Tema 2

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Nutrição Materno Infantil

Tema 2: Saúde e Nutrição: Grupo Materno-infantil


Neste tema, vamos conhecer o grupo materno-infantil, que engloba desde a gravidez
até o final da segunda infância aos doze anos. A gestação é um período crítico durante
o qual a nutrição materna é fator essencial na determinação da saúde da mãe e do
bebê. Desse modo, a orientação desde o período da gestação quanto à adoção de uma
alimentação adequada e saudável, que supra suas necessidades nutricionais, e a
orientação nutricional da criança, a fim de garantir um crescimento e desenvolvimento
adequados, são de suma importância neste grupo.
Gestantes: mulheres grávidas
O período da gestação compreende desde a concepção até o parto. A gestação é
acompanhada por várias alterações fisiológicas, hormonais, anatômicas e psicológicas
que contribuem na regulação do metabolismo materno e no crescimento fetal. Por
esse motivo, a gestação é considerada um período crítico durante o qual a nutrição
materna é fator essencial na determinação da saúde da mãe e do bebê.
A duração da gravidez varia de 37 a 42 semanas gestacionais (SG) e pode ser dividida
em 3 trimestres, conforme o quadro abaixo:
Quadro 1: Divisão da gravidez em trimestres.
Nas consultas de pré-natal, a gestante é acompanhada pelo obstetra e encaminhada
para realização de exames, vacinas e ecografias. São recomendadas no mínimo 6
consultas de pré-natal durante toda a gravidez e o ideal é que as consultas do pré-natal
iniciem no primeiro trimestre de gestação, isto é, até a décima terceira semana.

Ainda durante o pré-natal, a mulher deve ser direcionada à maternidade em que fará o
parto. É importante que a família da gestante se envolva na chegada do bebê desde a
descoberta da gravidez. O acolhimento familiar da criança no momento do nascimento
influencia no seu desenvolvimento sadio e pleno.

Durante o acompanhamento do pré-natal, a gestante deve ser estimulada ao parto


normal e ao aleitamento materno através das reuniões de acolhimento. Segundo a
OMS (2015), dar à luz a um bebê é um ato natural. Se tudo estiver bem com a mãe e
com a criança, o parto é um processo natural e fisiológico que requer um
acompanhamento com pouca intervenção médica.
Puérpera: mulheres que deram à luz até seis semanas após o parto

Conforme o Blog da Saúde - Ministério da Saúde (2015), o período após o parto,


chamado de puerpério, é o momento em que ocorrem intensas modificações físicas e
psicológicas nas mulheres em um curto espaço de tempo. Juntas, essas características
contribuem para aumentar a insegurança da mãe em relação aos cuidados necessários
para garantir a saúde do seu bebê e dela própria nesta fase inicial da maternidade. É
importante o acolhimento da mulher após o parto pelos profissionais de saúde e pela
família.
Se o parto foi normal
Se houve corte próximo à vagina (episiotomia), mantenha a cicatriz bem limpa,
lavando-a com sabonete durante o banho, ou após fazer suas necessidades, e secando
bem o local.
A região em cicatrização pode ficar dolorida. Os pontos devem cair sozinhos.
Se o bebê nasceu de cesariana
Mantenha a cicatriz bem limpa, lavando com sabonete durante o banho e secando-a
bem. Os pontos deverão ser retirados de 8 a 10 dias, na Unidade de Saúde.
O útero voltará ao tamanho normal. Por isso é comum ter cólicas, que, às vezes,
aumentam durante a amamentação. Por mais ou menos um mês, pode acontecer uma
secreção que sai pela vagina, que no início é como um sangramento e depois vai
diminuindo e clareando gradativamente.
Se houver dor na parte de baixo da barriga, sangramento vaginal com cheiro
desagradável e febre, o recomendado é procurar rapidamente uma Unidade de Saúde.
Pode haver um quadro de infecção que necessita de tratamento.
A mãe passou por transformações da gestação e do parto, e poderá se sentir frágil e
insegura em alguns momentos. Se esses sentimentos aparecerem, é fundamental
lembrá-la de que esta fase é passageira e que logo ela e o bebê estarão mais
confortáveis nesta nova vida.
Consulta pós-parto
A mãe e o bebê devem retornar à consulta de revisão na primeira semana após o parto
na Unidade de Saúde. O atendimento nesse período é importante para:
• Acompanhar a saúde da puérpera e do recém-nascido;
• Avaliar a amamentação e o sangramento vaginal;
• Observar a cicatrização e retirar pontos, se necessário;
• Examinar o bebê, checar a vacinação e realizar o teste do pezinho;
• Discutir sobre os métodos anticoncepcionais e sobre o planejamento familiar.
As relações sexuais deverão aguardar em média 40 dias, tempo para o organismo da
mulher se recuperar. Independentemente do tipo de parto, é comum a vagina ficar
ressecada e apresentar certo desconforto na relação sexual, mas o corpo deve voltar
ao normal.
Nutrizes ou lactantes: mulheres que amamentam
Independentemente do tipo de parto, o aleitamento materno iniciado logo na primeira
hora de vida possui vários benefícios para saúde da mulher e do bebê, tais como:
fortalecer o vínculo mãe e bebê, melhor regulação glicêmica, cardiorrespiratória e
térmica do bebê, além de fornecer a nutrição adequada e rica em fatores imunológicos
que auxiliam na prevenção de alergias e doenças infecciosas no início da vida. Ainda,
para a mãe, a sucção precoce auxilia na contração do útero para eliminação da
placenta, reduz a hemorragia, retorno do útero para o tamanho natural, além de
prevenir contra o câncer de cólon de útero.
Recém-nascido ou neonato: crianças desde o nascimento até 28 dias
O cuidado com a saúde do recém-nascido (RN) tem importância fundamental para a
redução da mortalidade infantil, assim como para a promoção da qualidade de vida e a
diminuição das desigualdades em saúde. Dentre os cuidados com o RN, destaca-se:
• Assistência qualificada e humanizada no parto.
• Aleitamento materno precoce e sob livre demanda.
• Promoção do contato mãe-bebê imediato e alojamento conjunto.
• Identificação do RN de alto risco, realização de exames, consultas de
acompanhamento e a vacinação.
Lactentes: crianças amamentadas até 1 ano 11 meses e 29 dias
O lactente é a criança que mama até o final da primeira dentição, isto é, até os 24
meses. O leite materno é o alimento mais completo para o bebê até o sexto mês de
vida, por esse motivo, o Ministério da Saúde recomenda o aleitamento materno
exclusivo por 6 meses e complementar por 2 anos ou mais.

A introdução de alimentos deve ser realizada ao lactente a partir do sexto mês de vida
através da oferta de alimentos in natura e minimamente processados, associados à
continuidade do aleitamento materno sob livre demanda.
Pré-escolares: crianças de 12m a 6 anos, 11m e 29 dias
A infância é um período de grande desenvolvimento físico e psicossocial, de modo que
as experiências vividas na infância são fundamentais para a vida adulta. Por isso, é
muito importante que a criança cresça em um ambiente saudável, cercada de afeto,
respeito e com liberdade para brincar.
A primeira infância é o período que vai desde a concepção até os 6 anos de idade. Esta
fase é extremamente sensível para o desenvolvimento do ser humano, pois é quando
ele forma toda a sua estrutura emocional e afetiva e desenvolve áreas fundamentais do
cérebro relacionadas à personalidade, ao caráter e à capacidade de aprendizado. Por
esse motivo, é considerada uma janela de oportunidades para que o indivíduo
desenvolva todo o seu potencial.
A fase pré-escolar, entre dois e sete anos incompletos, caracteriza-se pela
estabilização do crescimento estatural e do ganho de peso. Assim, nessa etapa do
desenvolvimento infantil, a ingestão energética é menor quando comparada ao
período de zero a dois anos e com a fase escolar. Nesta fase, a criança desenvolve
ainda mais a capacidade de selecionar os alimentos a partir de sabores, cores,
experiências sensoriais e texturas, sendo que essas escolhas influenciarão o padrão
alimentar futuro.
O padrão alimentar da criança sofre influência direta dos hábitos alimentares dos
pais ou cuidadores. A formação das preferências alimentares da criança pode, então,
decorrer da observação e dos alimentos escolhidos pelos familiares ou por outras
pessoas que a criança convive.
Adolescentes: 10 a 20 anos incompletos
A adolescência é caracterizada por profundas transformações somáticas, psicológicas
e sociais, compreendendo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
período entre 11 e 19 anos de idade. Cada fase do ciclo da vida requer uma atenção
especial às necessidades específicas de energia e nutrientes para garantir o
crescimento e desenvolvimento saudáveis, promoção da saúde e redução do risco de
doenças na infância e na vida adulta.
Panorama da saúde materno-infantil no Brasil
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 8 metas de desenvolvimento
sustentável para o período de 1990 a 2015 com o apoio de 191 nações, que ficaram
conhecidas como os objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM). Vamos observar
a figura a seguir:
Dentre os ODM, podemos destacar quatro objetivos relacionados à saúde do grupo
materno-infantil.
• O Objetivo 1, que visa à erradicação da fome e da miséria.
• Objetivo 4, que visa à redução da mortalidade infantil.
• O objetivo 5, que visa à melhora da saúde materna.
• O objetivo 6, que visa ao combate ao HIV, à malária e a outras doenças.
A maior parte dos óbitos na infância concentra-se no primeiro ano de vida, sobretudo
no primeiro mês. Há uma elevada participação das causas perinatais, como a
prematuridade, o que evidencia a importância dos fatores ligados à gestação, ao parto
e ao pós-parto, em geral, preveníveis por meio de assistência à saúde de qualidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “morte materna” engloba a morte
da mulher grávidas ou puérperas dentro do período de 42 dias após o parto,
independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa
relacionada ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não
devido a causas acidentais ou incidentais. Após esse período, e em até um ano após o
parto, também pode ocorrer o chamado óbito materno tardio.
Escolha uma das Etapas a seguir.
Mortalidade neonatal
É definida pela morte de bebês até o 27º dia de vida.
Mortalidade infantil
São considerados os óbitos de menores de 1 ano.
Mortalidade na infância
Refere-se aos óbitos em menores de 5 anos de idade.
Observe esses dados referentes ao Brasil:

67% dos óbitos maternos são por causas obstétricas diretas, isto é, por complicações
obstétricas durante a gravidez, o parto ou o puerpério.

Cerca de 25% dos óbitos maternos são por causas indiretas, isto é, resultantes de
alguma doença pré-existente à gestação.

Os 8,0% restantes são óbitos considerados ignorados devido à subnotificação.

Observa-se também que no Brasil cerca de 90% dos óbitos de mulheres em idade fértil
são de causas evitáveis, tais como o aborto inseguro e o grande número de cesáreas.
Tanto a redução da prevalência da desnutrição, quanto o aumento do aleitamento
materno contribuíram para a redução das taxas de mortalidade na infância.
Programa de Saúde da Família
É composta por equipe multiprofissional que possui, no mínimo, um médico
generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade,
um enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um auxiliar ou técnico
de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Também há equipes com a presença
do Nutricionista e do Cirurgião Dentista. A Estratégia de Saúde da Família foi criada
com o intuito de promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos
fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação,
uso de tabaco, dentre outros.
Rede de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Rede Cegonha)
Em 2011, foi criada a Rede de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança, denominada de
Rede Cegonha (Portaria n.º 1.459, de 24 de junho de 2011), com o objetivo de
assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada
à gravidez, ao parto e puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro, ao
crescimento e ao desenvolvimento saudáveis.
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)
A PNAISC foi criada com o objetivo de promover e proteger a saúde da criança e o
aleitamento materno, através da atenção e dos cuidados integrais e integrados desde a
gestação até os nove anos de vida, com enfoque na primeira infância e nas populações
de maior vulnerabilidade, com o intuito de reduzir a morbimortalidade e criar um
ambiente facilitador à vida com condições dignas para o pleno desenvolvimento.
A Política Nacional é regida por nove princípios: o direito à vida e à saúde, a prioridade
absoluta da criança, o acesso universal de todas as crianças à saúde, o ambiente
facilitador à vida, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da atenção, a
gestão participativa e o controle social.
Principais carências nutricionais no grupo materno-infantil
As deficiências de micronutrientes são consideradas um grande problema de saúde
pública em muitos países em desenvolvimento e ocasionam diversos agravos à saúde
dos indivíduos. Dentre os micronutrientes importantes na gestação e infância,
podemos destacar a vitamina A, ferro, ácido fólico, iodo e zinco devido à atuação na
manutenção de diversas funções orgânicas vitais, como a concepção, o crescimento
fetal, o desenvolvimento infantil, além da função antioxidante e imunológica que
desempenham no organismo
A Vitamina A é um micronutriente essencial que desempenha diversas funções no
organismo, tais como: a diferenciação celular, o ciclo visual, o crescimento, a
reprodução, sistema antioxidante e imunológico. Apresenta especial importância
durante os períodos de rápida proliferação e diferenciação celular, como na gestação,
período neonatal e infância.
A vitamina A participa dos processos de defesa do organismo, contribuindo para a
redução da mortalidade e da morbidade por doenças infecciosas. Além disso, também
atua no bom funcionamento do sistema visual e sua ausência pode levar, inicialmente,
à cegueira noturna, evoluindo até situações mais graves como a perda da visão. A
cegueira noturna é o mais comum sintoma clínico de DVA em crianças de países em
desenvolvimento.
A deficiência de vitamina A (DVA) ainda é um grande problema de saúde pública em
vários países em desenvolvimento, inclusive no Brasil. A carência de vitamina A ocorre,
principalmente, em pré-escolares e está associada à deficiência energético-proteica,
podendo, nos casos mais avançados, levar à cegueira parcial ou total. A prevalência é
mais elevada nos grupos de baixo nível socioeconômico que se alimentam mal e vivem
em condições sanitárias insatisfatórias (BRASIL, 2013). Dentre os fatores de risco para a
deficiência de vitamina A, destaca-se o desmame precoce, o baixo consumo de
alimentos fontes de retinol ou carotenoides, a pobreza e os tabus alimentares.
A Xeroftalmia, ou Olho seco, é uma doença caracterizada pela não produção de
lágrimas e consequente dificuldade de enxergar, principalmente, durante a noite. A
DVA clínica (xeroftalmia) é definida por problemas no sistema visual, atingindo três
estruturas oculares: a retina, a conjuntiva e a córnea, consequentemente, ocorre
diminuição da sensibilidade à luz até a cegueira parcial ou total. A primeira
manifestação clínica é a cegueira noturna, que constitui a redução da capacidade de
enxergar em locais com baixa luminosidade.
O diagnóstico da deficiência de vitamina A não se deve restringir apenas aos sinais de
xeroftalmia, entretanto, sempre que possível, devem ser reforçados por evidências de
níveis sanguíneos inadequados de vitamina A. Para o diagnóstico da hipovitaminose A,
utiliza-se o ponto de corte de ≤ 0.70 µmol/L para o retinol sérico.
Saiba mais
A deficiência de vitamina A subclínica é caracterizada pela ausência de evidências
clínicas de xeroftalmia, porém é observada a níveis sanguíneos suficientemente baixos
de retinol séricos para levar a consequências deletérias à saúde, como diarreia e
morbidades respiratórias.
Medidas importantes de prevenção da deficiência de vitamina A:
Escolha uma das Etapas a seguir.
1
Promoção do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até 2 anos
de idade ou mais com a introdução dos alimentos complementares em tempo
oportuno e de qualidade.
2
Promoção da alimentação adequada e saudável, assegurando informações para
incentivar o consumo de alimentos fontes em vitamina A pela população.
3
Suplementação profilática periódica e regular das crianças de 6 a 59 meses de idade,
com megadoses de vitamina A.
4
Suplementação profilática com megadoses de vitamina A para mulheres no pós-parto
imediato (puérpera), antes da alta hospitalar.
Para o tratamento da Deficiência de Vitamina A (DVA), são recomendados pelo
Programa Nacional de suplementação de vitamina A do Ministério da Saúde a
suplementação nos seguintes grupos em regiões de alto risco para DVA:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Para crianças de 6 meses a 11 meses de idade
1 megadose de vitamina A na concentração de 100.000 UI
Para crianças de 12 a 59 meses de idade
1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI a cada 6 meses
Para puérperas
1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI, no pós-parto imediato,
ainda na maternidade, antes da alta hospitalar
Anemia por deficiência de ferro
O ferro é o oligoelemento mais abundante no organismo humano, participando de
diversos processos metabólicos, incluindo o transporte de elétrons, transporte de
oxigênio e nutrientes no sangue, síntese de DNA e metabolismo de catecolaminas
(cofator da enzima tirosina hidroxilase).
A anemia é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como: "um estado em
que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa em
consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a
origem dessa carência". Já a anemia por deficiência de ferro resulta de longo período
de balanço negativo entre a quantidade de ferro biologicamente disponível e a
necessidade orgânica desse oligoelemento (OMS, 1975).
No Brasil, ainda não há dados consistentes que permitam estimar com precisão a
prevalência de anemia na gestação em âmbito nacional. No entanto, as gestantes
apresentam alto risco de desenvolvimento da anemia devido à elevada necessidade de
ferro, principalmente, a partir do segundo trimestre de gestação, determinada pela
rápida expansão do volume sanguíneo, que não é acompanhada pela produção de
hemácias, além da recomendação de ingestão diária mais elevada, difícil de ser suprida
apenas pela dieta.
A deficiência de ferro durante o período gestacional pode comprometer o
desenvolvimento cerebral do recém-nascido, levando a prejuízos no desenvolvimento
físico e mental, devido às alterações no metabolismo de neurotransmissores e na
formação da bainha de mielina. Diminuição da capacidade cognitiva e alteração do
estado emocional são alguns dos sinais e sintomas observados (TAMURA et al., 2002).
Nos primeiros meses de vida, ocorre uma redução fisiológica da concentração de
hemoglobina e um aumento proporcional das reservas corporais de ferro, verifica-se
que a absorção de ferro dietético é baixa e aumenta à medida que reduzem as reservas
corporais, o que normalmente ocorre entre o quarto e o sexto mês de vida em crianças
a termo. As crianças amamentadas exclusivamente ao seio conseguem manter a
homeostase de ferro até o quarto ou sexto mês de vida, independentemente do
consumo materno de ferro. A partir do sexto mês, elas apresentam maio risco de
deficiência, devido à depleção de suas reservas, ao baixo conteúdo de ferro do leite e à
introdução da alimentação complementar (EUCLYDES MP, 2000).
s lactentes encontram-se entre os grupos mais vulneráveis à anemia, devido às
necessidades aumentadas de ferro para a formação de novos tecidos e expansão do
número de hemácias. (COSTA, et al., 2002). Segundo o Ministério da Saúde (2007), o
diagnóstico do estado nutricional de Ferro pode ser classificado em 3 estágios e é
realizado a partir dos seguintes parâmetros:
Clique nas barras para ver as informações.
1º Estágio
Ocorre depleção nos depósitos de ferro, o que pode ser medido pela diminuição da
ferritina sérica, normalmente, para valores inferiores a 12 µg/L. Entretanto, a
concentração plasmática do ferro, a saturação da transferrina e a concentração da
hemoglobina permanecem normais.
2º Estágio
Ocorre mudanças bioquímicas como reflexo da falta de ferro para a produção normal
da hemoglobina e outros componentes essenciais, além da diminuição nos níveis de
saturação da transferrina. O ferro sérico se encontra reduzido e a capacidade total de
ligação da transferrina aumentada.
3º Estágio
É a anemia por deficiência de ferro propriamente dita, quando a produção da
hemoglobina diminui o suficiente para levar a redução da sua concentração abaixo dos
valores normais, caracteriza-se por ser anemia hipocrômica e microcítica. Outro
indicador que pode ser usado para diagnóstico nesta fase é o volume corpuscular, que
se encontra reduzido.
Anemia hipocrômica e microcítica
Na anemia hipocrômica, observa-se no hemograma redução no tamanho das
hemácias, isto é, redução no valor do volume corpuscular médio (VCM). Na anemia
microcítica, observa-se hemácias mais pálidas ao microscópio; no hemograma, isso se
reflete na redução da concentração da hemoglobina corpuscular média (HCM).
Diagnóstico do Estado Nutricional de Ferro, segundo o Ministério da Saúde (2007):
Quadro 2: Diagnóstico de anemia ferropriva no grupo materno-infantil.

Grupos Hemoglobina (g/dL)

Crianças de 6 meses a 6 anos 11

Crianças de 6 anos a 14 anos 12

Mulheres adultas 12

Mulheres grávidas 11

Fonte: MS, 2007.


Diagnóstico de acordo com a gravidade, segundo o Ministério da Saúde (2007):
Quadro 3: Classificação da gravidade da anemia ferropriva.

Classificação Hemoglobina (g/dL)

Anemia leve 9,0 - 11,0

Anemia moderada 7,0 - 9,0

Anemia grave < 7,0

Anemia muito grave < 4,0

A suplementação de ferro na gestação geralmente é recomendada, mesmo na ausência


de anemia, objetivando satisfazer o aumento dos requerimentos desse mineral durante
os dois últimos trimestres gestacionais. De acordo com a portaria nº 1.247 de 2014 do
Ministério da Saúde, a suplementação de ferro deve respeitar as seguintes doses para:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Crianças de 6 a 18 meses
3 a 6 mg/kg/dia de ferro elementar, sem ultrapassar 60 mg/dia.
Gestantes a partir da 20ª semana gestacional
60 a 200 mg/dia de ferro elementar associadas a 400 mcg/dia de ácido fólico até o
terceiro mês pós-parto ou pós-aborto.
Em 2017, os requisitos para o enriquecimento de farinhas de trigo e milho foram
atualizados pela Resolução RDC nº150 de 2017. Pelas novas regras, os fabricantes estão
obrigados a enriquecer as farinhas de trigo e de milho com 4 a 9 mg de ferro para cada
100g de produto. Além disso, também foram alteradas as listas de compostos de ferro.
Agora, são permitidos apenas o sulfato ferroso, o fumarato ferroso e suas formas
encapsulada. Esses sais de ferro são rapidamente absorvidos e eficazes em corrigir a
hemoglobina e os estoques de ferro, além de apresentarem baixo custo (SBP, 2018).
Ainda com o intuito de aumentar a absorção do ferro de origem vegetal, é
recomendado, próximo às grandes refeições, o consumo de frutas ricas em vitamina C:
Também é recomendado evitar o consumo de alimentos fontes de cálcio (leites e
derivados) no almoço e no jantar. A vitamina C facilita a absorção do ferro não-heme,
ao passo que o cálcio compete pelo mesmo sítio de absorção.
Distúrbios por deficiência de iodo (DDI)
O iodo é componente fundamental dos hormônios tireoidianos. Sua deficiência na
dieta alimentar associa-se a agravos denominados “distúrbios por deficiência de iodo”.
A situação de maior gravidade da deficiência de iodo ocorre no período de
desenvolvimento neuronal do feto, a partir da 12ª semana, resultando em impacto na
qualidade de vida futura dos afetados. Os grupos de maior risco são gestantes, fetos e
recém-nascidos e crianças de 0 a 5 anos (PNDS, 2009).
Os distúrbios por deficiência de iodo (DDI) são responsáveis pela redução do
crescimento e do desenvolvimento infantil, trazendo sérias consequências, como:
Baixa estatura
Apatia
Atraso no desenvolvimento cerebral
Prejuízos à capacidade motora, à fala e à audição.
A deficiência de iodo é a causa mais comum e prevenível de retardo mental e danos
cerebrais no mundo
A deficiência ou ausência de iodo na água e na terra onde são plantados os alimentos,
e a não utilização de sal iodado na preparação da comida, acarretam o DDI. Dentre os
DDIs, podemos destacar o cretinismo e o bócio.
CRETINISMO
O cretinismo é uma deficiência mental causada pelo hipotireoidismo congênito,
durante o desenvolvimento do recém-nascido. Nesse período, a ausência do hormônio
tiroxina atrapalha o amadurecimento cerebral. A principal causa do distúrbio é um
defeito na formação da tireoide, mas também é possível que ocorra por uma
deficiência enzimática durante o desenvolvimento do hormônio.
Os principais sinais clínicos do cretinismo (Figura 10) são o déficit no crescimento, a
deterioração mental, inchaço na pele, atraso na puberdade, macroglossia (aumento no
volume da língua), crânio desproporcionalmente maior que o normal, apetite reduzido,
constipação intestinal, anemia, dentre outros sinais e sintomas.
BÓCIO
O bócio consiste no aumento do volume da glândula tireoide, geralmente, causado
pela deficiência de iodo. Como consequência desse aumento, a pessoa pode sentir
dificuldade para respirar e engolir, além de também poder apresentar tosse.
Dependendo dos níveis dos hormônios tireoidianos no sangue, a pessoa também pode
apresentar sinais e sintomas de hipotireoidismo, como cansaço excessivo, ganho ou
perda de peso, dores musculares ou nas articulações.
O bócio endêmico é a carência de iodo na dieta de populações que residem em regiões
onde o solo é pobre em iodo ou em regiões distantes do mar. A iodação do sal tem sido
a intervenção mais importante para o controle do bócio endêmico, do retardo mental
evitável e de outros distúrbios decorrentes da deficiência de iodo.
Deficiência de zinco
O zinco é um mineral que é cofator de mais 300 metaloenzimas que participam no
metabolismo de carboidratos, de lipídios e de proteínas, ainda participam da síntese e
degradação de ácidos nucléicos. É também necessário à reprodução, diferenciação
celular, crescimento, desenvolvimento, reparação tecidual e imunidade (SILVA, 2007). A
deficiência de zinco é responsável por diversas alterações bioquímicas e funcionais no
organismo. A carência de zinco pode acarretar prejuízos na velocidade de crescimento
na infância e em fases em que as necessidades se apresentam aumentadas como na
gestação e na lactação, além de prejudicar a função imune e os resultados obstétricos.
Na gestação, a carência de zinco está relacionada com aborto espontâneo, retardo do
crescimento intrauterino (RCIU), prematuridade, pré-eclâmpsia, prejuízo imunológico
fetal e anormalidades congênitas, como retardo neural.
Apesar de o zinco estar abundantemente difundido nos alimentos, alguns fatores
interferem na sua biodisponibilidade, dentre os quais: uma dieta rica em alimentos
integrais e fitatos, a suplementação elevada de ferro (30 mg/dia), tabagismo, abuso do
álcool e o stress causado por infecção ou trauma podem diminuir a concentração
plasmática materna de zinco, reduzindo sua disponibilidade para o feto. Gestantes
nessas condições devem receber uma suplementação de 25 mg/dia de zinco, a fim de
minimizar o risco de complicações associadas à sua deficiência como a mortalidade
neonatal por doenças infecciosas (SILVA et al., 2007).
Deficiência de folato
O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, também conhecida como
B9. Ela desempenha algumas funções no organismo, como a síntese e reparação do
DNA, divisão e crescimento celular, síntese proteica e formação das hemácias. O aporte
de folato antes da concepção e nas primeiras semanas de gestação constitui-se de
grande importância para garantir um suprimento adequado para o feto, visto que a
baixa reserva orgânica materna pode acarretar danos no crescimento intrauterino e
fechamento do tubo neural
A deficiência de ácido fólico pode ser causada por diferentes situações, como uma
dieta pobre em folato ou diminuição da absorção, como, por exemplo, por alcoolismo
ou ainda por aumento das necessidades diárias, como é o caso da gravidez. Quando a
ingestão é insuficiente, as concentrações séricas de folato diminuem, podendo ocorrer
a anemia megaloblástica.
A anemia megaloblástica é caracterizada por defeito na síntese de DNA que origina
assincronismo de maturação e de divisão celular, resultando em eritrócitos grandes e
nucleados, ocorrendo também diminuição de leucócitos e plaquetas. No Hemograma,
são observados aumento no volume corpuscular médio (VCM) associado ao aumento
no índice de anisocitose, isto é, presença de hemácias de tamanhos irregulares, além
da presença de neutrófilos hipersegmentados
Uma estratégia que tem sido utilizada para aumentar os níveis de folato na população
é o enriquecimento dos alimentos, tendo como vantagem o fato de alcançar ampla
parte da população, sem a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares. Os
alimentos mais frequentemente escolhidos têm sido as farinhas de trigo e de milho,
por serem de baixo custo e amplo consumo da população.

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