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FORMAÇÃO CONTINUADA – FOCO IAS 04/2019

A sala de aula: como se dá a


implementação da BNCC na
sala de aula?
A sala de aula: como se dá a implementação da
BNCC na sala de aula?
Patrícia Carvalho Tinoco e Antônio Neto, Assessores Institucionais
Instituto Ayrton Senna

Introdução

Com a BNCC estados e municípios iniciaram a (re) elaboração de seus currículos da


Educação Infantil ao Ensino Fundamental Anos Finais. Esses, são documentos
curriculares, que conforme estabelecido pela Base devem trazer em sua concepção
princípios da Educação Integral para a promoção do desenvolvimento pleno dos
estudantes.

Agora, redes de ensino, através dos gestores e professores, tem o desafio de fazer com
que o novo curriculo de Educação Integral chegue as escolas e aterrissem nas salas
de aula, com ações alinhadas e práticas educacionais inovadoras que garantam a
aprendizagem e o desenvolvimento pleno dos estudantes.

Assim, neste texto iremos refletir sobre a Implementação da BNCC na sala de aula,
abordando temas importantes como Currículo de Educação Integral; concepção de
estudante; desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos estudantes;
competências gerais; gestão da aprendizagem; metodologias ativas e planos de
aula.
A Sala de aula - como se dá a implementação da BNCC na sala de aula?

Currículo de Educação Integral, concepção de estudante, desenvolvimento


cognitivo e socioemocional dos estudantes;

A Base Nacional Comum Curricular através das competências gerais definiu para o
Brasil o compromisso com a Educação Integral. Embora documentos legais como a
Constituição Federal e a LDB já fizessem referência ao chamado “desenvolvimento
pleno do indivíduo”, foi com a BNCC que esse objetivo se tornou mais assertivo.
Significa dizer que as redes de ensino e escolas deverão organizar seus currículos e
práticas pedagógicas de modo a promover uma formação muito mais completa
de seus estudantes, que considere os aspectos cognitivos, socioemocionais,
físicos e culturais que envolvem o desenvolvimento de cada um de modo a oferecer
condições para que tenham uma vida plena.

Estes princípios também estão presentes na Declaração de Incheon - Marco de Ação


da Educação 2030:

“A educação de qualidade promove criatividade e conhecimento e também


assegura a aquisição de habilidades básicas em alfabetização e matemática,
bem como habilidades analíticas e de resolução de problemas, habilidades
de alto nível cognitivo e habilidades interpessoais e sociais. Além disso, ela
desenvolve habilidades, valores e atitudes que permitem aos cidadãos levar
vidas saudáveis e plenas, tomar decisões conscientes e responder a desafios
locais e globais”.1

A ideia da Educação Integral traz outros componentes importantes para sua efetivação,
o mais importante é ter uma ideia clara sobre o público a que se destina. Por essa razão,
é fundamental que tenhamos uma visão bastante atual sobre a criança, adolescente
e jovem que pretendemos atender, pois, nesta concepção de educação, estes sujeitos
tornam-se centrais para toda aprendizagem.

Esta centralidade é fundamental para envolver os estudantes e dar significado maior ao


percurso de sua formação. Os estudantes passam a intervir mais diretamente nos
processos de aprendizagem e assumir responsabilidades que os ajudam a se tornar
indivíduos mais autônomos.

No entanto, colocá-lo na centralidade da aprendizagem não é uma tarefa fácil diante


tanto da organização curricular quanto das estruturas escolares ainda existentes no

1
Declaração de Incheon e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 4 – Marco de Ação da Educação
2030 -Fórum Mundial da Educação, Incheon, Coréia R, 2015
país. A escola que temos ainda reproduz o modelo de difusão científica proveniente do
século XIX, rigidamente organizada para difusão de um conhecimento fortemente
fragmentado, mas com foco exclusivamente para o desenvolvimento cognitivo. Sua
transição para uma escola de Educação Integral que trabalha para desenvolver as
diversas dimensões da formação do indivíduo requer uma mudança de paradigma que
começa necessariamente por uma nova concepção de currículo que nasce das
expectativas de crianças, adolescentes e jovens do século 21.

Parada no Box!

Tema: Visão de criança, adolescente e jovem - trechos do livro Polegarzinha de


Michel Serres:

“ Essas crianças, então, habitam o virtual. As ciências cognitivas mostram que o uso ela
internet, a leitura ou a escrita de mensagens com o polegar, a consulta à Wikipédia ou
ao Facebook não ativam os mesmos neurônios nem as mesmas zonas corticais que o
uso do livro, do quadro-negro ou do caderno. Essas crianças podem manipular várias
informações ao mesmo tempo. Não conhecem, não integralizam nem sintetizam da
mesma forma que nós, seus antepassados.

Não têm mais a mesma cabeça. Por celular, têm acesso a todas as pessoas; por GPS,
a todos os lugares; pela internet, a todo o saber: circulam, então, por um espaço
topológico de aproximações, enquanto nós vivíamos em um espaço métrico, referido por
distâncias. Não habitam mais o mesmo espaço. ” (Página 19)

“Sem que nos déssemos conta, um novo ser humano nasceu, no curto espaço de tempo
que nos separa dos anos 1970.

Eles não têm mais o mesmo corpo, a mesma expectativa de vida, não se comunicam
mais da mesma maneira, não percebem mais o mesmo mundo, não vivem mais na
mesma natureza, não habitam mais o mesmo espaço. ” (Página 20)
“Não tendo mais a mesma cabeça que os pais, é de outra forma que eles conhecem.

É de outra forma que escrevem, foi por vê-los, admirado, enviar SMS com os polegares,
mais rápido que eu jamais conseguiria com todos os meus dedos entorpecidos, que os
batizei, com toda a ternura, que um avô possa exprimir, a Polegarzinha e o Polegarzinho.
É o nome certo...” (Página 20)

Sugestão de leitura: Leia no Anexo I, Livro Polegarzinha de Michel Serres

Neste texto o filósofo Michel Serres reflete sobre as mudanças do viver, do ser, do saber e do
pensar no contexto da virtualidade do mundo digital. O livro traz uma visão de criança, de
adolescente e jovem do século 21.

Questões para Reflexão...

Conhecer o estudante para quem se deve organizar a aprendizagem é o maior desafio


hoje dos gestores e professores. Essas crianças, adolescentes e jovens do século 21
possuem uma forma de organizar o pensamento e construir o conhecimento bem diferente
dos estudantes do passado.

A partir da leitura do livro, Polegarzinha, e pensando acerca da ressignificação da


educação para o século 21, - concepção de escola e práticas pedagógicas utilizadas em
salas de aula atualmente - reflita...

Quem são as crianças, adolescentes e o jovens que queremos formar?

Por que é importante conhecer o estudante a quem o curriculo se destina?

Como você pode contribuir para ampliar o repertório de propostas desenvolvidas na sala
de aula e na escola como um todo?

Que outros fatores podem contribuir para as mudanças de práticas nas salas de aula?
O compromisso de uma Educação Integral é com a formação dos estudantes para que
se conheçam e se autodeterminem, sejam abertos ao novo e à resolução de problemas,
se coloquem em busca do que desejam, tomem decisões qualificadas, estabeleçam
objetivos e persistam no seu alcance, de forma colaborativa - mesmo em situações
adversas.

Essa formação integral, que envolve um tratamento integrado do currículo oferecido nas
escolas, por meio da articulação das áreas de conhecimento e da realização de projetos
com grande personalização de interesses, consolida competências para o convívio,
para a aprendizagem permanente e para o mundo do trabalho, permitindo que os
estudantes construam, com protagonismo e consciência, sua autonomia para fazer
escolhas na vida. Assim, um dos aspectos centrais da Educação integral é aquele
voltado ao desenvolvimento pleno dos estudantes, nos âmbitos cognitivo e
socioemocional, de modo a prepará-los para fazer escolhas com base em seu projeto
de vida.

Vale destacar que, na concepção do desenvolvimento pleno, fazer escolhas com base
em projeto de vida significa criar oportunidades para que os estudantes possam tomar
decisões com autonomia e responsabilidade, sendo capazes de estabelecer objetivos e
metas, construir caminhos e ter perseverança para alcança-los. Envolve também, a
capacidade dos estudantes de lidar com desafios, tomar decisões e realizar seus
projetos com responsabilidade, de maneira a se tornar agente de transformação de seu
próprio percurso e do entorno, de cuidar de si e também de se corresponsabilizar pelas
questões sociais, ambientais e comunitárias.

Nesse sentido, o curriculo de Educação Integral é a ponte que permite aos estudantes
fazer boas escolhas na escola e ao longo da vida, usufruindo do exercício da liberdade
de ser, pensar, decidir e agir de modo saudável, responsável e ético.

A partir do currículo de Educação Integral, inicia-se uma série de outras


transformações que organizam a escola e todos os seus fazeres em um outro patamar.

Este currículo exige que tenhamos bem claro qual a concepção de criança, adolescente
e Jovem que pretende atingir, ou seja, enxergá-los por trás do estudante que
convencionamos a definir e dialogar efetivamente com este universo múltiplo que habita
a escola, investindo fortemente na participação de cada um destes, permitindo a
personalização de seu percurso formativo, a partir de seu modo particular de estar
no mundo e aprender.
Em outros documentos já mencionamos que a BNCC estabeleceu 10 competências
gerais para nortear as áreas de conhecimento e seus componentes curriculares.
Segundo o documento, o desenvolvimento dessas competências é essencial para
assegurar os direitos de aprendizagem de todos os estudantes da Educação Básica.
Com forte carga no desenvolvimento socioemocional, está ancorada na definição
dos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores essenciais para a vida no
século 21. Desse modo, as 10 competências gerais comunicam aos educadores
claramente quem é o estudante que a BNCC propõe formar.

“Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu


compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a
Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano
global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade
desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que
privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva.
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança,
do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos
de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu
acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas
singularidades e diversidades”.2

Desse modo, a importância de elaborarmos um currículo que seja essencialmente de


Educação Integral envolve a dimensão da intencionalidade no desenvolvimento
pleno do estudante. Por essa razão é tão importante termos claro as concepções de
criança, adolescente e jovem, no momento inicial da organização curricular, que
implicará na mobilização de todos os recursos da escola de modo a oferecer uma
aprendizagem carregada de significado que possibilite que os conhecimentos
adquiridos trabalhem em favor de suas escolhas/projetos de vida.

Esse é um curriculo que responde as demandas do mundo contemporâneo e as


especificidades do estudante do século 21, cujo foco está na formação de sujeitos
críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo.

2
Base Nacional Comum Curricular, 2017.
Em resumo, o processo de implementação da BNCC nas Salas de aula, se inicia
essencialmente pelo currículo de Educação Integral que deve ser elaborado nesta
perspectiva. Desse modo, deverá incluir a superação da fragmentação disciplinar
como já proposta pela Base, e estimular o desenvolvimento conjunto das
competências cognitivas e socioemocionais que ampliam as dimensões de
formação individual, através de sua aplicação na vida, do protagonismo do estudante
e da contextualização.

Essa percepção singular de educação e de educando que investe fortemente na


participação de cada estudante permite a personalização de seu percurso formativo a
partir de seu modo particular de estar no mundo e de aprender e será, sem dúvida, um
imenso desafio de redimensionamento da escola e de ressignificação das práticas
pedagógicas e da condição docente. Nesse contexto, o papel de mediação do
professor assume especial relevo. “O professor não é mais o detentor do
conhecimento e sim aquele que mobiliza o estudante do século 21 para a busca
de respostas e soluções pautadas pelo constante questionar, proporcionando
verdadeiros momentos de vivência do processo investigativo”3.

Assim, para a implementação da BNCC nas escolas e salas de aula a atuação dos
educadores, ganha nova dimensão tanto na rotina da sala de aula quanto na rotina
escolar.

Rotina da Sala de Aula: o professor busca instaurar uma dinâmica participativa no


cotidiano das aulas, assumindo o papel de mediador do conhecimento, pela via da
problematização permanente e pela convocação, ao estudante, a assumir a postura de
investigador, de sujeito da construção de saberes.

Na Rotina Escolar: A escola se coloca em movimento, integrando o trabalho de toda a


equipe em prol do empreendimento de processos abertos à participação juvenil. Assim,
o dia a dia torna-se mais dinâmico, possibilitando a construção de novos arranjos até
mesmo para os tempos e espaços escolares.

Pontos importantes para transposição do Currículo de Educação Integral

O esforço para fazer chegar na sala de aula um currículo de Educação Integral


pressupõe uma série de estratégias desafiadoras que começam na forma de
organização curricular, passa pelas aprendizagens significativas e se consolida
na utilização de metodologias inovadoras. Vale lembrar que estamos diante de um

3
Diretrizes para a Política de Educação Integral - Solução Educacional para o Ensino Médio, Caderno 2.
2016.
currículo que identifica claramente seu público e trabalha com e a favor dele. Sendo
assim, sua implementação deverá escapar aos modelos tradicionais fortemente
voltados para o desenvolvimento cognitivo e incorporar uma visão de
aprendizagem que considere a relevância dos desafios contemporâneos na
mobilização dos conhecimentos. Neste sentido, afirmamos que um currículo de
Educação Integral deve estar organizado de modo a integrar todos os conhecimentos
das áreas levando os estudantes a desenvolverem uma visão mais ampla do mundo
tornando a aprendizagem mais relevante para suas decisões na vida.

A integração dos componentes curriculares, no entanto, se concretiza em múltiplos


níveis e por meio de recursos específicos que compõem as ações pedagógicas de
uma política de educação integral. Todo esse trabalho, como mencionamos, é
sustentado por uma concepção comum de criança, adolescente e jovem e organizado
tendo o desenvolvimento de competências para o século 21 como uma diretriz
norteadora. Ou seja, dialoga com os interesses, anseios, contexto e sonhos dos
estudantes promovendo sua atuação protagonista na aprendizagem.

Enquanto a fragmentação curricular contribui para o isolamento do professor na sua


disciplina, o currículo de Educação Integral integrado, pelo contrário, exige mais
colaboração entre os professores e equipes escolares e, especialmente, entre
professores e estudantes. Fica muito claro, nesse novo contexto, que o papel do
professor se transforma substancialmente quando passa assumir um caráter de
mediador de conhecimentos. Isso porque a definição aqui não se assemelha as práticas
tradicionais de integração curricular. Muitas propostas pedagógicas contemporâneas
trazem uma visão parcial acerca da integração curricular ao definir algum elemento
exterior, como um tema ou um projeto interdisciplinar e, a partir daí, buscar as conexões
entre as disciplinas. Iniciativas desse gênero, são comumente chamadas de “projetos
interdisciplinares” ou “projetos transdisciplinares que, no afã de promover as conexões
entre as disciplinas resultada em uma integração artificial. Em muitos casos ao forçar
uma integração por temas, por exemplo, o ensino da disciplina é prejudicado naquilo
que entendemos ser essencial na Educação Integral. A visão, o pensamento e os
conhecimentos necessários para o desenvolvimento de competências cognitivas e
socioemocionais ficam em segundo plano em relação ao tema ou projeto a ser
desenvolvido. Por essa razão, na proposta de educação integral, só é realizada a
integração das disciplinas em função de um tema ou projeto quando esta integração é
pertinente.
Parada no Box:

Tema: Integração Curricular

A integração dos componentes e Áreas de Conhecimento pode ser alcançada por


um conjunto de fatores, trabalhados conjuntamente:

A concretização, nas aulas, dos princípios educativos e das metodologias


ativas/integradoras comuns que colaboram para um fazer docente integrado;

O desenvolvimento intencional de competências para o século 21;

A promoção do aprendizado de tópicos comuns às disciplinas, que se interconectam e


se completam;

A construção da compreensão de fenômenos a partir de abordagens complementares;

Os fazeres em comum (métodos de pesquisa, procedimentos de análise de dados,


formas de comunicação de resultados, entre outros);

As formas de pensar sobre os objetos de conhecimento de cada Área;

As concepções e processos de avaliação.

Diretrizes para a Política de Educação Integral - Solução Educacional para o Ensino Médio, Caderno 2. 2016.

As Competências Gerais; a gestão da aprendizagem; as metodologias ativas e


planos de aula:

Devemos salientar que, ao incorporar as 10 competências gerais da BNCC em seus


currículos, as redes e escolas assumem também o compromisso pela Educação
Integral expresso nesse documento orientador.

Deste modo, entendemos que ao introduzir a concepção de Educação Integral nas


escolas as práticas cotidianas em sala de aula devem assumir um caráter articulado
em prol do desenvolvimento pleno dos estudantes, a partir de um conjunto claro,
intencional e estratégico de modos de fazer pedagógico. Trata-se da introdução das
Metodologias Ativas/Integradoras.

É através dessas metodologias que se consubstancia a transposição didática do


currículo de Educação Integral em atividades educativas possibilitando que os princípios
contidos no texto curricular cheguem como forma de aprendizagem aos estudantes.

Tais metodologias são chamadas de ativas pelo fato de traduzirem e integrarem os


princípios conceituais da Educação Integral. Elas orientam as práticas pedagógicas dos
professores para uma abordagem mais coesa, estruturada, intencional, colaborativa e
problematizadora. Alicerçam a promoção do protagonismo dos estudantes e do
desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, apoiando a
integração do currículo e das aprendizagens previstas nos componentes das
Áreas de Conhecimento.

Essas metodologias se revestem de uma unidade metodológica própria ao se revelar


como uma experiência escolar integrada para os alunos e os docentes. Pois, investem
radicalmente na participação dos estudantes na construção de conhecimentos, na
qualificação da mediação e da gestão da aula, do ensino e da aprendizagem pelo
professor. Na prática as metodologias ativas se estruturam nos planos de aula dos
professores.

Metodologias Ativas/Integradoras para Educação Integral

 Presença Pedagógica
 Aprendizagem Colaborativa
 Problematização
 Educação por Projetos
 Formação de Leitores e Produtores de Texto na perspectiva dos
Multiletramentos
 Ensino Híbrido

Numa proposta de Educação Integral, as metodologias ativas/integradoras


apoiam a consolidação da comunidade de sentido e prática dos professores e dão
unidade e sentido para a experiência escolar dos estudantes; integram o currículo
preservando as características das áreas de conhecimento; concretizam a
intencionalidade para a aprendizagem dos estudantes e concretizam as oportunidades
para que os saberes expressos nas 10 Competências Gerais sejam desenvolvidos pelos
estudantes.
Parada no Box para reflexão!

Na concepção de educação integral, o planejamento das atividades de ensino e aprendizagem


aproveitam ao máximo autoria dos professores, com o máximo de escuta e diálogo possível com seus
pares e estudantes com o objetivo de estimular ciclo de aprendizagem ativa e autônoma dos
estudantes. A experimentação, a personalização e a avaliação formativa são elementos importantes
quando se quer efetivamente garantir propostas contemporâneas (de metodologias ativas) equitativas
e inclusivas dentro e fora da sala de aula.

Refletindo...

Numa proposta de Educação Integral e tendo o olhar voltado a ressignificação das práticas
pedagógicas, como professores podem planejar suas ações com foco no antes, o durante e o depois
das aulas?

Antes da aula:

DETALHAR os objetivos e conteúdos que deseja trabalhar junto aos estudantes ao longo da aula
(Quais conhecimentos serão ensinados? Que competências serão desenvolvidas?)

DEFINIR como se realizará a gestão adequada do espaço, do tempo, dos recursos e das atividades,
de forma a melhor engajar os estudantes e atingir os objetivos de aprendizagem propostos.

PREPARAR os materiais que serão utilizados durante a aula, antevendo possíveis problemas em
relação à estrutura disponível e preparando “planos b”.

PLANEJAR as aulas (abertura, mobilização da turma, abordagem dos conhecimentos prévios,


realização de atividades individuais ou coletivas, encerramento) com foco na aprendizagem cognitiva
e socioemocional dos estudantes, buscando variar as estratégias didáticas e praticando as
metodologias ativas/integradoras.

DEFINIR indicadores e instrumentos para a avaliação (compreendida como fator de desenvolvimento


e de aprendizagem, ao invés de controle, punição ou recompensa), incluindo o desenvolvimento de
competências para o século 21.

Continua...
Durante a aula:

CUIDAR da gestão do tempo, evitando “ladrões” como a desorganização do espaço e dos materiais,
estabelecimento frágil ou insuficiente de regas de convívio, bagunça etc.

FAZER boas perguntas e suscitar perguntas dos estudantes, sendo receptivo a elas.

TRAZER bons exemplos para ilustrar os conceitos.

CRIAR oportunidades para o desenvolvimento de competências (cognitivas e socioemocionais) e


para a construção de conhecimentos com os alunos.

TRABALHAR intencionalmente o protagonismo dos estudantes para que eles se corresponsabilizem


pela gestão da atividade e assumam a gestão de suas aprendizagens.

ESTABELECER um pacto de trabalho com os estudantes, dialogando sobre os objetivos de cada


atividade e explicitando que atuação se espera deles e como serão avaliados.

REALIZAR orientações dos grupos de trabalhos.

PROMOVER a circulação da palavra nos momentos de discussão e nos debates.

PRATICAR as metodologias ativas/integradoras.

AVALIAR os estudantes durante e ao final de cada atividade, incluindo os alunos no processo de


avaliação e dando devolutivas.

Depois da aula:

ELABORAR e utilizar anotações com pontos de atenção relacionados à melhoria das atividades e à
aprendizagem dos estudantes.

COMPARTILHAR o processo e os resultados com outros profissionais docentes e a equipe de


gestão da escola.
Parada no Box para aprofundamento e reflexão!

Como professores e coordenadores podem planejar juntos seu trabalho?

Modalidades de Planejamento da seleção dos conteúdos de ensino e aprendizagem

A professora e pesquisadora Delia Lerner (2002), em seu livro “Ler e escrever na escola: o real o
possível e o necessário”, conceitua quatro grandes modalidades organizativas do planejamento e
seleção dos conteúdos de ensino do currículo escolar que podem ser adaptadas e personalizadas
em cada escola. São elas: sequência de atividades ou sequência didática, atividades
permanentes, projetos e atividades eventuais (independentes).

Estas modalidades organizativas dos conteúdos de ensino e aprendizagem são modos de facilitar
o trabalho do professor em planejar, registrar e organizar:

O foco de trabalho pedagógico

Clareza na seleção dos conteúdos e objetivos de aprendizagem (para o docente e para os


alunos)

Clareza dos critérios de monitoramento e avaliação das aprendizagens

A Gestão do tempo

A Mudança qualitativa no aproveitamento do tempo didático

A progressão de aprendizagens e a não fragmentação do conhecimento (em aulas ou grades)

Aproximação da prática escolar da prática social

Ou seja, as modalidades organizativas são modos ou formas dos professores (e mesmo dos
coordenadores) planejarem o trabalho didático-pedagógico sobre certos objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento articulando intencional e claramente uma resposta às
perguntas: o que, porque, como, onde, quando, ensinar e avaliar para além do limite de tempo de
uma hora-aula ou de uma hora-atividade.
Modalidades organizativas de planejamento docente dos conteúdos:

Sequência Atividades Projetos Atividades Eventuais


Didática Permanentes

São situações São situações São situações São situações


didáticas didáticas didáticas que ocasionais e não
articuladas, que propostas com oferecem planejadas em que
possuem uma regularidade, contextos nos algum conteúdo
sequência de cujo objetivo é quais o estudo significativo é
realização cujo constituir ganha sentido e trabalhado sem que
principal critério atitudes e aparece como tenha relação direta
é o nível de desenvolver uma atividade que com o que está sendo
dificuldade - há hábitos. Por se orienta para a desenvolvido nas outras
uma progressão exemplo: para realização de um atividades ou projetos,
de desafios a promover o propósito claro. ou situações de
serem gosto de ler e Os projetos sistematização de
enfrentados escrever, permitem uma algum conhecimento
Situações pelos alunos desenvolver organização muito estudado em outras
Didáticas para que atitudes e flexível do tempo. atividades ou projetos.
construam um procedimentos Os de longa
determinado que leitores e duração
conhecimento. escritores proporcionam a
Sua unidade desenvolvem a oportunidade de
mínima é o partir da prática compartilhar com
plano de aula: de leitura e os alunos o
planejar a escrita; a prática planejamento da
gestão dos de tarefa e sua
conhecimentos autoavaliação e distribuição no
e das rotinas de tempo: é possível
aprendizagens pensamento discutir um
em interações para tornar a cronograma
adequadas para aprendizagem retroativo e definir
o tempo didático mais visível e as etapas do que
disponível. autoconsciente. será necessário
percorrer, as
responsabilidades
que cada grupo
deverá assumir e
as datas que
deverão ser
respeitadas para
se alcançar o
combinado no
prazo previsto.
Variável. Tempo Repetem-se de Depende dos Variável, mas
mínimo: forma objetivos normalmente trata-se
Tempo de 1 hora aula. sistemática e propostos - podem de uma atividade única
Duração previsível para ser dias ou meses. e pontual em 1 hora
formar hábitos- Quando de longa aula.
diária, semanal, duração, os
projetos permitem
quinzenal ou o planejamento de
mensalmente. suas etapas e a
distribuição do
tempo e de
responsabilidades
claras entre os
alunos,
envolvendo o
registro de uma
sequência de
atividades com
começo, meio e
fim e responsáveis
por cada etapa.
Funcionam de A marca Ter ou um objetivo Tratam de conteúdos
forma parecida principal dessas final comum um, significativos, ainda que
com os projetos situações é a propósito não façam parte do
e podem regularidade e, comunicativo e currículo da série, ou
integrá-los, mas por isso, uma finalidade sistematizam
o produto final é possibilita compartilhada por conhecimentos
apenas uma contato intenso todos os estudados.
atividade de com um tipo de envolvidos, que se
sistematização/ rotina, texto, expressa na
fechamento. autor, assunto realização de um
Característica etc. produto final, cuja
Básica construção
desencadeou o
projeto.
Atividades Roda de Confecção de um Quando o professor
sequenciadas biblioteca, rotina livro sobre um aproveita um evento
com começo, de leitura tema pesquisado não planejado como
meio e fim para compartilhada e/ou composto de situação didática que
estudo e como roda de textos de um merece especial
avaliação de um notícias, roda de gênero estudado atenção do grupo
tema com a curiosidades confecção de discussão sobre um
duração de uma científicas; cartazes ou de acontecimento
ou poucas situações diárias mural coletivo na impactante para todos
aulas, por de escrita para escola; recital de no bairro, na escola, na
exemplo, registrar e poemas, leitura em comunidade ou tema da
sequência de organizar voz alta de contos mídia; leitura eventual
atividades de conteúdos em para um de um conto, notícia ou
Exemplos de ortografia, de estudo, como determinado poema trazido por um
Situações gramática, de modelos de público; Produção aluno; Escrita de uma
Didáticas aprendizagem registro de protótipos ou carta para um colega
sobre um envolvendo experimentos para ausente por motivo
gênero ou questões ou mostras súbito; Recuperação de
portador textual, perguntas como científicas; conhecimentos
de rotinas de Confecção de estudados em uma
multiplicação, pensamento; mapa do bairro; sequência de atividades
divisão; de um cópia da lição Produção de para ajudar na
procedimento de casa, Jornal ou revista elaboração de uma
classificatório estrutura de da escola; situação não
ou experimental organização de Produção de planejadas (ex.
(ou seja, agendas, fichas, cartilhas e aprendizado de uso de
conteúdos que cadernos panfletos para o certa tecnologia de
não poderiam coletivos de bairro; Criação e comunicação para
ser aprendidos registro e outros apresentação de resolver coletivamente
em uma única materiais peça de teatro; um problema de alguém
atividade - mas didáticos Plano e - perda de material etc)
em várias, (pastas, intervenção para
porém que não escaninhos, melhoria de algum
necessitam armários); espaço (dentro ou
compor um rotinas de fora da escola);
projeto com organização e Pesquisa
objetivo e limpeza da sala; articulando o
produto final). rotinas de cultivo da horta da
compartilhar e escola, com
trocar materiais receitas de família
entre os e com a revisão do
estudantes; cardápio da escola
cultivo da horta (potencializando o
da escola por estudo das plantas
grupo ou potenciais
responsável; gastronômicos da
etc. região); etc.

Click no link e ouça entrevista com Delia Lerner à Regina Scarpa compilada pela Nova Escola definindo
essas modalidades organizativas de planejamento docente

https://www.youtube.com/watch?v=cFUMHwp4Cbo
A importância da integração curricular no currículo de Educação Integral:

A formação integral das crianças, adolescentes e jovens deve considerar os desafios


contemporâneos, num cenário de rápidas transformações e inúmeras contradições.
Cenário que demanda o desenvolvimento de competências para compreender e
enfrentar problemas de qualquer natureza, simples ou complexos, que na maioria dos
casos dificilmente podem ser classificados como pertencentes a uma disciplina escolar.

Afinal, o universo do trabalho ou o da participação social são naturalmente


multidisciplinares ou transdisciplinares: necessitam de enfoques que vão além das
disciplinas. O pensamento especializado afeta a compreensão do todo, pois é
justamente a conjunção de saberes que permite o desenvolvimento de uma visão de
mundo ampla, crítica e flexível a reformulações. Essa visão torna o aprendizado mais
relevante para os estudantes e seus diferentes estilos de vida, uma vez que a integração
reduz o caráter abstrato e estéril que os alunos atribuem a alguns conteúdos, quando
tratados sob o olhar exclusivo de um componente curricular.

Por isso, um trabalho escolar que integre disciplinas a partir de áreas de conhecimento
ajuda a superar a fragmentação dos conhecimentos e o excesso de disciplinas. No
entanto, sua efetivação é um desafio. Requer investimento, de professores e gestores,
na reinvenção de suas práticas cotidianas. Integrar áreas e disciplinas tem ainda uma
consequência muito importante: encoraja os professores ao trabalho coletivo.

Ao compartilharem conteúdos, informações sobre seus interesses e talentos comuns,


bem como sobre objetivos, temas, conceitos organizacionais do ensino em suas áreas,
eles favorecem que os estudantes atuem juntos, e que eles próprios conquistem outro
patamar de profissionalização, além de novas competências como educadores.
Sugestão de material para aprofundamento:

Tema: Metodologias ativas/integradoras para a Educação integral


No Anexo II você encontra um caderno de metodologias integradoras.

No Anexo III você encontra o caderno de atividades, com planos de aulas para desenvolver
competências socioemocionais dos estudantes.

Questões para Reflexão...

Para que o curriculo de Educação Integral aterrisse nas escolas, é preciso que os professores
incorporem as mudanças de atitudes e de práticas pedagógicas no seu dia a dia das salas de aula com
inovações que contribuam para a aprendizagem dos estudantes. A partir da leitura do Anexo II -
“Caderno Metodologias Integradoras para uma Educação Integral” e do Anexo III - “Planos de aula para
desenvolver competências socioemocionais dos estudantes”.

Na sua rede como as atividades são planejadas? O planejamento é realizado em diálogo com o
Curriculo, PPP e o plano anual, levando em consideração as expectativas e necessidades dos
estudantes?

Há preocupação de organizar os planos de aula em conjunto com outros professores? Existe


conversa/integração com outros colegas, sobre os porquês, o que, como, onde e quando ensinar e
avaliar direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes?

Você considera importante ter uma visão aprimorada dos planos de aula? Comente.

Atualmente, quais práticas pedagógicas são utilizadas nas escolas e nas salas de aula da sua rede?

Na sua rede de ensino ou escola já são utilizadas metodologias ativas/integradoras de ensino e


aprendizagem? Se sim, quais? Se não, qual a importância de utiliza-las?

Qual a importância das metodologias ativas/integradoras para o desenvolvimento socioemocional e


cognitivo dos estudantes?

Na sua opinião, por que é importante criar espaços e atividades que promovam a interação com e
entre os estudantes?
Sugestão de material para aprofundamento:
Veja nos links abaixo: “Caminhos para a Educação Integral: Princípios e orientações para
implementação da Educação Integral”.

- Caminhos para a educação integral - PDF interativo

- Vídeo-pílulas com os princípios e vídeo sobre o encontro com o grupo ampliado em abril

Click no link e conheça o Curriculo de Referência do Estado do Mato Grosso do Sul - Educação
Infantil e Ensino Fundamental:

Documento baseado na concepção e princípios da Educação Integral à luz da BNCC e elaborado


em Regime de Colaboração.

http://www.sed.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/curriculo_ms_109.pdf

Click no link e conheça, também, os Documentos Curriculares de:

São Paulo:

www.undime-sp.org.br/wp-content/uploads/2018/curriculopaulista/curriculopaulista_jan2019.pdf

Sergipe:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricul
ar_se.pdf

Espírito Santo:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricul
ar_es.zip
Referências Bibliográficas:

ANDRADE, Julia Pinheiro. “Como cultivar o ciclo da motivação em sala de aula? ” In:
Centro de Referências em Educação Integral, junho de 2018. Disponível em:
<http://educacaointegral.org.br/metodologias/como-cultivar-o-ciclo-da-motivacao-entre-
os-alunos/>

BRASIL, BNCC. Base Nacional Comum Curricular, Brasília: MEC, 2017

BRASIL. BNCC Resolução No 2 CNE/CP 22/12/2017. Disponível em


<http://portal.mec.gov.br/observatorio-da-educacao/323-secretarias-12877938/orgaos-
vinculados-82187207/53031-resolucoes-cp-2017>.

BRASIL. DCN Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

Caminhos para a Educação Integral - Princípios e orientações para a implementação da


Educação Integral. Movimento pela Base, CONSED. 2019

Diretrizes para a Política de Educação Integral - Solução Educacional para o Ensino


Médio, Caderno 2. 2016.

_______. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília,


MEC, 2013.

FADEL, Charles; BIALIK, MAYA; TRILLING; Bernie. Educação em quatro dimensões.


As competências que os estudantes precisam ter para atingir o sucesso. São Paulo:
Instituto Ayrton Senna/Instituto Península, 2016.

LENER, Délia. “É possível ler na escola? ”: Ler e escrever na escola - O real, o possível
e o necessário. Porto alegre: Artmed, 2002.

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