Ficha Informativa - OS MAIAS - As Personagens
Ficha Informativa - OS MAIAS - As Personagens
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As personagens n’ Os Maias
Caetano da Maia
Pai de Afonso da Maia, era um “fidalgo beato e doente”, um grande opositor do liberalismo e,
consequentemente, um apoiante do Absolutismo em decadência. A sua intolerância relativamente às
ideias revolucionárias leva-o a expulsar o filho de casa, desterrando-o para Santa Olávia, no Douro, por
este se envolver com simpatizantes da Revolução Francesa e partilhar dos ideais jacobinistas
(revolucionários). Não tolerava essa faceta do filho e mostrava-se antiquado e conservador, defendendo
a monarquia e os valores obsoletos da sociedade.
Afonso da Maia
É a personagem mais valorizada por Eça e a mais simpática do
romance. É um homem de caráter, culto e requintado nos gostos. Funciona
como esteio da família e é para ele que todos se voltam nos momentos de
crise. Representa o Portugal liberal da década de 20 (século XIX) e sempre
se assumiu como um jovem revolucionário, perseguido pelos absolutistas e
desiludido com o seu país, que viria a vivenciar o exílio em Inglaterra por
causa da sua audácia em termos ideológicos. Em oposição a seu pai,
Caetano da Maia, partilha as ideias liberais e ama o progresso, fruto de um
esforço sério e não de uma utopia romântica. É generoso com os amigos e
os necessitados, não abdicando dos seus sérios princípios morais. A grande
preocupação de boa parte da sua vida foi tudo fazer para que o destino do seu neto Carlos não fosse
idêntico ao do pai, Pedro da Maia. Tenta dar ao filho uma educação viril, mas não consegue, por oposição
de sua mulher, Maria Eduarda Runa. Afonso é ainda a voz do bom senso, da experiência, dos valores da
nação e da raça, é alguém que defende o património português face à invasão das modas estrangeiras.
Mostra-se inflexível na aceitação da relação do filho com Maria Monforte, desaprovando as suas origens
familiares duvidosas. Em consequência desse amor fatal, acaba por perder o filho Pedro e uma neta.
Fica-lhe o neto Carlos, que leva para Santa Olávia, onde tenta fazer dele um rapaz forte, educado e apto
para vencer os obstáculos da vida. Terminado o curso de Medicina de Carlos, em Coimbra, Afonso vai
com ele para Lisboa, em 1875, habitar o Ramalhete, apoiando-o nos seus grandes projetos como médico.
Conseguiu sempre conviver harmoniosamente com várias gerações e vários tipos de formação, de que
os serões no Ramalhete são exemplo. É um modelo de autodomínio em todas as circunstâncias. Apesar
de Carlos nunca ter revelado ao avô a relação com Maria Eduarda, Afonso sabe da sua existência. Acaba
por falecer tragicamente, ferido com a incapacidade de Carlos para vencer os seus instintos. No fundo,
Afonso representa o sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.
Maria Eduarda Runa
Maria Eduarda Runa, “linda morena, mimosa e um pouco adoentada”, filha do Conde de Runa,
casa com Afonso, um jovem revolucionário e liberal, cujas ideias progressistas a atormentam, levando o
casal ao exílio em Inglaterra. A vida nesse país, ao qual nunca se adaptou, tornou-a ainda mais
melancólica e doente, encontrando refúgio numa devoção religiosa exacerbada. Assim, não confiando
numa educação britânica e assumindo-se católica praticante, chama o Padre Vasques para educar o
Pedrinho, único filho do casal. Odiava Inglaterra e morria de saudades de Portugal. Era uma mãe
superprotetora, que não conseguiu fortalecer o caráter do filho, preparando-o para enfrentar as
dificuldades da vida.
Pedro da Maia
Único filho de Afonso da Maia, verdadeiro português este não conseguiu
controlar a sua educação, assumida, desde logo, pela mãe e concretizada num
modelo tradicional português marcado pela proteção das mulheres da família, pela
ausência de atividade física e pela memorização do catecismo católico. Mais tarde,
torna-se um jovem problemático devido ao meio social lisboeta que frequenta (vida
boémia) e a um catolicismo mórbido desenvolvido na sequência da morte da mãe,
de quem herdara a fragilidade de caráter. Mas um dia a crise finda e a
transformação consuma-se devido à paixão obsessiva por Maria Monforte, cujas origens sociais são
eticamente reprováveis. Apesar da oposição paterna, este homem, personagem romântica por
excelência, deixa-se arrastar pela paixão, casa, tem dois filhos e é traído pela mulher, que foge com um
belo italiano. Afonso, que com ele tinha cortado relações, acolhe-o indignado com a sua fraqueza de
marido traído. Apesar da piedade paternal de Afonso, Pedro acaba por se suicidar, vítima de uma mulher
que o precipitou no abismo da perdição. A construção da personagem de Pedro obedece ao cânone
naturalista: as suas características psicológicas, o meio social em que se move e a sua educação são
determinantes na formação da sua personalidade.
Maria Monforte
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das mulheres, que se diziam suas amigas para conseguirem frequentar as suas receções no palacete de
Arroios. Rejeitou a família do marido e estava desejosa de se vingar de Afonso da Maia, recusando dar o
seu nome ao filho Carlos Eduardo. Em Paris, levou uma vida mundana, tornando-se proprietária de uma
casa de jogo, que acabou por cair em decadência, quando se deixou dominar por um homem perigoso,
Mr. De Trevernnes. Por orgulho, nunca aceitou a ajuda financeira dos Maias, mesmo nos piores
momentos da sua vida. É nela que radicam todas as desgraças da família Maia.
Carlos da Maia
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Maria Eduarda da Maia
João da Ega
Castro Gomes
Tancredo - O homem com quem Maria Monforte vai fugir, levando a filha
Maria Eduarda, é napolitano, muito belo e formoso. “Era uma pintura de Nosso
Senhor Jesus Cristo! Que pescoço, que brancura de mármore!”. Entra na vida de
Pedro e Maria Monforte após levar um tiro acidental de Pedro, que o atinge no
braço, durante uma caçada. Ao hospedar-se na casa de Pedro, começa a interessar-
se por Maria Monforte, que se faz de difícil a princípio, mas não resiste à
possibilidade da aventura. Sedutor, galante, extremamente carismático, conquista
muitos corações e parte levando Maria Monforte consigo.
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Manuel Monforte - Pai de Maria Monforte, é um homem de passado
nebuloso: comenta-se que matou um homem à facada numa briga, fugiu a
bordo de um navio americano e acabou a trabalhar como feitor numa plantação
da Virgínia, nos Estados Unidos. Não se sabe bem o que é verdade e o que é
mentira. O fato é que Manuel Monforte é um homem mantido à margem pela
sociedade conservadora lisboeta. As insinuações sobre este passado são
suficientes para que Afonso seja contra o romance de Pedro com Maria
Monforte. Manuel, porém, ao contrário do que se diz a seu respeito, mostra-se sempre um homem
calmo, que pouco aparece em público. Tem uma grande paixão pela filha, que considera a única coisa
boa que fez na vida, e faz gosto no casamento dela com Pedro. Tenta aproximar-se de Afonso, mas, ao
ser repelido, recolhe-se ao seu canto, humilde e resignado. É calado, pouco expressivo, com olhar vago
e senil.
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imoralidade, cobardia e deslealdade. É o autor da carta anónima a Castro Gomes, denunciando a relação
de Carlos e Maria Eduarda, assim como é da sua autoria a pulhice da notícia no jornal “Corneta do
Diabo”. É o verdadeiro representante da podridão social.
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Jacob Cohen – É judeu e diretor do Banco Nacional, daí que represente
as altas finanças. Simpático, envolvente, bom de conversa, não tem o ar austero
e aristocrático que se espera de um banqueiro. Porém, é oportunista, egoísta e
gosta de cobrar juros. Não ostenta a real fortuna que tem. Venderia a esposa,
Raquel Cohen, a Ega se soubesse que ele dispõe de capital para comprá-la (capital
que a mãe de Ega de facto possui, mas que jamais gastaria para tal fim).
Representa a burguesia instalada no poder, sem possuir a inteligência e a
flexibilidade mental para compreender e analisar o mundo. Traído por Ega, descobre o envolvimento
deste com a mulher e expulsa-o da sua casa.
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Maria da Gama - Pertencente à fina sociedade lisboeta, é amiga próxima de
Maria da Cunha. Sempre elegantíssima e aprumadíssima, é muito orgulhosa de si
mesma. Tem um modo característico de olhar as pessoas de cima a baixo, sempre
desdenhando dos que não têm a sua altura social. Tem aversão, por exemplo, aos
Monforte.
Sr. Guimarães – É o tio de Dâmaso que vive em Paris, simpatizante do comunismo, e o portador
da declaração de Maria Monforte que vai provocar o reconhecimento e desencadear a catástrofe.
Baptista - É o criado de quarto de Carlos desde que o menino tinha onze anos. É
seu confidente e tem um ar excessivamente “gentleman”. Conserva-se tão fino e tão
desembaraçado como quando em Londres aprendeu a dançar na confusão dos salões
dançantes.
Não há amores felizes no romance… Os amores de Pedro, de Carlos e de Ega terminam sempre
mal. Os sentimentos amorosos de Pedro eclodiram, romântica e impetuosamente, no dia em que viu
“uma senhora loura, embrulhada num xale de Cachemira”. Apaixonou-se de imediato, num “amor à
Romeu”, afastando considerações de ordem moral apresentadas por seu pai, Afonso, relativamente às
origens sociais de Maria Monforte. Casou dominado pela paixão, sofreu ciúmes (”horas sombrias”),
devido às atenções dos amigos para com a sua mulher, que acabaria por fugir com um italiano. Perante
esta situação, é o suicídio romântico que vai salvar o homem destruído.
Carlos da Maia, obcecado, romanticamente, pela visão de Maria Eduarda, “uma senhora alta,
loira”, de “carnação ebúrnea”, não descansará até fazer dela sua amante, às escondidas do avô. Por
causa desse amor que se revela sincero, abandonou a vida de amores adúlteros. Quando descobre que
Maria Eduarda é sua irmã, apesar de decidido a terminar a relação, fraqueja romanticamente, num ato
de incesto, de suicídio moral, que corresponde ao suicídio do pai.
Ega vive uma paixão enorme com Raquel Cohen. O adultério termina, para Ega, ao contrário do
que sucedeu com Carlos com a Condessa de Gouvarinho, de forma dramática, já que foi descoberto pelo
marido traído, acabando enxovalhado e ridicularizado.
Os Maias apresentam, deste modo, intrigas amorosas que se caracterizam pela diversidade e
representam o sentimento amoroso na sua constante romântica – um amor paixão que domina em
absoluto as personagens.
Bom trabalho!
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