Mães Apontam Frutos Negativos Da Educação Positiva

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Mães apontam frutos


negativos da educação
positiva e especialistas
explicam riscos
Método deriva de técnica criada por Jane Nelsen, escritora
americana que desenvolveu abordagem pioneira em 1981

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24.set.2024 às 14h00 Renata Moura notícias da folha no seu


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NATAL (RN) "Vocês viram o vídeo da mãe que fala que colheu os frutos Digite seu e-mail
negativos da educação positiva? Pois é, eu também colhi", conta a
assistente comercial Evelyn Faoth, 24, em uma gravação que alcançou
2,4 milhões de visualizações no TikTok em menos de um mês.
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O depoimento se baseia no comportamento da filha de 4 anos. A
criança, diz Evelyn, passou a debater e rebater tudo, após receber Por que meninas
adolescentes se
"muito poder de fala". Um efeito colateral, acredita, de ensinamentos apaixonam por

que passava à menina. Do "colocar a criança em posição de escolha rapazes que lhes
fazem mal?
sempre".

"Eu comecei a acompanhar conteúdos que falavam para dar voz à Falta de padronização de roupas frustra

criança, validar os sentimentos dela, entender o momento de uma mulheres, que têm dificuldade para
comprar tamanhos certos
birra, de ela bater o pé, como o emocional desregulado", diz ela à
reportagem. "Isso funcionou na minha casa por um tempo. Mas houve
Herói moderno é viciado em trabalho, mas
um efeito reverso." aceitamos menos outras dependências, diz
Anna Lembke

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Evelyn Faoyh, 24, compartilhou nas redes sociais os frutos negativos da educação positiva -
Leticia Moreira/Folhapress

Na casa da família as regras eram negociáveis, mas na escola, não. Isso


fazia com que a menina deixasse de fazer deveres quando não tinha
interesse. "Chegou um ponto que percebi que eu estava debatendo
demais com uma criança."

"Isso quer dizer que odeio a educação positiva? É claro que não. Mas
também não devemos colocar a educação positiva em uma bolha e
dizer que tudo é perfeito, porque não é."

O relato é semelhante ao de outras mães que afirmam colher frutos


negativos do método, definido por Liubiana Araújo, presidente do
Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da
SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), como a substituição da
punição pela reflexão, "para que a criança mesmo chegue à conclusão
das melhores condutas e atitudes".

Veja dez livros sobre criação de crianças e adolescentes

"A educação positiva significa substituir o gritar, o bater, por uma


atitude de educar de forma inteligente", afirma. "O que está
acontecendo é que isso está sendo confundido. A educação positiva
não é uma educação onde a criança toma as próprias decisões da sua
vida. Autoridade com afeto é o melhor caminho, segundo as
evidências científicas."

O método é uma derivação da chamada "disciplina positiva", uma


abordagem criada em 1981 pela psicóloga e escritora americana Jane
Nelsen. À Folha, a pesquisadora define como o respeito mútuo e o
estabelecimento de limites com firmeza e gentileza.

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Ela analisa, entretanto, que outros programas de educação foram


criados com partes da abordagem, mas sem bases fortes nessas
premissas e no que é a parentalidade, que define como "ajudar as
crianças a aprenderem habilidades sociais e de vida para contribuir
para um mundo melhor".

"Eu não conheço a base filosófica da educação positiva", diz Jane.


"Mas o problema é que está gerando mais confusão do que um
caminho claro para os pais. E o resultado está aparecendo nas salas de
aula com as crianças, com pais confusos e professores exaustos."

Jane Nelsen ao lado de edições do livro "Disciplina positiva" - Divulgação

Para a psicóloga, programas que não possuem literatura científica e


base psicológica, e se concentram demais no trauma dos pais, podem
levar a aplicações erradas. A disciplina positiva, ressalta, requer uma
mudança de paradigma e um treinamento aprofundado para
implementação bem-sucedida. "Isso não pode ser ensinado de forma
superficial por gurus online."

Gabriela Martins Ferro, 28, é outra mãe que viralizou em redes sociais
contando ter colhido "frutos não tão bons da educação positiva" com
a filha de 7 anos.

"Eu comecei a seguir a metodologia à risca e a prática se tornou


acolhê-la quando estivesse nervosa ou frustrada, dar espaço de fala
para tomada de decisões que não a colocassem em risco, parar para
ouvir, de certa forma negociar, deixar ela fazer coisas sozinha para ter
autonomia e só ajudar quando solicitado", diz ela.

"Mas a questão principalmente do espaço de fala nos trouxe muitos


conflitos e discussões que estremeciam nossa relação como mãe e
filha. Quando eu fui percebendo os malefícios de dar tanto ouvido ao
que ela tinha para dizer, comecei a me questionar do meu papel de
mãe."

Na educação positiva, afirma Gabriela, o que se opõe à cartilha é visto


como um potencial causador de traumas.

"E isso é horrível", diz ela. "Hoje, sinto que tiramos algumas
responsabilidades dela, começamos a fazer terapia, o que tem
melhorado muito em relação ao comportamental e à aceitação de
limites. Um trabalho de formiguinha, mas que tem dado resultado." O
assunto fez emergir um debate sobre a linha que separa a educação
positiva da educação permissiva.

A professora Edna Ponciano, pesquisadora do Instituto de Psicologia


da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), afirma que a
questão não é nova nos consultórios. "A maior preocupação é relativa
ao comportamento, sobre a dificuldade de estabelecer limites",
afirma. Mas "crianças sem limites", acrescenta, "são a consequência de
diversos fatores. A educação positiva não é a causa única, mas pode
atrapalhar a tarefa dos pais que se sentem culpados ou desorientados.
É preciso cuidar dos pais também".

Segundo a professora, "não é possível simplesmente encaixar as


pessoas em uma receita". É preciso descobrir o que faz sentido para a
família. "A educação positiva pode ser um mapa, mas o território
muda a cada relação entre pais e filhos", diz.

Nas redes sociais, a educação positiva se espalha em definições como


"revolução amorosa". Evelyn e Gabriela concordam que existem bons
frutos.

"Minha filha se tornou uma criança independente, sabe se expressar


muito bem e quando faz algo que não deveria não tem medo de nos
contar. Ela também aprendeu muito sobre os sentimentos dela e tem
facilidade para se autorregular quando é preciso", diz Evelyn.

Para Gabriela, a capacidade da filha de se colocar no lugar do outro foi


uma das vitórias colhidas. "Eu realmente tenho uma criança empática,
que tem um senso e um respeito com o próximo que é surreal. Ela
criou também uma autonomia relativamente boa. É uma criança super
pertencente. Sabe o que quer e o que não quer, e isso eu não acho de
todo ruim."

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LUCAS GOMES Há 20 min

"Autoridade com afeto é o melhor caminho". Simples assim... A Internet é um antro de


desinformação. Não existe fórmula mágica para se criar os filhos e esses "gurus digitais"
vendem essa e outras fantasias milagrosas. Tem hora que dá para negociar e dar mais
autonomia, mas tem hora que fazer valer a autoridade impositiva oras.

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