Gerenciamento de Resíduos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 135

Gerenciamento de Resíduos

1.1 Introdução (Gerenciamento de resíduos)

Com a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII o meio ambiente,


como um todo, sentiu os efeitos do desenvolvimento humano. Tanto nos
países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, o consumo
desenfreado e o crescimento desordenado da população das grandes
cidades têm gerado diversos problemas ambientais.

Entre esses, destaca-se a geração dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Os


resíduos sólidos (RS) são de difícil gestão, uma vez que são constituídos de
diversos tipos de resíduos. Os RSU causam degradação ambiental e por
isso torna-se necessária a busca de soluções adequadas à sua destinação
de forma a garantir o desenvolvimento sustentável, atenuando as
disfunções ambientais e sociais que os RSU acarretam. Com efeito, os RSU
repercutem-se num tripé ambiental: a contaminação difusa, o desperdício
de recursos naturais e a necessidade de espaço e tecnologia para sua
disposição final.

No Brasil, a cultura do desperdício de materiais diversos é apontada como


um entrave à Gestão de Resíduos (SILVA e ANDREOLI, 2010) seja devido
ao excesso de embalagens em muitos produtos ou simplesmente pela
quantidade e tipos de alimentos disponíveis que faz com que qualquer
murchamento ou manchas em determinado produto alimentício seja
suficiente para o descarte (SILVA, 2008).

O profissional do meio ambiente necessita praticar a gestão de resíduos


não somente em seu ambiente laboral e, mais que tudo isso, é preciso ser
um exemplo da não geração de resíduos, do não desperdício de materiais
e, sobretudo, da prática da gestão ambiental que começa sempre em casa
como, por exemplo, a segregação do lixo.

1.2 Conceito de meio ambiente e impacto ambiental

Cada um tem seu conceito formado sobre o que vem a ser meio ambiente.
Este conceito é discutido na mídia, na escola, na atividade profissional,
enfim, são nossas vivências que nos capacitam a definir o conceito de
meio ambiente.

Existe uma diversidade de conceitos sobre meio ambiente que ao longo


do tempo foram sendo construídos. Segundo IBAMA (1996), meio
ambiente é “Qualquer espaço de interação e suas consequências entre a
sociedade (elementos sociais, recursos humanos) e a Natureza (elementos
ou recursos naturais)”. Para Margalef (1989), o meio ambiente é um
espaço de interação, e suas consequências entre a natureza e a sociedade,
é a soma total de todos os fatores físicos e biológicos que afetam os
organismos ou que são por eles influenciados.

As relações estabelecidas entre os indivíduos e o meio natural onde vivem


ocorre em estágios de equilíbrio do sistema, obtêm alimento, água e
energia, e em troca, produzem outros elementos deste sistema. Estas
relações são temporárias, não se mantendo indefinidamente.

O meio ambiente sofre ações antrópicas através das várias atividades


desenvolvidas pelo homem que alteram o estado natural. A estas ações
chamamos de impactos ambientais que podem ser positivos ou negativos.
Uma dessas atividades, a agroindústria, acarreta ao meio ambiente,
impactos ambientais que iremos definir a seguir, esclarecendo os
impactos negativos e positivos da atividade e as vantagens e desvantagens
decorrentes desses impactos.
Conceito de impacto ambiental

A palavra impacto define que ocorrem alterações no sistema, porém não


implica necessariamente “impacto negativo”, já que também pode ser um
impacto positivo. A Resolução nº 001 do CONAMA, em seu artigo 1º,
define impacto ambiental como:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do


meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que diretamente ou indiretamente
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos
recursos ambientais.

Então, o impacto ambiental é a alteração nos meios físico, biológico ou


antrópico ou de algum componente destes meios por uma ação ou
atividade realizada pelo homem. Estas alterações devem ser qualificadas
em sua natureza e quantificadas para serem analisadas e compreendidas,
somente assim se definem impactos negativos e positivos.

O impacto ambiental serve para avaliar as atividades antrópicas, utilizando


dados desse impacto a partir da atividade de agroindústria, por exemplo,
pode definir extensão, importância e consequência do impacto. De posse
desses dados é possível definir se o impacto (alteração) é positivo ou
negativo.

Como exemplo, você pode imaginar a implantação de uma indústria de


conservas num município de 6.000 habitantes, onde a economia
basicamente é agricultura e fruticultura. Pense numa indústria, ao ser
construída, deverá ocorrer o preparo de uma área física, aterramento,
construção de prédios, uso de água para produção. Todas essas ações irão
causar impactos negativos, haverá supressão de vegetação; o uso da água
utilizada na obra e na produção da indústria reduzirá o volume utilizado
pela população; em períodos de escassez ou seca, esta água faltará para
uso da comunidade; o tratamento de efluentes e o crescimento do
volume de resíduos são dois impactos negativos ocasionados pela
implantação de agroindústria, mas a gestão ambiental e o uso de
tecnologias adequadas e ecologicamente corretas irão propiciar qualidade
a estas situações. Porém, como impactos positivos podem ser citados o
crescimento de empregos, a comercialização das frutas da localidade,
além do crescimento da economia local. Portanto, a definição de impacto
ambiental necessita sempre de fatores indicadores para tornar clara a
qualificação desses impactos.

1.3 Conceito de poluição ambiental (ar, solo, água)

Para Ferri (1988), podemos definir poluição ambiental como a ação de


contaminar as águas, solos e ar. Esta poluição pode ocorrer com a
liberação no meio ambiente de lixo orgânico, industrial, gases poluentes,
objetos materiais, elementos químicos, entre outros.

Poluição são alterações indesejáveis no meio ambiente, são degradações


que ocorrem, após a introdução de substâncias, provavelmente
consequência de atividade antrópica e de um impacto ambiental negativo.
Ela também pode ocorrer como consequência de fenômenos naturais,
podemos citar o derramamento de lava vulcânica ou materiais arrastados
em tsunamis.

A poluição ambiental desequilibra os ecossistemas, podendo ocorrer


extinção de espécies animais e vegetais. A sobrevivência das espécies
depende do equilíbrio dos ecossistemas.

As atividades antropogênicas podem causar poluição do ar, da água e do


solo. Dessa maneira, se não existir uma gestão ambiental de qualidade na
agroindústria, essa atividade poderá contribuir para a elevação de
poluição em todas as esferas ou em parcela destas. É importante, que
depois de conhecer o conceito de poluição, possamos reconhecer a
poluição do ar, do solo e das águas.

Poluição do ar

Charbonneau (1979) corrobora, isto é, concorda com Ferri, quando diz


que a poluição atmosférica consiste em alterações da composição química
do ar, seja pela variação dos seus constituintes ou pela presença de
substâncias estranhas, que prejudiquem a saúde, e possam provocar
alterações na saúde dos seres vivos e na qualidade do meio ambiente.

Entre as consequências da poluição atmosférica, temos:

• O efeito estufa.
• A chuva ácida.
• A diminuição da camada de ozônio.

O efeito estufa

O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante das


combustões de produtos com elevados teores de carbono, provoca o
aumento da temperatura da atmosfera, assim, forma-se uma barreira e,
consequentemente, o calor fica impedido de se expandir para o espaço.

Consequências do efeito estufa: aquecimento global da Terra, alterações


no clima e a elevação do nível do mar.

A chuva ácida
O dióxido de enxofre, resultante das combustões em centrais elétricas e
dos gases emitidos pelos veículos, quando se dissolve na água presente na
atmosfera forma gotículas de ácido sulfúrico. Quando chove, essas
substâncias são transportadas para a superfície terrestre.

Consequências da chuva ácida: doenças respiratórias graves, destruição


de florestas, corrosão de materiais, alteração das características naturais
do solo e da água, podendo levar à morte alguns seres vivos mais frágeis.

A diminuição da camada de ozônio

O ozônio (O3 ) é o gás que constitui uma barreira protetora das radiações
do Sol (radiações ultravioleta), a qual protege a vida na Terra. A redução
da camada de ozônio deve-se à liberação de CFC, um composto químico
utilizado nos refrigeradores, ar condicionado, gases extintores de incêndio
aeronáutico e antigamente em aerossóis (sprays).

Consequências da redução da camada de ozônio: problemas respiratórios,


queimaduras, câncer de pele.

É importante reconhecer as consequências deste impacto ambiental


negativo, causando poluição no ar para que as indústrias direcionam
ações preventivas, tais como:

• Utilizar energias alternativas, não poluentes e renováveis (ex.: energia


eólica).
• Proteger as florestas.
• Usar os transportes públicos, pois são menos poluentes que os
automóveis.
• Evitar o uso de aerossóis (sprays).
• Poupar energia, utilizar lâmpadas de baixo consumo.

Alguns exemplos de fontes de poluição do ar são a queima de


combustíveis fósseis por carros e caminhões, as queimadas de materiais
sem controle e as emissões atmosféricas industriais.

Poluição do solo

A poluição do solo é qualquer alteração das suas características naturais


através da deposição, descarga, infiltração ou acumulação no solo de
produtos ou substâncias poluentes.

Principais fontes de poluição e suas consequências

As principais fontes de poluição do solo são resíduos (lixos domésticos e


industriais) depositados no solo sem tratamento e a aplicação de
agroquímicos (fertilizantes e defensivos utilizados na agricultura), também
é possível citar os dejetos da criação de animais, principalmente, os de
sistema confinado, como no caso de suinocultura e avicultura. Já as
indústrias têm uma parcela grande de comprometimento com a poluição
no solo quando deixam de fazer os tratamentos adequados dos resíduos
sólidos ou dos efluentes.

Além das indústrias, também são descartados no solo resíduos


domésticos, muita das vezes são jogados próximos a cursos d’água,
tornando a poluição do solo ou da água mais elevada.

Diferentes produtos tóxicos aparecem misturados com esses resíduos.


Quando acumulados e com o passar do tempo, infiltram-se no solo. Essa
situação é agravada quando chove, pois a água da chuva lixívia no lixo,
dissolve os produtos tóxicos nele existentes e, por infiltração ou
escoamento, essas substâncias poluem as águas superficiais como os rios,
os lagos, e/ou subterrâneas (e a partir destas, poluem as águas de
abastecimento).

Algumas ações devem ser tomadas para prevenir a contaminação dos


solos, uma vez que é necessário evitar impactos ambientais negativos, os
quais são fatores causadores de poluição no solo. A seguir, você verá
algumas formas de manter a qualidade do solo, você pode pensar em
outras também.

• Tratar os resíduos domésticos e industriais.


• Colocar os resíduos em locais adequados para a coleta.
• Proteger as florestas.
• Colaborar na reciclagem de vidro, papel, cartão, alumínio e plásticos,
fazendo a separação dos resíduos.
• Controlar os locais de fácil degradação do solo, evitando a formação de
voçorocas e valas.

Poluição da água

A poluição da água ocorre quando qualquer alteração das suas


propriedades físicas, químicas ou biológicas, que possa prejudicar a saúde,
a segurança e o bem-estar das populações, causar dano à flora e à fauna,
ou comprometer o seu uso para fins sociais e econômicos.

As principais fontes de poluição dos rios e lagos, das águas superficiais e


subterrâneas, são as águas residuais resultantes da indústria, da
agricultura e das atividades domésticas. As águas residuais estão
carregadas de substâncias não biodegradáveis e também das
biodegradáveis, que também são fonte de contaminação quando lançadas
em excesso ou em concentrações elevadas. Elas tornam a água imprópria
para abastecimento público e põe em risco a vida da biota aquática.

Outros fatores que causam esse tipo de poluição são os acidentes como
derramamento de petróleo para o mar, a queima de resíduos no alto mar,
a lavagem de porões dos cargueiros e petroleiros, os derramamentos
tóxicos das indústrias feitos em alto mar, que chegam às praias, enfim,
uma série de ações degradadoras podem contaminar as águas de tal
forma que a recuperação desta área provoque elevados custos
econômicos e ambientais e, por consequência, sociais.

Você deve lembrar-se de algum acidente com derramamento de óleo nas


praias do Brasil.

Vejamos alguns exemplos:

• Os resíduos sólidos, plásticos, vidros, trapos e outros materiais deixados


nas praias.
• Os agrotóxicos utilizados na agricultura que, através da ação da chuva e
da erosão do solo, contaminam as águas subterrâneas e os rios.
• Os produtos e as águas residuais não tratadas que são lançados
diretamente nos rios, e através destes chegam ao mar.

Atualmente, as mudanças climáticas alteraram o ciclo das chuvas, o que


tem proporcionado períodos de secas nas regiões onde a água era
permanente, assim é importante cuidar deste recurso. É um dever de
todos preservar e utilizar racionalmente a água.

Para preservar a qualidade da água, é necessário:

• Tratar as águas residuais.


• Reciclar as águas servidas.
• Captar água da chuva e utilizá-la para fins menos nobres.

O tratamento das águas residuais é recomendado por lei e determinado


por normas técnicas. As agroindústrias necessitam fazer os tratamentos
até que estas águas sejam liberadas em curso d’água tratadas, esse
processo é feito em Estações de Tratamento de Efluentes (ETE). Esse
tratamento permite que a água seja lançada ao curso d’água sem que
degrade suas propriedades naturais.

Agora, você já sabe que podemos causar impacto ambiental negativo,


causando poluição na água. Dessa forma, devemos permitir que as águas
tratadas sejam reaproveitadas ou incorporadas ao meio hídrico com mais
qualidade. Você sabe também que as águas estão escassas e que é
necessário utilizar a água com responsabilidade.

Para poupar água, podemos agir no nosso dia a dia, promovendo ações,
como:

• Ao lavar os dentes não deixar a torneira aberta com a água correndo.


• Desligar o chuveiro enquanto estiver se ensaboando ou lavando o
cabelo.
• Lavar as peças de roupa de uma só vez.
• Antes de lavar louça, retirar a comida. Deixar a torneira fechada
enquanto ensaboa ou esfrega a louça.
• Ao regar as plantas do jardim, usar um regador e não a mangueira.

1.4 Conceitos de tratamentos de efluentes


Azevedo (2001) diz que efluentes são produtos líquidos ou gasosos
produzidos por indústrias ou resultante dos esgotos domésticos urbanos
ou industriais, os quais são lançados no meio ambiente.

A legislação ambiental, com relação ao tratamento ou qualidade dos


efluentes, determina critérios que levaram as empresas a buscar soluções
para tornar seus processos mais eficazes. Atualmente, a escassez da água
faz com que as empresas invistam em processos de tratamento de
efluentes visando à reutilização da água e de outros de insumos (óleo,
metais etc.), minimizando o descarte para o meio ambiente e reduzindo o
uso dos recursos naturais.

Os efluentes podem ocorrer em duas categorias de efluentes líquidos:


sanitários ou domésticos e industriais. Vamos trabalhar com o conceito de
efluentes industriais.

O lançamento de efluentes, num corpo d’água, deve ser efetuado após os


tratamentos.

Com resultado da produção industrial ocorre um volume de efluentes, o


qual deve ser tratado.

A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, tais


como:

• Lavagens de máquinas.
• Tubulações e pisos.
• Águas de sistemas de resfriamento e geradores de vapor.
• Águas utilizadas diretamente nas etapas do processo industrial ou
incorporadas aos produtos.
• Esgotos sanitários dos funcionários.
Os efluentes líquidos não tratados, ao serem despejados com a carga de
poluente característico, causam a alteração de qualidade das águas dos
rios e outros cursos. A poluição (degradação) decorrente do processo
industrial causa danos irreparáveis ao meio ambiente.

Azevedo (2001) ainda descreve que o desenvolvimento urbano e industrial


ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de água para
abastecimento e a possibilidade de utilizar o rio como corpo receptor dos
dejetos. Nos tempos atuais, o que preocupa é o crescimento populacional
e o crescimento das atividades industriais, bem como o número de vezes
que um mesmo rio recebe dejetos urbanos e industriais, e segue servindo
como manancial.

1.5 Degradação e poluição ambiental

O homem vem promovendo agressões ao meio ambiente que poderão


causar danos irreparáveis. O uso dos recursos naturais, dentre eles as
fontes energéticas, coloca em risco o equilíbrio do sistema ambiental e
das gerações futuras. Quando se debate sobre a questão ambiental, se
percebe que o tema é amplamente discutido no processo de globalização
econômica. No ambiente natural existe harmonia nas relações entre os
seres vivos e entre este e os recursos naturais, a isso designamos
equilíbrio ecológico. Ao romper esse equilíbrio, o homem provoca o
impacto ambiental, que na maioria das vezes é negativo, porém, em
algumas situações, as alterações são positivas. Os impactos negativos
ocorrem gerando poluição, o que é, atualmente, um dos maiores
problemas ambientais enfrentados pelas agroindústrias. Esses problemas
estão sendo evitados com a inserção de tecnologias mais avançadas e
através de um processo de consciência e responsabilidade adotado pelas
empresas, seja através do cumprimento da legislação, seja pela
competição de mercado, em que as empresas que promovem degradação
ambiental sem recuperação dos passivos sofrem com a rejeição dos
consumidores.

A preservação dos recursos naturais (bem como seu uso consciente) e o


compromisso ambiental devem ser vivenciados por todo cidadão. Nosso
comprometimento com o uso desses recursos deve ser uma ação coletiva,
para que todos possam usufruir dos benefícios consequentes desse
planejamento.

Os recursos tecnológicos, científicos e culturais devem estar voltados para


a reconstrução e preservação do planeta tal qual se está habituado e não
para o enriquecimento desmedido de um pequeno grupo.

O progresso ou crescimento econômico deve ser visto como melhor


qualidade de vida, independente da condição social, econômica ou
cultural, e não somente como acúmulo de capital e crescimento
econômico.

Para Left (2000, p. 307), “o caráter global e complexo da problemática


ambiental contrasta com o estado primário da consciência sobre as suas
implicações e com o extremo localismo dos interesses que mobilizam a
sociedade à volta dos seus objetivos. Alguns dos problemas ambientais
que aglutinam o protesto e a ação cidadã permeiam os interesses das
diversas classes sociais”.

1.6 Resíduos sólidos

Vamos Falar Sobre O Lixo?


Quando se fala em Gestão de Resíduos, o profissional do meio ambiente
precisa compreender a diferença entre Lixo e Resíduo.

Entende-se por lixo qualquer material considerado inútil ou sem valor


gerado durante um determinado processo e que precisa ser descartado.

Por outro lado, resíduo também é algo que a princípio parece inservível,
porém, ele pode ser aproveitado de diversas formas, seja para geração de
energia através da queima ou para servir de composto orgânico e ser
utilizado em lavouras através de sua degradação biológica ou
bioestabilização, além de poder ser reciclado ou reutilizado.

Assim, podemos dizer que não existe lixo, portanto, não podemos falar
sobre ele. Iremos a partir daqui falar sobre RESÍDUOS, pois tudo que resta
depois que consumimos os diversos produtos naturais, ou artificiais, são
resíduos, nunca lixo.

Lembre-se! Em uma gestão eficiente de Gerenciamento de Resíduos


Sólidos, a palavra “lixo” deve ser substituída por Resíduos. Desta forma
temos resíduos orgânicos, resíduos recicláveis, resíduos inertes etc.

O que são Resíduos Sólidos Urbanos?

Os resíduos sólidos são definidos pela NBR 10004/04 (ABNT, 2004) como
resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades
antrópicas, de origem: doméstica, comercial, públicos (de serviços e de
varrição), agrícola, industrial e hospitalar.

Para melhor entendermos a origem dos resíduos sólidos, iremos falar um


pouco sobre cada um deles:
Resíduo sólido doméstico

O resíduo sólido doméstico é também conhecido como residencial; é


caracterizado pela grande quantidade de matéria orgânica constituída de
restos de alimentos, cascas de frutas, verduras e outros rejeitos
putrescíveis, além de papel higiênico, fraldas descartáveis, materiais de
varredura, plásticos, vidros, latas e embalagens em geral (MOTA, 2000).

Resíduos comerciais

Segundo Silva (2008), os resíduos comerciais são produzidos por


escritórios, lojas, supermercados, restaurantes, hotéis, etc. São
constituídos por papéis, papelão, plástico, vidros, caixas, entre outros.

Resíduos públicos

Os resíduos públicos são aqueles originados nos serviços de limpeza


urbana pública, constituídos por animais mortos, resíduos de limpeza em
jardins, limpeza de ruas, praças e de outros lugares de visitação pública,
podas de árvores, máquinas, veículos abandonados e entulhos em geral.

Resíduos Agrícolas

Já os resíduos agrícolas, que muitas vezes são gerados na região


metropolitana das grandes cidades, são resultados das atividades da
agricultura e da pecuária. Constituídos por embalagens de agrotóxicos,
rações, adubos, restos de colheita, dejetos da criação de animais, etc.

Resíduos industriais
Os resíduos industriais são originados das diferentes atividades industriais
e, por isso, possuem características e composição muito variada (SILVA,
2008).

1.7 Classificação dos resíduos sólidos

De acordo com a NBR 10004/04 os resíduos dividem-se em:

Classe I – Perigosos

Resíduos que em função de suas características de inflamabilidade,


corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem
apresentar riscos à saúde pública, provocando ou contribuindo para o
aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar
efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de
forma inadequada. Enquadram-se nesta classe os resíduos sólidos
industriais e de serviços de saúde.

Classe II – Não perigosos, que estão divididos em:

Classe II A – Não inertes

Resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I (perigosos) ou na


Classe II B (inertes). Estes resíduos podem ter propriedades tais como:
combustibilidade, biodegradabilidade, ou solubilidade em água.
Enquadram-se nesta classe os resíduos sólidos domiciliares.

Classe II B – Inertes
Resíduos sólidos que, submetidos a testes de solubilização, não
apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados em
concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,
excetuando-se os padrões aspecto, cor, turbidez e sabor. Nesta classe
enquadram-se principalmente os resíduos de construção e demolição.

Os resíduos hospitalares, ou de serviços de saúde, são aqueles gerados


pelas diferentes áreas dos hospitais: refeitório, centro cirúrgico,
administração, limpeza, entre outras. Fazem parte desta classe os resíduos
vindos de farmácias, postos de saúde, clínicas médicas, odontológicas,
veterinárias e outros estabelecimentos do gênero (SILVA, 2008). Esse tipo
de resíduo apresenta altos riscos de contaminação e, por isso, é conhecido
como resíduo patológico.

1.8 Características dos resíduos

Outro ponto importante a se considerar nos programas de Gestão são as


características dos resíduos:

Características físicas:

★ Composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em


relação ao peso total do lixo.

★ Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles


ocupado, expresso em kg/m³. Sua determinação é fundamental para o
dimensionamento de equipamentos e instalações.
★ Teor de umidade: esta característica tem influência decisiva,
principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia
muito em função das estações do ano e da incidência de chuvas.

★ Compressividade: também conhecida como grau de compactação,


indica a redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando
submetida a uma pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se
entre 1:3 e 1:4 para uma pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são
utilizados para dimensionamento de equipamentos compactadores.

★ Chorume: substância líquida decorrente da decomposição de material


orgânico.

1.9 Resíduos sólidos: problemática em nível global

Os resíduos sólidos se constituem hoje num grande obstáculo à


administração pública. Em algumas cidades existem verdadeiras
montanhas de resíduos que se acumulam nos centros urbanos, o que
acarreta em grande risco à saúde pública. Avaliaremos nesta aula a
problemática dos RSU em nível global.

Nos últimos anos houve uma grande mudança no conceito da gestão de


resíduos. No passado era pequena a preocupação das empresas e do
poder público em relação ao lixo e sua gestão se limitava a dar um destino
final, nem sempre adequado a esse material.

A competitividade do mercado exige uma ação mais eficiente da empresa


no processamento de sua matéria prima o que determina uma menor
geração de resíduo. Além disso, as alternativas de reuso e reciclagem
reduzem a dependência de outros insumos, melhorando também a
eficácia no uso de produtos. Por estas razões o resíduo é considerado
como matéria prima colocada em local inadequado (SILVA, 2008).

No mundo, a produção de resíduos sólidos apresenta grandes


disparidades, variando de acordo com a riqueza dos vários países que
constituem o globo. Em 2003, a produção média de resíduos na União
Européia (EU) estava estimada de 1.6 kg/hab/dia. Já nos Estados Unidos
da América (EUA) e no Japão, a produção per capita ronda os 3
kg/hab/dia. No entanto, os países mais pobres e/ou em desenvolvimento
têm uma produção muito menor (0,35 – 0,45 kg/hab/dia) (RUSSO, 2005).

A estimativa é que no mundo exista hoje mais de 6 bilhões de habitantes


com geração na ordem de 570 milhões de ton/ano de resíduo. Os países
desenvolvidos são os maiores geradores, os EUA, por exemplo, gera cerca
de 232 milhões ton/ano; Japão: 100 milhões ton/ano; Inglaterra: 40
milhões ton/ano; França e Alemanha: 30 milhões ton/ano (EPA, 2002).

Enquanto nos países desenvolvidos os RSU são depositados em aterros


sanitários, incinerados, reaproveitados ou reciclados, nos países pobres e
em desenvolvimento, a situação é bastante crítica (IPT e CEMPRE, 2000).

Em muitas cidades dos países em desenvolvimento, os RSU têm como


destino final os lixões. Lixões são espaços inadequados, em que pessoas e
animais circulam livremente em meio aos resíduos. Lá existem inúmeros
vetores disseminadores de doenças, e há proliferação de insetos e
roedores, outro ponto é o perigo constante de explosão devido à
formação não monitorada de biogás e além de que em função da ausência
de uma barreira de contenção, há uma possível contaminação do lençol
freático.

Assim, os RSU não somente constituem um problema meramente


ambiental, mas ademais, social, pois os menos favorecidos podem utilizá-
los de forma inadequada, colocando em risco sua própria vida e a de
outrem.

A presença de lixões caracteriza a pobreza e a ausência de recursos de


uma região, levando à degradação ambiental e humana.

Com o objetivo de buscar alternativas para os problemas ambientais em


nível global à qual crescia exponencialmente além das discrepâncias
sociais entre os países ricos e pobres, em 1992 reuniram-se, na cidade do
Rio de Janeiro, 179 países para a realização da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que também
ficou conhecida como ECO-92 (IPARDES, 1997).

Neste evento promulgou-se a Agenda 21 que é um programa de ação


baseado num documento consensual, de 40 capítulos, para o qual
contribuíram governos e instituições da sociedade civil que durou cerca de
dois anos para ser apresentado e que constitui a mais ousada e
abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um
novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção
ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Em seu capítulo 21, o documento diz o seguinte sobre os resíduos sólidos:

O manejo ambientalmente saudável desses resíduos deve ir além do


simples depósito ou aproveitamento por métodos seguros dos resíduos
gerados e buscar resolver a causa fundamental do problema, procurando
mudar os padrões não sustentáveis de produção e consumo. Isso implica
na utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual
apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a
proteção do meio ambiente. Em consequência, a estrutura da ação
necessária deve apoiar-se em uma hierarquia de objetivos e centrar-se nas
quatro principais áreas de programas relacionadas com os resíduos, a
saber:
1• Redução ao mínimo dos resíduos;

2• Aumento ao máximo da reutilização e reciclagem ambientalmente


saudáveis dos resíduos;

3• Promoção do depósito e tratamento ambientalmente saudáveis dos


resíduos;

4• Ampliação do alcance dos serviços que se ocupam dos resíduos.

2.1 Resíduos industriais

O princípio do “poluidor-pagador” encontra-se estabelecido na Lei da


Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31/8/1981). Isso
significa dizer que “cada gerador é responsável pela manipulação e
destino final de seu resíduo”. Mas isso nem sempre acontece, muitas
vezes as indústrias armazenam seus resíduos em locais inapropriados
criando graves passivos ambientais, contaminando o solo, a água e o ar.

Os resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou


semissólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e
determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água.
O resíduo industrial é bastante variado, podendo ser representado por
cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira,
fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-
se grande quantidade de resíduo tóxico, que necessita de tratamento
especial pelo seu potencial de envenenamento (SILVA, 2008). Muitas
substâncias produzidas devido ao processo industrial, ou sobras de
insumos industriais, podem provocar diversos problemas ambientais e à
saúde pública. O quadro abaixo mostra os principais contaminantes e seus
efeitos adversos.

Principais contaminantes e seus efeitos adversos:

†Metais

★ Alumínio. (De onde vem)

Produção de artefatos de alumínio; serralheria; soldagem de


medicamentos (antiácidos) e tratamento convencional de água

★Alumínio. (Efeitos)

Anemia por deficiência de ferro; intoxicação crônica.

★ Arsênio. (De onde vem)

Metalurgia; manufatura de vidros e fundição.

★Arsênio. (Efeitos)

Câncer (seios paranasais)

★ Cádmio. (De onde vem)


Soldas; tabaco; baterias e pilhas.

★ Cádmio. (Efeitos)

Câncer de pulmões e próstata; lesão nos rins

★ Chumbo. (De onde vem)

Fabricação e reciclagem de baterias de autos; indústria de tintas; pintura


em cerâmica; soldagem.

★ Chumbo. (Efeitos)

Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal


e cerebral)

★ Cobalto. (De onde vem)

Preparo de ferramentas de corte e furadeiras.

★ Cobalto. (Efeitos)

Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que pode levar à morte.

★ Cromo. (De onde vem)


Indústrias de corantes. Esmaltes, tintas, ligas com aço níquel, cromagem
de metais.

★ Cromo. (Efeitos)

Asma (bronquite); câncer.

★ Fósforo Amarelo. (De onde vem)

Veneno para baratas; rodenticidas (tipo de inseticida usado na lavoura) e


fogos de artifícios.

★ Fósforo Amarelo. (Efeitos)

Náuseas; gastrite; odor de alho; fezes e vômitos fosforescentes; dor


muscular; torpor; choque; coma e até morte.

★ Mercúrio. (De onde vem)

Moldes industriais; certas indústrias de cloro-soda; garimpo de ouro;


lâmpadas fluorescentes.

★ Mercúrio. (Efeitos)

Intoxicação do sistema nervoso central.

★ Níquel. (De onde vem)


Baterias; aramados; fundição e niquelagem de metais.

★Níquel. (Efeitos)

Febre dos fumos metálicos (febre, tosse, cansaço e dores musculares) –


parecido com pneumonia

Os resíduos sólidos industriais devem ser classificados antes de serem


levados ao tratamento e à disposição final. Para Flohr (et al, 2005), a
classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade
que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a
comparação com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde
e ao meio ambiente é conhecido. De maneira geral, esta classificação se
dá a partir das análises físico-químicas sobre o extrato lixiviado obtido a
partir da amostra bruta do resíduo. As concentrações dos elementos
detectados nos extratos lixiviados são comparadas com os limites
máximos estabelecidos nas listagens constantes da NBR 10.004/04.

2.2 Controle de poluição agroindustrial

Introdução

A água é um componente essencial de uso intenso na cadeia


agroindustrial, tornando-se imprescindível seu controle de qualidade.
Sendo a água um elemento fundamental e que participa de forma efetiva
em todo o processo de higienização, desde os equipamentos até toda a
área de processamento, faz-se necessário um rigoroso monitoramento da
sua qualidade para que ela não potencialize a condição de ser um veículo
de contaminação do alimento por microrganismos ou por impurezas em
solução ou suspensão. Assim, a utilização de uma água fora dos padrões
de qualidade acarretará provavelmente danos nos equipamentos e, por
consequência, na Iinha de produção (SILVA et al, 2010).

A água utilizada na indústria alimentícia pode ser originada de diversas


fontes coletoras como: rios, poços, chuva, abastecimento público etc. Ela
poderá carrear em geral, ao longo do percurso de obtenção, níveis altos
de elementos físicos (partículas em suspensão), químicos e
microbiológicos que, na maioria das vezes, comprometem
significativamente o padrão de qualidade dessa água ao emprego a que se
destina, tais como: consumo humano, incorporação à matéria-prima,
lavagem das instalações e equipamentos, higiene pessoal, produção de
vapor e/ou resfriamento (SILVA et al, 2010).

Por outro lado, também após a utilização das águas, elas geralmente
tornam-se inapropriadas para o descarte sem nenhum tipo de controle
e/ou tratamento, pois como já vimos anteriormente, a poluição origina-se
devido a perdas de energia, produtos e matérias-primas, ou seja, devido à
ineficiência dos processos industriais. Sendo assim, as águas servidas ou
efluentes têm que ser monitoradas para sabermos se o lançamento de
efluentes está dentro dos parâmetros legais e a respeito da eficiência do
processo de tratamento. Além da água, as agroindústrias geralmente
utilizam sistemas de geração de vapor para realizar suas diversas
atividades. Esse vapor é produzido na maioria das vezes em cadeiras
alimentadas pela queima de vários tipos de combustíveis, como carvão,
lenha, outras biomassas, diesel, GLP. Este processo tem como resultado a
geração de gases e de partículas sólidas dispersas nos gases, que assim
como os efluentes líquidos e os resíduos sólidos possuem parâmetros de
monitoramento.

Parâmetros de qualidade da água

Como discutido anteriormente, a poluição das águas decorre da adição de


substâncias ou de formas de energia que, diretamente ou indiretamente,
alteram as características físicas e químicas do corpo d’água de uma
maneira tal, que prejudique a utilização das suas águas para os mais
diversos usos.

O grau de poluição ou qualidade das águas é medido através de


características físicas, químicas e biológicas das impurezas existentes que,
por sua vez, são identificadas por parâmetros de qualidade das águas
(físicos, químicos e biológicos).

De uma maneira geral, as características físicas são analisadas sob o ponto


de vista de sólidos (suspensos, coloidais e dissolvidos na água) e gases. As
características químicas referem-se aos aspectos de substâncias orgânicas
e inorgânicas e as biológicas sob o ponto de vista da vida animal, vegetal e
organismos unicelulares (algas, bactérias). Essas características variam em
decorrências de suas origens e é necessário termos algum conhecimento,
pois, estes parâmetros irão definir o tipo de tratamento que as águas irão
receber, tanto na forma de potabilização como na forma de tratamento
de efluentes, temas que serão tratados posteriormente. Abaixo está
descrito então, de maneira geral, como os contaminantes presentes na
água estão distribuídos.

Impurezas

Características químicas:

• Inorgânicos: sais, complexos, metais.


• Orgânicos: proteínas, carboidratos e matéria em decomposição.

Características físicas:

• Gases.
• Sólidos: suspensos, dissolvidos e coloidais.

Características biológicas:

• Animais, vegetais, protistas e moneras.

A descrição dos principais parâmetros é descrita a seguir, valendo


perceber que todos esses parâmetros são de determinação rotineira em
laboratório de análises de água. Von Sperling (2005).

Estes padrões são regulamentados por portarias ou resoluções


estabelecidas pelos órgãos competentes, são elas:

† Padrão de potabilidade: Portaria 2419 (12/12/2011), do Ministério da


Saúde.

† Padrão de corpos d’água: Resolução CONAMA 357 (2005), do Ministério


do Meio Ambiente, e eventuais legislações estaduais.

† Padrão de lançamento: Resolução CONAMA 357 (2005) e 430 (2011), do


Ministério do Meio Ambiente, e eventuais legislações estaduais

2.3 Tratamento dos resíduos sólidos industriais

É necessário proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à


sua reutilização ou à sua inertização. Dada a diversidade desses resíduos,
não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre
a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos
economicamente viáveis.

As principais formas de tratamento e destinação dos resíduos industriais


são: reaproveitamento do resíduo no próprio processo de fabricação,
reciclagem, aterros industriais, coprocessamento, incineração,
landfarming e encapsulamento.

O Aterro Industrial é uma alternativa de destinação de resíduos industriais


que se utiliza de técnicas que permitem a disposição controlada desses
resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e
minimizando os impactos ambientais. Essa técnica consiste em confinar os
resíduos industriais na menor área e volume possíveis, cobrindo-os com
uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho
ou intervalos menores, caso necessário.

Os aterros industriais são classificados nas classes I, II ou III, conforme a


periculosidade dos resíduos a serem dispostos.

Os aterros Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; os Classe


II, resíduos não inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes. O
coprocessamento é o aproveitamento do resíduo na própria planta da
indústria, seja através de sua fonte energética (queima), ou sua mistura
com outros insumos ou matérias primas. A incineração é um processo de
queima controlada na presença de oxigênio, no qual os materiais à base
de carbono são reduzidos a gases e materiais inertes (cinzas e escórias de
metal) com geração de calor.

• Landfarming pode ser definido como um sistema de tratamento de


resíduos através de um processo biotecnológico, que utiliza a população
microbiana do solo para a degradação. Muito utilizado para resíduos de
petróleo.
• Encapsulamento, ou técnica de solidificação/estabilização, é um
processo a partir do qual se procura fixar em uma matriz (cimento, por
exemplo) os contaminantes presentes no resíduo visando transformá-los
em materiais com melhores características de manuseio, transporte e
destinação final.

Existe ainda a gaseificação que é um processo onde os resíduos se


transformam em gases e esses podem ser utilizados para a geração de
energia e também o plasma que é uma excelente, porém cara, alternativa
de disposição final. Nesse processo o resíduo é aquecido por uma chama a
alta temperatura (plasma) que chega a cristalizar os resíduos insalubres.

2.4 Parâmetros físicos da água

Cor

A água pura é ausente de cor, sendo que a existência desta é proveniente


das substâncias dissolvidas. A cor é originada de forma natural e é
resultante dos materiais dissolvidos, vejamos a seguir alguns exemplos.

Na decomposição da matéria orgânica, principalmente dos vegetais


(ácidos húmicos e fúlvicos – coloração marrom da água):

Do ferro (vermelho escuro) e manganês (coloração negra) presente nos


solos da região, onde o manancial ou reservatório se encontra.

De origem antropogênica surge dos resíduos industriais e esgotos


domésticos (acinzentados). A presença dessas ou de outras substâncias
ocasionará possíveis problemas na indústria de alimentos como:
Corrosão de utensílios e de peças dos equipamentos: aparecimento de
manchas na superfície dos equipamentos e utensílios principalmente
plásticos.

Incrustações e/ou camadas barrentas de óxidos de ferro em tubulações,


decorrentes da ação pela temperatura, evaporação da água e oxidação de
ferro (ferrugem).

Unidade de medida: uC (unidades de cor).

Águas com cor maior que 15 uC podem ser detectadas em um copo


d´água pela maioria das pessoas.

Valores de cor da água bruta inferiores a 5 uC usualmente dispensam


coagulação química. Valores superiores a 25 uC usualmente requerem a
coagulação química seguida por filtração (SBTA, 2000; GAUTO; ROSA,
2011; VON SPERLING, 2005).

Turbidez

A turbidez representa o grau de interferência da passagem da luz através


da água, conferindo uma aparência turva. É provocada principalmente por
sólidos em suspensão como lamas, areia e plâncton.

Unidade de medida: uT (unidades de turbidez).

A presença de turbidez não representa risco direto à saúde. Porém, causa


poluição visual (esteticamente desagradável – associação com presença
de “impureza”) e pode atuar como abrigo/suporte para microrganismos
patogênicos (diminuindo a eficiência da desinfecção). A turbidez também
possibilita a interferência nos processos de fotossíntese e oxigenação do
corpo d’água (equilíbrio de todo o ecossistema).

Águas com cor maior que 10 uT, ligeira “nebulosidade” pode ser notada
em um copo d´água pela maioria das pessoas.

Águas com cor maior que 500 uT, praticamente opaca, valores de cor da
água bruta inferiores a 20 uT, usualmente, dispensam coagulação química;
valores superiores a 50 uT, usualmente, requerem a coagulação química
seguida por filtração.

Observação: É possível que amostras d’águas apresentem cor elevada e


turbidez baixa e vice-versa, já que os responsáveis pelos fatores são
distintos.

Sabor e odor

As características de sabor e odor são dadas em conjunto, pois geralmente


a sensação de sabor origina-se do odor. São de difícil avaliação, por serem
sensações subjetivas. Originam-se pela presença de sólidos dissolvidos,
em suspensão e de gases dissolvidos.

A presença deste não representa risco direto à saúde (porém, é uma das
principais causas de reclamação da população), sendo que valores
elevados podem indicar a presença de substâncias potencialmente
tóxicas.

Para fins de tratamento de água, o sabor e o odor devem estar ausentes.


(GAUTO; ROSA, 2011).

Temperatura
Temperatura é a medição da intensidade de calor. É provocada pela
transferência de calor por radiação, condução e convecção (atmosfera e
solo), e também por águas de torres de resfriamento ou aquecimento e
despejos industriais. É um parâmetro importante para o gerenciamento
dos recursos hídricos por influir em propriedades da água, tais como
densidade, viscosidade, oxigênio dissolvido, além de aumentar a taxa de
reações químicas e biológicas.

Unidade de medida: ºC (graus Celsius).

2.5 Parâmetros químicos da água

Potencial hidrogeniônico (pH)

O pH define o caráter ácido, básico ou neutro de uma solução. Os


organismos aquáticos estão geralmente adaptados às condições de
neutralidade e, em consequência, alterações bruscas do pH de uma água
podem acarretar o desaparecimento dos seres presentes nela. Já para o
abastecimento urbano, os valores fora das faixas recomendadas podem
alterar o sabor da água e contribuir para corrosão do sistema de
distribuição de água, ocorrendo assim, uma possível extração do ferro,
cobre, chumbo, zinco e cádmio e, no tratamento, dificulta a
descontaminação das águas.

O pH afeta o metabolismo de várias espécies aquáticas. A resolução


CONAMA 357 estabelece que para a proteção da vida aquática o pH deve
estar entre 6 e 9.

★ Alcalinidade
É a quantidade de íons na água que reagirá para neutralizar ácidos ou
absorver os íons hidrogênio (H+). Os principais constituintes da
alcalinidade são os bicarbonatos (HCO3-), carbonatos (CO3 2-) e os
hidróxidos (OH-). As origens naturais da alcalinidade são a dissolução de
rochas e as reações do dióxido de carbono (CO2), resultantes da
atmosfera ou da decomposição da matéria orgânica, com a água. Além
desses, os despejos industriais são responsáveis pela alcalinidade nos
cursos d’água. Esta variável deve ser avaliada por ser importante no
controle do tratamento de água, estando relacionada com a coagulação,
redução de dureza e prevenção da corrosão em tubulações, pois quando
submetida ao calor em caldeiras, pode liberar CO2.

Unidade de medida: mg/L CaCO3.

★ Dureza

É a concentração de cátions multitemáticos em solução. Os cátions mais


frequentemente associados à dureza são os cátions divalentes Ca2+ e
Mg2+. As principais fontes de dureza é a dissolução de minerais contendo
cálcio e magnésio, exemplificando as rochas calcárias e os despejos
industriais. A ocorrência de determinadas concentrações de dureza
podem causar sabor desagradável e pode ter efeitos laxativos. Além disso,
causa incrustação nas tubulações de água quente de caldeiras e
aquecedores, em função da maior precipitação nas temperaturas
elevadas, além de diminuir a eficácia dos produtos de limpezas em geral.

Existe uma classificação quanto à dureza da água, vejamos:

• Água mole = 0 – 50 mg de CaCO3/L.

• Água moderadamente dura = 50 – 150 mg de CaCO3/L.


• Água dura = 150 – 300 mg de CaCO3/L.

• Água muito dura = >300 mg de CaCO3/L.

★ Sólidos

Todas as impurezas da água, com exceção dos gases dissolvidos,


contribuem para a carga de sólidos presentes nos corpos d’água. Os
sólidos podem ser classificados de acordo com seu tamanho e
características químicas. A seguir, veremos essa classificação.

★ Sólidos em suspensão

Resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da amostra.


Podem ser divididos em:

• Sólidos sedimentáveis: sedimentam após um período, tempo de repouso


da amostra.
• Sólidos não sedimentáveis: somente podem ser removidos por
processos de coagulação, floculação e decantação.
• Sólidos dissolvidos: material que passa através do filtro. Representam a
matéria em solução ou em estado coloidal presente na amostra de
efluente.

A unidade de medição normal para o teor em sólidos não dissolvidos é o


peso dos sólidos filtráveis, expresso em mg/L de matéria seca. Dos sólidos
filtrados pode ser determinado o resíduo calcinado (em % de matéria
seca), que é considerado uma medida da parcela da matéria mineral. O
restante indica, como matéria volátil, a parcela de sólidos orgânicos.
★ Nitrogênio (N)

O nitrogênio é o principal constituinte das proteínas e de vários outros


compostos biológicos. Esse elemento pode estar presente na água sob
várias formas: molecular, amônia, nitrito, nitrato. Ele é indispensável ao
crescimento de algas, mas, em excesso, pode ocasionar um exagerado
desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização.
O nitrato, na água, pode causar a metahemoglobinemia (síndrome do
bebê azul); já a amônia é tóxica aos peixes. Nos processos bioquímicos, a
conversão da amônia em nitrito (e deste em nitrato) implica no consumo
de oxigênio dissolvido (OD) e alcalinidade.

São causas do aumento do nitrogênio na água: esgotos domésticos e


industriais, fertilizantes, excrementos de animais.

Unidade de medida: mg/L.

★ Fósforo (P)

O fósforo encontra-se na água nas formas de ortofosfato, polifosfato e


fósforo orgânico. Ele é essencial para o crescimento de algas, mas, em
excesso, causa a eutrofização. Suas principais fontes são: dissolução de
compostos do solo, decomposição da matéria orgânica, esgotos
domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes, excrementos de
animais.

Unidade de medida: mg/L.

★ Oxigênio dissolvido (OD)


O oxigênio é indispensável aos organismos aeróbios. A água, em
condições normais, contém oxigênio dissolvido, cujo teor de saturação
depende da altitude e da temperatura. Águas com baixos teores de
oxigênio dissolvido indicam que receberam matéria orgânica. A
decomposição da matéria orgânica por bactérias aeróbias é, geralmente,
acompanhada pelo consumo e redução do oxigênio dissolvido da água.
Dependendo da capacidade de autodepuração do manancial, o teor de
oxigênio dissolvido pode alcançar valores muito baixos, ou zero,
extinguindo-se os organismos aquáticos aeróbios.

★ Matéria orgânica

A matéria orgânica da água é necessária aos seres heterótrofos, na sua


nutrição, e aos autótrofos, como fonte de sais nutrientes e gás carbônico.
Em grandes quantidades, no entanto, podem causar alguns problemas,
como: cor, odor, turbidez, consumo do oxigênio dissolvido, pelos
organismos decompositores.

O consumo de oxigênio é um dos problemas mais sérios do aumento do


teor de matéria orgânica, pois provoca desequilíbrios ecológicos, podendo
causar a extinção dos organismos aeróbios. Geralmente, são utilizados
dois indicadores do teor de matéria orgânica na água: demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO).

Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): é a quantidade de oxigênio


necessária à oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbias.
Representa, portanto, a quantidade de oxigênio que seria necessário
fornecer às bactérias aeróbias para consumirem a matéria orgânica
presente em um líquido (água ou esgoto). A DBO é determinada em
laboratório, observando-se o oxigênio consumido em amostras do líquido,
durante 5 dias, à temperatura de 20°C.
Demanda química de oxigênio (DQO): é a quantidade de oxigênio
necessária à oxidação da matéria orgânica, através de um agente químico.
A DQO também é determinada em laboratório, em prazo muito menor do
que o teste da DBO. Para o mesmo líquido, a DQO é sempre maior que a
DBO.

Alguns componentes inorgânicos da água, entre eles os metais pesados,


são tóxicos ao homem: arsênio, cádmio, cromo, chumbo, mercúrio, prata,
cobre e zinco. Além dos metais, podem ser citados os cianetos, pois esses
componentes, geralmente, são incorporados à água através de despejos
industriais ou a partir das atividades agrícolas, de garimpo e de mineração.

Já alguns componentes orgânicos da água são resistentes à degradação


biológica, acumulando-se na cadeia alimentar. Entre eles, podemos citar
os agrotóxicos, alguns tipos de detergentes e outros produtos químicos, os
quais são tóxicos.

★ Parâmetros biológicos

Algas: as algas desempenham um importante papel no ambiente aquático,


sendo responsáveis pela produção de grande pane do oxigênio dissolvido
do meio; em grandes quantidades, como resultado do excesso de
nutrientes (eutrofização), trazem alguns inconvenientes: sabor e odor;
toxidez, turbidez e cor; formação de massas de matéria orgânica que, ao
serem decompostas, provocam a redução do oxigênio dissolvido;
corrosão; interferência nos processos de tratamento da água: aspecto
estético desagradável.

★ Coliformes totais

O grupo de coliformes totais constitui-se em um grande grupo de


bactérias que têm sido isoladas de amostras de águas e solos poluídos e
não poluídos, bem como de fezes de seres humanos e outros animais de
sangue quente, mas não apresenta relação quantificável entre eles e
organismos patogênicos.

★Coliformes fecais
(termotolerantes)

As bactérias do grupo coliforme são uns dos principais indicadores de


contaminações fecais, originadas do trato intestinal humano e outros
animais. Essas bactérias se reproduzem ativamente a 44,5ºC e são capazes
de fermentar o açúcar. A determinação da concentração dos coliformes
assume importância como parâmetro indicador da possibilidade da
existência de microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão
de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre
paratifóide, disenteria bacilar e cólera.

★ Escherichia coli

A presença da E.coli em água ou alimentos é indicativa de contaminação


com fezes humanas (ou mais raramente de outros animais). A quantidade
de E.coli em cada mililitro de água é uma das principais medidas usadas no
controle da higiene da água potável municipal, preparados alimentares e
água de piscinas. Essa medida é conhecida oficialmente como índice
coliforme da água.

★ Estreptococos fecais

Os estreptococos fecais incluem várias espécies ou variedades de


estreptococos, tendo no intestino de seres humanos e outros animais de
sangue quente, o seu habitat usual. A presença dessas bactérias pode
indicar a presença de organismos patogênicos na água, causadores de
doenças. Essas bactérias não conseguem se multiplicar em águas poluídas,
sendo sua presença indicativa de contaminação fecal recente.

2.6 Programa de amostragem da água

Para termos conhecimento de como se encontram os parâmetros


monitorados, existe a necessidade de se coletar amostras para realizar as
respectivas análises. No caso de agroindústrias, existe uma periodicidade
prevista pelos organismos fiscalizadores ambientais, a qual pode variar em
função de vários aspectos em se tratando de efluentes. Já no caso de água
potável, também existe uma periodicidade prevista se por um acaso a
agroindústria realizar seu próprio tratamento. Vejamos então como se
deve proceder para montar um programa de coleta de amostra
(amostragem).

Após a definição do objetivo da amostragem, o programa deve ser


elaborado com base no levantamento prévio das necessidades industriais,
sendo composto dos seguintes itens:

• Período de amostragem;
• Coleta das amostras;
• Análises laboratoriais, sua interpretação e comparação com a legislação
ambiental.

★ Período de amostragem

O período de amostragem pode ser definido pelo órgão ambiental, ou


estabelecido de forma que seja representativo pelas características da
produção industrial. Os fatores que podem influenciar o período de
amostragem são:
• Sazonalidade da produção (indústrias de alimentos, de cosméticos e
têxteis);
• Variabilidade da produção;
• Fatores climáticos.

★ Coletas de amostras em diferentes matrizes

As coletas de amostras podem ser classificadas em simples ou compostas,


observando-se que algumas medições diretas devem ser realizadas no
próprio local. A definição do tipo de coleta é função da matriz a ser
analisada, sendo diversas as matrizes que podem estar relacionadas com a
qualidade ou impacto causado pelos efluentes industriais, tais como:
águas naturais superficiais (rios, represas, lagoas, lagos e mar),
subterrâneas (fontes ou poços); esgotos sanitários e efluentes industriais
tratados ou não; resíduos industriais. A seguir, são listadas as matrizes
mais comuns.

★ Em rios, represas, lagos, lagoas e no mar

Coletam-se amostras para verificar o enquadramento do manancial em


consequência do lançamento de efluentes industriais. No caso de rios, os
pontos de amostragem devem ser situados à montante e à jusante do
ponto de lançamento dos efluentes da indústria, conhecendo-se a zona
necessária para a mistura ou para determinar as características de água
bruta para a potabilização.

★ Em esgotos sanitários

Podem-se coletar as amostras que caracterizem os esgotos bruto e


tratado em pontos do processo de tratamento. O objetivo pode ser de
tratamento conjunto dos efluentes ou monitoramento independente. Em
alguns casos, verifica-se a possibilidade de interferência nos sistemas
coletores de esgotos sanitários e industriais.

★ Em efluentes industriais

As amostras dos efluentes brutos servem para quantificar a carga


poluidora, verificar a sua variabilidade, definir o processo de tratamento,
dimensionar os sistemas de tratamento e para verificar a sua eficácia e
eficiência.

★ Em águas de abastecimento

Com origem na rede pública em águas subterrâneas para análises das


águas de abastecimento fornecidas por algum órgão de saneamento.
Coletam-se amostras na rede de distribuição, nos reservatórios de água e
nos pontos de consumo. As amostras de poços freáticos ou artesianos
devem ser coletadas nos pontos imediatamente após o bombeamento. As
águas de fontes devem ser coletadas no ponto de surgência. Vale ressaltar
que é importante o conhecimento das características físico-químicas,
principalmente, no que se refere às características inerentes à
estabilidade (incrustação, corrosão), bem como o atendimento aos
padrões de potabilidade.

★ Em piezômetros

As amostras são coletadas conforme a Norma Brasileira, com o objetivo


de monitorar os aterros sanitários, de resíduos industriais e áreas com o
solo contaminado. As técnicas de coleta são definidas a partir da matriz
(águas, esgotos sanitários, efluente industrial e/ou resíduos) que, por sua
vez, define os parâmetros representativos a serem analisados. Os
parâmetros são definidos também pelos objetivos, ou seja, pela utilização
dos resultados analíticos.

★ Amostragem de efluentes industriais

• Objetivo: Definição da utilização dos resultados.

• Metodologia: Estabelecida a matriz a ser caracterizada e os objetivos,


podem ser definidos o período de coleta, os materiais necessários, as
condições para as coletas das amostras e os parâmetros a serem
analisados. Para alcançar êxito, deve-se ter em mente que a amostra
coletada deve ser representativa e que essa deve preservar as suas
condições até a entrada no laboratório para a execução das análises.

• Período: O período, no qual serão coletadas as amostras é definido por


quantos dias, em quais e por quantas horas e com qual frequência serão
coletados esses dados.

• Normalmente, determina-se o período em função de custos e prazo,


desde que não haja comprometimento da técnica. Este período é função
da representatividade que se consegue com a amostra. Se uma indústria
opera todos os dias da mesma forma, em um período de três dias, podem-
se obter amostras representativas. Se a atividade industrial processar
frutas que são matérias-primas tipicamente sazonais, a caracterização dos
efluentes pode ser estendida em diversos períodos, dependendo de cada
safra.

• Materiais e equipamentos:

Os materiais para a coleta das amostras devem ser listados, vejamos


alguns exemplos.
• Materiais de uso comum:

Frascos específicos para os parâmetros a serem coletados (etiquetados,


contendo os preservativos químicos ou não), gelo ou geladeira para
conservar as amostras, caixas térmicas, termômetro, fichas de campo,
caneta esferográfica, caneta para retroprojetor (para identificação dos
frascos), relógio, GPS, capas de chuva, réguas, frascos com alça ou cabo,
equipamentos de campo (phmetro, oxímetro, condutivímetro).

• Materiais de proteção:

Luvas, botas, macacões impermeáveis (caso haja necessidade de entrar


em local possivelmente contaminado), óculos de proteção, se necessário,
máscara de proteção respiratória no caso de uso de gases tóxicos.

• Materiais para a coleta em corpos hídricos (rios, lagoas, lagos e


represas):

Colete salva-vidas, boia, corda, cinto de segurança, botas, garrafa de


coleta e barco. Materiais para a coleta em sistemas de tratamento de
esgotos e efluentes industriais, vertedores e outras instalações de
medição de vazão.

• Equipe: A equipe para coleta de amostras deve ser constituída pelos


técnicos de coleta e por um coordenador de nível superior da área de
conhecimento da matriz a ser caracterizada.

• Local e ponto de coleta: A localização é sempre a definição macro, ou


seja, o endereço da indústria, o porto da cidade X, a ETE (estação de
tratamento de esgotos) , etc. O ponto de coleta é definido pela
microlocalização: afluente da ETE; efluente da ETE ponto fixado pelas
coordenadas geográficas. Podemos exemplificar com um caso de coleta de
amostra em rio, vejamos. A localização pode ser a de um trecho do rio, tal
como o médio Paraíba do Sul. Em função do número de pontos, de suas
localizações e o tempo necessário para a locomoção entre esses, deve-se
definir o número de técnicos para a coleta. Pode-se verificar que a prévia
determinação dos pontos é importante, uma vez que define as equipes.
Os locais são determinados primeiramente por mapa e marcados ponto a
ponto como, por exemplo: debaixo da ponte tal, há tantos metros acima
de algum acidente geográfico fixo, amarrar o ponto (coordenadas
geográficas com a utilização de GPS), de maneira que se daqui a cinco
anos for necessário, possa ser possível voltar exatamente ao mesmo local.
Não se pode aceitar a ordem de se fazer a coleta em um determinado
local (pelo contratante ou órgão fiscalizador) se não há viabilidade física
de

★ Tipo de coleta

Outra definição importante é sobre o tipo de amostra, ou seja, se a


amostra é simples ou composta.

A amostra simples representa o que está ocorrendo naquele momento. Se


o manancial não varia muito, ela pode ser representativa.

A amostra composta é formada por várias e pequenas alíquotas coletadas


ao longo do tempo. A cada turno (8 horas, 24 horas), coletam-se alíquotas
que formam as amostras compostas.

A amostra composta pode ser obtida por:

• Alíquotas preestabelecidas ou volume preestabelecido;


• Alíquotas variáveis, que são aquelas nas quais o volume varia de acordo
com a vazão (nesse caso, são amostras de alíquotas proporcionais à vazão)
e, é por isso, que em medições de água e esgoto, tem que se ter um
vertedor perto do ponto de coleta da amostra.

★ Transporte e conservação

Para que as amostras tenham validade, é necessário também seguir


alguns procedimentos quanto ao transporte e conservação. Para isso,
você deve seguir algumas regras, vejamos.

• Verifique sempre se há necessidade de acondicionamento das amostras


com gelo, mas não congelá-las, para a sua preservação até a chegada ao
laboratório (isso está relacionado ao tempo de transporte até o
laboratório).

• Para o transporte das amostras, verifique se os frascos estão bem


fechados para evitar que a água do gelo contamine as amostras. Procure
acondicioná-los dentro das caixas de transporte, de maneira a evitar o
contato vidro-vidro nas trepidações.

• Para reduzir ao máximo a volatilização ou a biodegradação da amostra


entre o momento de coleta e o de análise, deve-se manter a amostra a
uma baixa temperatura, sem congelar.

• É recomendável empacotar a amostra e colocá-la em um recipiente com


gelo moído, em cubo ou substituto comercial de gelo, antes de enviá-la ao
laboratório.

• Não utilizar gelo seco, pois este congelaria a amostra, provocando


ruptura dos frascos e afetaria o pH da amostra.
• Só se deve utilizar conservantes químicos quando for comprovado que a
amostra não poderá ser analisada dentro do prazo.

• Os frascos utilizados nas coletas preferencialmente devem ser cedidos


pelos laboratórios, pois estes realizaram a sua limpeza adequada,
reduzindo a possibilidade de contaminação. Em caso de não possuir os
frascos, utilizar garrafas plásticas de água limpas, seguindo este
procedimento: enche-se a garrafa, agita-se como fosse realizar uma
lavagem e após descarta-se a água, repete-se este procedimento mais
uma vez, e após enche-se a garrafa com a amostra definitiva. Isso serve
para ambientar o frasco de coleta de possíveis contaminações.

• Para coletas microbiológicas, os frascos impreterivelmente deverão ser


disponibilizados pelos lavatórios, pois há a necessidade de serem
esterilizados.

• O conservante deverá ser adicionado ao frasco antes da amostra, de


maneira que todas as suas partes entrem em contato com o conservante.

Nenhum método de conservação é totalmente satisfatório. Sendo assim,


um conservante útil para determinada análise pode ser inadequado para
outras de maneira que, às vezes, é necessário fazer várias amostragens e
conservá-las por separado para submetê-las a análises múltiplas (APHA,
1995).

2.7 Resíduos de serviço de saúde

Igualmente, como ocorre com os resíduos industriais, os estabelecimentos


de saúde, que por falta de um programa eficiente de gestão de resíduos,
acabam por misturá-los aos resíduos sólidos urbanos comuns e colocam
em risco toda a população de uma determinada área, seja pela
contaminação de microrganismos ou substâncias tóxicas utilizadas no
tratamento de doenças. O resíduo de saúde, devido às suas
peculiaridades, possui regulamento próprio no que concerne à
classificação, acondicionamento, tratamento e disposição final.

A Resolução da Diretoria Colegiada – RDC Nº 222 de 28 de março de 2018,


da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), dispõe sobre os
requisitos de Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de
Saúde.

A atividade hospitalar gera diversos tipos de resíduos, normalmente em


grande volume, inerente à variedade de atividades que se desenvolvem, o
que provoca grande preocupação aos seus gestores, aos órgãos
ambientais e aos de saúde pública, devido ao grande risco de
contaminação.

As instituições geradoras de Resíduos de Serviços de Saúde – RSS nem


sempre tomam providências com relação aos resíduos gerados
diariamente nas mais diversas atividades desenvolvidas dentro das
unidades. Muitos se limitam a encaminhar seus resíduos para sistemas de
coleta especial dos Departamentos de Limpeza Municipais. Outros lançam
clandestinamente em lixões ou incineram a totalidade dos resíduos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA define como


geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à
saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e
de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia ou somatoconservação); serviços de
medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;
estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de
controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de
acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares.

Os profissionais habilitados a trabalhar com os resíduos de saúde devem


estar familiarizados com alguns conceitos, de acordo com a RDC 222/2018
da ANVISA:

O manejo dos RSS é entendido como a ação de gerenciar os resíduos em


seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a
disposição final, incluindo as seguintes etapas:

1. Segregação: Consiste na separação dos resíduos no momento e


local de sua geração, de acordo com as características físicas,
químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.

2. Acondicionamento: Consiste no ato de embalar os resíduos


segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e
resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos
recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a
geração diária de cada tipo de resíduo.

3. Identificação: Consiste no conjunto de medidas que permite o


reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes,
fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.

4. Transporte interno: Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de


geração até local destinado ao armazenamento temporário ou
armazenamento externo com a finalidade de apresentação para a
coleta.
5. Armazenamento temporário: Consiste na guarda temporária dos
recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local
próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do
estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos
geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa.
Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição
direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos
sacos em recipientes de acondicionamento.

6. Tratamento: Consiste na aplicação de método, técnica ou processo


que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos,
reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes
ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser
aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro
estabelecimento, observadas, nestes casos, as condições de
segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o
local do tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de
serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de
acordo com a Resolução CONAMA nº. 237/1997 e são passíveis de
fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de
meio ambiente.

7. Armazenamento externo: Consiste na guarda dos recipientes de


resíduos até a realização da etapa de coleta externa, em ambiente
exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores.

8. Coleta e transporte externos: Consistem na remoção dos RSS do


abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de
tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam
a preservação das condições de acondicionamento e a integridade
dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo
estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana.
2.8 Classificação dos resíduos de saúde I

A classificação dos RSS é feita de acordo com a RDC 306/2004 da ANVISA,


a saber:

GRUPO A

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas


características, podem apresentar risco de infecção.

★ GRUPO A1 Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de


fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; meios de
cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
Estes resíduos não podem deixar a unidade geradora sem tratamento
prévio.

★ GRUPO A2 Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos


provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com
inoculação de microorganismos, bem como suas forrações e os cadáveres
de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de
relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram
submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação
diagnóstica. Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição
final.

★GRUPO A3 Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de


fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura
menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas,
que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição
pelo paciente ou seus familiares.
★ GRUPO A4 Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de
ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de
equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;
sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes,
urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem
sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4 e nem apresentem
relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo
causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente
importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com
suspeita de contaminação com príons; tecido adiposo proveniente de
lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica
que gere esse tipo de resíduo; recipientes e materiais resultantes do
processo de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos
corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros
resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos
anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica; carcaças, peças
anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microorganismos, bem como suas forrações; cadáveres de animais
provenientes de serviços de assistência; Bolsas transfusionais vazias ou
com volume residual pós-transfusão. Estes resíduos podem ser dispostos,
sem tratamento prévio, em local devidamente licenciado para disposição
final de RSS.

★ GRUPO A5 Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais


perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da
atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons (estrutura protéica alterada relacionada como
agente etiológico das diversas formas de Encefalite Espongiforme). Devem
sempre ser encaminhados ao sistema de incineração.

GRUPO B
Substâncias químicas: São os resíduos contendo substâncias químicas que
podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade e toxicidade:

• Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;


antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores;
antirretrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias,
drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos
e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria do
Ministério da Saúde – MS 344/98 e suas atualizações.

• Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos


contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os
recipientes contaminados por estes.

• Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).

• Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises


clínicas

• Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR


10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

Os Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente,


quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou
reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou disposição final
específicos.

Os Resíduos químicos no estado sólido, quando não tratados, devem ser


dispostos em aterro de resíduos perigosos – Classe I.
Os Resíduos químicos no estado líquido devem ser submetidos a
tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para
disposição final em aterros.

GRUPO C

Substâncias radioativas: Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos


ou contaminados com radionuclídeos provenientes de laboratórios de
análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

Os resíduos radioativos devem ser segregados de acordo com a natureza


física do material e do radionuclídeo presente e o tempo necessário para
atingir o limite de eliminação, em conformidade com a norma NN 8.01,
Resolução CNEN 167/14. Os rejeitos radioativos não podem ser
considerados resíduos até que seja decorrido o tempo de decaimento
necessário ao atingimento do limite de eliminação.

Os rejeitos radioativos sólidos devem ser acondicionados em recipientes


de material rígido, forrados internamente com saco plástico resistente e
identificados.

Os materiais perfurocortantes contaminados com radionuclídeos devem


ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente
após o uso, em recipientes estanques, rígidos, com tampa, devidamente
identificados, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses
recipientes para o seu reaproveitamento.

As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as


seringas, sendo proibido reencapá-las ou proceder à sua retirada
manualmente.
O tratamento dispensado aos rejeitos do Grupo C – Rejeitos Radioativos é
o armazenamento, em condições adequadas, para o decaimento do
elemento radioativo.

O objetivo do armazenamento para decaimento é manter o radionuclídeo


sob controle até que sua atividade atinja níveis que permitam liberá-lo
como resíduo não radioativo. Este armazenamento poderá ser realizado
na própria sala de manipulação ou em sala específica, identificada como
sala de decaimento.

2.9 Classificação dos resíduos de saúde II

Classificação dos RSS – Grupos D e E GRUPO D – Materiais semelhantes


aos Resíduos Sólidos Urbanos, não apresenta risco biológico ou químico.

GRUPO D

Materiais semelhantes aos Resíduos Sólidos Urbanos, não apresenta risco


biológico ou químico.
São exemplos de resíduos do grupo D:

• Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças


descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado
em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros
similares não classificados como A1;

•Sobras de alimentos e do preparo de alimentos;


• Resto alimentar de refeitório;

• Resíduos provenientes das áreas administrativas;

• Resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

•Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

Devem ser acondicionados de acordo com as orientações dos serviços


locais de limpeza urbana, utilizando-se sacos impermeáveis, contidos em
recipientes e receber identificação.

Para os resíduos do Grupo D, destinados à reciclagem ou reutilização, a


identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de
recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações,
baseadas na Resolução CONAMA nº 275/2001.

GRUPO E

Perfurocortantes

São os resíduos provenientes de materiais perfurocortantes ou


escarificantes, tais como: Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas
de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de
bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas;
espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório
(pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

Os materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no


local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de
descarte, em recipientes, rígidos, resistentes à punctura, ruptura e
vazamento, com tampa, devidamente identificados, atendendo aos
parâmetros referenciados na norma NBR 13853/97 da ABNT, sendo
expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu
reaproveitamento.

As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as


seringas, quando descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder à
sua retirada manualmente.

Os resíduos do Grupo E, gerados pelos serviços de assistência domiciliar,


devem ser acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de
atendimento ou por pessoa treinada para a atividade e encaminhados ao
estabelecimento de saúde de referência. O armazenamento temporário, o
transporte interno e o armazenamento externo destes resíduos podem
ser feitos nos mesmos recipientes utilizados para o Grupo A.

Mas como gerenciar todos esses tipos de Resíduos? Assim como as


empresas necessitam ter um plano de gerenciamento de seus resíduos, os
estabelecimentos de serviços de saúde devem possuir uma gestão
relacionada aos seus respectivos resíduos.

★ Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS

Segundo a RDC 306/2004 da ANVISA, o Plano de Gerenciamento de


Resíduos de Serviços de Saúde é o documento que aponta e descreve as
ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas
características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os
aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as
ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.
Tal resolução diz o seguinte sobre o PGRSS:

O PGRSS deve contemplar:

• Caso adote a reciclagem de resíduos para os Grupos B ou D, a


elaboração, o desenvolvimento e a implantação de práticas, de acordo
com as normas dos órgãos ambientais e demais critérios de acordo com a
legislação vigente.

• As medidas preventivas e corretivas de controle integrado de insetos e


roedores.

• As rotinas e processos de higienização e limpeza em vigor no serviço,


definidos pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar-CCIH ou por
setor específico.

• O atendimento às orientações e regulamentações estaduais, municipais


ou do Distrito Federal, no que diz respeito ao gerenciamento de resíduos
de serviços de saúde.

• As ações a serem adotadas em situações de emergência e acidentes.

• As ações referentes aos processos de prevenção de saúde do


trabalhador.

• Para serviços com sistema próprio de tratamento de RSS, o registro das


informações relativas ao monitoramento desses resíduos, de acordo com
a periodicidade definida no licenciamento ambiental. Os resultados devem
ser registrados em documento próprio e mantidos em local seguro
durante cinco anos.
• O desenvolvimento e a implantação de programas de capacitação
abrangendo todos os setores geradores de RSS, os setores de higienização
e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH,
Comissões Internas de Biossegurança, os Serviços de Engenharia de
Segurança e Medicina no Trabalho – SESMT, Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA, e com as legislações de saúde, ambiental
e de normas da CNEN, vigentes.

Os dirigentes ou responsáveis técnicos dos serviços de saúde podem ser


responsáveis pelo PGRSS, desde que tenha registro ativo junto ao seu
Conselho de Classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade
Técnica-ART, ou Certificado de Responsabilidade Técnica ou documento
similar.

Quando a formação profissional não abranger os conhecimentos


necessários, este poderá ser assessorado por equipe de trabalho que
detenha as qualificações correspondentes.

3.1 A Política nacional de resíduos sólidos

Atualmente vivemos a era dos descartáveis, em que tudo aquilo que é


produzido é usado uma única vez, ou por pouco tempo, para em seguida
ser jogado fora, transformando-se, pois em resíduo. É claro que neste
modo de vida moderno é insustentável o resultado e a soma de diversos
tipos de resíduos sólidos urbanos, onde cada vez mais se torna difícil sua
disposição final. Em face disto, algumas normas, diretrizes e leis tentam,
algumas vezes em vão, disciplinar a disposição dos resíduos gerados na
indústria, comércio ou os considerados domésticos.

★ Políticas Públicas na Gestão de Resíduos Sólidos


O papel do Poder Público (executivo, legislativo e judiciário) na gestão dos
RSU é de extrema importância à regularização e normatização dos
aspectos econômicos, sociais, culturais, ambientais, sanitários, entre
outros. A Constituição federal de 1988 em seu Artigo 225 §2 estabelece
que aquele que explorar recursos naturais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei, isto significa dizer que o
problema dos resíduos sólidos inicia na extração da matéria prima, uma
vez que se geram resíduos durante a extração (atividade de mineração,
por exemplo), e mesmo depois de tratado e acondicionado ainda constitui
um problema ambiental devido ao passivo que tal resíduo acarreta.

No Brasil, embora o processo de formulação de propostas para a criação


de uma Política Nacional de Resíduos sólidos tenha iniciado nos anos 90,
somente em 2007 o poder executivo enviou ao Congresso Nacional um
Projeto de Lei que trata do assunto. Finalmente, em 07 de julho de 2010, o
Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 354/89 que trata da Política
Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Tal política traz uma grande
novidade que é a “logística reversa”, obrigando os fabricantes,
vendedores, importadores, entre outros, a realizarem o recolhimento das
embalagens usadas.

Também proíbe em todo território nacional os lixões, e obriga as


prefeituras a criarem os aterros sanitários para disposição final somente
dos resíduos que não podem ser reciclados ou compostados.

O projeto proíbe ainda a importação de qualquer tipo de resíduo. Para a


construção deste projeto participaram os Ministérios do Meio Ambiente,
das Cidades, da Saúde, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do desenvolvimento
Social e Combate à Fome, entre outros.
Estão sujeitas a esta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público
ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de
resíduos sólidos e as que desenvolvam ações no fluxo de resíduos sólidos.
São diretrizes legais aplicáveis aos resíduos sólidos as legislações dos
Estados e Municípios e as Resoluções normativas do CONAMA.

★ A Política Nacional dos Resíduos Sólidos – PNRS

A Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 que instituiu a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS) é um marco na legislação ambiental brasileira ao
contextualizar novas perspectivas sobre a gestão dos Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU), e legalizar a responsabilidade municipal pelo
gerenciamento de coleta, acondicionamento e disposição final dos
resíduos gerados em seu território, e priorizar as iniciativas de soluções
consorciadas ou compartilhadas entre dois ou mais municípios.

Além disso, a referida lei inova ao definir metas para a eliminação e


recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação
econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.

Aqui vale ressaltar que a parceria do gerenciamento dos resíduos sólidos


com associações de catadores passa a ser uma obrigação legal, conforme
Decretos Federal 5940/2006, que institui a separação dos resíduos
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às
associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e
7.404/2010 que regulamenta a PNRS e prioriza a participação dos
catadores no sistema de coleta seletiva e de logística reversa.

Em alguns estados também já existe legislação a respeito do tema


catadores como é o caso do Decreto Estadual n° 4167/2009 que dispõe
sobre a obrigatoriedade da separação seletiva dos resíduos sólidos
recicláveis gerados pelos órgãos e entidades da administração pública
direta e indireta do Estado do Paraná.

Desta forma, a gestão de RSU, bem como o Plano de Gerenciamento de


Resíduos Sólidos (PGRS) devem estar condicionados à participação dos
catadores, que passam a ter uma importância social e legal neste
processo. A PNRS ao estabelecer a meta de disposição adequada de RSU
nos municípios até o ano de 2014 abre reais possibilidades de negócios,
especialmente, porque sugere a integralização de diversas técnicas de
disposição final como compostagem, reciclagem e outras tecnologias
ambientalmente corretas e prevê que somente os chamados rejeitos, que
são resíduos não passíveis de reaproveitamento ou de reciclagem, possam
ser dispostos em aterros sanitários, evitando o que ocorre hoje onde os
RSU que, independente de sua constituição, são levados aos aterros,
diminuindo a vida útil do mesmo.

Assim, o uso de novas tecnologias de tratamento e disposição final parece


ser uma oportunidade promissora de negócios para atender a demanda
crescente da geração de RSU nos centros urbanos. Um aspecto
importante para citar sobre a presente lei está nos instrumentos
econômicos.

Vejamos o que diz a lei sobre os incentivos econômicos no que se refere à


gestão dos resíduos sólidos:

• Art. 42. O poder público poderá instituir medidas indutoras e linhas de


financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de:

1. Prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo


produtivo;
2. Desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde
humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida;

3. Implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos


para cooperativas ou outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda;

4. Desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de


caráter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput do art.
11, regional;

5. Estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa; VI


– descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs;

6. Desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas


aplicáveis aos resíduos sólidos;

7. Desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial


voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos.

• Art. 43. No fomento ou na concessão de incentivos creditícios


destinados a atender diretrizes desta Lei, as instituições oficiais de crédito
podem estabelecer critérios diferenciados de acesso dos beneficiários aos
créditos do Sistema Financeiro Nacional para investimentos produtivos.
• Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o objetivo de
conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as
limitações da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), a:

1. Indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à


reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional;

2. Projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida dos


produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas ou outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda;

3. Empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela


relacionadas.

• Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei no


11.107, de 2005, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a
prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos, têm
prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo Governo Federal.

Muito importante salientar também sobre as proibições impostas pela


Política Nacional de Resíduos Sólidos. Vejamos o que diz os Artigos 47 e 48
da Lei:

• Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição


final de resíduos sólidos ou rejeitos:

1. Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;


2. Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de
mineração;

3. Queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e


equipamentos não licenciados para essa finalidade;

4. Outras formas vedadas pelo poder público.

§ 1º Quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos a céu


aberto pode ser realizada, desde que autorizada e acompanhada pelos
órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e, quando couber, do Suasa.

§ 2º Assegurada a devida impermeabilização, as bacias de decantação de


resíduos ou rejeitos industriais ou de mineração, devidamente licenciadas
pelo órgão competente do Sisnama, não são consideradas corpos hídricos
para efeitos do disposto no inciso I do caput.

• Art. 48. São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou


rejeitos, as seguintes atividades:

1. Utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;


Catação, observado o disposto no inciso V do art. 17;

2. Criação de animais domésticos; IV – fixação de habitações


temporárias ou permanentes;

3. Outras atividades vedadas pelo poder público.


É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem
como de resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio
ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para
tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação (Art. 49 da Lei
12305/2010).

3.2 Legislação e normas legais

A logística reversa

A Lei 12305/2010 trouxe uma importante ferramenta que pode vir a


revolucionar a forma como os resíduos, especialmente, os perigosos são
tratados. Trata-se da Logística Reversa, isto é, aquele que produziu precisa
dar cabo do resíduo, fazendo-o retornar ao processo produtivo,
reciclando-o, por exemplo, ou levá-lo a um correto destino final.

Vejamos agora o que a Lei 12305/2010 que instituiu a PNRS fala sobre a
logística reversa:

• Art. 33: São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística


reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo
dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de:

1. Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros


produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso,
observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos
previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;

2. Pilhas e baterias;

3. Pneus;

4. Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

5. Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz


mista;

6. Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

§ 1º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e


termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor
empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos
comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro e aos
demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e
a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos
gerados.

§ 2º A definição dos produtos e embalagens a que se refere o § 1º


considerará a viabilidade técnica e econômica da logística reversa, bem
como o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente
dos resíduos gerados.

§ 3º Sem prejuízo de exigências específicas fixadas em lei ou regulamento,


em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS, ou em
acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder
público e o setor empresarial, cabe aos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes dos produtos a que se referem os incisos II,
III, V e VI ou dos produtos e embalagens a que se referem os incisos I e IV
do caput e o § 1º tomar todas as medidas necessárias para assegurar a
implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob
seu encargo, consoante o estabelecido neste artigo, podendo, entre
outras medidas:

1. Implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens


usados;

2. Disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e


recicláveis;

3. Atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação


de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, nos casos de
que trata o § 1º.

§ 4º Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos


comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens a que se
referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou embalagens
objeto de logística reversa, na forma do § 1º.

§ 5º Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos


fabricantes ou aos importadores dos produtos e embalagens reunidos ou
devolvidos na forma dos §§ 3º e 4º.

§ 6º Os fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente


adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou devolvidos, sendo o
rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada,
na forma estabelecida pelo órgão competente do Sisnama e, se houver,
pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.
§ 7º Se o titular do serviço público de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos, por acordo setorial ou termo de compromisso firmado
com o setor empresarial, encarregar-se de atividades de responsabilidade
dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes nos sistemas
de logística reversa dos produtos e embalagens a que se refere este
artigo, as ações do poder público serão devidamente remuneradas, na
forma previamente acordada entre as partes.

§ 8º Com exceção dos consumidores, todos os participantes dos sistemas


de logística reversa manterão atualizadas e disponíveis ao órgão municipal
competente e a outras autoridades, informações completas sobre a
realização das ações sob sua responsabilidade.

Como podemos ver, a logística reversa é um grande “filão” no que


concerne às possibilidades de emprego e negócios para quem se aventure
a trabalhar com os resíduos sólidos.

★ Normativas legais sobre resíduos sólidos

Existem muitas leis, decretos, resoluções e outros dispositivos legais que


tratam da matéria resíduos sólidos, tanto em nível federal quanto
estadual e municipal.

Em nível federal podemos destacar, além da PNRS, segundo EMBRAPA


(2009):

♦Lei 6.938/81 “Política Nacional do Meio Ambiente”

♦Lei 9.605/98 “Lei de Crimes Ambientais”


♦Decreto Nº. 4.074 de 4 de janeiro de 2002 Regulamenta a Lei no 7.802,
de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a
produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins, e dá outras providências.

♦Resolução CONAMA 005 de 05 de agosto de 1993 Estabelece


definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento
de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos,
terminais ferroviários e rodoviários.

♦Resolução CONAMA 283 de 12 de julho de 2001 Dispõe sobre o


tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde.

♦Resolução CONAMA 334 de 3 de abril de 2003 Dispõe sobre os


procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos
destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.

♦Resolução CONAMA 314 de 29 de outubro de 2002 Dispõe sobre o


registro de produtos destinados à remediação ambiental e dá outras
providências.

♦Resolução CONAMA 316 de 29 de outubro de 2002 Dispõe sobre


procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
tratamento térmico de resíduos.
♦Resolução CONAMA 264 de 26 de agosto de 1999 Aplica-se ao
licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades
de coprocessamento de resíduos.

♦Resolução CONAMA Nº 401/2008 Estabelece os limites máximos de


chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no
território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento
ambientalmente adequado, e dá outras providências.

♦Resolução CONAMA Nº 404/2008 Estabelece critérios e diretrizes para


o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de
resíduos sólidos urbanos. Para orientação em nível federal, existem as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, conhecidas
como NBRs com procedimentos de classificação, transporte e
armazenagem (entre outros) dos resíduos, como a seguir:

♦NBR 10.004 /2004 Resíduos Sólidos, que classifica os resíduos sólidos


quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública,
para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

♦NBR 12.235/1992 Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos, que


fixa condições exigíveis para armazenamento de resíduos sólidos
perigosos, de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.

♦NBR 14725/2005 Ficha de Informações de Segurança de Produtos


Químicos – FISPQ, que fornece informações sobre vários aspectos dos
produtos químicos (substâncias ou preparos) quanto à proteção, à
segurança, à saúde e ao meio ambiente. A FISPQ fornece, para esses
aspectos, conhecimentos básicos sobre os produtos, recomendações
sobre medidas de proteção e ações em situações de emergência. Em
alguns países, essa ficha é chamada de “Material Safety Data Sheet –
MSDS (ficha de dados de segurança de produtos). De acordo com a NBR
14725, o fornecedor deve tornar disponível ao receptor/ usuário uma
FISPQ completa para cada substância ou preparo, na qual estão relatadas
informações relevantes quanto à segurança, saúde e meio ambiente. O
fornecedor tem o dever de manter a FISPQ sempre atualizada e tornar
disponível ao usuário/receptor a edição mais recente. Ainda de acordo
com a NBR 14725, o usuário da FISPQ é responsável por agir de acordo
com uma avaliação de riscos, tendo em vista as condições de uso do
produto, por tomar as medidas de prevenção necessárias numa dada
situação de trabalho e por manter os trabalhadores informados quanto
aos perigos relevantes do seu local individual de trabalho.

♦NBR 8.418/1984 Apresentação de projetos de aterros de resíduos


industriais perigosos – Procedimento.

♦NBR 10.157/1987 Aterros de resíduos perigosos – Critérios para


projeto, construção e operação – Procedimento.

♦NBR 13.896/1997 Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para


projeto, implantação e operação – Procedimento.

♦NBR 11.174/1990 Armazenamento de resíduos classes não inertes e


inertes.

♦NBR 13.221/2010 Transporte de resíduos.

♦NBR 11.175/1990 Incineração de resíduos sólidos perigosos padrões de


desempenho – Procedimento.

♦NBR 13.894/1997 Tratamento de resíduos no solo (landfarming) –


Procedimento.
♦NBR 10.005/2004 Lixiviação de Resíduos Sólidos – Procedimento.

♦NBR 10.006/2004 Solubilização de Resíduos – Procedimento.

♦NBR 10.007/2004 Amostragem de Resíduos – Procedimento.

Lembre-se:

1. Deve-se considerar as legislações estaduais e municipais


relacionados aos resíduos sólidos, quando houver, devendo ser
obedecida a que for mais restritiva.

2. Ao trabalhar com resíduos sólidos verifique sempre se as normas e


legislações pertinentes ao assunto ainda estão em vigor. Esteja
sempre atualizado!

3.3 Gestão de resíduos sólidos

★ Reduzir, Reaproveitar e Reciclar

Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos


sólidos não tem merecido a atenção necessária por parte do poder
público. Com isso, compromete-se cada vez mais a já combalida saúde da
população, bem como, degradam-se os recursos naturais, especialmente,
o solo e os recursos hídricos.

Tradicionalmente, o que ocorre no Brasil é a competência do Município


sobre a gestão dos resíduos sólidos produzidos em seu território, com
exceção dos de natureza industrial, mas incluindo-se os provenientes dos
serviços de saúde (IBAM, 2001).

Uma gestão de resíduos eficaz é aquela que integra o social e o meio


ambiente de forma harmoniosa, através da administração pública e
entidades civis.

Entende-se por uma gestão de resíduos, em nível local ou empresarial, a


capacidade de gerenciamento dos vários tipos de resíduos gerados
durante a operação, a distribuição e comercialização de produtos, além de
atender às legislações específicas (IBAM, 2001).

Entre as medidas comumente utilizadas na gestão de resíduos está a


seletividade, ou coleta seletiva. A coleta seletiva pode e deve ocorrer no
ponto onde os resíduos são gerados. Assim, utilizam-se diversos
contêineres, recipientes, tambores, entre outros, identificados com
símbolos e cores de acordo com o tipo de resíduo.

A Resolução CONAMA nº 275/2001 estabelece a seguinte relação de cores


para a seletividade dos resíduos:

• Lixo azul: papéis;

• Lixo vermelho: plásticos;

• Lixo verde: vidros;

• Lixo amarelo: metais;

• Lixo roxo: resíduos radioativos;


• Lixo preto: madeiras;
• Lixo marrom: resíduos orgânicos;

• Lixo branco: resíduos ambulatoriais e serviços de saúde;

• Lixo laranja: resíduos perigosos;

• Lixo cinza: resíduos gerais não recicláveis;

Neste contexto, a coleta seletiva deve vir acompanhada de um programa


de Educação Ambiental em todos os níveis hierárquicos da empresa.

Esse programa deve se fundamentar não somente em separar os tipos de


resíduos, mas ademais em Reduzi-los, Reutilizá-los e Reciclá-los: os 3Rs.

Segundo Logarezzi (2004), o princípio dos 3Rs é aquele que orienta ações
de educação e gestão a respeito dos resíduos, segundo o qual deve-se
adotar essencialmente três atitudes de modo integrado, primeiro reduzir,
depois reutilizar e reciclar. Reduzir significa minimizar o resíduo na fonte,
enfatiza por si, a não produção do resíduo. Tem como consequência a
diminuição do gasto despendido com as etapas de coleta, transporte,
tratamento e disposição final.

Governo ou os gestores podem influenciar na redução de resíduos através


de instrumentos legais. A indústria, por exemplo, pode reduzir a
quantidade de material que chega ao consumidor pela diminuição de
excessos de embalagens em seus produtos.
Cabe aos consumidores reduzirem sua geração de resíduo, ao evitar uma
compra em que haja muitas embalagens e até ao preferir utilizar sacolas
retornáveis.

A reutilização é qualquer prática, ou técnica, que permite o reuso do


resíduo sem que o mesmo seja submetido a um tratamento que altere
suas características físico-químicas (CETESB, 2001). Para Logarezzi (2004),
a reutilização requer criatividade e pode ser exercida no próprio âmbito
da geração do resíduo, ou após encaminhamento adequado em atividade
de produção artística, artesanato, entre outros. Isto significa dar uma nova
função ao objeto que tornaria um resíduo, como por exemplo, utilizar os
vidros de conserva para guardar condimentos.

Entre os benefícios da reutilização está a economia de espaço no aterro


sanitário, contribuindo para sua vida útil e diminuição do uso de recursos
naturais nos processos de fabricação.

O terceiro R, a reciclagem, é um dos mais praticados no Brasil. É uma


etapa essencial na gestão de resíduos sólidos, pois pode ser considerado
um modo de tratamento destes.

Para Ferreira (2000), a grande procura pela reciclagem deve ocorrer


devido à existência de muitas pessoas desempregadas, onde a classe mais
pobre utiliza esta atividade para sobreviver.

A reciclagem é o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção do qual


foi descartado. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as
preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor,
especialmente após o primeiro choque de petróleo, quando reciclar
ganhou importância estratégica.
As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por
processarem matéria-prima de recuperação. Normalmente, o produto
reciclado é diferente do produto inicial (MMA/MEC/IDEC, 2005).

Com a reciclagem, boa parte dos resíduos que teriam o seu fado a um
aterro sanitário pode ter um destino mais nobre, além de economizar a
natureza da extração de recursos. Na maioria das vezes, reciclar utiliza
menos energia quando comparado à produção do produto original.

Por exemplo, reciclar uma tonelada de alumínio gasta 95% menos energia
do que produzir a mesma quantidade. Ao reciclar 50 quilos de papel, uma
árvore deixa de ser cortada. Com um quilograma de vidro quebrado, é
possível produzir exatamente um quilograma de vidro novo e, melhor, o
vidro pode ser reciclado inúmeras vezes (FERREIRA, 2000).

Entre os materiais que podem ser reciclados está o papel (jornais, revistas,
caixas, papelão, etc.), o vidro (garrafas, copos, recipientes diversos), os
metais (latas de aço e alumínio, clipes, grampos de papel, entre outros) e
o plástico (garrafas tipo PET, copos, embalagens em geral, etc.).

No entanto, nem tudo pode ser reciclado. São exemplos de materiais que
não podem ser reciclados as etiquetas adesivas, o papel carbono, fita
crepe, papéis sanitários, papéis metalizados, parafinados ou plastificados,
fotografias, esponjas de aço, espelhos, cabo de panela, misturas de papel,
plásticos e metais, entre outros.

O sucesso da Gestão de Resíduos só será possível através da coleta


seletiva aliada aos 3Rs quando houver a participação daqueles que
contribuem para a geração dos resíduos, seja separando, coletando,
reduzindo, ou ainda reutilizando ou reaproveitando os materiais.
Portanto, a educação ambiental corporativa é indispensável (CETESB,
2001).
3.4 Gestão integrada de resíduos sólidos

A Gestão Integrada de Resíduos Sólidos pode ser entendida como a


maneira de “conceber, implementar e administrar sistemas de manejo de
resíduos sólidos urbanos, considerando uma ampla participação dos
setores da sociedade e tendo como perspectiva o desenvolvimento
sustentável” (IBAM, 2001).

Esse sistema deve considerar a ampla participação e intercooperação de


todos os representantes da sociedade, do primeiro, segundo e terceiros
setores, assim exemplificados: governo central; governo local; setor
formal; setor privado; ONGs; setor informal; catadores; comunidade;
todos geradores e responsáveis pelos resíduos. Deve ser baseada em
princípios que possibilitem sua elaboração e implantação, garantindo um
desenvolvimento sustentável ao sistema.

São elementos indispensáveis na composição de um modelo de Gestão


Integrada de Resíduos Sólidos:

• Reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos, identificando


os papéis por eles desempenhados e promovendo sua articulação;

• Integração dos aspectos técnicos, ambientais, sociais, institucionais e


políticos para assegurar a sustentabilidade;

• Consolidação da base legal necessária e dos mecanismos que viabilizem


a implementação das Leis;

• Mecanismos de financiamento para a autosustentabilidade das


estruturas de gestão e do gerenciamento;
• Informação à sociedade, empreendida tanto pelo poder público quanto
pelos setores produtivos envolvidos.

Segundo IBAM (2001), as ações práticas na implementação do plano para


a garantia da sustentabilidade:

• Levantamento dos dados demográficos existentes e confrontação com a


realidade local;

• Levantamento do histórico de crescimento da população por área;

• Levantamento do histórico de crescimento da geração per capita de


resíduos sólidos;

• Levantamento dos vetores de crescimento locais;

• Utilização dos dados e informações conseguidos na elaboração dos


projetos;

• Cuidado para que o projeto atenda às necessidades da população no


tempo projetado.

★ Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS

Assegurar que todos os resíduos sejam gerenciados de forma apropriada e


segura, desde a geração até a disposição final (do berço ao túmulo),
envolvendo as etapas de geração, caracterização, manuseio,
acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, reutilização,
reciclagem, tratamento e disposição final, é um dos grandes desafios das
corporações.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS são ações que são


implantadas nas corporações ou até mesmo em Municípios com o intuito
de evitar a geração de Resíduos Sólidos, melhor acondicioná-los e melhor
tratá-los.

Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos algumas


tipologias de empresas passaram a ser obrigadas a apresentar o PGRS
como exigência para obtenção de licenciamento, como os que produzem:

1. Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico.

2. Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e


instalações industriais;

3. Resíduos de serviços de saúde;

4. Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa,


extração ou beneficiamento de minérios.

Além disso, o Art. 20 da Lei 12305/2010 estabelece que estarão sujeitos à


elaboração de um PGRS os estabelecimentos comerciais e de prestação de
serviços que:

1. Gerem resíduos perigosos;


2. Gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos,
por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados
aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal;

3. As empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de


normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;

4. Os responsáveis pelos terminais e outras instalações referidas na


alínea “j” do inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento ou de
normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do
SNVS, as empresas de transporte;

5. Os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo


órgão competente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.

A Lei 12305/2010 também define quais os conteúdos mínimos de um


PGRS, a saber:

• Descrição do empreendimento ou atividade;

• Diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a


origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos
ambientais a eles relacionados;

• Observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS


e do Suasa e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos:
1. Explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de
resíduos sólidos;

2. Definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do


gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do
gerador;

3. Identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com


outros geradores;

4. Ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de


gerenciamento incorreto ou acidentes;

5. Metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de


resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos
do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem;

6. Se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo


ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31;

7. Medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos


resíduos sólidos;

8. Periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de


vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do
Sisnama.
3.5 Tratamento e gerenciamento de resíduos sólidos

• Introdução

Nesta aula, vamos conhecer os tipos de resíduos gerados nas atividades


agroindustriais, incluindo a pecuária. Vamos tratar da classificação dos
resíduos sólidos e a orientação das normas da ABNT. É importante
descrever os tratamentos, formas de minimização da geração de resíduos
e o destino final.

Os resíduos da agroindústria têm proporcionado sérios problemas de


poluição no solo, em águas superficiais e subterrâneas. Como os resíduos
destas atividades apresentam grande concentração de material orgânico,
o seu lançamento em corpos hídricos pode proporcionar contaminações,
afetando a cadeia alimentar, com perdas relevantes de oxigênio
dissolvido.

Para Branco (1987), com os lançamentos de resíduos de elevados teores


de matéria orgânica, ocorre o fenômeno de eutrofização, o qual
proporciona a morte de animais, e a exalação de odores fétidos e de
gases.

Segundo MATTOS (2005) “Os resíduos agroindustriais são gerados no


processamento de alimentos, fibras, couro, madeira, produção de açúcar
e álcool etc.” Nem sempre a produção desses resíduos ocorre na mesma
escala e no mesmo período do ano, esta situação está condicionada pelas
safras, no caso de alimentos, pelo mercado econômico, quando ocorre
escassez ou abundância de matéria-prima.

Estamos tratando dos resíduos sólidos de uma agroindústria. Estes são


constituídos pelas sobras de processo, descartes e lixo proveniente de
embalagens, lodo de sistemas de tratamento de águas residuárias, além
de lixo gerado no refeitório, pátio e escritório.

★ Classificação dos resíduos

Agora vamos tratar da classificação dos resíduos sólidos de uma


agroindústria. Esta classificação segue a norma técnica da ABNT, a qual
editou um conjunto de normas para padronizar nacionalmente a
classificação dos resíduos sólidos industriais, no que se enquadram os
resíduos da agroindústria. No quadro a seguir, é possível entender o
objetivo de cada norma.

★ Tabela 1 – Normas da ABNT para resíduos sólidos industriais

• NBR 10004 Resíduos Sólidos. Classificação.

• NBR 10005 Lixiviação de Resíduos. Procedimento.

• NBR 10006 Solubilização de Resíduos. Procedimento.

• NBR 10007 Amostragem de Resíduos. Procedimento.

A Norma NBR 10004 – “Resíduos Sólidos – Classificação”, classifica os


resíduos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública,
determinando o manejo, tratamento e destino final dos resíduos. A
classificação proposta pela ABNT considera as características dos resíduos,
em listagem de resíduos pela sua periculosidade e em listagens de
potencial poluidor, segue-se a listagem:

• Listagem 1 – Resíduos perigosos de fontes não específicas.


• Listagem 2 – Resíduos perigosos de fontes específicas.

• Listagem 3 – Constituintes perigosos – base para a relação dos resíduos


e produtos das listagens 1 e 2.

• Listagem 4 – Substâncias que conferem periculosidade aos resíduos.

• Listagem 5 – Substâncias agudamente tóxicas.

• Listagem 6 – Substâncias tóxicas.

• Listagem 7 – Concentração – Limite máximo no extrato obtido no teste


de lixiviação.

• Listagem 8 – Padrões para o teste de solubilização.

• Listagem 9 – Concentrações máximas de poluentes na massa bruta de


resíduos, utilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente da França para
classificação de resíduos.

• Listagem 10 – Concentração mínima de solventes para caracterizar o


resíduo como perigoso.

Após a amostragem, constante na NBR 10007 – Amostragem de Resíduos


– Procedimento, os resíduos sólidos que são classificados de acordo com a
NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação.
★ Inventário de resíduos

Dentro do processo de gestão de resíduos sólidos de uma agroindústria,


uma das etapas essenciais é o seu inventário.

O inventário de resíduos sólidos é regulamentado por resolução


específica, a qual contempla quais empresas devem apresentar o
inventário e o formato do formulário.

De qualquer maneira, mesmo que a empresa não necessite legalmente


apresentar este relatório, o inventário de resíduos é referência na tomada
de decisão sobre o tratamento/destinação mais eficaz, e o quanto a
empresa deverá investir economicamente.

O inventário de resíduos deve conter:

* Identificação do gerador.
* Identificação dos resíduos.
Origem.
* Quantidade.
* Estado físico.
* Composição.
* Aspecto.
* Classificação.
*Dados sobre o transporte (transportador).
* Dados do local de estocagem.
* Tratamento.
* Destino de cada resíduo em local pertencente a terceiros, na própria
indústria, em área externa pertencente à própria indústria.
* Identificação do responsável pelo preenchimento.

★ Principais medidas e tecnologias de controle da poluição por resíduos


sólidos

As empresas devem cumprir a legislação ambiental, descrita em aula


anterior, quanto à geração de resíduos na agroindústria é importante
considerar algumas alternativas que podem ser adotadas como boas
práticas no controle de poluição, que também já abordamos em aula
anterior.

Barbosa (2000) diz que “a cobrança de um mercado mais competitivo e


voltado à sustentabilidade determina alguma ações”, tais como: programa
dos 4R para os seus resíduos:

• Redução na fonte = evitar desperdício de material.

• Reutilização = reaproveitar resíduos na produção, gerando subprodutos


ou ainda promover a compostagem dos resíduos orgânicos.

• Reciclagem = utilizar resíduos para reciclagem mesmo que em outras


empresas específicas.

• Recuperação = recuperar resíduos quando possível (aventais utilizados


na produção), que sofram cortes podem ser reduzidos e entregues a
funcionários com exigência de numeração menor.
Atualmente, a PNRS /2010 – Lei Federal n. 12.235/2010 determina que as
empresas trabalhem com a logística reversa o que insere no mercado a
tendência das empresas de cuidar dos resíduos ao longo de todo o
processo produtivo e não somente no fim dessa cadeia.

★ Minimização de resíduos

Quando projetamos a redução dos resíduos, é preciso considerar:

★ Redução da geração na fonte

Segundo KIHEL (1985) as reduções podem ser:

• Alteração do processo produtivo (redução do consumo de água e


energia).

• Substituição de matérias-primas e combustíveis.

• Alternativas de disposição que não incluem a destinação no solo


(aterro), como a recuperação de materiais dentro ou fora do processo.
Exemplo: Óleos usados.

• Pode ser economicamente vantajosa (prevenção de perdas,


comercialização). As novas políticas de resíduos determinam que o país
deverá elevar as taxas de reciclagem, porém, a agroindústria necessita
implementar algumas ações.

★ Separação de materiais para viabilizar a reciclagem


Deve ocorrer a triagem e a separação através de coleta seletiva nos
departamentos da agroindústria. Separação de materiais recicláveis:
papel, papelão, vidro, plásticos e alumínio. Resíduos orgânicos (restos de
comida): para compostagem.

★ Segregação de resíduos

É preciso observar algumas ações para que ocorra a eficiência na


segregação dos resíduos, tais como:

• Evitar a mistura de resíduos incompatíveis.


• Evitar a geração de calor, fogo ou explosão, fumos, gases tóxicos ou
inflamáveis etc.
• Diminuir o volume de resíduos perigosos ou especiais a serem tratados
ou dispostos, diminuindo o custo de transporte, se o tratamento ou
disposição for realizado fora da origem.

★ Acondicionamento, armazenamento e transporte

Os resíduos industriais devem ser acondicionados e armazenados para


serem transportados adequadamente. Dependendo da classe de resíduos,
deverá atender a um condicionamento adequado e armazenado também
de forma a atender as normas técnicas. No decorrer da aula,
descreveremos as etapas detalhadamente.

★ Acondicionamento

A agroindústria gera resíduos específicos de cada atividade, seja


alimentação, pecuária, hortifrutícola, couro ou madeira. Desse modo,
devem ser utilizados:
• Recipientes de material compatível com as características do
resíduo.
Recipientes estanques (sem vazamento).
* Recipientes com integridade física.
* Resistência física a pequenos choques.
* Durabilidade.
* Compatibilidade com transporte (forma, volume, peso).

★ Transporte dentro da empresa

Segundo Derisio (1992), a agroindústria deve considerar a segurança e


proteção à saúde e aos acidentes com trabalhadores, portanto, o
armazenamento e o transporte interno devem seguir um planejamento,
com ações específicas, tais como:

• Elaboração de sistema de transporte interno.


• Rotas preestabelecidas.
• Equipamentos de transporte compatíveis.
• Pessoal treinado, equipamento de proteção.

★ Armazenamento

O autor ainda recomenda armazenar os resíduos da agroindústria,


levando em consideração o tipo de resíduo, ou seja, a sua classificação
(periculosidade, toxicidade, degradabilidade etc.). Para tanto, o gestor dos
resíduos da agroindústria deve tomar decisões pontuais, tais como:
Contenção temporária em área autorizada identificada e licenciada,
considerando os resíduos enviados para reciclagem, recuperação,
tratamento ou disposição final, desde que atenda às condições básicas de
segurança.

Atendimento à legislação ambiental determinada na licença requerida ao


órgão licenciador.

• Características do local para implantação de áreas internas de


armazenamento de resíduos

A agroindústria deverá possuir uma área identificada para armazenar os


resíduos, sejam em container ou embalagens plásticas, deverá estar
identificada sobre a classe de resíduos e os procedimentos adequados,
sejam eles:

• Impermeabilização inferior da área em caso de salas internas.


• Colocação de cobertura.
• Sistema de drenagem, canalização em caso de salas fechadas ou valas
para locais externos com cobertura.

A identificação do local também deve prever condições de segurança:


isolamento ao acesso de estranhos; sinalização de alerta; iluminação e
energia elétrica de emergência; sistemas de comunicação interna e
externa; plano de gerenciamento de resíduos, considerando o controle de
materiais estocados (tipo, procedência, quantidade, localização) e de
materiais segregados; plano para emergência (medidas em caso de
acidentes).

★ Transporte externo
As agroindústrias necessitam manter uma empresa licenciada para a
coleta do material e deposição adequada, seja reciclagem ou aterro
industrial, estes materiais devem ser depositados em local externo do
ponto de geração para a coleta por veículos adequados, seguros e
licenciados.

★ Meios de transporte

Rodoviário: é o meio predominante no Brasil e tem baixo custo para


pequenas quantidades; baixo custo para pequenas distâncias; as rotas
podem ser alteradas com facilidade, porém, maiores dificuldades na
comunicação de acidentes.

★ Tipos de veículos mais apropriados

Existe uma diversidade de veículos adequados para o transporte de


resíduos de agroindústria, porém é importante selecionar o que mais está
adequado ao tipo de resíduos gerado, citamos alguns:

• Caminhões poliguindaste: para resíduos a granel, não


corrosivos e de toxicidade moderadamente baixa.

• Caminhões-tanque: resíduos pastosos, fluidos e líquidos.

• Caminhões-tanque ou com caçambas revestidas: resíduos


corrosivos.
• Caminhões com carroceria aberta: podem ser usados desde
que os resíduos sejam embalados.

★ Tratamentos de resíduos

Alguns tratamentos são mais eficientes, porém, possuem um custo mais


elevado, que nem sempre a agroindústria está preparada para tais
investimentos.

É preciso avaliar o custo do tratamento, o volume dos resíduos gerados e


a necessidade do cumprimento das legislações ou das determinações
elencadas na licença ambiental.

★ Valorização dos resíduos de agroindústria

Atualmente, pensando num modelo sustentável, a agroindústria trabalha


com alternativas diversificadas, aproveitando resíduos como substitutos
de matérias- -primas, combustíveis ou produtos de adição no processo
industrial, caso do uso de casca de arroz para queima em caldeiras ou a
utilização de resíduos em fornos de produção de clínquer na indústria de
cimento, tanto em substituição de matérias-primas como de combustíveis.

Outras maneiras de aproveitar os resíduos da agroindústria é quando


alguns resíduos de processamentos de uma indústria podem servir de
matéria-prima para outras, exemplo clássico é a indústria de peles como
couro, vacuno, cordeiro, até dos animais mais exóticos, como peixes e rãs.
Na área de frutas e hortaliças também é administrado desta forma, em
várias situações, como a casca do abacaxi no processamento de compotas,
que pode ser aproveitada para extração de aromas para a indústria de
aditivos culinários.
3.6 Tratamento e gerenciamento de efluentes

★ Introdução

Existe, hoje, uma grande preocupação em relação ao grau de tratamento


e ao destino final dos efluentes, às suas consequências sobre o meio
ambiente, à qualidade das águas e seus usos benéficos. Hoje em dia, esse
é um assunto que chama a atenção não apenas dos engenheiros,
especialistas e técnicos, mas, igualmente, das organizações ambientalistas
e comunitárias, e também da sociedade (SIQUEIRA, 2010).

Levando em consideração esse aspecto, os estudos, os critérios e os


projetos relativos ao tratamento e à disposição final dos efluentes
deverão ser precedidos de cuidados especiais que garantam o
afastamento adequado dos efluentes e, igualmente, a manutenção e
melhoria dos usos e qualidades dos corpos receptores.

Tratar efluentes é transformar seus componentes complexos em


compostos simples, como sais minerais e CO2. Essa transformação seria
possível através de incineração (oxidação violenta), se o esgoto não fosse
constituído quase que totalmente por água. Também pode ser realizado
por incorporação à biomassa microbiana ou se utilizar de processos físicos
de separação.

Os processos de tratamento consistem em operações físicas, químicas e


biológicas que têm a finalidade de remover substâncias indesejáveis ou de
transformar essas substâncias em outras formas mais aceitáveis e que não
causem problemas de saúde pública ou ambiental.

As águas residuárias costumam ser classificadas em dois grupos principais:


os efluentes sanitários e industriais.
Os primeiros são constituídos, essencialmente, por despejos domésticos,
por uma parcela de águas pluviais (chuvas), por águas de infiltração, e,
eventualmente, por uma parcela não significativa de despejos industriais,
tendo características bem definidas. Os esgotos domésticos ou
domiciliares provêm principalmente de residências, edifícios comerciais,
instituições ou quaisquer edificações que contenham instalações de
banheiros, lavanderias, cozinhas, ou qualquer dispositivo de utilização da
água para fins domésticos. São compostos, essencialmente, de água do
banho, de urina, fezes, papel, restos de comida, sabão, detergentes e
águas de lavagem.

Os efluentes industriais, extremamente diversos, provêm de qualquer


utilização da água para fins industriais e adquirem características próprias
em função do processo industrial, incluem-se nos efluentes industriais o
esgoto advindo de suas dependências (banheiros e refeitórios). Assim
sendo, cada indústria deverá ser considerada separadamente, uma vez
que seus efluentes diferem até mesmo em processos industriais similares.

De acordo com a Norma Brasileira — NBR 9800/1987, sabemos que:

“Efluente líquido industrial é o despejo líquido proveniente do


estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo
industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto
doméstico.”

Por muito tempo, não existiu a preocupação de caracterizar a geração de


efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio
ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental
fazem com que as indústrias desenvolvam atividades para quantificar a
vazão e determinar a composição dos efluentes industriais.
Assim, as características físicas, químicas e biológicas do efluente
industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de
operação, com a matéria-prima utilizada, com a reutilização de água etc.

Com isso, o efluente líquido pode ser solúvel ou com sólidos em


suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico, com
temperatura baixa ou elevada. Entre as determinações mais comuns para
caracterizar a massa líquida, estão às determinações físicas (temperatura,
cor, turbidez, sólidos etc.); as químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria
orgânica, metais etc.) e as biológicas (bactérias, protozoários, vírus etc.).

O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial


possibilita a determinação das cargas de poluição/contaminação, o que é
fundamental para definir o tratamento, avaliar o enquadramento na
legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo
receptor. Esse ponto é definido no momento de licenciamento da
empresa. Desse modo, é preciso quantificar e caracterizar os efluentes,
para evitar danos ambientais, demandas legais e prejuízos para a imagem
da indústria junto à sociedade.

Qualquer que seja a solução adotada para o lançamento dos resíduos


originados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é
fundamental que a indústria disponha de sistema para tratamento ou
condicionamento desses materiais residuais.

Outras ações devem ser sempre executadas na indústria para minimização


da carga poluidora. São muitas as possibilidades de retenção ou acúmulo
de resíduos poluentes e, dependendo da localização, existe a condição de
remoção do excesso de resíduos sem que eles atinjam os mananciais, ou
sistemas de tratamento. Assim, antes do procedimento de limpeza de
áreas como pisos, sistema de aquecimento, tubulações, equipamentos e
utensílios. É importante a remoção da carga poluente sólida (na forma de
incrustações, pó, areia, pastas, etc), através de varrições, raspagem,
aspiração. Isso evita que o material solubilize, e que seja transportado na
água utilizada para limpeza da unidade e se transforme em contaminação
dos efluentes que posteriormente precisem ser tratados (SILVA; DUTRA;
CADIMA; 2010).

★ Sistemas de tratamento de efluentes

Os processos de tratamento utilizados são classificados de acordo com


princípios físicos, químicos e biológicos (CIMM, 2012).

• Processos físicos: dependem das propriedades físicas do contaminante


tais como, tamanho de partícula, peso específico, viscosidade, etc.
Exemplo: gradeamento, sedimentação, filtração, flotação,
regularização/equalização, etc.

• Processos químicos: dependem das propriedades químicas dos


contaminantes ou das propriedades químicas dos reagentes incorporados.
Exemplo: coagulação, precipitação, troca iônica, oxidação, neutralização,
osmose reversa, ultrafiltração.

• Processos biológicos: utilizam reações bioquímicas através de


microrganismos para a eliminação dos contaminantes solúveis ou
coloidais. Podem ser anaeróbicos ou aeróbicos. Exemplo: lodos ativados,
lagoas aeradas.

O tratamento físico-químico (que é uma junção para aproveitar as


características físicas e químicas) apresenta maiores custos, em razão da
necessidade de aquisição, transporte, armazenamento e aplicação dos
produtos químicos. No entanto, é mais indicado nas indústrias que geram
resíduos líquidos tóxicos, inorgânicos ou orgânicos não biodegradáveis.
O tratamento biológico, é menos dispendioso, baseando-se na ação
metabólica de microrganismos, que estabilizam o material orgânico
biodegradável em reatores compactos e com ambiente controlado. No
ambiente aeróbio, são utilizados equipamentos eletromecânicos para
fornecimento de oxigênio utilizado pelos microrganismos.

Os processos aeróbios têm um custo menor em relação aos processos


anaeróbios, porém o consumo de energia elétrica, o maior número de
unidades, a maior produção de lodo e a operação mais trabalhosa
justificam a utilização de processos anaeróbios. Em algumas estações de
tratamento de resíduos líquidos industriais, são implantadas combinações
até dos três processos em uma mesma estação de tratamento, ou seja,
ETA composta por processos físico-químicos e biológicos (anaeróbios
seguidos por aeróbios).

Mas, de maneira geral, as indústrias seguem um fluxograma em sua


estação de tratamento de efluentes, conforme as seguintes etapas:

Descrição da imagem: No esquema, há quatro itens em cima e quatro


embaixo, que serão descritos da esquerda para a direita. Nos itens de
cima, há setas entre os itens, apontando para a direita, sobre os itens
temos então [Tratamento preliminar ou pré-tratamento], [Tratamento
primário], [Tratamento secundário] e [Tratamento terciário ou pós-
tratamento]. Sobre os itens de baixo, eles ficam logo abaixo e estão
alinhados com os itens de cima, sendo que entre os dois temos o ícone de
uma seta verde curvada. Nos itens de baixo temos então [Gradeamento e
desarenação], [Floculação e sedimentação], [Processos biológicos de
oxidação] e [Tratamento do lodo e da água].

3.7 Tratamento de emissões gasosas

★ Introdução: poluição do ar
Como vimos anteriormente, poluição são alterações indesejáveis no meio
ambiente, são degradações que ocorrem após a introdução de
substâncias, provavelmente consequência da atividade antrópica e de um
impacto ambiental negativo. A poluição pode ocorrer como consequência
de fenômenos naturais, dos quais podemos citar o derramamento de lava
vulcânica ou materiais arrastados em tsunamis.

Baseado nesse conceito, vamos conhecer o que vem a ser poluição


atmosférica como, por exemplo, a existência de fumaça, gases e vapores
tóxicos, bem como de pó, de microrganismo e de substâncias radioativas
em níveis superiores aos naturais como resultado dos resíduos gerados
pela atividade agroindustrial. A poluição atmosférica acontece com a
emissão de gases. O que vem a ser emissão de gases? Segundo Milaré
(2009), a emissão de gases é a produção de substâncias em estado gasoso
consequente de qualquer processo industrial, natural ou doméstico que,
ao se dispersar pela atmosfera, provocam mudanças nas características
anteriores do ar. Por emissão, entende-se a assimilação desses gases por
pessoas, animais ou plantas.

O autor também define fonte poluente, sendo esta qualquer dispositivo,


instalação, estática ou dinâmica, que verte de forma contínua ou
descontínua substâncias sólidas, líquidas ou gasosas que geram uma
modificação do meio natural.

Vamos tratar dos principais problemas ambientais que nos afetam e


estabelecer algumas das medidas preventivas e corretivas realizadas
atualmente. É preciso relembrar como se divide nossa atmosfera para
entender como a poluição do ar afeta nossa saúde.

A atmosfera é constituída de cinco camadas: troposfera, estratosfera,


mesosfera, termosfera e exosfera.
A troposfera é a única camada em que os seres vivos podem respirar
normalmente.

1• Troposfera: as condições climáticas acontecem na camada inferior da


atmosfera, chamada troposfera. Essa camada se estende até 20 km do
solo, no equador, e a aproximadamente 10 km nos polos.

2• Estratosfera: a estratosfera chega a 50 km do solo. A temperatura vai


de 60ºC negativos na base até o ponto de congelamento na parte de cima.
A estratosfera contém ozônio. Hoje, a poluição está ocasionando
“buracos” na camada de ozônio.

3• Mesosfera: o topo da mesosfera fica a 80 km do solo. É muito fria, com


temperaturas abaixo de 100ºC negativos. A parte inferior é mais quente
porque absorve calor da estratosfera.

4• Termosfera: o topo da termosfera fica a cerca de 450 km acima da


Terra. É a camada mais quente, uma vez que as raras moléculas de ar
absorvem a radiação do Sol. As temperaturas no topo chegam a 2.000ºC.

5• Exosfera: a camada superior da atmosfera fica a mais ou menos 900 km


acima da Terra. O ar é muito rarefeito e as moléculas de gás “escapam”
constantemente para o espaço. Por isso é chamada de exosfera (parte
externa da atmosfera).

★ Níveis de poluição

O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias


poluentes presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser
encontradas na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de
estabelecer uma classificação. Para facilitar, os poluentes são divididos em
duas categorias:

• Poluentes primários: aqueles emitidos diretamente pelas fontes de


emissão.
• Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através da
reação química entre poluentes primários e componentes naturais da
atmosfera.

As causas da poluição atmosférica podem ser classificadas como: de


origem natural (vulcões, queimadas); resultante das atividades humanas
(indústrias, transporte, calefação); como consequência dos fenômenos de
combustão.

★ Fontes de poluição

A interação entre as fontes de poluição e a atmosfera vai definir o nível de


qualidade do ar, que determina por sua vez o surgimento de efeitos
adversos da poluição do ar sobre os receptores, que podem ser o homem,
os animais, as plantas e os materiais.

A medição sistemática da qualidade do ar é restrita a um número de


poluentes, definidos em função de sua importância e dos recursos
disponíveis para seu acompanhamento.

Já conhecemos as camadas da atmosfera e as categorias de poluentes


atmosféricos, então é importante saber quais são os principais gases
causadores da poluição do ar e que servem para monitoramento da
qualidade. São eles:
• Dióxido de enxofre (SO2): gás tóxico, incolor e denso.
Produzido, principalmente, por vulcões, queima de diesel e
em alguns processos industriais. É um dos principais
formadores da chuva ácida. O dióxido de enxofre pode reagir
com outras substâncias presentes no ar formando partículas
de sulfato que são responsáveis pela redução da visibilidade
na atmosfera.

• Monóxido de carbono (CO): É um gás incolor e inodoro que


resulta da queima incompleta de combustíveis de origem
orgânica (combustíveis fósseis, biomassa, carvão mineral, gás
natural etc.). Em geral, é encontrado em maiores
concentrações nas cidades, emitido principalmente por
veículos automotores. Altas concentrações de CO são
encontradas em áreas de intensa circulação de veículos.

• Óxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2): São


formados durante processos de combustão de veículos,
usinas térmicas e indústrias. Em grandes cidades, os veículos
geralmente são os principais responsáveis pela emissão dos
óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar, se
transforma em NO2 e tem papel importante na formação de
oxidantes fotoquímicos como o ozônio. Dependendo das
concentrações, o NO2 é muito nocivo, causa prejuízos à
saúde, participa da formação do ozônio e da chuva ácida.

★ Compostos orgânicos voláteis

Compostos orgânicos voláteis, representados pela sigla VOC’s, são todos


os compostos que possuem carbono na composição e temperatura de
ebulição entre 50 e 260 ºC, como por exemplo, diclorometano (T.E. =
41ºC), metano, xileno, benzeno, butano e propano.
Os VOC’s são considerados poluentes perigosos, sendo que alguns deles
são tóxicos e carcinogênicos. Portanto, a inalação desses compostos pode
produzir efeitos adversos e diretos na saúde humana, principalmente a
exposição em concentrações elevadas e por um longo período de tempo.

Quais as principais fontes de VOC’s? Esses compostos são liberados por


materiais sintéticos usados em acabamentos de casas: aditivos de pintura,
vernizes, solventes de tintas. Em materiais decorativos (revestimentos
como carpetes e papéis de parede) e nos produtos de limpeza seca.

A exposição ao formaldeído (composto orgânico volátil) pode causar


irritação nos olhos, nariz e garganta e ainda provocar náuseas, vertigens e
redução da força física.

A análise de compostos orgânicos voláteis é de grande interesse no


combate à poluição gasosa. Os VOC’s lançados na atmosfera pela queima
de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, querosene etc.), são
responsáveis pelo aparecimento da smog (neblina de poluição).

Partículas sólidas finas e inaláveis: Sob a denominação geral de material


particulado se encontra um conjunto de poluentes constituídos de
poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém
suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. As principais
fontes de emissão de particulado para a atmosfera são: veículos
automotores, processos industriais, queima de biomassa, ressuspensão de
poeira do solo, entre outros. O material particulado pode também se
formar na atmosfera a partir de gases como dióxido de enxofre (SO2),
óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs), que
são emitidos principalmente em atividades de combustão, transformando-
se em partículas como resultado de reações químicas no ar.
O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial
para causar problemas à saúde, sendo que, quanto menores, maiores os
efeitos provocados. O particulado pode também reduzir a visibilidade na
atmosfera.

O material particulado pode ser classificado como:

• Partículas Totais em Suspensão (PTS): Podem ser definidas de maneira


simplificada, como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 50
μm. Uma parte dessas partículas é inalável e pode causar problemas à
saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da
população, interferindo nas condições estéticas do ambiente e
prejudicando as atividades normais da comunidade.

• Partículas inaláveis (MP10): Podem ser diferentes de maneira


simplificada, como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10
μm. As partículas inaláveis podem ainda ser classificadas como partículas
inaláveis finas – MP2,5 (<2,5μm), partículas inaláveis grossas (2,5 a 10μm).
As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os
alvéolos pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte superior do
sistema respiratório.

• Fumaça (FMC): Está associada ao material particulado suspenso na


atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de
determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que
incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a esse parâmetro a
característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na
atmosfera.

• Ozônio (O3) e oxidantes fotoquímicos: “Oxidantes fotoquímicos” é a


denominação que se dá à mistura de poluentes secundários formados
pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos
voláteis, na presença de luz solar, sendo estes últimos liberados na
queima incompleta e evaporação de combustíveis e solventes. O principal
produto dessa reação é o ozônio, por isso mesmo utilizado como
parâmetro indicador da presença de oxidantes fotoquímicos na
atmosfera. Tais poluentes formam a chamada névoa fotoquímica ou
“smog fotoquímico”, que possui esse nome porque causa na atmosfera
diminuição da visibilidade.

Além de prejuízos à saúde, o ozônio pode causar danos à vegetação. É


sempre bom ressaltar que o ozônio encontrado na faixa de ar próxima ao
solo, onde respiramos, chamado de “mau ozônio”, é tóxico. Entretanto, na
estratosfera (a cerca de 25 km de altitude) o ozônio tem a importante
função de proteger a Terra, como um filtro, dos raios ultravioletas
emitidos pelo Sol.

★ Causas e consequências da poluição

A poluição atmosférica gerada pela emissão de gases da agroindústria


causa dano ambiental e a saúde pública, podemos definir os efeitos da
poluição em efeitos de curto e longo prazo. A seguir, lemos a descrição de
alguns dos problemas gerados pelos poluentes atmosféricos:

Problemas de curto prazo (nos dias de alta concentração de poluentes):

• Irritação nas mucosas do nariz e dos olhos;


• Irritação na garganta (com presença de ardor e desconforto);
• Problemas respiratórios com agravamento de enfisema pulmonar e
bronquite.

Problemas de médio e longo prazo (15 a 30 anos vivendo em locais com


muita poluição):
• Geração de problemas pulmonares e cardiovasculares;

• Desenvolvimento de cardiopatias (doenças do coração);

• Diminuição da qualidade de vida;

• Diminuição da expectativa de vida (em até dois anos);

•Aumento das chances de desenvolver câncer, principalmente de pulmão;

•Alteração nos níveis de hormônios nos homens e na qualidade do sêmen;

•A inalação de metais pesados, presentes em áreas de muita circulação de


veículos, pode provocar doenças do coração,

• Parkinson, mal de Alzheimer e distúrbio de ansiedade.

• Enfraquecimento do sistema imunológico, diminuindo o poder de ação


do organismo em combater vírus, bactérias e outros microrganismos.

A Constituição Brasileira/1988 estabelece o direito da população de viver


em um ambiente ecologicamente equilibrado, caracteriza como crime
toda ação lesiva ao meio ambiente, determina a exigência de que todas as
unidades da Federação tenham reserva biológica ou parque nacional e
que todas as indústrias potencialmente poluidoras apresentem estudos
sobre os danos que podem causar ao meio ambiente. Ainda se faz
necessário elaborar leis que regulamentem os dispositivos constitucionais,
tais como:
* A Resolução CONAMA nº 005/89 institui o PRONAR – Programa Nacional
de Controle da Qualidade do Ar.
* A Resolução CONAMA nº 18/86 estabelece o PROCONVE – Programa de
Controle do Ar por Veículos Automotores.
* A Resolução CONAMA nº 008/90 estabelece o limite máximo de emissão
de poluentes do ar (padrões de emissão) em fontes fixas de poluição.

★ Medidas de controle da poluição atmosférica

O controle da poluição do ar visa, por um lado, evitar que as substâncias


nocivas, animadas ou não, consigam alcançar o ar (prevenção). Falhando a
primeira barreira, procura-se evitar que as substâncias nocivas atinjam o
homem e lhe provoquem danos (proteção). Excepcionalmente, e apenas
no microambiente, consegue-se remover substâncias nocivas
(tratamento). Por outro lado, esse controle visa não somente assegurar à
população um conjunto de conhecimentos que lhe permita proteger-se
contra elementos nocivos existentes, como também proteger o ar, através
de dispositivos como: ciclones, exaustores e filtros de ar.

No estudo dos problemas da poluição do ar serão consideradas quatro


etapas: a produção, a emissão, o transporte e a recepção de poluentes.
Em cada etapa, para a redução dos riscos de poluição, podemos aplicar
uma série de medidas, que podem ser classificadas em medidas diretas e
indiretas.

★ Medidas diretas de controle: ações que visam à eliminação, redução,


segregação ou afastamento dos poluentes, como:

• Planejamento urbano e medidas correlatas (melhor distribuição espacial


das fontes de poluição, melhoria do sistema viário etc.);
• Diluição através de chaminés altas (visando reduzir a concentração dos
poluentes ao nível do solo);

• Medidas para impedir a geração dos poluentes (adotando medidas


como substituição de combustíveis, matérias-primas, e reagentes dos
processos);

• Medidas para reduzir a geração dos poluentes (operar os equipamentos


dentro de sua capacidade nominal, operar e manter adequadamente os
equipamentos produtivos etc.).

★ Medidas indiretas de controle: ações que visam reduzir a quantidade de


poluentes descarregada na atmosfera através da instalação de
equipamentos de controle, como filtros de ar, coletores de poeiras e
lavadores de gases.

3.8 Passo a passo para elaboração do PGRS


3.9
(Vídeo)

[Felipe Prenholato]

Como fazer a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


(PGRS) que é um documento técnico utilizado pelas empresas para fazer a
gestão dos seus resíduos.

Bom, o PGRS é um documento técnico que identifica a tipologia e


quantidade de resíduos produzidos pela empresa e indica práticas
ambientalmente adequadas para fazer a sua gestão, desde a sua
segregação, até a sua destinação final e disposição de seus rejeitos.

Bom, para começar aqui, quem tem a obrigatoriedade de elaborar o


PGRS?
Isso está descrito na Lei 12.305 que é a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, essa lei diz que todos temos responsabilidade pelos resíduos que
geramos. Então todos nós estamos envolvidos na cadeia de gestão deles.
Para fazermos a elaboração desse plano, vou dividir aqui em oito passos
essenciais que todo plano deve ter.

★ O primeiro passo (1)

É a identificação dos resíduos gerados pela empresa e para isso


recomendo que você utilize uma planilha. Já deixe separado quais são os
setores que a empresa possui e depois faça uma visita a cada um deles
para identificar quais são os resíduos gerados. Tente se atentar aos
resíduos plástico, papel, papelão que são os recicláveis e também se há a
geração de resíduos perigosos, como por exemplo, lâmpadas
fluorescentes, resíduos de saúde, contaminados com óleos e graxas,
enfim.

Lembre-se que os resíduos gerados pela empresa estão diretamente


relacionados com a sua atividade e com aquele setor. Uma dica que eu
dou aqui é vocês olharem o fluxograma produtivo, porque aí vocês já vão
identificar quais são as matérias primas utilizadas e os insumos, assim fica
muito mais fácil identificar quais são os resíduos gerados em cada etapa.
Por exemplo aqui, uma indústria de usinagem está comumente associada
à geração de resíduos metálicos, que são oriundos de refugos da
produção. Já uma indústria alimentícia, está associada à geração de
resíduos orgânicos, por conta das matérias primas que são utilizadas em
seu processo.
Bom e agora que a gente já identificou os tipos de resíduos produzidos
pela empresa, é hora de identificar as suas quantidades geradas. Para isso,
peça as informações de destinações dos anos passados, caso não haja
essas informações, verifique uma forma de fazer uma estimativa desses
valores.

★ Passo número dois (2)

Agora, classificação dos resíduos. Para isso, vou ter que consultar a norma
da ABNT, a NBR 10004, que faz a classificação dos resíduos em duas
classes. Os resíduos perigosos, classe 1 e os resíduos não perigosos, classe
2, os resíduos perigosos são aqueles que devidos às suas propriedades,
podem trazer riscos à saúde humana e ao meio ambiente, são exemplos
desses resíduos as lâmpadas fluorescentes, restos de solvente, tinta,
óleos, entre outros. Já os resíduos não perigosos, não possuem essas
características químicas, mas eles possuem outras propriedades, como por
exemplo, solubilidade em água. Os resíduos não perigosos ainda são
divididos em duas classes, os não perigosos não inertes e os não perigosos
inertes. Os resíduos não perigosos não inertes são aqueles que possuem
propriedades como solubilidade em água e são exemplos desses resíduos
as sobras de alimentos, solos, materiais orgânicos. Já os resíduos inertes
são aqueles que não solubilizam em água concentrações acima do padrão
de potabilidade, são exemplos desses resíduos os de construção civil, que
não estejam contaminados com algum outro material.

★ Passo número três (3)

Agora, segregação e acondicionamento. Essa etapa é muito importante


para que o resíduo não perca o seu valor econômico, a gente sabe que
cada resíduo possui um tratamento diferente, então a segregação dele
tem como fidelidade que ele não perca seu valor na cadeia produtiva.
Outro ponto que deve ser considerado aqui é a segregação dos resíduos
incompatíveis, muitas vezes os resíduos armazenados em conjunto podem
gerar reações adversas e causar danos ou prejuízos ao meio ambiente.
Verifique quais são as compatibilidades de resíduos para armazenamento
em conjunto, caso haja o armazenamento de dois resíduos em conjunto, a
classificação deles deverá ser pelo mais crítico e sempre priorize a
segregação dos resíduos na fonte geradora, porque aí o gerenciamento
deles ficará muito mais fácil.

★ Passo número quatro (4)

Agora, armazenamento temporário dos resíduos. Antes de fazer a


destinação final dos resíduos, eles devem ser armazenados em locais
adequados, para isso temos que consultar as normas da ABNT, a NBR
11174 e a NBR 12235 que tratam respectivamente do armazenamento
temporário de resíduos não perigosos e perigosos.

No geral, essas normas estabelecem que os locais de armazenamento


temporário dos resíduos devem possuir acesso restrito, serem cobertos e
impermeáveis e identificar cada tipo de resíduo que é armazenado ali.
Caso haja o armazenamento de resíduos perigosos líquidos, os mesmos
deverão possuir bacias de contenção, para casos de vazamento.

Outro podemos que devemos estabelecer aqui é a coleta seletiva para os


materiais recicláveis, para isso temos que olhar a resolução CONAMA 275,
que trata sobre o código de cores dos coletores, deixe sempre os
coletores espalhados pelas áreas produtivas, para ficar muito mais fácil o
descarte desses materiais recicláveis.

★ Passo número cinco (5)

O transporte. O transporte deve ser realizado sempre com antecedência,


para que os locais de armazenamento temporário não excedam sua
capacidade, a empresa transportadora deverá ter a licença e ser habilitada
para fazer o transporte de cada tipo de resíduo, além disso, para cada
destinação e transporte de resíduo, deverá ser preenchido um
documento, para que fique registrado que aquele resíduo que foi gerado,
foi transportado e chegou até a empresa receptora.

★ Passo número seis (6)

Agora, destinação final. Cada tipo de resíduo possui um tipo de


tratamento e é muito importante que seja verificado a empresa que irá
receber esse tipo de resíduo, cheque se a empresa está licenciada e
habilitada para fazer esse tipo de tratamento do resíduo. Lembre-se que a
responsabilidade do resíduo não acaba depois da sua destinação,
qualquer passivo ambiental ocasionado pela empresa que recebeu esse
resíduo, irá sujeitar o gerador também a essa co-responsabilidade.

★ Passo número sete (7)

Metas para a redução dos resíduos gerados. É muito importante que


sejam fixadas metas factíveis para a redução dos resíduos gerados, para
isso tem que se localizar áreas que podem estar ocorrendo desperdícios
ou processos que possam ser otimizados, por exemplo, para áreas
administrativas, tente reduzir o consumo de papel e preferia o uso de
meios digitais para fazer trocas de informações. Também pode-se abolir o
copo plástico, preferindo canecas reutilizáveis que possam ser entregues
para todos os funcionários.

★ Passo número oito (8)

Treine a sua equipe. De nada adianta você fazer a elaboração do PGRS, se


sua equipe não sabe que ele existe e nem sabe como aplicá-lo, por isso é
muito importante que haja essa comunicação e que também sejam feitos
treinamentos periódicos, para o pessoal se acostumar como que é
realizado o gerenciamento dos resíduos sólidos.
Bom, feito tudo isso eu tenho certeza que seu PGRS estará adequado para
fazer a gestão dos resíduos sólidos da empresa. Isso é um passo
fundamental para a preservação do meio ambiente e também a
valorização dos resíduos sólidos.

4.1 Inventário nacional de resíduos sólidos Industriais

Dentre os resíduos sólidos produzidos pelas diversas atividades humanas,


destacam-se os industriais devido ao elevado grau de substâncias capazes
de degradar o meio ambiente e colocar em risco a saúde pública.

Mas o que é um Resíduo Sólido Industrial?

Segundo a Resolução CONAMA 313/2002, o resíduo sólido industrial é


todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos
estados sólido, semissólido, gasoso – quando contido, e líquido – cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Ficam incluídos ainda nesta definição os lodos provenientes de sistemas


de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição.

Com o objetivo de coletar informações precisas sobre a quantidade, os


tipos e os destinos dos resíduos sólidos gerados no parque industrial do
Brasil e que tais resíduos podem apresentar características prejudiciais à
saúde humana e ao meio ambiente, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA editou em 2002 a Resolução 313 na qual instituiu o
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, considerando-o como
um dos instrumentos de política de gestão de resíduos.

Tal Resolução prevê em seu Art. 1º que os resíduos existentes ou gerados


pelas atividades industriais serão objeto de controle específico, como
parte integrante do processo de licenciamento ambiental.

O Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais é o conjunto de


informações sobre a geração, características, armazenamento, transporte,
tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos
resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país.

As indústrias das tipologias previstas na Classificação Nacional de


Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE devem apresentar ao órgão
ambiental informações sobre a geração, características, armazenamento,
transporte e destinação de seus resíduos sólidos:

1. Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de


viagem e calçados (*Divisão 19);

2. Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de


combustíveis nucleares e produção de álcool (Divisão 23);

3. Fabricação de produtos químicos (Divisão 24);

4. Metalurgia básica (Divisão 27);

5. Fabricação de produtos de metal, exclusive máquinas e


equipamentos (Divisão 28);
6. Fabricação de máquinas e equipamentos (Divisão 29);

7. Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de


informática (Divisão 30);

8. Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e


carrocerias (Divisão 34); e

9. Fabricação de outros equipamentos de transporte (Divisão 35). * As


divisões se referem aos critérios de classificação das atividades
realizadas pelo IBGE. As informações previstas devem ser prestadas
ao órgão estadual de meio ambiente e atualizadas a cada vinte e
quatro meses, ou em menor prazo, de acordo com o estabelecido
pelo próprio órgão.

De acordo com a referida Resolução 313/2002, o órgão estadual de meio


ambiente poderá incluir outras tipologias industriais, além das
relacionadas, de acordo com as especificidades e características de cada
Estado e as informações sobre as tipologias industriais incluídas deverão
ser repassadas ao IBAMA. As indústrias devem registrar mensalmente e
manter na unidade industrial os dados de geração e destinação desses
resíduos para efeito de obtenção das informações para o Inventário
Nacional dos Resíduos Industriais.

4.2 Entulhos da construção civil

★ Os entulhos
Entulhos ou caliças são os resíduos gerados pela construção civil. Possui
grande heterogeneidade, pois é constituído de restos de praticamente
todos os materiais de construção: argamassa, areia, cerâmicas, concretos,
madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, entre outros,
enquanto sua composição química está vinculada à composição de cada
um de seus constituintes.

A maior fração dos entulhos é formada por madeira, papel, plásticos e


metais, constituindo em um dos grandes problemas da administração
pública, uma vez que são gerados em grandes quantidades. A resolução
CONAMA Nº 307/2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão dos resíduos da construção civil. A classificação desses
resíduos é a seguinte, segunda a resolução mencionada:

• Classe A são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais


como:

1. De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e


de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;

2. De construção, demolição, reformas e reparos de edificações:


componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto;

3. De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas


em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos
canteiros de obras;
• Classe B – São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

• Classe C – São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas


tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

• Classe D – São os resíduos perigosos oriundos do processo de


construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles
contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros.

Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de


resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a
destinação final.

★ Importante

Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de


resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos
d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. Segundo a Resolução
CONAMA Nº 307/2002, os resíduos da construção civil deverão ser
destinados:

1. Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de


agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da
construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura; e-Tec Brasil 82 Gerenciamento de
Resíduos Aula 14 – Entulhos da Construção Civil 83 e-Tec Brasil.
2. Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a
áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

3. Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em


conformidade com as normas técnicas especificas.

4. Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e


destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.

Algumas empresas têm realizado com sucesso a reciclagem do entulho


utilizando-os em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário)
na forma de brita corrida ou ainda em misturas do resíduo com o solo.
Pode ser utilizado ainda como agregado ao concreto, diminuindo o uso de
areia e brita

4.3 Alternativas de disposição final dos resíduos

Muitas são as alternativas de disposição final de resíduos sólidos


existentes atualmente. Uma gestão ambiental eficiente deve abordar
diversas alternativas e escolher aquela que melhor se enquadre em seus
resíduos gerados.

Algumas vezes é necessário escolher mais que uma delas, uma vez que é
notória a diversidade de resíduos provenientes de determinado tipo de
produção.

★ Diferença entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário


Vejamos o interessante artigo sobre lixão x aterro publicado no site
www.lixo.com.br:

Um lixão é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma


preparação anterior do solo. Não tem nenhum sistema de tratamento de
efluentes líquidos – o chorume (líquido preto que escorre do lixo). Este
penetra pela terra levando substâncias contaminantes para o solo e para o
lençol freático. Moscas, pássaros e ratos convivem com o lixo livremente
no lixão a céu aberto e, pior ainda, crianças, adolescentes e adultos catam
comida e materiais recicláveis para vender. No lixão o lixo fica exposto
sem nenhum procedimento que evite as consequências ambientais e
sociais negativas.

Já o aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro


sanitário. Normalmente é uma célula adjacente ao lixão que foi
remediado, ou seja, que recebeu cobertura de argila e grama (idealmente
selado com manta impermeável para proteger a pilha da água de chuva) e
captação de chorume e gás. Esta célula adjacente é preparada para
receber resíduos com uma impermeabilização com manta e tem uma
operação que procura dar conta dos impactos negativos tais como a
cobertura diária da pilha de lixo com terra ou outro material disponível
como forração ou saibro. Tem também recirculação do chorume que é
coletado e levado para cima da pilha de lixo, diminuindo a sua absorção
pela terra ou eventualmente outro tipo de tratamento para o chorume
como uma estação de tratamento para este efluente.

Mas a disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos é o aterro


sanitário que antes de iniciar a disposição do lixo teve o terreno preparado
previamente com o nivelamento de terra e com o selamento da base com
argila e mantas de PVC, esta extremamente resistente. Dessa forma, com
essa impermeabilização do solo, o lençol freático não será contaminado
pelo chorume. Este é coletado através de drenos de PEAD, encaminhados
para o poço de acumulação de onde, nos seis primeiros meses de
operação é recirculado sobre a massa de lixo aterrada. Depois desses seis
meses, quando a vazão e os parâmetros já são adequados para
tratamento, o chorume acumulado será encaminhado para a estação de
tratamento de efluentes. A operação do aterro sanitário, assim como a do
aterro controlado prevê a cobertura diária do lixo, por isso, não ocorre a
proliferação de vetores como mau cheiro e poluição visual.

★ Importante

A Política Nacional de Resíduos Sólidos não permite mais a existência de


lixões a céu aberto e aterros controlados. É dever do município a coleta,
acondicionamento e disposição final de seus resíduos!

4.4 Aterro sanitário

Segundo IBAM (2001), o aterro sanitário é um método para disposição


final dos resíduos sólidos urbanos sobre terreno natural, através do seu
confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo,
segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ao meio
ambiente, em particular à saúde e à segurança pública.

O alto grau de urbanização das cidades, associado a uma ocupação


intensiva do solo, restringe a disponibilidade de áreas próximas aos locais
de geração de lixo devido às dimensões requeridas para se implantar um
aterro sanitário que atenda às necessidades dos municípios. A seleção de
uma área para servir de aterro sanitário à disposição final de resíduos
sólidos domiciliares deve atender aos critérios técnicos impostos pela
norma da ABNT: NBR 10.157, além de acolher as legislações Federal,
Estadual e Municipal.

Um aterro sanitário funciona como um biorreator em que fenômenos


biológicos de degradação dos resíduos podem processar-se em ambiente
anaeróbio ou parcialmente aeróbio. Após a disposição de resíduos num
aterro verificam- -se, sucessivamente, metabolismos aeróbios e,
sobretudo, anaeróbios. Com efeito, o oxigênio contido inicialmente na
massa de resíduos difunde-se pelas camadas superiores permitindo a
atividade aeróbia dos microrganismos. Esgotando-se o oxigênio, inicia-se a
fase anaeróbica, que será predominante (MOTA, 2000; RUSSO, 2005).

Os principais microrganismos decompositores existentes num aterro são


as bactérias. Através de processos anaeróbios, os compostos orgânicos
presentes nos resíduos são convertidos em biogás, que é uma mistura
formada principalmente de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) (45
a 60% e 40 a 60%, respectivamente) (RUSSO, 2005).

Os resíduos são recepcionados e pesados na entrada do aterro, e


espalhados para serem compactados ao solo com o objetivo de reduzir a
área que seria ocupada pelos resíduos a fim de prolongar a vida útil do
mesmo. Em seguida, é realizada uma cobertura com solo a fim de evitar
que os resíduos fiquem expostos a céu aberto e os animais, como urubus
e roedores, entrem em contato com os mesmos, formando uma célula. O
biogás formado deve ser recolhido para ser queimado ou utilizado como
fonte de energia.

Durante o processo de biodegradação dos resíduos, ocorre a geração de


lixiviados, que são a soma do chorume, precipitação atmosférica e
umidade natural dos resíduos. Seu tratamento, que deve ser realizado em
estações específicas, é responsável pelos custos elevados de manutenção
dos aterros sanitários. Os impactos ambientais estão entre as
desvantagens deste tipo de alternativa para destinação final, sejam
relativos ao solo, à água ou atmosfera.

Os aterros sanitários contribuem para a emissão global antropogênica de


metano para a atmosfera, um dos gases do efeito estufa. Além disso, o
mau cheiro causa depreciação imobiliária nas regiões adjacentes e,
dependendo da composição dos gases do biogás, como por exemplo, o
gás sulfídrico, podem provocar danos nas vegetações próximas e ser
tóxico aos operários do aterro (RUSSO, 2005).

A operação inadequada de aterros sanitários pode atrair insetos, roedores


e aves carniceiras, o que pode constituir um potencial risco à saúde
pública por atuarem como vetores de disseminação de doenças (SILVA,
2010; SILVA et al., 2011). Contaminações do lençol freático e de águas
superficiais também são comuns em aterros sanitários mal projetados,
levando a sérios problemas ecológicos (IBAM, 2001; RUSSO, 2005).

4.5 Vídeo – A importância do aterro sanitário

Quando falamos de aterro sanitário, muitas pessoas associam de forma


incorreta ao lixão.

O aterro sanitário é um dos processos mais utilizados no mundo todo para


o descarte adequado de resíduos.
Em um lixão, simplesmente os caminhões despejam o material coletado
diretamente no solo sem nem uma proteção.
Esse lixo fica descoberto atraindo animais vetores de doenças e causando
mau cheiro.

No entanto, um problema é o fato de o solo não ter nem uma proteção.


Todo esse lixo em decomposição gera um líquido chamado de chorume.

Ele polui o solo e as águas causando graves problemas ambientais além de


danos a saúde que podem durar por anos.
Já o aterro sanitário é instalado de forma que não prejudica a população
nem o meio ambiente.
Em municípios mais conscientes como Piracicaba, o aterro sanitário
também conta com TMB, tratamento mecânico e biológico.

Onde o resíduo é descarregado, passa por uma triagem mecânica e depois


por várias etapas de triagem.

Isso é necessário para separar aqueles materiais que não deveriam ir para
o aterro sanitário e um dos principais motivos disso é que as pessoas não
utilizam a coleta seletiva da cidade.
Após as triagens sobram apenas materiais úmidos que vão para o
biodigestor.
No biodigestor todo ar é eliminado para que as bactérias anaeróbicas
acelerem o processo de decomposição e diminuam o volume deste
resíduo.

O biodigestor é a etapa mais inovadora do processo proporcionando a


significativa redução do volume do resíduo acelerando a sua
decomposição e gerando biogás que pode ser captado para geração de
energia.
Esse material é retirado do biodigestor e encaminhado para as leiras onde
ficará por um tempo até estar em condições ideais para ser reaproveitado
ou quando não é possível ser destinado como rejeito no aterro sanitário.

Quando recebe este tratamento, o que segue encaminhado para o aterro,


trata-se apenas do rejeito que ocupará menos espaço e gerará menos
chorume.
Dentro do aterro esse resíduo é disposto de forma correta e sem poluir o
solo já que o aterro conta com camadas de proteção e dutos para destinar
o chorume para um local adequado.
Os gases gerados na decomposição do material são retirados por
tubulações para evitar explosões e são queimados antes de atingirem a
atmosfera para evitar a poluição do ar. Todo o processo de recebimento,
triagem, tratamento mecânico, biológico e encaminhamento do rejeito
para o aterro sanitário, chamamos de central de tratamento de resíduos
(CRT).

E a cidade de Piracicaba em parceria com a empresa Piracicaba Ambiental,


está implantando o CTR Palmeiras também chamado de Eco Parque com
as melhores tecnologias ambientais existentes.
Isso reduzirá os impactos ambientais além de atender as leis nacional e
estadual de resíduos sólidos que prevê que toda cidade deve extinguir os
lixões além de dar um destino correto para seus resíduos.
O município está fazendo sua parte, faça também a sua ajudando na
separação dos resíduos na sua casa, no trabalho e na escola e vamos
transformar a realidade dos resíduos de Piracicaba.

4.6 Incineradores e biodigestores

★ Incineradores

Incinerar, do latim incinerare, significa reduzir a cinzas, ou queimar


completamente. A incineração é um processo de queima, na presença de
excesso de oxigênio, desprendendo calor e gerando cinzas. Segundo Mota
(2000), a queima dos RSU proporciona grande redução do peso (cerca de
85%) e do volume original (quase 95%).

Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a


25% acima das necessidades de queima dos resíduos. Em grandes linhas,
um incinerador é um equipamento composto por duas câmaras de
combustão onde, na primeira, os resíduos, sólidos e líquidos, são
queimados entre 800 e 1.000°C, com excesso de oxigênio e transformados
em gases, cinzas e escória.

Na segunda câmara, os gases provenientes da combustão inicial são


queimados a temperaturas na ordem de 1.200 a 1.400°C. Os gases da
combustão secundária são rapidamente resfriados para evitar a
recomposição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e, em seguida,
tratados em lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos, que são
equipamentos de purificação gasosa, antes de serem lançados na
atmosfera através de uma chaminé (IBAM, 2001).

Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para fundir


e volatilizar os metais, estes se misturam às cinzas. Para os resíduos
tóxicos contendo cloro, fósforo ou enxofre, além de necessitar maior
permanência dos gases na câmara, são precisos sofisticados sistemas de
tratamento para que estes possam ser lançados na atmosfera.

O processo de incineração é recomendado para resíduos combustíveis.


Não apresenta vantagem para materiais como vidros e metais. Para
resíduos orgânicos, não é interessante sob o ponto de vista energético,
pois devido ao elevado teor de água, possuem baixo poder calorífico. É
altamente recomendado para resíduos de saúde, pois é eficiente para
eliminação de organismos patogênicos (MOTA, 2000).

A queima dos resíduos em incineradores pode ser aproveitada para


produção de energia. Uma tonelada de RSU equivale a aproximadamente
200 kg de carvão ou 250 kg de combustível. Existe ainda o
coprocessamento ou coincineração de resíduos perigosos em fornos de
fabricação de clínquer e é considerado como um subprocesso de
produção de cimento. Neste processo, os RS entram em substituição ao
combustível, ou até mesmo como parte da matéria-prima.
Antes de submeter os resíduos aos fornos de clínquer, eles devem ser
submetidos à alguns tratamentos, para não produzirem efeitos nocivos ao
cimento produzido ou ao meio ambiente. Entre as desvantagens da
incineração, além do alto custo de uma unidade, está a geração de gases
efluentes, que carregam grandes quantidades de substâncias em
concentrações muito acima dos limites permitidos pela legislação, como
as dioxinas e furanos.

★ Biogestores

A decomposição anaeróbia, ou a biodegradação de matéria orgânica, pela


ação de bactérias na ausência de oxigênio presentes nos RSU forma o
biogás. Esse processo também ocorre de forma natural em pântanos,
mangues, lagos e rios e é uma parte importante do ciclo biogeoquímico do
carbono (MOTA, 2000). A produção de biogás também é possível a partir
de diversos resíduos orgânicos, como estercos de animais, lodo de esgoto,
resíduos agrícolas, efluentes industriais, entre outros.

Quando a digestão anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente


planejados, a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível,
o qual é uma alternativa para a disposição dos resíduos orgânicos.
Segundo Oliveira (2000), de um modo geral, o biogás tem como
vantagens:

• Fácil implementação em propriedades rurais;


• Permite utilização para geração de energia ou como combustível
doméstico, em substituição ao gás liquefeito de petróleo.
• É uma fonte de energia renovável;
• Em condições ótimas de queima, a produção de gases tóxicos é mínima.

Como desvantagem cita-se que o teor de metano na mistura gasosa


encontra-se na faixa de 60%, o que resulta em baixo calor calorífico
quando comparado a outros gases. Também, o tempo de residência dos
resíduos dentro do biodigestor é alto, superior a 60 dias para a completa
bioestabilização (MOTA, 2000).

O biogás é um gás mais leve que o ar e de baixa densidade. E,


contrariamente ao butano e ao propano, ele suscita menores riscos de
explosão na medida em que a sua acumulação se torna mais difícil. Por
outro lado, a sua fraca densidade implica que este ocupe um volume
significativo e de baixa liquefação, o que lhe confere algumas
desvantagens em termos de transporte e utilização (CETESB, 2008).
Apesar do processo de biodigestão anaeróbica ser conhecido a longos
tempos, só mais recentemente é que tem sido desenvolvido
mundialmente.

A China tem sido o país que mais desenvolveu o biogás no âmbito rural,
visando atender principalmente a energia para cozimento e iluminação
doméstica. A Índia também tem utilizado uma larga faixa de biodigestores,
possuindo um total de 150 mil unidades instaladas (SILVA, 2008). Um
biodigestor compõe-se, basicamente, de uma câmara fechada na qual a
biomassa é digerida anaerobicamente e, como resultado, ocorre a
formação de biogás e a produção de biofertilizante, que pode ser utilizada
na agricultura.

A decomposição bacteriana de matéria orgânica segundo Brock (1991),


sob condições anaeróbicas é realizada, em geral, em três fases:

• Hidrólise: as bactérias presentes nos resíduos liberam enzimas


extracelulares as quais irão promover a hidrólise das partículas e
transformar as moléculas maiores em moléculas menores e solúveis ao
meio.

• Fase Ácida: nesta fase, as bactérias produtoras de ácidos transformam


moléculas de proteínas, gorduras e carboidratos em ácidos orgânicos
(ácido láctico, ácido butílico), etanol, amônia, hidrogênio e dióxido de
carbono e outros.

• Fase Metanogênica: as bactérias metanogênicas atuam sobre o


hidrogênio e o dióxido de carbono, transformando-os em metanol. Esta
fase limita a velocidade da cadeia de reações devido, principalmente, à
formação de microbolhas de metano e dióxido de carbono em torno da
bactéria, isolando-a do contato direto com a mistura em digestão.

Outra vantagem do uso de biodigestores está relacionada ao Mercado de


Crédito de Carbono.

4.7 Compostagem

O que é Compostagem

Segundo Pereira Neto (1996), compostagem é um processo biológico,


aeróbio e controlado, de transformação de resíduos orgânicos em húmus,
que também é conhecido como composto, oriundo do resultado da
decomposição por diversas espécies de microrganismos.

Dessa degradação da matéria orgânica, em ambiente aeróbio, tem-se


como resultado a formação de dióxido de carbono, água, minerais e o
composto estabilizado. Segundo IPT-CEMPRE (2000), essa biodegradação
reduz o volume e o peso iniciais de resíduos entre 20 e 30%. O processo
de compostagem pode ser dividido basicamente em três fases principais.
A primeira é conhecida como fitotóxica e inicia-se após cerca de 48 horas
de montagem da leira de compostagem. Caracteriza-se pela formação de
ácidos orgânicos devido à decomposição aeróbia por microrganismos,
com desprendimento de calor, em temperatura que pode chegar a 70ºC.
A duração é de aproximadamente 15 dias. Em seguida, inicia-se a fase de
bioestabilização do composto, ou semicura, que dura entre 60 e 90 dias.
Devido à temperatura e condições ambientais que favorecem aos
decompositores, nestas duas fases, boa parte dos microrganismos
patogênicos são eliminados (BRUNI, 2005). A última refere-se à maturação
ou humificação, onde ocorre a mineralização que é o estado final da
degradação da matéria orgânica, durando em média, cerca de 30 dias
(PEREIRA NETO, 1996).

Entre os benefícios da compostagem destacam-se a redução da


quantidade de resíduos que seriam enviados ao aterro sanitário, a
eliminação natural de patógenos, e a produção de composto que pode ser
utilizada para melhorar a estrutura do solo, seja de aplicação agrícola ou
em recuperação de áreas degradadas (PEREIRA NETO, 1996; IPT-CEMPRE,
2000; SILVA 2010).

Entre os fatores que influenciam no processo de compostagem estão a


umidade, a temperatura, a oxigenação, o pH, o tamanho das partículas e a
concentração de nutrientes (carbono/nitrogênio – C:N). A umidade é
importante na biodegradação da matéria orgânica por apresentar cerca de
50% de seu peso e/ou volume. Estudos demonstram que uma umidade
acima de 60%, pode gerar anaerobiose, causando desenvolvimento de
maus odores.

No entanto, abaixo de 40% o tempo de biodegradação pode ser menor,


devido a uma menor atividade microbiológica. Para compensar o excesso
de umidade, pode-se juntar à mistura palhas secas e podas vegetal (IPT-
CEMPRE, 2000; BRUNI, 2005; SILVA, 2010). A temperatura é importante
para a eficiência da compostagem. O valor da temperatura varia conforme
a fase em que se apresenta o processo da decomposição dos resíduos
orgânicos.
A temperatura aumenta nas primeiras 24 horas, mantendo-se constante
no período de bioestabilização ou degradação ativa, e decaindo durante a
fase de maturação.

A concentração de oxigênio, umidade, granulometria e relação


carbono/nitrogênio pode influenciar na temperatura durante o processo
de compostagem (PEREIRA NETO, 1996; BRUNI, 2005). A aeração,
especialmente nos casos de compostagem sob aeração forçada, é um dos
parâmetros essenciais para a diminuição do tempo de biodegradação.
Pereira Neto (1996) relata que, em caso de compostagem natural em
leiras, a aeração é obtida através do revolvimento, que pode ser feita a
cada três ou quatro dias. Já para os processos com aeração forçada, o
oxigênio é fornecido por motores insufladores. Os sólidos voláteis são a
matéria orgânica perdida durante a combustão e medida antes e depois
da compostagem.

O pH da mistura deve ser monitorado. Segundo Bruni (2005), inicialmente


o pH é baixo devido à formação de ácidos orgânicos, depois torna-se
alcalino. Ao final do processo, o composto orgânico apresenta,
normalmente, pH entre 7,5 e 9,0.

A granulometria é um fator importante, pois resulta em uma massa mais


homogênea e melhor porosidade, com tamanho de partícula
recomendado entre 1 e 4 cm. No entanto, partículas muito pequenas
podem dificultar a aeração e atrasar o processo de formação do composto
bioestabilizado.

Entre os parâmetros comumente utilizados para uma boa compostagem


está a relação Carbono/Nitrogênio (C:N). O carbono fornece energia para
as atividades dos microrganismos, enquanto o nitrogênio é fonte para a
reprodução protoplasmática.
Pereira Neto (1996) apresenta 30:1 como valores ótimos para C:N à
compostagem e para o composto bioestabilizado entre 8:1 e 12:1. Uma
relação C:N inicial elevada, em torno de 60 a 80:1 fará com que o tempo
de compostagem seja maior, devido à deficiência de nitrogênio para os
microorganismos, enquanto o carbono será eliminado na forma de gás
carbônico e, por outro lado, para uma relação inicial baixa, em torno de
6:1, os microorganismos eliminarão o nitrogênio na forma de amônia, que
pode ser identificada pelo aparecimento de odores característicos. Os
microrganismos presentes no processo de compostagem estão
diretamente relacionados com estes fatores apresentados.

Na primeira fase predominam as bactérias e fungos mesófilos, com


temperatura ótima de crescimento por volta de 35º C. Já com o aumento
da temperatura, os microrganismos termófilos, como os actinomicetos,
bactérias e fungos são os predominantes, voltando aos mesófilos no final
do processo, juntando-se a estes outros organismos, como os
protozoários, nematóides e inúmeros insetos (PEREIRA NETO, 1996;
BRUNI, 2005).

★ Métodos de compostagem

Entre os principais métodos de compostagem destacam-se o natural, ou


estático, e a acelerada, ou dinâmica.

Na compostagem natural o processo ocorre ao ar livre e os resíduos


orgânicos, após serem fragmentados em moinho de martelos, são
colocados em montes, denominados leiras, onde permanece até a
bioestabilização da massa orgânica. As leiras são normalmente piramidais
ou cônicas de aproximadamente 1,5 a 2,0 m de altura e 3 m de largura de
base e devem ser periodicamente reviradas.

O pátio de leiras de uma usina deve ser plano e bem compactado e, se


possível, pavimentado, de preferência com asfalto e possuir declividade
suficiente, em média de 2% para escoamento das águas pluviais e do
chorume produzido durante a compostagem. Esses efluentes, que em
leiras bem manejadas são produzidos em pequenas quantidades, devem
receber tratamento sanitário, como, por exemplo, em lagoa de
estabilização.

O tempo total para a bioestabilização e maturação do composto beira aos


120 dias (PEREIRA NETO, 1996; IPT-CEMPRE, 2000; SILVA 2010). Uma das
grandes vantagens do processo de compostagem, além do tempo do uso
da área do mesmo ser indeterminada, o que é contrário dos aterros
sanitários, refere-se ao composto bioestabilizado.

★ Importante

O composto orgânico produzido tem como principal característica a


presença de húmus O húmus é a matéria orgânica homogênea e
bioestabilizada, de cor escura e rica em partículas coloidais que, quando
aplicada ao solo, melhora suas características físicas para uso agrícola. O
composto torna o solo poroso, permitindo a aeração das raízes, retenção
de água e dos nutrientes.

Os nutrientes minerais podem chegar a 6% em peso do composto e


incluem o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e ferro, que são
absorvidos pelas raízes das plantas. O composto orgânico pode ser
utilizado em qualquer tipo de cultura associado ou não a fertilizantes
químicos. Pode ser utilizado para corrigir a acidez do solo e recuperar
áreas erodidas (IBAM, 2001).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento dispôs em sua


Instrução Normativa nº 25 de 23 de julho de 2009 as definições e normas
sobre as especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro, a
embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos,
compostos, organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura.
Em seu anexo I, capítulo II, a Instrução Normativa classifica a matéria-
prima na produção dos fertilizantes orgânicos:

1. Classe “A”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza


matéria-prima de origem vegetal, animal ou de processamentos da
agroindústria, onde não sejam utilizados, no processo, metais
pesados tóxicos, elementos ou compostos orgânicos sintéticos
potencialmente tóxicos, resultando em produto de utilização segura
na agricultura;

2. Classe “B”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza


matéria-prima oriunda de processamento da atividade industrial ou
da agroindústria, onde metais pesados tóxicos, elementos ou
compostos orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos são
utilizados no processo, resultando em produto de utilização segura
na agricultura;

3. Classe “C”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza


qualquer quantidade de matéria-prima oriunda de lixo domiciliar,
resultando em produto de utilização segura na agricultura; e

4. Classe “D”: fertilizante orgânico que, em sua produção, utiliza


qualquer quantidade de matéria-prima oriunda do tratamento de
despejos sanitários, resultando em produto de utilização segura na
agricultura.

Outro método de compostagem utilizado é o chamado acelerado. Neste


método de compostagem utiliza-se ar forçado ou mistura de nutrientes e
enzimas para acelerar o processo de biodegradação da matéria orgânica,
diminuindo bastante o tempo de biodegradação desses resíduos (SILVA,
2010). A compostagem é um processo aeróbio de biodegradação da
matéria orgânica.

4.8 Vermicompostagem

A vermicompostagem é uma tecnologia na qual se utilizam as minhocas


para digerir a matéria orgânica, provocando sua degradação. As minhocas
são vermes, daí o processo receber o nome em inglês de
vermicomposting, originando em português o neologismo
vermicompostagem.

A compostagem de resíduos orgânicos empregando as minhocas para sua


decomposição é uma prática que se tem mostrado tecnicamente
competitiva com o processo de compostagem convencional, todavia,
oferece a desvantagem de exigir mais mão de obra, usar material
triturado e necessitar maiores áreas, uma vez que as pilhas de resíduos
em processo de decomposição, serão mais baixas para não se aquecerem
demasiadamente; calcula-se que são necessários perto de 100.000m2 de
pátio para uma produção de 100 toneladas de composto por dia (KIEHL,
1985).

★ Diferenças entre compostagem e vermicompostagem

Ainda segundo Kihel (1985), composto é todo material orgânico


decomposto por microrganismos, sem o auxílio das minhocas, que pode
ser utilizado como adubo.

Vermicomposto: é todo material decomposto por microrganismos e com o


auxílio das minhocas e que pode ser utilizado como adubo.
★ Vantagens do composto e do vermicomposto

• Pode-se utilizar para fermentação qualquer material decomponível.


• Pode ser feito tanto para fins domésticos como industriais.
• Origina um produto final de ótima qualidade.
• Quando aplicado ao solo, confere melhorias no pH e na liberação de
nutrientes para as culturas, como afofam a terra permitindo o
aprofundamento das raízes das plantas.
• Mão de obra de baixo custo.
• Permite o aproveitamento dos resíduos excedentes na propriedade
rural, promove a aproximação do homem com a natureza e o insere na
educação ecológica, mesmo residindo no meio rural.

★ Vantagens do vermicomposto em relação ao composto

• Promove, geralmente, a formação de um material mais rico em


nutrientes.
• Facilita a peneiragem ou tamisamento, devido às minhocas trabalharem
tanto no sentido vertical como horizontal, reduzindo a densidade do
produto.
• Não há necessidade de revolvimento do material.
• Permite a continuação da vermicompostagem sem a necessidade de
aquisição de mais minhocas.
• Oferece várias fontes de renda na venda de húmus, minhocas e ração.
• Em espaço pequeno, é possível se obter uma considerável quantidade
de húmus, bem como minhocas.
• Quando aplicado no solo, além de melhorar as propriedades químicas e
físicas, prepara o solo biologicamente para que as minhocas nativas ali
permaneçam.

Você também pode gostar