Alterações Laboratoriais Com o Uso de Esteroide Anabolizante
Alterações Laboratoriais Com o Uso de Esteroide Anabolizante
Alterações Laboratoriais Com o Uso de Esteroide Anabolizante
INTRODUÇÃO
1
Entender este mecanismo é importante porque ele explica o motivo pelo
qual algumas pessoas podem uma produção exacerbada de hemácias mesmo
com o uso de testosterona em doses de reposição.
2
Por outro lado, quando a hepcidina está reduzida, ocorre um aumento da
absorção de ferro pelos enterócitos e um maior transporte para a circulação,
aumentando a quantidade de ferro disponível para ser incorporado nas células
vermelhas. Vale destacar aqui que o ferro é um importante micronutriente que
está relacionado com o processo de maturação das hemácias.
3
O hematócrito é um parâmetro relativo ao percentual de células vermelhas
que estão presentes no volume total de sangue. Quanto maior a proporção de
hemácias presentes, maior será o valor do hematócrito, e quanto maior o
hematócrito, maior a viscosidade do sangue.
4
Apesar da elevação do hematócrito acontecer de forma esperada com o
uso de testosterona e os demais EAAs, é necessário entender que em boa parte
das vezes, esta elevação não irá repercutir em desfechos clínicos negativos.
Alguns dos EAAs são famosos e conhecidos pelos seus supostos efeitos
danosos no fígado. Dentre eles, os principais relacionados a esta questão são
os EAAs da família dos 17 alfa-alquilados, que incluem o Dianabol, Turinabol,
Oxandrolona, Hemogenin, Halotestin e Stanozolol.
5
O efeito tóxico dos EAAs no fígado costuma ser atribuído a esta
resistência ao processo de metabolização, já que os hepatócitos ficam mais
expostos a estes fármacos e precisam “trabalhar mais” para metabolizá-los,
gerando sobrecarga hepática.
6
fosfatase alcalina (FA) e lactato desidrogenase (LDH) não costumam sofrer
grandes alterações.
7
para 24 U/L. O grupo que utilizou doses de 10mg tiveram aumento médio de
TGP de 18 para 45 U/L. Os valores de TGO não tiveram alterações significativas.
8
Apesar dos esteroides 17-alfa-alquilados causarem alterações das
enzimas hepáticas, é preciso ter clareza sobre uma coisa: os exames
laboratoriais não são bons preditores da existência de lesões hepáticas. Ou seja,
apesar dos níveis de TGO e TGP se elevarem de maneira esperada com o uso
de alguns dos compostos mencionados, ainda sim são elevações que
dificilmente ultrapassam 2 a 3 vezes os valores de referência, e, mesmo assim,
não é possível estabelecer a presença de algum tipo de lesão.
9
bioquímicos para avaliar as alterações e possíveis prejuízos no fígado é um erro,
visto que muitas das alterações hepáticas são silenciosas e só podem ser
identificadas a partir da visualização de exames de imagem. Vale combinar os
dois parâmetros de exames, em casos de suspeitas mais extremas, para ter uma
melhor avaliação do perfil hepático do paciente.
10
A testosterona e os demais EAAs podem causar alterações no
lipidograma pois atuam influenciando algumas etapas relacionadas a síntese de
degradação do colesterol, assim como afetam o metabolismo das lipoproteínas
HDL e LDL.
O Stanozolol é conhecido por ser uma das drogas que mais afeta os níveis
de HDL e LDL de forma negativa. No estudo de Carlson, já mencionado no tópico
anterior, foi observado que doses de apenas 4mg/dia de Stanozolol por um
período de 6 meses foram capazes de gerar reduções expressivas de HDL, onde
os indivíduos saíram de uma linha de base média de 50mg/dL para valores que
chegaram próximos de 20mg/dL.
11
As alterações dos níveis de LDL e HDL em usuários de EAAs podem ser
preocupantes e em muitos casos vai demandar a utilização de recursos
farmacológicos com o objetivo de atenuar estas alterações e diminuir o risco
cardiovascular do indivíduo, pois vale lembrar que outras condições associadas
ao uso de EAAs vão estar contribuindo também com este risco aumentado, como
a própria eritrocitose, uso de inibidores de aromatase, alterações no miocárdio,
etc.
ALTERAÇÕES NA PROLACTINA
12
A dopamina atua se ligando nos receptores D2 presentes na hipófise
lactotófrica e dessa forma, exerce um efeito inibitório sob a secreção de
prolactina. Logo, quando a ação da dopamina está reduzida, seja por uma
redução dos seus níveis circulantes ou por competição no receptor, os níveis de
prolactina podem aumentar.
Vale destacar também que existe uma grande confusão a respeito do que
significa “níveis de prolactina elevados”. Os limites superiores dos valores de
referência de prolactina que são adotados pelos laboratórios geralmente ficam
na faixa de 18 a 20ng/mL. A maioria das elevações encontradas nos exames não
chegam a ser maiores que 30ng/mL. Além disso, são alterações causadas por
estresse, medicações ou exercício físico. Níveis de prolactina que são realmente
preocupantes e prejudiciais ficam na faixam de 100ng/mL ou superiores a isso.
13
Mas nestas situações, já costumam envolver casos de macro ou
microprolactinoma.
Por fim, ainda que possa ocorrer um aumento dos níveis prolactina pelo
uso de EAAs, seja de maneira direta ou indireta, vale lembrar que o eixo
hipotálamo-hipófise-gônadas já está suprimido e que o indivíduo possui altos
níveis de andrógenos circulantes. Ou seja, é muito improvável que aconteça
qualquer tipo de repercussão clínica por conta disso.
CONCLUSÃO
14
REFERÊNCIAS
Bond P, Smit DL, de Ronde W. Anabolic-androgenic steroids: How do they work
and what are the risks? Front Endocrinol (Lausanne). 2022 Dec 19;13:1059473.
doi: 10.3389/fendo.2022.1059473. PMID: 36644692; PMCID: PMC9837614.
Bond P, Llewellyn W, Van Mol P. Anabolic androgenic steroid-induced
hepatotoxicity. Med Hypotheses. 2016 Aug;93:150-3. doi:
10.1016/j.mehy.2016.06.004. Epub 2016 Jun 5. PMID: 27372877.
Carson P, Hong CJ, Otero-Vinas M, Arsenault EF, Falanga V. Liver enzymes and
lipid levels in patients with lipodermatosclerosis and venous ulcers treated with a
prototypic anabolic steroid (stanozolol): a prospective, randomized, double-
blinded, placebo-controlled trial. Int J Low Extrem Wounds. 2015 Mar;14(1):11-8.
doi: 10.1177/1534734614562276. Epub 2015 Feb 3. PMID: 25652757.
Ebook Testosterona (Fisiologia, Estética e Saúde) - Dudu Haluch, 2020.
Grunfeld C, Kotler DP, Dobs A, Glesby M, Bhasin S. Oxandrolone in the treatment
of HIV-associated weight loss in men: a randomized, double-blind, placebo-
controlled study. J Acquir Immune Defic Syndr. 2006 Mar;41(3):304-14. doi:
10.1097/01.qai.0000197546.56131.40. PMID: 16540931.
Ohlander SJ, Varghese B, Pastuszak AW. Erythrocytosis Following Testosterone
Therapy. Sex Med Rev. 2018 Jan;6(1):77-85. doi: 10.1016/j.sxmr.2017.04.001.
Epub 2017 May 16. PMID: 28526632; PMCID: PMC5690890.
Rizzuti, André. Testosterona e hormônios anabólicos androgênicos: volume 1/
Lura Editorial – 1º edição- São Paulo, 2021.
Verdy M, Tetreault L, Murphy W, Perron L. Effect of methandrostenolone on blood
lipids and liver function tests. Can Med Assoc J. 1968 Feb 24;98(8):397-401.
PMID: 4866087; PMCID: PMC1923870.
15