Tema 2
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Tema 2
Ainda durante o pré-natal, a mulher deve ser direcionada à maternidade em que fará o
parto. É importante que a família da gestante se envolva na chegada do bebê desde a
descoberta da gravidez. O acolhimento familiar da criança no momento do nascimento
influencia no seu desenvolvimento sadio e pleno.
A introdução de alimentos deve ser realizada ao lactente a partir do sexto mês de vida
através da oferta de alimentos in natura e minimamente processados, associados à
continuidade do aleitamento materno sob livre demanda.
Pré-escolares: crianças de 12m a 6 anos, 11m e 29 dias
A infância é um período de grande desenvolvimento físico e psicossocial, de modo que
as experiências vividas na infância são fundamentais para a vida adulta. Por isso, é
muito importante que a criança cresça em um ambiente saudável, cercada de afeto,
respeito e com liberdade para brincar.
A primeira infância é o período que vai desde a concepção até os 6 anos de idade. Esta
fase é extremamente sensível para o desenvolvimento do ser humano, pois é quando
ele forma toda a sua estrutura emocional e afetiva e desenvolve áreas fundamentais do
cérebro relacionadas à personalidade, ao caráter e à capacidade de aprendizado. Por
esse motivo, é considerada uma janela de oportunidades para que o indivíduo
desenvolva todo o seu potencial.
A fase pré-escolar, entre dois e sete anos incompletos, caracteriza-se pela
estabilização do crescimento estatural e do ganho de peso. Assim, nessa etapa do
desenvolvimento infantil, a ingestão energética é menor quando comparada ao
período de zero a dois anos e com a fase escolar. Nesta fase, a criança desenvolve
ainda mais a capacidade de selecionar os alimentos a partir de sabores, cores,
experiências sensoriais e texturas, sendo que essas escolhas influenciarão o padrão
alimentar futuro.
O padrão alimentar da criança sofre influência direta dos hábitos alimentares dos
pais ou cuidadores. A formação das preferências alimentares da criança pode, então,
decorrer da observação e dos alimentos escolhidos pelos familiares ou por outras
pessoas que a criança convive.
Adolescentes: 10 a 20 anos incompletos
A adolescência é caracterizada por profundas transformações somáticas, psicológicas
e sociais, compreendendo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
período entre 11 e 19 anos de idade. Cada fase do ciclo da vida requer uma atenção
especial às necessidades específicas de energia e nutrientes para garantir o
crescimento e desenvolvimento saudáveis, promoção da saúde e redução do risco de
doenças na infância e na vida adulta.
Panorama da saúde materno-infantil no Brasil
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 8 metas de desenvolvimento
sustentável para o período de 1990 a 2015 com o apoio de 191 nações, que ficaram
conhecidas como os objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM). Vamos observar
a figura a seguir:
Dentre os ODM, podemos destacar quatro objetivos relacionados à saúde do grupo
materno-infantil.
• O Objetivo 1, que visa à erradicação da fome e da miséria.
• Objetivo 4, que visa à redução da mortalidade infantil.
• O objetivo 5, que visa à melhora da saúde materna.
• O objetivo 6, que visa ao combate ao HIV, à malária e a outras doenças.
A maior parte dos óbitos na infância concentra-se no primeiro ano de vida, sobretudo
no primeiro mês. Há uma elevada participação das causas perinatais, como a
prematuridade, o que evidencia a importância dos fatores ligados à gestação, ao parto
e ao pós-parto, em geral, preveníveis por meio de assistência à saúde de qualidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “morte materna” engloba a morte
da mulher grávidas ou puérperas dentro do período de 42 dias após o parto,
independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa
relacionada ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não
devido a causas acidentais ou incidentais. Após esse período, e em até um ano após o
parto, também pode ocorrer o chamado óbito materno tardio.
Escolha uma das Etapas a seguir.
Mortalidade neonatal
É definida pela morte de bebês até o 27º dia de vida.
Mortalidade infantil
São considerados os óbitos de menores de 1 ano.
Mortalidade na infância
Refere-se aos óbitos em menores de 5 anos de idade.
Observe esses dados referentes ao Brasil:
67% dos óbitos maternos são por causas obstétricas diretas, isto é, por complicações
obstétricas durante a gravidez, o parto ou o puerpério.
Cerca de 25% dos óbitos maternos são por causas indiretas, isto é, resultantes de
alguma doença pré-existente à gestação.
Observa-se também que no Brasil cerca de 90% dos óbitos de mulheres em idade fértil
são de causas evitáveis, tais como o aborto inseguro e o grande número de cesáreas.
Tanto a redução da prevalência da desnutrição, quanto o aumento do aleitamento
materno contribuíram para a redução das taxas de mortalidade na infância.
Programa de Saúde da Família
É composta por equipe multiprofissional que possui, no mínimo, um médico
generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade,
um enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um auxiliar ou técnico
de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Também há equipes com a presença
do Nutricionista e do Cirurgião Dentista. A Estratégia de Saúde da Família foi criada
com o intuito de promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos
fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação,
uso de tabaco, dentre outros.
Rede de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Rede Cegonha)
Em 2011, foi criada a Rede de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança, denominada de
Rede Cegonha (Portaria n.º 1.459, de 24 de junho de 2011), com o objetivo de
assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada
à gravidez, ao parto e puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro, ao
crescimento e ao desenvolvimento saudáveis.
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)
A PNAISC foi criada com o objetivo de promover e proteger a saúde da criança e o
aleitamento materno, através da atenção e dos cuidados integrais e integrados desde a
gestação até os nove anos de vida, com enfoque na primeira infância e nas populações
de maior vulnerabilidade, com o intuito de reduzir a morbimortalidade e criar um
ambiente facilitador à vida com condições dignas para o pleno desenvolvimento.
A Política Nacional é regida por nove princípios: o direito à vida e à saúde, a prioridade
absoluta da criança, o acesso universal de todas as crianças à saúde, o ambiente
facilitador à vida, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da atenção, a
gestão participativa e o controle social.
Principais carências nutricionais no grupo materno-infantil
As deficiências de micronutrientes são consideradas um grande problema de saúde
pública em muitos países em desenvolvimento e ocasionam diversos agravos à saúde
dos indivíduos. Dentre os micronutrientes importantes na gestação e infância,
podemos destacar a vitamina A, ferro, ácido fólico, iodo e zinco devido à atuação na
manutenção de diversas funções orgânicas vitais, como a concepção, o crescimento
fetal, o desenvolvimento infantil, além da função antioxidante e imunológica que
desempenham no organismo
A Vitamina A é um micronutriente essencial que desempenha diversas funções no
organismo, tais como: a diferenciação celular, o ciclo visual, o crescimento, a
reprodução, sistema antioxidante e imunológico. Apresenta especial importância
durante os períodos de rápida proliferação e diferenciação celular, como na gestação,
período neonatal e infância.
A vitamina A participa dos processos de defesa do organismo, contribuindo para a
redução da mortalidade e da morbidade por doenças infecciosas. Além disso, também
atua no bom funcionamento do sistema visual e sua ausência pode levar, inicialmente,
à cegueira noturna, evoluindo até situações mais graves como a perda da visão. A
cegueira noturna é o mais comum sintoma clínico de DVA em crianças de países em
desenvolvimento.
A deficiência de vitamina A (DVA) ainda é um grande problema de saúde pública em
vários países em desenvolvimento, inclusive no Brasil. A carência de vitamina A ocorre,
principalmente, em pré-escolares e está associada à deficiência energético-proteica,
podendo, nos casos mais avançados, levar à cegueira parcial ou total. A prevalência é
mais elevada nos grupos de baixo nível socioeconômico que se alimentam mal e vivem
em condições sanitárias insatisfatórias (BRASIL, 2013). Dentre os fatores de risco para a
deficiência de vitamina A, destaca-se o desmame precoce, o baixo consumo de
alimentos fontes de retinol ou carotenoides, a pobreza e os tabus alimentares.
A Xeroftalmia, ou Olho seco, é uma doença caracterizada pela não produção de
lágrimas e consequente dificuldade de enxergar, principalmente, durante a noite. A
DVA clínica (xeroftalmia) é definida por problemas no sistema visual, atingindo três
estruturas oculares: a retina, a conjuntiva e a córnea, consequentemente, ocorre
diminuição da sensibilidade à luz até a cegueira parcial ou total. A primeira
manifestação clínica é a cegueira noturna, que constitui a redução da capacidade de
enxergar em locais com baixa luminosidade.
O diagnóstico da deficiência de vitamina A não se deve restringir apenas aos sinais de
xeroftalmia, entretanto, sempre que possível, devem ser reforçados por evidências de
níveis sanguíneos inadequados de vitamina A. Para o diagnóstico da hipovitaminose A,
utiliza-se o ponto de corte de ≤ 0.70 µmol/L para o retinol sérico.
Saiba mais
A deficiência de vitamina A subclínica é caracterizada pela ausência de evidências
clínicas de xeroftalmia, porém é observada a níveis sanguíneos suficientemente baixos
de retinol séricos para levar a consequências deletérias à saúde, como diarreia e
morbidades respiratórias.
Medidas importantes de prevenção da deficiência de vitamina A:
Escolha uma das Etapas a seguir.
1
Promoção do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até 2 anos
de idade ou mais com a introdução dos alimentos complementares em tempo
oportuno e de qualidade.
2
Promoção da alimentação adequada e saudável, assegurando informações para
incentivar o consumo de alimentos fontes em vitamina A pela população.
3
Suplementação profilática periódica e regular das crianças de 6 a 59 meses de idade,
com megadoses de vitamina A.
4
Suplementação profilática com megadoses de vitamina A para mulheres no pós-parto
imediato (puérpera), antes da alta hospitalar.
Para o tratamento da Deficiência de Vitamina A (DVA), são recomendados pelo
Programa Nacional de suplementação de vitamina A do Ministério da Saúde a
suplementação nos seguintes grupos em regiões de alto risco para DVA:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Para crianças de 6 meses a 11 meses de idade
1 megadose de vitamina A na concentração de 100.000 UI
Para crianças de 12 a 59 meses de idade
1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI a cada 6 meses
Para puérperas
1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI, no pós-parto imediato,
ainda na maternidade, antes da alta hospitalar
Anemia por deficiência de ferro
O ferro é o oligoelemento mais abundante no organismo humano, participando de
diversos processos metabólicos, incluindo o transporte de elétrons, transporte de
oxigênio e nutrientes no sangue, síntese de DNA e metabolismo de catecolaminas
(cofator da enzima tirosina hidroxilase).
A anemia é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como: "um estado em
que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa em
consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a
origem dessa carência". Já a anemia por deficiência de ferro resulta de longo período
de balanço negativo entre a quantidade de ferro biologicamente disponível e a
necessidade orgânica desse oligoelemento (OMS, 1975).
No Brasil, ainda não há dados consistentes que permitam estimar com precisão a
prevalência de anemia na gestação em âmbito nacional. No entanto, as gestantes
apresentam alto risco de desenvolvimento da anemia devido à elevada necessidade de
ferro, principalmente, a partir do segundo trimestre de gestação, determinada pela
rápida expansão do volume sanguíneo, que não é acompanhada pela produção de
hemácias, além da recomendação de ingestão diária mais elevada, difícil de ser suprida
apenas pela dieta.
A deficiência de ferro durante o período gestacional pode comprometer o
desenvolvimento cerebral do recém-nascido, levando a prejuízos no desenvolvimento
físico e mental, devido às alterações no metabolismo de neurotransmissores e na
formação da bainha de mielina. Diminuição da capacidade cognitiva e alteração do
estado emocional são alguns dos sinais e sintomas observados (TAMURA et al., 2002).
Nos primeiros meses de vida, ocorre uma redução fisiológica da concentração de
hemoglobina e um aumento proporcional das reservas corporais de ferro, verifica-se
que a absorção de ferro dietético é baixa e aumenta à medida que reduzem as reservas
corporais, o que normalmente ocorre entre o quarto e o sexto mês de vida em crianças
a termo. As crianças amamentadas exclusivamente ao seio conseguem manter a
homeostase de ferro até o quarto ou sexto mês de vida, independentemente do
consumo materno de ferro. A partir do sexto mês, elas apresentam maio risco de
deficiência, devido à depleção de suas reservas, ao baixo conteúdo de ferro do leite e à
introdução da alimentação complementar (EUCLYDES MP, 2000).
s lactentes encontram-se entre os grupos mais vulneráveis à anemia, devido às
necessidades aumentadas de ferro para a formação de novos tecidos e expansão do
número de hemácias. (COSTA, et al., 2002). Segundo o Ministério da Saúde (2007), o
diagnóstico do estado nutricional de Ferro pode ser classificado em 3 estágios e é
realizado a partir dos seguintes parâmetros:
Clique nas barras para ver as informações.
1º Estágio
Ocorre depleção nos depósitos de ferro, o que pode ser medido pela diminuição da
ferritina sérica, normalmente, para valores inferiores a 12 µg/L. Entretanto, a
concentração plasmática do ferro, a saturação da transferrina e a concentração da
hemoglobina permanecem normais.
2º Estágio
Ocorre mudanças bioquímicas como reflexo da falta de ferro para a produção normal
da hemoglobina e outros componentes essenciais, além da diminuição nos níveis de
saturação da transferrina. O ferro sérico se encontra reduzido e a capacidade total de
ligação da transferrina aumentada.
3º Estágio
É a anemia por deficiência de ferro propriamente dita, quando a produção da
hemoglobina diminui o suficiente para levar a redução da sua concentração abaixo dos
valores normais, caracteriza-se por ser anemia hipocrômica e microcítica. Outro
indicador que pode ser usado para diagnóstico nesta fase é o volume corpuscular, que
se encontra reduzido.
Anemia hipocrômica e microcítica
Na anemia hipocrômica, observa-se no hemograma redução no tamanho das
hemácias, isto é, redução no valor do volume corpuscular médio (VCM). Na anemia
microcítica, observa-se hemácias mais pálidas ao microscópio; no hemograma, isso se
reflete na redução da concentração da hemoglobina corpuscular média (HCM).
Diagnóstico do Estado Nutricional de Ferro, segundo o Ministério da Saúde (2007):
Quadro 2: Diagnóstico de anemia ferropriva no grupo materno-infantil.
Mulheres adultas 12
Mulheres grávidas 11