O Gestor E A Avaliação Da Aprendizagem E Avaliação Institucional
O Gestor E A Avaliação Da Aprendizagem E Avaliação Institucional
O Gestor E A Avaliação Da Aprendizagem E Avaliação Institucional
O GESTOR E A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO
INSTITUCIONAL
PÓS-GRADUAÇÃO
GESTÃO EDUCACIONAL
MARINGÁ-PR
2011
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bloco 4- (44) 3027-6363 - [email protected] - www.ead.cesumar.br
O GESTOR E A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO
INSTITUCIONAL
Professora Me. Adélia Cristina Tortoreli
Professora Me. Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento
por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa
e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as
demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvol-
vimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a
articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja reconhecimento como uma instituição universitária
de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universi-
tária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento
permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor
O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela
estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua importância
e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos
internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a
uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado
era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua empregabilidade. É preciso
o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A pós-graduação Lato Sensu a distância da Unicesumar conta hoje com 16 cursos de especialização e
MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em
você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as
necessidades deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na Unicesumar, você terá a oportunidade de conhecer
um conjunto de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço
teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e
profissional.
Olá, caro(a) acadêmico(a)! Se a princípio escrever é um ato solitário que é realizado muitas vezes em
lugares reservados, ao mesmo tempo, escrever é também um ato solidário. Ato solidário entre duas
pessoas que pensaram, organizaram e produziram esse livro. Podemos dizer ainda que foi um texto
construído em parceria e a quatro mãos tecida, por nós, professoras Adélia e Priscilla durante nossas
trocas de e-mails, contatos telefônicos e nossos encontros pessoais. Uma mexendo e remexendo o texto
da outra, ora puxando fios, ora desembaraçando nós, ora simplesmente balançando a cabeça em sinal de
compreensão e de aceitação da outra. Muitas vezes, ainda, só escutando para depois fazer as alterações
desse texto.
Sendo assim, caro estudante, entendemos que esse texto só se completará com a sua aceitação, a
sua ressignificação ao que, aqui, foi contemplado por nós. Para isso, convidamos você para mexer e
remexer nesse texto, puxar os fios, desembaraçar os nós caminhando pelo texto para dar-lhe sentido.
Gostaríamos, ainda, que esse texto fosse um lugar de encontro, onde nossos movimentos estivessem ao
menos delineados, e na medida do possível, fosse respeitado o que está dito como uma contribuição à
reflexão, não como verdades acabadas e incontestáveis nem como o estado da arte no tocante ao papel
do gestor e avaliação da aprendizagem e avaliação Institucional, mas como um processo de aprender,
desaprender e reaprender sob novas condições e novas perspectivas.
Essas premissas são necessárias, pois toda seleção incorre em uma limitação, considerando que são
muitos os autores que discutem a questão da gestão escolar e a avaliação da aprendizagem e avaliação
institucional. Sendo assim, diante dos limites de nossas linhas procuramos dialogar com alguns desses
autores no intuito de nos aproximarmos de nosso objeto de estudo e propormos a você novas reflexões.
UNIDADE I
UNIDADE II
UNIDADE III
BUSCA PELA QUALIDADE DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS POR MEIO DAS AVALIAÇÕES EM
LARGA ESCALA ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 95
CONCLUSÃO.........................................................................................................................................101
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................102
UNIDADE I
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os diferentes níveis de instituição e de gestores, a fim de identificá-los e compreendê-los.
• Destacar as responsabilidades, conquistas e desafios que se impõe ao gestor escolar da atualidade,
considerando a conjuntura histórica que ora vivenciamos.
• Resgatar a origem do termo avaliação, percorrendo seu histórico para compreender os sentidos da-
dos a ela no âmbito escolar da contemporaneidade.
• Identificar o papel do gestor e sua intervenção na prática avaliativa, buscando a melhoria dos proces-
sos pedagógicos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Na história da humanidade muitos acontecimentos têm nos marcado decisivamente. Costumamos dizer
que vivenciamos uma crise de paradigmas. As verdades absolutas passam a ser questionadas, não
temos mais a clareza de nada, tudo sofre profundas transformações, seja em âmbito econômico, político,
social ou cultural. A única certeza é que o momento exige-nos mudança de foco.
No âmbito educacional isto não é diferente. Muitos são aqueles que se dedicam a estudar, compreender
a escola da atualidade, defender suas convicções referentes ao que concebem ser ensinar, aprender
e avaliar. No entanto, percebemos que muito ainda se precisa discutir se quisermos entender como o
papel do gestor escolar é determinante na busca pela qualidade das condições do processo ensino-
aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento omnilateral como Moacir Gadotti (2000) afirma, ou seja, o
desenvolvimento pleno do sujeito em formação.
Tudo isto, caro(a) acadêmico(a), nos propomos a refletir nesta primeira unidade e convidamos você para
fazer parte deste estudo.
Esse cenário pós-militarismo anuncia um clima de otimismo de um país com menos desigualdades social
e econômica, tendo como principal destaque uma educação de qualidade, visando maior credibilidade
para o país e também a sua inserção na sociedade globalizada. No entanto, o otimismo em relação à
Diante do exposto e a partir da Constituição Federal (CF) de 1988 é que a gestão democrática passa a ser
vista como fundamental para a busca da melhoria na qualidade de ensino no nosso país. Nesse sentido,
o gestor escolar ganha destaque, sobretudo, porque ele está inserido e ao mesmo tempo é articulador
das condições postas historicamente, tendo sob sua responsabilidade o direcionamento e a organização
da escola como um todo.
As breves questões anunciadas dão início à nossa caminhada rumo ao papel do gestor escolar e avaliação
da aprendizagem e institucional que serão discutidas nas unidades II e III deste material. Antes, no entanto,
procuramos abordar o papel do gestor escolar representado nas suas diversas instâncias escolares, mas,
para isso, julgamos necessário buscar o significado para o termo gestão.
Buscando o significado etimológico do termo “gestão”, esse decorre do latim gestione e significa executar,
gerar, chamar para si. De acordo com Cury (2001, p. 201), “vem de gestio que, por sua vez, vem de gerere,
que significa trazer em si, produzir”. Dessa forma, a definição da palavra “gestão”, vai além de administrar
atividades e negócios alheios que são prerrogativas de um ambiente empresarial que é permeado por um
sistema burocratizado.
A partir da concepção de gestão contemplada na citação acima, podemos inferir que a gestão é trazida
como uma atividade cujo objetivo é organização envolvendo basicamente os aspectos gerenciais e
técnico-administrativos, mas observamos também que ela ganha novos contornos quando deixa de ser
centralizada e realizada individualmente e passa a ser desenvolvida em parceria e cogestão, o que pode
ser traduzido como uma gestão com os demais envolvidos no contexto escolar.
Nesse sentido, o enfoque burocrático e vertical, que é característicos da gestão empresarial, deve ser
substituído por processos coletivos de tomadas decisórias em grupos, ou seja, passam a ser atributos da
gestão democrática e participativa.
Dessa forma, a gestão e os objetivos finais da escola não são delegados mais a uma única pessoa, mas
a todos os envolvidos nesse processo. O gestor passa a ser um líder que tem sob sua responsabilidade
reunir as aspirações, os desejos, os interesses e expectativas da comunidade escolar e fazer a articulação
de todos os segmentos da escola na gestão em um projeto comum – uma educação de qualidade.
Podemos inferir que o gestor que atua dentro do ambiente escolar não é representado apenas por uma
única pessoa, assim como cada um dos gestores deverá ter formação diferenciada e perfis diversificados
que deverão estar em consonância com o nível da instituição educacional na qual ele atua. Esses diferentes
níveis de gestores se dão em função da diversidade de instituições educacionais em nosso país que vão
desde a Educação Básica até o Ensino Superior.
Com relação aos níveis e modalidades de Educação e ensino recorremos à LDB 9.394/96.
Em face das mudanças ocorridas na família e da exigência do mundo do trabalho cada vez mais acentuada
na vida das pessoas, se desencadeiam outros problemas que vão desde a violência dentro e fora da
escola, até o uso de drogas que a cada dia chega mais cedo à vida das crianças e adolescentes.
Dessa forma, a escola, enquanto uma instituição social que não está separada da sociedade, acomoda
em seu interior uma parte dos problemas e conflitos que são trazidos pelos alunos que chegam até ela,
vendo-se diante de uma realidade na qual os gestores escolares (diretores-coordenadores, professores),
muitas vezes, não estão devidamente preparados para enfrentar.
Baseado no contexto social referenciado, não basta mais que o professor tenha o domínio dos conhecimentos
assegurados historicamente pela escola e que hoje, em decorrência dos avanços científico-tecnológicos e
da revolução informacional, não são mais de domínio exclusivo da escola e do professor. É exigido desse
profissional que ele saiba gestar situações conflituosas e, para isso é preciso que ele tenha uma formação
que lhe possibilite esse intercâmbio entre mediador do conhecimento e articulador das situações sociais,
políticas, econômicas que estão postas na sociedade.
É justamente pelas necessidades postas que o professor (gestor de sala de aula), enquanto partícipe dessa
sociedade e atuante na dinâmica desta, se vê diante da necessidade de uma formação que lhe permita
encontrar subsídios teóricos para atuar sobre as situações de conflito que perfazem o dia a dia da escola.
De acordo com a natureza das Instituições de Educação Superior, diferentes modelos de gestão poderão
Nas Instituições de Ensino Superior – IES privadas os modelos de gestão são diversificados e atendem ao
perfil e às necessidades de cada uma dessas instituições. Respeitando as particularidades das instituições
públicas e privadas, a figura do gestor é representada pelo reitor. No caso das instituições públicas, esse
é nomeado por instâncias maiores, indicados por seus colegiados e comunidade interna e externa e
representação docente. Nas instituições privadas, o reitor-diretor é indicado pela entidade mantenedora
ou pelo próprio dono da instituição.
I - faculdades;
II - centros universitários; e
III - universidades.
As instituições são credenciadas originalmente como faculdades. O credenciamento como universidade ou cen-
tro universitário, com as consequentes prerrogativas de autonomia, depende do credenciamento específico de
instituição já credenciada, em funcionamento regular e com padrão satisfatório de qualidade.
As universidades se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão.
São instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de ex-
tensão e de domínio e cultivo do saber humano.
Fonte: <http://portal.mec.gov.br/index.php?catid=127:educacao-superior&id=116:qual-e-a-diferenca-entre-facul-
dades-centros-universitarios-e-universidades&option=com_content&view=article>. Acesso em: 28 set. 2011.
Para Libâneo, Oliveira, Toschi (2005, p.294), a organização e gestão da escola devem corresponder à
necessidade dessa em dispor das condições e dos meios para a realização de seus objetivos, a saber:
Prover as condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da escola
e do trabalho em sala de aula;
Promover o envolvimento das pessoas no trabalho, por meio da participação, e fazer a avaliação e
o acompanhamento dessa participação;
Garantir a realização da aprendizagem para todos os alunos.
Ainda subsidiados por Libâneo, Oliveira, Toschi (2005, p.323) “a organização e os processos de gestão
assumem diferentes modalidades, conforme a concepção que se tenha das finalidades sociais e políticas
da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos”. Os autores organizaram um quadro com
as concepções de organização e gestão escolar que são abordadas, a partir de quatro concepções, a
saber: técnico-científica, autogestionária, interpretativa e democrático-participativa, que apresentaremos
a seguir:
Descrição detalhada de Vínculo das formas de gestão Escola social Definição explicita, por parte da equipe
funções e tarefas, internas com as formas de subjetivamente escolar, de objetivos sociopolíticos e
acentuando a divisão autogestão social (poder construída, não dada nem pedagógicos da escola.
técnica do trabalho coletivo na escola para objetiva.
escolar. preparar formas de
autogestão no plano político). Articulação da atividade de direção com
Privilegia menos o ato de a iniciativa e a participação das pessoas
Poder centralizado no organizar e mais a “ação da escola e das que se relacionam com
diretor, destacando-se as Decisões coletivas organizadora”, com ela.
relações de (assembléias, reuniões), valores e táticas
subordinação, em que eliminação de todas as formas compartilhados.
uns tem mais autoridade de exercício de autoridade e Qualificação e competência profissional.
do que outros. poder.
Ação organizadora Busca de objetividade no trato das
valoriza muito as questões da organização e da gestão,
Ê Ênfase na Ênfase na auto-organização interpretações, os
mediante coleta de informações reais.
administração regulada do grupo de pessoas da valores, as percepções e
(rígido sistema de instituição, por meio de os significados subjetivos,
eleições por meio de destacando o caráter Acompanhamento e avaliação
normas, regras,
alternância no exercício de humano e preterindo o sistemáticos com finalidade pedagógica:
procedimentos funções. caráter formal, estrutural, diagnóstico, acompanhamento dos
burocráticos de controle normativo. trabalhos, reorientação de rumos e
das atividades), Recusa a normas e a ações, tomadas de decisões.
descuidando-se, as sistemas de controles,
vezes, dos objetivos acentuando a Todos dirigem e são dirigidos, todos
específicos da instituição responsabilidade coletiva. avaliam e são avaliados. A ênfase está
escolar. tanto nas tarefas quanto nas relações.
Crença no poder instituinte
Comunicação linear (de da instituição e recusa de todo
cima para baixo), o poder instituído. O caráter
baseada em normas e instituinte dá-se pela pratica
regras com ênfase nas da participação e da
tarefas mais do que nas autogestão, modos pelos
pessoas. quais se contesta o poder
instituído e ênfase nas inter-
relações, mais do que nas
tarefas.
Das três últimas concepções nos interessa, sobretudo, a concepção democrático-participativa que
acentua a necessidade combinatória das relações humanas e a participação nas decisões com ações
efetivas para o alcance dos objetivos específicos da escola, valorizando os elementos internos do
processo organizacional, tais como: a organização, a direção, o planejamento, os objetivos pedagógicos
e a avaliação.
Em síntese, o quadro dos autores pode ser lido levando em consideração as finalidades da escola com
relação não somente à formação dos estudantes, mas, sobretudo, com relação à própria sociedade.
Embora o quadro vá se modificando até alcançar o patamar de gestão democrático-participativa, é preciso
uma reflexão no sentido de que essa gestão não está pronta e acabada, pois a gestão democrática tem
como desafio permanente atender aos interesses individuais e coletivos.
A origem da palavra democracia advém da palavra grega “demos” que significa povo.
As democracias são diversificadas, refletindo a vida política, social e cultural de cada país e baseiam-se em
princípios fundamentais e não em práticas uniformes. Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos,
têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades.
Fonte: <http://www.embaixadaamericana.org.br/democracia/what.htm>. Acesso em: 02 set. 2011.
As conquistas da gestão educacional podem ser notadas a partir do final da década de 1980, com
a implementação de uma gestão democrática que é mais do que a exigência de transparência e de
moralidade, mas expressa a presença política dos gestores. Dessa forma, os gestores querem ser mais
do que executores das políticas institucionalizadas, mas querem ter voz de diálogo e participação.
Nas palavras de Bordignon e Gracindo (2000, p.148): “[...] a gestão democrática da educação requer
mais do que simples mudanças nas estruturas organizacionais; requer mudanças de paradigmas que
Uma nova gestão constitui-se em um fazer coletivo e em permanente processo de mudança de gestão
baseada em um novo paradigma que passa de um líder autoritário para uma gestão de negociação
com o grupo. O processo de gestão que comumente é desenvolvido nas escolas está baseado em uma
concepção educacional baseada no paradigma tradicional positivista.
Nesse paradigma a relação sujeito-objeto é vista de forma fragmentada, o que levaria, em última instância,
às relações de verticalidade. Tais relações ignoram a intersubjetividade no processo pedagógico e de
gestão. “[...] A superação dessas relações de verticalidade, acontece a partir da concepção de cidadania
que ressalta a dimensão do coletivo” (BORDIGNON ; GRACINDO, 2000, p.151).
Essa dimensão do coletivo está fundamentada em uma nova concepção de educação e, por conseguinte,
em uma nova prática social dos gestores não mais baseada em níveis de hierarquização, mas partilhando
responsabilidades e assegurando relações interpessoais entre os sujeitos que são iguais e, ao mesmo
tempo diferentes. A diferença entre os sujeitos não deve ser entendida como melhor ou pior, maior ou
menor, pois essas são atitudes que negam a cidadania e a participação coletiva.
Em síntese, essa nova concepção de gestão democrática não diminui a importância dos gestores
educacionais e não lhes retira a sua competência técnica, mas coloca em evidência a sua relevância
social. “Isto porque as mudanças sociais passam, necessariamente, pela mudança individual” (ALGARTE,
1991, p.1).
De acordo com Santos (2002, p. 41), os gestores educacionais possuem responsabilidades dentro do
ambiente escolar que podem ser expressas nas seguintes ações:
• Efetivando a gestão participativa, envolvendo todos os profissionais da escola no planejamento
das atividades nos aspectos administrativos, pedagógicos, políticos e éticos;
• Solucionando a insatisfação dos profissionais devido à sensação de impotência e inutilidade
diante do fracasso da escola em educar para as novas gerações;
• Conscientizando todos de que somente a prática participativa e democrática pode provocar
mudanças significativas e benéficas para a escola.
Diante das ações explicitadas, o gestor escolar possui várias responsabilidades que vão desde as questões
pedagógicas até as administrativas, sendo assim como gestor ele precisa coordenar todos os setores
do ambiente escolar, assim como ser um motivador e agente de transformação e despertar potencial
de cada um dos envolvidos no processo, a fim de transformar a escola em um ambiente contínuo de
cooperação. Um olhar atento sobre as ações e atitudes do gestor escolar indica um perfil diferenciado
de liderança, responsabilidade e empreendedorismo. Para considerarmos a totalidade dessas atribuições
dentro da sua complexidade verificamos a existência de outras instâncias de gestão.
Com relação à gestão em sala de aula, Vieira (2000, p.40) aponta algumas diretrizes e responsabilidades
no dia a dia do professor (gestor) elencadas a seguir:
De fato, todas as considerações feitas pela autora elencam as atribuições do dia a dia das salas de
aula, ou seja, funções historicamente atribuídas ao professor, mas que não são mais suficientes ou não
atendem mais às exigências que estão postas na sociedade como um todo.
Sendo assim, os gestores têm o compromisso de disponibilizar recursos necessários para o desenvolvimento
do estudante, e, sobretudo, estar consciente do seu novo papel que é gestar frente a uma sociedade que
ao mesmo tempo é produtora de problemas das mais diversas ordens desde o econômico, o social, o
familiar transferindo para a escola responsabilidades que não seriam da escola, mas que acabam por
adentrar esse espaço enquanto uma instituição social, ou seja, “[...] a gestão de um novo professor mais
consciente de sua importância social e de seu real papel profissional” (VASCONCELOS, 1993, p.171).
A breve afirmação de Vasconcelos nos possibilita refletir que foi acrescentado ao papel do professor, além
das funções elencadas e comentadas, a consciência de sua nova função social que deve ser mais de um
profissional em constante olhar para a sociedade que o circunda. Isto porque a gestão educacional traz
alguns desafios para o cotidiano escolar que se deu em decorrência do processo histórico da sociedade
brasileira e as relações de poder que ora contribuem ou retrocedem a democratização dessa gestão.
Dentre esses desafios existem os traços predominantes de autoritarismo que remontam à época da
escravatura, na república dos marechais, no populismo e na ditadura. Nesse sentido, a democratização e
a cidadania disputam espaço com as políticas conservadoras e coronelismo que ainda existem no nosso
país.
[...] A escola, como instituição social que interage com a sociedade, encontra-se nesse contexto e
tem o seu cotidiano permeado por práticas e teses autoritárias. [...] Hoje, em tempos de vigência
do neoliberalismo, o tema gestão está associado aos paradigmas que fundamentam as mudanças
conservadoras na forma de pensar a sociedade e a gestão educacional (MELO, 2001, pp.243-244).
Aparentemente, a estratégia utilizada tem ares de novas políticas preocupadas com o sucesso e a melhoria
da educação, mas ao observar a essência do discurso não se sustenta ao questionarmos o seu caráter
democratizante e a sua perspectiva de inclusão social.
A partir da citação observamos outro desafio para o gestor (professor), no momento em que ele se depara
com a sua tarefa solitária de avaliar e que essa terá repercussão na vida dos alunos, passando ainda
pela tensão de expô-la diante de outros profissionais e dos pais desses alunos. Embora, algumas vezes
essa tensão possa ser compartilhada com os outros profissionais envolvidos na relação pedagógica
(supervisores, coordenadores ou pedagogos), o momento da avaliação é único e particular cujo objetivo
é atribuir notas aos alunos.
Outro desafio a ser enfrentado pelo gestor escolar seriam os problemas de ordem social a ambiental
que se mostram como impasses para a continuidade das gerações futuras. Nesse sentido, vivemos uma
situação problemática e, ao mesmo tempo, paradoxal.
Com efeito – e aqui reside o paradoxo -, quanto mais as nossas sociedades se escolarizam, mais se
confrontam com os problemas de ordem social e ambiental que configuram autênticos impasses da
civilização. Verifica-se que há um desequilíbrio acentuado entre conhecimento científico e técnico
que marca as nossas sociedades [...] (CANÁRIO, 2001, p. 40).
Encontramos consonância nas palavras de Ladislau Dowbor (no prefácio à obra de Paulo Freire, À sombra
das Mangueiras de 1995):
[...] o ser humano maneja hoje tecnologias incomparavelmente mais avançadas do que a sua
maturidade política. Isto pode ser constatado através da destruição da vida nos rios e nos mares,
da erosão da camada de ozônio, do aquecimento global, das chuvas ácidas, da erosão dos solos,
da expansão do consumo de drogas [...] a humanidade não poderá sobreviver sem formas mais
avançadas de organização social.
É justamente diante desse panorama que aumenta a importância da educação e a responsabilidade dos
gestores escolares, pois não basta apenas transmitir os conhecimentos científicos que foram acumulados;
a escola e os gestores escolares assumem a responsabilidade de pensar os problemas que surgem na
sociedade, refletindo sobre eles dentro das escolas.
Para a autora a prática autoritária exercida pela maioria dos gestores nas diferentes realidades que
vão desde o ensino básico até o ensino superior, assim como sua concepção de avaliação como um
julgamento é resultado da própria história de avaliação vivenciada pelos professores enquanto alunos,
assim como dos pressupostos teóricos que sustentaram a sua formação.
Com o propósito de uma aproximação de algumas angústias e desafios vivenciadas pelos professores,
disponibilizaremos algumas perguntas elaboradas por professores com relação à avaliação. Tais perguntas
foram retiradas do livro Mito e Desafio: uma perspectiva construtivista de Hoffmann (2005, p. 25).
Deve-se avaliar os alunos através de notas, conceitos ou pareceres descritivos?
Como se elaboram instrumentos precisos de avaliação (testes, provas)?
De que forma podem ser estabelecidos critérios de avaliação precisos, levando-se em conta “o todo”
do aluno?
Como atribuir notas aos alunos, considerando-se os resultados do bimestre e o da recuperação?
Em que condições um aluno deve ser reprovado?
Quais são os critérios para avaliação de tarefas dissertativas?
Tais questões trazem uma preocupação dos professores (gestores) com a precisão dos resultados sobre o
desempenho do aluno e sustentam o argumento da autora “[...] de que a avaliação, na escola, vem sendo considerada
um ato penoso de julgamento de resultados. Essa concepção, consciente ou inconsciente, transformou-se [...]
numa prática coletiva angustiante, embora exercida pela maioria” (HOFFMANN, 2005, p.25).
Encontrar respostas para essas perguntas e angústias expressas por um conjunto de professores não
é tarefa fácil e não existem fórmulas demonstrando o desafio que o gestor se deparará com relação à
avaliação dos alunos.
Outro desafio para a avaliação, segundo Vasconcelos (2002, p.28,31), que deve ser pensado pelo
gestor no momento da avaliação, diz respeito ao sentido dos desafios das atividades propostas e o
acompanhamento atento das ações dos alunos. Esses dois desafios foram propostos pelo autor em forma
de perguntas e respostas, que aqui transcrevemos.
1- Qual deve ser o sentido dos desafios e das atividades propostas em sala de aula, seja qual for a
série, ciclo ou disciplina?
Dessa forma, o desafio que se encontra na questão acima é a reflexão que faremos sobre o tipo de
avaliação que pretendemos desenvolver, a maneira como ela será proposta, ao mesmo tempo em que
teremos que ter a consciência que os alunos estão dando sentido a essa a avaliação continuamente.
2- Por que devemos privilegiar um acompanhamento atento das ações dos alunos e valorizá-las
bem mais que as provas ou trabalhos que apresenta?
Existe uma diferença entre um filme e uma fotografia. O primeiro é dinâmico, se altera a cada
quadro, a fotografia é estática, simbolizando o registro de um instante. Toda avaliação é sempre
estática, pois capta o desempenho do aluno em um momento específico, é, pois instantânea, mas
sua aprendizagem é construtiva, possui uma dinâmica e significados que estão em permanente
ebulição e transformação e, sobretudo, com alunos mais novos, muitas vezes a aprendizagem
significativa se manifesta algum tempo depois da atividade que a suscitou (VASCONCELLOS,
2002, pp. 28,31).
Considerando que o aluno vai construindo seus significados durante o processo de avaliação, seria
oportuno e dinâmico promover uma avaliação constante dos alunos e que não fosse registrado apenas
por um único instrumento de avaliação, que em última análise registra apenas um fragmento de todo o
conhecimento por ele adquirido. Esse seria mais um desafio para o gestor escolar.
Vimos que são muitas as responsabilidades e os desafios voltados ao gestor escolar, ambos citados em nossas
discussões até o momento, somados a esses desafios, temos a questão da indisciplina, dos limites que devem
ser impostos aos alunos, da falta de regras claras e de autoridade familiar e escolar. Todas essas dimensões
refletem diretamente no processo ensino-aprendizagem e mais propriamente nos resultados da avaliação da
aprendizagem.
Antes de abordarmos a origem e histórico da avaliação, gostaríamos que você, caro(a) acadêmico(a), lesse os
dois textos contemplados a seguir e fizesse uma reflexão sobre os mesmos, explicitando até que ponto essas
condutas interferem na apreensão do conhecimento por parte dos estudantes.
Baseados no senso comum, comumente, acreditamos que a avaliação tenha surgido com a finalidade de
verificar, de medir a aprendizagem dos alunos durante o seu processo de escolarização. Sob um olhar
histórico, a concepção de avaliação tal qual conhecemos hoje está diretamente ligada à escola, todavia
ela não nasceu nos seus domínios.
Em uma perspectiva histórica, as práticas de avaliação sob a forma de exames escolares foram utilizadas
e sistematizadas nos colégios católicos dos Jesuítas.
A modalidade dos exames escolares, que conhecemos hoje, foi sistematizada no decorrer do
século XVI e a primeira metade do século XVII. Os jesuítas em um documento publicado em 1599
[...] usualmente conhecido como Ratio Studiorum formalizaram o modo de adminstrar a prática
pedagógica em suas escolas, assim como um modo específico de examinar os alunos no final do
ano letivo (LUCKESI, 2011, p.1).
No documento supracitado está normatizado que o aluno no momento da avaliação não poderá solicitar
nada ao seu colega nem àquele que supervisiona o momento da prova. Esse documento contempla,
ainda, que os alunos não poderão sentar-se juntos: caso isso ocorra e houver respostas iguais não será
possível identificar quem respondeu e quem copiou. “O tempo da prova é estabelecido previamente”
(LUCKESI, 2011, p.1).
Subsidiados pelos apontamentos de Luckesi e separados por um intervalo histórico de cinco séculos
desde as primeiras normatizações jesuítas, nos levam a concluir que o nosso processo avaliativo, desde
o Ensino Fundamental, percorrendo o Ensino Médio e chegando ao Ensino Superior ainda está sobre as
mesmas regras publicadas pelo documento supracitado.
Ainda sustentados por Luckeki (2011), quanto ao histórico da avaliação, o ano de 1632 faz referência a
John Amós Comênio, bispo protestante natural da Morávia que publicou o livro intitulado “Didática Magna:
ou da arte de ensinar tudo a todos, totalmente”. Nessa obra estão definidos muitos elementos que ainda
hoje estão presentes em nossas práticas escolares e avaliativas.
Retomando a nossa discussão sobre o histórico da avaliação, foi a partir das sistematizações iniciais dos
Jesuítas e do Bispo Comênio que as modalidades de avaliações foram se aperfeiçoando no decorrer dos
séculos a seguir. A psicologia enquanto ciência abriu caminhos para os testes psicológicos no final do
século passado e início deste para o teste de inteligência. Esse foi um período de aperfeiçoamento dos
instrumentos de testagem, embora não se questionasse a validade de tais exames (LUCKESI, 2011).
Os testes de inteligência começaram a ser usados na China, no século V d.C., [...] as escolas
da França precisavam de um método objetivo, eficiente e rápido que possibilitasse diagnosticar
deficiências mentais, e para isso Binet e Simon criaram o primeiro teste de inteligência no Ocidente.
[...] Em 1912, William Stern sugeriu o termo “QI” (quociente de inteligência) para representar o nível
mental (MELÃO JR., 2011, p.1).
Sob a égide da mensuração e uma cultura dos testes, Dias Sobrinho (2003, p.17), afirma quem nas
primeiras décadas do século XX, o termo avaliar se confundia com medir: “embora consideremos hoje
importante distinguir avaliação e medida, naquele momento, esses termos se tomavam um pelo outro. A
avaliação era eminentemente técnica, consistindo basicamente em testes de verificação, mensuração e
quantificação de resultados”.
Na concepção de Chueiri (2011, p.55): “o segundo ângulo por meio do qual se pode focalizar a contribuição
da Psicologia à avaliação educacional refere-se aos estudos da Psicologia comportamental sobre a
aprendizagem. Essa abordagem considera que a aprendizagem pode ser quantificada e, portanto, medida”.
No início da década de sessenta, nos USA, sob o governo de Kenedy a discussão da avaliação girava em
torno de verificar o que se faria com os recursos financeiros aplicados na educação; a aprendizagem era
relegada a segundo plano, pois o foco se dava em torno dos programas educacionais norte-americanos.
Algumas das avaliações trazidas pelo autor serão explicitadas na Unidade II deste material de estudo.
Foi no centro do movimento citado anteriormente que a Tecnologia Educacional, uma modalidade
de ensino que ganhava seus primeiros passos desde os anos trinta do século passado nos USA. A
Tecnologia Educacional trazia uma preocupação com eficácia das ações educacionais e seus objetivos
eram com relação a custos. No que tange aos processos avaliativos esses deveriam garantir eficiência.
Esse processo tecnológico educacional chegou ao Brasil, no final dos anos sessenta e setenta, em torno
da promulgação da LDB 5692.72 que diz respeito à Reforma do Ensino de 1º e 2º graus. [...] Essa lei
sofreu influência dos pedagogos norte-americanos e dos interesses do governo norte-americanos no que
se referia à educação dos países em desenvolvimento. “[...] Vivíamos um momento forte do colonialismo
contemporâneo” (LUCKESI, 2000, p. 2).
Saltando da LDB nº 5692.72 para a LDB nº 9394.96, Demo (2004) faz um estudo dessa última com um
olhar interessado de quem busca uma análise crítica muito além de aceitar ou rejeitar a Lei. No seu ponto
de vista, a Lei carrega ranços e avanços, ou seja, pontos negativos e positivos, e seu interesse maior de
discussão é o papel da educação no mundo atual. Para o autor esse assunto é tratado de forma pálida na
Lei, embora existam componentes alentadores; no entanto, a educação não pode ter um enfoque isolado
da realidade, pois essa será sempre parcial. Levando em consideração o futuro do país, a Lei expressa
timidez com relação às potencialidades da educação, “[...] porque se atém ainda a modelos didáticos
totalmente superados, perante as atuais tendências da aprendizagem, ao lado de conferir a entidades e
componentes mais ou menos caducos um papel que não possuem mais” (DEMO, 2004, p.11).
Embora o título da obra de Pedro Demo seja “A nova LDB: Ranços e Avanços”, o autor orienta-se pela
convicção de que é fundamental valorizar mais os pontos positivos do que os negativos. Dentro dessa
perspectiva de pontos positivos está justamente a avaliação. Assim se posiciona o autor: “Até que enfim,
a LDB consagra o princípio da avaliação como parte central da ‘organização da educação nacional’” (Arts.
8º ss) (DEMO, 2004, p.31). O autor destaca o artigo 9 sobretudo, os incisos V, VI e VIII que estão dentre
as incumbências da União:
• No inciso V: “coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação”, admitindo a
necessidade de qualidade técnica dos dados disponíveis, sua função política de análise crítica, o
incremento desse tipo de atividade e certamente sua relevância como instrumento essencial de
diagnóstico e prognóstico; [...].
• No inciso VI, aparece o compromisso com o “processo nacional de avaliação do rendimento
escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino”; aqui o foco está
no rendimento escolar de todos os níveis educacionais, o que permitiria ao país alinhar-se aos
outros que já possuem sistemas de avaliação em andamento, inclusive com escalonamento das
escolas, dos estados e municípios, o que favorece políticas direcionadas a problemas concretos
em lugares e áreas concretas.
Apesar dos avanços mencionados pelo autor com relação à avaliação, o inciso VI é de extrema importância
nas nossas reflexões sobre as avaliações institucionais que têm por finalidade a aprendizagem dos alunos,
assim como uma educação de qualidade. Essas avaliações demonstram que o Brasil tem um longo
caminho a percorrer para o alcance de uma educação de qualidade.
Os novos rumos da educação apresentados até aqui nos indicam mudança de foco também na intervenção
pedagógica e, isto certamente é papel do gestor escolar representado pelo Pedagogo, o antigo Supervisor,
ou como muitos o chamam Coordenador Pedagógico.
Sabemos que o foco na sociedade atual centra-se no dinamismo, criatividade, autonomia e desenvolvimento
da criticidade, assim a escola insere-se neste contexto, convertendo todo o processo de ensino aos
anseios desta dita sociedade do conhecimento.
Neste sentido, não cabe ao Gestor Escolar apenas “apagar incêndios”. É de extrema importância que
esse profissional tenha a práxis pedagógica construída a partir da teoria estudada e da prática vivenciada
em seu cotidiano, tendo um olhar investigativo sobre as vertentes que interferem na sua atuação, ele
representa um elo sobre as ações pedagógicas e administrativas da escola (PLACO, 2003).
É oportuno destacar que o Gestor deve colocar em prática o que vem explicitado no Projeto Político
Pedagógico de sua Instituição. Segundo Veiga (1998, p. 9), o projeto político pedagógico é um documento
orientador da ação da escola que aglutina crenças, aponta caminhos, formas operacionais, traz a
concepção sobre a educação e ajuda a conhecer melhor a realidade da comunidade escolar.
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar
quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar
uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que
o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas.
As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores
(GADOTTI, 1994, p. 579 apud VEIGA, 1998, p. 12).
Para isso, se faz necessário que haja um momento de troca entre os professores das diversas séries e de
análise de seus planejamentos por parte do gestor escolar, assim, ao entrar em sala de aula e observar
a dinâmica do processo de ensino, ele terá embasamento para verificar se a teoria está explicitada na
prática, se não estiver ocorrendo cabe ao Gestor fazer a devolutiva fundamentada, teoricamente, sobre
como o docente poderá conduzir a sua práxis pedagógica para que alcance os objetivos propostos no
planejamento.
Um instrumento que auxilia e se faz indispensável para dar respaldo ao olhar investigativo do gestor quanto
Como podemos verificar, é essencial que o gestor escolar possua visão ampla – conheça leis, teorias e
práticas vivenciadas por colegas – para viabilizar a relação teoria e prática, só assim, ele poderá orientar
e conduzir seus docentes para uma práxis pedagógica que alcance todos os pressupostos estabelecidos
no Projeto Político Pedagógico da Instituição.
A eficiência da ação do Gestor Escolar está diretamente ligada à sua ação em promover mudanças
de comportamento no professor, isto é, na aquisição de novas habilidades, ou reforço de outras já
existentes, o desenvolvimento de novas perspectivas, ideias, opiniões etc. Isto porque, em última análise,
o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem não depende tanto de diretrizes preestabelecidas,
de planos prontos (muitas vezes, pouco aceitos pelos professores) ou de conselhos, mas sim, do
relacionamento professor X Equipe Gestão Escolar. É o potencial do professor canalizado para o processo
ensino-aprendizagem que “faz a diferença” neste sistema educacional.
Assegura-se, contudo, que é mediante a ação da Gestão Escolar, reconstruindo e orientando concretamente
o corpo docente de sua Instituição, dando ênfase no desenvolvimento e na dinâmica pedagógica em sala
Diante de tal quadro, sustenta-se que a intervenção do gestor é de suma importância para a qualificação
do ensino e, portanto, do processo avaliativo. Partindo deste princípio Heloísa Lück ressalta,
O papel do supervisor escolar se constitui, na somatória de esforços e ações desencadeadas
com o sentido de promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Esse esforço voltou-se
constantemente ao professor, num processo de assistência e coordenação de sua ação (2007, p.
20).
A eficiência do processo de ensino depende de um trabalho em equipe que se inicia diretamente com
a atuação do Gestor Escolar (pedagogo, supervisor ou coordenador) visando à qualificação do trabalho
docente que, por sua vez, deixará transparecer essa qualidade em sala de aula por meio de sua práxis
pedagógica – é a constituição do SER DOCENTE – que tanto se discute na atualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa breve apresentação da história da avaliação concluímos que esta está diretamente relacionadas às
mudanças que vêm ocorrendo ao longo do desenvolvimento da sociedade. O desafio posto para o gestor
escolar com relação à avaliação, assim como das instituições como um todo se darão em (re)pensar e (re)
significar não somente o conceito de avaliação, mas as próprias práticas avaliativas.
Nesse sentido, o nosso objetivo principal, nesta unidade I foi compreender o papel do gestor escolar,
assim como dar início às primeiras discussões sobre avaliação da aprendizagem e a intervenção do
gestor no processo de qualificação destas avaliações.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1- “[...] Não são poucos os que situam as organizações educacionais como empresas e advogam que,
como tal, as mesmas devem ser administradas” (BORDIGNON e GRACINDO, 2000, p.161). Con-
siderando a citação e a definição de gestão elencada por nós nessa unidade, construa um texto
argumentativo de aproximadamente 10 linhas, posicionando-se sobre a afirmação acima.
2- Tomando por base as concepções de organização e gestão escolar (técnico-científica, autogestio-
nária, interpretativa, democrático-participativa) propostas por Libâneo, Oliveira, Toschi (2005, p.323),
procure caracterizar cada uma delas estabelecendo a relação com a atuação do gestor.
Se no primeiro dia de aula o professor comunicasse que não haveria avaliação por parte dele ou da instituição,
de que forma você avaliaria se houve ou não um avanço significativo em relação ao seu conhecimento obtido?
Esse é um exercício de mudança de pensamento conceitual acerca da avaliação, e essa inversão de pensamen-
to coloca em xeque a nossa responsabilidade individual com relação aos nossos estudos, e está diretamente
ligada com o que se espera dos alunos enquanto partícipes de sua sociedade que atribui a autonomia como uma
das habilidades específicas para viver nessa sociedade, no entanto, a autonomia implica em responsabilidade
pelo processo de uma formação de qualidade e apropriação do conhecimento.
JP. Como a senhora avalia a gestão praticada nas escolas brasileiras hoje em dia?
HL- As práticas de gestão nas escolas que apresentam a melhoria dos resultados educacionais têm sido realiza-
da mediante grande empenho, criatividade e liderança de seus gestores, em especial de seus diretores. Há nes-
sas escolas um esforço no sentido de promover consenso e direcionamento centrado na realização de objetivos
educacionais claramente compreendidos, há envolvimento dos pais na gestão da escola e seu acompanhamento
à escolaridade dos filhos, assim como também a abertura da escola para a comunidade. Mas, sobretudo, a par-
ticipação efetiva dos diretores escolares no acompanhamento do processo ensino aprendizagem, observação
da sua efetivação na sala de aula, acompanhados de feedback, de modo a promover as mudanças necessárias
para que os alunos aprendam mais.
No entanto, apesar desses aspectos altamente animadores, somos obrigados a reconhecer que, em geral, fal-
tam aos gestores visão de conjunto, articulação entre os vários segmentos de atuação da escola e o empenho
em enfrentar os desafios da gestão de comunidades escolares que apresentam, naturalmente, tensões, con-
flitos, dificuldades e limitações. Infelizmente, somos obrigados a reconhecer que falta profissionalização dos
diretores escolares. Por profissionalização, entendemos o desenvolvimento gradual e contínuo de competências
(conhecimentos, habilidades e atitudes), necessários para assumir responsabilidades de um trabalho específico
e complexo, e a sua aplicação efetiva nesse trabalho. Temos muito que caminhar para que as nossas escolas
públicas tenham uma cultura de gestão escolar efetiva, baseada em critérios de competência tanto da gestão,
como de todos os segmentos de atuação da escola, promovida por essa gestão. Precisamos assentar a gestão
da escola sobre a definição de planos consistentes de ação, com respectivos parâmetros de qualidade a serem
continuamente monitorados e avaliados.
2. De que maneira os diretores escolares podem contribuir para a melhoria da qualidade da educação?
HL- A qualidade da educação é resultado de um conjunto de fatores internos e externos à escola. Não podemos
deixar de considerar que os elementos externos, como por exemplo, as intervenções dos sistemas ou redes de
ensino correspondentes exercem uma influência significativa sobre o estabelecimento de ensino, e nem sempre
de caráter produtivo. Dentre os fatores internos, é de significativa importância a atuação do diretor escolar, uma
Objetivos de Aprendizagem
• Conceber a avaliação da aprendizagem como um processo dinâmico que considera a conjuntura his-
tórica e explicita os desejos desta, respondendo à sociedade pela qualidade do trabalho pedagógico
realizado.
• Caracterizar as diferentes formas de avaliação da aprendizagem, para refutar a concepção tradiciona-
lista e propor outra sob uma nova ótica.
• Conferir a avaliação da aprendizagem seu papel de auxiliadora do aluno no seu desenvolvimento
pessoal, a partir do processo ensino-aprendizagem.
• Identificar as modalidades da avaliação, bem como os instrumentos que o professor pode usar para
alcançar as finalidades do processo educativo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Em outros tempos, a avaliação escolar era feita simplesmente para verificar se o aluno tinha memorizado
os conteúdos pré-estabelecidos, era um momento esperado com angústia pelos alunos, porque desde
cedo nos colocavam medo.
Hoje este conceito está mudando, a avaliação é vista sob um sentido holístico, pois abrange todo o
processo ensino/aprendizagem e cada vez mais professores a aplicam de modo contínuo, com a finalidade
de auxiliar os alunos em sua caminhada para a aquisição do conhecimento formal e não para puni-los ou
classificá-los em bons ou ruins.
Nesta caminhada, é preciso que professores e equipe gestora ajudem a desmistificar um conjunto de
sentimentos negativos que ainda cercam a avaliação, e para poder concretizar isso é preciso acompanhar,
monitorar, realizar pesquisas, estudos, participar de formação continuada para assim conseguir avaliar tanto
a efetividade do processo quanto a qualidade dos instrumentos e das modalidades utilizadas pelos docentes.
Esses são nossos tópicos de discussão ao propormos a você, caro(a) acadêmico(a), esta segunda
unidade.
Discutir as concepções de avaliação da aprendizagem é um tema complexo e polêmico que gera conflitos
dentro e fora da comunidade escolar. Isto porque os gestores são cobrados pelo sistema para qualificar
Dessa forma, podemos afirmar que a concepção de avaliação está intimamente ligada à concepção de
conhecimento que em última instância determina o fazer pedagógico do professor.
Quando nos propomos a refletir sobre a temática, é preciso questionar: O que avaliar? Como avaliar?
Para que avaliar? Estas questões nos dão um norte para iniciarmos nossas discussões referentes ao fazer
pedagógico do professor, sua prática avaliativa e o papel que o gestor assume enquanto responsável pelo
caminhar da escola na busca pela qualidade do ensino.
Na unidade anterior, nos propomos a buscar as origens da avaliação e conceituá-la. Agora é a vez de nos
perguntarmos O QUE AVALIAR?
A aprendizagem deve ser concebida como um processo de transformação das estruturas cognitivas
internas do aluno, em consequência da incorporação de novos conhecimentos que não são adquiridos
como mera cópia da realidade, mas são modificadas durante o ato de conhecer e aprender.
O resultado desse processo é duplo, por um lado, o aluno tem mais conhecimentos e conta com estruturas
cognitivas mais desenvolvidas que lhe permitirão aprender mais e melhor. Por outro lado, esse enfoque
exige avaliar a significação das novas aprendizagens que os alunos adquirirem, mediante a construção
de novos conhecimentos. Para isto, o professor e a gestão escolar devem ter clareza sobre o que avaliar.
Entende-se que a atuação do professor deve buscar padrões qualificativos transferindo aos alunos
significados, de forma a transformá-los em sujeitos críticos e reflexivos que expressem essa qualificação
por meio da capacidade de pensar e agir acertadamente diante das situações que lhes são impostas.
Do ponto de vista da avaliação, essas características implicam o uso de procedimentos que permitam
avaliar a generalização da aprendizagem, avaliando pela comprovação de muitos contextos e áreas de
conteúdos diferentes. Isto é o mesmo que dizer que precisamos avaliar se o aluno consegue ou não
transferir o que aprendeu em situações e contextos diversos, é a aplicabilidade do conhecimento adquirido.
Mas isto é tarefa própria do professor, ele é o mediador deste processo. A ele cabe a tarefa de ensinar e
concordando com Sanmarti, “ensinar é ajudar os alunos a identificar as diferenças entre duas formas de
fazer, de pensar, de falar, de sentir e de valorizar, e das que se promovem a partir da escola” (2009, p. 09).
Para termos êxito na tarefa de ensinar precisamos ter clareza sobre os critérios ao se avaliar. Estes critérios
ou pontos sucintos de COMO AVALIAR uma sala de aula são instrumentos de possíveis mudanças no
âmbito educacional.
O tradicionalismo pregava que o aluno tinha que ser avaliado mediante a quantidade de respostas “certas”
durante as sabatinas.
MEMÓRIAS DE UM ALUNO
“Governadores-gerais, holandeses e franceses começaram a importunar-me. Esquartejavam-se períodos, subdi-
vidiam-se e rotulavam-se as peças em medonha algazarra. Os meus novos amigos guardavam maquinalmente
façanhas portuguesas, francesas e holandesas, regras de síntese – e brilhavam nas sabatinas. Segunda-feira
estavam esquecidos, e no fim da semana precisavam repetir o exercício, decorar provisoriamente a matéria. À
medida que avançavam, a tarefa ia se tornando mais penosa: ficavam apenas, algum tempo, as últimas lições.
Eu achava estupidez pretenderem obrigar-me a papaguear de oitiva. Desonestidade falar de semelhante manei-
ra, fingindo sabedoria. Ainda que tivesse de cor um texto incompreensível, calava-se diante do professor – e a
minha reputação era lastimosa”.
RAMOS, Graciliano. Trechos da obra Infância.
SOBRE O AUTOR E A OBRA
Publicada em 1945, Infância é uma autobiografia de Graciliano Ramos onde prova ser possível somar os ele-
mentos pessoais com os sociais. Muito do que o autor confessa em suas memórias são problemas que afetaram
não só a ele mesmo, mas também o seu meio.
Vemos mediante o relato de Graciliano Ramos o quanto penosa era a forma de avaliar em uma perspectiva
tradicionalista. Tudo que era memorizado logo também era esquecido. Isto porque segundo Ronca e Terzi,
Memorizar não significa apropriar-se do conhecimento, mas significa mantê-lo sob custódia, numa
pequena parte do cérebro, ao lado do pensamento reflexivo. Memorizar, uma das funções da
inteligência é parte essencial, porém, pequenina, da grande tarefa que cabe ao ser humano, isto é
a tarefa de PENSAR (1991, p. 39).
Mas, infelizmente temos dificuldades para fugir de um sistema que estabelece “amarras”, de todos os lados
para a nossa ação educativa. Para Mizukami (1996), ainda, na concepção tradicionalista, a avaliação é
realizada predominantemente visando à exatidão da resposta e isto demonstra que, apesar de toda a
mudança social, a instituição escolar ainda não evoluiu para acompanhar as novas exigências de uma
Inserido neste contexto Ronca enfatiza que: “Não é mediante as provas ‘secas’ ou difíceis, que se
estimulam os jovens a estudar, se controla a disciplina ou se conquista o respeito na classe” (1991, p. 36).
Luckesi (2005, p. 04) destaca que “a questão central da prática da avaliação não está nos instrumentos,
mas sim na postura pedagógica e consequentemente na prática da avaliação”. Neste sentido, para
modificarmos nosso modo de agir, necessitamos cambiar nossas crenças e nossos modos de agir na
prática pedagógica, pois a avaliação é reflexo da aula e vice-versa.
É necessário frisar que não queremos discutir se as provas devem ser fáceis ou difíceis. O que estamos
desvendando são ideias de avaliações, nem fáceis, nem difíceis, mas essencialmente inteligentes, que
tenham significado na vida de cada aluno.
A ideia da avaliação inteligente tem o mérito de romper com a clássica forma de elaborar avaliações
somente por meio de perguntas e respostas, interrompendo de maneira drástica a forma tradicional de
avaliar.
Nosso propósito é salientar que os professores podem produzir suas avaliações de maneira a não deixá-
las com cara de “Eu pergunto, você responde”.
Finalmente, procuramos entender o PARA QUE AVALIAR? O interesse já não está na mensuração e
na posterior classificação dos alunos, mas sim em avaliar para melhorar a aprendizagem e o ensino.
Certamente, a escolha daquilo que se considera objeto de avaliação influi de modo determinante nas
prioridades do ensino e, logicamente, na aprendizagem dos alunos. O tipo de instrumentos utilizados para
avaliar repercute ainda na maneira de aprender deles.
Mas é preciso se perguntar: até que ponto a escola parece hoje alcançar um ensino de qualidade no
sentido de desenvolver as potencialidades de cada educando? O sucesso de alguns representa de fato
sua formação no sentido de um sujeito capaz de resolver os problemas que a vida cotidiana lhe impõe?
É correto afirmar que o que temos presenciado é inúmeros fatores dificultando a superação da prática
tradicional já tão criticada, mas dentre muitos, “desponta sobremaneira a crença dos educadores [...] na
manutenção da ação avaliativa classificatória como garantia de um ensino de qualidade que resguarde
um saber competente dos alunos” (HOFFMANN, 2003, p. 13).
Em oposição a esta concepção tradicionalista outra se impõe, produto das relações estabelecidas entre
os sujeitos envolvidos neste processo: aluno – professor e conhecimento.
Isto exige do professor um olhar atento sobre todas as ações de seus alunos. Dentre elas, podemos
apresentar (MASETTO, 2010):
• Prestar atenção nas manifestações dos alunos (orais e escritas).
• Competência para organizar atividades de ensino e encaminhamentos pedagógicos diferenciados
que possibilitem a aprendizagem de todos.
• Perceber o que os alunos compreenderam assunto trabalhado.
• Refletir sobre o motivo que os levou a não aprenderem.
• Verificar o que eles fizeram de diferente, de interessante nas atividades propostas.
• Como o aluno pensou para chegar naquele resultado? De onde partiu?
• Que avanços ocorreram?
• Qual foi a participação do professor e do aluno nesse processo?
• Verificar como o aluno pensa, isto é, como ele elabora cognitivamente o conhecimento.
• Elaborar provas condizentes com a aula dada.
• Considerar o grau de interesse e motivação dos alunos.
• Pensar em estratégias que possibilitem o conhecimento formal, científico.
• Indicar leituras complementares.
• Cobrar pontualidade dos alunos.
• Ensinar-lhes a se organizarem-se: temporal e espacialmente.
À luz desse importante princípio educativo, no processo de avaliação, é preciso que se fixem objetivos
coerentes com os diferentes estágios evolutivos de pensamento dos alunos, concebendo-se a
aprendizagem como uma sucessão de aquisições constantes e dependentes das oportunidades que o
meio oferece. Isto implica considerar as diferenças individuais, assim como os diferentes entendimentos
que cada aluno tem acerca de diferentes questões propostas na avaliação, já que essa compreensão
decorre de sua experiência anterior, do entendimento próprio que tem de cada situação vivenciada.
Toda atividade avaliativa é decorrente de um processo caracterizado por recolher informação; analisar
essa informação e emitir um juízo sobre ela. Tudo isto para tomar decisões de acordo com o juízo emitido
(SANMARTÍ, 2009).
Nesta perspectiva é proposta uma nova relação entre o professor, o aluno e o conhecimento. Ela parte do
princípio de que o aluno é o construtor do próprio conhecimento. Mas, esse conhecimento é construído
com a intervenção do professor que, por meio da mediação, estimula e propicia condições para que o
aluno elabore ou aperfeiçoe seu conhecimento. Assim, a avaliação pode ser feita de diversas formas
e com instrumentos variados, “competindo ao professor organizar de forma eficiente o processo da
avaliação da aprendizagem” (MORETTO, 2002, p. 101).
Para Vasconcellos (1993, p. 55), “não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória,
num processo de ensino passivo, repetitivo, alienante”. Uma avaliação significativa somente se processa,
quando o conteúdo ministrado é significativo para o aluno. Sem mudar a forma de trabalhar em sala de
aula, dificilmente o professor mudará sua prática de avaliação formal, decorativa, destituída de sentido.
É preciso que o professor considere a avaliação no seu verdadeiro sentido, o de fazer parte do processo
ensino-aprendizagem, pois o professor não pode propiciar aprendizagem se não estiver constantemente
avaliando as condições de interação de seus educandos.
Referindo-se ao processo educativo e ao aluno, Hoffmann (2003, p. 68) enfatiza que: “todos os aprendizes
estarão sempre evoluindo, mas em diferentes ritmos e por caminhos singulares e únicos. O olhar do
professor precisará abranger a diversidade de traçados provocando-os a prosseguir sempre”.
Para esta autora é preciso elencar alguns princípios que norteiam a ação avaliativa mediadora:
• Oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar suas ideias.
• Oportunizar discussões entre os próprios alunos a partir de situações desencadeadoras.
• Ao invés de simplesmente atribuir uma nota pelo que o aluno produziu, é preciso tecer comentários,
auxiliando-os a localizar as dificuldades, e oferecendo-lhes oportunidades de descobrirem melhores
soluções.
• Transformar registros de avaliação em anotações significativas sobre o acompanhamento dos alunos
em seu processo de construção do conhecimento (HOFFMANN, 2003, p. 58).
Se o objetivo é fazer com que todos aprendam, é necessário informar o que vai ser visto em aula e debater
o porquê estudar aquele conteúdo. O importante é que o educador utilize o diálogo como fundamental
eixo norteador e significativo da sua ação pedagógica e, ainda, utilize a função diagnóstica da avaliação
para elaborar o seu trabalho.
Ronca e Terzi (1991) afirmam que até a prova deverá ser contextualizada e discutida com os alunos e isto
tem início dando-lhe um título. Isto mesmo, até a prova deve ter um título, assim como fazemos com a
produção de um texto. Assim, os alunos se familiarizarão com o assunto e buscarão reavivar a memória do
que foi discutido em sala de aula para responder adequadamente as questões propostas pelo professor.
Considerando que a aprendizagem é um processo e não uma junção de várias informações, o professor –
peça fundamental do modelo de ensino – precisa organizar suas ações pedagógicas de modo a descobrir
como o seu discente aprende e como sua ação docente está sendo desenvolvida para promoção da
aprendizagem, tendo em vista que a (re)organização do trabalho é algo necessário para a efetiva melhoria
de sua ação pedagógica.
Segundo Perrenoud (1999, p.31), por meio da avaliação o professor pode acompanhar o processo de
aprendizagem e, ao mesmo tempo, monitorar o seu ensino, realizando uma investigação didática.
Como resultado desta investigação, baseado na avaliação da aprendizagem, ele pode vir, a saber, que
situações e experiências tiveram efeito positivo e que mudanças precisam ser feitas para melhorar
seu ensino. Essa forma de conceber a avaliação permite elaborar hipóteses sobre a eficácia da ação
docente, pois é pela aferição da aprendizagem que se verifica se essa ação promove a construção
de novos conhecimentos (PERRENOUD, 1999, p. 31).
Sendo assim, o processo avaliativo pode ser concebido como um caminho de mão dupla, por um lado
impulsiona a aprendizagem do aluno, e por outro, promove a melhoria do ensino. É a chamada busca pela
qualidade do ensino que tanto se discute na atualidade.
Para que o professor tenha uma prática avaliativa coerente com esses princípios deve ter um conhecimento
profundo das teorias que embasam o conhecimento. Exige dele também uma visão ampla e detalhada
do conteúdo que está ministrando. Uma fundamentação teórica que lhe permita fazer conexões entre
Atualmente, busca-se cada vez mais a qualidade no ensino por meio de uma perspectiva inovadora
de avaliação como vimos anteriormente. Vimos até aqui que alguns fatores dificultam a modificação da
prática tradicional, visto que o novo por vezes provoca sentimentos de rejeição por medo e insegurança.
Segundo Antunes (2004, p. 52), “[...] mudar é preciso, ainda que permanecer seja sempre mais fácil,
avaliar plenamente é imprescindível, ainda que medir seja extremamente confortável”.
Dentre os aspectos influentes podemos destacar a resistência por parte dos educandos e das famílias
e a atitude do educador perante uma nova concepção, à medida que julga a avaliação como algo
simplesmente classificatório.
Nesta nova perspectiva a avaliação deixa de ser um momento final para se tornar uma busca visando à
compreensão do educando e oportunizando a construção do conhecimento, levando-o a refletir sobre o
mundo do qual faz parte.
Nesta conjuntura, as propostas curriculares bem como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)
9394/96 aprovada em 1996, deixa claro que a avaliação significa apropriar-se do saber; deve ser
contínua e cumulativa e; os aspectos qualitativos devem permanecer sobre os quantitativos. Opondo-se
à concepção tradicional de ensino, vemos que um dos grandes propulsores do mundo pós-moderno é o
desenvolvimento da criatividade, além da autonomia, equilíbrio emocional para lidar com situações do dia
a dia entre outros. Em contrapartida,
Alguns professores cobram “criatividade” na hora da avaliação, quando todo o trabalho em sala de
aula está baseado na repetição, na reprodução, na passividade, na aplicação mecânica de passos
que devem ser seguidos de acordo com modelos apresentados. Ora a criatividade é fundamental
na formação do educando e do cidadão, mas ela precisa de uma base material: ensino significativo,
oportunidade e condições para participação e expressão das idéias e alternativas, compreensão
crítica para o erro, pesquisa, diálogo (VASCONCELLOS, 1993, p. 68).
Em outra direção, a chamada prova operatória (RONCA; TERZI, 1991) pode bem contribuir para o
enriquecimento do processo que aqui pretendemos estudar. Ela propõe, entre outras características:
• A Contextualização do conteúdo a ser estudado: elaborar um contexto não é apenas inventar uma
história ou um bom texto ligado ao assunto tratado. É necessário que o aluno busque no texto dados
e, a partir deles, responder à questão.
Exemplo de contextualização:
“Se a intenção é que os alunos se apropriem do conhecimento científico e desenvolvam uma autonomia
no pensar e no agir, é importante conceber a relação de ensino e aprendizagem como uma relação entre
sujeitos, em que cada um, a seu modo e com determinado papel, esteja envolvido na construção de
uma compreensão dos fenômenos naturais e suas transformações, na formação de atitudes e valores
humanos” (Trecho extraído dos PCNs – Ciências Naturais, p. 32).
1. A partir da reflexão deste texto é possível concluir que educandos (alunos) e educadores (professo-
res) têm papéis distintos em relação ao ensino-aprendizagem. Neste sentido, apresente uma estra-
tégia didática que o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental poderá utilizar visando
à compreensão dos fenômenos naturais citados no texto. (valor: 1,0)
Propõe, também:
• A Utilização de parametrização para correção: a parametrização é a indicação clara e precisa dos
critérios de correção. O aluno ao ler a questão, deve ter conhecimento claro dos parâmetros que serão
utilizados na correção de sua resposta.
Exemplo de parametrização:
1. Caracterize os gases. Vemos que tal pergunta fica sem parâmetros, pois o aluno não sabe quantas
características deve colocar. Ao passo que:
1. Apresente ao menos três características dos gases, de acordo com os estudos feitos em aula
sobre os mesmos. (valor: 1,0)
Aqui vale ressaltar que os parâmetros servem tanto para o aluno responder quanto para o professor
realizar a correção da prova. Assim, ao corrigi-la, o professor também precisa atribuir o valor recebido
à questão e ainda pontuar o que o aluno errou para que possa posteriormente superar os equívocos ou
aprender o conhecimento que ainda não foi incorporado.
Uma equipe de arqueólogos pernambucanos encerrou no último sábado a fase inicial de escavações de
ruínas da Fortaleza da Madre de Deus e São Pedro [...].
O resgate no sítio arqueológico permitiu localizar as bases do portal de entrada e paredes do Forte do
Matos. Também resultou na coleta de 35 mil fragmentos de cerâmica (louça, porcelana...), vértebra de
baleia e ossos de animais variados e uma gama de utensílios diversos, como chaves, tesouros, cachimbos
brasileiros e europeus, garrafas de tinta francesas e uma navalha com cabo de osso. “Recolhemos
também uma rica coleção de moedas e alguns botões de ouro”, conta Silva Júnior, 32 anos. “É uma
amostra representativa do que foi o cotidiano da área portuária nesse período”, diz (VALE, Israel do. Folha
de S. Paulo, 13 maio 2003).
O olhar lançado sobre este tipo de avaliação não é tarefa fácil, requer do professor comprometimento
e tempo. Isto porque esses tipos de avaliações devem ser contextualizadas, referirem-se a problemas
complexos e situações reais que exijam dos alunos transferirem aprendizagens realizadas. Além disso,
devem ser antecipados aos alunos os critérios da avaliação e o que lhes será exigido. “Não há sentido
em propor uma avaliação qualificadora quando se prevê que os alunos ainda não estão preparados para
serem bem sucedidos” (SANMARTÍ, 2009, p. 82).
Vimos que é preciso que se ultrapasse a fase da memorização e se desenvolva as habilidades cognitivas. Tão
discussão não é algo novo. Bloom liderou um grupo formado pela American Psychological Association para criar
uma “classificação de objetivos de processos educacionais”.
O primeiro passo para a definição dessa taxonomia foi a divisão do campo de trabalho em 3 áreas a saber:
• A cognitiva, ligada ao saber;
• A afetiva, ligada a sentimentos e posturas e;
• A psicomotora, ligadas a ações físicas.
Aqui remetemo-nos, exclusivamente a primeira área, a cognitiva e usamos como referência sua obra “Taxonomia
e Objetivos no Domínio Cognitivo” publicada pela primeira vez em 1956. Nesta, Bloom classifica os objetivos do
domínio cognitivo em seis níveis, que, usualmente, são apresentados numa sequência que vai do mais simples
(conhecimento) ao mais complexo (avaliação); cada nível utiliza as capacidades adquiridas nos níveis anteriores.
As capacidades e conhecimentos adquiridos através de um processo de aprendizagem são descritos por verbos.
Para entender melhor observe o quadro abaixo organizado por Marcos Telles e encontrado no site: <http://www.
dynamiclab.com/moodle/mod/forum/discuss.php?d=436>, acesso em: 28 set. 2011.
Compreensão Entender a informação ou o fato, captar seu Classificar, converter, descrever, discutir, explicar,
significado, utilizá-la em contextos diferentes. generalizar, identificar, inferir, interpretar, prever,
reconhecer, redefinir, selecionar, situar, traduzir etc.
Aplicação Aplicar o conhecimento em situações concretas Aplicar, construir, demonstrar, empregar, esboçar, escolher,
escrever, ilustrar, interpretar, operar, praticar, preparar,
programar, resolver, usar etc.
Análise Identificar as partes e suas inter-relações Analisar, calcular, comparar, discriminar, distinguir,
examinar, experimentar, testar, esquematizar, questionar
etc.
Síntese Combinar partes não organizadas para formar um Compor, construir, criar, desenvolver, estruturar, formular,
todo modificar, montar, organizar, planejar projetar etc.
Avaliação Julgar o valor do conhecimento Avaliar, criticar, comparar, defender, detectar, escolher,
estimar, explicar, julgar, selecionar etc.
Tal Taxonomia difundida no Brasil, e divulgada principalmente na década de 1970 ganhou novo vigor em 2001,
quando Anderson and Krathwohl publicou uma revisão na qual foram combinados o tipo de conhecimento a ser
adquirido (dimensão do conhecimento) e o processo utilizado para a aquisição desse conhecimento (dimensão
do processo cognitivo).
O quadro apresentado abaixo torna mais fácil tanto a tarefa de definir com clareza objetivos de aprendizagem
quanto aquela de alinhar esses objetivos com as atividades de avaliação. Como na taxonomia original, a versão
revisada apresenta verbos que definem objetivos:
Nível Verbos
Lembrar Reconhecer, recordar
Compreender Classificar, comparar, exemplificar, explicar, inferir, interpretar, resumir
Aplicar Executar, realizar
Analisar Atribuir, diferenciar, organizar
Avaliar Criticar, verificar
Criar Gerar, planejar, produzir
Note-se que a versão revisada dá nomes diferentes aos 6 níveis da hierarquia e inverte as posições de “síntese”
(agora “criar”) e “avaliação” (agora “avaliar”).
Nossas discussões se convergiram para a avaliação da aprendizagem com foco a detectar os pontos
fortes e os fracos do processo ensino-aprendizagem, proporcionando condições para a superação das
limitações identificadas.
Neste sentido, a avaliação apresenta basicamente três funções: diagnosticar, controlar e classificar.
Relacionadas a essas três funções, existem três modalidades de avaliação:
• Diagnóstica
• Formativa
• Somativa
Nesta linha de pensamento Sanmartí (2009, p. 30) afirma que “a investigação sobre avaliação demonstra
que somente quando se reforça seu caráter formativo, e quando está integrada no processo de ensino e
de aprendizagem, os resultados finais melhoram”. Isto implica pensar nas finalidades e características que
cada uma das modalidades de avaliação possui.
Para Schmidt e Cainelli (2004, p.148), “as várias atitudes de avaliação têm características que podem
ser enumeradas com base em sua finalidade, sua utilização, seus objetivos e nos principais aspectos
enfatizados por ela”.
Neste sentido, a primeira avaliação pode ser denominada inicial ou diagnóstica e tem por objetivo obter
informações sobre os conhecimentos prévios dos alunos, seus gostos, interesses, atitudes. Geralmente é
usada no início de um conteúdo novo, de um período letivo ou de um projeto.
A avaliação diagnóstica inicial tem como objetivo fundamental analisar a situação de cada aluno
antes de iniciar um determinado processo de ensino-aprendizagem, para tomar consciência
(professores e alunos) dos pontos de partida, e assim poder adaptar tal processo às necessidades
detectadas. Em conseqüência, as atividades iniciais de todo processo de ensino deveriam ter, entre
outras coisas, um componente de avaliação inicial (SANMARTÍ, 2009, p. 31).
Em outras palavras, a avaliação diagnóstica é aquela realizada no início de uma série, para verificar
os pré-requisitos necessários de cada aluno, se eles possuem ou não conhecimentos e habilidades
imprescindíveis para as novas aprendizagens. Ela subsidia o planejamento e a organização de sequências
de ações e permite estabelecer o nível de necessidades iniciais para a realização de um planejamento
adequado que deverá ser discutido e pensado junto à equipe gestora.
Com isso, queremos dizer que a primeira coisa a ser feita, para que a avaliação sirva para a
democratização de ensino, é modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. Ou seja,
avaliação deverá ser assumida como instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem
do aluno, tento em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que ele possa avançar no
seu processo de aprendizagem. Desse modo avaliação não seria somente um instrumento para a
aprovação ou reprovação do aluno mas sim um instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo
em vista a definição de encaminhamentos adequados para sua aprendizagem (LUCKESI, 2005, p.
52).
A segunda forma de avaliar pode ser denominada formativa e tem como principal objetivo detectar
Neste sentido, a avaliação formativa é realizada no decorrer do ano letivo, com intuito de verificar se os
alunos estão atingindo os objetivos de aprendizagem previstos. Esse tipo de avaliação é basicamente
orientadora, pois encaminha tanto o estudo do aluno quanto os procedimentos do professor. Fornece
dados para uma tomada de decisão que pode ser no sentido de criar condições de melhoria do ensino
visando a uma aprendizagem, pois o processo não está acabado.
Esse tipo de avaliação desempenha um papel controlador, ou seja, localiza deficiências no ensino e
informa – professor aluno – sobre o rendimento da aprendizagem, além de possibilitar ao educador formas
para que possa corrigir as falhas e aperfeiçoar mais o processo.
A avaliação formativa é, então, “uma importante fonte de informações para o atendimento às diferenças
culturais, sociais, psicológicas dos educandos, o que se torna grande conquista na luta contra as
desigualdades e o fracasso escolar” (PERRENOUD, 1999, p. 28).
E mais,
Quando age reflexiva e razoavelmente partindo de princípios morais, transformamos aquela atividade
espontânea, natural, em atividade formativa. Pelo fato de que obtemos conhecimento a partir da
avaliação, podemos intervir inteligentemente de um modo justo, equânime, eqüitativo para aumentar
o conhecimento de quem aprende e de quem ensina. O que não é racional, e menos razoavelmente
sustentável, é que sejam exames os que definam o conhecimento, isso é a própria perversão do
conhecimento. Trivializam-no e empobrecem-no, reduzindo-o a um produto de consumo imediato
para o êxito fugaz da prova, da qual se torna e é tratado como mercadoria. É a perversão também
do que é aprender e do que é avaliar, considerando como evidente a pobreza intelectual de quem
ensina com esse espírito (MENDEZ, 2002, p.85).
A prática formativa na avaliação tem como objetivo fazer com que todos adquiram conhecimento e
apropriem-se deste saber de maneira reflexiva e construtiva. No entanto, não significa que aqueles que
não atinjam esse objetivo serão eliminados. A avaliação formativa acompanha o processo de ensino-
aprendizagem, verificando se os objetivos iniciais de um trabalho estão sendo atingidos.
A avaliação formativa está ligada ao mecanismo de “feedback”, à medida que também permite ao
professor detectar e identificar deficiências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu
trabalho didático, visando aperfeiçoá-lo.
A avaliação formativa fornece informações que possibilitam uma adaptação do ensino às diferenças
individuais na aprendizagem. É importante ressaltar que essa adaptação dever ser feita “antes que
seja tarde demais” (BLOOM, apud HAYDT, 2000, p.13). Após a avaliação formativa que possibilita um
ensino eficaz e aprendizagens efetivas, temos a avaliação somativa que geralmente ocorre no final de um
processo de aprendizagem.
Esta avaliação somativa objetiva realizar um diagnóstico do aluno no final de um período, seja no final de
uma unidade, de um bimestre, de um ano letivo... O principal aspecto enfatizado nesse tipo de avaliação
é o resultado da aprendizagem baseada nos objetivos. Consiste em classificar os alunos de acordo com
o nível de aproveitamento previamente estabelecido, geralmente tendo em vista sua promoção de uma
série para outra, ou de um grau para outro.
Para Perrenoud (1999), as funções da avaliação, na prática, são duas: diagnóstica e a classificatória. A
primeira supõe-se que permite ao professor e ao aluno detectarem os pontos de maiores dificuldades
deste e extrair as consequências que sejam pertinentes onde colocar posteriormente a ênfase no ensino
e na aprendizagem. A segunda, a avaliação classificatória, tem por efeito hierarquizar e classificar os
alunos.
Vista sob esta ótica, a avaliação deve constituir um processo constante de reflexão por parte do docente ao
longo do processo ensino-aprendizagem. Sem a compreensão dos “porquês” os alunos não aprenderam,
ficará difícil gerar propostas que os ajudem a superarem suas dificuldades e progredirem no conhecimento.
E aqui, mais uma vez, entra o gestor escolar com sua função: mediar o processo pedagógico, orientando
seus professores quanto à sua forma de ministrar as aulas, os instrumentos mais adequados, às formas
de avaliar, entre outros, tudo convergindo para a eficácia da educação.
De acordo com Argento (2011), para que a avaliação atinja as exigências da educação contemporânea
faz-se necessário o uso combinado de técnicas e instrumentos de avaliação. O posicionamento da autora
reforça a discussão trazida por nós anteriormente quando procuramos, ao menos, apontar que assim
como a sociedade passa por transformações, a escola não fica imune a ela, mas acompanha essas
transformações que são traduzidas em uma nova forma de gestão e consequentemente de avaliação da
aprendizagem.
Na concepção de Sanmartí (2009), a ênfase não deverá estar nos instrumentos de avaliação, pois esses
devem ser considerados apenas como meios para o alcance de diferentes finalidades e propósitos, assim
como os critérios de avaliação devem estar especificados e acordados previamente entre o professor e os
alunos. “Os instrumentos poderão ser desde questionários, apresentações orais, pesquisas, observações,
portfólios que, [...] devem ser escolhidos em função dos objetivos da avaliação e do tipo de conteúdo que
será avaliado” (SANMARTÍ, 2009, p.97).
Em consonância com o explicitado, encontramos o pensamento de Méndez (2002, p.98), “[...] mais que um
instrumento, importa o tipo de conhecimento que põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo
de qualidade mental ou prática que se exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das
perguntas ou do problema que são formulados”.
No que se refere aos instrumentos de avaliação esses devem fazer sentido para o processo de ensino-
aprendizagem. Se considerarmos a prática avaliativa como um processo, podemos inferir que o aluno pode
ser avaliado de diferentes formas convertendo-se em oportunidades diferenciadas, a fim de assegurar a
finalidade da educação que é a aprendizagem.
A Prova Objetiva
Méndez (2002, p.121) nos ajuda a refletir sobre esse instrumento avaliativo:
Se basta uma folha perfurada para comprovar acertos erros, verdadeiro e falso nas respostas dos
alunos, e que automaticamente você interpreta como evidência de aprendizagem ou ignorância, é
bom sintoma que faz com que se pense que aquele exercício de avaliação não está a serviço da
aprendizagem, embora costume facilitar muito a tarefa de quem deve corrigir.
Com base no exposto acima, podemos inferir que o autor assume uma postura de cautela, senão de
reserva em relação às provas objetivas. Justifica essa afirmação na premissa de que a correção desse
instrumento se daria de forma rápida e fácil. De fato, concordamos com o autor, pois essas podem ser
A Prova Descritiva
No que diz respeito à prova descritiva, assim se posicionam Zanon e Althaus (2011, p.8):
• Permite a reflexão do aluno, bem como a organização de informações, opiniões, pontos de vista,
conceitos e conhecimentos;
• Exclui o fator sorte ou adivinhação;
• Não anula certa subjetividade de julgamento, porque as produções são mais livres e não pode
se aplicar padrão rígido de correção;
• Retém vestígios pessoais (letra, estilo), sendo de uma extensão considerável para a correção;
• Possibilidade de avaliar a capacidade de organização, de análise e aplicação de conteúdos;
• Alguns autores classificam as questões descritivas em três categorias, tais como: categoria
mais simples: o que, quando, onde, quem; segunda categoria: relacione, defina, exemplifique;
terceira categoria: desenvolva, resuma, analise, critique, organize;
• No enunciado, deve evitar expressões como: o que pensa, comente, fale... Pois não transmitem
o significado do que se deseja como forma delimitada e precisa;
• As palavras de comando (comente, argumente, discorra, justifique, caracterize, identifique, o que
você sabe sobre) devem ser utilizadas no texto e no contexto permitindo o parâmetro correto para
a questão.
A partir das colocações das autoras, comentaremos somente sobre a contextualização das questões,
levando em consideração que o professor tem pela frente o desafio assim como elencar palavras de
comando que permitam um parâmetro correto de correção. Se ao elaborar uma prova, o docente solicita
a (opinião, o ponto de vista, ou o que o aluno acha) sobre determinado assunto, isso equivale a dizer que
no momento da correção, se não houver parâmetro de correção, teremos aí, a compreensão pessoal
do que foi interpretado pelo aluno, afinal o princípio da opinião e do ponto de vista é que esses sejam
colocados a partir da visão de mundo e das experiências vivenciadas, distanciando-se dos critérios
científicos de avaliação, ao mesmo tempo em que é retirado do aluno a possibilidade desse ascender a
um conhecimento que vá além da sua realidade imediata.
A Prova Oral
As possibilidades e os limites da prova oral, de acordo com Zanon e Althaus (2011, p.8), são:
• Recomenda-se a gravação durante a realização da prova, ou a presença de um monitor; sendo
possível em análise posterior identificar as aprendizagens e os conceitos ainda não apreendidos
pelos alunos;
• Providenciar ambiente silencioso e calmo;
• Receber os alunos com atitude acolhedora;
Não comentaremos todas as possibilidades e limites com relação à prova oral, no entanto, gostaríamos
de destacar a importância desse instrumento de avaliação, sobretudo, na apresentação de trabalhos
acadêmicos que vão desde artigos, dissertações, teses e que são exigidos como um dos requisitos para a
obtenção de titulação, assim como para todos os demais profissionais que necessitem da oralidade como
expressão maior da sua área de atuação.
Podemos inferir que em se tratando especificamente da prova como um instrumento avaliativo essa não
deve ser eliminada no processo de avaliação, no entanto, deverá ser ressignificada dentro de uma nova
perspectiva pedagógica por parte do professor. Essa argumentação se dá em função de que alguns
professores ainda utilizam a prova como um acerto de contas que, em últimas consequências, contribuem
para o desinteresse pelo processo de aprendizagem.
As Produções Coletivas
Tratando especificamente das produções coletivas, assim se posicionam Zanon e Althaus (2011, p. 15):
• Exige definição de temas para estudo e delimitação de papéis para cada componente do grupo
de trabalho;
• Pode favorecer o trabalho de cópia, reprodução se não houver orientação prévia;
• Pode caracterizar o trabalho de somente alguns integrantes do grupo;
• É preciso construir uma ficha de autoavaliação para que cada componente explicite suas
contribuições; suas formas de participação no grupo:
Em se tratando das produções coletivas, de fato, devem-se levar em consideração todos os elementos
Os Portfólios
Com relação ao portfólio, assim se expressam Zanon e Althaus (2011, pp.18-19): [...] Favorece a oportunidade
de reflexão sobre o progresso do aluno em relação ao seu próprio processo de aprendizagem, ao mesmo
tempo que possibilita a introdução de mudanças necessárias e contínuas na condução do processo
ensino-aprendizagem.
Na síntese de Ribas (2007, p.158), o portfólio é: “a coleção de trabalhos e atividades produzidos pelos
alunos, adequadamente organizada, que revela, com o passar do tempo, os diversos aspectos do
crescimento e desenvolvimento de cada um em particular”.
A organização do portfólio pode ser feita da seguinte maneira: pasta individual ou um caderno que
contemple uma sequência, conforme a especificidade da disciplina, com o nome do curso, disciplina,
série, ano, nome do aluno, do professor. Esse deve contemplar uma justificativa (redigida pelo aluno).
Deve, ainda, contemplar textos, artigos, fichamentos, registros de aulas (objetivo e reflexão de cada aula),
assim como autoavaliação (reflexão sobre o que tem aprendido, o que gostaria de aprender). Deve conter
também, indicações de leituras, filmes, fotografias, notícias de jornais, sites, revistas (com comentários
do aluno).
Os Seminários
Sobre os seminários, Zanon e Althaus (2011, p. 15) apresentam os objetivos do seminário, o papel do
professor, o papel dos alunos e a avaliação, a saber:
• Objetivos do seminário: investigar um problema; um ou mais temas sob diferentes perspectivas
visando aprofundar a compreensão; analisar criticamente o tema ou ideias dos autores estudados
(não é reprodução); propor alternativas para resolver as questões levantadas; instaurar o diálogo
crítico, estimulando a produção do conhecimento de forma cooperativa.
• Papel do Professor: explicitar objetivos; sugerir temas; assessorar os alunos; recomendar
bibliografia mínima e complementar; discutir critérios avaliativos; orientar alunos na busca de
fontes de consulta; explicitar os critérios de avaliação; formular questões; preparar o calendário;
prever (com a turma) a organização da sala para as datas do Seminário.
• Alunos: investigar o (s) tema(s), estudando com profundidade; desenvolver pesquisas; planejar
questões críticas, visando à discussão; argumentar; contra-argumentar; encaminhar conclusões;
participar da avaliação cooperativa da apresentação dos colegas da turma durante todo o
Seminário; providenciar os materiais necessários e meios de comunicação necessários (textos
e materiais prévios para a turma com antecedência: relatórios, artigos, monografia, pôsters,
folders, etc.); definir papéis para o momento da apresentação; dinamizar a apresentação (o
Wachowicz e Romanowski (2006, p. 136) nos advertem que é preciso cautela com os seminários, a fim
de “não desvirtuar a prática do Seminário pelo espontaneísmo que, às vezes, é praticado pelo professor,
ao não interferir nas apresentações. Ele deve intervir, assim como o ambiente instituído em aula deve ser
favorável à intervenção dos demais alunos”.
Em sintonia com o que elencamos, abaixo apresentamos os nove tipos mais comuns para se avaliar
explicitados na Revista Nova Escola.
1. Prova Objetiva
Definição: Série de perguntas diretas, para respostas curtas, com apenas uma solução possível.
Função: Avaliar quando o aluno aprendeu sobre dados singulares e específicos do conteúdo.
Vantagens: É familiar às crianças, simples de preparar e de responder e pode abranger grande parte do
exposto em sala de aula.
Atenção Pode ser respondida ao acaso ou de memória e sua análise não permite constatar quanto o aluno
(Aprendizagem, o que ficará com adquiriu de conhecimento.
o aluno):
Planejamento Selecione os conteúdos para elaborar as questões e faça as chaves de correção; elabore as
(Elaboração da prova): instruções sobre a maneira adequada de responder às perguntas.
Análise Defina o valor de cada questão e multiplique-o pelo número de respostas corretas.
(Antes e depois da avaliação):
Como utilizar as informações Liste os conteúdos que os alunos precisam memorizar; ensine estratégias que facilitem
(após a prova corrigida): associações, como listas agrupadas por idéias, relações com elementos gráficos e ligações com
conteúdos já assimilados.
Definição: Série de perguntas que exijam capacidade de estabelecer relações, resumir, analisar e julgar.
Função: Verificar a capacidade de analisar o problema central, abstrair fatos, formular idéias e redigi-las.
Vantagens: O aluno tem liberdade para expor os pensamentos, mostrando habilidades de organização,
interpretação e expressão.
Atenção Não mede o domínio do conhecimento, cobre amostra pequena do conteúdo e não permite
(Aprendizagem, o que ficará com amostragem.
o aluno):
Planejamento Elabora poucas questões e dê tempo suficiente para que os alunos possam pensar e sistematizar
(Elaboração da prova): seus pensamentos.
Análise Defina o valor de cada pergunta e atribua a clareza das idéias, para capacidade de argumentação e
(Antes e depois da avaliação): conclusão e apresentação da prova.
Como utilizar as informações Se o desempenho não for satisfatório, crie experiências e motivações que permitam ao aluno chegar
(após a prova corrigida): à formação dos conceitos mais importantes.
3. Seminário
Definição: Exposição oral para um público leigo, utilizando a fala e materiais de apoio adequados ao assunto.
Planejamento Ajude na delimitação do tema, forneça bibliografia e fontes de pesquisa, esclareça os procedimentos
(Elaboração da prova): apropriados de apresentação; solicite relatório individual de todos os alunos.
Análise Atribua pessoa à abertura, ao desenvolvimento do tema, aos materiais utilizados e à conclusão.
(Antes e depois da avaliação): Estimule a classe a fazer perguntas e emitir opiniões.
Como utilizar as informações Caso a apresentação não tenha sido satisfatória, planeja atividades específicas que possam auxiliar
(após a prova corrigida): no desenvolvimento dos objetivos não atingidos.
4. Trabalho Em Grupo
Definição: Atividades de natureza diversa (escrita, oral, gráfica, corporal, etc.) realizadas coletivamente.
Função: Desenvolver o espírito colaborativo e a socialização.
Vantagens: Possibilita o trabalho organizado em classes numerosas e a abrangência de diversos conteúdos em
caso de escassez de tempo.
Atenção Esse procedimento não tira do professor a necessidade de buscar informações para orientar as
(Aprendizagem, o que ficará com equipes, nem deve substituir os momentos individuais de aprendizagem.
o aluno):
Planejamento Proponha uma série de atividades relacionadas ao conteúdo a ser trabalho, forneça fontes de
(Elaboração da prova): pesquisa, ensine os procedimentos necessários e indique os materiais básicos para a consecução
dos objetivos.
Análise Observe se houve participação de todos e colaboração entre os colegas, atribua valores às diversas
(Antes e depois da avaliação): etapas do processo e ao produto final.
Como utilizar as informações Em caso de haver problemas de socialização, organize jogos e atividades em que a colaboração seja
(após a prova corrigida): elemento principal.
Planejamento Defina o tema, oriente a pesquisa prévia, combine com os alunos o tempo, as regras e os
(Elaboração da prova): procedimentos; mostre exemplos de bons debates.
No final, peça relatórios que contenham os pontos discutidos. Se possível, filme a discussão para
análise posterior.
Análise Estabeleça pesos para a pertinência da intervenção, a adequação do uso da palavra e a obediência
(Antes e depois da avaliação): às regras combinadas.
Como utilizar as informações Crie outros debates em grupos menores; analise o filme e aponte as deficiências e os momentos
(após a prova corrigida): positivos.
6. Relatório Individual
Definição: Texto produzido pelo aluno depois de atividades práticas ou projetos temáticos.
Função: Averiguar se o aluno adquiriu conhecimento e se conhece estruturas de texto.
Vantagens: É possível avaliar o real nível de apreensão de conteúdos depois de atividades coletivas ou individuais.
Atenção Evite julgar a opinião do aluno.
(Aprendizagem, o que ficará com
o aluno):
Planejamento Defina o tema e oriente a turma sobre a estrutura apropriada (introdução, desenvolvimento, conclusão
(Elaboração da prova): e outros itens que julgar necessários dependendo da extensão do trabalho); o melhor modo de
apresentação e o tamanho aproximado.
Análise Estabeleça pesos para cada item que for avaliado (estrutura do texto, gramática, apresentação).
(Antes e depois da avaliação):
Como utilizar as informações Só se aprende a escrever escrevendo. Caso algum aluno apresente dificuldade em itens essenciais,
(após a prova corrigida): crie atividades especiais, indique bons livros e solicite mais trabalhos escritos.
7. Auto-Avaliação
Definição: Análise oral ou por escrito, em formato livre, que o aluno faz do próprio processo de aprendizagem.
Função: Fazer o aluno adquirir capacidade de analisar suas aptidões e atitudes, pontos fortes e fracos.
Vantagens: O aluno torna-se sujeito do processo de aprendizagem, adquire responsabilidade sobre ele, aprende a
enfrentar limitações e a aprender potencialidades.
Atenção O aluno só se abrirá se sentir que há um clima de confiança entre o professor e ele, é que esse
(Aprendizagem, o que ficará com instrumento será usado para ajudá-lo a aprender.
o aluno):
Planejamento Forneça ao aluno um roteiro de auto-avaliação, definido as áreas sobre as quais você gostaria que ele
(Elaboração da prova): discorresse; liste habilidades e comportamentos e peça para ele indicar aquelas em que se considera
apto e aqueles em que precisa de reforço.
Análise Use esse documento ou depoimento como uma das principais fontes para o planejamento dos
(Antes e depois da avaliação): próximos conteúdos.
Como utilizar as informações Ao tomar conhecimento das necessidades do aluno, sugira atividades individuais ou em grupo para
(após a prova corrigida): ajudá-lo a superar as dificuldades.
Planejamento Elabore uma ficha organizada (check-list, escalas de classificação) prevendo atitudes, habilidades e
(Elaboração da prova): competências que serão observadas.
Isso vai auxiliar na percepção global da turma e na interpretação dos dados.
Análise Compare as anotações do inicio do ano com os dados mais recentes para perceber o que o aluno já
(Antes e depois da avaliação): realiza com autonomia e o que ainda precisa de acompanhamento.
Como utilizar as informações Esse instrumento serve como uma lupa sobre o processo de desenvolvimento do aluno e permite a
(após a prova corrigida): elaboração de intervenções especiais para cada caso.
9. Conselho De Classe
Definição: Reunião liderada pela equipe pedagógica de uma determinada turma.
Função: Compartilhar informações sobre a classe e sobre cada aluno para embasar a tomada de decisões.
Vantagens: Favorece a integração entre professores, a análise do currículo e a eficácia dos métodos utilizados;
facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista.
Atenção Faça sempre observações concretas e não rotule o aluno cuidando para que a reunião não se torne
(Aprendizagem, o que ficará com uma confirmação de aprovação ou reprovação.
o aluno):
Análise O resultado final deve levar a um consenso da equipe em relação às intervenções necessárias no
(Antes e depois da avaliação): processo de ensino-aprendizagem considerando as áreas afetiva, cognitiva e psicomotora dos alunos.
Como utilizar as informações O professor deve usar essas reuniões como ferramenta de auto-análise.
(após a prova corrigida): A equipe deve prever mudanças tanto na prática diária de cada docente como também no currículo e
na dinâmica escolar, sempre que necessário.
Fonte: GENTILE, Paola. Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril, 2007, pp. 45-46
Com relação à breve exposição de alguns instrumentos avaliativos contemplados, cabe-nos esclarecer ao
menos, uma explicação e uma justificativa. A explicação é que não foi nossa pretensão explicitar cada um
dos instrumentos avaliativos aqui trazidos pelos limites de espaço que esse trabalho apresenta.
Com relação à justificativa, ainda que os instrumentos trazidos aparentemente pareçam apenas
descritivos, esses devem ser considerados como momentos de reflexão e de possibilidades didáticas do
papel do gestor frente a esses instrumentos avaliativos. Concluímos, ainda, que não existem instrumentos
de avaliação bons ou ruins e o que se deve levar em consideração na escolha desses instrumentos são
as finalidades de sua aplicação, ou seja, os objetivos que se queira alcançar com relação à aprendizagem
dos alunos.
Procuramos nesta segunda unidade apresentar a você, caro(a) acadêmico(a), as várias faces da avaliação
da aprendizagem, contudo sabemos que a discussão é de longa data e, portanto, não teríamos condições
de discorrer sobre todas as suas implicações, até porque as opiniões se divergem.
São muitos os autores que se propuseram a refletir sobre o assunto. De educadores e economistas,
passando por sociólogos e psicólogos, cada qual dá seu parecer; faz seu recorte, no entanto, todos
convergindo à eficácia do processo ensino-aprendizagem e apreensão do conhecimento por parte dos
alunos.
Quando falamos de avaliação não estamos falando de um fato pontual ou de um ato singular, mas de
um conjunto de fases que se condicionam mutuamente. Esse conjunto de fases forma um processo as
quais atuam integradas. Assim corroboramos com Zabala (1998) ao afirmar que a avaliação não é, ou
pelo menos não deveria ser, algo separado do processo ensino-aprendizagem, ela é parte do processo
e exerce um papel específico em relação ao conjunto de componentes que integram o ensino como um
todo.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
DIRECIONAL ESCOLAS - Em primeiro lugar, gostaria de saber há quanto tempo a senhora se dedica ao estudo
da avaliação educacional?
JUSSARA HOFFMANN - Sou educadora há 37 anos. Fui uma “entusiasmada” professora de séries iniciais por
vários anos, e não menos envolvida professora de português de crianças e adolescentes do Ensino Fundamental
e Médio. Passei por experiências de coordenação pedagógica e exerci funções em secretaria de educação antes
de chegar à Faculdade de Educação. Em 1981, dez anos depois, procurei o Mestrado em Avaliação Educacional
na Universidade Federal do Rio de Janeiro, motivada e angustiada pelas experiências vividas em termos de
avaliação da aprendizagem dos alunos nas funções exercidas em todas as escolas por onde passei.
Em 2005 completei 25 anos de pesquisas e estudos em avaliação educacional. Sou uma das educadoras e
escritoras brasileiras mais “persistentes” nesse tema, com inúmeros artigos escritos, um sem número de parti-
cipações em congressos de educação e tendo lançado meu décimo livro em abril desse ano. Fico orgulhosa de
dizer que todos os livros são muito lidos pelos professores. Basta dizer que o meu primeiro livro, Avaliação mito &
desafio: uma perspectiva construtivista, de 1991, já está na 35ª edição e os demais títulos também tiveram muito
sucesso entre os leitores.
E o mais grave: os gestores não se prepararam para o maior acesso e permanência dos alunos nas es-
colas, embora todos os discursos políticos tenham sido nesse sentido - de uma escola inclusiva. Não
sabiam que tudo isso iria acontecer?
O que vemos agora? Não sabem como lidar com as conseqüências dos seus próprios programas de governo. Di-
minuir os índices de reprovação resultou, como era de se esperar, em maior heterogeneidade nas salas de aula,
em exigências de formação continuada dos professores nas escolas, na necessidade de amplo investimento de
verbas públicas na educação. Todas essas questões têm a ver com melhoria da aprendizagem nas escolas e,
portanto, o processo de avaliação no sentido mais pleno da palavra - de avaliar para promover melhores oportu-
nidades de uma educação digna para todas as crianças e jovens desse país.
Por que, então, os professores se sentem angustiados? Porque, hoje, o problema parece ser apenas de sua
“competência profissional”. Fala-se apenas que os professores não ensinam bem, por inúmeros fatores. Nin-
guém percebe toda a infra-estrutura necessária à escola de nosso tempo, a questão referente à vida e famílias de
crianças e jovens de hoje, as questões sócio-econômicas e culturais que interferem violentamente na educação.
Como é possível avaliar com base no pressuposto da diversidade, enfim, de que os alunos são diferen-
tes?
Como é possível avaliar sem tal pressuposto? Nós somos diferentes, vivemos de jeitos diferentes, nos vestimos
de formas diferentes, gostamos de pessoas e coisas diferentes, falamos, caminhamos, dormimos de jeitos di-
ferentes. É o que nos torna únicos, singulares, homens. Diferentes dos animais e dos outros seres vivos. Além
disso, somos especiais. Temos nossos sentimentos e jeitos especiais de ver a vida, momentos especiais, pesso-
as especiais para nós, necessidades de cuidados especiais em tantos detalhes... E a escola, via avaliação clas-
sificatória, quer uniformizar, padronizar, ritmar, programar, comparar, classificar. Deu certo até agora? Não deu.
Essa escola excluiu e não formou jovens felizes, com iniciativa, corajosos. Vemos muitos adolescentes formados,
mas acríticos, sem iniciativa, violentos, submissos, sem gostar de ler e de escrever, sem lembranças boas do
tempo de escola. Vamos continuar assim? Temos de aprender a fazer diferente. E o aprendizado vai muito além
de respeitar as diferenças. Significa muito mais: valorizá-las. Queremos ou não que as crianças e jovens sejam
diferentes; que troquem idéias e experiências próprias sobre o que vivem e pensam; que escrevam com suas
próprias palavras; que defendam seus pontos de vista a respeito de valores de vida; que criem coisas novas?
Se pretendemos assim, não podemos “formatá-las” a partir de critérios de avaliação predeterminados e rígidos
como sinônimos de qualidade de ensino. Temos de multidimensioná-los, flexibilizá-los, questionar sempre o que
consideramos certo ou errado em suas respostas e manifestações. O que é certo hoje, ou para algum professor,
pode não ser mais o certo para o jovem ou para o futuro daquela ciência, de uma determinada geração.
Dentro do sistema tradicional, crianças que não atingem notas altas se sentem diminuídas frente aos
colegas. Esse dano à auto-estima das crianças pode ser irreversível?
A comparação é injusta quando as oportunidades e a ajuda são desiguais. A criança e o jovem costumam ser
muito éticos. Eles sabem quando se comprometeram ou não em realizar um trabalho de aula, uma leitura ou
em participar de uma atividade com todo o empenho que poderiam. Mas quando entra arbitrariedade nesse jul-
gamento, eles não aceitam. Os alunos são diferentes. Portanto, é natural que alguns escrevam melhor, joguem
melhor, desenhem melhor que os outros. Mas não é tarefa da escola fazer tal julgamento. O papel do professor
é cuidar para que os que não escrevem tão bem sejam mais cuidados do que aqueles que já escrevem bem. O
que se faz, entretanto? Apenas se enaltece a competição, divulgando notas e prêmios. Divulgam-se resultados
(avaliação classificatória) e nada se faz para oportunizar aos que precisam ajuda para avançarem naquelas
áreas. Com certeza, esses que não escrevem bem, por exemplo, também são melhores em outros aspectos da
escola ou da vida. Muitas vezes são jovens que têm de trabalhar para sustentar a família, são ótimos músicos,
são excelentes jogadores de futebol. E a escola tende a desconsiderar essas áreas como de menor valor. Não
são! Trata-se de pessoas diferentes, só isso! Nem piores, nem melhores, diferentes, especiais, todos. A compa-
ração é nociva em qualquer circunstância, porque sempre crianças e jovens sairão perdendo com isso. Por que
se entende ainda que alguns devem perder? Esse é o preceito básico de uma sociedade excludente e elitista.
Como a senhora analisa o procedimento de escolas que colocam aulas de recuperação ou reforço duran-
te o recreio ou no horário das aulas de Educação Física? É um desestímulo ao estudo?
A pergunta corrobora o que disse acima. No horário de Educação Física? Esta é a disciplina que comprovada-
mente recebe a melhor aceitação da maioria dos alunos hoje. Há excelentes depoimentos de diálogos entre pro-
fessores dessa área e seus alunos que mostram que servem para aparar muitos problemas que vêm ocorrendo
nas escolas – justamente por falta de conversa com crianças e jovens sobre suas vidas.
Em segundo lugar, preciso dizer que sou contra recuperação extraclasse, por princípio. O assunto é complexo.
Defendo tal princípio no livro Avaliar para promover: as setas do caminho (2001). Vou tentar explicá-lo da seguin-
te forma: quando se tem três filhos e um deles está adoentado, amolado ou com problemas, costuma-se mandar
os outros dois passear com a avó, com uma tia, para ficar mais pertinho e mais tempo com o que está precisando
da mãe. Ou seja, quem gosta, cuida, não manda para outra pessoa cuidar. Ou melhor ainda, quando o filho é
Os pais têm uma ansiedade natural por notas. Como uma escola que muda seus processos de avaliação
tradicionais deve justificar essa medida aos pais?
Não basta uma escola trocar de notas para outra forma de apresentação de resultados quando pretende desen-
volver um processo de avaliação mediadora. O conteúdo é muito mais importante do que o invólucro do qual
ele se reveste. O perigo é revestir o pacote de um papel colorido e com laços de fita e a caixa estar vazia, sem
sentido. E as famílias percebem claramente isso. Discursos vazios. Muitas vezes muda-se por mudar, porque
outros mudaram, porque é moderno, porque a direção mudou. É preciso mudar por princípios e não por métodos.
São as concepções e as crenças que determinam as metodologias e não o contrário.
Nem sempre a mudança no regimento garante que as mudanças de fato ocorram. Já vi escolas trabalhando com
notas e seus professores desenvolvendo processos de avaliação mediadora de uma forma mais consistente do
que outras que diziam trabalhar com avaliação mediadora, mas praticavam posturas classificatórias. Por onde
vi que as escolas efetivavam processos de avaliação contínua/mediadora? Pelo trabalho desenvolvido com os
alunos - que é o que conta -, pelo tempo que ofereciam aos professores para estudar e discutir, pelo respeito com
que os pais eram recebidos na escola; pela luta que travavam para ajudar cada criança ou jovem que aparecia
com alguma dificuldade. Principalmente, pela participação da direção e da coordenação em todas as reuniões
de estudo, pelo clima de envolvimento e de satisfação entre os professores, pela continuidade em torno de um
mesmo tema de estudo. Isso os pais vêem também. As escolas não precisam se esforçar em justificar. Basta ser!
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar a avaliação Institucional, a fim de identificá-la e compreendê-la, refletindo sobre a questão
da qualidade das escolas.
• Destacar a avaliação Institucional interna e externa como processo para a melhoria da qualidade nos
sistemas educacionais.
• Apresentar os modelos avaliativos existentes para o desempenho dos estudantes, a fim de identificar
as competências e habilidades operatórias exigidas nessas avaliações.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Para o alcance de uma educação de qualidade é preciso que as avaliações não tenham um fim em si
mesmas e que outros componentes se juntem a elas como a participação efetiva de todos os membros
da comunidade escolar, a participação dos pais, a participação dos professores, mas acima de tudo que
os resultados dessas avaliações possam chegar às escolas com rapidez para que medidas e práticas
pedagógicas possam ser reavaliadas.
Por último, e não menos importante, devemos ter a compreensão de que a busca pela qualidade nos
sistemas educacionais ainda é um longo caminho a percorrer para que os índices mínimos de qualidade
sejam de fato incorporados nas nossas escolas brasileiras.
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), daremos início a esta terceira unidade e convidamos você para fazer
parte dessas reflexões.
A avaliação Institucional começou a ser entendida e realizada dentro das Universidades. Na década
de 1980, tanto a comunidade científica, quanto os movimentos docentes, as agências governamentais
ligadas à educação superior discutiam a necessidade da avaliação institucional. Nas Universidades
públicas desenvolveu-se a ideia de que a avaliação era necessária para o cumprimento do princípio de
transparência, em outras palavras, uma prestação de contas à sociedade, assim como um mecanismo
de fortalecimento da instituição pública frente às ameaças contínuas e privatização (BALZAN e DIAS
SOBRINHO, 1995).
Originária da avaliação, campo de larga tradição nos domínios educacionais, a avaliação institucional
apresenta no seu qualificativo a novidade e a definição de suas abrangências. Muito além de práticas
pontuais e fragmentadas, a avaliação institucional consiste num empreendimento sistemático que
busca a compreensão global da Universidade, pelo reconhecimento e pela integração de suas
diversas dimensões (BALZAN e DIAS SOBRINHO, 1995, p. 9).
Embora a avaliação Institucional na Educação Superior não seja o foco específico da nossa discussão,
consideramos relevante esse recorte histórico no sentido de que ele nos situa que a avaliação Institucional
é originária da avaliação da aprendizagem nas escolas e, ao mesmo tempo, é o ponto de partida para
as avaliações externas que têm por objetivo avaliar a educação básica por meio do desempenho dos
estudantes que será o objeto de nossa discussão nessa unidade.
Para Bertelli e Eyng (2011), a avaliação Institucional é uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar as
Dessa forma, a avaliação institucional requer uma participação de todos os agentes da instituição escolar,
visto que é essa que permitirá o conhecimento da totalidade da instituição, nesse sentido não se busca
o conhecimento isolado dos departamentos, pessoas, turmas e até mesmo docentes individualmente.
Isso equivale a dizer que para além do entendimento das partes isoladas, a avaliação institucional deve
conduzir à compreensão e construção da vida total da instituição.
Ainda subsidiado por Bertelli e Eyng (2011), a avaliação Institucional é de extrema importância não só para
o contexto educacional, mas como estratégia para a gestão institucional, considerando que as informações
produzidas durante o processo avaliativo orientam a tomada de decisão, permitindo em última instância a
melhoria da qualidade da educação.
Ainda de acordo com Bertelli e Eyng (2011), a avaliação Institucional deve ser dinâmica, pró-ativa e
prospectiva, no sentido de auxiliar no processo educativo global com a finalidade de produzir as condições
necessárias para desenvolvimento futuro, e a ênfase deve ser no seu caráter construtivo e otimista de
avaliação. Ser otimista não significa excluir as carências e falhas que podem estar ocorrendo na instituição.
Em uma visão otimista, ainda, a função não deve ser a de punição, mas sim de correções ou de superação
de equívocos com a finalidade de promover a qualidade da instituição. Destarte, a avaliação institucional
deve ser entendida e compreendida como um processo formativo, contínuo e permanente que deve estar
incorporada à vida da instituição.
Sendo assim, os benefícios da avaliação Institucional não devem privilegiar somente os seus resultados
finais que estão consolidados em relatórios, mas, sobretudo, em um conjunto de ações e envolvimento
em todo processo, considerado ser essa uma construção coletiva de todos os agentes da Instituição, ou
seja, mobiliza a instituição como um todo, não podendo ser indiferente ou neutra para os que fazem parte
desse processo, visando a uma contribuição interdisciplinar de todos os envolvidos.
Para se alcançar os resultados finais na avaliação institucional é preciso que se tenham princípios claros
para o alcance de resultados positivos:
A avaliação institucional deverá estar fundamentada em princípios de legitimidade, ética, transparência
do processo, participação e comprometimento que produza os resultados fidedignos necessários. Só
assim se poderá ter a verdadeira revelação da instituição que, a partir dessa fotografia institucional,
buscará corrigir distorções e ratificar pontos positivos identificados (COSTA, 2011, p. 196).
Levando em consideração os comentários aqui apresentados, inferimos que a avaliação Institucional tem
uma orientação qualitativa, formativa e prospectiva, mas necessita ter uma permanência assegurada,
para além de projetos e propostas específicas de determinada gestão. Em outras palavras, a instituição
escolar deve ter assegurada a sua existência que não se esgota, assim como não se conclui em alguns
anos, sob esta ou aquela gestão, mas deve ser permanente e coletiva com o intuito de assegurar a
qualidade educacional.
A avaliação institucional do Ensino Básico ao Ensino Superior tem sido objeto de debates e reflexões no
nosso país. Considerando a complexidade da temática, a pluralidade de visões e os caminhos acerca da
avaliação dos sistemas educacionais, evidencia-se a exigência cada vez mais acentuada com relação
ao desempenho dessas, sobretudo, porque, enquanto uma instituição social, ela é imprescindível para
atender às exigências da sociedade contemporânea que necessita de pessoas capacitadas para atuarem
em um mundo cada vez mais dinâmico e competitivo ao mesmo tempo. Nesse sentido, exige-se também
que os conteúdos escolares façam sentido no cotidiano dos alunos e, ao mesmo tempo, possam ser
utilizados para resolver os desafios e problemas impostos.
A avaliação institucional pode ser entendida sob dois ângulos: a avaliação interna ou autoavaliação e
avaliação externa. Passemos a refletir sobre cada uma delas.
De modo geral, a avaliação Institucional interna da escola tem a necessidade de discutir a própria
avaliação como um processo que permeia o trabalho educativo e o aprimoramento das instituições como
um todo, levando em conta as necessidades de cada uma dessas instituições. Nesse processo o gestor
educacional tem a responsabilidade de iniciar o processo de avaliação, mas esse deve ser gerido em
Ainda de acordo com o Conselho Nacional de Educação (2011), o conjunto de atores que participam
diretamente no funcionamento da escola, entre eles (professores, diretores, gestores, alunos, membros
da escola), assim como os atores indiretamente ligados (pais, representantes de autoridades locais)
participam da elaboração de estratégias, na definição de critérios nas diversas etapas do processo, cada
qual com a sua parcela de contribuição para a avaliação que aparentemente estão separadas, mas que
devem ser vistas como interdependentes.
Na síntese elaborada por Gasparetto (2011), a avaliação interna institucional deve ser entendida como
um processo coletivo e que supõe a negociação da tomada de decisão atendendo aos interesses da
coletividade, sendo assim não está a serviço dos interesses individuais ou de pequenos grupos. Nesse
sentido, a participação é fator de extrema importância e a contribuição de todos os envolvidos nesse
processo demonstra o caráter democrático que é imprescindível não só para as mudanças que se fazem
necessárias, mas, sobretudo, para a responsabilidade social.
Ainda subsidiados por Gasparetto (2011), dentre as modalidades de avaliação externa está a avaliação
por pares. Seu traço distintivo consiste no fator de se ter um olhar de fora, realizado por professores com
reconhecimento e competência no meio universitário.
A avaliação por pares possui um diferencial entre as demais avaliações externas e não tem nenhuma
função de controle e de regulação direta e imediata, cabendo à própria instituição ponderar sobre a
validade do parecer emitido, considerando ou não tal parecer. Trata-se de uma análise crítica tendo como
eixo norteador contribuir para a melhoria da qualidade das universidades.
Para Sanmartí (2009, pp.111-112) existe mais de um modelo de avaliação externa, dentre as muitas
possibilidades, algumas podem ser destacadas:
• Provas planejadas e geralmente realizadas fora da escola, com a finalidade de selecionar
os alunos preparados para passar em uma etapa educacional. As finalidades implícitas são
estabelecer critérios objetivos de comparação, promover que as famílias tenham dados para
selecionar a escola para seus filhos e estimular os professores em seus trabalhos. São provas
seletivas ou de confirmação [...]. Os resultados de cada escola são públicos, inclusive se difundem
em jornais.
• Avaliação de todos os alunos de uma determinada idade a partir de provas preparadas por agentes
externos com a finalidade explícita de que uma escola e seus professores possam reconhecer
quais aspectos de sua programação, devem rever: metodologias de trabalho, organização...,
antes de os alunos submeterem-se a provas externas seletivas.
• Também serve para detectar, globalmente, os problemas do sistema educacional e propor
programas de mudança de formação dos professores, etc. de maneira habitual, os professores
da escola ministram e corrigem essas provas, apesar de tais provas serem realizadas em um
mesmo dia e em condições preestabelecidas. A amostra de alunos que é escolhida como
representativa e que servirá para comparação e feita por agentes externos.
• A partir dos resultados a administração aponta os aspectos nos quais cada escola deveria
melhorar e, em casos inferiores a média estimula a elaboração de propostas de melhoria. Em
outros casos, as perguntas são ministradas a uma grande quantidade de alunos, e os resultados
são difundidos de maneira ampla [...].
• [...] Existem programas TIMSS (promovido pelo Banco Mundial) e PISA (promovido pela OCDE).
Esse tipo de prova permite a comparação dos resultados de distintos sistemas educacionais. Tais
resultados são difundidos por meio da imprensa de todo mundo e transmitem muita investigação,
tanto em relação as possíveis causas das diferenças quanto a maneira de melhorar o ensino e a
formação dos professores.
• Outro tipo de avaliação é a que se realiza para identificar os pontos fortes e fracos de uma
escola, de um departamento ou do ensino de uma área do conhecimento. É realizada por agentes
externos, sejam eles inspetores ou instituições contratadas para tal fim. Nesse caso, avaliam-
se aspectos muito diversos e não apenas o rendimento dos alunos. Habitualmente, parte-se da
investigação de indicadores de qualidade que se escolhem como eixo para análise. Em função
da análise, elabora-se conjuntamente – entre professores e “avaliadores” – planos de melhoria.
• Tal avaliação também pode ser realizada, de forma autônoma, pelas próprias escolas ou
departamentos quando detectam algum problema (maus resultados de seus alunos, pouca
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES -, criado pela Lei n. 10.861, de 14 de
abril de 2004, é formado por três componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e dos
desempenhos dos estudantes e avalia todos os aspectos que giram em torno desses eixos: o ensino,
a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição,
o corpo docente, as instalações entre outros aspectos (BRASIL, MEC, 2011). O SINAES propõe uma
avaliação institucional integrada por diversos instrumentos complementares, a saber (BRASIL, MEC,
2011):
• Autoavaliação – conduzida pela CPA (Comissão Própria de Avaliação).
Cada instituição realizará uma autoavaliação, que será o primeiro instrumento a ser incorporado ao
conjunto de instrumentos constitutivos do processo global de regulação e avaliação.
A autoavaliação articula um autoestudo segundo o roteiro geral proposto em nível nacional, acrescido
de indicadores específicos, projeto pedagógico, institucional, cadastro e censo.
Com o intuito de nos aproximarmos das avaliações externas de larga escala da educação básica e da
educação superior no Brasil, comentaremos a seguir: a provinha Brasil, a prova Brasil, o Enem, o Enade
e o Pisa.
(NIEDA, 2005)
De acordo com Sanmartí (2009), as avaliações externas podem ser úteis para orientar o ensino, no
entanto, é necessário que os instrumentos e métodos de avaliação promovam a partir de seus resultados
Na concepção de Libâneo, Oliveira, Toschi (2005) a avaliação da educação básica e do ensino superior
tem o objetivo de aferir o desempenho dos alunos. Para os autores, os critérios de avaliação desses
exames revelam a crença e a visão de mundo de quem a propõem e enfatizam a medição do desempenho
escolar por meio de testes padronizados, o que os vincula a uma concepção objetivista de avaliação, pelo
controle do Estado, pela classificação e comparação das escolas. No entanto, acrescentam:
Criticar as avaliações nacionais, todavia, não significa ser contrário à avaliação em si; revela, antes,
que se considera insuficiente apenas a avaliação do aluno, uma vez que outros componentes devem
ser levados em conta, como as condições da escola, a formação dos professores, etc.[...] (LIBÂNEO,
OLIVEIRA, TOSCHI, 2005, p.206).
Nesse sentido, mais do que lamentarmos é preciso começar a caminhar para nos aproximarmos das
avaliações externas de larga escala da Educação Básica e da Educação Superior vigentes no Brasil, com
o intuito de refletir sobre as mesmas diante do quadro atual de desempenho dos alunos.
Provinha Brasil
A provinha Brasil enquanto um instrumento pedagógico visa fornecer informações sobre o processo
de alfabetização aos gestores das redes de ensino e tem como objetivos principais: avaliar o nível de
alfabetização dos alunos/turmas nos anos iniciais do Ensino Fundamental e diagnosticar insuficiências
das habilidades de leitura e escrita.
Recorte histórico: A primeira aplicação do Saeb ocorreu em 1990 e manteve seu formato até 1993, com amos-
tras das escolas urbanas das 1ª, 3ª séries, (língua Portuguesa, Matemática, Ciência) 5ª e 7ª séries (língua Portu-
guesa, Matemática, Ciência e redação) do ensino fundamental em escolas públicas urbana.
A partir de 1995 adotou-se uma metodologia de construção do teste e análise de resultados que seria aplicado
somente nas etapas finais dos ciclos de escolarização 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental, que hoje corres-
pondem ao 5º e 9º ano e 3º ano do ensino médio. Nesse ano foram verificadas as escolas públicas e privadas
e retirados os testes de Ciências.
Nos anos de 1997 a 1999, os alunos da 4ª e 8ª série foram avaliados em Língua Portuguesa, Matemática e Ciên-
cias, e os alunos de 3º ano do Ensino Médio em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia.
A partir da edição de 2001, o Saeb passou a avaliar apenas as áreas de Língua Portuguesa e Matemática. Tal
formato se manteve nas edições de 2003, 2005, 2007 e 2009.
Fonte: <http://portal.inep.gov.br/web/prova-brasil-e-saeb/historico>. Acesso em: 29 set. 2011.
Cabe ressaltar que no ano de 2005, o SAEB foi reestruturado pela portaria ministerial nº 931, de 21 de março
de 2005, passando a ser composto por duas avaliações complementares, a saber: Avaliação Nacional da
Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova
Brasil. Essas avaliações são realizadas a cada dois anos e aplicadas provas de Língua Portuguesa e
Matemática, além de questionários socioeconômicos aos alunos participantes e a comunidade escolar
(BRASIL, INEP, 2011).
A Avaliação Nacional da Educação Básica - Aneb abrange uma amostra de estudantes da rede pública e
A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc é aplicada para alunos do 5º a 9º ano do Ensino
Fundamental público (estadual-municipal-federal) de área urbana e rural com um mínimo de 20 alunos
matriculados. A prova recebe o nome de Prova Brasil oferecendo resultados por escola, município,
Estado que também são utilizados para cálculo do Ideb.
O que é Ideb?
No Brasil, toda escola pública de educação básica tem uma nota de 0 a 10. Ela é chamada de Ideb, sigla de
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Esse indicador foi criado pelo Ministério da Educação (MEC)
para medir a qualidade do ensino nos municípios, nos estados e nas escolas do Brasil. A cada dois anos, o MEC
divulga uma nova leva de notas.
Para saber mais sobre o Ideb, consulte o site:
<http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/notas-ideb-422895.shtml>.
Você poderá, ainda, consultar a nota do Ideb de 5.550 cidades do Brasil acessando o site:
<http://educarparacrescer.abril.com.br/nota-da-escola/>.
Enem
Fonte: <http://www.sitedoenem.org/inscricoes-enem-2012.html>.
O Enem – Exame Nacional do Ensino Médio foi criado em 1998 e tem por objetivo avaliar o desempenho
dos estudantes ao fim da escolaridade básica que estão concluindo ou já concluíram o ensino médio
em anos anteriores. É utilizado também como critério de seleção para os estudantes que pretendem
concorrer a uma bolsa no programa Universidade para todos (ProUni). Sua intenção é democratizar as
oportunidades de acesso às vagas federais de ensino superior, assim como possibilitar a mobilidade
acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio. (BRASIL, INEP, 2011).
Pisa
Fonte: PHOTOS.COM
Não é fácil elaborar boas perguntas de avaliação por meio das quais os alunos demonstrem o que
aprenderam ao longo de um semestre ou um ano letivo. Muitas vezes, essa dificuldade se expressa na
falta do entendimento das finalidades da avaliação. Na sociedade atual em constante mudança tecnológica
e comunicacional não basta elaborar perguntas que privilegiem decorar conteúdos.
Na síntese de Sanmartí (2009, p.9), “[...] se as perguntas das provas são do tipo “decoreba” e reproduzem
o que diz o texto utilizado em aula, é normal que os alunos acreditem que é necessário estudar somente
um dia antes da prova para depois esquecer tudo, e que não vale a pena trabalhar de maneira constante”.
Dessa forma, espera-se que a escola, desde os primeiros anos, privilegie conteúdos que contribuam
para a vida dos alunos e que esses não estejam separados da realidade social vivida, em outras palavras
tenham um propósito de continuidade para além do espaço escolar.
No entanto, ainda encontramos questões que utilizam apenas do recurso de memória de curto e médio
prazo, o que leva muitos alunos a estudarem apenas um dia antes da prova sem estabelecer relação
direta com a sua vida, assunto esse que já foi apresentado na unidade II.
A seguir, apresentaremos um exemplo citado por Sanmartí (2009, p.75): “Qual componente do ar é
necessário para que as plantas fabriquem seu alimento?: a) Ozônio b) nitrogênio c) vapor de água d)
dióxido de carbono”.
Para responder a essa pergunta basta apenas que o aluno decore o que está nos livros, não promovendo
uma conexão com a realidade que o circunda. As perguntas do tipo “decoreba” comunicado pelo autor não
atendem mais às exigências da sociedade atual, visto que decorar trata-se apenas de um ato mecânico.
Sob esse olhar para além de decorar os conteúdos, se inserem as avaliações externas que procuram
romper com as práticas avaliativas tradicionais que reconheciam o aluno como um sujeito passivo e os
conteúdos da aprendizagem não privilegiavam a criticidade da realidade que os cerca.
[...] Por isso, atualmente, [...] promovem-se avaliações externas que mostram critérios distintos dos
Com base no exposto acima, o termo competência distancia-se da simples memorização de termos e de
fatos característicos da Escola Tradicional. A definição do termo pressupõe a mobilização de um conjunto
de recursos, aquisição de uma série de conhecimentos e de processos que levem o aluno à interpretação,
à análise, algumas vezes elementares outras complexas.
Além da competência, nas avaliações externas são exigidas habilidades específicas. A expressão
habilidade pode ser assim definida:
As habilidades são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de conhecimento. [...] As habilidades
estão relacionadas ao saber fazer. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar
informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar manipular são exemplos
de habilidade (BORDONI, 2011, p.1).
Neste sentido, as avaliações externas exigem do estudante várias habilidades que estão expressas nos
modelos avaliativos que apresentaremos a seguir.
A partir desses primeiros socorros conceituais acerca da definição do termo competência e habilidade
apresentaremos alguns exemplos de questões propostas nas avaliações externas. As questões, assim
como os comentários sobre as mesmas, foram consultadas e retiradas do site do INEP – Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e autores que comentaram algumas
dessas questões.
Todas as questões aqui apresentadas são de múltipla escolha, com apenas uma alternativa correta, mas
que exigem competências e habilidades específicas para a resolução das mesmas como veremos a
seguir.
A prova de Língua Portuguesa exige as seguintes competências e habilidades de leitura que estão
divididas em cinco blocos: procedimentos de leitura, implicação do suporte de gênero, compreensão do
texto, relação entre textos, coerência e coesão no processamento do texto.
O tópico dessa questão versava sobre implicações do suporte ou do gênero textual e exigia dos alunos
duas competências, a saber: a linguagem verbal e a não verbal, ou seja, interpretar um texto com o auxílio
de material gráfico diverso. A avaliação nesse sentido se dá na habilidade do aluno em reconhecer a
utilização de elementos gráficos (não verbais) como apoio na construção de sentido e de interpretar textos
que utilizem linguagem verbal e não verbal que pode ser obtida por meio de charges, desenhos, fotos,
tirinhas, folders, outdoors etc.
As competências e habilidades que se exigem para responder à questão acima são as de localizar
informações explícitas e inferir as informações implícitas de um texto, exigindo do leitor que ele extrapole
o texto e reconheça o que não está textualmente registrado identificando a função de recursos utilizados,
como o uso de figuras de linguagem. É necessário, ainda, que ele relacione as diferentes informações
para construir o sentido global do texto.
Além das habilidades exigidas para a prova da 5ª série/6° ano, acrescenta-se os recursos expressivos e
efeitos de sentido e variação linguística.
TEXTO: Sem-proteção
Jovens enfrentam mal a acne, mostra pesquisa
Para resolver a questão acima é preciso que o aluno tenha a habilidade crítica e reflexiva ao reconhecer
as mesmas ideias apresentadas sobre o mesmo tema em um único texto ou em textos diferentes, assim o
aluno pode ter maior compreensão das intenções de quem escreve, sendo capaz de identificar posições
distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou tema. Essa habilidade é avaliada por
meio da leitura de dois ou mais textos, de mesmo gênero ou de gêneros diferentes, tendo em comum o
mesmo tema, para os quais é solicitado o reconhecimento das formas distintas de abordagem.
De acordo com Cristofolini (2011), a provinha Brasil nas questões abaixo exige do aluno habilidades
que são encontradas em textos considerados comuns na sociedade, tais como: cartazes, propagandas,
convites etc.
As habilidades e competências exigidas na prova Brasil de matemática são relativos aos quatro blocos
de conteúdos matemáticos: números e operações, espaço e forma, grandezas e medidas, tratamento de
informações.
As habilidades exigidas para responder à questão acima se referem ao conhecimento pelo aluno de uma
pessoa ou objeto no espaço, sob diferentes pontos de vista, a saber: localização e movimento, esquerda,
direita, acima, abaixo, ao lado, a frente, atrás, desenhos de mapas ou representações gráficas. Essas
habilidades são avaliadas por meio de situações-problema nas quais é considerado o contexto real da
vida diária do aluno.
O piso de entrada de um prédio está sendo reformado. Serão feitas duas jardineiras nas laterais, conforme
indicado na figura, e o piso restante será revestido de cerâmica.
Resolver a questão exigia a resolução de problema envolvendo o cálculo da área de figuras planas. Para
Ribeiro e Lise (2011, p. 8):
Esta questão propõe resolver o problema envolvendo o cálculo de área de figuras planas.
Portanto, está contemplando o descritor. O objetivo dos PCN’s para o conteúdo é o cálculo da
área de figuras planas pela decomposição e/ou composição em figuras de áreas conhecidas, ou
por meio de estimativas. Este objetivo diz respeito a cálculo de área de figuras planas, portanto
o descritor está contemplado o objetivo.
De acordo com as autoras, a prova de Matemática é elaborada de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s) e os objetivos propostos por esse documento são chamados nas provas de descritores.
Para as autoras a questão está contextualizada, de dificuldade média e, portanto, de acordo com a série.
No entanto, para o aluno acertar essa questão é necessária uma aplicação no dia a dia de aula e não
apenas no dia da Prova Brasil.
• Questão do ENADE
As provas no ENADE de 2004 a 2010 tiveram 10 questões de avaliação da formação geral, comuns
aos cursos de todas as áreas, 30 questões específicas de cada área. A prova envolveu questões de
múltipla escolha e discursiva envolvendo situações-problema e estudos de caso com baixa, média e alta
complexidade contemplando momentos diferenciados da vida acadêmica do estudante.
Uma das questões do Enade foi a música Samba do Approach, que de acordo com Smith, Raymundo
(2010) os conteúdos avaliados foram os neologismos, estrangeirismos e empréstimos linguísticos. A
questão apresenta a letra da música, seguida de quatro afirmativas, e de um comentário avaliativo sobre
a intenção do autor da música. Somente após ler é que o leitor toma conhecimento do que deve fazer:
verificar quais das afirmativas I a IV se confirmam na letra do Samba do Approach. Nesse sentido, houve
falha na formulação e no conteúdo e também não souberam aproveitar os versos de Zeca Baleiro. Apenas
a alternativa A está correta e o percentual de acerto foi de 25%.
I- “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos são da primeira conjuga-
ção e se conjugam como os verbos regulares da classe.” (POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.)
II- “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que não existia em portu-
guês.” (SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3, 2006.)
III- “O problema do empréstimo lingüístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras
ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dina-
mismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com
energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero
usuário de criações alheias.”
(CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.)
IV- “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma já existente.” (PILLA, Éda
Heloisa. Os neologismos do português e a face social da língua. Porto Alegre: AGE, 2002.)
O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania brasileira de ter especial apego
a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que se confirmam na letra da música são, apenas,
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II e IV.
(E) III e IV.
Do ponto de vista técnico, de elaboração da questão, o recomendável é que se antecipe o que o autor deve ter
em mente na resolução da questão, de modo a formular seus objetivos de leitura e, assim, obter resultado mais
satisfatório, em termos de qualidade e de tempo despendido na resolução da questão[...].
Neste comentário, a análise das afirmativas será feita em dois níveis: a do conteúdo de cada afirmativa em si
mesma e, num segundo momento, a relação entre esse conteúdo e a letra da música de Zeca Baleiro.
Afirmativa I - A declaração de Sírio Possenti é verdadeira: ao ingressar na
língua portuguesa, não importa sua origem, o verbo assume a vogal temática de primeira conjugação e se apre-
senta regular em todas as formas. É o caso, por exemplo, de “surfar”, derivado do anglicismo surf, que segue
o paradigma da primeira conjugação em todos os tempos e modos, simples e compostos: surfo, surfaste, surfa-
rias, surfávamos, surfarão, tinha surfado, surfando, (talvez) surfem, etc. Na letra da música, entretanto, não há
estrangeirismos exercendo função verbal.
Por essa razão, essa assertiva não se confirma.
Afirmativa II – Esta afirmativa é bastante discutível, em função da ambiguidade do adjetivo “válido” e da con-
sequente subjetividade implicada no juízo de valor correspondente. Segundo alguns autores, a entrada de uma
palavra estrangeira na língua somente se justifica quando não há no vernáculo uma forma de nomear, por
exemplo, um objeto – como em “abajur” (abat-jour), ou uma inovação cultural – como em “brunch” (breakfast
+ lunch). Outros, mais condescendentes, aceitam a incorporação de vocábulos com a naturalidade que o olhar
retrospectivo sobre as incontáveis influências que nossa língua lhes incutiu.
Para complicar a situação, o texto de Zeca Baleiro apresenta palavras que se enquadram em diferentes momen-
tos dessa história, o que inviabiliza generalizar a assertiva a toda “a letra da música”.
Afirmativa III – Descolada do contexto maior da obra de origem, a afirmativa de Celso Cunha também assume
uma certa imprecisão. Inicialmente, parece contrapor o purismo reacionário (“atitudes reacionárias”) à aceitação
do “gênio inventivo do povo”. Mas dois pontos desautorizam essa interpretação: a sequência “O problema do
empréstimo lingüístico não se resolve” e “Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia
irradiadora e tem de conformar-se (...) à condição de mero usuário de criações alheias”. Ou seja: de um lado, o
empréstimo é um problema a ser resolvido; de outro, cultura frágil não influencia (se irradia para ) outras culturas.
Mas daí a admitir que Zeca Baleiro seria um exemplo de conformidade “à condição de mero usuário de criações
alheias” é inaceitável, pois o “gênio inventivo do povo” se manifesta também nesse jogo entre o nativo (e popular)
e o estrangeiro.
Afirmativa IV – Se a afirmativa III é aceita como correta pela banca, não haveria razão para entender a IV como
incorreta. Senão, vejamos. Povo sem cultura não cria, e sim copia (Celso Cunha), ou seja, adota palavras estran-
geiras, deixando de criar ou mesmo determinando o desaparecimento de palavras já existentes (citação de Éda
Eloísa Pilla). Na letra há vários exemplos, dentre eles “light”, “link”, “insight”...
É consenso afirmar que os programas de avaliação externa em larga escala já fazem parte da realidade das
escolas brasileiras, porém as discussões sobre os resultados obtidos nessas avaliações ainda carecem
de reflexões e direcionamento de ações. Com relação ao ensino de matemática, os resultados indicam
que os resultados estão abaixo do esperado, ou seja, os alunos brasileiros não sabem matemática e não
são capazes de utilizá-la no seu dia a dia e os resultados macro das avaliações não são incorporados na
prática escolar.
Uma das hipóteses para a não incorporação desses dados avaliativos se dá em função de parte dos
professores se considerarem separados dos processos de avaliação. Outra hipótese é a não utilização
desses dados por parte dos gestores para a formulação de políticas que possibilitem a melhoria do ensino
da matemática. Esses dados, em geral, demoram a chegar às escolas, assim como a sua incorporação,
assim como as suas análises e incorporação no cotidiano das mesmas (SANTOS, SEVERO, 2011).
Como forma de exemplificar essa demora, citamos a prova Brasil que foi instituída em 2005 e tinha como
objetivo fornecer aos gestores de cada escola informações acerca do desempenho dos estudantes nas
provas de matemática e língua portuguesa, a fim não somente de identificar as dificuldades dos alunos,
mas, sobretudo, planejar ações que combatessem as falhas. Essa informação foi recebida normalmente
até o ano de 2008, quando as escolas receberam os boletins referentes à prova Brasil de 2007. Com
a relação às avaliações de 2009 só foram divulgados no site do INEP no dia 10 de agosto desse ano,
a quase três meses da edição do exame 2011 que ocorrerá no mês de novembro. Com esse atraso os
professores tiveram acesso apenas ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) (REY, 2011).
Considerando o objetivo final da Prova Brasil que é identificar e corrigir as falhas de aprendizagem no
contexto de cada escola fica o questionamento se a ausência dos dados dessa avaliação as escolas
conseguem fazer um planejamento para os anos seguintes.
Os programas de avaliação buscam contribuir para a qualidade de ensino revelando de um lado a aprendizagem
dos estudantes, do outro denunciando o trabalho desenvolvido e o empenho docente somado à questão da
responsabilidade dos Estados quanto à oferta de uma educação de qualidade. É imprescindível que os
educadores analisem os resultados obtidos por meio dessas avaliações tornando-se uma oportunidade de
De acordo com a reportagem publicada na Revista Veja, edição de 05 de julho de 2010, apenas 5,7%
das escolas brasileiras têm o nível de países desenvolvidos. Esses dados foram obtidos a partir do site
do MEC. De acordo com o atual ministro da Educação, Fernando Haddad, o Brasil está em uma trajetória
ascendente e consistente, mas ainda muito distantes das metas de 2021. Segue matéria na íntegra.
(Somente 5,7% das escolas públicas brasileiras conseguiram alcançar nota 6 no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb), divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação (MEC). Seis é a nota
estipulada como meta pelo governo para as escolas públicas do país. Isso porque essa é a média registrada
em países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – o que a torna um padrão
internacional de qualidade.
O Ideb foi criado em 2005, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para medir a qualidade
de cada escola e de cada rede de ensino. O índice utiliza escala de zero a dez pontos e é medido a cada dois
anos. O objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, chegue à nota seis em 2021.
No Ideb de 2009, divulgado nesta segunda, o Brasil alcançou nota 4,6 nos anos iniciais de estudo e nota 4 nos
anos finais. No indicador estão reunidos dois conceitos fundamentais para a qualidade da educação: o fluxo
escolar (taxas de aprovação, reprovação e evasão obtidas no censo da educação básica) e as médias de desem-
penho nas avaliações Prova Brasil e Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Apenas 109 escolas em todo o país conseguiram alcançar a nota 6 entre os alunos do segundo ciclo do ensino
fundamental – da 5ª a 8ª série. Esse número corresponde a 0,3% do total. Dessas escolas, 28 estão no estado
de São Paulo, mas apenas uma na capital: a Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo.
Já nos anos iniciais do ensino fundamental (da 1ª a 4ª séries), 3.235 escolas obtiveram nota maior ou igual a 6
– 6,7% do total. Nenhuma dessas instituições está localizada na capital paulista. O estado de São Paulo, porém,
engloba 10 das 19 escolas que atingiram notas acima de 8. O colégio mais bem colocado no ranking é a Escola
Municipal Aparecida Elias Draibe, em Cajuru, no interior de SP.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, considera normal que a melhora no índice seja proporcionalmente
maior nos anos iniciais do ensino fundamental. “Vínhamos de um período de recessão educacional, de queda de
proficiência. Quando a educação começa a melhorar, é como uma onda; a arrancada mais forte se dá nos anos
iniciais e se propaga, ao longo do tempo, nos finais e no ensino médio.”
“O Brasil está numa trajetória ascendente e consistente pelo quarto ano consecutivo. Ainda estamos distantes
da meta de 2021, mas com a esperança renovada de que será alcançada”, continuou o ministro. Entre os fatores
que influenciam na melhoria da qualidade da educação, segundo o ministro, estão as ações que compõem o
PDE – da creche à pós-graduação – e a mobilização natural das redes e escolas a favor do cumprimento das
metas do Ideb estabelecidas para cada uma.
Sob a ótica de Targino (2011), dos dados do Ideb 2009 somente cinco municípios entre 5.498, ou, somente
0,9% atingiram a média (6,0) no Ideb dos finais do ensino fundamental em escolas públicas. Nos anos
iniciais, a situação é um pouco melhor, pois 405 de 5.467 municípios avaliados, 7,4% do total já chegaram
à meta. A média (6,0) foi estabelecida pelo MEC de acordo com os índices obtidos pelos países da OCDE,
que definiu que esse resultado deve ser alcançado pelos anos iniciais de 2021 e pelos anos finais de 2024.
Com relação ao resultado do Enem 2010, o desempenho dos alunos teve uma ligeira melhoria. De acordo
com o ministro da Educação, o resultado é positivo, dentro do esperado, mas cientes de que a educação
é um processo e ainda há muito que fazer. Abaixo, matéria publicada do site da Globo.com.
BRASÍLIA - O desempenho dos estudantes brasileiros teve ligeira melhora no último Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), aplicado em 2010. A nota média dos alunos do terceiro ano, nas provas objetivas, subiu de 501,58
para 511,21 pontos - acréscimo de 9,63 pontos, na comparação com o teste de 2009. A escala vai até 1.000. A
participação no Enem é voluntária.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). É a primeira vez que o ministério compara resul-
tados de diferentes edições do Enem. Isso só está sendo possível porque o exame passou a adotar, em 2009, a
chamada teoria de resposta ao item (TRI), que garante o mesmo grau de dificuldade a provas distintas.
Antes não havia como dizer, com segurança estatística, se um eventual aumento das notas médias seria resulta-
do de melhora efetiva na capacidade dos estudantes ou apenas reflexo de uma prova formulada com questões
mais fáceis. A TRI, no entanto, vale somente para testes objetivos. Assim, ainda que a nota média de redação
no Enem 2010 (596,25) tenha superado a de 2009 (585,06), o ministério considera que não é possível afirmar
que houve melhora.
Mais alunos fizeram o exame
De 2009 para 2010, também cresceu a parcela de concluintes do ensino médio que fizeram o Enem em todo
o país: de 45,8% para 56,4%. Em números absolutos, o salto foi de 824 mil para 1 milhão de alunos. O dado é
significativo porque, em tese, uma quantidade maior de estudantes poderia levar à redução das notas. Esse foi
Com relação ao PISA, o Brasil tem a 3ª maior evolução no PISA, mas a matemática ainda é desafio.
País superou barreira em leitura e ciências; exame internacional avalia estudantes a cada 3 anos.
O Brasil pode comemorar, mesmo que sem muita empolgação, os resultados do o Programa Internacional de
Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). O País teve a terceira maior evolução nas médias de 65 nações e conse-
guiu superar a barreira dos 400 pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O
resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a metade dos jovens brasilei-
ros não consegue passar do nível mais básico de compreensão.
Disponível em: <http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/01/index.php?option=com_content&view=article&id=41
34:brasil-tem-3o-maior-evolucao-no-pisa-mas-matematica-ainda-e-desafio&catid=1:noticias&Itemid=2>. Acesso
em: 29 set. 2011.
Diante dos dados apresentados podemos verificar que ainda temos um longo caminho a percorrer para
que uma educação de qualidade se consolide em nosso país. É o que veremos a seguir.
Na busca pela qualidade da educação, partimos do entendimento que tanto as avaliações internas quanto
externas, entendidas aqui como instrumentos da gestão implicam não apenas na conscientização dos
envolvidos de posse dos resultados, mas, sobretudo, as decisões tomadas pelos gestores antes, durante
e ao término do processo avaliativo.
Algumas dificuldades durante o processo pela busca da qualidade de ensino dão-se em função de alguns
gestores escolares terem apenas um olhar ainda focado nas Secretarias de Educação, de cima para
baixo relegando a segundo plano o reconhecimento da escola como unidade de gestão que é construída
Para Gadotti (2011, p. 1), não se pode separar a qualidade da educação como um todo “[...] Por isso, o tema
da qualidade é tão complexo. Porque não basta melhorar um aspecto para melhorar a educação como um
todo. Se fosse possível resolver o desafio da educação, não estaríamos hoje discutindo esse tema”.
A qualidade da educação precisa ser sistêmica, ou seja, dos anos iniciais até o ensino superior a educação
só pode ter uma melhoria no seu conjunto. “Nenhuma política educacional, pode produzir resultados
positivos sem uma integração orgânica entre os diversos níveis de ensino, particularmente entre a
Educação Básica e o Ensino Superior” (MACHADO, 2007, p.279).
A visão sistêmica reconhece que as parte de um sistema não estão separadas do todo de forma estanque,
mas ao contrário estão interligadas em redes e nos complexos que dependem mutuamente de suas
partes para que o todo funcione adequadamente. Nesse sentido, o sistema educacional necessita dessa
visão sistêmica onde gestores, comunidade, pais, alunos, professores estejam em conexão para a busca
sempre contínua de uma educação de qualidade.
Para Dourado (2007, pp. 24,27), existem dimensões mínimas comuns da qualidade de ensino que estão
no plano extraescolar e intraescolar.
[...] No plano extra-escolar deve incluir a dimensão socioeconômica e cultural dos entes envolvidos e
a dimensão dos direitos, das obrigações e das garantias no nível do Estado. No plano intra-escolar a
qualidade da educação inclui as condições de oferta de ensino, a gestão e organização do trabalho
escolar, a profissionalização do professor, o acesso, a permanência e o desempenho escolar.
Com base nas contribuições elencadas acima podemos inferir que a busca por uma escola de qualidade
não se resume apenas a um único agente, assim como as responsabilidades por essa conquista devem
ser partilhadas com o Estado. Fatores como a profissionalização dos docentes e o desempenho escolar
são importantes para a efetivação dessa escola de qualidade.
O desempenho escolar que privilegie a qualidade do ensino e da aprendizagem passa pelas avaliações
externas e internas que podem ser consideradas como uma nova forma de gestão onde se prioriza
o desempenho dos alunos, assim como uma forma de prestar contas para a sociedade. Isso porque
uma educação de qualidade seria a chave para o progresso dos indivíduos como um todo, assim como
para as nações que prosperam à medida que os conhecimentos adquiridos na escola contribuem para a
resolução dos problemas que estão postos na sociedade.
No entanto, as avaliações externas em larga escala têm demonstrado que os alunos da escola brasileira
encontram-se com grandes defasagens nas disciplinas de matemática e Língua Portuguesa. Dessa forma,
uma nação que tenha por objetivo melhorar a qualidade não pode ignorar essas medidas, pois são elas
que nos dão suporte para verificar a aprendizagem dos alunos. Tais avaliações são também uma forma
de avaliar o currículo, a metodologia, a gestão escolar e própria prática pedagógica (SILVA e SETOGUTI,
2011).
Considerando a citação acima, nove anos nos separam das constatações apresentadas pelos autores
com relação ao desempenho dos alunos nas escolas brasileiras, no entanto as avaliações externas
ainda demonstram que estamos sob os mesmos problemas na aprendizagem dos alunos. Nesse mesmo
intervalo temporal, o ensino de 8 anos passou para nove anos.
Com relação ao desempenho dos alunos nas avaliações do ensino médio, que também é uma preocupação
dos autores, informações atualizadas sobre os alunos no Enem em 12 de setembro de 2011 indicam que as
notas médias nas provas objetivas foram maiores do que no ano de 2009. Diante dos resultados, o ministro
da Educação Fernando Haddad considera o resultado positivo. Conforme matéria publicada abaixo:
Um dos temas discutidos pela presidente da República e seus ministros na reunião de coordenação desta se-
gunda-feira (12), no Palácio do Planalto, foi o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por escola,
divulgado hoje pelo MEC (Ministério da Educação).
“O resultado do Enem apresentado pelo ministro [Fernando] Haddad é muito positivo. Houve algumas incom-
preensões e algumas avaliações que saíram na imprensa, mas o resultado é muito positivo”, resumiu o líder do
governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que falou à imprensa após a reunião.
O líder reconhece que ainda há muito que o crescer no setor, mas ressalta que houve uma diminuição na discre-
pância entre o ensino público e o privado.
“[A presidente] Não tem como estar insatisfeita. Tem muitas escolas distantes e em cidades pequenas e você vai
atingir paulatinamente essas escolas. Não tem como ser equânime no país inteiro. O fato de metade das escolas
ou mais da metade não ter atingido a meta não diminui o sucesso do conjunto. O fato é que houve uma melhora
no ensino no País”, completou o deputado petista.
As notas médias nas provas objetivas e de redação foram maiores do que em 2009. Em 2010, as menções mé-
dias foram, respectivamente, 511,21 e 596,25, contra 501,58 e 585,06 do ano anterior. Mais de 3,2 milhões de
estudantes participaram das provas do ano passado, cujos resultados foram calculados a partir do desempenho
dos alunos concluintes do Ensino Médio.
No entanto, a visão otimista mediante uma melhora em relação à avaliação do ano anterior não exclui um
olhar atento com relação aos dados quantitativos e estatísticos dessa avaliação que nos asseguram que
63,64% das escolas não conseguiram a nota média de 511,21 que é o salto dessa avaliação nesse ano
contra 501,58 do ano anterior. Somando a esses dados verificamos, ainda, que existe um abismo entre
as escolas particulares e públicas, considerando que as primeiras estão entre as 10 melhores escolas do
país contra 1 escola pública em Minas Gerais.
Se por um lado não podemos desconsiderar o fator de otimismo frente aos dados positivos apresentados
por essa avaliação, de outro lado devemos refletir que ainda temos um longo caminho a percorrer na
busca por uma escola de qualidade. Nessa posição de cautela e reflexão consideramos a fala de Gustavo
Ioschpe que é economista e especialista em educação. Gustavo concedeu uma entrevista ao vivo para
o Jornal Nacional, em 12 de setembro de 2011 comentando os resultados no Enem. Segue entrevista na
íntegra:
O Jornal Nacional conversou com o especialista em Educação Gustavo Ioschpe, que foi consultor na blitz que o
JN no Ar fez, em maio, em escolas das cinco regiões brasileiras.
Fátima Bernardes: O que o senhor considera mais importante nesses resultados que foram divulgados do
Enem?
Gustavo Ioschpe: O quadro não é bom. Em primeiro lugar porque o aluno brasileiro está aprendendo pouco. O
jovem está saindo da escola e vai ter muitas carências para o resto da sua vida. Mais importante do que esse
abismo entre as escolas públicas e privadas no Brasil é o abismo do Brasil em relação aos outros países do
mundo, especialmente os desenvolvidos. Em segundo lugar, essa melhora é muito pequena em relação ao déficit
educacional que o Brasil tem. Estamos a passos de tartaruga quando deveríamos estar em passos de coelho.
William Bonner: O Enem mede o desempenho dos alunos e não das escolas. Como o pai de um aluno pode
avaliar uma instituição de ensino?
Gustavo Ioschpe: Para os pais que têm filhos muito pequenos o primeiro indicador é a alfabetização. Uma esco-
la boa consegue alfabetizar o aluno, no máximo, no final do segundo ano, de preferência no final do primeiro ano.
Para os alunos que já têm uma idade um pouco maior, o melhor indicador é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa intenção nessa terceira unidade foi apresentar para você, caro(a) acadêmico(a), uma aproximação
da avaliação interna e externa, considerando que esse é um tema amplo e não teríamos condições de
discorrer sobre todas as suas implicações, assim como apresentamos algumas questões contempladas
nas avaliações externas e, por último, os comentários sobre o desempenho dos alunos no Enem divulgado
quando estávamos em processo de finalização desse livro. Todas essas questões, aparentemente
separadas, nos encaminham para uma posição de reflexão, isso porque o resultado do Enem é apenas
a ponta do iceberg, em outras palavras, não poderemos ignorar que as avaliações externas anteriores ao
Enem apresentam déficits significativos quanto ao desempenho dos alunos e que ainda estamos distantes
de uma educação prioritária.
Somente com uma avaliação institucional séria e com o comprometimento de todos os atores envolvidos
será possível alcançar a tão almejada qualidade dos sistemas educacionais.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
Gustavo Ioschpe: [...] aluno brasileiro está aprendendo pouco. O jovem está saindo da escola e vai ter
muitas carências para o resto da sua vida. Mais importante do que esse abismo entre as escolas públicas
e privadas no Brasil é o abismo do Brasil em relação aos outros países do mundo, especialmente os
desenvolvidos. Em segundo lugar, essa melhora é muito pequena em relação ao déficit educacional que
o Brasil tem. Estamos a passos de tartaruga quando deveríamos estar em passos de coelho.
Exercício físico: Praticar exercícios físicos regularmente, porém com moderação, é bom para a saúde.
Quais as vantagens do exercício físico regular? Marque um X em “sim” ou “não” em cada uma das
afirmações:
Ao concluirmos um trabalho somos tomados por duas sensações que de certa forma são antagônicas. A
primeira delas é a sensação de dever cumprido, de metas alcançadas e a possibilidade de ter contribuído,
mesmo que parcialmente, para a construção de novos saberes. A outra sensação é a da despedida, pois
essa encerra um diálogo que vínhamos travando ao longo desse material de estudos, pois considerando
o que ora anunciamos na apresentação geral, no início da conversa, esse texto e também o diálogo só
teria significado se fosse compartilhado por você, caro(a) acadêmico(a).
Uma vez ao menos delimitadas as sensações que nos acompanham nessa trajetória final, cabe
destacarmos alguns pontos que consideramos relevantes e que nortearam nosso diálogo sobre “o gestor
e a avaliação da aprendizagem e avaliação institucional”.
O primeiro deles é reconhecer que, ao tratarmos o papel do gestor, não foi nossa pretensão discuti-lo como
eixo principal da nossa questão, mas não poderíamos avançar nas unidades seguintes sem considerar
a importância desse gestor(es), uma vez que ele é um dos elos indissociáveis quando pensamos na
avaliação.
O segundo ponto relevante diz respeito à avaliação da aprendizagem enquanto um processo que foi
construído historicamente e assimilado em nosso país de acordo com as Leis e políticas vigentes que
permearam e ainda permeiam o nosso universo escolar. No entanto, o ponto nevrálgico da avaliação
da aprendizagem no contexto da sociedade atual está em fazer com que os conteúdos se convertam
em avaliações para as possíveis resoluções para os problemas que estão postos na sociedade, em
outras palavras, essa avaliação deve ter uma finalidade social para os nossos estudantes na sua prática
cotidiana.
No bojo dessas discussões acerca da avaliação da aprendizagem estão as avaliações internas e externas
que têm a preocupação de avaliar o desempenho dos alunos durante o seu período escolar desde o
ensino básico até o ensino superior, o que é motivo de preocupação de estudiosos das mais diversas
áreas, sobretudo, porque quando falamos em desempenho escolar, estamos questionando a própria
instituição e o seu sistema de gestão da educação, mas não podemos nos ater ao discurso fragmentado
que coloca a culpa da baixa qualidade da educação ora na escola, ora nos gestores educacionais, ora
na família, ora no Estado. Todos esses segmentos combinados dão o tom da discussão para se pensar
em propostas políticas e pedagógicas que alterem o cenário atual da educação, sobretudo nas escolas
públicas. Não menos importante deve ser a participação da sociedade que deve se posicionar de forma
crítica diante dos baixos índices apresentados pelas avaliações. Esse posicionamento se dá quando pais
ou responsáveis diretos pelos alunos vão até a escola, a fim de saber não só do desempenho isolado dos
seus filhos, mas do desempenho das escolas frente às avaliações as quais essas são submetidas. A tão
almejada educação de qualidade ainda está longe de ser alcançadas, mas ela pode e deve ser mudada
com participação efetiva da sociedade.
Um abraço e até a próxima!
Professoras Adélia Cristina e Priscilla Paixão
ABRAMOWICZ, Anete (org.); MELLO, Roseli Rodrigues de. Educação: pesquisas e práticas. Campinas:
Papirus, 2001.
ANTUNES, Celso. A avaliação da aprendizagem escolar. 4 ed. Petrópolis, SP: Vozes, 2004 (fascículo
11).
BALZAN, N.C.; DIAS SOBRINHO, J. (orgs.) Avaliação Institucional: teoria e experiências. São Paulo:
Cortez, 1995.
BERTELLI, E.M.; EYNG, A. M. Avaliação Institucional: a relação dialógica dos dados da avaliação
interna e externa na melhoria institucional. Disponível em <http://portal.inpeau.usfc.br/base-de-dados/>.
Acesso em: 05 set. 2011.
BORDIGNON, G.; GRACINDO, R.V. Gestão da educação: o município e a escola. In: BRASIL. INEP –
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Prova Brasil e Saeb. Exemplos
de questões. Disponível em: <http://provabrasil.inep.gov.br/exemplos-de-questoes2>. Acesso em: 08 set.
2011.
BRASIL, Ministério da Educação. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <www.portal.
mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/lei9394.pdf>. Acesso em: 10 set. 2011.
CHUEIRI, Mary, S.F. Concepções sobre a Avaliação Escolar. Disponível em: <www.fcc.org.br/pesquisa/
publicacoes/eae/arquivos/1418/1418.pdf>. Acesso em: 13 set. 2011.
COSTA, T.O. da Costa. Avaliação Institucional: uma ferramenta para o sucesso da instituição educacional.
In: PASQUINI, A.S.; SOUZA, M.M.P; (orgs.) Gestão Escolar e organização do Trabalho Pedagógico
na Educação Básica. Autores, F. Imbenón & cols [et al.]. Porto Alegre: Artmed, 2011.
CURY, C.R.J. Os conselhos de educação e a gestão dos sistemas. In: FERREIRA, N.S.C.; AGUIAR,
M.A.S. (orgs.). Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. 3. ed. São Paulo: Cortez,
2001.
DALBEN, Ângela I. L. de Freitas. Avaliação escolar: Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v.11, n.64,
jul./ago. 2005.
DEMO, P. A nova LDB: Ranços e Avanços. 18. ed. Campinas, SP: Papirus, 1997.
DOWBOR, L. Prefácio. In: Freire, Paulo. À Sombra da Mangueira. São Paulo: Olho d’agua, 1995.
DIAS SOBRINHO, José. Avaliação: políticas e reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 1995.
DOURADO, Luiz Fernandes (org.), João Ferreira de Oliveira e Catarina de Almeida Santos, 2007. A
qualidade da educação: conceitos e definições. Brasília: INEP; MEC. Série textos para discussão, n. 24.
ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro:
DP&A, 2005. (Coleção O sentido da escola).
FREIRE, Paulo. Poder, desejo e memórias da libertação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo.
Ed. Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
HOFFMANN, J.M.L. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 35. ed. Porto Alegre:
Mediação, 2005.
HOUAISS. Dicionário da Língua Portuguesa eletrônico. Versão monousuário 3.0. Objetiva, 2009.
LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J.F. TOSCHI, M.S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2.
ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LÜCK, Heloísa. Ação Integrada: Administração, Supervisão e Orientação Educacional. 23. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2007.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
MACHADO, N.J. “Qualidade da educação: cinco lembretes e uma lembrança”. In: Revista Estudos
Avançados, n. 61, vol.21, 2007. São Paulo.
MASETTO, Marcos Tarcisio. O Professor na Hora da Verdade: A Prática Docente no Ensino Superior.
São Paulo: Avercamp, 2010.
MEIRA, N.S.; SILVA, J.B. A Prova Brasil no cenário das políticas de avaliação externa da Educação
Básica. Disponível em: <www.epepe.com.br/...orais/.../a_prova_brasil_no_cenarios_das_politicas.pd>.
Acesso em: 11 set. 2011.
MELÃO, Jr., Hindemburg. Introdução aos “testes de QI”. Disponível em: <www.sigmasociety.com/
artigos/introducao_qi.pdf>. Acesso em: 08 set. 2011.
MELO, M.T.L. Gestão Educacional – Os desafios do cotidiano escolar. In: FERREIRA, N.S.C.; AGUIAR,
M.A.S. (orgs.). Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. Cortez, 3. ed. São Paulo,
2001.
MÉNDEZ, J.M.A. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicolleti. Ensaios: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1996.
OLIVEIRA, J.B.A.; SCHWARTZMAN. A escola vista por dentro. Disponível em: <www.schwartzman.
org.br/simon/pdf/escola.pdf>. Acesso em: 10 set. 2011.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas,
1999.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PLACO, V.M.N.S. O coordenador pedagógico no confronto com o cotidiano da escola. In: V.M.N.S.;
ALMEIDA, L.R. (orgs.). O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. Loyola, São Paulo, 2003.
REY, B. Em busca de referência. Revista educação. Edição 173. Disponível em: <http://revistaeducacao.
uol.com.br/textos.asp?codigo=13207>. Acesso em: 11 set. 2011.
RIBAS, M.H. Avaliação formativa: sua importância para o processo ensino-aprendizagem. In: Nadal, B.G.
(org.). Práticas Pedagógicas nos anos iniciais: concepção e ação. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007.
RIBEIRO, I.S.; LISE, M.A.T.B. Prova Brasil: Descritores de avaliação de Matemática. Disponível em:
<www.pucrs.br/edipucrs/erematsul/comunicacoes/17ISABELCRISTINA.pdf>. Acesso em: 11 set. 2011.
RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A Prova Operatória: contribuições da psicologia
do desenvolvimento. 15. ed. São Paulo: Editora do Instituto Edesplan, 1991.
RONCA, Paulo Afonso Caruso. A aula operatória e a construção do conhecimento. 13. ed. São Paulo:
Edesplan, 1995.
SANTOS, C. R. O gestor educacional de uma escola em mudanças. São Paulo: Pioneira, 2002.
SANTOS, M.E.K.L.; SEVERO, M.R. Prova Brasil de matemática: revelações e possibilidades de avanços
nos saberes de alunos de 4 série-5 ano e indicativos para a formação de professores. XIII Conferência
Interamericana de Educação de Matemática. Ciaem, 2011. Recife. Disponível em: <http://cimm.ucr.
ac.cr/ocs/index.php/xiii_ciaem/xiii_ciaem/paper/view/1032/285>. Acesso em: 11 set. 2011.
SMITH, M.M.; RAYMUNDO, V.P. PUCRS Enade: respeito pelo seu diploma. Formação geral. In: PUCRS
Enade: respeito pelo seu diploma: edições 2006, 2007, 2008. Porto Alegre, 2010. Disponível em:<www.
pucrs.br/edipucrs/enade/formacaogeral-2006-2007-2008.pdf>. Acesso em: 13 set. 2011.
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
(Pensamento e ação no magistério).
SILVA, E.G.; SETOGUTI, R.I. O debate sobre a qualidade do ensino na escola no Brasil a partir
da prova Saeb e da prova Brasil. Disponível em: <www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/
arquivos/2175-8.pdf>. Acesso em: 13 set. 2011.
TARGINO, R. Ideb 2009. Somente cinco municípios têm educação de país rico nos anos finais do
fundamental. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/07/05/ideb-2009-somente-cinco-
municipios-tem-educacao-de-pais-rico-nos-anos-finais-do-fundamental.jhtm>. Acesso em: 11 set. 2011.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança - por uma
práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 1993.
VASCONCELOS, M.L.M.C. Gestão e qualidade de ensino. In: PASQUINI, A.S.; SOUZA, M.M.P; (orgs.).
Gestão Escolar e organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica. Autores, F. Imbenón &
cols [et al.]. Porto Alegre: Artmed, 2011.
VEIGA, Ilma Passos A. (org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas, São Paulo:
Papirus, 1998.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. AULA: Gênese, Dimensões, Princípios e Práticas. São Paulo: Papirus,
2007.
VILAS BOAS, B.M. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2004.
ZANON, D.P.; ALTHAUS, M.M. Instrumentos de avaliação na prática pedagógica universitária. 2008.
Disponível em: <http://www.maiza.com.br/>. Acesso em: 28 ago. 2011.