Adubacaocaupi

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ISSN 0104-7647

COMUNICADO
TÉCNICO Recomendação de
adubação e calagem
249 para o feijão-caupi
na região Meio-Norte
Teresina, PI
Dezembro, 2018
do Brasil

Francisco de Brito Melo


Milton José Cardoso
Edson Alves Bastos
Valdenir Queiroz Ribeiro
2

Recomendação de adubação e
calagem para o feijão-caupi na
região Meio-Norte do Brasil1
1
Francisco de Brito Melo, engenheiro-agrônomo, doutor em Produção Vegetal, pesquisador
da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Milton José Cardoso, engenheiro-agrônomo, doutor
em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Edson Alves Bastos,
engenheiro-agrônomo, doutor em Irrigação e Drenagem, pesquisador da Embrapa Meio-Norte,
Teresina, PI. Valdenir Queiroz Ribeiro, engenheiro-agrônomo, mestre em Experimentação
Agronômica, pesquisador da Embrapa Meio-Norte. Teresina, PI. (Embrapa Macroprograma
02: 02.14.01.006.00.04.001

O feijão-caupi é uma cultura de da calagem e da adição de adubos


grande importância socioeconômi- fosfatados. No entanto, Melo et al.
ca e seu cultivo tem se expandido (2017) alertam que essas práticas
notadamente nos Cerrados, onde podem induzir a deficiência de mi-
é incorporado aos arranjos produti- cronutrientes para a nutrição da cul-
vos como safrinha após as culturas tura. Além disso, o emprego de ferti-
da soja e do milho, e, em alguns lo- lizantes e corretivos para a produção
cais, como cultura principal. Quando agrícola é uma tomada de decisão
é cultivado em forma de sucessão, complexa no processo produtivo, em
o feijão-caupi tem um custo muito razão da interação entre o ambiente
competitivo, proporcionando aumen- e a cultura em exploração e também
to do interesse de produtores pela por ser um dos componentes mais
cultura. onerosos dos custos variáveis de
produção.
Cabe ressaltar que os solos bra-
sileiros, em sua maioria, são ácidos Dessa forma, é muito importante
e deficientes em minerais, principal- que a recomendação de corretivos
mente em fósforo, limitando, sobre- e fertilizantes no solo seja realiza-
maneira, a produtividade de grãos da criteriosamente, com base no
do feijão-caupi. Para correção des- conhecimento da relação existente
se problema, é necessário proceder entre a disponibilidade de um deter-
a elevação do pH do solo por meio minado nutriente no solo e a respos-
3

ta da planta à aplicação desse nu- os tratamentos foram com as mes-


triente. A partir desse conhecimento, mas doses de fósforo, associadas a
é possível estabelecer classes de diferentes doses de zinco (0, 2, 4 e
teores do nutriente no solo, para as 6 kg ha-1 de Zn) e no experimento 3,
quais se determina a quantidade do foram avaliadas diferentes doses de
nutriente a ser aplicada para a cultu- calcário para elevar as saturações
ra em questão, visando à obtenção de bases dos solos para 25%, 50%,
da máxima eficiência técnica e eco- 75% e 100%.
nômica da atividade.
Os resultados experimentais evi-
Nesse contexto, foram conduzi- denciaram que a calagem deve ser
dos três experimentos de calibrações feita para o cultivo do feijão-caupi
de doses de nutrientes e calcário nos sempre que a saturação por bases,
municípios de Parnaíba, PI, e Brejo, indicada na análise do solo, for in-
MA, nos anos agrícolas 2014/2015, ferior a 50%. O produtor deve apli-
2015/2016 e 2016/2017, com o obje- car, preferencialmente, o calcário
tivo de estabelecer recomendações dolomítico, para fornecer o cálcio
de doses de calcário, potássio, fósfo- e o magnésio em proporções equi-
ro e zinco para o feijão-caupi. libradas e com antecedência de 30
dias antes da semeadura. Ressalte-
Os experimentos foram implan-
se que o solo esteja com umidade
tados em regime de sequeiro, em
suficiente para permitir a reação do
Latossolos Amarelos, de textura
insumo na camada arável do solo. A
média na base física da Embrapa
quantidade do calcário deve ser cal-
Meio-Norte, em Parnaíba, PI (03o
culada para elevar a saturação de
05’ S; 41 47’ W; Altitude 65 m) e de
base para 60%, corrigindo o PRNT
textura argilosa no município de Bre-
para 100%.
jo, MA (03o 40’ S; 42 59’ W; Altitude
117 m). O delineamento experimen- Em relação ao fósforo, foram de-
tal foi blocos ao acaso, com quatro finidas funções de resposta (Figuras
repetições. As parcelas experimen- 1 e 2) para o estabelecimento das
tais continham quatro fileiras de 5,0 classes baixa, média, alta e muito
m de comprimento. No experimento alta do elemento no solo, com o in-
1, foram avaliadas diferentes doses tuito de recomendar, precisamente,
de fósforo (0, 40, 80 e 120 kg ha-1 de as doses de P2O5 para obtenção de
P2O5) e de potássio (0, 35, 70 e 105 elevadas produtividades de grãos de
kg ha-1 de K2O). No experimento 2, feijão-caupi.
4

Produtividade relativa de grãos (%)

Teores de P no solo (mg dm-3)


Figura 1. Função de resposta do feijão-caupi à aplicação de fósforo no solo, extraído
pelo método Mehlich 1, para solos com teores de argila menor que 350 g kg-1 de solo.
Parnaíba, PI, 2016.
Produtividade relativa de grãos (%)

Teores de P no solo (mg dm-3)


Figura 2. Função de resposta do feijão-caupi à aplicação de fósforo no solo, extraído
pelo método Mehlich 1, para solos com teores de argila maior ou igual a 350 g kg-1 de
solo. Brejo, MA, 2016.
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Pode-se perceber pelas Figuras Não houve influência da textura do


1 e 2 que quanto menor o teor de solo sobre as recomendações desse
fósforo no solo, tanto para o de tex- nutriente. Dessa forma, cultivos de
tura média como argilosa, menor a feijão-caupi em Latossolos de tex-
produtividade relativa de grãos. turas arenosa, média e argilosa que
apresentarem teor de K+ trocável
Baseado nessas funções de res-
menor ou igual a 0,23 cmolc dm-3 de-
posta, foram definidas as recomen-
vem receber uma adubação potássi-
dações de fósforo para solos com
ca com 65 kg ha-1 de K2O. Porém, se
diferentes teores de argila (Tabelas
o solo apresentar uma classe muito
1 e 2). Assim, para solos de textu-
alta (teor de K+ trocável maior ou
ra arenosa e média (teor de argila
igual a 0,37 cmolc dm-3), a aplicação
menor que 350 g kg-1 de solo), que
deverá ser de 35 kg ha-1 de K2O.
apresentem teor de fósforo menor
que 9 mg dm-3 (classe baixa), aplicar Ressalta-se que, para quantida-
80 kg ha-1 de P2O5. Evidentemente des de K2O superiores a 45 kg ha-1
que, quanto mais fósforo tiver o solo, em solos de texturas média e are-
menos adubo fosfatado o produtor nosa, deve-se aplicar 50% da dose
deverá aplicar. Com esse raciocínio, do fertilizante na linha de plantio e
se o solo de textura arenosa e média os 50 % restantes, em cobertura na
apresentar teor de fósforo maior que pré-floração da cultura.
17,1 mg dm-3 (classe muito alta), o
Quanto ao zinco, os resulta-
produtor deverá aplicar apenas 20
dos experimentais mostraram que,
kg ha-1 de P2O5.
quando o solo apresentar teores de
As quantidades de fósforo reco- Zn menor ou igual a 1,5 mg dm-3,
mendadas para as classes altas e as deficiências com esse nutriente
muito altas (Tabelas 1 e 2), dispostas podem ser corrigidas com a aplica-
acima dos níveis críticos, contidos ção de 2 kg ha-1 de Zn. A aplicação
nas Figuras 1 e 2, são para repor as desse adubo deve ser feita em fun-
quantidades do nutriente exportadas dação, juntamente com os demais
do solo pelos grãos nas colheitas. nutrientes usados na ocasião da se-
meadura.
Em relação ao potássio, foram
definidas quatro classes de acordo Nas pesquisas em apreço, não
com o teor de K+ no solo (Tabela 3). foram avaliadas doses de adubos
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Tabela 1. Recomendação de fósforo para a cultura do feijão-caupi, para solos com


teores de argila menor que 350 g kg-1 de solo.

P extraível(1) P2O5
mg dm -3
Classe Kg ha-1

≤ 9,0 Baixa 80

9,1 - 12,0 Média 60

12,1 – 17,0 Alta 40

≥ 17,1 Muito alta 20


(1)
P extraível pelo método Mehlich 1.

Tabela 2. Recomendação de fósforo para a cultura do feijão-caupi, para solos com


teores de argila maior ou igual a 350 g kg-1 de solo.
P extraível(1) P2O5
mg dm -3
Classe Kg ha-1

≤ 8,0 Baixa 100

8,1 - 11,0 Média 80

11,1 – 17,5 Alta 60

≥ 17,6 Muito alta 40


(1)
P extraível pelo método Mehlich 1.

Tabela 3. Recomendação de potássio para a cultura do feijão-caupi, para solos de


texturas média e argilosa.
K+ K 2O
cmolc dm -3
Classe Kg ha-1
≤ 0,23 Baixa 65
0,24 - 0,30 Média 55
0,31 - 0,37 Alta 45
≥ 0,37 Muito alta 35
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nitrogenados ou de outros micronu- vem ser utilizadas isoladamente. A


trientes. No entanto, em relação ao decisão final sobre a utilização des-
nitrogênio, Melo & Cardoso (2017) ses insumos deve, também, levar
relatam que o cultivo de feijão-caupi em consideração informações com-
em solos de textura arenosa e com plementares sobre as condições ge-
teores de matéria orgânica menores rais de uso da área em estudo, pres-
que 10 g kg-1 geralmente apresen- tadas pelos produtores aos agentes
ta deficiência de nitrogênio. Nessas da assistência técnica, para que os
condições, recomenda-se fazer a benefícios dessas práticas possam
inoculação com Rhizobium específi- ser otimizados.
co para a cultura ou fazer a aplica-
ção de até 30 kg ha-1 de N, em co-
bertura, aos 15 dias após a fase de Agradecimentos
emergência das plantas.
Ao analista Luís José Duarte
Em relação aos demais micro-
Franco pela contribuição nas aná-
nutrientes, Melo et al. (2017) des-
lises bromatológicas de folhas e
tacam que, além do zinco, o molib-
grãos, ao técnico José de Anchieta
dênio exerce grande influência na
Fontenele e ao assistente Antônio
nodulação e na fixação simbiótica
Vieira Paz pelas contribuições nas
do nitrogênio pelas leguminosas as-
instalações e avaliações dos en-
sociadas com bactérias do gênero
saios.
Rhizobium. Segundo esses autores,
a deficiência desses nutrientes ocor-
re, normalmente, em solos ácidos e
arenosos. A dose de 20 g de molib-
dênio é suficiente para tratar 20 kg
Referências
de sementes, quantidade necessá- MELO, F. de B.; CARDOSO, M. J. Solos e
ria para o plantio de um hectare com adubação. In: BASTOS, E. A. (Ed.). Cultivo
a cultura. de Feijão-Caupi. 2. ed. Brasília, DF: Em-
brapa, 2017. Versão eletrônica. (Embrapa
Salienta-se que as informações Meio-Norte. Sistema de produção, 2; Em-
apresentadas neste trabalho devem brapa Amazônia Ocidental. Sistema de pro-
nortear a recomendação de aduba- dução, 2; Embrapa Agrobiologia. Sistema de
ção química e calagem, mas não de- produção, 4).
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MELO, F. de B. et al. Zinc fertilization in co-


wpea cultivers. Revista Ciência Agronômica,
v. 18, n. 5 (Especial), p.739-744, 2017.

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podem ser adquiridos na: da Unidade Responsável

Embrapa Meio-Norte Presidente


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1a edição (2018): formato digital Ana Lúcia Horta Barreto, Braz Henrique Nunes
Rodrigues, Francisco José de Seixas Santos,
João Avelar Magalhães, Rosa Maria Cardoso
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Supervisão editorial
Lígia Maria Rolim Bandeira
Revisão de texto
Lígia Maria Rolim Bandeira
CGPE 14931

Normalização bibliográfica
Orlane da Silva Maia CRB 3/315
Tratamento das ilustrações
Jorimá Marques Ferreira
Foto da capa
Francisco de Brito Melo

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