Es Tomas

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ESTOMAS

SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................... 3
2. Estomia respiratória................................................... 4
3. Estomia de alimentação.........................................12
4. Estomia de eliminação............................................20
Referências Bibliográficas..........................................32
ESTOMAS 3

1. INTRODUÇÃO das pessoas, as quais necessitam de


cuidado e atenção qualificada dos
A estomia (ou ostomia) é um pro-
profissionais de saúde, suprindo a
cedimento cirúrgico que consiste
demanda de assistência e a educa-
na exteriorização de parte do siste-
ção para o autocuidado.
ma respiratório, digestório e uriná-
rio, criando uma abertura artificial A terminologia da estomia se dá
(orifício) entre órgãos internos e o de acordo com o segmento corporal
meio externo. exteriorizado. Assim, tem-se as es-
tomias de respiração (traqueosto-
Condições traumáticas ou patoló-
mia), as estomias de alimentação
gicas podem gerar necessidade de
(gastrostomia e jejunostomia) e as
uma estomia para a manutenção da
estomias de eliminação (urosto-
vida. Acredita-se que viver com es-
mias, ileostomias e colostomias).
tomia seja um desafio para a maioria

SAIBA MAIS!
A partir do artigo 5º do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, as pessoas com es-
tomias foram identificadas como “deficientes físicos” no Brasil, considerando sua limitação e/
ou incapacidade para o desempenho de atividades, passando assim, a ter toda a proteção
social conferidos a uma Pessoa com Deficiência no ordenamento jurídico, nas esferas federal,
estadual e municipal.
ESTOMAS 4

MAPA MENTAL: DEFINIÇÃO

Abertura artificial entre órgãos


Conceito
internos e meio exterior

Estomias de respiração Traqueostomia


ESTOMAS

Gastrostomia

Estomias de alimentação

Terminologia Jejunostomia

Urostomias

Estomias de eliminação Ileostomias

Colostomias

2. ESTOMIA RESPIRATÓRIA das vias aérea, garantindo um acesso


rápido à ventilação assistida e higiene
A estomia respiratória é abertura em
brônquica. Surgiram outras indicações
um segmento do aparelho respiratório
posteriormente que incluíram a venti-
e a mais comum é a traqueostomia,
lação mecânica prolongada, seja hos-
na qual é realizado um procedimento
pitalar ou domiciliar, proteção das vias
cirúrgico que permite a comunicação
aéreas nos pacientes em coma, faci-
direta da traqueia com o meio externo.
litação da higiene brônquica, auxílio
A traqueostomia consiste na coloca- no desmame da ventilação mecânica,
ção cirúrgica de uma cânula na região obstrução das vias aéreas superiores,
da traqueia a qual pode ser definitiva entre outras.
ou temporária. É uma técnica descri-
A traqueostomia é o procedimento
ta há mais de 2.000 anos, cuja indica-
cirúrgico mais comum em pacientes
ção surge a partir da necessidade de
críticos que necessitam de ventilação
medidas urgentes para desobstrução
mecânica prolongada. As indicações
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para a traqueostomia em pacientes A traqueostomia pode ser realizada


críticos incluem as seguintes: em qualquer faixa etária e sua exe-
Presença de condições patológicas que cução vem crescendo a incidência nas
indiquem intubação mecânica prolonga- unidades de terapia intensiva permi-
da, incapacidade de proteger as vias aé- tindo a sobrevida e consequente alta
reas (VAs) ou ambos. dos pacientes graves, tanto em adul-
tos como em crianças, entretanto, sua
Edema das vias aéreas e via aérea de alto indicação em crianças, especialmente
risco após trauma e cirurgia maxilofacial. naquelas menores de 1 ano de idade,
Alto risco para abordagem de via aérea tem aumentado consideravelmente.
em razão de imobilização para fixação A traqueostomia é uma operação de
da fratura cervical. fácil execução, mas que não pode
Necessidade de via aérea cirúrgica em ser subestimada. As condições para
razão da impossibilidade de intubar o realizá-la devem ser ideais, isto é:
paciente. material adequado, equipe cirúrgica
treinada, paciente com anestesia ge-
SE LIGA! Condições de ventilação arti- ral ou local em ambiente cirúrgico. A
ficial por prolongados períodos de tem- traqueostomia percutânea por dilata-
po requerem traqueostomia para pre- ção (TPD) e a traqueostomia aberta
venir estenose subglótica ou disfunção
podem ser realizadas com segurança
laríngea. O tempo para a indicação da
traqueostomia permanece controverso à beira do leito na UTI. A facilidade e a
em pacientes com ventilação mecânica conveniência da traqueostomia à bei-
prolongada. Estudos apoiam a traque- ra do leito para pacientes críticos tor-
ostomia precoce (até sete dias) versus
traqueostomia lenta (após sete dias),
naram o desempenho à beira do leito
com estadias mais curtas na UTI e me- o padrão em muitas instituições.
nos ventilação mecânica, mas sem dife-
rença na mortalidade em populações de
pacientes traumatizados e não trauma- SE LIGA! Os procedimentos cirúrgi-
tizados. No entanto, um estudo rando- cos à beira do leito tornaram-se padrão
mizado de pacientes internados em UTI em unidades de terapia intensiva (UTI),
demonstrou uma redução significativa substituindo a sala de operações (SO)
na mortalidade, pneumonia e extuba- como a localização preferencial para
ção acidental quando a traqueostomia procedimentos selecionados em pacien-
precoce (48 horas) foi comparada com a tes críticos.
traqueostomia tardia (14 a 16 dias) para
pacientes com previsão de ventilação
mecânica superior a 14 dias. O grupo Para realização do procedimento,
com intervenção precoce também dimi-
o paciente deve estar em decúbito
nuiu significativamente os dias de per-
manência e de uso do ventilador na UTI. dorsal horizontal, com coxim sob os
ombros para discreta hiperextensão
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do pescoço. O cirurgião se coloca à Incisão em colar, localizada no meio


direita do doente e o assistente em da distância entre a cartilagem cri-
frente ao cirurgião. Prefere-se a anes- coide e a fúrcula esternal, numa ex-
tesia local por infiltração. Em casos tensão de 3-4 cm, com abertura da
de crianças ou pacientes agitados, a pele e tela subcutânea. A hemostasia
anestesia geral, sempre que possível, deve ser rigorosa, tomando-se cuida-
superar a anestesia local. do com as veias jugulares anteriores.
Os tempos operatórios são:

Figura 1. Incisões em colar e longitudinal.


Fonte: Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia, 4 ed, 2007

Abertura da rafe mediana com afas- ser seccionado ou ressecado entre


tamento lateral dos músculos pré- pinças, com sutura das superfícies
-tireoidianos e exposição do istmo cruentas; ficam expostos os primeiros
da glândula tireoide, que poderá ser anéis traqueais.
afastado caudal ou cranialmente,
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Figura 2. Afastamento do istmo da tireoide e abertura do anel traqueal.


Fonte: Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia, 4 ed, 2007

Figura 3. A Ressecção do istmo da tireoide. B Rafia do istmo da tireoide. Fonte: Técnica cirúrgica: bases anatômicas,
fisiopatológicas e técnicas da cirurgia, 4 ed, 2007
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Exposição e abertura da traqueia aspirador neste tempo operatório


seccionando-se 3 ou 4 anéis a partir para evitar penetração de sangue na
do segundo, após sua tração anterior árvore brônquica.
com pinça de Allis ou pequenos gan- Introdução da cânula traqueal com
chos metálicos; esta abertura é feita cuidado, observando-se sua curva-
com bisturi próprio no sentido longi- tura, munida do respectivo mandril;
tudinal e deve ser suficiente para a após a retirada deste, o paciente deve
passagem da cânula. Deve-se usar ser ventilado.

Figura 4. Introdução da cânula com mandril.


Fonte: Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia, 4 ed, 2007

Fechamento da pele e tela subcutâ- ao redor do pescoço. A sutura da pele


nea com pontos separados, de ma- não deve ser total, para evitar a for-
neira a deixar larga abertura para a mação de enfisema subcutâneo no
cânula, que é amarrada pelo cadarço território da traqueostomia.
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Figura 5. Fixação da cânula ao redor do pescoço.


Fonte: Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia, 4 ed, 2007

Curativo com gaze, sob o pavilhão da relevante e da mortalidade. A tra-


cânula externa. queostomia percutânea também de-
A traqueostomia percutânea por di- monstrou ser mais econômica em pa-
latação (TPD) tornou-se amplamente cientes gravemente doentes na UTI.
utilizada para a traqueostomia ele- Complicações a longo prazo não fo-
tiva em pacientes adultos em esta- ram adequadamente estudadas em
do grave. Ao comparar a TPD com a ensaios clínicos randomizados para
traqueostomia cirúrgica-padrão re- extrair conclusões.
alizada em sala de operação, a TPD Complicações relacionadas à tra-
demonstra diminuição da infecção na queostomia podem ser divididas em
ferida, do sangramento clinicamente imediatas, precoces e tardias:
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IMEDIATAS PRECOCES TARDIAS


Hemorragia Hemorragia Estenose traqueal
Dano a estrutura traqueal Pneumotórax Granuloma
Falha do procedimento Deslocamento da cânula traqueal Traqueomalácia
Broncoaspiração Pneumomediastino Pneumonia
Perda do trajeto para via aérea Enfisema subcutâneo Broncoaspiração
Morte Infecção do estoma Fístula traqueo-inominada
Hipóxia Ulceração do estoma
Hipercarbia Disfagia Fístula traqueo-esofágica
Falso trajeto Decanulação acidental
Tabela 1. Complicações relacionadas à traqueostomia.
Fonte: Ministério da Saúde, Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia, 2019
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MAPA MENTAL: ESTOMIA RESPIRATÓRIA

TRAQUEOSTOMIA

Conceito Indicações Técnicas Complicações

Patologias
Colocação cirúrgica de que indiquem
uma cânula na região Traqueostomia Imediatas Precoces Tardias
intubações cirúrgica-padrão
da traqueia definitiva prolongadas e/ou
ou temporária incapacidade de
proteger VAs Hemorragia,
Traqueostomia Hemorragia, dano pneumotórax,
Estenose traqueal,
percutânea por à traqueia, falha, deslocamento
granuloma,
dilatação (TPD) broncoaspiração, da cânula,
traqueomalácia,
Edema das VAs e perda do trajeto, pneumomediastino,
pneumonia,
VA de alto risco morte, hipóxia, enfisema subcutâneo,
broncoaspiração,
hipercarbia, infecção, ulceração,
fístula
falso trajeto disfagia, decanulação
acidental

Impossibilidade
de intubação
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3. ESTOMIA DE com o objetivo de manter ou recupe-


ALIMENTAÇÃO rar o estado nutricional e clínico da
pessoa pode ocorrer por meio da nu-
A terapia nutricional (TN) é um con-
trição enteral (NE) ou nutrição paren-
junto de procedimentos terapêuticos
teral (NP).

HORA DA REVISÃO!
Nutrição Enteral (NE): alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrien-
tes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente
formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada
exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pa-
cientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospi-
talar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou
sistemas.
Nutrição Parenteral (NP): solução ou emulsão, composta basicamente de carboidra-
tos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em
recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes des-
nutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas.

Dentro dessa perspectiva, a Nutri- normais, se uma intervenção cirúrgi-


ção Enteral (NE) é apropriada para ca está ou não planejada e o tipo de
pessoas que apresentam o trato dieta a ser utilizada, considerando
gastrintestinal íntegro e funcionante questões da administração como vis-
no processo de digestão, mas com cosidade e volume da fórmula, devem
a ingestão oral parcial ou totalmente ser analisados na definição da via de
comprometida. Pode ser exclusiva ou acesso.
parcial a absorção, utilizar fórmulas, Usualmente são indicados sonda en-
industrializadas ou artesanais, espe- teral quando a NE será utilizada por
cialmente desenvolvidas para o uso curto período de tempo, tendo em
em sonda. Quando ofertada em am- vista que o uso nasoenteral prolonga-
biente domiciliar caracteriza a terapia do da sonda em contato com a muco-
de nutrição enteral domiciliar (TNED). sa é contraindicado pela possibilida-
O tempo previsto da alimentação en- de de complicações.
teral, o grau de risco de aspiração ou Sendo assim, quando a previsão de
deslocamento da sonda, a presença tempo da utilização de nutrição en-
ou ausência de digestão e absorção teral for maior que 4 semanas ou
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quando há alguma obstrução do estomia de alimentação e a sonda é


trato digestório, utiliza-se gastros- colocada no intestino delgado.
tomia ou jejunostomia. A gastrostomia é uma confortável al-
A gastrostomia é um procedimento ternativa para alimentação em médio
cirúrgico que permite acesso à câ- e longo prazo de pacientes que têm
mara gástrica pela parede abdominal dificuldade de ingestão por via oral.
com a criação de uma abertura arti- Além disso, diferentemente da jeju-
ficial do estômago. Já uma jejunos- nostomia, o alimento injetado pode ter
tomia também é considerada uma maior densidade, permitindo o uso de
dietas artesanais com mais liberdade.

Tubo
nasojejunal
Tubo
nasogástrico

Linha central da
NPT

Linha periférica Tubo


da NPT PEG

Tubo
jejunal

Figura 6. Posições dos tubos nasogástricos e nasojejunais. PEG, gastrostomia endoscópica percutânea. Fonte: Sabis-
ton tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019
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As gastrostomias e jejunostomias po- custos, além de maiores índices de


dem ser realizadas por via endoscó- morbidade e mortalidade associados.
pica, por laparoscopia ou laparoto- Por esses motivos, o método mais
mia. As duas últimas vias de acesso comum e atual de acesso enteral
são realizadas por cirurgias, que vin- é a gastrostomia endoscópica per-
culados a outros procedimentos hos- cutânea (GEP).
pitalares acarretam um aumento nos

A B C D

E F G H
Figura 7. Gastrostomia à Stamm: A) Incisão mediana supra-umbilical e sutura em bolsa na parede gástrica anterior. B)
Gastrotomia no centro da sutura em bolsa. C) Certificação do acesso à luz do estômago. D) Introdução da sonda. E) rea-
lização de nova sutura em bolsa invaginante. F) Exteriorização da sonda por contra-abertura. F) Início da fixação do peri-
tônio visceral ao parietal. G) Estômago fixo à face interna da parede abdominal com sonda no seu interior e exteriorizada
por contra-abertura. Fonte: http://revista.fmrp.usp.br/2011/vol44n1/Simp4_Gastrostomia_e_jejunostomia%20atual.pdf
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A B

C D
Figura 8. Gastrostomia à Witzel: A) sutura em bolsa. B) introdução da sonda após gastrotomia e realização de nova sutu-
ra em bolsa invaginante da mucosa. C) túnel com pontos seromusculares recobrindo a sonda. D) exteriorização da sonda
por contra-abertura. Fonte: http://revista.fmrp.usp.br/2011/vol44n1/Simp4_Gastrostomia_e_jejunostomia%20atual.pdf

A B

C D
Figura 9. Gastrostomia permanente realizada com grampeador: A) Preensão do estômago e grampeamento ao longo
da curvatura maior. (B e C) Preparação de um tubo gástrico. D) Aproximação da mucosa com a pele e introdução da
sonda. Fonte: http://revista.fmrp.usp.br/2011/vol44n1/Simp4_Gastrostomia_e_jejunostomia%20atual.pdf
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A B C

D E F

Figura 10. Gastrostomia endoscópica percutânea: seleção do local de punção por meio da pressão digital da parede
abdominal e do estômago com auxílio da transiluminação (A); manobra de segurança (aspiração para certificar-se
de que não há outra víscera oca interposta entre o estômago e a parede abdominal) (B); punção e introdução do fio
guia(C); exteriorização do fio guia pela boca com o auxílio do endoscópio; (D) fixação da sonda de gastrostomia ao fio
guia (E); exteriorização de forma retrógrada e fixação da sonda à parede abdominal (F). Fonte: http://revista.fmrp.usp.
br/2011/vol44n1/Simp4_Gastrostomia_e_jejunostomia%20atual.pdf

B C D

A E F

Figura 11. Jejunostomia: seleção do local (A), sutura em bolsa (B), introdução da sonda (C), realização do túnel sero-
muscular(D) e exteriorização da sonda com fixação do jejuno ao peritônio parietal (E e F). Fonte: http://revista.fmrp.usp.
br/2011/vol44n1/Simp4_Gastrostomia_e_jejunostomia%20atual.pdf
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A realização da GEP proporciona uma perfuração, além do risco de hipóxia e


nutrição enteral segura e a longo pra- hipotensão.
zo em pacientes com disfagia ou in- O sangramento durante a realização
gestão oral insuficiente. No entanto, da passagem sonda de gastrosto-
as complicações relacionadas à nu- mia é uma complicação incomum,
trição gástrica, como pneumonia por ocorrendo em até 2,5% dos casos.
aspiração e vazamento para a pele A completa laceração do estômago,
periestoma grave, podem impedir o duodeno ou cólon é uma complica-
uso da GEP. A jejunostomia pode su- ção catastrófica que ocorre de 0,5% a
perar essas complicações com o for- 1,3% dos casos e pode ser minimiza-
necimento de dieta após o piloro. da com atenção rigorosa com transi-
luminação e palpação da parede an-
SE LIGA! O número de procedimentos terior do abdome.
de sondas de gastrostomia instalados
por via endoscópica tem aumentado
As complicações tardias estão relacio-
significativamente. É mais utilizada de- nadas à infecção do sítio de gastros-
vido ao baixo custo, menor tempo de tomia, irritação periestoma, Síndrome
hospitalização, baixos índices de com- de Buried Bumper, retirada inadverti-
plicações e de morbimortalidade, quan-
do comparada à técnica tradicional. O da da sonda e infecção fúngica.
índice de complicações varia de 6% a A infecção da pele periestoma é uma
56% para a gastrostomia por laparoto-
mia e de 2% a 15% para gastrostomia das complicações mais comuns, ocor-
por endoscopia. Essas intervenções, rendo 30% e com mais frequência
tradicionalmente feitas por laparotomia, nos diabéticos, obesos, desnutridos,
seguem-se de elevada porcentagem de
em uso de corticoides ou em terapia
complicações incisionais e respiratórias,
tendo sido referidos índices de morbida- imunossupressora.
de de até 50% e mortalidade que pode O extravasamento de secreção gás-
atingir 35%.
trica/dieta enteral causa lesão da pele
periestoma, que é um problema re-
As complicações relacionadas às portado na literatura de 1,0% a 2,0%.
gastrostomias podem variar de 0,4% Os fatores de risco incluem infecção
a 43%; a mortalidade relacionada ao no sítio da sonda, aumento de secre-
procedimento de 0% a 2% e a morta- ção gástrica, limpeza excessiva com
lidade após 30 dias ocorrer de 6,7% peróxido de hidrogênio, Síndrome de
a 26%. As complicações agudas da Buried Bumper, torção da sonda de
passagem da sonda de gastrosto- gastrostomia e excessiva tensão en-
mia estão relacionadas à sedação tre o balonete interno e o anteparo
e ao próprio procedimento. As mais externo.
comuns são aspiração, hemorragia e
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A Síndrome de Buried Bumper, outra crescimento fúngico na parede inter-


complicação temida, está relaciona- na da sonda com dilatação e quebra,
da à penetração do próprio balonete sendo reportado em até 70% após
da sonda de gastrostomia na muco- 450 dias de sua passagem.
sa gástrica e pode ocorrer de 1,5% a Sondas gastrojejunais podem apre-
8,8% dos casos. Esta síndrome ocor- sentar complicações que variam de
re quando há tensão excessiva entre 53% a 84%, causadas pelo movi-
o balonete interno e o anteparo exter- mento retrógrado da sonda ou des-
no, desnutrição e considerável ganho locamento com obstrução e/ou dobra.
de peso e caracteriza-se pela presen- A migração do jejuno para o duodeno
ça de infecção local, imobilização do ou estômago é a única complicação e
próprio dispositivo, dor abdominal e ocorre de 27% a 42% dos casos.
resistência na infusão da dieta enteral.
As complicações com sonda je-
Uma retirada acidental da sonda de junais são semelhantes às de gas-
gastrostomia pode ocorrer de 1,6% trostomias. As jejunostomias podem
a 4,4% dos casos. Sabe-se que ma- causar volvo, perfuração do intestino
turação ou cicatrização do pertuito delgado e fístula enterocutânea per-
da gastrostomia ocorre usualmente sistente. As complicações menores
no período de 7 a 10 dias, podendo podem variar de 6% a 11%, incluindo
ocorrer mais tardiamente até quatro também perfuração colônica, sangra-
semanas nas situações de desnutri- mento severo e abscesso de parede
ção, ascite ou tratamento com corti- abdominal.
coides o que acaba contribuindo para
a remoção acidental da sonda. As As complicações de maior incidência
principais causas estão relacionadas nas gastrostomias endoscópicas
com delirium, demência ou outra alte- são hemorragia no local da punção,
ração do quadro mental. infecção e dor local, remoção precoce
da sonda e fístula gastrocolocutânea.
Outra complicação possível diz res- Podem dividir-se em maiores e me-
peito à infecção fúngica no sítio de nores. Complicações maiores ocor-
inserção que ocorre devido a sa- rem, no total, em 1 a 2% dos casos e
turação do dispositivo pelo próprio complicações menores em 7 a 14%.
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COMPLICAÇÕES MENORES COMPLICAÇÕES MAIORES


Vazamento através do orifício da gastrostomia Desenvolvimento ou exacerbação da DRGE
Granuloma Peritonite
Infecção local de parede abdominal Fístula gastrocolocutânea
Dor local Obstrução intestinal
Dificuldade de tolerar dieta Hemorragia grave
Dificuldade os pais em usar a sonda Sepse
Hemorragia digestiva alta discreta Fascite necrotizante
Pneumoperitônio Pneumonia aspirativa
Úlcera de contato Vazamento intraperitoneal do conteúdo gástrico
Deslocamento da sonda
Febre Perfuração
Saída inadvertida da sonda
Tabela 2. Complicações maiores e menores da GEP.
Fonte: Ministério da Saúde, Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia, 2019

MAPA MENTAL: ESTOMIA DE ALIMENTAÇÃO

GASTROSTOMIA JEJUNOSTOMIA

Procedimento cirúrgico que Procedimento cirúrgico que


permite acesso à câmara gástrica permite acesso ao jejuno
pela parede abdominal pela parede abdominal

Indicações: Indicações:
• Tempo previsto de nutrição • Tempo previsto de nutrição
enteral > 4 semanas enteral > 4 semanas
• Obstrução do TGI • Obstrução do TGI

Não possui as complicações


Alimento pode ter maior
relacionadas à nutrição gástrica
densidade (maior liberdade para
(pneumonia por aspiração e vazamento
uso de dietas artesanais)
para pele com periestoma grave)

Técnicas: Técnicas:
• Via endoscópica (mais comum e atual) • Via endoscópica
• Laparoscopia • Laparoscopia
• Laparotomia • Laparotomia
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4. ESTOMIA DE a porção intestinal envolvida, como


ELIMINAÇÃO ileostomia, colostomia, entre outras.
As estomias de eliminação também Mesmo com as dificuldades encon-
são procedimentos cirúrgicos que tradas no Brasil para se definir o nú-
consistem na exteriorização de par- mero real de pessoas com estomias
te do sistema digestório e urinário, de eliminação, alguns estudos têm
criando uma abertura para a elimi- sugerido um perfil predominante de
nação de fezes, gases e urina para o pessoas do sexo feminino, com idade
meio externo. maior que 60 anos, câncer colorretal
como fator causal da cirurgia gerado-
As estomias urinárias são realiza-
ra da estomia. Essas por sua vez são,
das em pessoas com doenças que
em sua maioria, do tipo colostomias e
envolvem a pelve renal, ureteres, be-
de caráter permanente.
xiga e uretra. Essas derivações têm
por finalidade preservar a função Estomia urinária
renal. Estão previstas na abordagem As derivações urinárias foram descri-
terapêutica de algumas doenças que tas nos séculos XIX, mas se tornaram
incluem as neoplasias, disfunções comuns no ambiente urológico ape-
neurológicas, doenças obstrutivas do nas no século XX e tem como prin-
trato urinário e algumas anomalias cipal objetivo de drenar a urina, sob
congênitas. baixa pressão, para não ocorrer da-
Já as estomias intestinais são indi- nos aos rins.
cadas quando alguma parte do intes- As principais indicações para a con-
tino apresenta disfunção, obstrução fecção da derivação urinária são os
ou lesão. A abordagem terapêutica tumores do trato urinário, as lesões
contempla um grande número de do- funcionais graves e as anomalias
enças que incluem câncer colorretal, anatômicas. Podem ser divididas em
doença diverticular dos colos, doença permanentes ou temporárias, conti-
inflamatória intestinal, incontinência nentes e incontinentes.
anal, colite isquêmica, polipose, trau- As derivações urinárias, de acordo
ma abdominal com perfuração intes- com a localização anatômica, podem
tinal, mega cólon, dentre outras. O es- ser classificadas, conforme apresen-
toma recebe o nome de acordo com tado a seguir:
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CLASSIFICAÇÃO DAS DERIVAÇÕES URINÁRIAS DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO


Nefrostomia ou
Quando derivadas diretamente dos rins
pielostomia
Ureterostomia Quando exterioriza um ureter
Cistostomia Quando deriva da bexiga
Vesicostomia Quando a mucosa da bexiga é suturada na pele, acima da sínfise púbica
Tabela 3. Classificação das derivações urinárias de acordo com a localização.
Fonte: Ministério da Saúde, Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia, 2019

As complicações que podem surgir o segmento distal do intestino grosso,


após o procedimento cirúrgico con- na porção do colo ascendente e sig-
sistem em infecção com deiscência moide e o reto, impedindo o restabe-
da ferida operatória, extravasamento lecimento do trânsito intestinal.
de urina, hematúria, fístulas entérico- Outra classificação é conforme o seg-
-urinárias, infecção do trato urinário/ mento do intestino utilizado e/ou da
sítio cirúrgico, além de pielonefrite, re- técnica cirúrgica realizada. Tanto a lo-
tração da estomia, estenose, forma- calização anatômica da estomia como
ção de cálculos e hidronefrose com a técnica cirúrgica empregada terão
deterioração da função renal. Essas impacto nos domínios biopsicosso-
podem ser classificadas como preco- ciais e espirituais e influenciarão as
ces ou tardias. características e o volume de drena-
As complicações relativas a pele pe- gem e, consequentemente, o estilo e
riestoma são dermatites irritativas, a qualidade de vida do indivíduo.
lesões pseudo-verrugosas, incrusta-
ções alcalinas, varizes e pioderma. SE LIGA! Em alguns casos é possível
realizar a reversão da estomia intestinal.
Essa reversão é um procedimento cirúr-
Estomias intestinais gico para reconstrução do trânsito intes-
tinal, no tempo oportuno. A celeridade
As estomias intestinais são as mais na realização da reversão apresenta
conhecidas dentre as de eliminação, benefícios tanto ao sistema de saúde
as quais podem ser temporárias ou quanto às pessoas, visto que reduz o
custo do tratamento e melhora a quali-
permanentes/definitivas. São tempo- dade de vida e a funcionalidade.
rárias quando o problema que levou à
sua confecção é sanado e possibilita a
reconstrução do trânsito intestinal, ou As estomias realizadas no segmento
a reversão do trato digestório cirurgi- distal do intestino delgado (íleo) são
camente. Por sua vez, as permanen- denominados ileostomias e as do in-
tes/definitivas são as que apresentam testino grosso são as colostomias.
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As intestinais são feitas em alças com As estomias intestinais, dependendo


mobilidade e comprimento que faci- da sua localização, podem apresentar
litem sua exteriorização pela parede características peculiares ao segmen-
abdominal. to intestino que foi realizada, poden-
do ser classificadas conforme apre-
sentado a seguir:

CLASSIFICAÇÃO DAS ESTOMIAS INTESTINAIS


É a exteriorização da parte final do intestino delgado, decorrente de qualquer
Ileostomia motivo que impeça a passagem das fezes pelo intestino grosso. Os efluentes,
nesse caso, são mais líquidos do que os eliminados por uma colostomia.
É realizada com a parte ascendente do cólon (lado direito do intestino grosso).
Colostomia Ascendente As fezes são líquidas ou semi-líquidas nos primeiros dias após a cirurgia e pasto-
sas após a readaptação intestinal.
Colostomia É realizada na parte transversa do cólon (porção entre o cólon ascendente e des-
Transversa cendente). As fezes são de semi-líquidas a pastosas.
É realizada na parte descendente do cólon (lado esquerdo do intestino grosso).
As fezes são de pastosas a sólidas e, no início, o funcionamento do estoma é
Colostomia
irregular podendo eliminar fezes várias vezes ao dia, em diferentes momen-
Descendente
tos. Com o tempo, o funcionamento pode se regularizar, mas será sempre
involuntário.
Colostomia É realizada na parte do sigmoide. As fezes são de firmes a sólidas (semelhante
Sigmoide às fezes eliminadas pelo ânus) e também é possível adquirir regularidade.
É realizada para permitir a saída de urina e fezes pelo mesmo estoma. É uma
Colostomia
alternativa para pessoas que necessitam de dupla derivação (aparelho urinário e
Úmida em Alça
digestório).
Tabela 4. Classificação das estomias intestinais.
Fonte: Ministério da Saúde, Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia, 2019

Em geral, os estomas são realizados íleo ou de colo até a parede abdomi-


para proteger temporariamente nal e abrindo a parede lateral do in-
uma anastomose distal ou como via testino, deixando uma abertura proxi-
permanente para o conteúdo enté- mal e outra distal. Em geral, quando o
rico quando há ressecção do colo do estoma é bem feito, pouca ou nenhu-
intestino e/ou reto. Há duas configu- ma quantidade de fezes passa pelo
rações para um estoma. A ileostomia segmento distal do estoma. Isso per-
ou a colostomia terminais são cria- mite descompressão retrógrada do
das suturando a extremidade do íleo intestino distal, com a vantagem de
ou do colo à parede do abdome. A ser mais fácil de reconstruir, na me-
ileostomia ou a colostomia em alça dida em que ambos os segmentos se
são feitas trazendo um segmento de encontram na parede do abdome.
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Nas cirurgias eletivas, as ileostomias que não desejem a reconstrução com


em alça são muito usadas para pro- proctocolectomia restauradora com
teção de anastomoses ileoanais e bolsa ileal e anastomose anal (IPAA)
anastomoses pélvicas baixas color- ou não sejam candidatos a esta téc-
retais ou coloanais. Essas ileostomias nica. Também são muito usadas nos
são temporárias e desviam grande pacientes com indicação de colec-
parte do fluxo fecal da anastomose. tomia subtotal em regime de emer-
As ileostomias terminais são usadas gência que não tenham condições de
nas cirurgias eletivas de pacientes tolerar uma anastomose em razão do
com indicação de proctocolectomia e quadro muito grave.

Figura 12. Íleo trazido através da abertura.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019
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Figura 13. Maturação da ileostomia.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019

Figura 14. Confeccionando ileostomia à Brooke.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019
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Figura 15. Ileostomia em alça em continuidade.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019

Figura 16. Concluindo ileostomia em alça.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019
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SAIBA MAIS!
A bolsa de Kock, ou ileostomia continente, envolvia a formação de um reservatório ileal com
uma válvula no nível da pele para permitir que o paciente realizasse a cateterização do es-
toma várias vezes ao dia. Assim, o paciente não necessitava de um dispositivo no estoma e
era capaz de controlar o momento da evacuação das fezes. Contudo, esse procedimento foi
associado a uma alta taxa de complicações e de insucesso, e foi em grande parte substituído
pela IPAA.

As colostomias são usadas em pa- intestino grosso, perfuração ou trau-


cientes com câncer retal baixo com matismo, quando se considerar im-
indicação de ressecção abdominope- provável a cicatrização da anastomo-
rineal (RAP) ou de ressecção anterior se ou quando o paciente estiver muito
baixa (RAB) que não sejam candida- doente para tolerar o procedimento.
tos à anastomose baixa. Ademais, são As colostomias em alça são menos
usadas em pacientes que necessitem usadas, uma vez que estão associa-
de derivação fecal para tratar fístula das a taxas mais altas de complica-
crônica ou, em quadro de emergên- ções, particularmente prolapso, em-
cia, em pacientes com obstrução do bora sejam mais fáceis de reverter.

Figura 17. Colostomia terminal. Bordas do estoma suturadas na pele.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019
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Figura 18. Colostomia em alça.


Fonte: Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna, 20 ed, 2019

Quando possível, o paciente deve se de 5 a 7,5 cm ao seu redor. O esto-


encontrar com o profissional especia- ma deve ser visível para o paciente.
lista em enterostoma ou com o cirur- Idealmente deve estar situado abaixo
gião antes da cirurgia, para ser infor- da linha de cintura, no reto lateral. O
mado e orientado, e para a marcação paciente deve ser avaliado sentado,
do estoma. Demonstrou-se que a de pé e deitado, com e sem roupa. A
marcação pré-operatória do estoma marcação é feita com a participação
reduz complicações e melhora a qua- ativa do paciente, e o ideal é que este
lidade de vida pós-operatória. As ile- use uma bolsa de estoma sobre o lo-
ostomias normalmente são posicio- cal marcado durante vários dias antes
nadas no quadrante inferior direito da cirurgia, para assegurar que a po-
(QID), e as colostomias, no qua- sição é ideal.
drante inferior esquerdo (QIE). No Há várias etapas importantes du-
posicionamento devem ser evitadas rante a cirurgia que, quando segui-
rugas, dobras, cicatrizes e hérnias da das com rigor, reduzem a probabilida-
parede abdominal. Deve-se manter de de complicações. A primeira etapa
uma distância mínima de 5 cm para é assegurar mobilização adequada
a cicatriz cirúrgica e uma área limpa
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do intestino, de forma que o estoma estoma e/ou pela mobilização da


não fique sob tensão e não sofra re- alça intestinal para sua exteriori-
tração para o interior da parede ab- zação. A sua evolução deve ser
dominal. A segunda etapa é prestar acompanhada, uma vez que pode
atenção ao suprimento de sangue e provocar necrose, por diminuição
preservar os vasos mesentéricos e da irrigação sanguínea.
outros associados durante a mobi-
• Estenose: surge geralmente no
lização, para evitar lesão isquêmica
terceiro mês de pós-operatório,
com estenose subsequente. A tercei-
quando ocorre estreitamento da
ra etapa é produzir uma abertura no
luz da estomia, ocorrendo difi-
reto abdominal que seja tão pequena
culdade crescente para eliminar
quanto possível, para permitir a pas-
o conteúdo intestinal. A correção
sagem do estoma sem isquemia a fim
poderá necessitar de tratamento
de evitar que haja herniação. Por fim,
cirúrgico.
quando da maturação do estoma, o
objetivo deve ser criar uma protrusão • Foliculite: causada pela remoção
intestinal de 2 a 3 cm para assegurar traumática dos pelos da região pe-
boa aderência à bolsa e aumentar a riestomal ou remoção inadequada
proteção à pele. da bolsa, provocando lesão/infla-
As possíveis complicações da esto- mação na epiderme ao redor do
mia intestinal estão correlacionadas folículo piloso.
a diversos fatores, tais como: idade, • Varizes periestomais: ocorrem
alimentação, técnica cirúrgica ina- com a dilatação das veias cutâ-
dequada, esforço físico precoce, de- neas ao redor da estomia de cor
ficiência no autocuidado, infecções, roxo-azulado.
aumento de peso, localização inade-
• Hemorragia: pode ocorrer nas
quada da estomia e uso incorreto de
primeiras horas após a confecção
dispositivos prescritos.
da estomia, geralmente em decor-
As complicações da estomia intesti- rência da hemostasia inadequada
nal mais comuns são: durante a construção da estomia.
• Abscesso: pode surgir na esto- Ressalta-se que um pequeno san-
mia ou no orifício de exteriorização gramento inicial pode acontecer,
da alça intestinal e é geralmente mas se for contínuo e abundante
provocada por fungos ou germes um atendimento hospitalar deve
anaeróbicos. ser procurado imediatamente.

• Edema: ocorre pela infiltração de • Hérnia periestomal: surge quando


líquido nos tecidos próximos ao existe um espaço entre o segmento
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intestinal que forma a estomia e o • Retração: ocorre devido à má fixa-


tecido circundante, configurando ção ou insuficiente exteriorização
um defeito, sendo o resultado de da alça intestinal levando ao des-
uma saliência total ou parcial na locamento da estomia para a cavi-
base da estomia. Indica-se cirurgia dade abdominal.
corretiva apenas quando a hérnia
• Lesão da pele periestomal: pode
está causando muitos transtornos
decorrer do contato com efluente
às atividades de vida diária.
ou produtos utilizados na pele pe-
• Necrose: pode ocorrer por isque- riestomal. Esses agentes causam
mia arterial (insuficiência na che- distúrbios nos mecanismos de
gada de sangue), ou por isquemia defesa da pele, permitindo a pe-
venosa (drenagem venosa do seg- netração de substâncias nocivas
mento exteriorizado). e desenvolvendo processo infla-
matório. As causas mais comuns
• Prolapso: exteriorização inespe-
de dermatite por trauma mecâni-
rada total ou parcial do segmento
co incluem técnicas de limpeza ou
da alça intestinal pela estomia de
retirada traumática do dispositivo,
forma gradativa ou súbita. Esta
fricção ou pressão contínua de dis-
complicação não é letal, mas cau-
positivos mal adaptados, ou troca
sa problemas de pele e grande di-
frequente de bolsa coletora.
ficuldade no cuidado com estomia.
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MAPA MENTAL: ESTOMIA DE ELIMINAÇÃO

ESTOMIAS DE
ELIMINAÇÃO

ESTOMIAS URINÁRIAS ESTOMIAS INTESTINAIS

Objetivo: drenar urina sob Indicações: proteger temporariamente uma anasto-


baixa pressão e preservar rim mose distal ou via permanente para conteúdo entérico

Indicações: tumores do trato urinário, lesões


Configurações: terminal ou em alça
funcionais graves, anomalias anatômicas

Classificação de acordo à localização: ILEOSTOMIA COLOSTOMIA

1. Nefrostomia ou Efluentes mais líquidos Efluentes mais consisten-


2. Cistostomia
pielostomia do que na colostomia tes do que na ileostomia

3. Ureterostomia 4. Vesicostomia Posição: QID Posição: QIE


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MAPA MENTAL: GERAL

Conceito Abertura artificial entre órgãos Intubações prolongadas e/ou


internos e meio exterior incapacidade de proteger VAs
ESTOMAS
Edema das VAs e
Indicações VA de alto risco

Estomias de Impossibilidade de intubação


respiração Traqueostomia
Traqueostomia
cirúrgica-padrão
Técnicas
Traqueostomia
Tempo previsto de nutrição percutânea por
enteral > 4 semanas dilatação (TPD)
Indicações:
Obstrução do TGI

Via endoscópica
(mais comum e atual)

Estomias de Técnicas: Laparoscopia


alimentação
Laparotomia

Alimento pode ter maior densidade Pneumonia por


Gastrostomia (maior liberdade para dietas artesanais) aspiração
Jejunostomia Não possui as complicações Vazamento
relacionadas à nutrição gástrica para pele com
periestoma grave
Terminologia
Objetivo Drenar urina sob baixa
pressão e preservar rim
Tumores do
Urostomias trato urinário

Indicações Lesões funcionais


graves
Anomalias
anatômicas
Proteger temporariamente
Estomias de uma anastomose distal
eliminação Indicações
Via permanente para
conteúdo entérico

Terminal
Configurações
Em alça
Estomias intestinais
Efluentes mais
líquidos
Ileostomia
Posição: QID

Efluentes mais
consistentes
Colostomia
Posição: QIE
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada em Saúde. Departamento
de Atenção Especializada e Temática. Coordenação-geral de Saúde da Pessoa com Defici-
ência. Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia. Brasília: junho de 2019.
Goffi, Fábio Schmidt. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da
cirurgia. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2007.
Towsend, Courtney M., et al. Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática
cirúrgica moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
Rohde, Luiz. Osvaldt, Alessandro Bersch. Rotinas em cirurgia digestiva. 3. ed. Porto Ale-
gre: Artmed, 2018.
Doherty, Gerard M., et al. CURRENT cirurgia: diagnóstico e tratamento. 14. ed. Porto Ale-
gre: AMGH, 2017.
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