MIV - Equidade e Direitos Humanos - Saudementalcoletiva - Franciscomarcioalemidamaciel.

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RESIDÊNCIA EM ÁREA PROFISSIONAL DA SAÚDE (UNIPROFISSIONAL E

MULTIPROFISSIONAL) DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ


PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL COLETIVA

FRANCISCO MARCIO ALMEIDA MACIEL

REPOSIÇÃO: MÓDULO INTEGRADOR IV: Equidade e Direitos Humanos.

TAUÁ, 2024
RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO: FORTI, Valeria. Direitos humanos e
Serviço Social: notas para o debate. O Social em Questão , v. 28, p. 265-
280, 2012.

RESUMO

Em resumo o texto, aborda reflexões entre a relação das temáticas, “ Direitos


Humanos” e “Serviço Social”, temos assim o percurso da ética na profissão e
os compromissos progressistas e democráticos aliados ao Direitos Humanos
assumidos na ultima década. Como destaques na discussão que se segue
recorre-se ao percurso ético no Serviço social, para melhor situarmos os atuais
compromissos profissionais, e um de seus princípios fundamentais que é a
defesa intransigente dos Direitos Humanos. Temos, portanto, como norte e
referência que fundamenta o meio profissional e o próprio exercício do mesmo,
o código de ética da profissão. Para a autora, neste documento encontramos
os valores, diretrizes, e os compromissos assumidos pelo Serviço Social nas
ultimas décadas. Vale ressaltar, que em um de seus princípios fundamentais: A
defesa dos Direitos Humanos, em linhas gerais é um dos objetivos dos
assistentes sociais. Pois, segundo (Forti, 2019) um dos “objetivos” da profissão
é a defesa e/ou a efetivação de direitos”. Esse objetivo é frequente para
aqueles que seguem o código de ética profissional.

ANALISE CRÍTICA

Como é dito pela autora neste artigo, “raros são os momentos em que as
menções e ações do rumo dos profissionais, tornam esse processo possível
devido as dimensões que lhe são dadas a categoria em seu campo de trabalho
técnico-operativo e ético - politico em seu cotidiano”. Pois, devemos ter em
mente as limitações que são postas a profissão são desafiadoras.
Considerando nesse percurso os limites para a construção de uma nova
ordem societária. Para a profissão, os Direitos humanos, tornam-se importante
pelos embates existentes no sistema vigente, pois, são contrários as teorias
criticas do sistema capitalista, devendo então a atuação buscar sua defesa,
ampliação e universalização para uma sociedade igualitária.
Desta forma, devemos ter em mente que o Serviço Social, não é uma
consequência da qualificação de ações ou ampliações dos resultados da
filantropia e do assistencialismo, no quesito à “questão social”. Emerge em
dado momento do capitalismo, chamado de “capitalismo monopolista” em
resposta aos interesses burgueses, ou para atender as requisições burguesas,
voltadas para o controle da classe trabalhadora, em meio aos conflitos de
classes, em que estavam presentes o movimento operário (Forti, 2012).
Para tanto, aos assistentes sociais foi dada a missão de implementar e
executar politicas sociais alinhadas com a lógica de expansão do capitalismo.
Segundo José Paulo Netto (2001) a profissão surge em meio à organização
das ações filantrópicas da burguesia, se desvinculando do acervo de suas
protoformas em um produto típico da divisão social e técnica do trabalho da
ordem monopólica vigente, desse modo, desenvolve-se e legimitiza como
profissão, posteriormente, no campo da intervenção, organização no campo
das politicas sociais.
No Brasil, a partir da década de 1930, o Serviço Social, encontra base
para sua emersão no contexto da chamada revolução de 30, com o
desenvolvimento industrial em detrimento da economia agroexportadora. Nos
governos de Getúlio Vargas, inicia-se um percurso para as condições objetivas
da vida social, materializando a visão politica, o apelo moral as expressões da
chamada “questão social” (Forti, 2012).
Voltamos então a questão da ética na profissão, em seu primeiro código
de ética profissional aprovado em 1947, o foco era cumprir os compromissos
assumidos, respeitar as leis de Deus, e os direitos naturais do Homem[...] Tudo
isso inspirado na caridade cristã. Nesse momento os pressupostos
funcionalistas e os viés norte americanos estavam presentes na profissão. Uma
vertente funcionalista como ideário que reforçava uma visão acrítica e
ahistórica para a profissão naquele momento (Forti, 2012).
O código de ética de 1965, é marcado pela inclusão do Homem,
capacitar o indivíduo, grupos e comunidades para a melhor integração social.
Estimular o processo de desenvolvimento, propugnando pela correção dos
desníveis sociais. Entre as décadas de 1940 e meados das décadas seguintes,
temos o crescimento da economia brasileira, com deterioração das relações de
troca e o esgotamento das reservas em moeda forte e endividamento externo
crescente. Em 1955, a luta pela definição das opções em vista criar condições
favoráveis à expansão econômica, capitalismo dependente, elementos
concretos que engendra a ideologia desenvolvimentista (Forti; Iammamoto;
Carvalho; 2012,1985).
No governo de Juscelino Kubitschek, tinha o ideário que propagava a
viabilidade de desenvolvimento econômico com justiça social, renegociando a
dependência, a marcante presença do capital estrangeiro no país como
essencial para o desenvolvimento do país e seus problemas tradicionais da
sociedade brasileira. Ao Serviço Social, temos a influência norte-americana, o
trabalho em grupo e em comunidade.
Assim, em tempos atuais, o Código de ética do Serviço Social traz uma
percepção crítica à ordem socio econômica vigente, e em consequência a
defesa dos direitos dos trabalhadores. Em seus onze princípios fundamentais,
temos, em destaque a defesa dos Direitos Humanos e a recusa do arbitrário e
do autoritarismo, buscando a ampliação e consolidação da cidadania, em favor
da equidade e da justiça social. A fim de eliminar todas as formas de
preconceito, discriminação, exclusão ( CFES,1993).
Os Direitos Humanos surge nas lutas burguesas pelo declínio do
absolutismo feudal e da consequente realidade traçada pelos privilégios da
nobreza parasitária e do clero da época. Portanto, temos uma mudança de
paradigma, da autonomia, das leis como produto da razão humana, que antes
preponderava a lógica da heteronomia do mundo feudal, para o diálogo com
os chamados Direito Humanos, aqueles que chamamos de Direito civis e
políticos por exemplo, vale lembrar que a Revolução Francesa é considerada
como o marco da emersão do sentimento de liberdade, Fraternidade e justiça
(Forti, 2012).
Nos texto fica subtendido, a seguinte pregunta: O que é os Direitos
Humanos para o sistema capitalista? Para responder essa indagação das entre
linhas a autora escreve o seguinte trecho, “Os direitos Humanos do ponto de
vista liberal em sua forma clássica, limitou-se aos direitos civis e políticos,
respondendo as necessidades mais gerais do modo de produção vigente, que
é o capitalismo”.
Assim, o livre contrato, os direitos civis, a supremacia individual, balizam
a igualdade formal à equivalência de valores de troca de mercadorias e á
condição jurídica entre os contratantes dessas trocas, a propriedade torna-se
um valor jurídico, a chamada propriedade privada dos meios de produção, da
mais valia e das mercadorias em geral. Ao estado cabe assegurar que esses
contratos sejam respeitados e cumpridos segundo suas normas. Ao direito
político cabe qualificar os indivíduos burgueses face sua participação no
Estado ( Forti, 2012)
Em certo momento da história, a partir do século XIX, a burguesia toma
a frente em relação aos direitos conquistados, mais tarde, os trabalhadores que
eram destituídos dos meios de produção, passaram a luta por melhores
condições de vida e trabalho. por exemplo, o voto censitário ( Forti, 2012).
Para trindade (2002) o que temos a seguir é,

A Declaração dos direitos do povo trabalhador e explorado inaugurou


uma ótica completamente nova na abordagem tradicional dos direitos
humanos. Em vez da perspectiva individualista de um ser humano
abstrato contida na Declaração francesa de 1789, a Declaração russa
de 1918 elegeu como ponto de partida o ser humano concretamente
(isto é, historicamente) existente, que vive em sociedade cujo modo
de organização pode favorecer ou dificultar seu desenvolvimento
pessoal. Em vez da sociedade hipoteticamente uniforme (isto é,
juridicamente igualitária), dissolvida idealmente em cidadãos
supostamente iguais, a Declaração russa partia do reconhecimento –
evitado na Declaração francesa – de que a sociedade capitalista está
cindida em classes sociais com interesses conflitantes ou
irremediavelmente antagônicos. Portanto, em vez da ideação liberal
da suposta “neutralidade” social do Estado, a nova Declaração
tomava partido, desde logo e abertamente, dos explorados e
oprimidos, alijando explicitamente do poder econômico e político os
exploradores de antes. A Declaração russa de 1918, não só
reconhecia direitos civis, políticos e sociais aos trabalhadores e
trabalhadoras, como tornava-os donos do país (Trindade, 2009, pág.
02).

No século XX, a luta pelos direitos civis, ganha força em setores da


sociedade como a luta contra a discriminação racial, de gênero e de idade,
contra a tortura, pela expressão da diversidade sexual, preservação do meio
ambiente entre outras pautas que são levantadas até os dias atuais, contra
inúmeros retrocessos de retiradas de direitos e normatização de medidas e
contrarreformas estatais e privatizações para o grande capital estrangeiro
(Forti, 2012).
Em tempos contemporâneos, os cortes nas politicas sociais, a
terceirização e a polivalência é associado ao mundo do trabalho, para os
trabalhadores há a submissão a flexibilização dos direitos, a produção de
qualidade e a desregulação do trabalho, o que a autora chama de “violência no
cotidiano” (Forti, 2012).

CONCLUSÃO

Por fim, a autora reafirma o compromisso do projeto ético profissional do


serviço social brasileiro com os Direitos Humanos, em suas diretrizes –
progressistas e democráticas, na luta contra o projeto de sociedade capitalista.
Assim como José Paulo neto detalha “E desse modo, além de caber
indagarmos quanto ao sentido que vem tomando a História (humana), nos cabe
observar as atuais diretrizes éticas que referenciam a ação do Serviço Social e,
por conseguinte, a relação desta profissão com os Direitos Humanos, uma vez
que temos um projeto profissional que traz à reflexão as contradições postas
pela ordem instituída e no seu horizonte vislumbra a perspectiva de construção
de uma nova ordem societária ( Netto ,1996).
Sem a desconsideração dos limites a autora revela que, a
materialização dos Direitos Humanos na sociedade de classes pode ser o
caminho para a busca da liberdade real, igual e fraterna na práxis da sociedade
brasileira ( Marques, 2011).

REFERÊNCIAS

CFESS. Código de ética profissional do assistente social. Brasília: CFESS, 1993

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Código de ética Profissional


do Assistente Social. Brasília, 1993.
FORTI, Valeria. Direitos humanos e Serviço Social: notas para o debate. O
Social em Questão, v. 28, p. 265-280, 2012.

IAMAMOTO, Marilda V. e CARVALHO, Raul. Relações sociais e serviço social no


Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 4ª. Ed. São Paulo: Cortez;
Lima, Peru: CELATS, 1985.

MARQUES, Elídio A. B. Direitos Humanos: para um esboço de uma rota de


colisão com a ordem da barbárie. In: FORTI, Valeria e BRITES, Cristina Mª
(Orgs.). Direitos Humanos e Serviço Social: polêmicas, debates e embates. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2011 (Coletânea Nova de Serviço Social).

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