Questionário

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Disciplina: Gestão Financeira

Professor: Alexandre Gustavo Teixeira Moraes*


Material complementar
Questionário:
1. Qual é o papel das taxas de juros nas decisões de consumo presente e
consumo futuro?
2. Defina o conceito de Valor Presente Líquido (VPL) e sua importância na
tomada de decisão para investir.
3. Qual é a diferença básica entre o cálculo envolvendo juros simples e
compostos? Mostre essa diferença com um exemplo em uma tabela
4. Defina o conceito de inflação e seus efeitos para e economia. O que são
juros reais e nominais? Qual a diferença entre os dois conceitos? Por
que é importante considerar nas decisões de investimentos os juros
reais?
5. Elabore duas planilhas para um financiamento usando a tabela PRICE e
uma o SAC em outra. Nesse financiamento um banco empresta o valor
de R$ 30.000,00, com a taxa de 15% a o ano, para ser pago em 10
parcelas mensais sem prazo de carência.
6. Mostre, através do Balanço Patrimonial (BP), quais as fontes de
financiamento da empresa e as diferenças entre elas. Explique em que
7. Construa um quadro com os métodos de avaliação de investimento e
suas finalidades
8. Como deve ser determinado o custo de capital em uma avaliação de
investimento
9. O que significa alavancagem financeira? Explique.
Respostas
1. Qual é o papel das taxas de juros nas decisões de consumo
presente e consumo futuro?
O conceito de juros está relacionado com as decisões de consumo intertemporal
dos agentes econômicos (pessoas, empresas e governos). A decisão entre
poupar parte da renda, ou até mesmo a sua totalidade e, com isso sacrificar o
consumo presente, exige uma recompensa, assim como a antecipação do
consumo, envolve um custo. Essa recompensa ou remuneração, está
relacionada com o risco de não recebimento do capital emprestado, custo com
a antecipação do consumo, são definidas como juros.
O gráfico 01 abaixo é um exemplo de típico de decisões de consumo
intertemporal de um indivíduo

*Consultor e professor em economia e finanças, com graduação e mestrado pela


Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia. Autor do livro
Monopólio Natural e Custos de Transação no Transporte via Gasoduto:
oportunidades e desafios com a Lei 14.134/2021
Gráfico 01

Consumo A
Futuro
136.000,00
C
70.000,00 Empréstimo

Captação B

60.000,00 123.636,36
Consumo presente
Fonte: elaboração própria

Admite-se que no presente o indivíduo tem uma renda de $60.000,00 e no futuro


essa renda será de $ 70.000,00. A linha AB representa todas as possibilidades
de captação e empréstimo e que a taxa de juros r é de 10%, livre de risco de
inadimplência.
No ponto A, admite-se que toda a renda no presente foi poupada e que a riqueza
nesse ponto seria:
𝐴 = 70.000,00 + 60.000𝑥( 1 + 0,1) = 136.000,00

No ponto B, considera-se que toda a renda nesse período foi consumida e houve
uma antecipação do consumo futuro:

𝐵 = 60.000,00 + (70.000,00 )/(1 + 0,1) = 123.636,36

O consumo pode ocorrer em qualquer ponto da reta AB. No entanto um dos


fatores determinantes para o comportamento do indivíduo será a taxa de juros.
Em situações com a taxa elevada a tendência é que esse indivíduo possa
diminuir o consumo no presente, aumentando suas disponibilidades para
empréstimos e, com isso, obterá uma maior renda no futuro. Quando as taxas
são baixas o consumo presente é elevado aumentando a demanda por
empréstimos.
A taxa de juros de equilíbrio é aquela em que a quantidade demandada de
empréstimos é igual à quantidade ofertada pelos credores. Nesse caso, admite-
se a existência de mercados em concorrência perfeita em que cada agente não
tem poder de mercado para agir de forma isolada e influenciar nas taxas de
equilíbrio. O agente, nesse mercado é um tomador de preço.
2. Defina o conceito de Valor Presente Líquido (VPL) e sua importância
na tomada de decisão para investir.
O Valor Presente Líquido pode ser definido, conforme Roos, Westerfield e Jaffe
(2008, p. 68), como sendo o valor presente dos fluxos futuros de caixa de um
investimento, menos o gasto do investimento inicial. A sua importância reside em
mostrar o quanto de valor foi agregado ao capital inicial. Se o VPL for positivo, o
projeto deve aprovado
O exemplo abaixo, mostrado na figura 01 que foi realizado um investimento
inicial de $ 60.000,00 e no ano seguinte foi gerado um valor de $ 80.000,00.

Figura 01 Modelo básico do fluxo de caixa de investimento

80.000,00

60.000,00

Fonte: elaboração própria

Os fluxos com a seta para abaixo significam saída de recursos. As setas para
cima, representam entrada de recursos.

Ao avaliar pelo VPL temos:𝑉𝑃𝐿 = −60.000,00 + 80.000 𝑥 1/(1 + 0,1) =


12.727,27

O VPL foi positivo, mostrando que além de recuperar o capital inicial investido,
foi gerado um valor adicional de $ 12.727,27.
3. Qual é a diferença básica entre o cálculo envolvendo juros simples e
compostos? Mostre essa diferença com um exemplo em uma tabela.
No regime de capitalização simples os juros são incorporados apenas ao capital
principal. Os montantes gerados crescem de forma linear e as rentabilidades (ou
custos) são proporcionais ao capital e ao prazo de investimento.
A fórmula para o cálculo dos juros no regime de capitalização simples é a
seguinte:
.𝐽=𝐶 𝑥𝑖𝑥𝑛

𝑀 = 𝐶(1 + 𝑖 𝑥 𝑛)

Onde:

𝐽 = juros;

𝐶 = capital principal
𝑖 = taxa de juros

𝑛 = prazo

𝑀 = Montante

A tabela 01 abaixo mostra o comportamento dos juros no regime de capitalização


simples:

Fonte: elaborado pelo próprio autor

No regime de capitalização composta, conhecido popularmente como “juros


sobre juros”, os juros calculados em cada período são incorporados ao principal
do período seguinte e os montantes crescem de forma exponencial.
A fórmula para o cálculo, encontra-se abaixo:
𝑛
𝑀 = 𝐶 (1 + 𝑖)

A tabela 02, abaixo o crescimento do capital inicial no regime de juros


compostos:

Fonte: elaborado pelo próprio autor

Para melhor entendimento sobre os dois regimes segue abaixo um exemplo com
uma opção de investimento com um quadro comparativo.
Ex. 01: Um investimento de R$ 200.000,00 com expectativa de retorno de 10 %
ao mês. A tabela 3 abaixo faz uma análise comparativa desse investimento
utilizando os dois regimes de capitalização.
O gráfico 2 abaixo, baseado nos dados da tabela acima, mostra o
comportamento dois regimes de capitalização:

Fonte: Correia Neto (2015, p. 242)


4. Defina o conceito de inflação e seus efeitos para e economia. O que
são juros reais e nominais? Qual a diferença entre os dois conceitos? Por
que é importante considerar nas decisões de investimentos os juros reais?
A inflação consiste na alta generalizada e contínua do nível geral de preços,
implicando em uma perda do poder de compra da moeda, gerando uma série de
desequilíbrios estruturais na economia, como uma distribuição desigual da
renda. Esse problema acontece porque alguns poucos agentes conseguem se
beneficiar desse processo por ter níveis de renda que permitem usar os
mecanismos sistema financeiro que protegem o patrimônio do processo
inflacionário.
Um outro efeito do processo inflacionário são as distorções nos resultados
econômicos e financeiros das empresas induzindo o processo de tomada de
decisão a erros. Infelizmente, no Brasil a quantidade de empresas que não
consideram a inflação nas suas previsões financeiras é muito grande e tem
causado muitos erros nas previsões de investimento.
Por não introduzir nos cálculos financeiros o processo inflacionário, muitos
investimentos podem se mostrar atraentes. Mas, ao considerar a inflação os
ganhos reais podem se mostrar insuficientes, ou até mesmo nulos. O problema
se torna mais grave quando os investimentos analisados envolvem prazos de
retorno longos, em que esses erros podem ser irrecuperáveis.
Dessa forma, convém incluir a inflação nos modelos financeiros, para ser
possível ter uma análise da viabilidade real do investimento. Esse item deve ser
inserido, principalmente quando se trata de economias que convive com taxas
de inflação elevada, não sendo prudente confiar na estabilidade da moeda no
curto prazo.
Ao considerar a inflação nas decisões de investimento é necessário fazer a
distinção entre taxas de juros nominais e reais. A taxa de juros nominal
representa a taxa contratada para uma operação financeira, seja de
financiamento, ou até mesmo a aplicação de recursos. Essa taxa não considera
o efeito da inflação e, portanto, não mostra o ganho ou perda real de um
investimento. A taxa de juros real é a taxa que exprime o ganho ou perda real de
um investimento com relação à taxa de inflação.
A taxa de juros real pode ser obtida através da seguinte expressão:

1 + 𝑟 = (1 + 𝐼𝑛)/(1 + 𝐼𝑁𝑓)

Onde r = taxa de juros real;


In = taxa de juros nominal
INf = taxa de inflação
Segue abaixo um exemplo de aplicação prática do conceito de juros reais:
Exemplo 1:Qual é a taxa real de juros de um capital que foi aplicado por um
período de um ano, à taxa de 10 % a.a, considerando que nesse mesmo período
a taxa de inflação foi de 5%?
i = 10%;
Inf = 5%

1 + 𝑟 = (1 + 0,1)/(1 + 0,05); 𝑟 = 0,0476 = 4,76%

A taxa real da aplicação foi de 4,76% ao ano, mostrando que houve um ganho
real na aplicação. É importante mencionar que a taxa real de juros não é obtida
pela simples subtração da taxa de inflação da taxa nominal de juros.
O exemplo abaixo mostra a importância de se considerar o cálculo correto da
taxa real de juros:
Exemplo 2:
As vendas de uma empresa nos dois últimos meses alcançaram os volumes de
$ 200.000,00 e $ 250.000,00 respectivamente, mostrando um crescimento de
25%. No mesmo período, a taxa de inflação foi de 15%.
Nesse exemplo não podemos dizer que o crescimento real das vendas foi de
25%. Esse foi o crescimento nominal. O crescimento real foi de:

250.000,00/(200.000,00 𝑋 1,15) = 8,69 %

O crescimento real das vendas foi de 8,69%


5. Elabore duas planilhas para um financiamento usando a tabela
PRICE e uma o SAC em outra. Nesse financiamento um banco empresta o
valor de R$ 30.000,00, com a taxa de 15% a o ano, para ser pago em 10
parcelas mensais sem prazo de carência.
O sistema Price foi criado pelo matemático inglês Richard Price. Nesse sistema
o financiamento (PV) é pago em parcelas iguais, que são compostas pela
amortização e os juros compensatórios. Esses juros variam inversamente ao
longo do tempo. Na medida em que o valor da parcela de amortização é
aumentado os juros compensatórios vão reduzindo.
Os parâmetros de cálculo para a tabela Price são os seguintes:

• A taxa é estabelecida em termos nominais e apresentada ao ano;


• O período de financiamento é menor do que o da taxa;
• A transformação das taxas é feita pelo critério da proporcionalidade
No Sistema de Amortização Constante (SAC) as parcelas de amortização (PA)
são constantes e as prestações decrescem uniformemente.
Segue abaixo duas tabelas (tabelas 4 e 5) com a resolução proposta na questão.
A primeira tem os cálculos baseados no sistema Price e a segunda está baseada
no SAC

Fonte: elaborado pelo próprio autor

Fonte: elaborado pelo próprio autor


6. Mostre, através do Balanço Patrimonial (BP), quais as fontes de
financiamento da empresa e as diferenças entre elas. Explique em que
momento é mais estratégico utilizar o capital de terceiros em uma
proporção maior na composição do endividamento.

A figura 02 abaixo mostra as fontes de financiamento de uma empresa

Fonte: elaborado pelo próprio autor

O lado direito do BP mostra as fontes de financiamento de capital que são


divididas em duas partes. Uma delas refere-se ao capital de terceiros, composto
pelo passivo circulante e passivo não circulante. O passivo circulante á parte do
Balanço responsável pelo financiamento do ativo circulante e é constituído de
dívidas de curto prazo, contraídas juntos a bancos, fornecedores e outros
agentes financeiro. O passivo não circulante é representado pelas obrigações de
longo prazo, também contraídas em bancos e alguns fornecedores.
A outra parte do lado direito do balanço é composta pelo capital próprio ou
patrimônio líquido. Essa parte é relacionada às obrigações e dívidas da empresa
para com os proprietários que podem ser os sócios e/ou acionistas. Nessa parte
a forma de financiamento pode ser através de “empréstimos” dos sócios com o
aumento nas participações societárias, ou até mesmo, quando se tratar de
companhias abertas, pela emissão de ações, atraindo novos sócios investidores.
Para essas companhias existe também a opção de não distribuir os dividendos
através da estratégia de retenção dos lucros.
Ao analisar essa configuração das fontes de financiamento que o Balanço
patrimonial mostra, segue o seguinte questionamento que domina a gestão
financeira das empresas: qual é a melhor combinação de endividamento entre
capital de terceiros e capital próprio? Essa questão conduz a uma outra: em que
momento é mais viável usar uma proporção maior de capital de terceiros com
relação ao capital próprio e vice-versa?
Em linhas gerais, a estrutura de financiamento de capital, representada pela
proporção P/PL, a ser escolhida, tem que ser aquela que proporcione um maior
retorno aos proprietários e/ou acionistas. Esses, ao investirem o capital na
empresa, o fazem na expectativa de uma taxa de retorno que seja maior do que
as taxas oferecidas pelas aplicações de curto prazo no mercado financeiro. Ou
seja, a decisão de investir na empresa incorre em um custo de oportunidade.
Na situação em que o custo de captação de recursos de terceiros é inferior à
rentabilidade das aplicações de curto prazo o risco para o sócio e/ou acionista
passa a ser elevado. Nesse caso, o investimento na empresa só será viável se
proporcionar um retorno maior do que a rentabilidade auferida nas aplicações de
curto prazo existente no mercado financeiro.
O capital de terceiros, também apresenta custos que devem ser considerados,
como encargos financeiros que são calculados com base nos parâmetros
estabelecidos na matemática financeira. Esses encargos envolvem juros, tarifas
bancárias, serviços da dívida e outras despesas. Em cenários de elevadas taxas
de juros no mercado é fundamental reduzir a exposição da empresa com relação
a essa fonte de financiamento. Nesse caso, é necessário reduzir essa
exposição, devido ao fato de colocar em risco a sustentabilidade financeira da
empresa e, a depender do grau de exposição, o risco de insolvência torna-se
elevado.
No que se diz respeito à composição do endividamento é necessário observar
os prazos das fontes de financiamento. Quanto maior for prazo de concessão de
um empréstimo, maior será o seu custo, devido aos riscos e incertezas do credor
em prever a capacidade de pagamento do devedor.
Dessa forma, em tese, os custos de captação de recursos a longo prazo, tendem
a ser maiores do que os custos de captação a curto prazo. No entanto, na
realidade da economia brasileira, o custo do crédito a curto prazo tem sido mais
elevado do que o de longo prazo, devido a alguns fatores, conforme define Assaf
Neto (2014, p. 624):
A maior parte do crédito de longo prazo no Brasil é oferecido pelos bancos
oficiais, como BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do
Nordeste dentre outros. O crédito de curto prazo, em grande parte é oferecido
pelas instituições privadas, regulado pelas autoridades monetárias nacionais.
O custo do crédito de curto prazo no Brasil é tradicionalmente elevado,
basicamente em função dos seguintes fatores, conforme mostra a figura o3
abaixo.
Figura 03

Escassez de poupança interna

Subsídios ao crédito de longo prazo

reciprocidade exigida pelos bancos em suas operações de curto prazo

Fonte: elaborado pelo próprio autor

7. Construa um quadro com os métodos de avaliação de investimento e suas finalidades


Segue abaixo a tabela 06 com os diferentes métodos de investimento:

Fonte: elaborado pelo próprio autor

8. Como deve ser determinado o custo de capital em uma avaliação de


investimento?

A decisão de investir implica em comparar o retorno esperado de um


investimento com o retorno auferido por um ativo financeiro com o mesmo nível
de risco, de forma que, o projeto será aprovado caso o retorno esperado do
investimento seja superior ao retorno desse ativo financeiro. Essa definição
conduz à seguinte regra definida em Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 257): “A
taxa de desconto de um projeto deve ser o retorno esperado de um ativo
financeiro de risco comparável”. Podemos imaginar que antes da decisão de
investir em um projeto, como uma fábrica, ou até mesmo na compra de uma
máquina para expandir a produção, o recurso estava em uma aplicação
financeira.
Desse modo, considerando uma empresa, o retorno esperado representa o
custo de capital próprio, considerando que não houve participação do capital de
terceiros para financiar os investimentos e que o nível de risco de todos os
projetos da empresa é igual ao valor esperado pela própria empresa.
O retorno de um ativo financeiro pode ser definido usando o modelo CAPM
(Capital Asset Pricing Model), conforme descrito na fórmula abaixo):

𝑅 = 𝑅𝑓 + 𝛽 𝑥 (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓)

Onde:

𝑅𝑓 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜

(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) = 𝑝𝑟ê𝑚𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜

𝛽 = 𝐵𝑒𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 (𝑚𝑒𝑑𝑒 𝑎 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑥 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜)

𝑅 = 𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜

Essa fórmula mostra que existe uma relação positiva entre o retorno esperado e
o prêmio de risco. Ou seja, quanto maior o retorno, maior o risco e o coeficiente
𝛽 mostra essa relação positiva entre retorno e risco (risco X retorno)

Gráfico 03 – relação Risco X Retorno


Reta do mercado de títulos
Taxa de desconto do projeto

Custo de capital da
empresa

Rf

Beta da empresa
Fonte: elaborado pelo próprio autor

Para um melhor entendimento da relação risco x retorno, segue a análise do


exemplo 1 abaixo:

As ações da empresa Doces & Salgados, uma fabricante de produtos


alimentícios, tinham um beta de 1,6. Essa empresa é financiada exclusivamente
por capital próprio e, portanto, não possui nenhuma dívida com terceiros. A
diretoria está avaliando vários projetos para expandir a produção. Devido à
similaridade entre eles, admite-se que o beta médio desses projetos seja igual
ao da empresa. A taxa livre de risco é igual a 8,0%. Qual seria a taxa apropriada
de desconto para avaliar esses novos projetos, supondo um prêmio por risco de
mercado de 9,8 %?

𝑅 = 8,0% + 1,6 𝑥 9,8% = 23,68%

O custo do capital próprio é de 23,68%

A análise acima teve como pressuposto a ideia de que o financiamento da


empresa foi integralmente realizado pelo capital próprio. Ao introduzir no modelo
a participação do capital de terceiros alguns ajustes serão necessários. Nesse
caso, admite-se que uma empresa utilize uma combinação das duas fontes de
financiamento: o capital próprio e o capital privado. Sendo o custo do capital
próprio 𝐶𝑃 e o custo do capital de terceiros é 𝐶𝑇 , como será definido o custo
médio de capital?

Se uma empresa usar a combinação desses dois capitais o custo de capital será
uma média ponderada desses dois custos de capitais

𝐶𝑃/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑇) 𝑥 𝑐𝑝 + 𝐶𝑇/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑆) 𝑥 𝑐𝑡

Os pesos na fórmula (𝑐𝑝 e 𝑐𝑝 ) representam a proporção do valor total


representada pelo capital próprio 𝐶𝑃/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑇) e a proporção representada
pelo capital de terceiros 𝐶𝑇/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑆). Considerando que é possível descontar
os juros pagos por dívida, para o imposto de renda pessoa jurídica, o custo de
capital de terceiros, passa a ser 𝑐𝑡 𝑥 (1 − 𝑡𝑐). Sendo assim, o custo médio
ponderado do capital 𝒓𝒘𝒂𝒄𝒄 passa a ser definido pela fórmula:

𝐶𝑃/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑇) 𝑥 𝑐𝑝 + 𝐶𝑇/(𝐶𝑃 + 𝐶𝑆) 𝑥 𝑐𝑡 𝑥 (1 − 𝑡𝑐)

Segue abaixo o exemplo 2:

Considere uma empresa com capital de terceiros no valor de R$ 80 milhões e


capital próprio de R$ 120 milhões. A empresa paga 20% de juros por novas
dívidas e tem beta igual a 1,6. A alíquota do imposto de renda é de 35%.
Supondo que o prêmio de risco seja de 9,8% e que a taxa corrente de títulos
para o mercado seja de 12,0%. Qual é o custo médio ponderado de capital
𝒓𝒘𝒂𝒄𝒄?

Custo de capital de terceiros depois do Imposto de renda

20% 𝑥 (1 − 35%) = 13,00%


Custo do capital próprio:

𝑐𝑝 = 12% + 1,6 𝑥 (9,8) = 27,68% . 𝒓𝒘𝒂𝒄𝒄?

𝟏𝟐𝟎 80
𝒓𝒘𝒂𝒄𝒄 = 𝒙 27,68% + 𝑥 13% = 16,61% + 5,20% = 21,81%
𝟐𝟎𝟎 200

A tabela 07, abaixo, mostra os componentes de financiamento e o custo médio


ponderado de capital (rwacc).

Tabela 07 - Componentes de financiamento


Custo de Capital
x rwacc
Componentes de Valores de depois do imposto Custo médio ponderado
financiamento mercado Peso de renda de capital (rwacc -%)
Capital de terceiros 80.000.000,00 0,4 13,00% 16,61%
Capital próprio 120.000.000,00 0,6 27,68% 5,20%
Total 200.000.000,00 1 21,81%

Fonte: elaborado pelo próprio autor

O exemplo acima pode ser utilizado para o entendimento do conceito de Valor


Presente Líquido.
Admita que essa empresa seja uma fábrica de cimento e que deseja fazer um
investimento de R$ 80.000.000,0 para ampliar a produção. Esse investimento
deve gerar fluxos de caixa adicionais de R$ 20.000.000,00, por um período de 6
anos. Usando a equação do VPL e descontando os seis anos de fluxos de caixa
esperados com essa expansão da produção e com o custo médio ponderado de
capital (rwacc), calculado na tabela acima, qual será o VPL? O investimento na
expansão é viável, deverá ser aprovado?
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎
𝑉𝑃𝐿 = 𝑉𝑃 + +⋯
(1 + 𝑟𝑤𝑎𝑐𝑐) (1 + 𝑟𝑤𝑎𝑐𝑐)^6

20.000.000,00 20.000.000,00 20.000.000,00 20.000.000,00


𝑉𝑃𝐿 = −80.000.000,00 + (1+ 21,81%)
+ (1+ 21,81%)2 + (1+ 21,81%)3 + (1+ 21,81%)4 +
20.000.000,00 20.000.000,00
(1+ 21,81%)5
+ (1+ 21,81%)6 = -16.371.159,76

Segue abaixo, na tabela 08, o cálculo realizado no Excel.


Tabela 08
Mês Fluxos
0 -80.000.000,00
1 20.000.000
2 20.000.000
3 20.000.000
4 20.000.000
5 20.000.000
6 20.000.000
Taxa 21,81%
VPL -16.371.159,76

A empresa deve aceitar esse investimento?


Com o VPL negativo, implica que houve perda de valor e a empresa deve rejeitar
o investimento. Nesse caso, é necessário analisar outras possibilidades de
investimento que tenham VPL positivo e, portanto, possam agregar valor.
Questão 08)
O que significa alavancagem financeira? Explique.
Conforme afirmam Ross,Westerfield e Jaffe (2008, p. 266) a “alavancagem
financeira é a proporção com a qual a empresa usa capital de terceiros, e uma
empresa alavancada é uma empresa que conta com algum capital de terceiros
em sua estrutura de capital”

A equação abaixo mostra como é formado o 𝛽 da empresa com a composição


das duas fontes de financiamento.
𝐶𝑡 𝐶𝑝
𝛽𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 = 𝛽𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = 𝑥𝛽 𝑐𝑡 + 𝑥𝛽𝑐𝑝
𝐶𝑡 + 𝐶𝑝 𝐶𝑡 + 𝐶𝑝

Onde: 𝐶 𝑡 = 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠;

𝐶𝑝 = 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜

Para entender a forma como a alavancagem ocorre é necessário admitir que o


𝛽 dos capitais de terceiros, ou das dívidas, seja nulo, ou seja 𝑥𝛽 𝑐𝑡 = 0. Com
essa hipótese a equação fica assim:
𝐶𝑝
𝛽𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 = 𝛽𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = 𝑥𝛽𝑐𝑝
𝐶𝑡 + 𝐶𝑝

Numa empresa alavancada, 𝛽𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 < 𝛽𝑐𝑝

Reformulando a equação acima temos:


𝐶𝑡
𝛽𝑐𝑝 = 𝛽𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠(1 + )
𝐶𝑝
A equação mostra que para uma empresa alavancada, mostra que quanto maior
o endividamento, maior será o beta do capital próprio (𝛽𝑐𝑝). Ou seja, ao ampliar
a participação do capital de terceiros, o retorno aumentará, assim como o risco
também.

Bibliografia Básica
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 4. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

ASSAF NETO, A., LIMA, F. G, Fundamentos de Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017.

BERNARDI, L. A. Manual de plano de negócios: fundamentos, processos e estruturação. São


Paulo: Atlas, 2007.

CASAROTTO FILHO, N., KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 2006.

CORREIA NETO, J, F. Excell para profissionais de Finanças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015

ROSS, S. A. WESTERFIELD, R. W. JAFFE J. F. Administração financeira: corporate finance. São


Paulo: Atlas, 2008.

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