdi meu pai, pude realmente redimensionar o
valor da perda. Não estou falando apenas da dor e do sofrimento de
não poder contar nunca mais como uma pessoa tão maravilhosa
como ele, presente, amigo, parceiro. Impressionante foi à revelação
de algumas e novas características de sua vida e personalidade.
Eram pessoas que apareciam contando como foram ajudadas por
ele, eram agradecimentos e gratidões espontâneos, depoimentos
emocionantes. Tudo isso o transformava em uma pessoa especial.
Quando conheci Orleir já vitimado pela sua doença, fiquei
intrigado com a força do seu olhar, uma determinação impactante.
Um forte, um guerreiro, um lutador, mas com um coração de criança,
carente, com muita sensibilidade e leveza.
Infelizmente quis o destino que nossa convivência tenha sido
muito curta, tênue. Mas a relação da vida de caridade de Orleir, com
pessoas humildes chorando ao passar o seu cortejo, me fez
comprovar minha tese. Pessoas especiais partem logo deste
mundo.

Dr. Marcelo Feraz Sampaio


Médico de São Paulo

536
80 MESTRE MAÇOM NARCÉLIO FLÁVIO SIQUEIRA DE
OLIVEIRA

O MESTRE-MAÇOM ORLEIR MESSIAS CAMELI –


COMPASSO DA BENEFICÊNCIA

A Maçonaria constitui-se como a instituição mais antiga da cidade


de Cruzeiro do Sul, tendo sido instalada e fundada pelo Grande
Oriente do Brasil, através da Loja Maçônica primaz do Acre, a
“Fraternidade Acreana” n.º 0863, em 19 de dezembro de 1907.
Pertenceram aos seus quadros grandes pioneiros que fundaram a
cidade, como o Marechal Thaumaturgo de Azevedo e o Ceronel
Mâncio Agostinho Lima. Educadores de renome nacional, como
João Craveiro Costa e Flodoardo Cabral e grandes benfeitores de
nossa Região, a exemplo do ex-Governador do Estado Acre, o
Mestre-Maçom Orleir Messias Cameli.
Orleir Cameli, iniciou na Ordem Maçônica no dia 03 de março de
1973. Recebeu do Grande Oriente do Brasil, o cadastro de n.º
102354. Em seu progresso maçônico, foi agraciado com o Grau 2
(Companheiro-Maçom) em 20 de julho de 1973, tendo sido exaltado
ao Grau 3 (Mestre-Maçom) em 09 de outubro de1974. Ocupou os
cargos de 1º e 2º Diáconos e Chanceler em administrações da Loja
Maçônica.
Em sua trajetória nesta instituição, Orleir Cameli primou por andar
pelos caminhos da solidariedade e beneficência, virtudes exaltadas
e constantemente incentivadas nas práticas e ensinamentos
ritualísticos da Ordem. Dessa forma, nunca se recusou em estender
a sua mão solidária nas inúmeras campanhas fraternas dos
maçons, visando socorrer famílias carentes de recursos materiais
na cidade de Cruzeiro do Sul. Ademais, por diversas vezes ajudou

537
a Loja Fraternidade Acreana em empreendimentos voltados para
reforma de seu antigo Templo (que de fato constitui-se em
patrimônio histórico da cidade e do Estado), bem como, contribuiu
de forma significativa, na construção do Clube dos Maçons,
denominado Rivaldo Borges de Paiva.
Um ato histórico, que gostava de lembrar em descontraídas
conversas com seus Irmãos Maçons, foi o fato de ter participado no
ano de 1975, do traslado dos restos mortais do Irmão Mâncio
Agostinho Lima, exumado do Cemitério São João Batista, para ser
velado simbolicamente na Loja Fraternidade Acreana, e depois ser
finalmente colocado para descanso na tradicional Praça da
Bandeira de Cruzeiro do Sul, em homenagem ao centenário de
nascimento deste pioneiro.
Em 1995, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados
à Ordem Maçônica, em especial à toda sociedade Acreana, Orleir
Cameli foi agraciado com o título de Benemérito Maçom do Quadro
da Loja que lhe deu a Luz da iniciação nos sublimes graus
simbólicos.
Em sua passagem para o Oriente Eterno, em 08/05/2013, o
Venerável Mestre Narcélio Flávio, suspendeu os trabalhos
maçônicos, decretando luto oficial de 03 (três) dias na Loja, e os
maçons da cidade foram autorizados por Sua Excelência
Reverendíssima, o Bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, Dom Mosé
João Pontelo e pela família, através de Dona Beatriz Cameli, a
prestarem homenagem dentro da Catedral de Nossa Senhora da
Glória, em revezamento de guarda de honra, fato inédito na história
centenária da Maçonaria e da Igreja em Cruzeiro do Sul.

Narcélio Flávio Siqueira de Oliveira


Servidor Público do Poder Judiciário
Diretor da Vara da Infância de Cruzeiro do Sul
538
81 MAKSOUD PLAZA HOTEL

Orleir foi um hospede querido. Hospedou-se no Maksoud Plaza


durante 30 anos. Além de importante empresário e personalidade
política do Estado do Acre, brindou-nos com a sua agradável
presença de ser humano generoso, dotado dos mais nobres
sentimentos.
Ficou na nossa lembrança a sua característica mais marcante: a
simplicidade, manifestada na atitude gentil e educada de tratar
todos os funcionários do hotel.
Todos nós do Maksoud Plaza, diretoria e equipe profissional, no
sentimos honrados de ter convivido com o senhor Orleir Cameli
durante estes anos todos. Certamente nos deixou uma mensagem
de vida digna, modelo de exemplo a ser seguido. Ficará para
sempre em nossa memória.
Nas últimas três décadas o Maksoud Plaza foi a “casa” do senhor
Cameli em São Paulo, o que nos enche de orgulho e emoção.
Obrigado, Sr. Cameli, por fazer parte da nossa história. A Família
Maksoud agradece!

MAKSOUD PLAZA HOTEL


Diretoria e Funcionários

82 JOSÉ CARLOS FERNANDES DOS SANTOS

Orleir foi para mim mais que um excelente patrão. Tratou-me


como um pai, fez por mim o que meu pai biológico não fez. Como
amigos, trocamos confidências pessoais, falamos de negócios, até

539
de assuntos empresariais que eu nunca dominei. Uma amizade
sincera.
Ele faz muita falta. Não fui recebê-lo no aeroporto quando seu
corpo chegou. Não fui para seu velório. E tão pouco ao
sepultamento, pois não me interessava vê-lo morto, quero guardar
em minha memória seu semblante vivo, na última conversa que
tivemos em seu novo escritório, pouco antes de sua viagem à
Manaus. Deus nos proporciona tudo, e a Orlei Deus deu o dom da
bondade.
Orleir, “o patrão” como eu o chamava, tinha a capacidade de lidar
com todos os tipos de pessoas que conviviam com ele, mas, era
também uma pessoa que tinha gênio tão forte, que quem o visse em
momentos de exaltação jamais o imaginaria em um momento de
calma dando conselhos. Ele desejava o bem das pessoas. Certo
dia, em um momento de muita euforia ele foi rude, grosso e até
pareceu estupido, diante de tudo o que disse a um de seus
funcionários, pois falou a ele tudo o que lhe veio a mente, mas logo
recompôs sua postura e aconselhou o funcionário como um
verdadeiro pai deve fazer.
Possuía nobreza ímpar, um dia ele chamou Fernando Cadaxo,
Kaká e eu, pois estava precisando muitas pedras para meio fio. Ele
disse: “O Zé Carlos fará as formas para as pedras, você Kaká
procure 10 trabalhadores braçais até segunda-feira às 7 horas da
manhã, pois as formas já estarão prontas, e você Fernando, assine
a carteira dos dez”, Fernando perguntou: “Orleir quanto eu coloco
na carteira deles?”
Ele pensou um pouco e disse: “R$: 800,00”. Fernando saiu e logo
voltou, em seguida dizendo: “Orleir o sindicato dos trabalhadores
estabeleceu em R$: 630,00 o salário mensal dos trabalhadores
braçais” e ele deu uma resposta muito interessante: “quem manda

540
nesta porra aqui sou eu, assine com R$: 800,00, homem, não são
eles que vão carregar as pedras”. Gestos como esses suavizam
defeitos e poucos possuem este dom.
Orlei era um homem muito religioso. Um dia passávamos em
frente ao cemitério novo, ele, Éder Carlos e eu, que sentado estava
ao seu lado. Ele olhou para o cemitério e disse: “olha ai Zé a nossa
última morada. Às vezes penso que aqui não é a última morada, o
criador não iria criar o ser humano com dons tão especiais, para se
acabar em um cemitério, Deus tem um plano superior para o
homem, tem que ter”.
Meu patrão morreu acreditando num projeto de Deus, superior ao
terreno, para homem. E por isso eu acredito na possibilidade de um
dia nos encontrarmos. Pois como ele eu creio em um plano superior.

José Carlos Fernandes dos Santos


Torneiro Mecânico e Ex-funcionário da empresa
Construtora Colorado Ltda

83 SOCORRO BRAGA

Querido Orleir, assim que todos o chamavam. Homem de poucas


palavras, mas de um coração generosíssimo. Apesar de pouca
escolaridade, sua inteligência desafiou os letrados e magistrados.
Construiu sua fama no serviço público com honestidade, o que lhe
causava contentamento.
Jamais se recusou a prestar solidariedade a um dos seus irmãos
mais pobres e/ou em dificuldades de qualquer natureza. Foi acima
de tudo um cristão que honrou sua Igreja e deu testemunho de sua
fé, pois acreditava que a caridade é uma forma viva de amor ao

541
próximo e que nossa fé, como ler-se em Coríntios 13:1 "[...] ainda
que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu
não tivesse o amor, eu não seria nada” [...]. Doava-se. Mas não
esperava o retorno dos outros, sentia-se feliz ao servir.
Homem simples, apesar de galgar o mais alto posto, governar
nosso estado, continuava humilde, verdadeiro e positivo, quando
indagado. Sempre determinado, pois sentia que o mais nobre dos
sentimentos crescia à sombra dos desinteresses. Demonstrou garra
e honradez na defesa da sua terra e sua gente.
Conquistou grandes amizades e a estas era leal. O povo de
cidade chorou e sofreu com sua partida. Hoje, sentimos muitas
saudades do amigo e irmão Orleir Cameli. Sabemos o quanto
também nos amava, isso porque somente os honestos podem ter
amigos, porque à amizade, o mais leve dos cálculos a fere.
Sei que meu amigo descansa em paz, enquanto nós ficamos aqui
comoventes de esperança e alegria, sacrifício e perdão, inundados
pelas memórias, que em alguns momentos nos faz sentirmo-nos
juntos de novo.

Socorro Braga
Professora
(Amiga)

84 RUBEM SOARES BRANQUINHO

Em junho de 1983 fui apresentado a Orleir Cameli, que estava de


passagem pelo Aeroporto de Rio Branco. Alto, magro, bem
reservado. Tomamos um café juntos e tivemos uma meia hora de

542
prosa. Percebi claramente que se tratava de uma personalidade de
muitos talentos.
Com o passar do tempo, firmamos uma boa e duradoura
amizade. Nos muitos encontros que se sucederam entre nós, não
havia tempo para conversas descompromissadas, como “jogar
conversa fora”.
Os temas sempre se davam em duas fronteiras, a nível de
empreendimentos empresariais e a nivel de indagações políticas
que viessem a ser benéficas para o Acre em particular, e para a
Amazonia em Geral, região à qual expressava imenso amor e
agradecimento por ter sido ela seu berço natal.
Quando aceitou o desafio de servir a Cruzeiro do Sul e ao Acre
na arena política, fez com enorme desprendimento e sucesso.
Cruzeirenses e Acreanos sempre lembrarão que as administrações
de Orleir na Prefeitura de Cruzeiro do Sul e no Governo de seu
estado natal, se tornaram um marco na arrancada para o
desenvolvimento há tempo aguardado pelo povo.
Seu lar em Cruzeiro do Sul, tão bem administrado por sua amada
Beatriz, se tornou também abrigo para muitos que bateram à sua
porta.
Trabalhou, cresceu, ajudou, amou e também sofreu.
Ao entrar para a história, juntou-se à galeria de tantos Ilustres
Acreanos, quer por nascimento, quer por adoção, que contribuíram
e muito para a alegria de viver nesse esplendoroso rincão brasileiro.

Rubem Soares Branquinho


Deputado Federal e Engenheiro
(Amigo)

543
85 SUZANA HELENA LOPES COSTA

Em 1998, conheci Orleir Cameli através da querida amiga Beatriz


Cameli. Eu trabalhava como nutricionista no Hospital Infantil e a 1ª
Dama foi fazer uma visita nos dias das crianças, ocasião em que
nos conhecemos.
Tivemos um bom entrosamento e ela me convidou para orientar
às cozinheiras da casa do governador. Eu passaria alguns dias
fazendo um trabalho com a dieta da família e acabei ficando o ano
inteiro. Foi um ano de convivência diária, onde pude observar como
eles eram pessoas especiais. Orleir sempre muito dedicado à tarefa
de governar o estado, não parava muito em casa. Dona Beatriz
ocupada integralmente com o cargo de 1ª Dama, mas não deixava
de lado a preocupação com a saúde e bem-estar do governador.
Na primeira semana de dieta, eu quis fazer um filé grelhado na
hora do almoço e quando o governador chegou, ele quis que
colocasse o almoço imediatamente na mesa. As cozinheiras
ficavam nervosas porque Orleir chegava para o almoço e tinha
pouco tempo para se alimentar. O filé demorava um pouco para ficar
pronto e até que a comida ficasse pronta, ele já teria acabado de
almoçar. Então, quando ele soube que o filé iria demorar, esperou
pacientemente e adorou, mas Orleir gostava mesmo era de comer
jabuti e peixes da região. No café da manhã era tapioca, mandioca
e carne moída. Pessoa simples, família simples e amiga. Foi um ano
inesquecível que me deixou boas memórias.
Orleir nunca almejou uma vida luxuosa, bebidas sofisticadas
ou viagens internacionais. Tinha um amor total pelo Acre e sua
cidade natal Cruzeiro do Sul. Orleir nos deixou cedo demais, fará
muita falta para sua família, para o povo e o Estado do Acre.

Suzana Helena Lopes Costa


Nutricionista de Orleir Cameli
(Amiga)
544
86 MÁRIO FERMAN

Quando fui convidado para escrever algumas linhas sobre o meu


amigo Orleir, senti-me honrado e ao mesmo tempo orgulhoso. Eu o
conheci primeiramente como cliente, mas em poucos minutos tive a
correta intuição que nos tornaríamos grandes amigos. Eu estava
absolutamente certo.
Ele era um homem, que não precisava de muitas palavras para
comunicar-se, sua presença já iluminava o ambiente e mostrava
sempre quais eram seu objetivos, antes de qualquer palavra.
Ao se comunicar trazia os verdadeiros ingredientes que
compõem o grande ser humano, pois transmitia amizade, lealdade,
caráter, bondade, dentro de uma incomensurável humildade.
Lembro-me muito bem quando ele me presenteou com dois livros
sobre o grande desenvolvimento do Estado do Acre, que muito se
deve ao seu trabalho.
Contínuo batalhador trabalhou por seus semelhantes com afinco
e dedicação. Inúmeras vezes me convidou para conhecer o Acre e
também o Amazonas. Infelizmente não pude atender os convites.
Na maioria das vezes, por força da profissão e depois por motivos
de saúde.
Quando fui operado de câncer em janeiro de 2010, ao voltar para
casa recebi um telefonema em e fiquei feliz que o meu amigo Orleir
e sua esposa queriam visitar-me, acompanhados por seu médico e
amigo Dr. João Batista Bezerra. Eu e minha esposa ficamos
emocionados em recebê-los. Orleir e dona Beatriz me traziam antes
de tudo o sentimento de fraterna amizade e um desejo de pronta
recuperação. E a minha luta continuou. O destino quis que Orleir
partisse antes para o mundo em que um dia todos nós nos
encontraremos.

545
À dona Beatriz, a certeza do amor infinito de Orleir na mesma
intensidade aos filhos e demais familiares que tive o privilégio de
conhecê-los.
Aos inúmeros amigos, um deles chamado Mário Ferman, a
missão de carregarmos a chama da saudade imortal.

Mário Ferman
Médico, Patologista Clínico

87 MARGARIDA ONOFRE ANDRADE E SILVA

Em 8 de maio de 2013 Cruzeiro do Sul chora a perda de Orleir


Messias Cameli, um de seus filhos mais amados.
Orleir em cujas veias se misturavam o sangue árabe e brasileiro
teve uma vida bem-sucedida alicerçada nos valores de seu contexto
familiar. Venceu graças a sua inteligência, disposição para o
trabalho, persistência e por predestinação.
Quem teve a honra de ser seu amigo e conviver com ele sabe o
quanto era leal, companheiro e solidário. Empresário bem-sucedido
fez carreira política visando promover maior desenvolvimento na
Região do Vale do Juruá e no Acre. Foi prefeito de Cruzeiro do Sul
e governador do Acre.
Tornou-se uma figura polêmica no enfrentamento da obstinada e
ferrenha oposição de seus adversários políticos. Ao fim de seu
mandato de Governador abandonou a política e se recolheu a sua
vida particular, dedicando-se à família e à administração de seus
negócios em Cruzeiro do Sul.
No âmbito familiar e no círculo de amizade foi e continua sendo
admirado e amado. Orleir sai do cenário da vida, mas sua história
546
será contada, não só no Vale do Juruá, assumindo dimensões de
uma figura lendária muito querida.

Margarida Onofre Andrade e Silva


(Amiga)

88 ROSALVA SALES DE OLIVEIRA

LEMBRANÇAS E MEMÓRIAS RELEVANTES


DE ORLEIR MESSIAS CAMELI

Fui admiradora do Singelo e Frutífero trabalho de Orleir, forte,


corajoso, determinado, solidário nas diversas facetas de sua vida.
Me marcaram atos como: Entregas de presentes como
computadores, relógios e etc., aos jovens que participaram das
principais festas de debutantes como tradicional clube Samambaia;
constates doações a dioceses através dos Bispos, Padres,
religiosos, de diversas instituições; seu grande amor e preocupação
com os idosos do lar dos vicentinos; também sua caridade dos
irmãos racinianos; distribuições de bicicletas, bolas e chocolates as
crianças de bairros carentes; assim como distribuições de enormes
sacolões de natal e a distribuição de carne para a confraternização
natalinas dos grêmios, associados, times e etc., e bolsas de estudos
para jovens.

Rosalva Sales de Oliveira


Professora

547
89 RONI GOMES

Durante mais de vinte anos, tive o privilégio e honra de ter Orleir


como um grande amigo. Compartilhamos nessa caminhada de
grandes alegrias e conquistas. Homem sério, competente,
desbravador, ousado, por causa do seu jeito empreendedor, deixa
na história do Acre em cada rincão um marco de seu legado. O Acre
com certeza perde muito e Cruzeiro do Sul chora e lamenta ainda
mais a ausência do seu Filho mais ilustre.

Roni Gomes e Família


(Amigo)

90 RAFAEL DENE E DEBÓRA DENE

Para mim foi o melhor Governador do Estado do Acre. O único


que fez alguma coisa pelo Vale do Juruá. Lembrando-me que ele foi
o primeiro governador a ter coragem de reativar a BR 364, contra
todos. Eu como cruzeirense de coração tenho muito orgulho de ter
tido a oportunidade de conhecer e conviver durante algum tempo
com sua família (Débora Dene).
Recordo-me quando ganhamos a eleição de governador e todos
estávamos esperando na pista do aeroporto, com uma bandeira
gigante do Acre, todos embaixo da bandeira; e do avião desce Orleir
Cameli nosso herói, foi uma festa que não poderia esquecer. No
momento Orleir vira para minha vó Débora Dene e fala: Débora,
vamos comemorar. E minha vó responde: Orleir a festa é sua. E ele
responde: É nossa.

548
Felizes foram os que tivemos o prazer em conhecer esse homem
que com seu jeitão mudou a cara de Cruzeiro do Sul. (Rafael Dene).

Rafael Dene e Debóra Dene


(Amigos)

91 MARNILDO BEZERRA CORREIA

Orleir Cameli, muito obrigado por ter me ajudado quando mais


precisei, que Deus te abençoe e te leve para morar com ele no céu!

BIBLIA SAGRADA
MATEUS. 5
4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão
consolados;
5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia.
12. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos
céus porque assim perseguiram outros que foram antes de vós.

Marnildo Bezerra Correia


(Amigo)

92 MARIA DAS VITÓRIAS SOARES DE MEDEIROS

Orleir Cameli era um homem carismático com personalidade


marcante, típica dos homens que assumem postura na vida,

549
demostrando claramente suas ideias, seus objetivos e seus
sentimentos. Foi um homem vitorioso e demonstrava-se muito
orgulhoso por tudo que construiu e conquistou em sua vida, mas
mantinha a humildade para continuar aprendendo. A sua
curiosidade o mantinha sempre atento, principalmente as
possibilidades de crescimento do estado do Acre, que se destaca
como uma terra promissora.
Nasceu nas barrancas do Juruá, como ele mesmo gostava de
mencionar. Jovem sonhador enfrentou muitas particularidades em
sua vida, mas tornou-se um empresário bem-sucedido e logo
prefeito e governador do estado que tanto amava. Lembro-me bem,
de uma visita que Tota e eu fizemos a Orleir, em seu escritório, na
empresa Colorado.
Sua doença já estava em estado avançado e como sempre, tinha
pensamentos positivos, queria vencer a doença. Continuava
trabalhando com suas ideias, de ver o Acre melhor. Como a
construção da BR-364, que tanto se dedicou. Foi tanto seu carinho
por esta terra e por este povo que deixou sua marca de persistência
e determinação para novos administradores. Era assim que driblava
o terrível câncer, canalizando toda a sua energia às atividades
positivas e criativas, unido a sua família. Impossível falar de um
homem bem-sucedido, esquecendo sua fiel companheira de lutas e
vitórias.
Existe um provérbio que diz “Ao lado de um grande homem existe
sempre uma grande mulher”. Concordo. Sua esposa Beatriz
Barroso Cameli, conhecida carinhosamente como Beth, é um bom
exemplo. Educada, culta, sensível, amiga e principalmente
companheira incansável. Erros, falhas são cotidianos na vida de um
casal porque somos humanos, mas eles superavam com muito
esmero. E é por sermos humanos que deve existir o perdão e o

550
diálogo, paciência e compreensão fez o casal ser admirado e
respeitado por todos.
Acredito, portanto que Orleir deixou um legado de seguidores
e plantou muitas sementes, que seus filhos e netos têm o dever de
cultivar. Ele continuará vivo no coração das novas gerações. Deus
concede a sabedoria a todos e mostra os caminhos a serem
trilhados.

Maria das Vitórias Soares de Medeiros


Deputada Estadual
ecretária de Ciência Tecnologia e Turismo
(Amiga)

93 FERNANDO MOUTINHO

Tentarei relatar, o ocorrido em uma das viagens efetuadas em


Cruzeiro do Sul, na obra de restauração da BR-364.
Na época, em Cruzeiro do Sul existia a travessia com balsa,
sobre o Rio Juruá.
E, quando adentrávamos na mesma com Sr. Orleir, os
cumprimentos o respeito e as solicitações eram constantes.
Neste dia, dois adolescentes pediram caronas até o Lagoinha, e
obviamente ele nunca negava. No entanto, a postura dos garotos
nos deixou preocupados: apresentavam cabelos pintados de verde,
estavam tatuados e cada um deles possuíam mochilas nas costas.
Notei que Sr. Orleir prometeu levá-los, mas com ressalvas, e
questionou:
- Vocês se comportem!

551
Os garotos responderam tranquilo Sr. Orleir nós também
torcemos pelo Flamengo.
Dessa forma a viagem seguiu com Sr. Orleir um pouco
apreensivo. E, ao chegarmos na comunidade Lagoinha, com a
descida dos garotos Sr. Orleir não perdeu tempo.
- Trouxe vocês como prometi, mas queria saber o que levam
nessas bolsas?
- Qual é Sr. Orleir, levamos roupas sujas e fique tranquilo nós
somos “Ficha Limpa”.
Dentro do carro ele não se conteve e rimos a viagem toda!

Fernando Moutinho
Engenheiro

94 ROSANGELA GAMA

É difícil falar de Orleir Cameli, um homem com personalidade


forte e própria, que estava sempre em busca de ajudar o próximo.
São muitas as suas qualidades, o amigo pelo qual guardamos
eterna gratidão. É engraçado como as pessoas passam rápido por
nossas vidas e nos deixam marcas tão profundas. Orleir, “O Barão”
como é conhecido por todos, sempre estava disposto a ouvir e
ajudar a quem precisava.
Sabemos que há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Que há tempo de nascer e que há tempo de morrer. Sentiremos
saudades para sempre. Talvez aja um tempo em que lembraremos
do que podíamos ter feito e não fizemos, das palavras que deveriam
ser ditas e não dissemos, atitudes que deveríamos ter tido e não
tivemos. E se ainda fizessemos tudo, talvez não seria suficiente.

552
Somos assim despreparados para a perda e impacientes com o
tempo, o qual responsábilizamos por nosso sofrimento.
Estamos tristes pela falta que sentimos, mas gratos á Deus
por tê-lo conhecido. Saudades eternas.

Rosangela Gama e Família


Chefe de Gabinete
(Amiga)

95 AUREA DENE

Não existe lugar pequeno para um grande homem.


Orleir nasceu em um desses lugares, Seringal Belo Horizonte, no
município de Cruzeiro do Sul, em uma família de trabalhadores.
Estudou até a quarta série do ensino fundamental, quando
trocou os livros por uma rotina de trabalho duro, mas que formou o
caráter empreendedor que lhe acompanhou toda a vida. Na cidade
de Cruzeiro do Sul fincou raízes sólidas e teve filhos e netos.
Conhecemo-nos muitos anos atrás, um pouco antes que ele
ingressasse na política. Seu semblante sério contrastava com os
abraços e acenos calorosos.
Uma única palavra sua arrancava muitos sorrisos por onde ele
passava. Acompanhei muitas vezes como cada rosto da multidão
que o assistia em seus comícios se acendia com esperança.
Homem de poucas palavras, mas que sabia falar a língua do povo.
Seu mandato foi marcado por admiração das pessoas nas ruas,
ramais, visitas em seu escritório, em todos os lugares que ia era
recebido com admiração e respeito.

553
Mas também, recebeu muitas críticas duríssimas, sem
fundamento algum, enquanto duraram os anos de sua vida política.
Seguia, à revelia, construindo estradas, abrindo caminhos para o
desenvolvimento do Juruá, uma parte do estado que parecia
esquecida pelos projetos políticos anteriores.
Suas políticas públicas eram baseadas na vontade do povo.
Graças a ele, Cruzeiro organizava-se. A praça central, sob sua
gestão, virou o ponto de encontro de todo cruzeirense. Na zona
rural, as famílias receberam uma vaca leiteira, para ajudar na
alimentação das crianças. A educação se fortalecia, com
fardamento completo, material escolar, merenda de qualidade,
transporte.
Orleir já era um mito, o "Barão" do Juruá. O elogio
refletia o carinho e o respeito que ele nunca perdeu, mesmo depois
de deixar a vida política. Sua simplicidade conquistou o carinho das
pessoas, era um homem muito bom, praticava a caridade
verdadeira, ajudando as pessoas com doações, construindo casas,
não media esforços para o que fosse preciso, sempre de forma
silenciosa.
A doença o impediu de continuar com seus projetos. Ainda havia
muita coisa que ele gostaria de ter vivido e feito. Ficaram a saudade
e as lembranças que não serão esquecidas, porque sua história
será contada por muitos e por longos anos. Não existe lugar
pequeno para um grande homem. Orleir viverá para sempre no
maior lugar em que se pode estar: o coração das pessoas.

Aurea Dene
Delegada na Cidade de Rio Branco
(Amiga)

554
96 ERI VARELA

Herdara do pai o caráter, a dignidade, a feição pelo trabalho, a


facilidade de contar “causos”, e da mãe, D. Maria, a bondade, a
generosidade, o amor, o perdão permanente aos ofensores, a fé e
a esperança.
E não foi outra lição senão as mesmas recebidas do “seu”
Marmud e de D. Maria que transmitiria aos seus filhos. Por óbvio,
que, acrescidas daquelas que ele aprendera na Universidade da
Vida, do mestre mundo, que a todos ensina, sobretudo a suportar e
vencer toda e qualquer batalha.
Cabe-me destacar, por imperioso, a afabilidade sempre presente
naquela, que, durante mais de trinta anos, o acompanhou com toda
a dedicação, amor, carinho, longanimidade, perseverança,
pacificando a tudo e a todos, com os seus gestos simples – próprios
das pessoas sensíveis, inteligentes e cultas. Refiro-me,
evidentemente, à Dona Beatriz, carinhosamente dona Bete – fonte
inesgotável de ânimo, de paz, de tranquilidade, para Orleir, eis que
ela sempre tudo fazia para ele ser mais feliz.
E hoje empresta continuidade ao trabalho dele, dedicando-se,
diuturnamente, à prestação de trabalho social, com múltiplas ações,
em face dos mais carentes do Juruá. E, assim, revela sua face mais
cristã, com os ensinamentos obtidos ainda na infância e na
adolescência com as madres dominicanas, no Internato do Colégio
São José, no sul de Lima -Peru.
É, pois, nela, D. Bete, que Orleir encontrava sempre seu porto
seguro. E tanto é verdade, que, no último suspiro, diriam sim um ao
outro e casariam no religioso, com as bênçãos do Todo Poderoso,
sob o ofício do Frei Faustino, da Catedral de São Jorge, seguindo o
mandamento cristão.

555
E assim foi Orleir. Um homem vitorioso. Nos negócios tinha raro
faro para o melhor deles. Diz a lenda, que onde ele colocava a mão
o negócio dava certo, pois tinha o olhar empreendedor, até
visionário. Em outras palavras, onde ele tocava a mão, virava ouro,
tal qual Midas, Rei da Frígia, segundo a mitologia grega.
De inicio sua carreira empresarial fora sob as bênçãos de “seu”
Marmud, juntamente com os irmãos Chiquinho e Eládio. E depois,
o triunvirato se entedia e se completava. Posso afirmar, sem medo
de errar, que os três pareciam com a trindade – pai, filho e espirito
santo.
Mas, desde já, ressalto que nenhum era o pai nem o filho nem o
Espirito Santo. Porém os três se completavam em unidade,
dedicação, esforço e trabalho árduo, fazendo e acontecendo. E
tinha tudo para dar certo, como deram. Transformaram trabalhos
braçais em indústrias.
Abriram fendas – somente eles poderiam fazer – para que se
prospectasse petróleo em plena selva amazônica. Abriram
estradas, onde ninguém imaginava possível. São tantas as histórias
que conheci, inclusive por testemunhos de diversas pessoas do
povo e de autoridades acreanas e brasileiras, que, aqui, certamente
não seria possível descrevê-las. O espaço é curto e o objetivo é
outro.
E a política, indagarão. Direi, pois, que a política tem suas razões.
E elas certamente giram em torno de perspectivas que, muitas
vezes, o ser humano normal não haverá de compreendê-las.
Ciência ou arte, a política deve servir para as transformações que
permitam o bem estar social do cidadão. Mas o conjunto de regras
que norteia a política, ainda que imposta pelas peculiaridades
termina por dificultar o alcance dos benefícios que a sociedade quer
e exige.

556
Orleir, então, resolve ingressar na vida pública, para fazer
política, com “P” maiúsculo, isto é, empreender desenvolvimento
econômico e social e, assim, beneficiar o povo, especialmente os
mais pobres e humildes – sempre alijados em suas ascensões
sociais. E assim pensava.
Eleito Prefeito de Cruzeiro do Sul, sobre o lema ajudar os mais
pobres humildes - se faz presente não apenas nos discursos, mas,
sobretudo, nas ações. São tantas as obras sociais, edificações,
construções, em um só ano de governo. E, já no final no ano de
1993, é escolhido como o melhor Prefeito do Brasil.
Exerceria o cargo somente mais três meses, e com esse
destaque é convocado para ser candidato a Governador do Estado,
o que o faz renunciar ao mandato de prefeito. Encantou-se com a
mosca azul, como diria Machado de Assis. Disputou e ganhou o
Governo do Estado, derrotando as elites, que se diziam donas do
Acre.
Como Governador do Acre efetivou diversos programas e ações,
tantas que aqui descabe descrevê-las. Outros, certamente, farão.
No entanto, a burocracia estatal – sempre muito lenta – o impedia
de avançar. Tudo muito dificultoso. Aliado a isso as velhas elites,
utilizando de diversos atores, não apenas o deixava governar,
pretendiam tirar-lhe o mandato outorgado pelas urnas.
O Acre, que já havia perdido o seu jovem Governador, Edmundo
Pinto, tragicamente assassinado em São Paulo, nos idos de 1992,
cuja morte ainda hoje é repleta de mistérios, e que também havia
em 1990 derrotado as mesmas elites, Orleir, pois, iria se constituir
em o alvo preferido, e, assim, lançavam boatos, mentiras, e
assacavam sua honra e reputação, com injúrias, calúnias e
difamações, para o deleite da grande mídia nacional.

557
Inquéritos, investigações, processos foram montados, tudo com
um só objetivo: arrancar-lhe da Cadeira de Governador. Enfrentou
tudo de cabeça erguida, ganhando os processos de impedimento
feitos perante a Assembleia Legislativa, cuja a tentativa torpe seria
também repetida no Judiciário, que nunca emprestou guarida. E
porque absolutamente inocente. Eis a grande verdade!
Orleir governou até o último dia do seu mandato – 31 de
dezembro de 1998 – quando, então, entregou em 01 de janeiro de
1999 a faixa governamental a Jorge Viana, que havia sido eleito pelo
povo acriano.
Mais do que os diversos programas governamentais, penso que
a principal ideia de Orleir Cameli, na visão estratégica do
desenvolvimento nacional, seria a saída do Brasil para o Oceano
Pacífico, via o Acre. Bem como a própria integração do Acre via BR
364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul.
E por isso lutou, e muito. Apanhou bastante em face disso.
Contrariava os interesses internacionais – alguns afirmam que a
floresta amazônica não pertence ao Brasil; outros entendem que a
comunicação marítima entre Atlântico-Pacífico deva ocorrer apenas
pelo Canal do Panamá.
Enfim, Orleir Cameli foi um homem à frente do tempo. Tinha
pressa. Queria realizar logo, e já. E tinha certamente razões para
isso. Deus e o destino o tiraram precocemente da vida terrestre. Ele
faz e fará muita falta. Mas suas ideias e o seu modo de viver, com
dignidade e honestidade, proclamando a verdade, são exemplos a
serem perpetuados. Salve Orleir.

Eri Varela
Advogado (in memoria)
(Amigo)

558
97 MARIA JOSÉ BEZERRA

Aquele que teme a Deus praticará o bem. Aquele que exerce a


justiça possuirá a sabedoria. Eclesiástico, 15:1
A máxima que escolhi para introduzir o testemunho pessoal sobre
o governador do Estado do Acre, Orleir Messias Cameli (1995 –
1998) traduz o cerne do relacionamento que mantivemos desde a
época em que ele foi Prefeito da Cidade de Cruzeiro do Sul, tendo
em vista que naquela oportunidade exercia o cargo de assessora da
Pró-reitora de Graduação, da Universidade Federal do Acre, sob a
direção da pedagoga e pesquisadora, Clara Elizabeth Simão Bader.
E a missão que me levou a conhecer a urbe mais desenvolvida do
Vale do Juruá foi à pesquisa, produção e publicação - “Revisitando
o Juruá – Álbum cidade de Cruzeiro do Sul”.
Naquela oportunidade, gestão do Reitor Sansão Ribeiro, o
projeto em desenvolvimento de maior envergadura e benefícios
sociais era a Interiorização da Graduação, e em decorrência dessa
ação parcerias eram estabelecidas com os Prefeitos dos Municípios
interioranos. E, assim, o aludido projeto marcou o contato inicial
mantido com o Prefeito Orleir Cameli, depois governador do Acre,
inegavelmente, um acreano do Juruá que se notabilizou
empreendedor, com destaque empresarial no contexto juruaense, e
ainda intercâmbios com o território do Acre, no seu todo, além de
estender os seus raios de ação a outros estados localizados na
Amazônia, inclusive envolvendo as fronteiras “vivas” do Acre – Peru
e Bolívia.
Num outro momento, estando ele no exercício da governança do
estado do Acre, novamente nos encontramos institucionalmente,
tendo em vista que eu na condição de docente da UFAC e
coordenadora do Centro de Documentação e Informação Histórica

559
– CDIH desenvolvíamos, naquela época, os Projetos: “Senhores da
rua – o imaginário dos meninos e meninas de/na rua da cidade de
Rio Branco – AC” e “Damas da Noite – sexualidade e prazer como
estratégias de sobrevivência”, os quais eram realizados através do
PIBIC/CNPq, e outras atividades de cunho histórico e/ou social
impelida pela consciência humanista. Entretanto, para dar maior
visibilidade às questões documentais, históricas e, principalmente,
de exclusão social de crianças, adolescentes e jovens “batemos em
sua porta”, e está se abriu, não só para a minha pessoa, mas,
também, para os alunos que participavam de ações sob a nossa
coordenação.
Dessa forma, conheci a senhora Beatriz Barroso Cameli que, na
condição de “Primeira-Dama”, coordenava, em termos estaduais, o
Programa “Comunidade Solidária”, idealizado pela antropóloga
Ruth Cardoso. A partir de então, passamos a frequentar a residência
do casal, sendo convidada para eventos familiares ou sociais,
acompanhada, algumas vezes, da minha filha Luanda ou de alunos
– bolsistas. Convém ressaltar que a D. Beatriz sensível às
problemáticas sociais passou a ser apoiadora de nossas atividades
de pesquisa e extensão comunitária, participando efetivamente de
algumas, e se constituindo elo entre nós e o marido – governador,
uma espécie de interlocutora, o que contribuiu, sobremaneira, para
que este financiasse as publicações dos resultados das pesquisas
acima referidas. Atitude essa, de relevância devido à inexistência de
editora dentro e fora da UFAC e a escassez de recursos financeiros
destinados aos pagamentos das impressões dos livros.
Notório se faz declarar que nesse ínterim passamos a receber de
ambos, confiança, respeito, cordialidade e parceria, que com o
passar do tempo se consolidaram em amizade recíproca,
extrapolando o formalismo acadêmico e institucional, fazendo com
que eles participassem de certa forma, mesmo à distância, das
560
ocorrências alusivas à minha vida pessoal e trajetória intelectual.
Relembro sempre os telefonemas que recebia dele, indagando
sobre a minha saúde.
Inclusive durante a temporada que passei em São Paulo, devido
ao doutorado em Ciências – área História Social, na Universidade
de São Paulo, convidei o casal para assistir a minha defesa de tese,
considerando que na data inicialmente prevista, eles estariam em
São Paulo para fazer os exames médicos de praxe. Entretanto,
devido à mudança da data do evento, não foi possível contar com
as suas presenças.
As lembranças do Sr. Orleir Cameli, que guardo no arquivo de
minhas memórias são as melhores possíveis. Um homem afável,
brincalhão, inteligente, dinâmico, apaixonado pelo Acre, em
especial, a sua terra natal – a cidade de Cruzeiro do Sul, e apoiador
das ações que desenvolvi, em interface com profissionais da UFAC
e outras IFES, e estudantes secundaristas e universitários, o que
desvelava nele a preocupação em fazer o bem.

Maria José Bezerra


Professora de História da UFAC

98 CARLOS ALBERTO DOS SANTOS

O momento é de agradecimento. Homem público e cristão por


natureza, não recusaria a solicitação de ajuda que uma comunidade
irmã em Cristo faria. Nós da Comunidade Evangélica Assembleia
somos gratos ao ex-governador Orleir Cameli, que usando de sua
sensibilidade acionou setores competentes de sua administração,
autorizando os trabalhos de canalização de um córrego fétido que

561
servia como fonte de esgoto a céu aberto, que compreendia parte
do bairro João Alves até a sua ligação com outro córrego maior
conhecido como Igarapé do Boulevard. Ele de pronto resolveu o
problema canalizando toda a extensão do canal, permitindo a
melhoria de vida no local.
Ainda em vida tivemos a oportunidade de em Assembleia Solene,
poder agradecê-lo e homenageá-lo, como Governador do Estado,
em nome e em presença de nossa comunidade eclesiástica, quando
da canalização do citado córrego; urbanização da via pública e área
frontal do terreno da Igreja Evangélica Assembleia de Deus que
compreende o trecho da Rua Newton Prado entre a Rua Alfredo
Teles e a Avenida Mâncio Lima, possibilitando a ampliação da área
útil para a edificação do atual prédio Administrativo e Escolar da
igreja. A obra também permitiu disponibilizar estacionamento
privativo para veículos e a consequente modernização de parte do
Bairro João Alves, contribuindo assim, não só com a estética de
parte da cidade de Cruzeiro do Sul, como também com a prevenção
da saúde pública, visto que por ali transitavam a céu aberto, animais
nocivos à saúde humana.

Pr. Carlos Alberto dos Santos


Presidente da ADSUL

99 OSMIR LIMA

Conheci Orleir Cameli, quando ele ainda era um jovem, vindo das
barrancas do Alto Juruá, para começar uma nova vida em Cruzeiro
do Sul. Trazia no sangue e na alma a coragem, o espírito
aventureiro e a garra, características que herdara de seu velho avô

562
sírio-libanês, Mamed Cameli, que veio para a região, atraído pela
riqueza do “ouro branco amazônico”.
A vida para ele não foi fácil, mas junto com a família,
especialmente ao lado dos irmãos Francisco e Eládio venceram e
tornaram-se os principais homens de negócios do estado.
Em uma ocasião especial ele convidou-me para ser candidato a
prefeito de Cruzeiro do Sul, aceitei, mas como tive problemas com
um grupo do partido, voltei atrás e comuniquei-lhe das razões do
recuo. Sua resposta foi: “já que você não pode ser o candidato serei
eu.” E assim, ele foi o candidato, na ocasião. Mesmo com a
consideração e o apreço dele por mim, não pude atendê-lo, por
razões partidárias.
Neste episódio, ficou demonstrado o amor que ele tinha pela sua
cidade natal e como gostaria de vê-la progredindo. Não se
conformava com o atraso e o desenvolvimento ainda muito lento de
nossa região. Venceu as eleições e foi um prefeito exitoso, fato que
o levaria depois ao Governo do Estado.
Dois episódios de que participei ao lado do Orleir Cameli, foram
marcantes para definir bem a sua imagem como cidadão e político.
O primeiro ocorreu, quando estávamos no escritório de um amigo
em nossa terra natal, eu já na condição de Deputado Federal, e ele
de empresário bem-sucedido, entrou, pegou-me pelo braço e disse:
“vamos lá fora para você ver as obras dos prefeitos que vocês estão
escolhendo para administrar a nossa cidade”. A obra era realmente
inexpressiva, absolutamente desnecessária. Na ocasião convidou-
me para ser o próximo candidato a prefeito e que contaria com o
seu total apoio. Dei o silêncio como resposta.
O segundo episódio foi quando ele já exercia a função de
Governador do estado e eu chefe da Casa Civil. Um dia fui chamado
a sua sala e ele determinou que eu baixasse um decreto

563
exonerando um secretário de estado. Perguntei se ele já tinha
comunicado, pessoalmente ao secretário. Como obtive uma
resposta negativa, procurei demonstrar que em face da relevância
da função, que o correto seria o próprio governador comunicar ao
secretário e explicar as razões, além de publicar uma nota de
agradecimento pelo serviço prestado.
Sua resposta foi surpreendente. Autorizou-me a fazer esse papel
com a explicação de que não gostava de olhar nos olhos daquele
que é demitido. Sentia a dor, o sofrimento e a humilhação dos que
perdem uma função, um emprego, um lugar ao sol. Sentia a tristeza
dos tristes. Ali ele exteriorizava o seu lado humanista, que muitos
desconheciam.
Assim tive certeza de que Orleir era um ser-humano de coração
bondoso e humanitário, qualidades raras no meio empresarial e
político brasileiro. Esta foi visão que passei a ter desse acreano
desenvolvimentista.
Acompanhei e vivi seu governo do início ao fim, quer como seu
auxiliar, quer como seu aliado no Congresso Nacional. Nunca vi na
história política do Acre um governo tão perseguido, tão
mentirosamente denunciado e caluniado. Seus adversários usavam
a lei da selva, em permanente conspiração para apeá-lo do poder.
Não o faziam pelo bem do Acre, mas pelo temor que tinham de sua
popularidade, por suas propostas, por sua audácia, em tentar tirar o
estado de seu eterno isolamento interno, com a interligação entre
os vales do Acre e Juruá, através de uma rodovia permanente.
Era uma liderança que incomodava muito, por sua seriedade,
competência e compromisso com a verdade e o trabalho digno.
Usaram de todos os meios, inclusive aquela máxima de que quanto
maior a mentira, maior a chance de todos acreditarem nela.
Discursos falsos e caluniosos que inventaram para diminuir seu

564
prestígio político e social, que o feriram e o angustiaram, fazendo-o
afasta-se do mundo político.
Preferiu o retorno à tranquilidade da família e de seus
colaboradores, por se sentir melhor entre os que com ele se
assemelhavam, na defesa da verdade e da vida digna, que “sabe rir
de seus tropeços, não se encanta com triunfos e preferi caminhar
perto de coisas e pessoas de verdade, já que o essencial faz a vida
valer a pena” e para ele bastava o essencial.

Osmir Lima
Ex Deputado Federal
(Amigo)

100 JÚLIO B. MARTINS JR

Conheci o senhor Orleir Cameli em 2002, esbanjava simplicidade


e humildade, isso se confirmou ao longo dos anos de convivência e
amizade. Ele se preocupava com as pessoas humildes. Eu
presenciei várias vezes ele distribuir presentes ao maior número de
crianças possível, em datas especiais como o Dia das Crianças e
Natal. Sua única preocupação era causar alegria, sem desejar nada
em troca, ele presenteava a todos, ato nobre para um homem tão
rico.
Tornamo-nos mais próximos durante as obras da Rodovia RB-
364. Orleir Cameli nunca frequentou uma faculdade de engenharia,
mas ele tinha a experiência de um homem que conhecia
profundamente todas as variáveis envolvidas para se realizar uma
obra na região amazônica, como: logística de transporte de insumos
e equipamentos da região, o vasto conhecimento prático nas

565
questões que envolvem os solos da região, no quesito “tocar a
obra”.
Era com ele mesmo, pois tinha a receita exata para executar e
vencer as questões climáticas desta região, enfim o “homem” era
um verdadeiro engenheiro e posso dizer que todos que também
conviveram com ele, durante a obra, aprenderam bastante,
principalmente pelas peculiaridades da região, que por sinal é
diferente de qualquer parte do país, algo muito mais complicado do
que o normal.
Ele era homem confiável e lutava pelo que achava certo. Seu
amor pela região do Vale do Juruá era imenso. Certa vez cheguei a
indagá-lo se ele tinha vontade de ir morar em outro local do Brasil
ou do mundo, ele foi curto e objetivo: “jamais irei sair da minha
querida Cruzeiro do Sul”, momento marcante, pois senti naquele
momento que ele realmente não poderia viver longe do Juruá, seu
amor pelo Vale era incondicional.
Posso dizer que foi um imenso prazer conhecê-lo, assim como
também, a sua esposa senhora Beth Cameli, sempre atenciosa e
generosa com seus filhos e com as pessoas próximas. O Acre com
certeza está triste por não o ter mais presente. Estou convicto que
Orleir Cameli, nosso amigo e do Acre, estar sendo cuido por Deus.

Júlio Martins
Engenheiro Civil

101 GERALDO AFONSO CAMELO

Meu nome é Gerardo Alfonso Camelo Suarez. Sou Engenheiro


Civil, trabalhei como Gerente de Importações de 1975 a 1977, para
uma companhia Petroleira chamada Parker Drilling Company. No
ano de 1978 está companhia ganhou uma licitação, em que deveria

566
trabalhar por cinco anos na exploração de petróleo na Amazônia
brasileira a serviço da Petrobras.
Em 1980, segui para o Acre, especificamente Cruzeiro do Sul, já
informado que tinha que adotar a cidade como lugar de morada
enquanto houvesse atividades da companhia, naquele momento eu
era o único técnico disponível.
Segui na aeronave DC3, ciente que iria morar sozinho em
Cruzeiro do Sul, minha esposa ficara em Manaus, até que eu me
adaptasse a cidade. Fiquei Hospedado no único hotel no centro da
cidade. Comecei a fazer amizades, eu desejava conhecer a cidade.
Todo o material que eu precisava para realizar meu trabalho
demorariam vinte dias para chegar ao local, pois o único transporte
que existia naquele período eram as balsas, que faziam o trajeto
Manaus a até Cruzeiro do Sul, onde eu me encontrava. Aproveitei o
tempo para conhecer o lugar. Conheci o restaurante China, o
mercado na beira do rio Juruá. Um dia me encontrei com três
irmãos, que vieram conversar comigo, quando souberam que eu era
engenheiro, desejavam ver possibilidade de negócios, eles
possuíam a única serra da cidade, que recebia na época o nome
Serraria Marmud Cameli. E fizemos parcerias.
O tempo que demorara, para o maquinário chegar foi suficiente
para organizar todas as questões burocráticas, como a
hospedagem dos técnicos. Mas tudo não teria ocorrido bem, se não
fosse o esforço e ajuda do meu amigo do peito Orleir Cameli e seus
irmãos Eládio e Chiquinho, que cuidaram de toda a logística.
família Cameli foi grande aliada no desenvolvimento do nosso
trabalho. Nossa base ficava distante do centro de Cruzeiro do Sul,
em uma área de difícil acesso. E foram eles que facilitaram a chega
de mantimentos e demais produtos, que necessitávamos.

567
Para o desenvolvimento das perfurações era importante manter
a sonda de perfuração nivelada. A empresa de Orleir passou então
a negociar com nossa vendendo pranchões de madeira.
Trabalhavam dia e noite para atender adequadamente e em tempo
hábil os pedidos, que eram transportados em pequenas
embarcações, e demorava muito, devido a grande quantidade
solicitada.
Orleir Cameli e seus irmãos investiram em equipamentos
pesados, como tratores, caminhões, bombas de sucção, fabricaram
pequenas balsas. Trabalhavam trabalhando intensamente, dando
assistência a Petrobras, fazendo com que as operações não
sessassem.
As operações duraram três anos, vários poços foram furados,
constatou-se a presença de petróleo na região, mas a quantidade
identificada não foi suficiente para exploração. Assim, nos
encaminhamos para a cidade de Urucu no Amazonas, um pouco
mais próximo de Manaus.
É importante ressaltar que Orleir Cameli, incansavelmente deu o
seu melhor para desenvolver suas empresas e respectivamente a
cidade de Cruzeiro do Sul, principalmente na área de construção
civil, construindo estradas, aeroportos, como também a
comunicação em todo o vale.
Merece todos os méritos. Nos deixa a saudade dos três anos de
convivência próximos e toda a sincera amizade ao longo dos
demais. Estou seguro de que um dia voltarei a visitar a bela cidade
e que, que um dia nos veremos também.

Geraldo Afonso Camelo


Consultor Queiroz Galvão Óleo e Gás S.A.
(Amigo)

568
102 MARIA NAZARÉ PEREIRA LIMA DE CARVALHO

Orleir Cameli tinha um sonho: ser prefeito de Cruzeiro do Sul.


Lembro-me nitidamente de Orleir sentado no sofá de minha casa,
sempre no horário em que eu estava retornado da Câmara
Municipal para trocar ideias sobre a campanha para disputar a
prefeitura. Falávamos muito dos problemas do município, do
descaso no centro da cidade, onde os ratos faziam desfiles em
plena luz do sol, nas margens do igarapé Rodrigues Alves.
Com muita inspiração ele detalhava o que pretendia fazer na
urbanização do igarapé, dizendo: “se a prefeitura não tiver dinheiro
para isso eu coloco minhas máquinas na rua, vou melhorar o
centro”. Tínhamos uma pequena divergência quanto a esse
trabalho, eu opinava que a canalização deveria ser o canal aberto e
ele achava que deveria ser canal fechado e ficávamos sonhando.
Eu dizia: “canal aberto jardinado em volta, com flores e árvores
ornamentais”, ele: “canal fechado porque amplia mais e dá mais
espaço.”
Cruzeiro do Sul sempre viveu no esquecimento dos governantes,
ele tinha vontade de compensar o tempo de abandono que vivemos
ao longo dos anos. Todo dia no mesmo horário ele vinha me
estimular a continuar na vereança. Eu achava ter cumprido meu
papel de vereadora e ele dizia: “dona Maria, só enfrentarei a disputa
se a senhora for candidata para ser presidente da Câmara porque
vou precisar muito de sua experiência”.
Como Cruzeirense tínhamos muito em comum, além da
garra, o mesmo objetivo e a sensibilidade que todo bom cruzeirense
possui, arrepiar-se e emocionar-se quando se canta o hino de
Cruzeiro do Sul, todo bom cruzeirense é bairrista.
Orleir chegou à prefeitura com uma vitória expressiva, fez uma
administração como jamais havia sido visto no município, daí o

569
passo foi mais longe, galgar o governo do estado do Acre. Era a
grande chance dos cruzeirenses, que sempre viveram em segundo
plano e das migalhas dos governantes. O Juruá sempre foi
discriminado, uma prova desta discriminação foi o desvio da estrada
para o Pacífico que sairia do Vale do Juruá e foi desviado para vale
do Acre, do outro lado do estado.
O grande sonho de Orleir era percorrer do Palácio Rio Branco na
capital a Cruzeiro do Sul, no interior, por estradas e rodovias
construídas apenas em asfalto e em seu governo. Não conseguiu
realizar o sonho completamente, mas construiu boa parte dos
trechos.
A oposição inconformada orquestrou uma implacável
perseguição, não pouparam a família, seus pais passaram a fazer
parte dos noticiários nacional de forma pejorativa. Os sofrimentos
eram intensos. Senhor Marmud me procurou chorando num
desabafo me pedindo para convencer o filho a se afastar do
governo.
Movido pela emoção resolveu não disputar a reeleição, sua
vontade de desenvolver o estado, acima da tensão emocional,
pensamos no Senado onde ele poderia ajudar muito nossa região,
fiz pesquisas a pedido dele e a aceitação era geral.
Os petistas usaram um procurador federal Luiz Francisco que
usou de todos os métodos maquiavélicos para inviabilizar a
candidatura. Orleir na terra cumpriu seu papel de empresário e
homem público, gerou emprego, renda e muito desenvolvimento
para a região. Orleir nos deixou precocemente, quando ainda tinha
muito a realizar, mas tenho certeza de que o legado que ele deixou
sua descendência vai dar continuidade.

Maria de Nazaré Moraes


Ex-vereadora de Cruzeiro do Sul
(Amiga)
570
103 WANIA MARIA PINHEIRO DA SILVA

A última vez que vi Orleir Cameli foi no aeroporto de Rio Branco.


Ele estava com dona Beatriz. Minha irmã Silvânia me disse que ele
estava na capital acreana, fazendo tratamento de saúde, e que tinha
perguntado por mim. Neste dia, eu estava indo para Sena Madureira
quase no horário em que o casal embarcaria para Cruzeiro do Sul.
Disse a Silvânia que eu passaria no aeroporto, que fica no
caminho de Sena, para dar um abraço nele e em dona Beatriz, que
também sempre teve um carinho especial pela minha pessoa.
Encontrei com o casal bem na hora em que eles chegavam para o
embarque. Quando ele me viu, arregalou aqueles olhos azuis e
sorriu. Abraçamo-nos, fizemos fotos, e fui embora para Sena
Madureira muito feliz por tê-lo encontrado.
Antes de conhecer Orleir pessoalmente, eu já o admirava. Ouvia
as histórias que os cruzeirenses e outras pessoas contavam sobre
ele. Mas, a paixão forte veio depois que ele adotou minha cidade,
Sena Madureira.
Ele cuidou de Sena como um pai cuida de sua filha querida. Lá,
ele andou de bicicleta com pessoas humildes da cidade, distribuiu
fardamento e kits escolares aos estudantes, construiu nossa escola
de Ensino Médio, asfaltou ruas, beneficiou agricultores com ramais
e equipamentos agrícolas, além de outros investimentos que
ajudaram a melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas e
que eu não teria espaço para descrever aqui nesta página.
Mas, Orleir fez muito mais para ganhar meu coração e o coração
dos senamadureirenses. Ele foi o autor da obra mais importante que
um governante já construiu para beneficiar a nossa comunidade: o
asfaltamento da BR 364, no trecho Sena Madureira a Rio Branco.

571
Esta obra tão importante selou para sempre a aliança de amor
com este homem nascido nas barrancas do Juruá. Orleir nunca foi
esquecido pelo povo senamadureirense. E nunca será, não apenas
por ter nos tirado do isolamento em que vivíamos há dezenas de
anos, mas pelo amor que nos dedicou.
Por essas e outras, é que Orleir Cameli continua vivo. Ele amou
o próximo, foi o amigo verdadeiro que deixou pegadas profundas
em nossos corações.
Além do meu eterno amor pelo meu amigo, gostaria de ter
compartilhado com ele os trechos bilicos de Corintios 13, em que
Deus traduz o verdadeiro amor e que toca profundamente o coração
de todas as pessoas que amam verdadeiramente.

Wania Pinheiro
Jornalista

104 REGINA NORMA ROSAS

Existem homens que fazem de suas vidas um tributo à bondade


e a defesa dos menos favorecidos, Orleir Cameli era um desses
homens, que gostava de ajudar a quem precisava.
Foi um fenômeno político, mostrando a sua grandeza
empreendedora e administrativa que resultou no grande progresso
tanto para sua terra natal, Cruzeiro do Sul, como para todo o Acre.
Ainda hoje nos vários lugares do Estado, há lembranças do governo
de Orleir. Muitas foram as suas realizações, como as máquinas para
a implantação do Centro de Hemodiálise, o ônibus para o
Hemocentro em Rio Branco, entre outros benefícios adquiridos em
seu governo.
572
Falar ou escrever a respeito de Orleir é muito fácil e teria muitas
coisas boas para lembrar, levaria muito tempo e espaço, portanto,
para ser breve direi que: "O galardão para essa estirpe de seres
humanos é o reconhecimento da História e a admiração de seus
pósteros".

Regina Norma Rosas


Graduada em História
Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior – Rio Branco
(Amiga)

105 SILVANIA PINHEIRO DINIZ

A exímia escritora Lya Luft costuma dizer que a história mais


difícil de escrever é a nossa. Concordo com ela, mas faria um
adendo ao afirmar que escrever sobre o outro, dependendo de seu
valor, sua vida, seu legado, também não é tarefa fácil,
principalmente quando tratamos de alguém que amou ao próximo
talvez mais do que a si mesmo. Não seria este um dos maiores e
talvez um dos mais difíceis dos mandamentos deixados por Jesus
Cristo? Doar e doar-se aos seres humanos, aos pobres e
necessitados, aos órfãos e as viúvas?
Conheci Orleir Messias Cameli nos mais diversos aspectos. Aos
17 anos ingressei no jornalismo. Escalada para trabalhar no editorial
de cidade, na redação do Jornal o Rio Branco, procurava adquirir
experiência e a chance de me estabelecer como profissional, já que
acabara de chegar do interior de Sena Madureira, onde vivia. Era o
ano de 1996, segundo ano de seu governo. Não entendia nada

573
sobre política, e confesso que o assunto não era do meu interesse,
não me atraía.
Ainda foca (estagiária), em 1998, acompanhava a tensão dos
repórteres de política sobre os novos rumos que o Acre tomava
naquele período, ano eleitoral onde o principal enigma que
despertava a curiosidades de todos era o destino do então
governador Orleir Cameli. Seria ele candidato à reeleição, afinal a
emenda da reeleição foi aprovada durante seu governo e de
Fernando Henrique Cardoso, gerando inclusive grandes infortúnios
aos adversários.
Orleir concedeu uma coletiva à imprensa, em seu gabinete,
antigo prédio do BANACRE, recebeu os jornalistas. Para minha
surpresa fui incluída na Redação da pauta. Ficamos aguardando
das 12h00min às 15h00min. Eu não entendia muito bem todas as
especulações levantadas pelos jornalistas, falavam de poder.
Sinceramente, eu não compreendia de nenhuma forma o
significado da palavra. Tudo era estranho para mim. Apenas, queria
entender o suficiente para poder escrever a redação, ter o que falar.
Mas compreendia política tão pouco, que não sabia que
ela era responsável por movimentar o universo das pessoas.
Às 15 horas, Orleir Cameli nos deu a triste notícia: “que não seria
candidato à reeleição para governo do Acre”. Na época eu não
consegui absorver o que significava aquela decisão para seus
aliados, seus opositores, e para o Acre.
Orleir manteve a palavra, concluiu seu mandato e retornou à sua
família, sua terra, Cruzeiro do Sul. E eu, por força do ofício e do
tempo, passei a ler e conhecer os detalhes do mundo político. Com
o tempo, tornei-me editora-chefe de O Rio Branco, e lá permaneci
durante sete anos. Mais tarde, como Editora-Chefe do Jornal A
Gazeta, decidi fazer uma reportagem especial juntamente com a

574
repórter fotográfica Rose Perez sobre a vida dos produtores de
farinha no Vale do Juruá.
Em Cruzeiro do Sul, o motorista que nos conduzia disse-nos:
“aquela mansão é a casa do Orleir Cameli”. Impressionada com a
suntuosidade da residência em uma cidade pequena e distante,
Rose disse: “será que ele daria uma entrevista para gente, hein
Rose?” Cautelosa, ela respondeu: “tu sabes que ele não gosta muito
de imprensa, mas vamos tentar”.
Orleir não estava em casa, então o motorista nos levou a sua
empresa a Construtora Colorado, localizada na estrada do
aeroporto. Eu não pensei que ele nos receberia e Rose concordava
comigo, esperávamos um “não”, pelo que falavam dele. Mas, para
nossa surpresa, ele surge na porta com seus olhos azuis brilhantes
e um largo sorriso no rosto. Ao reconhecer a Rose de tantas
entrevistas, ele nos convidou para entrar, e iniciou conosco uma das
conversas mais descontraídas e sinceras que tive com
entrevistados ao longo de 18 anos de profissão.
Ele nos falou sobre sua família, empresas, economia, e
obviamente política. Naquele momento, percebi que o conceito de
“poder” não poderia ser aplicado a ele e sua personalidade. Ao
contrário do que pensávamos, era um homem gentil. Apesar de não
gostar muito de jornalistas como haviam me informado.
Cameli nos convidou para um churrasco com sua família, na
fazenda, nos ofereceu passagens aéreas para retornamos para
casa e falou longamente sobre seus sonhos. Tudo isso me rendeu
uma reportagem de página central no jornal a Gazeta, e me tornei a
primeira jornalista a entrevistar o homem político mais enigmático
do Acre, após sete anos de saída do poder.
Nesse dia entendi que o amor por uma família vale
tudo. Orleir explicou que não foi candidato à reeleição para que sua

575
família deixasse de ser vítima dos covardes e mentirosos, e que
queria o fim do sofrimento de sua mãe, que se angustiava pelas
perseguições e ataques que o filho sofria na vida política, desde que
ele entrou na vida pública.
Ironicamente, três anos mais tarde, em minha sala na Editoria de
A Gazeta, chega Márcio Bittar, e traz consigo um jovem que se
apresenta como candidato a deputado federal nas eleições de 2006.
Educado, nos cumprimentou. Conversei com o Márcio e o assunto
foi encerrado. Dois anos mais tarde, meu amigo, jornalista Nelson
Liano Júnior me telefona perguntando se haveria interesse da minha
parte de entrevistar o sobrinho do ex-governador Orleir Cameli, o
engenheiro civil Gladson Cameli, que almejava a política, mesmo
contrariando os interesses de sua família.
Dois meses depois, eu fora apresentada a Gladson Cameli, por
Nelson, em uma das salas da TV Juruá. Um jovem ávido pela
batalha, com fala ligeira, olhar profundo e movimentos ágeis.
Retornei a Rio Branco, fiz minha reportagem, e meses depois fui
surpreendida com uma visita de Gladson Cameli, me convidando
para entrar na política juntamente com ele. Para apoiá-lo. Sem muita
simpatia por política, embora já fosse experiente na área dentro do
jornalismo, iniciamos uma caminhada juntos.
Assim, minha amizade com a família Cameli se estreitava, Orleir,
sem sombra de dúvidas, foi o mais autêntico, forte e corajoso.
Qualquer pessoa que conviver com Gladson reconhecerá nele as
características do tio: a força, a determinação, a humanização, e até
mesmo seus traços mais ácidos e doces.
Um dia ele tocou fortemente minha alma ao dizer: “Vou provar
para todo mundo que meu tio e minha família construíram suas
empresas e ganharam a vida, baseados na verdade, na moral e na
ética”. A vida, com sua lei de retorno, tem seguido seu curso

576
e Orleir Cameli consagrou-se então como um dos grandes heróis
dos acreanos.
Eu acompanhei Orleir Cameli, quando ele já se encontrava
abatido pelo câncer, em Rio Branco, a pedido de Gladson,
conduzindo-o onde foi necessário. Aqueles dias, vi um homem
ainda mais firme, que embora estivesse em plena guerra, não
baixara a guarda. No hospital, ele brincava com as enfermeiras, se
descontraía com Dona Beatriz, e pedia lanches como pamonhas e
abacaxi. No telefone, na cumplicidade de sempre com os irmãos
Eládio e Chiquinho. Sem intimidade demasiada, presenciei várias
cenas de um homem verdadeiramente humano, amigo, pai de uma
família e de um povo que sente amargamente sua falta.
Orleir foi um líder, admirável e jamais será substituído no coração
daqueles que o conheceram. Falar dele é difícil, tarefa ainda mais
árdua é descrever Beatriz Cameli, um dos maiores exemplos de
mulher virtuosa, com o real valor que excede o dos rubis, como diz
o livro de Provérbios. Dona Beatriz é para mim a continuidade
de Orleir Cameli no que diz respeito a vida que ele dedicou ao seu
povo. Esta obra é a continuidade de tudo, e é ela, que através do
imenso amor que continua sentindo por ele e pelo Acre, que
manterá sua memória viva no coração de cada um de nós.

Silvânia Pinheiro
Jornalista

106 OSMAR MARITO FERREIRA DA SILVA

Posso dizer que sou feliz em ter conhecido Orleir Cameli.


Cidadão trabalhador, que construiu ao lado dos pais e irmãos uma

577
vida de sucesso. Em 1992, Orleir elegeu-se prefeito de Cruzeiro do
Sul, e eu vereador. Ele na prefeitura e eu na câmera, trabalhávamos
pelo desenvolvimento do município.
Ele tinha bons projetos: urbanizar o centro da cidade, asfaltar
ruas, ligar bairros da cidade com o anel viário. Para nossa surpresa
tudo que prometera, cumpriu em um ano de mandato. A câmara
municipal autorizou Orleir a utilizar o maquinário da empresa de
seus irmãos, sem que a prefeitura arcasse com despesas em ônus,
apenas com óleo diesel e manutenção das máquinas. O que
favoreceu o avanço das obras e a modernização da cidade.
O sucesso de seu primeiro ano de mandado como prefeito levou-
o a cadeira de gestor do Estado do Acre. Seu sonho foi maior,
reabrir a BR-364 que há 14 anos encontrava-se fechada. Sofreu
perseguição política por meio de ambientalistas, que interromperam
na justiça embargando os trabalhos na rodovia, o que gerou
protestos por parte dos cruzeirenses, que ficaram indignados ao ver
constatar-se a decisão da justiça.
O povo decidiu tomar uma atitude radical: uma multidão tomou
conta da pista de pouso do aeroporto da cidade e impediram que os
aviões pousassem e os manifestantes só se retiraram do local
quando o exército negociou de forma pacífica e garantiram a
retomada das atividades de construção da estrada. O governador
diante da atitude valorosa dos cruzeirenses trabalhou ainda com
mais afinco nas obras da estrada e no restante do Acre. Deu
continuidade de pavimentação entre Rio Branco, Sena Madureira,
Brasileia e Assis Brasil.
Ele fez muito pela nossa região, melhorou a saúde, educação e
segurança. Na saúde ele efetivou grandes projetos como a
construção do navio Hospitalar Dr. Manoel Braga Montenegro para
atender aos ribeirinhos, hoje administrado pela marinha. Ampliou e

578
equipou o Hospital Geral de Cruzeiro do Sul, contratando novos
médicos e realizando a compra de medicamentos importados da
Holanda e outros países. Na educação, construiu escolas: Maria
Lima, Dom Henrique Ruth e muitas outras.
Comprou 10 ônibus escolares para o Vale do Juruá, hoje seis
deles foram deslocados para outras regiões e deu condições de que
os professores trabalhassem com espaços e salários dignos.
Apreciador da cultura local construiu o Teatro dos Nauas, que
recebe o nome dos primeiros habitantes indígenas da região,
permitindo que a cultura permaneça viva, espaço utilizado hoje para
conferências, apresentações e muitas outras atividades. Criou
vários projetos sociais com a finalidade de ajudar os menos
favorecidos com doações de motores, bicicletas, sacolões etc.
Orleir e eu compreendíamos que era necessário tirar o Acre do
isolamento através da integração. A construção da BR 364
significava e sempre vai significar isto. Orleir cumpriu com todas as
suas promessas, quando prefeito, construiu em um ano o que
prometera fazer em quatro. Orleir deixou um grande legado para
todos os que os conheceram e para as futuras gerações. Contar
tudo que sabemos dos grandes feitos de Orleir Cameli, precisaria
de muitos livros.
De coração agradeço a Dona Beatriz Cameli por ter me
conseguido essa oportunidade de participar da biografia de um
cidadão cruzeirense que muito fez por nossa cidade e pelo nosso
estado do Acre, isto nos honra.

Osmar Marito Ferreira da Silva


Ex – vereador, amigo

579
107 SÓCRATES JOSÉ GUIMARÃES

Ele era humanista, político, empresário. Um acreano das


barrancas do Juruá, como ele fazia questão de denomina-se.
Éramos amigos, tínhamos pelo outro: afeição e estima. Nosso amor
em comum pelo Acre permitiu a construção de uma amizade sólida.
Antes mesmo de tornar-se governador, Orleir já era um
empresário de sucesso e alimentava o sonho de ter o Acre
integrado. Até então, as únicas formas de desloca-se entre os dois
extremos do estado era via fluvial e aérea. Sua ideia era retornar as
obras da BR 364, paradas anos antes. Reabri-la era dar a chance
aos acreanos de escoar suas produções.
Quero retomar um momento ímpar em que ao ser chamado para
fiscalizar obras em Marechal Thaumaturgo, estive em seu escritório,
então gabinete de seu governo, Cruzeiro do Sul. Na saudosa
conversa ele perguntou-me sobre a ida, queria saber se eu conhecia
a localização, eu falei que se localizava nas cabeceiras do rio Juruá.
Não entendi sua preocupação no momento, porque ele havia dito:
“homem, tu tá com medo, se tiver te dou minha camisa”, todos riram,
porque ele falou de um jeito grosso e brincalhão. E era um gesto de
incentivo que costumava usar para encorajar os colaboradores.
Ainda tínhamos algo que nos afetava: a terrível diabete, doença
silenciosa e traiçoeira. No convívio do dia a dia ele me ajudou a
compreender todos os sintomas da doença, foi então que
compreendi que quando as taxas de açúcar estão altas, passa-se
por uma irritação intensa, você fica mal-humorado. Quando eu ia a
seu escritório, ele me contava seus causos e mediamos nossas
taxas de glicose, a dele estava sempre entre 360 e 400, indo na
sequência para as aplicações de insulina.

580
Falando em causos, seu primo Cesar Messias e o seu irmão o
senhor Chiquinho, quase sempre estavam presentes, tinham
histórias sempre novas. Lembro-me que sempre diziam que o
dinheiro era obra do diabo e se você quer ver o “diabo” fique sem
dinheiro, então era aquela gargalhada.
Certa vez ele contou uma piada que vale apena recordar, como
diria o humanismo machadiano: uma forma de “compreender a
existência”, contava que Deus fazia o Homem e o diabo como
sempre invejoso não queria ficar para trás. Deus pegou aquela
argila especial e começou a amassar e o diabo também, Deus fez o
tronco e diabo também, Deus fez os membros e diabo também,
Deus fez a cabeça e o diabo também, só que Deus falou ao ouvido
do Homem e disse FALA HOMEM. O vento soprou ao contrário e o
Diabo não entendeu aí ele falou: FALA PEÃO.
Assim, fica provado que para o sucesso, não basta apenas o
árduo trabalho, mas ainda um bom humor para lidar com a vida e os
negócios. Por trás do homem empreendedor há uma grande mulher,
sua esposa Beatriz Cameli, uma rocha como os andesitos dos
Andes. Agradeço a ela pela lembrança e o honroso convite para
fazer desta obra.

Sócrates José Guimarães


Diretor do DERACRE
(Amigo)

108 MARIA CELINA SOUZA RIBEIRO

O senhor Orleir Cameli foi um ilustre homem, caracterizado por


muitas virtudes. Comparo-o ao horizonte, o qual não é possível

581
vermos o fim. Assim, também não veremos o seu, pois está vivo na
memória de cada um de nós. Ele foi um cidadão notável que
trabalhou incansavelmente pelo sucesso da sua empresa e pelo
desenvolvimento social e econômico da nossa cidade e do nosso
estado.
Em toda a sua história sempre foi visível o seu espírito de
liderança, de criatividade. Um grandioso empreendedor. Era
incalculável a extensão da sua bondade, cooperação e
solidariedade. A sua conduta foi sempre revestida de sabedoria e
liderança que ultrapassava até mesmo os seus limites. A saudade é
constante. Ele era um ser humano incomparável, perseverante,
sábio, perfeccionista, forte e autêntico. Priorizava sempre ajudar os
menos favorecidos, principalmente em casos de doença.
Durante toda a sua trajetória deixou marcas, que nem o tempo e
nem a morte apagarão. Caracterizou-se como um cidadão atuante
no trabalho, na família e na sociedade. Em suas atividades
empresariais, ele era exigente e rigoroso. Como qualquer outro ser
humano, tinha oscilações de humor: brincalhão, sério, impaciente,
uma mistura de vários comportamentos e sentimentos ao mesmo
tempo. Homem de personalidade muito forte.
Foi prefeito, governador, empreendedor. Alcançou sonhos e
construiu tanto outros, como também realizou de muitos.
Empenhava-se constantemente a fim de fazer o melhor. Sempre o
achei como uma fortaleza invencível. Não se abatia diante dos
problemas, pois tinha um coração sábio e gigante. Deixando-nos,
obras que jamais serão esquecidas.
Creio que sua jornada foi abreviada morte por ter sido um homem
de fé, perseverante, corajoso, de muita garra, teve que ascender
aos céus.

582
Trabalhar ao seu lado era um enigma, um desafio a ser
desvendado, pois ele era imprevisível, todos os dias ele tinha novas
ideias, que surgiam a cada minuto, mas ao mesmo tempo uma
aprendizagem constante.
Expresso todo o meu carinho, respeito, gratidão, admiração e
reconhecimento pelo brilhante e gigantesco trabalho, deixado à
sociedade.

Maria Celina Souza Ribeiro


Funcionária da Construtora Colorado
(Amiga)

109 JOSÉ GILBERTO DE LEÃO BRAGA

Conheci Orleir Messias Cameli através de meu amigo e


concunhado Raimundo Nonato de Queiroz, conhecido como
“Ceará”, em 1982, quando cheguei a Cruzeiro do Sul, Acre.
Orleir Cameli tinha um temperamento forte, daqueles que embora
sua atitude possa causar constrangimentos a outrem, não medem
palavras quando se sentem de alguma forma, prejudicados com
quaisquer coisas. Costumava externar seus descontentamentos.
Porém, apesar de ter “pavio curto”, como diz o ditado popular, tinha
um coração enorme. Sua condição financeira lhe proporcionava
ajudar muitas pessoas que o procuravam: fosse para tratamento de
saúde, dentro ou fora do Estado, arrumar trabalho, comprar
remédios, telhas ou madeiras para moradias, ou até mesmo matar
a fome de muitas famílias.
O espírito de união familiar foi marca desse grande homem,
sempre contando com a parceria e apoio incondicional de seus

583
irmãos Eládio e Chiquinho, todos empresários bem-sucedidos e que
em nenhum momento esqueceram ou deixaram de ajudar os
parentes menos favorecidos.
Eleito prefeito de Cruzeiro do Sul, em 1992, permaneceu no
cargo somente por 15 meses, haja vista sua candidatura para o
governo do estado em 1994, nada obstante o curto período em que
permaneceu no cargo. Foi considerado um dos melhores
administradores que esse município conheceu, em todos os
tempos.
Como governador (1995 a 1998), foi o precursor do asfaltamento
da BR 364, no trecho de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, este sempre
foi o grande sonho do povo cruzeirense; construiu o asfaltamento
da BR 317 no trecho Rio Branco a Brasiléia, sem medir esforços,
trouxe de Rondônia e do Amazonas, através de balsas, cascalho,
seixo, brita e outros materiais que não são extraídos no Acre.
Enquanto governador sofreu as mais sórdidas acusações. Foi
perseguido por seus opositores, que o difamavam e levantavam
injúrias. Deixou o cargo em 1998, para administrar, em Cruzeiro do
Sul, com mão-de-ferro suas empresas, onde permaneceu até que
ele fosse diagnosticado do câncer, no intestino, enfermidade que o
levou a óbito no dia 08 de maio de 2013, aos 64 anos.
Apesar da doença, seguiu seu estilo de vida, de batalhas e lutas,
não se abateu e continuou firme no comando das empresas da
família, deixando um legado de que as vitórias e conquistas são
conseguidas com muito trabalho, dedicação, comprometimento,
responsabilidade e liderança, que para ele eram natas.
Ao povo de Cruzeiro Sul e do Acre, resta-lhes lamentarem a
morte do “Barão”, como alguns o chamavam carinhosamente. A
família Messias Cameli, o povo de Cruzeiro do Sul, bem como a

584
população acreana, perdeu um de seus grandes líderes, e para
alguns o maior de todos.
Sei que ele descansa em paz e que está ao lado do Maior
Arquiteto do Universo para sempre.

José Gilberto de Leão Braga


Funcionário aposentado do Banco do Brasil S/A
(Amigo)

110 NELSON LIANO JR

Orleir foi um homem autêntico. Único e com tantas características


positivas que nos faltam palavras para descrever este ilustre
homem. Demorei muito para encontrar as palavras certas. Confesso
que escrevi emocionado. Como traduzir em palavras a amizade e
consideração que tenho por ele?
Um homem sábio, que sempre compartilhou os melhores
conselhos e que algumas vezes dividiu angústias comigo. Sua
sabedoria não era livresca, era uma intelectualidade nata. Fruto da
sua vivência. Nas atividades que desempenhou em vida, atravessou
momentos obscuros e luminosos. Como empresário obteve sucesso
em vários seguimentos, o último: a sólida empresa Construtora
Colorado. Quando político atendeu ao anseio do povo, construiu
obras em diversos seguimentos. Foi um político notável,
compromissado e popular, o que lhe redeu perseguições
infundadas.
Encontramo-nos muitas vezes na “Usina”, seu escritório, e
passamos muitas manhãs, em que tomamos café e fumamos.
Conversávamos sobre política e a vida. Seu amor pelo Juruá era

585
percebível em sua prosa. Fazia piadas do cotidiano. Lamentava
injustiças. Havia muitas coisas que o revoltava.
Seu bom coração e disposição permitiam ajudar quem chegava
ao seu escritório. Ajudava quem quer que fosse. Às vezes no meio
da rua, ele atendia as pessoas que o abordavam. Tirava sempre
alguns dias para distribuir caixas de chocolate, ovelhas, bois,
bicicletas, cestas básicas. O que podia doar para amenizar o
sofrimento das pessoas, sua sensibilidade lhe permitia distribuir
generosamente.
Recordo algumas coisas curiosas, como uma casa no bairro
simples do Miritizal, em Cruzeiro do Sul, que misteriosamente os
móveis e a casa pegavam fogo. A dona da casa era uma senhora
deficiente física, que tragicamente perdera os movimentos dos
membros, impossibilitando-a de trabalhar, ele se sensibilizou com a
situação e construiu uma casa nova e mobilhada para ela.
Encontrou certa vez um agricultor com problemas de saúde e para
este ele pagou tratamento no Hospital mais sofisticado do Brasil, o
INCOR de São Paulo.
Vi de perto sua sensibilidade, quando levei irmã Inês a seu
escritório. Ela precisava de apoio para recepcionar a doutora Zilda
Arns, fundadora da Pastoral da Criança no Brasil, que vinha a
Cruzeiro do Sul e mais de seiscentas pessoas precisavam ser
assistidas, com alimentação e hospedagem. Vindas dos mais
distantes recantos para acompanhar a visita da doutora, a cidade.
Ele doou o que foi preciso. Mais um ato de amor, que aumentara
ainda mais minha admiração por ele.
O momento mais difícil de nossa amizade foi realizar a
reportagem de seu velório. Entre o trabalho e a emoção da
despedida. O importante é manter a atenção desperta para

586
entender a nossa jornada aqui na terra. Orleir fez uma trajetória
exemplar digna que deve ser seguida.

Nelson Liano Jr.


Jornalista

111 AFONSO PAIVA DIAS

Tive o privilégio de conhecer Orleir Cameli, tenho saudade de sua


simplicidade Ímpar. Homem de temperamento forte, mas um
coração sensível. Cruzeiro do Sul precisa de um Orleir, o Acre de
alguns e Brasil de muitos.

Afonso Paiva Dias


Taxista de São Paulo

113 LABIB MURAD

Conheci Orleir Cameli no início dos anos 90. Ele era prefeito de
Cruzeiro do Sul e eu era Secretário de Saúde. Eu ouvia falar muito
em Orleir Cameli como um grande empreendedor, mas ainda não
tinha tido o prazer de conhecê-lo pessoalmente.
Sabia que era um ferrenho defensor de sua querida, Cruzeiro do
Sul e tudo fazia pelo bem-estar de seus habitantes.
Orleir Cameli, em uma ocasião, procurou-me na secretaria de
saúde e com o sempre foi objetivo. Disse-me: “doutor, a saúde em
Cruzeiro do Sul está um caos”.

587
Estou aqui para fazer a municipalização da saúde e resolver o
problema à minha maneira. Disse-lhe: “Orleir, as coisas não se
resolvem assim, existem burocracias infernais”.
Ele abominava a burocracia, mas eu compreendi sua
determinação. Enviei a Cruzeiro do Sul para auxiliá-lo na
municipalização, um técnico da saúde. A saúde em Cruzeiro do Sul
adquiriu novas feições.
O destino o quis como candidato ao governo do Estado, Orleir
aceitou a indicação de meu nome para ser seu vice, após recusar
vários nomes de políticos. Talvez o episódio da saúde tenha
contribuído para confiança mútua.
Não tive a felicidade de conviver socialmente com Orleir em
outras esferas. Nosso relacionamento foi puramente administrativo,
pois enquanto governador ele não dispunha de tempo para outras
atividades, inclusive para o lazer.
Sua determinação em resolver os problemas, a paixão por
Cruzeiro do Sul, a incompatibilidade com a burocracia com certeza
trouxe-lhe algumas dificuldades e provavelmente tiveram influência
decisiva em não pleitear a reeleição, mesmo sabendo as grandes
possibilidades que tinha.
Talvez o que desejasse mesmo era voltar as suas raízes, para o
seio da sua Cruzeiro do Sul, estar com a família e com os amigos.
Deixou um legado incalculável ao povo acreano. Somos muito
gratos pelo seu legado. A sua ausência entre nós não nos fará
esquecê-lo. Pelo contrário será sempre lembrado por todos que
reverenciam sua memória. Orleir Cameli será eternamente
lembrado...

Labib Murad
Médico e Vice – Governador
(Amigo)

588
114 IVES JOSÉ PIZZOLATI

Para que uma pessoa permaneça na história, seja lembrada não


só pelos mais queridos, mas também por outras pessoas, a
condição principal é que tenha participado ativamente na vida de
muitos com suas realizações e seu trabalho em prol da melhoria de
vida destas pessoas.
Orleir foi um grande empreendedor, confiante no seu trabalho,
persistente para vencer as grandes dificuldades que surgiram no
decorrer de sua vida.
Tive a oportunidade de acompanhar seu trabalho durante dois
anos em que morei na cidade de Cruzeiro do Sul – Acre, onde fui
administrador de uma agência bancária e seu vizinho de moradia.
Conversávamos frequentemente, e ele me discorria de seus
objetivos e das dificuldades para poder realizá-los. Sabia que estava
diante de um grande líder que tinha um grande amor pelo seu
trabalho, sua cidade, seu Estado e sua Pátria.
Sua característica de Líder era de um Líder Visionário,
estimulando as pessoas para que perseverassem em seus sonhos
e inspirando autoconfiança pelo exemplo, mostrando o caminho das
mudanças que deveriam ser empreendidas. Estudioso, conseguia
visualizar o futuro que exigia dele e de suas empresas grandes
transformações, pois o líder visionário é aquele líder transformador.
Exigia muito de si e de seus colaboradores; não tolerava
incompetências e mediocridades, mas por outro lado ajudava para
que estas pessoas sentissem que era possível crescer, motivava
para que buscassem conhecimento e pudessem participar
ativamente nos trabalhos de suas empresas. Sabia ser leal e
verdadeiro, dando sempre o bom e sadio exemplo.

589
Tinha como base moral sua família e mais que qualquer outra
sentia a responsabilidade de defendê-la e prestigiá-la, pois é no lar
que se forjam as virtudes morais de um povo. Três são deveres
fundamentais para com o seu lar e Orleir tinha plena consciência
disto:
- Subordinar seus interesses pessoais aos de sua família;
- Conceder à família ampla liberdade religiosa;
- Ser fiel a seus.
Na ordem social, Orleir cumpria com zelo os deveres de sua
religião, respeitando as demais crenças que pregassem o bem e
exaltassem as virtudes. Amparava a todas as obras úteis à
coletividade, que é uma das melhores maneiras de mostrar seu
amor ao próximo.
Por fim, via nele um homem adepto aos deveres especiais para
com sua Pátria, cumprindo seus deveres profissionais e cívicos. Foi
o amor a sua terra que o levou a exercer alguns cargos públicos de
grande relevância, podendo assim realizar obras que pudessem
melhorar a vida de seu povo, muitos com tanta dificuldade.
Com muita coragem sabia revogar uma ordem, ante a evidência
de que ela é falha, prejudicial, injusta ou ilegal. Além de um grande
amigo que sempre vou lembrar, um grande homem que lutou para
tornar o lugar onde vivia melhor, dar oportunidades para seu povo e
muito amor por sua família.

Ives José Pizzolati


Ex - Gerente do Banco do Brasil
(Amigo)

590
115 JOÃO CORREIA

ORLEIR LEVA CONSIGO “SEGREDOS”


DA POLÍTICA ACREANA

O ex-deputado João Correia (PMDB) se pronunciou através das


redes sociais sobre a morte do ex-governador Orleir
Cameli. Correia elogiou as virtudes e a disposição de trabalho de
Cameli. O ex-deputado destacou, ainda, que o ex-governador não
levava para o campo pessoal, as disputas políticas. Abaixo a íntegra
do depoimento de João Correia:
Orleir Cameli. Soube, agorinha, do falecimento do empresário e
ex-governador do Acre, Orleir Cameli.Como ele partiu, e é da
condição humana a misericórdia dos que nos deixam, ele será
louvado e reconhecido até por quem o tenha execrado.
Orleir Cameli foi um acreano normal e arguto, como muitos,
cheio de virtudes e falhas. Mostrou, como Governador, que era
possível construir estradas jugulares no Acre e o fez,
concretamente. Como pessoa, era bastante conhecida sua
generosidade pessoal que, às vezes, manifestava-se sem olhar a
quem.
Fui seu opositor político. Nas raras vezes em que nos
encontramos, ele jamais levou isso para a esfera pessoal, o que
agradava. Orleir Cameli leva com ele informações preciosíssimas
da política acreana, que se perderão se ele não as tiver revelado a
alguém de credibilidade ou as ter confessado-as a um texto.

João Correia
Ex-deputado

591
116 JOSÉ CLODOMIR ALENCAR DA ROCHA

A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito


pela dignidade humana. (Franz Kafka)
Eu José Clodomir Alencar da Rocha, nascido em 29-12-1939, na
cidade de Cruzeiro do sul-Acre, atualmente morando em Manaus,
falar de Orleir Cameli, conterrâneo, homem simples, com as
mesmas características nossa, de dignidade, humildade, a
simplicidade combinada de pessoas do seringal como éramos,
laços de família decente e respeitada na cidade onde tudo começou
exemplo de honestidade e caráter para todos nós.
A Amizade como Auxiliar da Virtude A maioria dos homens, na
sua injustiça, para não dizer na sua imprudência, quer possuir
amigos tais como eles próprios não seriam. Exigem o que não têm.
O que é justo é que, primeiro, sejamos homens de bem e em
seguida procuremos o que nos pareça sê-lo. Só entre homens
virtuosos, decentes de família de bem, se pode estabelecer esta
conveniência em amizade, respeito ao próximo, Unidos pela
benevolência, guiar-se-ão nas paixões por fazer algo por sua terra.
Desde o tempo de empresário na MARMUD CAMELI, empresa
na qual um dos meus filhos trabalhou, empresa bem sucedida em
Cruzeiro do Sul, no beneficiamento da borracha na época, sempre
pronto a tudo, disposto a fazer mais, a galgar passos maiores,
poderíamos imaginar até onde chegaria, Iniciando sua carreira
política em 1992 como prefeito de nossa cidade natal, e chegou ao
governo em 1995, empreender uns pelos outros, gerando
empregos, ajuda a população, e não se exigirão reciprocamente
nada que não seja honesto e legítimo. Respeito a todos, eliminar o
respeito da amizade é poder-lhe o seu mais belo ornamento.

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Tombou mais um lutador.
A morte, no seu perambular incessante, não respeita nem fortes
nem fracos, porém o que nos deixa esse legado de decência,
prezado amigo, quando ainda no acesso a luta, perseguido por
muitos, levas, contigo, entretanto, a certeza de haver lutado com
denodo e com altivez, o combate da honra e do dever.
Nunca te acovardaste ante a desigualdade social, sobre ajuda os
menos favorecidos, ante o perigo, nunca cedeste às injunções do
medo de fazer e realizar seus sonhos e objetivos na VIDA POLÍTICA
e empresarial nunca hesitaram com o dever, nunca duvidaste da
justiça em todos os aspectos, foste um empresário, prefeito de
nossa cidade e governador de nosso estado, foste um chefe
magnânimo e compreensivo, exigias mais de ti do que dos outros.
Eis porque te apoiávamos e seguíamos em sua trajetória de luta
e trabalho por melhorias para a sociedade em geral, eis porque
acatávamos os teus conselhos, grande para todos ele foi sua perda.
Permaneceremos, porém, fiéis a tua memória, e teus exemplos e
tuas lições hão de continuar a ser lembrados na nossa lutar pelo
bem-estar de nossa terra.
La, onde estás, podes ter certeza de que saberemos serem os
teus continuadores na luta pelo ideal e melhorias para todos.
Tua coragem, tua lealdade, tua prudência nunca desmentidas
são outras tantas qualidades que procuramos cultivar como
homenagem que te devemos.
Eis no aqui, para te redermos mais uma vez, homenagem de
nosso respeito e admiração pelo trabalho realizado enquanto vida
teve.
O tempo, que tudo embota, não conseguiu, todavia, apagar a
saudade que habita em nossos corações, depois que partiste para
uma vida melhor.
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É que tua vida digna, exemplar deixou, em nossos espíritos, uma
lembrança imorredoura.
É, digo, numa tal sociedade que se encontram todos os bens
desejáveis, a honestidade, a glória, a tranquilidade e a alegria da
alma, todos os bens, em uma palavra, que tornam a vida feliz, e sem
a qual ela não poderia sê-lo.
Se quisermos esta felicidade suprema, apliquemo-nos à virtude,
sem a qual não poderíamos adquirir nem a amizade, nem outro
objeto dos nossos desejos. Os que a negligenciam, e que, todavia,
imaginam ter amigos, reconhecerão afinal o seu erro, quando nas
horas adversas forem forçados a experimentá-los.
Assim, não será demais insistir, é preciso conhecer antes de
amar e não amar antes de conhecer. A negligência, funesta em
tantas circunstâncias, é-o, sobretudo na escolha e no comércio dos
amigos.
As reflexões vêm sempre mui tardiamente e, como diz o antigo
provérbio, o que está feito, feito está. Ligue-se de qualquer maneira,
seja por um comércio diário, seja mesmo por serviços, e depois,
repentinamente, à menor ofensa, a amizade quebra-se a meio do
caminho.
Terminando assim desejando a todos familiares sucessos na
VIDA em todos os aspectos, saúde paz de espírito, e felicidades,
término com esta frase que gosto muito.
Entendo que solidariedade é enxergar no próximo as lágrimas
nunca choradas e as angústias nunca verbalizadas. (Augusto Cury).

José Clodomir Alencar da Rocha


Ex-funcionário da Construtora Colorado (Amigo)

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117 MARIAZINHA LEITÃO

Empresário bem-sucedido e solidário àqueles menos favorecidos


pela sorte. Nosso Governador deixando seu legado para nosso
Estado de forma simples, porém seguro reconhecido por todos ao
bem-estar dos acreanos.
Você minha amiga, sempre como boa esposa, cuidava da
alimentação dele com esmero e estava sempre atenta aos
medicamentos e horários de tomá-los.
Enfim tenha consciência que você foi uma IDEAL, amiga e
companheira, tudo fazendo para proporcioná-lo tranquilidade e
respeito. Sou testemunha desta dedicação desde que fui Secretária
de Assistência Social de seu Governo e por várias vezes que vocês
gentilmente me hospedaram em sua colhedora residência.
Meu amigo passou pouco tempo neste plano terreno, porém
deixou seus feitos, que jamais serão esquecidos por todos os
acreanos. Deus está sempre no comando e precisou dele no plano
celestial. Rogo ao Divino Espírito Santo que te ilumine sempre, para
que continues com teu trabalho artístico e social.

Mariazinha Leitão
Assistente Social
(Amiga)

118 MARIA LIMA DE SOUZA

Nossa amizade começou ainda na década de 60, quando sua


família veio do seringal para morar em Cruzeiro do Sul. Naquele

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tempo só existiam algumas escolas, a Escola São José recebia
jovens e o Instituto Santa Teresinha que recebia alunas. Para minha
satisfação tive o prazer e a felicidade de dar aula para aquele aluno
ativo e muito solidário com todos.
Tive a feliz lembrança de presenciar por diversas vezes, o
coração humano e solidário, daquele jovem, que repartia sua
merenda feita por sua Mãe Dona Marieta com aqueles coleguinhas
mais necessitados, mostrando já com pouca idade que a
solidariedade e simplicidade era algo que vinha do fundo do
coração, sentimento puro, sem querer nada em troca, esse era
Orleir Cameli em sua juventude. Ainda guardo com muito carinho a
caneta que ganhei dele no dia dos professores, uma lembrança que
jamais vou esquecer.
Orleir já casado tive a felicidade de ser convidado por ele próprio
para ser a madrinha de batismo de seu filho o James Cameli, e
aceitei com muita honra pela lembrança. Já depois, com a ajuda de
sua esposa Dona Beatriz, ele conseguiu ser um empresário de
sucesso, e sempre ajudando os mais necessitados.
Entrou na política, e eu já dizia feliz da população mais pobre,
que ganhou um pai na bondade e perseverança nos trabalhos. Foi
assim mesmo, desenvolveu a região como nenhum outro outrora
tenha feito.
E para minha imensa alegria e felicidade, construiu uma escola
em um dos bairros mais pobres da cidade de Cruzeiro do Sul e me
presenteou com meu nome MARIA LIMA DE SOUZA par ser a
patrona da escola.
Essa lembrança para mim foi e sempre será a mais bela
homenagem que recebi em 32 anos de professora, lecionado para
muitas crianças e jovens de nossa cidade quando era Território do

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Acre e depois como Estado continuei a mesma profissão de
professora.
Orleir fez muito pelos mais carentes, pela educação, e muito pelo
nosso Estado. Sou feliz em ter tido um grande amigo como aluno,
como Prefeito e Governador nosso saudoso Orleir Cameli.
Hoje não está mais conosco porque já foi para a mansão celeste,
mas não saiu da minha amizade e lembrança. Orleir foi empresário
bem-sucedido, muito fez pelos pobres e habitantes do Acre. Sua
vida não deve ser esquecida.

Maria Lima de Souza


Ex - Professora de Orleir Cameli
(Amiga)

119 MARIA MARLENE MARINHO DE OLIVEIRA

Todos nós, seres humanos, criados a imagem e semelhança de


Deus, temos uma missão nesta terra a ser cumprida.
Você, Orleir, viveu bem a sua missão, espalhando a semente do
bem, amando ao próximo e partilhando com eles o amor, viveu de
conformidade com a vontade de Deus que é fonte da nossa
felicidade, felicidade da qual vocês estão gozando, felicidade
eterna.
Me resta dizer: obrigada meu Deus por todas as sementes que
Orleir plantou, e me dê a graça de vê-las frutificar. Saudades.

Maria Marlene Marinho de Oliveira


(Amiga)

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120 ADOLFO, EDUARDO, TUFIC E ANTÔNIO SAADI

Orlei Cameli sempre despertou um carinho especial pela nossa


família. Gostaria de registrar o respeito e a admiração que nós
sentimos por ele.

Adolfo, Eduardo, Tufic e Antônio Saadi


(Amigos)

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