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Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
Definição nascimento), distocia de ombro,
O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio icterícia neonatal severa e outros metabólico de etiologia múltipla, distúrbios metabólicos no recém-nascido. caracterizado pela presença de Mães que tiveram DMG apresentam risco hiperglicemia crônica, resultante de elevado de desenvolver DM2 até os 40 defeitos na secreção de insulina, na anos de idade, e seus filhos têm maior ação da insulina ou em ambos. Essa chance de desenvolver obesidade e condição leva à alteração no metabolismo síndrome metabólica. dos carboidratos, gorduras e proteínas, e está associada a várias complicações Tratamento do DMG crônicas de longo prazo. O manejo adequado do DMG está diretamente relacionado a um diagnóstico Uma epidemia global de diabetes está em precoce e ao início imediato da curso, com um aumento significativo na terapêutica. As etapas principais do prevalência da doença em países manejo incluem: desenvolvidos e em desenvolvimento. Esse aumento reflete tanto o Diagnóstico precoce e adequado da crescimento populacional quanto a doença: rastreamento e diagnóstico urbanização, mudanças nos padrões correto do DMG. de estilo de vida, como sedentarismo e Início imediato da terapêutica: o dietas inadequadas, e o controle glicêmico rigoroso é fundamental. envelhecimento da população. Diagnóstico das repercussões fetais: monitorar complicações fetais decorrentes Diabetes Mellitus Gestacional da hiperglicemia materna. (DMG) Resolução da gestação no momento O DMG é definido como qualquer grau adequado: decidir o momento ideal para de intolerância à glicose que ocorre ou o parto. é diagnosticado pela primeira vez Acompanhamento pós-parto: medidas durante a gestação. Essa condição é preventivas para evitar complicações a transitória, mas pode ter graves longo prazo, como o desenvolvimento de implicações tanto para a mãe quanto para DM2. o feto. O DMG representa uma importante "janela de oportunidade" para prever o Fisiopatologia do Diabetes Mellitus risco futuro de Diabetes Mellitus tipo 2 Gestacional (DM2), obesidade e distúrbios A gestação é caracterizada por cardiovasculares tanto para a mãe mudanças metabólicas complexas, que quanto para o filho. envolvem aumento da resistência periférica à insulina, promovida por Importância do DMG hormônios diabetogênicos como o A prevalência do DMG é estimada em lactogênio placentário. Esse processo é cerca de 18% das gestantes atendidas fisiológico e tem como objetivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no aumentar a oferta de glicose ao feto em Brasil. A condição está associada a alta crescimento. No entanto, em mulheres morbimortalidade fetal e perinatal, predispostas, como aquelas com função sendo a segunda principal causa de pancreática inadequada, a produção de óbito fetal intra-útero e uma importante insulina não é suficiente para causa de macrossomia (peso elevado ao compensar essa resistência Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
aumentada, resultando em Histórico de feto morto, malformado ou
hiperglicemia. macrossômico em gestações anteriores. Nos casos de DMG, a hiperglicemia Uso de corticosteroides, que podem materna promove um aumento da aumentar os níveis de glicose no sangue. transferência de glicose para o feto, estimulando a hiperinsulinemia fetal. Alterações Metabólicas Esse processo está relacionado a várias Durante a gestação, a mulher passa por complicações fetais e neonatais, como um estado anabólico (no início da macrossomia, policitemia, icterícia e gravidez) e catabólico (mais tarde na distúrbios respiratórios. gestação). O lactogênio placentário, junto com outros hormônios, aumenta a Complicações Fetais e Neonatais resistência à insulina, levando a uma A hiperglicemia materna descompensada maior passagem de glicose para o feto, durante a gestação pode levar a várias o que estimula a produção de insulina complicações no feto, como: fetal. O lactogênio placentário é um dos principais hormônios que contribui para a Macrossomia fetal: aumento do risco de resistência à insulina na mãe. Ele age distocia de ombro e necessidade de ligando-se aos receptores de parto cesariano. prolactina, estimulando o aumento da Visceromegalia: crescimento excessivo secreção de insulina, o que em uma de órgãos fetais. gestante saudável manteria a Icterícia neonatal severa: devido à euglicemia. No entanto, em casos de policitemia fetal. DMG, essa resposta é inadequada. Taquipneia transitória do recém- nascido: dificuldade respiratória Diabetes Gestacional temporária. A disglicemia é a alteração metabólica Hipoglicemia neonatal: ocorre devido à mais comum durante a gestação, hiperinsulinemia fetal após o refletindo mudanças fisiológicas que nascimento. podem afetar a regulação da glicose. Hipocalcemia e desequilíbrio hidro- Estima-se que cerca de 16% dos eletrolítico: alterações metabólicas no nascidos vivos são filhos de mulheres que recém-nascido. apresentaram alguma forma de hiperglicemia durante a gravidez. Essa Fatores de Risco para DMG condição destaca a importância do Diversos fatores aumentam o risco de monitoramento da glicemia em gestantes, desenvolvimento de DMG, incluindo: especialmente em grupos de risco.
Idade materna igual ou superior a 25 A hiperglicemia na gestação pode ser
anos. detectada pela primeira vez durante o Obesidade materna ou ganho pré-natal, o que torna crucial a triagem excessivo de peso durante a gestação. para diabetes em mulheres grávidas. A Gestação múltipla. Organização Mundial da Saúde (OMS) Histórico familiar de DM em parentes classifica a hiperglicemia gestacional de primeiro grau. em duas categorias principais: DMG em gestações anteriores. 1) Diabetes mellitus diagnosticado na gestação (também conhecido como Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
"overt diabetes"): quadro de diabetes macrossomia fetal, hipoglicemia
que já estava presente antes da gravidez, neonatal e risco de diabetes tipo 2 para mas que foi identificado durante o a mãe no futuro. Para mitigar esses acompanhamento pré-natal. riscos, é fundamental um planejamento adequado da gestação e a otimização 2) Diabetes mellitus gestacional (DMG): do controle glicêmico ao longo de todo caracterizado por hiperglicemia que se o período gravídico. desenvolve durante a gravidez e que não estava presente antes. Diagnóstico de diabetes na gestação: deve ser realizado com Diagnóstico: cautela. Na primeira consulta pré-natal Observações: de gestantes que não têm conhecimento 1) Na Overt Diabetes com glicemia ao prévio de um diagnóstico de diabetes, é acaso, é necessário a presença de recomendado solicitar uma glicemia sintomas para o diagnóstico. plasmática de jejum. Este exame tem 2) Na DM gestacional não há como objetivo detectar tanto o diabetes diagnóstico por hemoglobina glicada. diagnosticado na gestação (overt 3) Na Overt Diabetes ainda não entrou a diabetes) quanto o diabetes mellitus TOTG de uma hora maior ou igual a 209 gestacional (DMG) em sua forma precoce. para diagnóstico. Além disso, pode ser considerada a solicitação de hemoglobina glicada 4) Pré-natal começa com 8/9 semanas (HbA1c) na primeira consulta, para geralmente. Já pede a glicemia em jejum. ajudar a avaliar o controle glicêmico (avaliar se tem risco aumentado - 5) Na Overt Diabetes usamos os mesmos hemoglobina glicada maior ou igual a valores que para uma pessoa não 5,7% no primeiro trimestre - ou é Overt grávida. Diabetes). Para todas as gestantes que não apresentam um diagnóstico prévio de 6) Pré diabetes é risco aumentado para diabetes, independentemente da desenvolver DM Gestacional. presença de fatores de risco, é fortemente recomendado que a investigação diagnóstica do DMG seja realizada entre a 24ª e a 28ª semana de gestação. O teste de tolerância oral à glicose (TOTG) é o método padrão para essa avaliação, permitindo identificar gestantes que desenvolvem hiperglicemia durante a gravidez e que podem necessitar de intervenções para garantir a saúde materno-fetal.
A hiperglicemia durante a gestação
está associada a uma série de desfechos adversos tanto para a mãe quanto para o feto. As complicações podem incluir hipertensão gestacional, pré- eclâmpsia, e aumento do risco de cesarianas, além de problemas como Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
vapor e isso pode ocasionar
hipoglicemia neonatal (primeiras 72 horas).
OBS: Na gestação, tanto na Overt
Diabetes, quanto na DM gestacional um exame já é suficiente para fazer diagnóstico, por conta do tempo.
Valores para diagnóstico:
Paciente iniciou a consulta do pré-natal, deve fazer a glicemia de jejum. Se estiver OBS: Idade materna avançada seria a < 92, está normal (manter seguimento de partir de 35 anos. A mulher com SOP já pré-natal. Entre 24 e 28 semanas vai tem resistência insulínica. O polidrâmnio fazer TOTG). Se a glicemia de jejum está é uma condição obstétrica que ocorre entre 92 e 125, faz diagnóstico de DM quando há um excesso de líquido gestacional (não necessito de um novo amniótico envolvendo o feto durante a TOTG. Já inicio o tratamento). Se vier gestação. com glicemia maior ou igual a 126 (ou glicemia ao acaso, maior ou igual a 200 com os sintomas) é diagnosticada com diabetes prévia, sem conhecimento (overt diabetes), já inicio o tratamento.
OBS: Qualquer tipo de leucorreia
(corrimento vaginal espesso e de cor branca ou amarelada) ou infecção urinária aumenta o risco de aborto, no início da Hemoglobina glicada já pode ser pedida gestação, ou de parto prematuro. no início da gravidez. Se for menor que 5,7 está normal. Vai fazer TOTG entre 24 OBS: Complicações crónicas da DM: e 28 semanas. Se for de 5,7 até 6,4, é pré retinopatia diabética, neuropatia diabetes (na verdade, é risco aumentado diabética e nefropatia diabética. para DM Gestacional - NÃO TEM PRÉ DIABETES NA GESTANTE), aí mantenho OBS: Bebê de mãe com DM gestacional o pré-natal e faço TOTG entre 24 e 28 está acostumado com meio semanas, porém faço orientações sobre a hiperglicêmico, e por isso seu pâncreas alimentação e prática de atividade física. funciona a todo vapor. Ao nascer, ele sai A glicada de 6,5 ou mais é diagnóstico de disso para um meio euglicêmico, porém OvertDiabetes (é a diabetes mellitus seu pâncreas continua funcionando a todo Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
diagnosticada na gestação) e não preciso OBS: FIXAR DOIS VALORES: 92 (DM
repetir TOTG, só iniciar o tratamento. GESTACIONAL) E 126 (OVERT DIABETES). TOTG faz entre 24 e 28 semanas. Glicemia de jejum no TOTG maior ou OBS: Pela diretriz, não preciso mais fazer igual a 92 e menor que 126 é diagnóstico aferir a glicemia após a 28 na semana. Na de DM gestacional. Glicemia após uma prática, no terceiro trimestre faz nova hora, maior ou igual a 180 é diagnóstico glicemia de jejum. para DM gestacional. De duas horas, maior ou igua a 153 e menor que 200 é Orientações para DM prévio: diagnóstico de DM gestacional. É recomendado que mulheres com diabetes mellitus (DM) planejem a gestação e sigam cuidados pré- concepcionais para alcançar melhores resultados perinatais. O ideal é que a hemoglobina glicada (HbA1c) esteja menor que 6,0% para engravidar, sendo aceitável até 6,5% para mulheres com Fluxograma em locais com situação de risco elevado de hipoglicemia, como as viabilidade financeira e disponibilidade que usam insulina (DM1). Mulheres com técnica total: HbA1c acima de 9% devem ser aconselhadas a evitar a gestação até que consigam um melhor controle glicêmico. Durante a gravidez, níveis elevados de HbA1c no segundo e terceiro trimestres estão associados a complicações como morte fetal, pré- eclâmpsia, macrossomia e parto -Paciente chega com 22 semanas, não prematuro. O controle da HbA1c deve vou pedir glicemia de jejum então. Vou ser feito mensalmente até atingir valores esperar mais duas semanas para solicitar abaixo de 6%, podendo ser espaçado uma TOTG. para avaliações a cada dois ou três meses. O automonitoramento frequente Fluxograma em locais com situação de da glicose é essencial para o controle vulnerabilidade financeira e glicêmico durante a gravidez (sempre indisponibilidade técnica: orientando o uso do glicosímetro), definindo início de tratamento e ajustes de doses. Gestantes com DM devem realizar o automonitoramento diário da glicemia capilar: aquelas em tratamento não farmacológico devem monitorar em quatro momentos (jejum e uma hora após cada refeição principal), enquanto as em tratamento farmacológico devem -Glicemia de jejum em qualquer momento monitorar em seis momentos (em jejum, da gestação. uma hora após café, antes do almoço, uma hora após almoço, antes do jantar e uma hora após jantar). Se a paciente Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
tiver risco maior de hipoglicemia, estiverem acima da meta. A insulina é
instituímos uma na madrugada, entre 2 e recomendada como a primeira linha de 4 da manhã. tratamento, sendo a principal escolha para controle glicêmico. A metformina As metas glicêmicas são: (usada como alternativa ou associação 1) Pré-prandiais entre 65-95 mg/dL com insulina) também pode ser utilizada, 2) 1h pós-prandial < 140 mg/dL porém, são necessários mais estudos 3) 2h pós-prandial < 120 mg/dL para confirmar sua segurança a longo Em caso de risco aumentado de prazo, especialmente no que diz respeito hipoglicemia, os alvos devem ser à prole exposta a ela durante o período ajustados. Em mulheres com risco intrauterino. A insulinoterapia pode ser aumentado de hipoglicemia (refluxo, iniciada independentemente dos não conseguem comer, tem vômito, usam valores glicêmicos se o crescimento insulina), estes alvos devem ser fetal for excessivo, identificado pela aumentados para: circunferência abdominal fetal igual ou 4) Glicemias de jejum e ao deitar de 70- superior ao percentil 75 em 99 mg/dL ultrassonografia realizada entre a 29ª e a 5) Glicemias ao deitar entre 2-4h da 33ª semana de gestação. madrugada, entre 80-120 mg/dL. A dose inicial de insulina recomendada é de 0,5 UI/kg/dia, com ajustes A monitorização contínua da glicose baseados no monitoramento da glicose (CGM) é indicada para gestantes em uso a cada uma ou duas semanas. de insulina com grande variabilidade glicêmica ou risco de hipoglicemia. O A metformina pode ser considerada para CGM complementa, mas não substitui o mulheres que não atingem controle monitoramento capilar, e valores abaixo glicêmico adequado com medidas não de 70 mg/dL devem ser confirmados por farmacológicas e em casos onde a glicemia capilar. Gestante com DM1, insulina não pode ser usada (medo de fazendo uso de CGM, além do alcance agulha, para de comer por conta da de valores da glicemia capilar pré e insulina, não sabe aplicar…). Além disso, pós-prandiais já estabelecidos, tenha pode ser associada à insulina em como meta manter-se 70% do tempo gestantes que necessitam de altas doses avaliado dentro do alvo. de insulina (mais de 2 UI/kg/dia), apresentando ganho excessivo de peso materno ou fetal. A dose inicial Tratamento de DM gestacional, recomendada de metformina é de 500 Overt Diabetes e diagnóstico de DM mg, uma ou duas vezes ao dia, com prévio à gestação: ajustes até a dose máxima de 2.500 mg 1) Não farmacológico: diários. O tratamento para DM gestacional é iniciado com MEV (terapia não farmacológica), durante ao máximo 14 dias. 2) Farmacológico: Deve ser considerado quando, após 7 a 14 dias de terapia não farmacológica, duas ou mais medidas de glicemia Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)
estão associados a menor risco de
hipoglicemia.
Categoria A e B pode fazer. C não pode.
NPH e regular estão disponíveis no SUS.
O uso da glibenclamida não é
recomendado em gestantes com DMG, devido ao aumento do risco de macrossomia e hipoglicemia neonatal. Gestantes com diabetes tipo 2 (DM2) devem interromper o tratamento não insulínico no início da gestação, substituindo-o imediatamente por insulinoterapia. No primeiro trimestre, é comum a sensibilidade à insulina aumentar, assim como a ocorrência de náuseas e vômitos, o que pode dificultar a ingestão alimentar regular. Por isso, pode ser necessário reduzir a dose de insulina nesse período.
Para reduzir o risco de pré-eclâmpsia (em
gestantes com DM1 ou DM2 pré gestacional), recomenda-se o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) em doses de 75 a 100 mg/dia, iniciado entre a 12ª e 28ª semanas de gestação, preferencialmente antes da 16ª semana, e mantido até o parto. As insulinas humanas NPH e Regular, assim como os análogos de insulina aprovados para uso na gestação, são opções seguras para o tratamento farmacológico. Os análogos de insulina rápida, como Lispro e Asparte, ou ultra rápida (“fast- aspart”), são recomendados para o controle da glicemia pós-prandial em gestantes com diabetes tipo 1, pois