Resumos 1º Teste
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Internacional
Público
Carolina Pereira Roriz
Licenciatura em Direito – 2º ano
2022/2023
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A - Introdução
I. Noções gerais
1. A Sociedade Internacional
O Direito Internacional serve para disciplinar a sociedade internacional, através de um conjunto de normas e
princípios jurídicos reguladores das relações internacionais entre os membros ou sujeitos desta mesma sociedade.
Esta sociedade internacional não é uma comunidade global, existe sempre competição, concorrência e disputa de
interesses. Deve ter-se aqui em conta uma lógica realista.
É formada, essencialmente, por Estados, embora intervenham também nas relações internacionais, admitidos
pelos Estados, outras entidades coletivas, como organizações internacionais, associações de Estados e os próprios
indivíduos.
Ao Estado cabe o papel principal, uma vez que é por iniciativa deste, ou com o seu assentimento, que outras
entidades participam nas relações internacionais, o que não lhes retira a qualidade de sujeito do Direito
Internacional, embora com uma natureza diferente.
Os indivíduos não cooperam diretamente com os demais sujeitos na formação das normas do Direito
Internacional – sujeitos passivos, aparecendo mediatizados pelo Estado ou por outro ente jurídico internacional.
Não existe, na sociedade internacional um sistema que se imponha aos seus membros, assegurando, por via
coerciva, a realização dos interesses comuns. Em suma, na sociedade internacional, não há legislador, não há juiz,
não há polícia.
Assim, o DIP visa disciplinar uma realidade que depende da vontade dos sujeitos, os Estados. Estamos entre duas
perspetivas a este respeito:
Multilateralismo, segundo o qual existem vários tratados, organizações internacionais, a NATO, a ONU e a
UE. Passamos da Sociedade das Nações para a ONU, onde prevalece a igualdade formal na assembleia,
embora com alguns avanços e recuos.
Unilateralismo, segundo o qual existe uma certa competição entre os Estados, em detrimento do
multilateralismo. Os Estados acentuam as suas tendências hegemónicas (EUA, China). Os Estados munem-
se de um mecanismo chamado Lawfare, de modo a condicionar a criação do Direito e de instrumentos
jurídicos não vinculativos na ONU como arma para alcançar uma finalidade político-social.
Isto não significa, porém, a ausência completa de disciplina na convivência que decorre na sociedade e inexistência
de ordem social internacional.
Conforme se verifica, além do Direito Natural, na sociedade internacional vigoram normas de moral, costumes
ou usos sociais e normas jurídicas positivas.
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DIP – Carolina Roriz
A moral internacional é o capítulo da moral social que determina os deveres do homem como membro da
sociedade internacional. A sua função é de extrema importância, (dada a tal inorganização da sociedade
internacional de que se falou), revestindo particular relevância as normas que definem os deveres dos governantes
na condução das relações internacionais.
Os usos sociais, cujo conjunto forma a Comitas Gentium, são praxes que correspondem às regras de cortesia ou
trato social nas relações entre indivíduos.
(ex: honras e homenagens que são prestadas aos agentes diplomáticos, etc.)
À semelhança da moral, a Comitas Gentium facilita a convivência internacional e pode contribuir para a
formação de normas consuetudinárias, auxiliando assim o progresso da disciplina jurídica das relações
internacionais.
A doutrina mais antiga defende este como sendo o Direito regulador das relações entre Estados. Este conceito é,
no entanto, obsoleto, uma vez que, conforme vimos, a sociedade internacional não é unicamente constituída por
Estados. Daí, o objeto do Direito Internacional não é apenas formado por relações interestaduais, mas sim
relações sociais internacionais dos mais diversos tipos (económica, política, militar, cultural, social, etc.) que as
comunidades jurídicas soberanas estabelecem entre si e com os indivíduos.
Se recorrermos à história, percebemos que o Direito Internacional surgiu como Ius Gentium, o direito das
gentes/dos povos, que se baseia na aplicação do direito romano aos estrangeiros, no contexto do Império
Romano. Este continuava a ser um direito interno do império, um ramo desse mesmo direito, aplicável aos
estrangeiros (perigrini) Acabou com o Édito de Caracala, que concedeu a cidadania romana a todos os habitantes
do Império.
Mais tarde, surge a ideia do Ius Inter Gentes, o conjunto de convenções, tratados e acordos internacionais ao qual
Kant faz referência na sua obra, defendendo o Direito Internacional como um direito interestatal, ao contrário do
que acontecia no Império Romano. Por se fundar no Direito Natural, impunha-se a toda a humanidade, era
constituído por normas de obrigatoriedade universal.
Bentham, no século XVIII, numa tentativa de melhor exprimir o carácter deste Direito, como disciplina que
normalmente tem por destinatários coletividades e não indivíduos, adotou a expressão Internacional Law que,
traduzida para as diversas línguas, rapidamente se generalizou.
Por sua vez, o Barão de Taube, atendendo a que, além dos Estados, participavam na vida internacional outras
entidades coletivas propõe a designação Ius Inter Potestates.
A verdade é que, para além de existirem outras entidades que não os Estados, de facto, uma definição concebida
na base das relações entre os Estados ignora normas de Direito Internacional que vêm regular situações verificáveis
no interior de cada Estado e que nada têm a ver com as relações entre Estados. Dá-nos, portanto uma conceção
estreita e redutora do que seja o Direito Internacional.
O ponto comum entre todos os autores é admitirem a existência de coletividades jurídicas soberanas que se
relacionam entre si e que criam Direito Positivo pela vida da cooperação.
A designação mais utilizada é a de Direito Internacional Público. Mas esta denominação, mesmo atualmente, não
se encontra isenta de críticas. Truyol Y Serra aponta-lhe o defeito de “servir muy imperfectamente para concretizar
la rama del derecho a la cual se aplica”.
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DIP – Carolina Roriz
Procurando uma definição, o Direito Internacional, em sentido amplo, seria aquele conjunto de normas que
regulam as relações entre os Estados e outras comunidades soberanas, enquanto o Direito Internacional, em
sentido estrito, regularia outras realidades jurídicas internacionais, ou seja, as relações entre comunidades jurídicas
soberanas e os indivíduos. Deste modo, o Direito Internacional Público deve ser definido como um conjunto de
normas e princípios jurídicos reguladores das relações internacionais entre os membros ou sujeitos da
comunidade internacional. (Wladimir Brito)
Faz-se notar que, regra geral, as doutrinas que negam o DI, embora aceitem a existência desse Direito, não
reconhecem o caráter jurídico das suas normas. Nesta corrente, de cariz jusnaturalista, a doutrina admite a
existência do DI, aceitando a normatividade internacional, mas entende que esta tem a natureza de uma moral
internacional.
Hobbes talvez seja o autor mais paradigmático desta linha de pensamento. Mas, ainda depois da Revolução
Francesa, ao mesmo tempo que emerge o Estado de Direito na ordem interna, continua-se a contestar ou a
secundarizar o Direito Internacional.
Thomas Hobbes, numa lógica de jusnaturalismo radical, no seu célebre Leviathan afirma que os Estados vivem
ainda num Estado de natureza isentos da subordinação a qualquer poder superior. Não se poderia, logo, aplicar
Direito positivo às suas relações mútuas, uma vez que este só pode ser definido por uma autoridade superior aos
destinatários das suas normas.
Para Austin, o direito não pode deixar de ser um mandato de um superior cujos destinatários são os súbditos, nem
pode haver direito sem que haja um legislador e um poder capaz de impor a norma. Daí que não havendo na
sociedade internacional um superior o direito internacional não possa ter caráter jurídico.
Hegel defende que um verdadeiro direito deve ter na sua base um poder estatal.
Invocam a ideia do niilismo jurídico e do facto do DIP ser uma política de força sem caráter jurídico. Consideram
o Estado como a organização humana suprema, que detém força e negam a viabilidade da sua subordinação a
regras imperativas.
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DIP – Carolina Roriz
As doutrinas que assinalam a imperfeição do DI constituem a transição para o reconhecimento do DI como ramo
jurídico.
Zitelmann considera o Direito Internacional Direito imperfeito, uma vez que este comporta 5 defeitos capitais
quando comparado com o Direito estatal:
1. Número reduzido de matérias que são seu objeto;
2. Insegurança de muitos dos seus preceitos;
3. Grande número de cláusulas que restringem o campo de aplicação das suas normas;
4. Admissão do direito de represália;
5. Guerra como processo de proteção e defesa dos interesses.
Quanto a estas críticas, que contam com 101 anos, já não se adequam, em larga medida, à sociedade atual. Por
exemplo, ignoram a proibição do recurso à guerra patente no pacto de Briand-Kellog de 1928 e na própria Carta
das Nações Unidas, assim como o facto de hoje em dia o Direito Internacional abranger um número vasto de
matérias.
Apesar de distintas pela orientação filosófica, todas as doutrinas que negam a existência do Direito Internacional
partem de uma premissa comum: a ordenação jurídica de um grupo social só pode fazer-se por intermédio de uma
autoridade – apenas reconhecem Direito de subordinação.
Deste facto resulta a violação repetida do DI e ainda a incerteza e insegurança desse direito, cuja aplicação não se
encontra originariamente garantida de forma eficaz, sendo este um dos principais defeitos do DI, que leva autores
a negarem a natureza jurídica das suas normas.
É claro que a sociedade internacional fez esforços no sentido de se dotar de certos órgãos centrais, surgindo
organismos internacionais, a princípio com grande resistência dos Estados. Mais tarde vão surgir a SDN e a ONU,
mas ainda com largas dificuldades em exercer plenamente as suas funções.
Paul Reter diz que a comunidade internacional é uma justaposição de Estados, com as suas ordens jurídicas
internas, que não podem estar submetidos a um poder político superior, tornando-se necessário um equilíbrio de
forças. Para além da coordenação para a produção das normas jurídicas (tratados e convenções), é também
necessária essa coordenação de vontades para que tais normas sejam aplicadas, dado que os destinatários delas são
os Estados (que as produzem).
Mas se nos lembrarmos que os Estados têm as suas ordens jurídicas próprias, vamos constatar que o DI e essas
ordens jurídicas se sobrepõem. Daqui resulta que se impõe determinar como fazer a coordenação dos imperativos
do direito internacional com os das várias ordens jurídicas estaduais.
Assim, podemos dizer que a coordenação e a sobreposição são duas características do DI que decorrem da
própria estrutura da sociedade internacional.
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DIP – Carolina Roriz
Indissociável deste problema de negação mostra-se o do fundamento do Direito Internacional. O DIP não é
opcional.
Tende a definir o Direito através da estatalidade e da coercibilidade, não se afastando muito do hegelianismo. Não
havendo na ordem internacional “nem legislador, nem juiz, nem polícia”, o Direito Internacional não seria
verdadeiro Direito ou, a sê-lo, não passaria de um Direito estatal externo.
Há teorias, sob influência positivista, da autolimitação do poder do Estado (Jellinek). Já se aceita a validade do
Direito Internacional, mas ele decorre de expressões de vontade. Deste modo, um Estado só pode vincular-se a
um direito externo na medida em que entenda que deva vincular-se ao mesmo, ou seja, segundo a sua vontade.
Termos normas que vinculam Estados sem eles terem concordado seria insustentável. Em suma, o Direito
Internacional reconduz-se à vontade do Estado que decide definir os limites da sua ação.
É evidente que esta teoria pouco explica, pois, o Estado que se autolimita pode também autolibertar-se das
obrigações assumidas visto ser, quer num caso, quer no outro, sempre a sua vontade que decide soberanamente.
Von Trieppel, por sua vez, fundamenta a sua teoria na vontade comum dos Estados (distingue-se dos contratos
por ser um acordo coletivo, com uma verdadeira união de vontades, em que existe cooperação em vez de
contraposição). O ponto fraco desta teoria é não atribuir ao Direito Internacional um fundamento objetivo
independente da vontade do Estados.
Os normativistas (não voluntaristas) como Kelsen fundamentam a obrigatoriedade do DIP com a norma de
caráter hipotético, hierarquicamente superior – Grundnorm, não com a vontade. É esta Grundnorm que vai
condicionar toda a unidade do sistema, constituído por uma pluralidade de normas, cuja validade é por ela
conferida. Na ordem jurídica internacional acontece o mesmo, dado que as normas internacionais só podem ser,
na opinião de Kelsen, normas jurídicas se e quando integrarem o sistema.
Olha para a questão da obrigatoriedade do DIP a partir do Direito Natural, cuja defesa renasce com a crise do
positivismo.
A lógica da vivência em sociedade, da ordem social, pautada pela autoridade, visando o interesse do grupo remete-
nos para a união à base de um sentimento que assenta nos princípios do Direito Natural: Honeste Vivere +
Neminem Laedere + Unique Suum Tribuere = Pacta Sunt Servanda.
Assim, segundo Verdross, o Direito Internacional vai ter o seu fundamento nos princípios de direito natural,
próprios da comunidade internacional.
É da própria natureza do pensamento humano deduzirmos estes pensamentos de direito natural, ficando para o
direito positivo as três tarefas de organizar, desenvolver e concretizar estes princípios.
São três princípios flexíveis que se conseguem adaptar através da sua concretização no direito positivo. Cada tipo
de sociedade ao longo da história teve uma diferente consagração destes três princípios. São a condensação das
regras da moral e da justiça sem as quais uma sociedade humana não pode existir, daí a lógica da obrigatoriedade.
São elas:
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DIP – Carolina Roriz
1. Sistema complexo e diferenciado de fontes, com realce especial do costume e do tratado, diferentemente do
direito interno, em que a lei assume o papel principal.
3. Diversificação do âmbito das normas – com normas abrangendo todos os Estados e entidades afins e normas
abrangendo somente sujeitos em relações específicas entre si ou apenas categorias de sujeitos.
4. Em muitas áreas, não tanto incompletude quanto menor densidade das regras.
Ao passo que no direito estatal, os sujeitos com capacidade plena são as pessoas singulares, no DI são os Estados
(soberanos) e os indivíduos só são sujeitos, e limitadamente, verificados certos pressupostos.
Enquanto no Âmbito interno existe uma multiplicidade imensa de sujeitos e de categorias de sujeitos (pessoas
singulares e coletivas, de direito público e de direito privado, com as subdistinções conhecidas) a nível
internacional, afora os indivíduos, o número de sujeitos é reduzido e o aparecimento de novas categorias depende
de condicionalismos históricos precisos.
Enquanto em direito interno os indivíduos, além de juridicamente iguais, se encontram condicionados por uma
inelutável igualdade biológica, em DI os Estados, apesar de juridicamente iguais, estão condicionados nas suas
relações pela não menos inultrapassável desigualdade de dimensões e poderio, com consequências de facto e de
direito.
6. Dependência, em larga medida, de órgãos do Direito interno para a execução das suas normas.
7. Domínio quase completo, nos atos jurídico-normativos, das manifestações de vontade funcional e normativa
(dos órgãos de entidades coletivas), em detrimento das manifestações de vontade psicológica.
8. Prevalência ainda das formas de responsabilidade coletiva sobre as formas de responsabilidade individual –
quando um Estado comete um facto internacionalmente ilícito é culpado e responde como um todo; no direito
interno, quando cometemos uma ilicitude, respondemos individualmente. A responsabilidade individual é
recente no DIP, estando presente apenas nos casos de direito penal internacional.
9. Apesar de desenvolvimentos recentes, ainda pequeno número de tribunais internacionais e alguns com
poderes efetivos relativamente pequenos.
10. Reduzido significado das sanções ou dependência da sua aplicação de fatores extrajurídicos.
O direito internacional aparece, portanto como fruto dessa pluralidade, ou seja, como fenómeno histórico-
sociológico, que surge e se desenvolve no tempo para dar resposta à necessidade de cooperação interestatal
primeiro e, em seguida, à da cooperação intergrupal.
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DIP – Carolina Roriz
2. A Soberania
A soberania é um conceito inerente ao direito e torna-se necessário analisá-lo para entender o seu papel nas
relações internacionais.
A palavra soberania foi posta em voga no século XVI por Jean Bodin no seu célebre tratado Les Livres De La
République, 1576. Até esse século, a ideia de soberania vai evoluindo no quadro de uma realidade social europeia
marcada por crises várias.
Para Bodin, a soberania estatal é o poder supremo sobre os cidadãos e súbditos e independente das leis positivas.
Contudo, tal poder encontra-se ainda vinculado ao direito divino, existindo uma certa dependência face ao poder
da Igreja. É apenas com o Renascimento que se vem proclamar a autonomia da esfera política face a outras.
No desenvolvimento do seu pensamento, Bodin define a soberania como “aquele poder absoluto e perpétuo que
é próprio do Estado”. Sendo a soberania “o poder que acima de si e afora Deus, não admite outro e que, por
natureza, é em si mesmo ilimitado e permanente”, o Monarca é detentor de um poder supremo que nenhum outro
Estado ou entidade pode limitar.
A soberania é aceite até ao séc. XIX como poder absoluto e ilimitado. Foi o que levou autores como Hegel a
defender que o Estado não pode reconhecer nenhum outro ordenamento jurídico superior.
A certa altura, o conceito de soberania absoluta aqui apresentado começa a revelar-se como algo de ultrapassado,
por ser incompatível com a rede de dependências internacionais. Em lugar desse conceito, surge outro mais
adequado à realidade nacional e internacional: o de soberania relativa.
Com esta evolução é restabelecida a compatibilidade entre o Direito Internacional e a soberania, sem que esta
deixe de produzir efeitos e de exprimir um mínimo de poder dos Estados.
Agora, a soberania, embora continue a revelar a ideia de que os Estados não podem, sem seu consentimento, ser
submetidos a autoridade superior, o que significa que a obediência às normas internacionais ainda continua a
depender da aceitação voluntária de cada Estado, o ponto é que já não é mais possível aos Estados negarem
impunemente o Direito Internacional, nem arvorarem o seu voluntarismo como condição da existência e de
aceitação das normas daquele direito.
Outro fator que fundamenta sociologicamente o Direito Internacional são as relações económicas internacionais.
A verdade é que os Estados não podem viver isoladamente e, por isso mesmo, entram em relações económicas
de natureza diversa.
Durante muito tempo, essas relações foram predominantemente comerciais e delas resultavam outras, com o
desenvolvimento económico das nações, essas relações comerciais tornaram-se mais complexas, evoluindo para
um tipo de natureza plurifacetada a que podemos chamar relações económicas internacionais e em que se incluem
relações comerciais, industriais, financeiras, etc. Desta evolução foi-se constituindo uma comunidade internacional
onde existe uma forte interdependência.
As relações comerciais, primeiro, e as económicas lato sensu em seguida, exigiram a edificação de uma ordem
jurídico-internacional concreta reguladora da vida internacional e contribuíram decisivamente para a cooperação
no quadro dessa mesma ordem. Assim, tais relações constituem um importante fundamento do DI, verdadeiro
subsolo desse direito que assegura a efetividade da vida dos povos.
4. Guerra
Acontece que as relações internacionais foram desde sempre perturbadas por guerras, o que levou à necessidade
da existência de normas sobre o uso da força. A I Grande Guerra gera a consciência da necessidade da paz e de
se encontrar instituições capazes de garantir a cooperação entre povos e Estados. A ideia das Organizações
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DIP – Carolina Roriz
Internacionais nasce, acabando por dar origem á Sociedade das Nações – SDN. A partir desta, outras vão surgindo
e com elas normas de DI positivo, reguladoras da sua atividade na comunidade internacional.
É inegável que existem princípios jurídicos que possuem aceitação unânime, são historicamente objetivados e são
progressivamente introduzidos na consciência jurídica dos povos, para serem recebidos nos textos legais.
Os princípios jurídicos não só pertencem à ordem jurídica positiva, como exercem uma função jurídica positiva
ou negativa, na medida em que informam materialmente os atos do poder público, constituindo um elemento e
fundamento importante na interpretação e aplicação do direito.
No DI os princípios acabam por ser comuns a diversos sistemas jurídicos dos vários Estados e são aceites como
parte integrante da Ordem Jurídica Internacional. São como exigências éticas que, para certos autores, derivam do
Direito Natural (da natureza humana) e, por isso, seriam universais e eternos, ideias universais e eternas de justiça,
dedutíveis da razão pura.
Apesar desta ideia da lei justa, eterna e natural, não podemos deixar de reconhecer que os princípios jurídicos
fundamentais são produtos historicamente condicionados e condicionantes. Foi com a evolução histórica dos
povos que tais princípios se foram sedimentando e sendo aceites pela consciência dos povos como exigências
ético-jurídicas, necessárias à criação de uma sã convivência internacional, universalmente reconhecidos como
valores que todos devem respeitar.
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DIP – Carolina Roriz
Para além desta consequência, emerge também a da validade do DI na ordem interna dos Estados. Sendo ele um
sistema autónomo e independente do direito interno, as suas normas só poderão ser válidas e eficazes na ordem
jurídica interna quando forem previamente transformadas em normas desse direito – devendo haver uma receção
das normas do Direito Internacional pelo direito interno, da qual poderá decorrer alterações ou abrogações do
Direito internacional. Mesmo que a norma do DI não seja alterada, haverá modificação do valor formal, do
conteúdo e do destino das normas do Direito Internacional.
Esta doutrina sofreu críticas que, resumidamente, são as seguintes:
1. No que se refere à invocada diversidade das fontes, tal diversidade mais não é do que uma confusão entre as
origens da norma e os seus fatores ou, dito de outro modo, entre aquela origem e os modos como elas se
manifestam. Em ambos os casos, o direito é o produto de vida social, o que os distingue é somente as formas
ou processos de manifestação.
2. No que se refere à diversidade dos destinatários, tal diversidade não colhe, posto que na mesma ordem jurídica
existem normas que têm diferentes destinatários.
3. Quanto aos distintos fundamentos, tal tese cai por terra, posto que dela fica excluído o direito consuetudinário
e os princípios gerais que nela não encontram explicação.
4. De um ponto de vista lógico, não se concebe que duas normas contraditórias reguladoras da mesma matéria,
e que regem os mesmos sujeitos, possam ser ambas válidas sem colidir com o princípio lógico da identidade.
5. Acrescem ainda as críticas de Kelsen, segundo as quais o Dualismo não só nega a natureza jurídica do Direito
Internacional como conduz a uma condição em que a única ordem jurídica existente é a nacional.
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Insuficientes para explicar a vinculação do Estado pela via do costume, dado que só valem para tratados;
Insuficientes por não explicarem a razão de ser da continuação da vigência do DI, mesmo quando se verificam
transformações no DC dos Estados. Qualquer transformação na Constituição levaria à caducidade dos tratados,
algo que não acontece na realidade.
Monismo com Primado do Direito Internacional
Radical: A ordem jurídica interna é uma derivação ou delegação do Direito Internacional. Para esta tese, havendo
contradição entre o direito interno e o Direito Internacional, as normas internas que contrariam as do Direito
Internacional são nulas.
Moderado: Certos autores, apesar de defenderem o primado do DI entendem que pode haver contradições entre
as normas do direito interno e as do Direito Internacional, sem que disso resulte a nulidade daquelas normas.
Contudo, nesse caso, o Estado ao aplicar o direito interno contrário ao Direito Internacional pode incorrer em
responsabilidade internacional.
A conceção monista é criticável na medida em que:
O monismo acaba por suprimir toda a distinção entre o direito interno e o internacional, fundindo-os num único
direito.
É contrário à verdade histórica, dado que gera a ideia de que o direito das gentes apareceu desde o princípio da
humanidade e é anterior ao direito interno, quando tal não aconteceu.
Na prática internacional ambas as soluções monistas têm sofrido críticas e nenhuma delas é
claramente adotada em exclusivo. Apesar disso, a tendência dominante é no sentido de
reconhecer a superioridade do Direito Internacional sobre o interno, sendo esta orientação a
de diversos autores contemporâneos.
Sistema de Cláusula Geral de Receção plena: segundo o qual o Direito Internacional é recebido no direito
interno por meio de uma norma deste direito que não exige outra formalidade para o efeito que não seja a da
publicação – a partir dela o direito internacional é automaticamente incorporado no direito interno. Decorre,
em regra, da visão monista.
Sistema de Cláusula Geral de Receção Quási-plena, em que as normas do Direito Internacional com certo
conteúdo (ou certos grupos de normas) são incorporadas no direito interno através da publicação, não se
exigindo nenhuma outra formalidade para o efeito, enquanto as restantes normas são incorporadas pela técnica
da transformação. É um sistema misto.
Sistema de Transformação, segundo o qual o legislador ordinário terá de reproduzir numa lei interna a
norma internacional, para que esta seja convertida em direito interno e aplicada na esfera jurídica interna. Pode
haver transformação explícita (exige uma lei) ou implícita (exige um ato que seja equivalente ao processo
legislativo. Decorre de uma visão dualista.
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É claro que o problema da receção do Direito Internacional só se coloca relativamente aos tratados, por estes
necessitarem de ser incorporados para se imporem a nível interno. Quanto ao costume, é unânime afirmar-se que
não é necessário qualquer ato de receção ou transformação para que ele se imponha na esfera jurídica interna.
Como pode ver-se pela leitura do nº1 deste artigo, a CRP estabelece o sistema de cláusula geral de receção plena
das normas e princípios do DI comum, ou seja, do direito consuetudinário.
Deste modo, aquelas normas e princípios são incorporados na ordem jurídica portuguesa sem necessidade de
qualquer formalidade, não é necessário a sua aprovação, ratificação e publicação.
No que se refere ao direito convencional – tratados e/ou convenções (8º/2) é necessário que tenha sido
regularmente ratificado ou aprovado (a aprovação tem de ser um ato da AR – art.º 164/j), ou do Governo; e a
ratificação um ato do PR – art.º 138º/b)), vigore na ordem internacional e tenha sido publicado (Diário da
República).
Constata-se que a aprovação ou ratificação constituem um requisito de validade, uma vez que sem elas não é
possível a entrada em vigor das normas em questão na ordem interna portuguesa, sem estes processos, a normas
será inválida. Já a publicação oficial, constitui um requisito de eficácia isto porque se destina levar o ato aos
destinatários do mesmo para que, após terem noção do mesmo, o cumpram.
Podemos concluir que para os tratados ou convenções o sistema também é o da cláusula geral de receção plena,
mas agora condicionada à verificação dos requisitos expostos acima.
Importa ainda estudar a questão do problema de receção das normas emitidas pelos organismos internacionais –
8º/3. Esta disposição foi pensada para dar cobertura à imediata e direta vinculação do Estado português às normas
emanadas da então CEE, que seriam internamente recebidas e passariam a vigorar na ordem interna nacional sem
necessidade de produção de qualquer ato interno de receção, desde que tal se encontre estabelecido nos respetivos
tratados constitutivos, ou seja, a sua entrada em vigor será efetuada caso o tratado constitutivo da dada organização
estabeleça a imediata vigência das normas por esta produzida na ordem interna dos Estados Membros, tendo
obrigatoriamente que ser emanadas pelos órgãos competentes da organização. Caso as condições se verifiquem
passam a ter eficácia interna as tais normas, vinculando o Estado e os seus cidadãos.
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Com a revisão de 2004, ao art.º 8 foi aditado o nº4. Com esta nova disposição, a relação entre o Direito Interno e
o Direito da União ganha autonomia constitucional e fica configurada como uma relação especial entre duas
ordens jurídicas. A relação da nossa ordem jurídica com a ordem jurídica da UE é pautada pela paridade entre as
normas, com prevalência aplicativa do Direito da União Europeia. Porém, é a nossa CRP que abre a porta a este
sistema, acabando por ter um efeito habilitador e limitador do Direito da União Europeia.
Aos diversos tipos históricos de Estados correspondem, naturalmente, diversos tipos de Direito Internacional.
Considerando apenas o moderno Direito Internacional, cabe distinguir dois períodos na sua história: o que se
desenrola até à I Guerra Mundial, e o que vem desde então.
No primeiro período, dito de Direito Internacional clássico, dominam as relações entre Estados – os únicos
sujeitos de Direito Internacional. Além do costume, quase só há tratados de comércio, navegação, de aliança e de
paz.
É nos séculos XV, XVI e XVII que se encontram as origens diretas do DI moderno e é nos XVIII e XIX que ele
ganha importância crescente. Sucedem-se 3 fases ou subperíodos:
Quanto aos Descobrimentos, trazem problemas até então desconhecidos (recorde-se o Tratado de Tordesilhas e
as questões do mare liberum vs. mare clausum).
Os Tratados de Vestefália reconhecem o princípio da soberania como princípio da independência dos Estados
europeus entre si e da exclusão de qualquer poder superior. Encontramos aqui um verdadeiro tratado multilateral
e vê-se o começo da diplomacia.
3. A terceira fase começa em finais do séc. XVIII e termina na Primeira Guerra Mundial (1914)
O Congresso de Viena (1814) assinala tanto o triunfo dos reis como a consciência da necessidade de reforçar o
equilíbrio, através de conferências diplomáticas.
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1. Uma primeira fase, até 1939, até à Segunda Guerra Mundial – é a fase decorrente do Tratado de Versalhes e
marcada pelo malogro da institucionalização tentada através da Sociedade das Nações.
A SDN seria um espaço de diálogo e de conhecimento mútuo. O Conselho da SDN procurava organizar uma
resposta coletiva às crises ou conflitos internacionais, estando todos os estados-membros representados na
Assembleia da SDN. O pacto da SDN foi parte integrante do Tratado de Versalhes e a ideia chave era a segurança
coletiva. A SDN era regida pela regra da unanimidade.
Foi também neste período que se deu a invasão da Manchúria pelo Japão (1931) e a invasão da Abissínia (Etiópia)
pela Itália em 1935.
De registar, igualmente, a criação de um Tribunal Permanente de Justiça Internacional, que daria um grande
contributo ao desenvolvimento do próprio Direito Internacional.
2. Uma segunda, após 1945, traduzida juridicamente na Carta das Nações Unidas e assinalada por aquilo a que
se chamaria Guerra Fria.
Em face da experiência não satisfatória das estruturas jurídico-internacionais de entre as duas guerras, as grandes
potências vencedoras de 1945 quiseram plantar um novo sistema mundial – a Organização das Nações Unidas.
Três anos depois do fim da segunda guerra mundial, em 10 de dezembro de 1948, a AG das Nações Unidas
aprovaria a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Em 1960, a AG aprova a Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e Povos Coloniais.
A queda, em 1989, do Muro de Berlim e a desagregação da União Soviética, em 1991, alterariam radicalmente as
condicionantes da vida internacional e os EUA ficariam sendo a única potência mundial.
É nesta fase que se dão os atentados de 11 de setembro e a invasão do Afeganistão, em 2001, às quais houve uma
dificuldade de resposta.
Há vários marcos que podem ser referidos que demonstram a fragilidade do equilíbrio mundial, entre eles, a
invasão do Iraque (2003), a independência do Kosovo (2008), os conflitos na Líbia e na Síria (2011), etc.
A globalização reflete e projeta em escala ainda maior os problemas de relacionamento entre os Estados e os
blocos regionais. Não custa compreender, por isso, que as Nações Unidas não têm conseguido até agora redefinir
o sistema de relações internacionais, apesar de alguns resultados consideráveis.
2. A Antiguidade
A coexistência de grupos sociais humanos organizados fez surgir, desde a mais remota Antiguidade, a necessidade
de disciplinar as relações entre povos diferentes, ou pelo menos alguns dos seus aspetos. Este facto leva alguns
autores a admitir a existência do Direito Internacional em civilizações como as da Antiguidade Oriental ou a
Antiguidade Greco-romana, acompanhando a história da humanidade.
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Efetivamente, o Direito era de origem religiosa. Cada povo considerava-se o eleito dos seus deuses e investido na
missão de sujeitar ao seu domínio outros povos que adoravam outras divindades. A guerra era pois o Estado
natura para o qual tendiam as relações entre os povos, o que não significa que não fossem definidos sistemas de
convivência e instituições que constituíram o rudimento de uma disciplina jurídica internacional.
Na civilização Grega, as normas tinham mais o caráter de um direito comum dos gregos do que um direito
internacional.
Em Roma, existiam algumas instituições, embora o carácter internacional lhes fosse totalmente ausente porque a
sua história foi dominada pela ideia da constituição de um império universal, pertencendo ao Direito Interno de
Roma – era o já referido Ius Gentium.
Justiça da Causa:
É preciso uma justa causa, isto é que “os que são atacados o hajam merecido por se terem tornado culpados de
alguma injustiça”.
Reta Intenção:
São justas as guerras que não são feitas nem por ambição, nem por crueldade, mas sim por amor da paz, para
reprimir os maus e socorrer os bons.
Para Bodin, a soberania estatal é o poder supremo sobre os cidadãos e súbditos e independente das leis positivas.
Contudo, tal poder encontra-se ainda vinculado ao direito divino, existindo uma certa dependência face ao poder
da Igreja. É apenas com o Renascimento que se vem proclamar a autonomia da esfera política face a outras.
No desenvolvimento do seu pensamento, Bodin define a soberania como “aquele poder absoluto e perpétuo que
é próprio do Estado”. Sendo a soberania “o poder que acima de si e afora Deus, não admite outro e que, por
natureza, é em si mesmo ilimitado e permanente”, o Monarca é detentor de um poder supremo que nenhum outro
Estado ou entidade pode limitar.
No Congresso de Viena (1814-15) vai ser estabelecido o princípio do status quo europeu anterior à Revolução
Francesa e a restauração do princípio da legitimidade monárquica com base na qual é consagrada a nova ordem
europeia fundada no princípio do equilíbrio de forças. A paz europeia vai ser durante um século assegurada por
princípios conservadores, incompatíveis com as ideias revolucionárias.
Do Congresso também irão sair os regulamentos sobre a hierarquia e categoria dos representantes diplomáticos,
sobre a livre navegação fluvial, bem como uma declaração sobre a supressão do tráfico de negros
Surge uma nova ordem jurídica internacional para a Europa do séc. XIX.
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DIP – Carolina Roriz
14. O sistema de Congressos. A Santa Aliança. Reação.
Após o Congresso de Viena, a nova ordem jurídica internacional vai sofrer o impacto do princípio da nacionalidade
– incompatível com a ordem conservadora estabelecida pelo Congresso de Viena e que a Santa Aliança (Rússia,
Áustria, Prússia, e mais tarde Inglaterra e França) pretende garantir.
Assim se constituiu uma espécie de governo da Europa (a Pentarquia) formado pelas grandes potências. Para
resolver os problemas da vida internacional e acertar as suas políticas, os membros da Pentarquia deveriam reunir
periodicamente. Foi este o chamado sistema dos congressos de que fazia parte, como método de ação, a
intervenção na ordem interna de Estados, a fim de garantir a conservação dos princípios da legitimidade
monárquica e do equilíbrio de forças definidos em Viena.
O sistema funcionou por pouco mais de 10 anos e cedo provocou reações, pois, firmada a paz, ressurgiram as
rivalidades entre as potências.
Por outro lado, a Revolução Francesa tinha lançado, por toda a europa, a semente do princípio das nacionalidades
– a cada Estado, devia corresponder uma Nação, assim como a cada Nação devia corresponder um Estado. Para
além da ideia de nação, também o desenvolvimento industrial e a necessidade de expansão em busca de novos
mercados vão fazer desaparecer a Santa Aliança e provocar novos conflitos.
A aplicação prática destes princípios modificou profundamente a carta política da Europa definida em Viena. Os
factos mais salientes são: a independência da Bélgica em 1830, a independência da Grécia em 1832, a formação
do Estado Italiano entre 1860 e 1870 e em 1871 a Constituição do Império Alemão depois da guerra Franco-
Prussiana de 1870.
16. As relações dos Estados europeus com os outros povos. O início da universalização e
regionalização do Direito Internacional.
Apesar da expansão ultramarina ter posto a Europa em contacto com os povos de todos os continentes, as relações
entre os povos pela submissão à disciplina do Direito Internacional, até ao século XIX, foram exclusivamente
relações entre Estados europeus e cristãos.
A expansão de Portugal e Espanha foi concebida como expansão da Respublica Christinana. Os povos das terras
descobertas, à medida que a evangelização progredia, iam sendo integrados naqueles Estados, alargando-se por
este modo o grémio da Igreja e da comunidade cristã. Da expansão não resultou, portanto, a criação de novos
sujeitos de Direito Internacional. Quando nos séculos XVII e XVIII, ultrapassada a conceção de Respublica
Christiana, a colonização passou a ter carácter puramente utilitário, as colónias eram simplesmente dependências
das metrópoles, sem personalidade jurídica internacional.
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DIP – Carolina Roriz
O reconhecimento da independência de Estados como EUA, Brasil e outras ex-colónias americanas, consagrou a
existência de novos sujeitos de Direito Internacional, mas este Direito, continuou a ser concebido como uma
espécie de Direito Público europeu.
A partir do fim da Guerra da Crimeia, o campo de ação do Direito Internacional continuou a alargar-se
progressivamente, passando a incluir povos de todos os continentes, ideologias políticas, tipos de cultura e religiões
– movimento no sentido da universalização do DI.
Esta tendência foi acompanhada de outra, caracterizada pela formação de núcleos de Estados que, em resultado
da vizinhança geográfica, mantinham entre si relações internacionais especialmente intensas, nas quais se
estabeleceram sistemas de convivência internacional individualizados regidos por normas que consagram alguns
princípios e instituições que permitem distinguir, no Direito Internacional, certos núcleos regionais.
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DIP – Carolina Roriz
19. A vida internacional entre as duas guerras mundiais
Na SDN, reuniam-se periodicamente os representantes da maioria dos Estados. Aí se discutiam, publicamente, os
grandes problemas da vida internacional.
Formava, por isso, o centro principal em que convergiam as grandes correntes do pensamento e da política
universais. O estudo deste período na história do Direito Internacional pode, pois, fazer-se através da análise das
várias fases da sua vida.
As traves-mestras do sistema que se procurou definir assentavam na trilogia desarmamento, segurança e
arbitragem. Pretendia-se que os Estados renunciassem definitivamente à guerra como processo de resolver os seus
conflitos.
O sistema, no entanto, não era nem completo nem eficaz.
(VER AULAS TP)
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DIP – Carolina Roriz
O regionalismo vai agora articular-se com o universalismo do DI através da criação de várias Organizações
Internacionais, que refletem os interesses de grupos de países com afinidades de ordem geográfica e cultural.
Na Europa Ocidental e Oriental surge também um novo direito internacional europeu, que não deixa de ter um
caráter regionalista – é o regionalismo europeu, com a criação de diversas instituições internacionais.
Do regionalismo vai resultar o fortalecimento de acordos regionais e a emergência de um DI novo, regionalista.
Mas a evolução tecnológica tornou complexa a rede de intercomunicação entre os indivíduos e os povos, facilitou
a difusão de conhecimentos e obrigou à cooperação internacional à escala mundial.
A realidade transformou-se completamente e o DI entra em crise de adaptação, que aponta para a necessidade de
o repensar, assentando na ideia de um bem comum universal e de uma nova conceção da cooperação internacional,
o que exige mais certeza e segurança das normas jurídicas internacionais.
CONCLUSÃO
Da análise histórica podemos concluir que o DI se desenvolve sob a influência de 3 fatores
essenciais:
Os conflitos bélicos;
As relações económico-culturais;
O desenvolvimento científico-tecnológico.
Estes têm dado o impulso ao aperfeiçoamento e ao alargamento do âmbito do DI, até à sua
universalização, obrigando-o a adaptar-se à nova realidade internacional. São também essas questões
que produzem a instabilidade desse direito, não o permitindo garantir com segurança a paz, por fazê-
la depender das relações de força em cada momento histórico concreto.
As primeiras, fontes materiais, são as fontes criadoras que a doutrina considera a verdadeira fonte de Direito.
Não são juridicamente vinculativas, podendo reunir ou agregar provas de uma norma jurídica vinculativa. A sua
averiguação é indispensável para a compreensão integral das normas internacionais positivas.
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DIP – Carolina Roriz
As segundas, fontes formais, do ponto de vista técnico-jurídico são mais importantes (vinculativas para os
destinatários por força do seu consentimento), não criam direito, limitando-se a exteriorizar as normas.
Para certos autores, a única fonte de DI é o acordo de vontades, quer assumido sob forma tácita (o que produziria
o costume), quer assumido sob forma expressa (o que daria origem a tratados).
Para outros autores, deve ser reservada a expressão “fonte” para designar somente as fontes formais, dado que as
materiais variam de autor para autor.
Este artigo é muito mais que uma norma relativa ao Direito que o TIJ aplica, pois está anexo à Carta das Nações
Unidas, um tratado parauniversal.
Note-se que não se estabelece uma hierarquia de fontes, mas todas estas fontes são interdependentes. Porém,
este elenco não é taxativo, uma vez que há fontes não mencionadas:
Atos unilaterais (protesto, notificação e reconhecimento);
Resoluções da ONU (AG ou CS, aprovadas sem votos contra ou por consenso).
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DIP – Carolina Roriz
Por outro lado, as organizações internacionais têm exercido um importante papel na codificação do DI e no
desenvolvimento progressivo do direito dos Tratados, interessando assinalar a Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados entre Estados (CVDT), de 23 de maio de 1969 (entrou em vigor em 1980).
1. Conceito
Elementos do Tratado:
Segundo Wladimir Brito, o Tratado é um ato jurídico
Manifestação de vontade dos sujeitos de
internacional bilateral ou plurilateral praticado por sujeitos de
DIP;
DIP pelo qual estabelecem direitos e obrigações recíprocas.
Natureza necessariamente internacional
Para Jorge Miranda, é o acordo de vontades, regido pelo (partes são sujeitos de DIP);
DIP, entre sujeitos de DIP, agindo enquanto tais, de que Regulamentação pelo DIP;
derivam efeitos jurídicos-internacionais ou jurídico- Produção de efeitos com relevância nas
internacionalmente relevantes. relações internacionais;
A expressão Tratado designa um acordo internacional concluído por escrito, entre Estados e regido pelo Direito
Internacional, quer seja consignado num instrumento único, quer em dois ou vários instrumentos conexos e
qualquer que seja a sua denominação particular.
Esta definição é bastante complexa e extensa, todavia não parece ser a que melhor corresponde a uma boa
elaboração técnica do conceito.
Esta Convenção, que deveria ser de vocação universal, acabou por se autolimitar e restringir a sua vocação
universalista através dos art.º 2º/1/d) e 81º. Há uma forte limitação de participação de Estados que não faziam
parte das instituições internacionais.
Por outro lado, regula apenas tratados celebrados entre Estados, sob a forma escrita, ficando de fora todos os
celebrados em forma não escrita e aqueles entre os Estados e Organizações e entre estas.
Para além disso, a Convenção atribui natureza supletiva às regras gerais nela contidas, só sendo aplicáveis quando
nos Tratados celebrados entre Estados não for estabelecida regra diversa.
No entanto, conforme decorre da formulação desta norma, a noção nela contida apenas visa estabelecer a que
tratados a Convenção em que se insere é aplicada.
Por isso mesmo, cuida de ressalvar a validade dos tratados celebrados entre outros membros da sociedade
internacional, independentemente de revestirem a forma escrita, referindo-se a este aspeto no artigo 3º.
Se é facto que um terceiro não fica vinculado num tratado em que não é parte, também é verdade que os tratados
podem ter enorme influência no desenvolvimento do direito internacional. Deve-se ao facto de os tratados
influenciarem outras fontes – interdependência das fontes.
O tratado é parte integrante do surgimento do costume e de normas de direito consuetudinário, uma vez que um
tratado bilateral pode configurar, pelas opções que as partes adotaram na elaboração, um elemento muito
importante na prova do costume, porque se adotou uma norma específica ou uma redação já escrita noutros
tratados. Por outro lado, a multiplicação de Tratados bilaterais contribui para uma dinâmica da influência sobre
o costume e, deste modo, sobre a dinâmica do DIP.
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DIP – Carolina Roriz
Tratados diferem de:
Feixes de atos unilaterais (ex: proclamação sobre capitulação da Alemanha, em 1945);
Acordos estritamente políticos (ex: Ialta e Potsdam, em 1945);
Gentlemen’s agréments (funcionamento de OI’s);
Comunicados de reuniões e conferências diplomáticas anunciando celebração de acordos;
Contratos entre Organizações internacionais e particulares;
Soft law (divergência doutrinal) – normas contidas em textos desprovidos de força jurídica vinculativa (ex:
declarações de princípio, resoluções não vinculativas – AG ONU).
2. Classificação
Os tratados são suscetíveis de numerosas classificações, algumas das quais caídas em desuso. Podem ser feitas
com recurso a estes critérios:
1. Matéria ou objeto
Tratados Normativos ou Tratados Leis – São aqueles que estabelecem uma regra de direito aplicável a uma
generalidade de casos. Têm por objeto a enunciação de uma regra de direito objetivamente válida
Podemos citar o Pacto da SDN ou a Carta da ONU.
Tratados Contratos – São acordos por meio dos quais se realiza uma operação jurídica concreta, esgotando-se
imediatamente os seus efeitos. São, portanto, atos jurídicos de natureza subjetiva geradores de prestações
recíprocas entre as Partes, de conteúdo ou de natureza diversa.
Por exemplo, certos Tratados de comércio.
Paul Reuter entende que a distinção entre contrato e lei perdeu, mesmo para o direito privado, o caráter evidente
que parecia ter no passado para além disso, entende que o critério de generalidade para caracterizar a lei interna
não serve o DI para fazer a distinção entre lei e contrato.
Tratados Relacionais vs. Institucionais – Os primeiros estabelecem as regras gerais de enquadramento de certas
relações. Os segundos criam instituições ou organizações, fazendo surgir um novo sujeito de DI.
Tratados Principais vs. Acessórios – Os segundos são subsequentes e complementares dos primeiros, como
por exemplo, protocolos adicionais ou Tratados de adesão a OI’s.
2. Partes
Tratados Bilaterais – Aqueles em que participam apenas dois sujeitos de Direito Internacional.
Tratados Multilaterais ou coletivos – Aqueles em que participam mais de dois sujeitos de Direito Internacional.
Estes podem ser gerais, isto é, abertos à participação de qualquer Estado, ou restritos/fechados que são aqueles
em que só os Estados partes podem neles participar.
Tratados não Solenes – Acordos em forma simplificada. São as convenções cujo precesso de elaboração é
simples e que a partir da assinatura ficam perfeitos e aptos a entrar em vigor, não sendo, portanto, necessária
ratificação.
Na prática da vida internacional, assiste-se à proliferação dos tratados celebrados por forma simplificada,
consequência da aceleração das relações internacionais.
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DIP – Carolina Roriz
A tendência atual é para distinguir a denominação dos tratados segundo o processo de elaboração. Os que seguem
a forma solene, são os tratados; os outros, acordos.
4. Eficácia
Tratados Exequíveis de per si vs. Não Exequíveis – Ex: os Tratados sobre Direitos económicos, sociais e
culturais exigem uma ação positiva do Estado, a densificação posterior pela legislação.
5. Duração
Tratados Perpétuos vs. Temporários – Os segundos aparecem sujeitos a termo de vigência, porque se
cumpriu o objetivo estabelecido, por exemplo.
3. Terminologia
Carta, Constituição ou Estatuto – Tratado constitutivo de uma OI ou regulador de um Órgão Internacional.
Ex: CNU, Estatuto do TIJ, Estatuto do CE, etc. A Carta de Direitos Fundamentais da UE não tem natureza
de tratado, é uma proclamação solene.
Pacto – Tratado de aliança militar, mas também tratado político de grande importância
Ex: Pacto de Varsóvia, Pacto da SDN, etc.
Concordata – Tratado celebrado entre Santa Sé e um Estado versando sobre a situação da IC perante este.
Protocolo como ata de uma conferência ou de uma negociação internacional com certo valor vinculativo (ex:
Kyoto).
A adoção de um tratado não basta para um Estado ficar vinculado. Apenas significa que se concluíram as
negociações e esse texto poderá ser levado aos Estados que negociaram para efeitos de permitir aos mesmos
expressarem o seu consentimento a ficarem vinculados ao mesmo texto. Entre estas duas fases podem passar-se
décadas.
São as partes que definem qual é a forma de manifestação da vinculação. O tratado estipula a forma de vinculação
ao que acresce o prescrito pelo Direito Constitucional de cada Estado quanto a essa mesma forma de vinculação.
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DIP – Carolina Roriz
Assinatura – art.º 12º
Expressa meramente o consentimento. Não impõe a promessa de que o signatário vá ratificar o tratado, ou mesmo
até de que adotará passos no sentido da ratificação. É um procedimento formal de autenticação do texto.
O signatário apenas ficará vinculado nos termos do art.º 18º/a).
Pode, em bom rigor, ser uma opção das partes para expressar o consentimento em ficar vinculado a um Tratado
em alguns cenários, se for um Tratado que não é controverso, com objeto simples, e se se pretender evitar
complicações de índole administrativa, e se o regime jurídico-constitucional permitir a assinatura.
Os Tratados também podem entrar em vigor através de: É muito difícil prever com exatidão a
Estabelecimento de data; entrada em vigor de um Tratado –
Período de tempo que tem de decorrer após a última depende da forma escolhida a mostrar
ratificação. consentimento de ficar vinculado a este.
Artigo 25º – A aplicação a título provisório é um mecanismo de mitigar a forma de consentimento de ficar
vinculado. O Tratado pode ter alguma aplicabilidade antes mesmo de todos os Estados terem ratificado o mesmo.
Artigo 28º – Regra da não retroatividade: As disposições de um Tratado não vinculam uma parte no que se
refere a um ato ou facto anterior ou a qualquer situação que tenha deixado de existir à data da entrada em vigor
do Tratado.
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DIP – Carolina Roriz
Modificação dos Tratados:
Limites decorrentes da Lei Fundamental do Estado (CRP 76 – DLG’s) – A República Portuguesa não pode ser
Estado Parte num tratado que coloque as DLG em causa.
A regulamentação das formas de vinculação internacional está prevista para cada Estado no seu regime jurídico-
constitucional.
Direito Internacional:
Princípios de ius cogens (a desenvolver) – art.º 43º (não pode haver norma contrária a norma de direito
imperativo internacional);
Limites derivados de tratados constitutivos de OI’s ou outras entidades (TPI) a que os Estados pertençam,
quando tal se encontre previsto nos seus tratados constitutivos.
Ex: art.º 103º da CNU; matéria excluída do ius tractum dos EMUE por força do art.º 3º TFUE; nenhum
tratado poderá conter obrigações que prevaleçam sobre obrigações da Carta.
Limites decorrentes de normas emanadas de OI’s a que os Estados pertençam, quando tal se encontre previsto
nos seus tratados constitutivos.
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DIP – Carolina Roriz
As reservas aos Tratados
Ao vincular-se a um tratado, um Estado não se obriga pelo texto integral adotado, se assim não quiser, através
do sistema das reservas, que permite flexibilizar o regime jurídico definido no tratado de acordo com interesses
próprios.
A reserva é um ato formal unilateral praticado por um Estado parte num Tratado em que declara que exclui ou
modifica o efeito jurídico de certas disposições desse Tratado, seguindo a definição do art.º 2º/1/d) da CVDT.
É uma formulação unilateral, apresentada por escrito, mas acordada pelas partes.
Figuras afins: retificações de textos, meras declarações interpretativas (afirmação com referência ao tratado que
não se pretende que produza uma consequência vinculativa), disposições transitórias e cláusulas opt-out,
modificações ou emendas supervenientes.
Segundo Wladimir Brito, a reserva é uma declaração unilateral formal feita por um estado-parte num Tratado no
momento em que exprime o seu consentimento, segundo a qual exclui ou modifica o efeito jurídico de certas
disposições do Tratado.
O fim visado com a consagração desta figura é o de facilitar a vinculação dos Estados a tratados, especialmente
quando envolvem um grande número de partes na negociação, permitindo-lhe flexibilizar o regime jurídico
definido. Para além da flexibilidade, permite manter a integridade dos Tratados. A inexistência de reservas conduz
à violação dos tratados, gerando responsabilidade internacional.
Portanto, a lógica, a ratio das reservas é a extensão dos tratados (numa lógica de universalidade, ao abranger o
maior número de Estados possível) e a sua integridade, tendo que equilibrar ambos.
Regra Geral – art.º 17º e 19º e ss. da CVDT
A regra geral é a da vinculação à totalidade das cláusulas dos Tratados, porém, regra geral, as reservas são
permitidas, a CVDT estabelece a admissibilidade de formulação de reservas. No entanto, existem limitações, ao
abrigo do art.º 19º:
A reserva pode ser proibida pelo tratado ou limitada (matérias sobre as quais uma reserva não poderia incidir);
O tratado apenas autoriza determinadas reservas;
A reserva não pode ser incompatível com o objeto.
As reservas só são admitidas se não colocarem em causa o objeto e a finalidade dos Tratados.
Tratados Bilaterais
Impossibilidade de reservas (conceptualmente – se as 2 partes não concordarem com todos os pontos, têm que
negociar e, se necessário, reformular o Tratado). A reserva acabaria por funcionar como uma recusa de ratificação
e como uma proposta de reabertura de negociações.
Tratados Multilaterais
Há admissibilidade de reservas, mediante verificação de certos pressupostos e observados certos procedimentos.
O próprio Tratado pode proibir ou limitar o regime de reservas, em questão das matérias sobre as quais podem
incidir.
Inconveniência: Nos tratados-leis, que têm em vista uniformizar o regime jurídico de certas questões
internacionais, as reservas podem vir a provocar a diversidade desse regime, o que não é compatível com o fim
desse tipo de Tratados.
6. Cessação de Vigência
1. Por vontade das partes
Abrogação – art.º 54º/b)
Conclusão de tratado subsequente – art.º 59º
5. Exceptio non adimpleti contractus – tratados bilaterais (exceção de não cumprimento do contrato) – Cada
um dos Estados contraentes tem a faculdade de recusar a sua obrigação enquanto o outro não efetuar a que
lhe cabe ou não oferecer o seu cumprimento simultâneo.
7. Validade e Invalidade
1. Regra da Subsistência dos Tratados
Art.º 42º, 43º, 44º/2 – Regra da indivisibilidade;
Art.º 45º – Proibição de Venire contra factum proprium (ninguém pode comportar-se contra os seus
próprios atos)
Art.º 46º, 50º, 52º, 69º, 71º/2
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