2022 PriscillaReginadaSilva
2022 PriscillaReginadaSilva
2022 PriscillaReginadaSilva
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
APROVADA POR:
__________________________________________________
Prof. Ricardo Tezini Minoti PhD (ENC-UnB)
(Orientador)
__________________________________________________
Prof. Sergio Koide
(Examinador Interno)
__________________________________________________
Prof. Silvio Crestana
(Examinador Externo)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, P. R. (2022). Análise Prospectiva de Diferentes Cenários de Uso do Solo e Práticas de
Manejo e Conservação de Água e Solo em Bacias Hidrográficas Agrícolas. Dissertação de
Mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação PTARH.DM-/2022,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 191p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Priscilla Regina da Silva.
TÍTULO: Análise Prospectiva de Diferentes Práticas de Manejo e Conservação de Água e Solo
em Bacias Hidrográficas Agrícolas.
GRAU: Mestre ANO: 2022
____________________________
Priscilla Regina da Silva
[email protected]
Parque Estação Biológica, Ed. Sede Emater-DF, SHCN, Brasília - DF, 70770-915
ii
Dedico a Deus,
a meus pais Tânia e Reginaldo
e ao meu marido Marcus,
com muita gratidão.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, meu porto seguro, que me guia e conduz. Ele é quem
ilumina todas as minhas escolhas, me ajuda a acertar e a caminhar em Sua direção. O Teu amor
me envolve e me protege.
À minha família, em especial aos meus pais, Tânia e Reginaldo, pelo aconselhamento
constante, pelo apoio contínuo e por sempre estarem presentes em minha vida. Ao meu irmão
Gustavo e minha cunhada Brenda pela parceria, carinho e amizade. À minha avó Irene pelo
apoio e acalento em dias complicados. Ao meu marido Marcus pela companhia de vida,
suporte, paciência e compreensão. Às minhas amigas de vida, em particular a Karina, pelos
momentos de descontração e carinho.
Ao meu orientador, Ricardo Minoti, meus sinceros agradecimentos pelos ensinamentos
e orientação. Aos membros da banca examinadora, professor Sérgio Koide e Dr. Silvio
Crestana, pela disponibilidade, comentários e contribuições.
Aos professores do PTARH, agradeço por todo conhecimento repassado, em especial os
professores Sérgio Koide e Carlos Lima, os quais contribuíram fortemente em meu aprendizado
no curso das disciplinas.
Aos colegas de turma, especialmente meu amigo Yanick, pela ajuda mútua e
companheirismo, e também aos colegas do grupo de modelagem hidrológica do PTARH.
À Sara Ferrigo e Daniela Bressiani pelo repasse de conhecimentos e auxílio contínuo.
À Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) por oportunizar o
alcance de mais um propósito e por contribuir para meu delineamento profissional. Aos
produtores rurais do Distrito Federal que trabalham com afinco para o desenvolvimento e a
segurança alimentar de nossa região.
Aos colegas de trabalho da Emater, principalmente aos da Gerência de Meio Ambiente,
Anne, Icléa, Juliano, Luiz Carlos, Luiz Eutímio, Marcos Lara e Sumar, e também aos colegas
agrônomos que colaboraram com solicitude no repasse de informações, em especial o amigo
Antônio Dantas.
À Equipe SWAT da Universidade do Texas pelo pronto atendimento às dúvidas e
dificuldades observadas na utilização do modelo.
À CAESB, Adasa (Jorge Werneck), SLU, Embrapa e INMET, pela disponibilização dos
dados.
A todos que contribuíram de maneira direta e indireta para a realização dessa dissertação,
meus sinceros agradecimentos.
iv
RESUMO
O desenvolvimento de atividades agropecuárias está diretamente ligado à disponibilidade de
recursos naturais e é continuamente afetado por eventos de instabilidade climática e de escassez
hídrica. A utilização imprópria de espaços rurais, a destituição de áreas de vegetação nativa e,
até mesmo, o emprego de práticas de manejo inadequadas e ultrapassadas, influenciam no
comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica. Práticas de manejo e conservação de
solo e água são consideradas alternativas técnicas potenciais no auxílio da continuação,
aprimoramento e evolução da atividade agropecuária de forma sustentável. O objetivo deste
trabalho foi o de analisar como as mudanças no uso do solo e a aplicação de técnicas e práticas
de manejo e conservação de água e solo influenciam no balanço hídrico e na qualidade dos
recursos hídricos, considerando duas bacias predominantemente rurais e contribuintes do
principal manancial de abastecimento público do Distrito Federal (Reservatório do
Descoberto): bacias hidrográficas do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador. Para
isso, o estudo contou com a caracterização de quatro cenários de uso do solo da região que
abordam desde o início da ocupação agrícola, com o advento da construção de Brasília, até o
molde de ocupação mais atual. Realizou-se a parametrização de banco de dados do SWAT+
adaptado ao contexto rural da região, com a adição de informações relacionadas a fertilizantes,
implementos agrícolas, práticas de conservação do solo e manejo de irrigação ajustados para a
realidade local. A modelagem foi realizada para os quatro cenários de uso do solo, contando
com a análise de sensibilidade de 10 parâmetros e a calibração automática com base em dados
observados de vazões diárias. Optou-se pela calibração para a bacia do Capão Comprido, a
qual foi replicada na bacia do Rodeador. Os coeficientes de eficiência de Nash-Sutcliffe (NSE),
coeficiente de determinação (R²) e PBIAS obtidos foram utilizados, mas não foram
considerados satisfatórios para todos os cenários no que tange a calibração e verificação. A
modelagem da influência das mudanças no uso do solo e das práticas de conservação de água
e solo foi realizada com a simulação do cenário de uso do solo mais atual correlacionando a
adoção de práticas convencionais de manejo com práticas consideradas conservacionistas,
observando tendências de urbanização e cenário de recuperação e conservação de áreas
protegidas. Verificou-se que com o emprego de práticas conservacionistas, as bacias do Capão
Comprido e do Rodeador responderam com a diminuição de sedimentos carreados, aumento
de percolação e infiltração no solo e, consequentemente, maior regularidade no regime hídrico
das bacias.
PALAVRAS CHAVES: Cenários de Uso do Solo, Manejo Agrícola de Água e Solo,
Modelagem Hidrológica, SWAT+.
v
ABSTRACT
The development of agricultural activities is directly linked to natural resource availability and
is continually affected by climate instability and water scarcity events. The improper use of
rural areas, the suppression of native vegetation, and the inadequate and outdated management
practices influence the watershed hydrological behavior. Soil and water management and
conservation practices are considered potential technical alternatives to help the continuation,
improvement, and evolution of sustainable agricultural activity. The objective of this study was
to analyze how land use change and the application of techniques and practices of management
and conservation of water and soil influence the water balance and the quality of water
resources, considering two predominantly rural watersheds and contributors to the main water
public reservoir in the Federal District (Descoberto Reservoir): Capão Comprido stream and
the Rodeador stream watersheds. Therefore, the study relied on the characterization of four
land-use scenarios in the region, that address the beginning of the agricultural occupation, with
the construction of Brasília (Brazil's capital), until the most current occupation model. The
SWAT+ database was parameterized and adapted to the rural context of the region, with the
addition of information related to fertilizers, agricultural implements, soil conservation
practices, and irrigation management adjusted to the local reality. Modeling was performed for
the four land-use scenarios, relying on sensitivity analysis of 10 parameters and automatic
calibration based on observed daily flow data. Calibration was chosen for the Capão Comprido
watershed, which was replicated in the Rodeador watershed after. The Nash-Sutcliffe
efficiency coefficients (NSE), coefficient of determination (R²), and PBIAS were used, but
they were not considered satisfactory for all scenarios regarding calibration and verification.
The hydrologic modeling of the changes in influences on land use, water, and soil conservation
practices, was carried out with the simulation of the most current land use scenario, correlating
the adoption of conventional management practices and conservationist practices. It was found
that with the use of conservation practices, the Capão Comprido and Rodeador watersheds
responded to the decrease of sediments carried, increased percolation and infiltration in the
soil, and, consequently, greater regularity in the water regime of the watershed.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 5
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 5
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 5
3. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................... 6
3.1 TÉCNICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E SOLO...................... 6
3.1.1 Práticas de manejo e conservação de solo ................................................................. 7
3.1.2 Práticas de manejo e conservação de água .............................................................. 14
3.2 MODELAGEM HIDROLÓGICA ............................................................................ 17
3.2.1 Evolução dos modelos ............................................................................................. 21
3.2.2 Utilização de Sistemas de Informações Geográficas e Cenarização em modelagem
.......................................................................................................................................... 22
3.3 SWAT - SOIL AND WATER ASSESSMENT TOOL ................................................. 24
3.3.1 Aplicações do modelo SWAT e SWAT+ ........................................................... 30
3.3.2 Aplicação do SWAT para a simulação de áreas agrícolas .................................. 35
3.3.2.1 Nutrientes ............................................................................................. 35
3.3.2.2 Sedimentos e Erosão ............................................................................ 41
3.3.2.3 Gestão geral da produção agrícola ....................................................... 42
4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 48
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 49
4.1.1 Bacia do córrego Capão Comprido ..................................................................... 54
4.1.2 Bacia do Ribeirão Rodeador ............................................................................... 57
4.2 ESTRUTURAÇÃO DE BASE DE DADOS ............................................................ 59
4.2.1 Fontes de dados hidrometeorológicos ................................................................. 60
4.2.2 Preparação de base de dados ............................................................................... 64
4.2.2.1 Dados climáticos ................................................................................. 64
4.2.2.2 Modelo Digital de Elevação ................................................................ 65
4.2.2.3 Dados de classes de solo ..................................................................... 66
4.2.2.4 Dados hidrográficos ............................................................................ 66
4.2.2.5 Dados de uso do solo ........................................................................... 66
4.2.2.6 Geoprocessamento de imagens ........................................................... 71
4.3 PROGRAMAS COMPUTACIONAIS ..................................................................... 76
4.4 MODELAGEM INICIAL COM O SWAT ............................................................... 77
4.5 INCORPORAÇÃO DE DADOS REGIONAIS NA BASE DO MODELO SWAT+
E APLICAÇÃO DE CENÁRIOS DE MANEJO ................................................................. 79
4.5.1 Dados de Manejo ................................................................................................ 80
4.5.2 Aplicação de base de dados adaptada e simulação de práticas de manejo de água
e solo .............................................................................................................................83
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 86
vii
5.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROMETEOROLÓGICA DAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS ............................................................................................................. 86
5.1.1 Precipitação ............................................................................................................. 86
5.1.2 Temperatura e Umidade .......................................................................................... 91
5.1.3 Vazão ....................................................................................................................... 93
5.1.4 Qualidade da água ................................................................................................... 96
5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS USOS DO SOLO E DA ÁGUA ...................................... 98
5.2.1 Captação e uso dos recursos hídricos ...................................................................... 98
5.2.1.1 Outorgas - bacia do Capão Comprido ................................................ 100
5.2.1.2 Outorgas - bacia do Rodeador............................................................ 104
5.2.2 Cenários de uso do solo ......................................................................................... 107
5.2.2.1 Uso do solo - bacia do Capão Comprido ........................................... 107
5.2.2.2 Uso do solo - bacia do Rodeador ....................................................... 113
5.2.2.3 Mudanças e tendências observadas .................................................... 118
5.3 MODELAGEM DAS BACIAS ................................................................................... 120
5.3.1 Sub-bacias, HRUs e LSUs ..................................................................................... 120
5.3.2 Modelagem inicial ................................................................................................. 122
5.3.3 Análise de sensibilidade ........................................................................................ 125
5.3.4 Calibração .............................................................................................................. 126
5.3.5 Verificação do modelo para a bacia do Capão Comprido ..................................... 129
5.3.6 Verificação do modelo para a bacia do Rodeador ................................................. 131
5.3.7 Simulação do uso do solo e impactos no balanço hídrico ..................................... 133
5.4 PARAMETRIZAÇÃO DE BANCO DE DADOS SWAT .......................................... 137
5.4.1 Fertilizantes (Fertilizer Database) ........................................................................ 137
5.4.2 Implementos Agrícolas (Tillage Database) .......................................................... 138
5.4.3 Irrigação (Irrigation Database) ............................................................................. 139
5.4.4 Práticas de Conservação do Solo (Management Database) .................................. 140
5.4.5 Crescimento de Plantas (Plant Growth Database) e Urbano (Urban Database).. 141
5.4.6 Aplicação de banco de dados adaptado e análise dos resultados .......................... 141
5.5 SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS DE PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DE SOLO . 146
5.5.1 Simulação do balanço hídrico de cenários conservacionistas e convencionais ..... 146
5.5.2 Visualização de resultados simulados – SWAT+ .................................................. 152
5.5.2.1 Canais de escoamento geolocalizados ............................................... 153
5.5.2.2 Unidades de paisagem (LSU) ........................................................... 157
5.5.2.3 Sedimentos ....................................................................................... 166
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 175
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 178
APÊNDICES.......................................................................................................................... 191
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Práticas conservacionistas e sistemas de manejo do solo (adaptado de Bertoni
Lombardi Neto, 2012 e De Maria et al., 2019). ......................................................................... 8
Tabela 2 - Classificação de modelos para gerenciamento dos recursos hídricos. Fonte:
(TUCCI, 1998). ........................................................................................................................ 18
Tabela 3 - Critérios de avaliação de desempenho para medidas estatísticas para modelos em
escala de bacias hidrográficas com base na distribuição dos dados existentes. (Adaptado e
traduzido de Moriasi et al., 2015) ............................................................................................ 21
Tabela 4 - Melhorias de funcionalidades do SWAT+ (Silva et al., 2021). ............................. 26
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos
modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al. (2009). .................................................... 45
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto. ................................................................................................. 52
Tabela 7 - Estações de monitoramento de Águas Superficiais presentes nas bacias de estudo
(RMSP/Adasa e Hidroweb/ANA)............................................................................................ 60
Tabela 8 - Estações Pluviométricas da Bacia do Alto Descoberto no Distrito Federal
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ............................................................................................. 63
Tabela 9 - Dados de variáveis e parâmetros do modelo SWAT monitorados por diferentes
instituições na região de estudo e seus períodos utilizados no estudo. .................................... 64
Tabela 10 - Unidades dos dados climáticos no SWAT+. ........................................................ 65
Tabela 11 - Informações de tipo, fonte e data da imagem utilizada para mapeamento de uso
do solo na área de estudo. ........................................................................................................ 72
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites. ................. 73
Tabela 13 - Caracterização das classes de uso do solo escolhidas e identificadas. ................. 75
Tabela 14 - Parâmetros, intervalo de valores e métodos de variação utilizados na análise de
sensibilidade. (Fonte: adaptado de Ferrigo (2014)) ................................................................. 78
Tabela 15 - Períodos de aquecimento, modelagem, calibração e verificação do modelo das
bacias........................................................................................................................................ 79
Tabela 16 - Classes, subclasses e porcentagens de itens utilizados para base de crescimento
de planta e base urbana. ........................................................................................................... 80
Tabela 17 - Lista de fertilizantes usualmente recomendados no Distrito Federal. (EMATER-
DF, 2020b; SLU; CAESB) ...................................................................................................... 81
Tabela 18 - Cenários prospectivos de práticas de manejo e uso do solo e da água. ................ 84
Tabela 19 - Práticas de manejo do solo configuradas no SWAT+ para o cenário
conservacionista. ...................................................................................................................... 85
Tabela 20 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador/DF, baseada em sua área de influência, na aplicação do
método de polígonos de Thiessen. ........................................................................................... 89
Tabela 21 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido/DF, baseada em sua área de influência, na
aplicação do método de polígonos de Thiessen. ...................................................................... 90
Tabela 22 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio de 2021)................................................................... 102
Tabela 23 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio 2021). ...................................................................... 102
Tabela 24 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021). ........................................................................ 105
Tabela 25 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Rodeador considerando sua
ix
finalidade principal (Adasa – maio de 2021). ........................................................................ 106
Tabela 26 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido (DF). ............................................................................................. 108
Tabela 27 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador (DF). ......................................................................................................... 113
Tabela 28 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológicas simuladas em cada bacia. . 122
Tabela 29 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 123
Tabela 30 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P. .......... 124
Tabela 31 - Parâmetros e valores de calibração resultantes para os três cenários na bacia
hidrográfica do Capão Comprido........................................................................................... 127
Tabela 32 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 128
Tabela 33 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 130
Tabela 34 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P. .......... 131
Tabela 35 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 132
Tabela 36 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio
da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cada cenário de uso do solo. 134
Tabela 37 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio
da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cada cenário de uso do solo. ............ 135
Tabela 38 - Base de dados de fertilizantes configurada para utilização no SWAT+ na região.
................................................................................................................................................ 138
Tabela 39 - Base de dados de implementos agrícolas utilizados no DF configurada para o
SWAT+ na região de estudo. ................................................................................................. 139
Tabela 40 - Base de dados referente à irrigação ideal configurada para o SWAT+ na região de
estudo. .................................................................................................................................... 139
Tabela 41 - Base de dados referente à irrigação atual configurada para o SWAT+ na região.
................................................................................................................................................ 140
Tabela 42 - Práticas de manejo do solo e valores P da EUPS. .............................................. 140
Tabela 43 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológica por divisão e subdivisão de
classe de uso. .......................................................................................................................... 141
Tabela 44 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Nitrogênio. .............................. 142
Tabela 45 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Fósforo. ................................... 142
Tabela 46 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da
bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cenários conservacionista e
convencional. ......................................................................................................................... 150
Tabela 47 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cenários conservacionista e convencional.
................................................................................................................................................ 150
Tabela 48 - Razões entre componentes do balanço hídrico e ciclo hidrológico nos cenários
conservacionista e convencional das bacias. ......................................................................... 151
Tabela 49 - Percentual das bacias e área média das classes de unidade de paisagem nas bacias
do Capão Comprido e Rodeador. ........................................................................................... 157
Tabela 50 - Balanço Hídrico, componente Escoamento Superficial (mm), média anual
considerando as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias
hidrográficas (período 2020 a 2030). ..................................................................................... 157
Tabela 51 - Balanço Hídrico, componente Evapotranspiração (mm), média anual - unidades
de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (2020 a 2030). ......... 160
Tabela 52 - Balanço Hídrico, componente percolação (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período 2020 a 2030). 163
Tabela 53 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Capão Comprido (DF). ..................................................................................................... 168
x
Tabela 54 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Rodeador (DF). ................................................................................................................. 168
Tabela 55 - Média anual de produção de sedimentos em toneladas por hectare, considerando
as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período
2020 a 2030). ......................................................................................................................... 171
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Terraços quanto ao modo de construção (BIAS, 1992). ..................................... 11
Figura 2 - Terraços quanto à faixa de movimentação da terra (BIAS, 1992). ..................... 12
Figura 3 - Terraços quanto à forma do perfil (BIAS, 1992). ............................................... 12
Figura 4 - Fluxograma das etapas de desenvolvimento de modelo matemático (adaptado de
von Sperling, 2007) ............................................................................................................. 19
Figura 5 - Esquema de delimitação do SWAT+ e sua versão anterior (Adaptado de Arnold
et al., 2021). ......................................................................................................................... 28
Figura 6 - Representação da bacia hidrográfica e as subdivisões em sub-bacia e unidades
de paisagem (floodplain e upland) (Adaptado de Srinivasan, 2021). .................................. 28
Figura 7 - Fluxo conceitual da água dos principais objetos geográficos abordados no
SWAT+. (BIEGER et al, 2017) ........................................................................................... 29
Figura 8 - Ciclo do nitrogênio - adaptado de Neitsch et al. (2009). .................................... 36
Figura 9 - Dinâmica dos reservatórios de nitrogênio no SWAT - adaptado de Neitsch et al.
(2009). ................................................................................................................................. 37
Figura 10 - Ciclo do fósforo - adaptado de Neitsch et al. (2009). ....................................... 39
Figura 11 - Reservatórios de fósforo SWAT - adaptado de Neitsch et al. (2009). ............. 40
Figura 12 - Fluxograma da metodologia e etapas do estudo. .............................................. 48
Figura 13 - Localização das bacias de estudo em relação ao DF e ao Brasil. ..................... 51
Figura 14 - Hidrografia e limite da Bacia do Capão Comprido. ......................................... 54
Figura 15 - Características morfológicas da bacia do córrego Capão Comprido (DF).
(Fontes: Solos - Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA -
ICMBio, 2014) .................................................................................................................... 56
Figura 16 - Hidrografia e limite da bacia do Ribeirão Rodeador (DF). .............................. 57
Figura 17 - Características morfológicas da bacia do ribeirão Rodeador (DF). (Fontes:
Solos - Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA -
ICMBio, 2014) .................................................................................................................... 59
Figura 18 - Localização das Estações Fluviométricas - Capão Comprido e Rodeador.
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb) .......................................................................................... 61
Figura 19 - Localização das estações pluviométricas na Bacia Hidrográfica do Alto
Descoberto no Distrito Federal (Hidroweb/ANA). ............................................................. 62
Figura 20 - Comparação de porcentagem de área plantada (2011 e 2020) por classe de
cultivo na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF) ................ 68
Figura 21 - Produção agrícola (ha) na RA de Brazlândia de 2011 a 2020 (Fonte de dados:
Emater-DF). ......................................................................................................................... 68
Figura 22 - Gráficos comparativo de espécies de Grandes Culturas (2011 e 2020) na
Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ................................ 70
Figura 23 - Gráficos comparativo de espécies de Fruticultura (2011 e 2020) na Região
Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ............................................ 70
Figura 24 - Gráficos comparativo de espécies de Olericultura (2011 e 2020), sem a classe
"Outras", na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ........... 70
Figura 25 - Imagens utilizadas para vetorização, considerando a APA do Descoberto no
DF. ....................................................................................................................................... 72
Figura 26 - Disponibilidade de dados de precipitação de cada estação entre os anos de 1971
a 2020. ................................................................................................................................. 86
Figura 27 - Localização das estações pluviométricas com séries históricas obtidas e
analisadas. ............................................................................................................................ 87
Figura 28 - Índice pluviométrico médio mensal (mm) (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).... 87
Figura 29 - Precipitação média anual das estações (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ........ 88
xii
Figura 30 - Área de influência das estações pluviométricas nas bacias do Rodeador e
Capão Comprido pelo método de polígonos de Thiessen dividido por períodos. ............... 89
Figura 31 - Precipitação média mensal (mm) entre os anos de 1971 a 2020, calculada pelos
polígonos de Thiessen a partir dos dados provenientes de Hidroweb/ANA e Rede Caesb. 90
Figura 32 - Precipitação anual da Bacia do Capão Comprido (mm), calculada pelos
polígonos de Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). .................................................... 90
Figura 33 - Precipitação anual da Bacia do Rodeador (mm), calculada pelos polígonos de
Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). .......................................................................... 91
Figura 34 - Temperaturas máximas, médias e mínimas mensais (1961-2020)
(BDMEP/INMET). .............................................................................................................. 91
Figura 35 - Médias das temperaturas máximas, médias e mínimas nas últimas cinco
décadas (BDMEP/INMET). ................................................................................................ 92
Figura 36 - Umidade relativa do ar média (1961-2020) (BDMEP/INMET). ...................... 92
Figura 37 - Estações fluviométricas próximas ao exutório das bacia do Capão Comprido e
Rodeador.............................................................................................................................. 93
Figura 38 - Vazões médias mensais do córrego Capão Comprido dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 94
Figura 39 - Vazões médias mensais do ribeirão Rodeador dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 94
Figura 40 - Vazões mensais córrego Capão Comprido - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e
Rede Caesb). ........................................................................................................................ 95
Figura 41 - Vazões mensais ribeirão Rodeador - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e Rede
Caesb). ................................................................................................................................. 95
Figura 42 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do córrego Capão
Comprido (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ........................................................................ 96
Figura 43 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do ribeirão Rodeador
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 97
Figura 44 - Concentrações de nitrogênio total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb).
............................................................................................................................................. 97
Figura 45 - Concentrações de fósforo total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb). ... 98
Figura 46 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica
do córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021) ................................................ 99
Figura 47 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica
do ribeirão Rodeador - DF (Adasa - maio de 2021). ......................................................... 100
Figura 48 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021). ......................... 101
Figura 49 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa – maio de 2021) ......................... 103
Figura 50 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021). .................................... 104
Figura 51 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021) ..................................... 106
Figura 52 - Uso do solo ano de 1964 - Bacia Capão Comprido (Imagem base: Fotos aéreas
Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ................................................................... 109
Figura 53 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ...................... 110
Figura 54 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan)................................................. 111
Figura 55 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A
xiii
/ INPE ). ............................................................................................................................. 112
Figura 56 - Uso do solo ano de 1964 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ...................... 114
Figura 57 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan)................................................. 115
Figura 58 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A
/ INPE ). ............................................................................................................................. 116
Figura 59 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A
/ INPE ). ............................................................................................................................. 117
Figura 60 - Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido................................................................................................... 118
Figura 61 - Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador. ............................................................................................................. 118
Figura 62 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do córrego Capão
Comprido (DF) geradas pelo modelo SWAT+. ................................................................ 120
Figura 63 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador
geradas pelo modelo SWAT+. .......................................................................................... 121
Figura 64 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 1965 a 1974. .................................................................................................... 122
Figura 65 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 1979 a 1988. .................................................................................................... 122
Figura 66 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2001 a 2010. .................................................................................................... 123
Figura 67 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2006 a 2015. .................................................................................................... 123
Figura 68 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado córrego Capão
Comprido. .......................................................................................................................... 124
Figura 69 - Concentração de fósforo total observado e simulados córrego Capão Comprido.
........................................................................................................................................... 124
Figura 70 - Análise de sensibilidade - Cenário 2 (1980). .................................................. 125
Figura 71 - Análise de sensibilidade - Cenário 3 (2009) ................................................... 125
Figura 72 - Análise de sensibilidade - Cenário 4 (2019) ................................................... 126
Figura 73 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1965 a 1974 -
após processo de calibração. .............................................................................................. 127
Figura 74 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
1979 a 1988 - após processo de calibração....................................................................... 127
Figura 75 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2001 a 2010 - após processo de calibração....................................................................... 128
Figura 76 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2006 a 2015 - após processo de calibração........................................................................ 128
Figura 77 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1975 a 1979. 129
Figura 78 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
1989 a 1993 - verificação. ................................................................................................. 129
Figura 79 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2001 a 2010 - verificação. ................................................................................................ 129
Figura 80 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2006 a 2015 - verificação. ................................................................................................. 130
Figura 81 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado do córrego Capão
xiv
Comprido no período de 2013 a 2020 - verificação. ......................................................... 130
Figura 82 - Concentração de fósforo total observado e simulado do córrego Capão
Comprido no período de 2013 a 2020 - verificação. ......................................................... 131
Figura 83 - Vazões simuladas do ribeirão Rodeador no período de 1975 a 1979. ............ 131
Figura 84 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 1989 a
1993 - verificação. ............................................................................................................. 132
Figura 85 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2011 a
2015 - verificação. ............................................................................................................ 132
Figura 86 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2016 a
2020 - verificação. ............................................................................................................. 132
Figura 87 - Ciclo hidrológico médio simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos
distintos da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF). .................................. 134
Figura 88 - Ciclo hidrológico simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF). ................................................................. 135
Figura 89 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .......................................................................... 143
Figura 90 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre
os anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido............................................................... 143
Figura 91 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ..................................................................................... 144
Figura 92 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre
os anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ........................................................................ 144
Figura 93 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .......................................................................... 144
Figura 94 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .................................................................. 145
Figura 95 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ..................................................................................... 145
Figura 96 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ............................................................................. 145
Figura 97 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do córrego Capão Comprido (DF). ................. 147
Figura 98 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de manejo
de solo na bacia do córrego Capão Comprido (DF) e aumento de área urbanizada.......... 147
Figura 99 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do ribeirão Rodeador (DF). ............................ 148
Figura 100 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de
manejo de solo na bacia do ribeirão Rodeador (DF) e aumento de área urbanizada. ....... 148
Figura 101 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -
Bacia hidrográfica Capão Comprido. ................................................................................ 149
Figura 102 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -
Bacia hidrográfica ribeirão Rodeador................................................................................ 149
Figura 103- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e
conservacionista para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Capão Comprido.
........................................................................................................................................... 152
Figura 104- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e
conservacionista para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Rodeador. ........ 152
Figura 105 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ...................................................... 153
Figura 106 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
xv
- Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................. 153
Figura 107 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................. 154
Figura 108 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................. 154
Figura 109 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. .................................... 155
Figura 110 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. .................................... 155
Figura 111 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. ................................................ 156
Figura 112 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ............................... 156
Figura 113 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................... 158
Figura 114 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista....................................... 158
Figura 115 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador- Cenário Convencional. ........................................................ 159
Figura 116 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ................................................. 159
Figura 117 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................... 161
Figura 118 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista....................................... 161
Figura 119 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. ....................................................... 162
Figura 120 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ................................................. 162
Figura 121 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................................ 164
Figura 122 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................... 164
Figura 123 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................... 165
Figura 124 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................... 165
Figura 125 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do Capão
Comprido. .......................................................................................................................... 167
Figura 126 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do
Rodeador............................................................................................................................ 167
Figura 127 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ...................... 169
Figura 128 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................. 169
Figura 129 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................. 170
Figura 130 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
xvi
de paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.............................. 170
Figura 131 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................................ 172
Figura 132 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................... 172
Figura 133 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................... 173
Figura 134 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................... 173
xvii
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES
xviii
P Fósforo
PBIAS Percentual de viés Bias
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos
PICAG Projeto Integrado de Colonização Alexandre Gusmão
PICH Plano Integrado de Enfrentamento da Crise Hídrica
PTF Pedo Transfer Function
RA Região Administrativa
R2 Coeficiente de determinação
RMSP Rede de Monitoramento de Águas Superficiais da Adasa
RL Reserva Legal
SCS Serviço de Conservação do Solo
SEDUH Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SIG Sistemas de Informações Geográficas
SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SRTM Shuttle Radar Topography Mission
SWAT Soil and Water Assessment Tool
UH Unidade Hidrográfica
USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
ZRUC Zona Rural de Uso Controlado
ZRUD Zona Rural de Uso Diversificado
WMS Web Map Service
WMTS Web Map Tile Service
xix
1. INTRODUÇÃO
1
críticas. Desse modo, a atividade agropecuária presente nessas regiões sofre significativas
pressões que impactam diretamente no mercado agropecuário.
Nos anos de 2016 e 2017 o DF passou por uma expressiva crise hídrica. Como
instrumento de gestão, o Governo do Distrito Federal (GDF) instituiu o Plano Integrado de
Enfrentamento da Crise Hídrica (PICH), o qual versa sobre as diversas ações tomadas para
amenizar a crise, como, por exemplo, o racionamento de água na área urbana. Na área rural,
diversas práticas de manejo e conservação de solo e água foram previstas e executadas, entre
elas destacaram-se: aplicação de novas tecnologias poupadoras de água, campanhas
educativas para consumo racional dos recursos hídricos e novos modelos experimentais de
manejo de irrigação para agricultores, revitalização de canais de irrigação, adequação de
estradas rurais, construção de bacias de retenção e implantação de terraços e, inclusive, ações
de preservação e recuperação de vegetação nativa.
Os agricultores irrigantes presentes nas bacias hidrográficas do rio Descoberto e do
ribeirão Pipiripau, bacias essencialmente rurais e localizadas a montante de mananciais de
abastecimento público, tiveram o uso da água limitado em até 75%, ocasionando perdas na
produção, diminuição de área plantada e, consequentemente, a redução da renda das
famílias. Não obstante, áreas da bacia hidrográfica do rio Preto, grande produtora de grãos,
também passaram por restrições no uso da água para irrigação. Contudo, essas não foram
resultantes de conflito com o abastecimento humano e sim por conflitos entre irrigantes
devido à diminuição na vazão disponível para captação, sendo necessária a adoção de
medidas de alocação negociada de água.
Durante esse período, observou-se que os estudos existentes não possibilitaram a
mensuração real do impacto e da integração do uso da água na agricultura nas vazões finais
dos cursos de água, pois os resultados se mostraram superficiais e empíricos. Notou-se a
carência de informações essenciais para a maior confiabilidade e entendimento dessa
interação, como dados sobre o consumo real da atividade irrigada, o tipo de manejo de
irrigação e de solo utilizados, as áreas de vegetação nativa e em recuperação, bem como sua
localização e o seu dimensionamento, além da verificação de dados qualitativos que
abranjam aspectos de concentração de nutrientes e transporte de sedimentos.
Diferentes análises foram realizadas em caráter emergencial, mas pouco se aprofundou
ou validou-se com maior tenacidade devido à urgência na tomada de decisões. No intuito de
avaliar o impacto real de mudanças de uso e ocupação do solo e de adoção de ações
conservacionistas no balanço hídrico, é necessária a existência de parâmetros e dados
complexos e de maior precisão e confiabilidade, para ponderar os reais impactos da
2
agricultura como consumidora de recursos hídricos. No entanto, é perceptível a carência
atual desses dados e a indefinição de metodologia para seu uso, principalmente no que tange
a integração entre agricultura e recursos hídricos.
Técnicas de geoprocessamento vêm sendo utilizadas como um dos principais
instrumentos para o auxílio na gestão ambiental, como o uso do sensoriamento remoto, por
meio de processamento de imagens aéreas e de satélites, que torna possível caracterizar
áreas, identificar seus usos preponderantes e até problemas ambientais, como queimadas e
desmatamentos, ou ainda utilizando-se de ferramentas que ajudam na adequação ambiental,
como na delimitação de unidades de conservação, áreas protegidas, áreas de transbordo,
determinação de declividade, entre outros.
A utilização de imagens temporais para a construção de cenários é considerada
ferramenta estratégica para análises prospectivas de sistemas, sendo empregada tanto para
realização de diagnóstico, quanto para a averiguação de tendências, de forma a buscar
antecipações de episódios prováveis de conflitos e eventos com potencial de impactar
diretamente na qualidade e quantidade de água disponível (CORTEZ, 2007).
Dados devidamente processados podem ser empregados como base para estudos
hidrológicos e para a compreensão da dinâmica dos fenômenos físicos decorrentes de
situações adversas ao ambiente. Atualmente, a modelagem auxilia o entendimento da
complexidade e dinâmica do sistema hidrológico e permite analisar comportamentos
distintos a partir da variação de cenários de uso e manejo de água e solo.
A modelagem hidrológica oportuniza o melhor entendimento da dinâmica de bacias
hidrográficas e de todo o ciclo hidrológico, permitindo a visualização de respostas
qualiquantitativas relativas a mudanças climáticas ou de uso e ocupação do solo, bem como
permite interpretar seu comportamento hídrico. Dentre diversos modelos, percebe-se a
evolução e a adaptação do modelo SWAT para o território brasileiro, estando presente em
todos os biomas, com aplicação principal em análises hidrológicas comuns e generalizadas,
mas também para a simulação de sedimentos e poluentes (BRESSIANI et al., 2015a). O
SWAT+, versão mais atualizada do modelo, foi lançado recentemente, contando com
melhorias em sua configuração e a inclusão de unidades de paisagem como novo
componente para simulação de bacias hidrográficas.
Assim, é perceptível a necessidade e oportunidade de buscar e gerar dados e
parâmetros mais precisos e confiáveis, melhorando a base de dados agropecuários e
integrando-os com dados físicos, hidrológicos, pedológicos, climáticos, entre outros, e, a
partir dessa integração, utilizando-se de modelos hidrológicos, analisar como as mudanças
3
do uso do solo e a adoção de práticas conservacionistas impactam e interagem com os
aspectos qualiquantitativos de mananciais do DF, de forma que possibilite a replicação da
metodologia em outras bacias hidrográficas, aumentando a confiabilidade dos resultados,
além de balizar e respaldar as tomadas de decisões do governo.
Para tanto, o presente trabalho foi desenvolvido tendo como objeto de estudo as bacias
hidrográficas do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador, ambas afluentes ao
reservatório do Descoberto, principal manancial de abastecimento público do Distrito
Federal.
A organização do texto foi feita por capítulos: (1) introdução (2) objetivos geral e
específicos; (3) fundamentação teórica e revisão bibliográfica contemplando tópicos como
técnicas de manejo e conservação de água e solo e modelagem hidrológica dando destaque
ao modelo SWAT e principalmente à sua versão modernizada SWAT+ e sua abordagem
agrícola; (4) metodologia aplicada na busca e preparação de dados, na construção de cenários
de uso do solo e ao processo de modelagem, perpassando por calibração e verificação; (5)
resultados e discussões; (6) conclusões do trabalho e recomendações; e por fim as referências
bibliográficas utilizadas na construção desta pesquisa e os apêndices objetos do estudo.
4
2. OBJETIVOS
5
3. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão teórica e bibliográfica foi desenvolvida de modo a exibir o contexto da
necessidade em analisar o impacto de boas práticas agrícolas na disponibilidade hídrica e na
qualidade dos mananciais, perpassando por uma breve explanação das técnicas e práticas de
manejo e conservação de água e solo.
6
obedecendo a declividade do terreno até o encontro com corpos d’água, o que acarreta no
aumento da concentração de sólidos dissolvidos na água superficial e na deposição de
sedimentos em seu leito, ocasionando o assoreamento de margens. Portanto, o processo de
erosão hídrica resume-se em três fases principais, que acontecem de modo sucessivo e
concomitante: desagregação do solo, transporte de sedimentos e deposição de material em
pontos mais baixos do relevo.
Bertoni & Lombardi Neto (2012) dividem as práticas de manejo e conservação de solo
em vegetativas, edáficas e mecânicas, priorizando as duas primeiras devido sua simplicidade
de execução, sendo complementadas pelas práticas de caráter mecânico. Práticas vegetativas
são aquelas em que se emprega a cobertura vegetal para proteção do solo, preservando sua
integridade contra os efeitos da erosão, quanto mais densa a vegetação de cobertura, mais
protegido encontra-se o solo. Práticas edáficas são aquelas em que o sistema de cultivo é
modificado de modo a proporcionar o maior controle da erosão e a melhoria ou estabilidade
7
da fertilidade do solo, de modo a repor elementos nutritivos, diminuir a lixiviação e controlar
a combustão da matéria orgânica. De Maria et al. (2019) também dividem as práticas
conservacionistas nas mesmas três classes, contudo as práticas descritas diferem-se das
listadas por Bertoni & Lombardi Neto (2012). Adicionou-se práticas e modificou-se
nomenclaturas, de forma a ampliar suas abordagens e até mesmo subdividiu-as.
8
Quanto às práticas de caráter vegetativo, ressalta-se a importância do florestamento,
por meio da conservação da vegetação natural, e o reflorestamento pela revegetação de áreas
desmatadas. Ambas são objetos do Código Florestal Brasileiro o qual ressalta a necessidade
de áreas protegidas em propriedades rurais, sejam elas as Áreas de Preservação Permanente
(APP) ou Reserva Legal (RL). As APP são as áreas protegidas, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, além de facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, já a Reserva Legal é a área de uma
propriedade ou posse rural com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais presentes na propriedade, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade (BRASIL, 2012).
Skorupa (2013) analisa os benefícios das áreas protegidas com respeito à sua
importância como componentes físicos do agroecossistema, a partir de sua localização e
cobertura. Em encostas acentuadas, a vegetação promove a estabilidade do solo pelo
emaranhado de raízes das plantas, evitando sua perda por erosão e protegendo as partes mais
baixas do terreno (estradas e cursos d’água); na área agrícola, evita ou estabiliza os processos
erosivos, auxiliando na conservação do solo e agem como quebra-ventos nas áreas de
cultivo; em áreas de nascentes, age como amortecedor das chuvas, evitando o seu impacto
direto sobre o solo e a sua compactação, auxilia na porosidade do solo e sua capacidade de
infiltração, ocasionando o aumento da vazão do lençol freático e diminuindo escoamento
superficial e o carreamento de partículas de solo e resíduos das atividades agropecuárias para
os cursos d’água; nas margens de cursos d’água ou reservatórios, a vegetação atua como um
filtro, em que evita o carreamento direto para o ambiente aquático de sedimentos, nutrientes
e produtos químicos provenientes das partes mais altas do terreno, que podem afetar a
qualidade da água e diminuir a vida útil dos reservatórios, das instalações hidroelétricas e
dos sistemas de irrigação; no controle hidrológico de uma bacia hidrográfica, regula o fluxo
de água superficial e subterrânea, e assim do lençol freático.
Observa-se que De Maria et al. (2019) divergem de Bertoni & Lombardi Neto (2012)
quanto a classificação do caráter da técnica de plantio direto, estes consideram prática
mecânica e aqueles prática edáfica, devido a não necessidade de maquinário para
revolvimento do solo. Técnicas de plantio direto vem sendo empregadas no Brasil desde os
anos 70, iniciada no Estado do Paraná, partindo da necessidade de mudança da paisagem
rural, visto a evolução de processos erosivos e a perda de solos, essas originadas devido ao
9
uso contínuo e irracional de maquinários para revolvimento do solo, como arados e grades
(REGO, 2002).
O Plantio Direto baseia-se na expressão “no-tillage” que significa sem preparo, já que
esse sistema de plantio evita o revolvimento do solo por meio de implementos agrícolas,
limitando a movimentação apenas à linha de semeadura, promove a deposição natural e
superficial da cobertura morta (palhada), tornando o processo de decomposição lento e
escalonado. O não revolvimento do solo e sua cobertura permanente suscitam o controle da
erosão, a conservação da umidade do solo, a redução da temperatura, o controle de plantas
daninhas, a melhoria da estrutura e fertilidade do solo e suas condições fitossanitárias
(PEIXOTO et al., 1997).
Quanto ao modo de construção: (i) terraço tipo Nichols – canal triangular e de base
estreita, para a construção corta-se a terra por movimentos de cima para baixo para
formação de dique, recomendado para declives mais acentuados (16 a 18 cm/m); (ii)
10
terraço tipo Mangum – canal trapezoidal ou parabólico e de base média a larga, para a
construção movimenta-se a terra de cima para baixo e de baixo para cima,
alternadamente, recomendado para declives suaves (até 16 cm/m). A diferenciação
pode ser observada na Figura 1.
Quanto à faixa de movimento da terra: (i) terraço de base estreita – largura de faixa de
movimentação de até 3 metros, conhecidos também como “curvas de nível”, utilizado
em declives superiores a 16 cm/m; (ii) terraço de base média - largura de faixa de
movimentação entre 3 e 6 metros, utilizado em declives de 10 a 16 cm/m; (iii) terraço
de base larga - largura de faixa de movimentação entre 8 e 12 metros, utilizado em
declives de 6 a 12 cm/m, conforme representado na Figura 2.
Quanto à forma do perfil: (i) terraço comum – construído de terra, composto de canal
e dique e utilizado em áreas com até 18 cm/m de declividade, podem variar em
embutido, embutido invertido ou leirão ou murundum; (ii) terraço em patamar –
constituído de plataforma, onde são localizadas as culturas agrícolas, e de talude
transversal à linha de maior declive, estabilizado por vegetação de cobertura, é
recomendado para terrenos muito inclinados (acima de 18 cm/m), como observado na
Figura 3.
11
Figura 2- Terraços quanto à faixa de movimentação da terra (BIAS, 1992).
12
corretivas na restauração de suas dimensões, como a elevação de dique e limpeza de canal
com retiradas de sedimentos e reposição do camalhão (PRUSKI et al., 2009).
De modo recente, notou-se a retirada de terraços em solos sob plantio direto, a partir
de argumentos errôneos de que a palhada presente no sistema de plantio é capaz por si só de
reter a enxurrada, entretanto, a palha pode aumentar a velocidade de infiltração e diminuir a
desagregação do solo, mas não reduz completamente o escoamento. Áreas com plantio direto
permitem o maior espaçamento do terraço, mas não sua eliminação por completo
(MACHADO & WADT, 2016).
Sabe-se que a eliminação dos terraços também tem sido motivada pela dificuldade de
utilização de implementos agrícolas em áreas terraceadas, porém é possível adaptar o tipo
de terraço e seu espaçamento a depender também da necessidade de mecanização.
13
3.1.2 Práticas de manejo e conservação de água
Irrigação por superfície é aquela em que a água escoa sobre a superfície do terreno, ou
seja, utiliza-se o solo como o meio de transporte. A água pode ser transportada por gravidade
14
ou por meio de bombas até a área cultivada. Esse tipo de irrigação divide-se em dois
métodos, um em que a água fica parada, cobrindo toda a superfície do solo e outro em que a
água permanece em movimento, requerendo escoamento ou empoçamento para o final da
área irrigada. Dentre as vantagens do emprego desse método estão o baixo investimento
inicial e a possibilidade de reúso da água, contudo, requer alta mão-de-obra e a demanda
hídrica é elevada, necessitando de vazões maiores. Os sistemas mais comuns desse método
de irrigação são: irrigação por sulcos, bacias em nível, irrigação por faixas e irrigação por
inundação.
A irrigação por aspersão é aquela que aplica a água nas áreas de cultivo simulando a
chuva. Esse método utiliza-se de aspersores para aplicação na área total, estes podem ser de
variadas formas e tamanhos, no entanto sua distribuição é desigual, pois os aspersores
tendem a aplicar uma maior quantidade de água próximo ao ponto em que se localiza do que
em sua periferia, assim é necessária a sobreposição de aspersores de forma a garantir maior
uniformidade da aplicação. Os sistemas de irrigação por aspersão mais comuns são: aspersão
convencional, ramal rolante, autopropelido, pivô central, lepa e lesa e os de deslocamento
linear.
A adoção de práticas de uso racional da água não deve se basear tão somente na adesão
de sistemas de irrigação poupadores, mas sim na manutenção e desempenho de seus
equipamentos e seu correto manejo e controle. A determinação do momento de irrigar e da
quantidade de água a ser aplicada acarretam uma maior eficiência do uso da água,
impactando tanto na diminuição da vazão captada e quantidade de água utilizada, quanto na
maximização do rendimento econômico dos produtores rurais irrigantes.
Para determinar quando e quanto irrigar Resende & Albuquerque (2002) trazem
algumas estratégias de manejo de irrigação, como: (i) observação de sintomas visuais de
déficit hídrico nas plantas, como coloração, enrolamento e ângulo folear, para estimar o
15
momento de irrigar, porém quando observados tais efeitos já há o comprometimento da
produção; (ii) construção de calendário de irrigações, estimando as datas e as lâminas a
serem aplicadas ao longo do ciclo da cultura, considerando o tipo de solo, cultura e fatores
climáticos; (iii) aplicação do método do balanço da água no solo, que considera a equação
do balanço hídrico, identificando a entrada de água (precipitação e irrigação) e as saídas
(evapotranspiração da cultura), se o saldo chegar a zero significa que se faz necessária a
irrigação naquele dia; (iv) utilização de instrumentos que proporcionam o monitoramento
direto ou indireto do teor de umidade do solo, sendo o uso de tensiômetros o mais habitual.
Os tensiômetros são aparelhos que medem a tensão com que a água está retida pelas
partículas do solo, também conhecido como potencial matricial, auxiliando na determinação
do teor de umidade atual do solo e da quantidade de água armazenada nesse. Constituem-se
de uma cápsula porosa permeável, de cerâmica ou porcelana, conectada a um medidor a
vácuo, geralmente um vacuômetro metálico ou um manômetro de mercúrio (AZEVEDO &
SILVA, 1999).
16
atuando a partir do equilíbrio entre a água e ar presente no solo e sua cápsula porosa. A
leitura é realizada introduzindo a cuba de leitura em um frasco de água, se a água ocupar o
espaço da cuba, significa que o solo está “seco”, mas se não ocupar significa que o solo está
“úmido”. A instalação deve ser realizada aos pares, sendo um mais raso, que indica quando
irrigar e um mais profundo para indicar se a irrigação não foi excessiva. Recomenda-se a
utilização de pelo menos três pares de Irrigas® por talhão plantado (MAROUELLI &
CALBO, 2009; MAROUELLI et al., 2015).
18
Segundo von Sperling (2007), o procedimento de modelagem é iterativo, sendo
necessário o retorno de etapas para reajustes. O fluxograma presente na Figura 4 apresenta
as principais etapas para o desenvolvimento de um modelo matemático.
19
Análise de sensibilidade – avaliação da estrutura e conjunto de parâmetros do
modelo e quanto sua resposta é influenciada pelo valor de um dado de entrada.
∑n
i=1(Oi −Pi )²
NSE = 1 − ∑n (Oi −O̅ )²
(Eq. 1)
i=1
∑n ̅ ̅
i=1(Oi −O)(Pi −P)
R² = (Eq. 2)
√∑n ̅ n ̅
i=1(Oi −O)²√∑i=1(Pi −P)²
∑n
i=1 Oi −Pi
PBIAS = ∑n
× 100 (Eq. 3)
i=1 Oi
20
temporal e também o componente avaliado, variando desde a vazão do fluxo do escoamento
até sedimentos e nutrientes, como pode ser observada na Tabela 3.
Singh & Woolhiser (2002) ainda descrevem que a origem do modelo matemático se
deu a partir do desenvolvimento do Método Racional por Mulvany no ano de 1850 e pelo
modelo criado por Imbeau em 1982, que relacionava o pico de cheia de um dado escoamento
21
superficial com a intensidade da precipitação. A evolução perpassou por variadas teorias e
metodologias ao longo do tempo, como por exemplo o desenvolvimento das leis de Horton
nas décadas de 30 e 40, a qual trazia teorias referente à infiltração e ao escoamento,
Thornthwaite e Penman, no ano de 1948, fizeram contribuições para modelos de
evapotranspiração, o Serviço de Conservação do Solo, em 1956, desenvolveu o método SCS,
que considera as condições do uso da terra no cálculo do deflúvio, entre outros. Todavia, a
primeira tentativa de modelar virtualmente o ciclo hidrológico foi por meio do Stanford
Watershed Model-SWM, criado por Crawford e Linsley no ano de 1966, o qual inspirou a
criação de diversos outros modelos fisicamente baseados, como: SWMM - 1971; PRMS -
1983; Sistema de Previsão do Rio NWS - 1973; SSARR - 1982; Sistema Hidrológico
Europeen (ELA) - 1986; TOPMODEL - 1979, e IHDM - 1980.
22
A utilização de SIG é considerada uma excelente ferramenta do geoprocessamento
para investigação de fenômenos diversos, relacionados à engenharia urbana, meio ambiente,
pedologia, vegetação e bacias hidrográficas. Além disso, na área ambiental, a tomada de
decisões requer um conhecimento multidisciplinar. Desta forma, os softwares de SIG vieram
resolver significativa parte dos problemas de tempo, mão-de-obra e da pouca precisão
quando o volume de informações é amplo.
23
regional sustentável, análise integrada e gestão de conflitos pelo uso da água. (CORTEZ,
2007)
No âmbito do DF, parte das pesquisas realizadas pelo Programa de Pós Graduação
em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (PTARH) da Universidade de Brasília,
tem seu foco na região, onde estudos têm sido desenvolvidos para caracterização e
monitoramento dos processos hidrológicos, entre eles Ferrigo (2014) que analisa a
consistência de parâmetros do modelo SWAT obtidos por calibração automática – estudo de
caso da bacia do Descoberto – DF, observou-se boa adaptação do modelo SWAT à
modelagem hidrológica em áreas rurais no DF.
25
espacial de elementos e processos nas bacias hidrográficas.
Silva et al. (2021) realizaram um levantamento de artigos científicos que versam sobre
o SWAT+, identificando os principais aprimoramentos da nova versão do modelo, quando
comparado com sua versão anterior, e suas aplicações. A Tabela 4 apresenta as melhorias de
funcionalidades observadas, as quais perpassam desde aspectos de desenvolvimento do
software, com a diminuição de número de arquivos resultantes, até novas alternativas de
fluxos hidrológicos.
26
Fluxos ambientais Possibilita a criação de fluxos ambientais.
Operação do
Os usuários podem atribuir regras na operação.
Reservatório
Dentre as mudanças ocorridas entre as últimas versões, sobressaem-se a
implementação de unidades da paisagem (LSU) e o fluxo e roteamento de poluentes por ela
(SILVA et al., 2021; BIEGER et al., 2017). O SWAT+ fornece uma representação espacial
mais flexível das interações e processos dentro de uma bacia hidrográfica, em especial no
que tange à definição de cronogramas de gerenciamento, à definição de componentes de
roteamento e à conexão de sistemas de fluxo gerenciado à rede de fluxo natural. As
modificações realizadas visam facilitar a manutenção do modelo além de proporcionar
modificações no código e a integração de diversos colaboradores com o modelo (BIEGER
et al., 2017).
Bieger et al. (2017) apresentaram os novos recursos do modelo SWAT+ a partir de sua
aplicação em uma bacia experimental nos Estados Unidos. Observaram que há a
continuidade da divisão por meio de HRUs, contudo, essas ainda não são espacialmente
referenciadas, porém a sua determinação é mais flexível, permitindo a discretização pelo
usuário. A representação das LSU se dá segundo as características topográficas do terreno e
auxiliam no cálculo mais preciso do tempo de concentração. O SWAT+ possibilita, ainda,
uma definição mais aprimorada de aquíferos, reservatórios, canais de irrigação, emprego de
bombas e até mesmo a utilização de água por rebanhos de animais. Permite, além disso, a
utilização do modelo de águas subterrâneas MODFLOW como componente regular do
SWAT+, onde o usuário pode optar por representar aquíferos conforme as configurações do
SWAT ou então pelas configurações do MODFLOW para simulação dos processos
subterrâneos. A nova versão do modelo conta com a implementação de tabelas de decisão,
que propiciam a definição de conjuntos de regras a fim de programar operações de
gerenciamento. Para isso, utiliza-se critérios definidos pelo usuário, considerando diversas
variáveis que tornam mais realista os cronogramas de gerenciamento em uma bacia
hidrográfica.
27
para em seguida gerarem as HRUs. Destaca-se, ainda, que a componente “água” atualmente
é considerada um componente à parte.
28
uplands (terras altas). A inserção desse componente justifica-se devido a interferência das
características topográficas nos processos e funções hidrológicas de uma bacia hidrográfica,
o que ocasiona a melhoria da capacidade preditiva da simulação hidrológica. Dentre as
principais diferenças entre as unidades de paisagem que impactam no processo hidrológico
estão: o nível dos lençóis freáticos, tipo de solo, conteúdo de matéria orgânica, níveis de
oxigênio, sedimento, armazenagem hidrológica, entre outros (RATHJENS et al., 2016).
29
Rathjens et al. (2016) compararam quatro métodos de delimitação das unidades de
paisagem baseados na representação a partir do DEM e parâmetros físicos significativos da
área em questão. Testou-se em 3 bacias hidrográficas dos Estados Unidos com características
climáticas, hidrológicas e geomorfológicas diversas, porém de tamanhos semelhantes. Os
métodos testados e atualmente disponíveis no modelo são: TWI - Topographic Wetness
Index , que combina a área de contribuição da encosta e a declividade; SP - Slope Position,
que considera a posição relativa entre a maior (vale) e a menor (cume) altitudes do terreno;
UFS - Uniform Flood Stage, que realiza a divisão considerando a elevação da rede de
drenagem e o DEM, e VFS - Variable Flood Stage, o qual considera o DEM e as
características hidrológicas da bacia, utilizando-se de algoritmos. Os métodos SP e VFS
funcionaram muito bem em todas as bacias e obtiveram melhor desempenho do que o TWI
e UFS, pois estes subestimaram e superestimaram a extensão do floodplain. O método SP
demonstrou melhor desempenho ao longo de cursos d’água de primeira ordem e o VFS em
cursos de ordem superior, porém em áreas de nascentes a resolução do DEM poderá interferir
diretamente na precisão dos resultados.
Outro ponto importante é que o SWAT+ oferece maior flexibilidade na impressão dos
arquivos de saída, pois permite que o usuário especifique qual HRU, LSU ou bacia deseja-
se imprimir o resultado da simulação e em qual intervalo de tempo. Para calibração, há um
novo arquivo incluído no SWAT+ que pode ser usado para atualizar os parâmetros sem ter
que alterá-los em seus respectivos arquivos de entrada.
30
ao longo do período de 1999 a 2015. Realizou-se levantamento bibliográfico de 113 estudos
desenvolvidos no território e publicados em revistas, simpósios e também em formato de
teses e dissertações. Percebeu-se a evolução no uso do modelo em todos país, o qual é
utilizado principalmente em análises hidrológicas gerais, e em menor escala em análise de
transporte de sedimentos e de poluentes como nutrientes e pesticidas. A aplicação do modelo
foi bastante heterogênea no que tange às regiões e biomas do país, sendo que mais de 60%
referem-se à região Sul e Sudeste, contudo identificou-se o crescimento gradual da aplicação
do modelo nas demais regiões ao longo dos anos. Os autores observaram que os estudos são
em sua grande maioria objetos exclusivamente de estudos acadêmicos, o que indica que a
ferramenta ainda não havia sido efetivada como instrumento de auxílio às tomadas de
decisão na gestão governamental de recursos hídricos, o que pode ser consequência da
indisponibilidade de dados ou da complexidade do acesso a esses, bem como da necessidade
de adaptação do modelo à realidade brasileira. Contudo, verificou-se a alta potencialidade
de aplicação do SWAT no âmbito de gestão hidrológica, visando o melhor entendimento do
sistema hídrico, abarcando o ciclo hidrológico e o transporte de sedimentos, nutrientes,
pesticidas, entre outros.
31
das simulações utilizando os coeficientes de Nash-Sutcliffe (NSE), de determinação (R²), a
relação entre o quadrado médio da raiz para o desvio padrão dos dados observados (RSR), e
o percentual de viés (PBIAS). O grupo 4, que contou com a utilização do sistema CFSR,
obteve o melhor desempenho global com bons resultados em todas as métricas de eficiência,
seguido do grupo 1. O grupo 2 e 3 mostram resultados insatisfatórios, sugerindo que os dados
climáticos globais por si só possuem limitações para uma simulação razoável, mas que a
utilização de dados CFSR para outros fins, juntamente com dados de precipitação de chuva
locais calibres, pode fornecer respostas hidrológicas plausíveis.
32
processos hidrológicos presentes na irrigação e concentração de nutrientes, principalmente
quanto à carga de fósforo total, assim concebeu o SWAT-IRRIG o qual previu
adequadamente a carga total de fósforo (TP), ainda sugeriu a utilização do modelo na
avaliação dos impactos de diferentes práticas de gestão nas perdas não pontuais de fósforo
em sistemas irrigados. Chen et al. (2018) melhoraram as funções de autoirrigação presentes
no SWAT, de forma a simular o gerenciamento da irrigação agrícola. Comparou-se os
resultados obtidos com dados de campo provenientes de lisímetro, e concluiu-se que o
modelo mostrou melhor desempenho para simulações de quantidade e frequência de
irrigação, e também de evapotranspiração real. Verificou-se diferenças mínimas no índice
de área folear e de produtividade, isto devido a correta irrigação, onde os cultivos não
entraram em estado de stress hídrico devido ao correto manejo.
Ainda quanto a utilização recente do SWAT+, White et al. (2017) optaram pela
utilização do SWAT+ em substituição ao SWAT, a fim de examinar o Conjunto de Dados
Hidrográficos Nacionais dos Estados Unidos (NHD) de forma a resumi-los a canais
representativos e conexões referentes a uma sub unidade hidrográfica. As versões anteriores
33
do SWAT exigem um delineamento de sub-bacia muito específico no que tange a simulação
de processos que ocorriam em córregos de cabeceira, o que o tornam inviável
operacionalmente quando aplicados a escala nacional. Contudo o SWAT+ mostrou-se
efetivo quanto a modelagem mais aprimorada mesmo em escala nacional mais detalhada,
possibilitando o equilíbrio entre a complexidade computacional e a representação correta do
sistema hidrológico.
Merwade et al. (2017), apresentam série de estudos que realçam a ampla aplicabilidade
e versatilidade do SWAT+, abordando questões hidrológicas tradicionais e emergentes, bem
como os novos avanços no modelo. Perpassa por estudos de avaliação de efeitos no uso da
terra, clima e melhores práticas de gestão na hidrologia, bem como aplicações mais atuais
como bioenergia, serviços ecossistêmicos e até mesmo sobre efeitos do desenvolvimento de
gás natural na hidrologia e na qualidade da água. Diversos estudos abordam temas como
calibração, análise de sensibilidade e incerteza e o acoplamento do SWAT com outros
modelos como CE-QUAL-W2. Por fim, ressalta que o modelo continua se desenvolvendo
constantemente, como no caso do SWAT+ que deve apresentar uma mudança de paradigma
ao subdividir as sub-bacias em unidades de paisagem e direcionar o fluxo e os poluentes
através dessas.
34
futuramente.
3.3.2.1 Nutrientes
A adição do nutriente no solo pode ser realizada por meio de adição de fertilizantes
(minerais ou orgânicos), pela fixação de bactérias e pelo carreamento realizado pela chuva.
Já a sua remoção se dá pela própria absorção das plantas, mas também pelos processos de
lixiviação, volatização, nitrificação e até por processos erosivos. A Figura 8 ilustra o ciclo
do nitrogênio.
36
Figura 9 - Dinâmica dos reservatórios de nitrogênio no SWAT - adaptado de
Neitsch et al. (2009).
Aos usuários do SWAT é possível a definição inicial das concentrações de nitrogênio
e nitrato em todas as camadas do solo, contudo se esses valores não forem definidos, o
próprio modelo irá inicializar seus níveis nos diferentes reservatórios por meio de um valor
padrão.
37
nitrogênio passa do reservatório de resíduo fresco para o ativo de substâncias
húmicas.
38
8. Nitrato no Aquífero Raso – o nitrato (NO3-) pode ser transportado até o aquífero raso,
podendo permanecer nesse, e mover-se para o aquífero profundo ou sair do aquífero
por meio de descarga em canais superficiais. Assim, o nitrato pode ser perdido devido
a absorção microbiana ou até mesmo transformações químicas. Essa perda pode ser
contabilizada através da determinação da meia-vida do nitrato, considerando os dias
necessários para redução pela metade de sua concentração.
O ciclo do fósforo, representado na Figura 10, tem função essencial para o crescimento
vegetal e está presente em fertilizantes e adubos químicos e orgânicos. Apresenta-se no solo
em três formas principais: orgânico associado com húmus, mineral insolúvel e dissolvido, o
qual é disponível para plantas. Ressalta-se que sua solubilidade e mobilidade são limitadas,
o que faz com que aumente sua concentração na camada mais superficial do solo, facilitando
seu escoamento junto às águas superficiais.
39
Figura 11 - Reservatórios de fósforo SWAT - adaptado de Neitsch et al. (2009).
É permitida a definição manual dos níveis de fósforo iniciais, contudo se não forem
fornecidos os valores serão determinados automaticamente pelo modelo, segundo as
condições locais.
40
3. Lixiviação – como o fósforo possui baixa mobilidade, sua taxa de lixiviação é baixa.
O modelo considera a lixiviação apenas de parte do fósforo solúvel encontrado na
camada superficial do solo (10mm).
Fósforo nos aquíferos rasos – ainda devido a sua baixa mobilidade, o SWAT não
modela diretamente a presença de fósforo em aquíferos rasos, contudo, o usuário pode inserir
cargas específicas caso necessário que permanecerão as mesmas durante toda a simulação.
Erodibilidade do solo: diferenciado pelo tipo de solo e seu teor de silte, areias
finas e argila (WISCHMEIER & SMITH, 1978)
Ressalta-se que apesar do modelo SWAT utilizar os dados de sedimentos gerados pela
equação MUSLE, ele também calcula a EUPS, porém sua resposta não é utilizada durante a
modelagem, possibilitando apenas a comparação dos valores obtidos em ambas equações.
41
Ainda quanto ao transporte de sedimentos, o modelo incorpora recursos de delay no
escoamento superficial, considerando o tamanho da bacia e seu tempo de concentração, além
da interação entre os sedimentos presentes na água subterrânea e seu aporte no canal
principal.
Ciclo de Crescimento
A simulação de colheita parte da premissa que a biomassa vegetal será retirada, todavia
a planta continuará ativa. Dados referente à data de colheita são necessários e índices de
eficiência podem ser definidos, porém se esse não for especificado, o modelo utiliza-se de
valores padrão pré-estabelecidos. Os índices de eficiência determinam quanto de biomassa
é efetivamente retirada e quanto é convertida como resíduo na superfície do solo. Este
processo deve ser considerado para culturas perenes ou que possuam mais de uma safra.
42
esterco na HRU.
Utilização de fertilizantes
Irrigação
Dados sobre a irrigação podem ser inseridos pelo usuário ou automatizada em resposta
a observação de déficit hídrico no solo. A fonte de captação de água deve ser diferenciada
por tipo, como as superficiais (rio, reservatório, nascentes) e subterrâneas (aquífero raso e
aquífero profundo), e por sua localização (dentro ou fora da bacia ou sub-bacia hidrográfica).
Quanto às quantidades captadas podem ser determinadas a mínima e a máxima, identificando
a vazão do curso d’água que deverá ser mantida no ambiente. Consideram-se índices de
infiltração e índices de escoamento superficial, bem como a eficiência do sistema de
irrigação utilizado e a possível lixiviação de nutrientes e sais.
Opta-se por utilizar a inserção de dados de forma manual, planejada por data ou
43
unidades de aquecimento, ou automatizada, de forma que a aplicação seja desencadeada por
limiares de déficit de água no solo ou de estresse hídrico, em função do potencial de
crescimento da planta.
Outras práticas de gestão hídricas podem também ser modeladas como, por exemplo,
a influência das áreas represadas para cultivos de espécies em sistemas alagados, a utilização
de drenos tubulares, a transferência hídrica entre corpos d’água e a retirada de água para
consumo.
Manejo do solo
44
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
ESTRUTURAL
Estruturas de contenção temporárias usadas para reduzir a velocidade do
Barragem de Checagem 57,5 30 26
fluxo da água e acumular sedimentos.
Dique de Desvio Barreira para controle do nível e velocidade da água. 35 10 30
Áreas vegetadas ao longo de cursos d'água que filtram concentrações de
Faixas Filtráveis 65* 70 75
nutrientes, sedimentos, etc.
Estrutura construída em declividade de reservatórios ou cursos d'água para
Estabilização de Nível 75 75 75
estabilizar o nível, prevenindo erosão, assoreamento e qualidade da água
Via fluvial instalada no talvegue do terreno e vegetada, direciona a água
Hidrovias Gramadas 65 70 75
reduzindo a sedimentação e concentração de poluentes.
Telhados vegetados que reduzem o escoamento de águas pluviais de áreas
Telhados Verdes - - -
residenciais e comerciais.
Vala construída e coberta por seixos que auxiliam na infiltração de águas
Vala de infiltração pluviais
75 55 60
Jardim de Chuva Canal vegetado que coleta a água da chuva e auxilia em sua infiltração. 65 10 25
São elevações trapezoidais de compostos orgânicos (resíduos, biossólidos,
Filtro Elevado de
adubo, terra) construídas perpendicularmente ao escoamento de enxurradas 86 68,5 55
Compostos Orgânicos para controle de erosão, sedimentos e poluentes.
Dreno tubulado em
Transporte de águas pluviais em declive por tubo enterrado 37 9 20
inclinação
Pavimento em estrutura permeável que possibilita a infiltração de águas
Pavimento Poroso 90 65 85
pluviais
Pavimento Poroso Pavimento tradicional acoplado com áreas vegetadas com grama,
90 90 90
Gramado aumentando a infiltração
45
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009) (continuação).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
ESTRUTURAL
Bacias construídas em lugares estratégicos para retenção de detritos e
Baciões / Bacia de
sedimentos, para que esses não alcancem reservatórios ou cursos d'água à 86 55 68
Sedimentos jusante
Barreira em material sintético que impedem a passagem de materiais
Cerca de Silte 85* 20 70
proveniente de construções como silte e sedimentos.
Reservatório temporário com fundo de pedras para retenção de sedimentos e
Represa de Fundo Rochoso 90* 50 50
entulhos.
Aterro construído nas curvas de nível do terreno e visa a redução da erosão
Terraços pela diminuição da velocidade da água em declives acentuados e auxilia na 85* 20 70
infiltração.
Dique triangular para interceptação e acumulo de sedimentos provenientes
Dique Triangular 35* 10 30
de construção civil.
Criação de áreas úmidas para retenção de sedimentos e remoção de
Zonas Úmidas 77,5 44 20
nutrientes a partir de processos naturais.
NÃO ESTRUTURAL
Adição de Sulfato de Adição do composto alume como tratamento químico para remoção de
90* 60 80
Alumínio poluentes e sedimentos
Conversão de lavouras em
Conversão de áreas utilizadas em lavouras para áreas de pastagem 71
pastagens
Incorporação de adubos Incorporação de adubo, principalmente de animais, para aproveitamento de
- - -
orgânicos nutrientes.
Adoção de práticas que evitem o revolvimento do solo, limitando a apenas
Plantio Direto e
àquelas necessárias para colocar os nutrientes e condicionar os resíduos e 75 55 45
Semeadura Direta plantas.
(*) Sólidos em Suspensão; Sed – Sedimentos; N – Nitrogênio; P – Fósforo
46
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009) (continuação).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
NÃO ESTRUTURAL
Captação de água de chuva Captação de água de chuva para reaproveitamento em uso doméstico,
- - -
para reúso irrigação e redução das enxurradas.
Manejo de resíduos de
Coleta de resíduos provenientes de animais de estimação para tratamento. 80 90
animais de estimação
Paisagem Eficiente - Plantio de plantas ornamentais visando o aumento da infiltração e
- - -
Plantas Ornamentais diminuição da enxurrada.
Paisagem Eficiente - Plantio de árvores visando o aumento da infiltração e diminuição da
50 - -
Árvores enxurrada.
Paisagem Eficiente - Plantio de grama visando o aumento da infiltração e diminuição da
71 - -
Grama enxurrada.
Vegetação de áreas controla a erosão em áreas degradadas ou áreas com
Vegetação 71* - -
processos erosivos aparentes.
NO CANAL
Proteção de Canal Medidas usadas para estabilizar o leito ou o fundo de um canal. 75 75 75
Mantas de Controle de Manta protetora de cobertura morta ou um tapete de estabilização do solo
86 - -
Erosão aplicado ao topo do solo preparado para superfícies vulneráveis à erosão
Árvores e arbustos localizados às margens dos cursos d'água reduzem
Floresta Ribeirinha 60 30 30
sedimentos, materiais orgânicos, nutrientes e pesticidas.
Aplicação de cobertura (orgânica ou geotêxtil) para diminuir o impacto da
Mulching 71 - -
gota da chuva e reduzir o desprendimento do solo.
Práticas estruturais e vegetativas de restauração de cursos d'água que visam
Restauração de Fluxo evitar a perda de terras ou usos do solo adjacentes e manter a capacidade de 75 75 75
fluxo
(*) Sólidos em Suspensão; Sed – Sedimentos; N – Nitrogênio; P – Fósforo
47
4. METODOLOGIA
48
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Clima
- Tropical (Aw) - Temperatura, para o mês mais frio, superior a 18ºC. Situa-se,
aproximadamente, nas áreas com cotas altimétricas abaixo de 1.000 metros (bacias
hidrográficas dos rios São Bartolomeu, Preto, Descoberto/Corumbá, São Marcos e Maranhão).
- Tropical de altitude (Cwa) - Temperatura, para o mês mais frio, inferior a 18ºC, com
média superior a 22º no mês mais quente. Abrange, aproximadamente, as áreas com cotas
altimétricas entre 1.000 e 1.200 metros (unidade geomorfológica – Pediplano de Brasília).
- Tropical de altitude (Cwb) - Temperatura, para o mês mais frio, inferior a 18ºC, com
média inferior a 22º no mês mais quente. Correspondem às áreas com cotas altimétricas
superiores a 1.200 metros (unidade geomorfológica - Pediplano Contagem/Rodeador).
Geomorfologia
Segundo Peluso & Oliveira (2006), o DF localiza-se no Planalto Central Goiano, onde
se encontram as maiores cotas altimétricas da Região Centro-Oeste. Em função dessas cotas, o
território é dividido em quatro compartimentos:
- Planícies Aluviais e Alveolares: porções mais baixas do relevo formadas pela deposição
dos sedimentos transportados pelos rios e depositados às suas margens.
- Depressões Interplanálticas: são áreas com elevação inferior aos planaltos que as
circundam, com cotas de 800 a 950 m de altitude. Nas áreas das bacias dos rios São Bartolomeu
e Preto os declives geralmente são pouco acentuados, enquanto que na bacia do rio Maranhão
as vertentes são abruptas.
49
- Pediplano de Brasília: abrange áreas com cotas de 950 a 1.200 m de altitude. Neste
compartimento predominam formações de chapada, chapadões e interflúvios tabulares. No
Pediplano Brasília verificam-se elevações que constituem divisores de água entre as bacias
hidrográficas dos rios Preto e São Bartolomeu.
Recursos Hídricos
As bacias escolhidas como base de estudo encontram-se na região noroeste do DF, mais
precisamente na Região Administrativa de Brazlândia. Ambas bacias passaram por delimitação
específica para o presente estudo por meio do programa SWAT +, e sua localização em relação
à Unidade da Federação pode ser observada na Figura 13.
Ambas as bacias passaram por eventos críticos durante a crise hídrica (2016 a 2018),
devido às baixas vazões disponíveis nos cursos de água e, consequentemente, com restrições
no uso da água para irrigação. Dessa maneira, ações de alocação de água tiveram que ser
50
realizadas, essas resultaram em procedimentos para a diminuição de vazões outorgadas e
também limitação de horários de captação e uso do recurso na agricultura.
A escolha dessas bacias como objeto de estudo deve-se aos múltiplos estudos acadêmicos
inerentes, que englobam também à região do Alto Rio Descoberto. Por meio de pesquisa
sucinta em base de dados e repositórios de universidades foi possível constatar as numerosas
análises da evolução do uso do solo da bacia, qualidade e quantidade dos recursos hídricos e
até mesmo propostas metodológicas de gerenciamento de conflitos.
A Tabela 6 apresenta uma sumária linha do tempo com o título de estudos que tiveram
como objeto tais bacias ou a região em que estão situadas.
51
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto.
52
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto (continuação).
ANO TÍTULO BACIA AUTOR
O Modelo LUCIS e o Planejamento Territorial da Bacia
2014 Descoberto Nunes (2014)
do Alto Rio Descoberto
Criação de metodologia para caracterização ambiental
de imóveis rurais da APA do rio Descoberto no DF com
2015 Descoberto Silva (2015)
a aplicação das feições necessárias para a inscrição no
CAR.
Modelagem dos Conflitos de Uso e Ocupação do Solo
como Ferramenta para o Planejamento Territorial: O Nunes &
2016 Descoberto
Caso da Bacia do Alto Curso do Rio Descoberto Roig. (2016)
DF/GO
Aplicação do método de cargas máximas totais diárias
2016 Rodeador Silva (2016)
de nutrientes na bacia do Córrego Rodeador – DF
Avaliação dos Impactos da Explotação de Águas
Subterrâneas na Bacia do Ribeirão Rodeador por meio
2018 Rodeador Araújo (2018)
de Simulação Integrada entre os Modelos SWAT e
MODFLOW
Análises Quantitativa e Qualitativa das águas
2018 superficiais da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Rodeador Fim (2018)
Rodeador /DF para Avaliação das Cargas de Poluição
Estudo da contribuição de águas subterrâneas e retirada
2018 de água por poços sobre o escoamento dos córregos Maranhão Pereira (2018)
adjacentes na região do Núcleo Rural Lago Oeste – DF
Análise Espaço-temporal da Concentração de
Chelotti
2018 Sedimentos em Suspensão no Reservatório do Descoberto
(2018)
Descoberto (DF), por meio de Sensoriamento Remoto
Evolução do Uso da Terra, Erosão dos Solos e
Teixeira
2018 Fragmentação da Vegetação na APA do Rio Descoberto Descoberto
(2018)
no Distrito Federal e Goiás
Aplicação do CE-QUAL-W2 para a Modelagem da
2019 Estrutura Térmica do Reservatório do Descoberto Descoberto Barros (2019)
DF/GO
Serviços Ecossistêmicos e a Agricultura Irrigada na Lima et al.
2019 Rodeador
Bacia do Ribeirão Rodeador, Distrito Federal (2019)
Conflito de Uso entre Abastecimento Público e
Balbino
2020 Irrigação associado à Crise Hídrica na Bacia do Alto Descoberto
(2020)
Descoberto, Distrito Federal
Avaliação de Espécies Químicas Potencialmente
2021 Tóxicas na Área de Proteção Ambiental da Bacia do Descoberto Portela (2020)
Rio Descoberto, Brasília/DF – Brasil
Avaliação da evapotranspiração simulada com o Ferreira
2021 Rodeador
programa SWAT no Bioma Cerrado (2021)
53
4.1.1 Bacia do córrego Capão Comprido
De acordo com Reatto et al. (2004), predominam na bacia os solos do tipo Latossolo,
subdivididos em Latossolo Vermelho e Latossolo Vermelho Amarelo, sendo o primeiro
responsável por uma cobertura de 49,88% da área e o segundo por 27,31%. Existem, ainda,
solos do tipo Cambissolo em 20,41% da área e pequena incidência de Gleissolos em 2,40%.
54
Segundo Santos et al. (2018), os Latossolos ocorrem em regiões com relevo pouco
movimentado. São solos antigos, espessos (comumente com mais de 10 metros de espessura),
homogêneos e com difícil distinção entre os horizontes, apresentando, nesse caso, textura
predominantemente média.
Os Cambissolos são solos jovens, rasos (espessura total inferior a 1 metro), comumente
pedregosos, pouco permeáveis, com ampla contribuição de silte em sua composição textural e
desenvolvidos sobre rochas argilosas.
As classes de declividade para a bacia foram geradas no ambiente QGIS 3.16, utilizando-
se da ferramenta Interpolação TIN, com as feições de altimetria (cota e curva de nível),
hidrografia e limite das bacias, após essa etapa gerou-se a declividade da área (ferramenta
Slope) e diferenciada as classes de relevo pelo percentual da declividade, conforme Norma de
Execução INCRA/DD/Nº 71 (INCRA, 2008), a qual divide a partir dos seguintes valores: plano
de 0 a 3% de declive, suave ondulado de 3 a 8%, ondulado de 8 a 20%, forte ondulado de 20 a
45%, montanhoso de 45 a 75% e escarpado valores maiores que 75%. Verificou-se que 58%
da bacia é considerada suave ondulada, 25% ondulada, 16% plana e apenas 1% forte ondulada.
Apresenta cota mínima de 1.035 m e máxima de 1.270 m.
55
culturais e sociais. Há ainda uma estreita faixa da bacia que incide na Floresta Nacional de
Brasília (ICMBIO, 2014).
56
hortifrutigranjeiros, principalmente a olericultura, com a produção de hortaliças folhosas e
caixarias. Expressiva parte dos produtores rurais são classificados como agricultores
familiares, classificação dada aqueles que residem na pequena propriedade rural, possuem
mão-de-obra essencialmente familiar e têm a propriedade rural como principal fonte de
sustento.
57
A classe de solos predominante é a dos Latossolos, sendo o Latossolo Vermelho presente
em 39,03% da área e o Latossolo Vermelho Amarelo em 35,77%. Existe área significativa de
Cambissolos (16,83%) e pequenas manchas de Gleissolo (4,34%). A bacia também conta com
cobertura de Plintossolo (3,43%) e Neossolo Quartzarênico (0,60%), ambas classes não
encontradas na bacia do Capão Comprido (REATTO et al., 2004).
58
formação de pastagem para alimentação animal, sendo classificados como agricultores
patronais. Já os espaços de assentamentos e de pequenas propriedades rurais têm como maioria
os agricultores familiares que trabalham com o cultivo de olerícolas.
59
4.2.1 Fontes de dados hidrometeorológicos
60
JATOBAZINHO MONTANTE
60435197 31/12/2016 Caesb Mensal
RODEADOR
RODEADOR MONTANTE
60435198 31/12/2016 Caesb Mensal
JATOBAZINHO
60435200* RODEADOR - DF 435 30/04/1978 Caesb Diária
61
Para esse estudo utilizou-se prioritariamente os dados de vazão diária, mensal e média
relativos à estação 60425200 (Rodeador – DF 435) e à estação 60435300 (Capão Comprido –
Descoberto), isso fundamentado tanto pela extensão de sua série histórica, ambas iniciadas no
ano de 1978, como pela sua localização, estando próximas ao exutório de seus cursos d’água
principais (córrego Capão Comprido e ribeirão Rodeador).
As séries foram obtidas por meio do próprio sistema Hidroweb, porém duas estações
(1548052 e 1548053) continham erros em seus arquivos de origem, assim não puderam ser
62
utilizadas. A Escola Corporativa da Caesb encaminhou base de dados onde consta que a estação
1548008 - Descoberto - é a fonte da série histórica de pluviometria que a empresa atualmente
aplica em suas pesquisas na área, contudo optou-se, neste estudo, pela interpolação de dados
de todas as estações acessíveis utilizando-se do método de polígonos de Thiessen.
63
Tabela 9 - Dados de variáveis e parâmetros do modelo SWAT monitorados por diferentes
instituições na região de estudo e seus períodos utilizados no estudo.
Parâmetro Fonte Período
Irrigação Emater-DF
Atual
Adubação Emater-DF
Emater-DF / Imagens de satélites e
Canais de Irrigação
aerofotogramétricas
Emater-DF/ Imagens de satélites e A partir de
Uso do solo
aerofotogramétricas 1964
Cabe ressaltar que para cada sub-bacia o SWAT+ utiliza os dados climáticos observados
da estação mais próxima, em caso da não existência de dados observados é possível utilizar o
Weather Generator, o qual simula dados climáticos a partir de sua localização. Neste trabalho
foram utilizados os dados disponíveis nas estações existentes na região de estudo.
A unidade de cada categoria de dado climático a ser inserido ao modelo deve seguir o
que consta na Tabela 10.
64
Tabela 10 - Unidades dos dados climáticos no SWAT+.
Categoria (sigla) Unidade
Como apresentado na Tabela 9, os dados de radiação solar tiveram como fonte o INMET,
contudo, esse disponibiliza apenas dados de insolação solar diária. Assim, a determinação do
valor da radiação baseada à insolação foi realizada com apoio de planilha de cálculo disponível
no grupo oficial do SWAT no Brasil, que abarca fórmulas fundamentadas na latitude da
estação, declinação solar, radiação extraterreste, duração do dia, entre outros (ALLEN et al.,
2006).
Como tentativa de melhoria da qualidade e acurácia dos dados, optou-se por também
gerar o MDE no ambiente QGIS, recorrendo-se à ferramenta “Interpolação TIN”, a partir de
dados de cota de elevação e de curvas de níveis de 5 em 5 metros, vetorizados pela empresa
TOPOCART e disponibilizados pela Terracap, os quais passaram por processo de validação e
correção das feições topológicas.
65
4.2.2.3 Dados de classes de solo
Os dados de classe de solo foram obtidos junto à Embrapa Cerrados. A empresa
recentemente reclassificou levantamento datado de 1978 (Mapa Pedológico do DF) (REATTO
et al., 2004) para o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SANTOS et al., 2018),
esse mapeamento possui escala de 1:100.000. A classificação do solo passou por breve
processo de conferência em campo a fim de identificar manchas de solo não observadas no
mapeamento supracitado.
66
O sistema interno de base de dados da Emater-DF, chamado de EmaterWeb, abriga
informações sobre toda a atuação da empresa de extensão na área rural do DF, contando com
informações cadastrais de agricultores e habitantes rurais, a quantidade de propriedades rurais
atendidas, as principais atividades agropecuárias exercidas, planejamento e registros de
atividades de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) e diagnóstico da utilização
agropecuária do solo por meio do Índice de Produção Agropecuária (IPA).
O IPA divide-se em quatro classes, baseadas por tipo de atividade, são elas: IPA
Agrícola, IPA Animal, IPA Floricultura e IPA Agroindústria. O índice abrange informações
relativas à quantidade de área cultivada, dividida pelo tipo de cultivo, sua produção média anual
(prevista e real) e produtividade agrícola.
A análise dos dados obtidos por meio dos relatórios anuais da Emater-DF apresenta o
perfil da produção agrícola da RA de Brazlândia nos últimos 10 anos, dentre as principais
classes de cultivo as que ocorrem na área de estudo são: Grandes Culturas, Fruticultura e
Olericultura, sendo essa última a responsável pela maior parte da produção agrícola em área
plantada.
67
Figura 20 - Comparação de porcentagem de área plantada (2011 e 2020) por classe de cultivo
na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF)
A Figura 21 expõe a área da produção agrícola por tipo de classe de cultivo no mesmo
período.
68
A partir da análise da área de produção dos últimos 10 anos, observou-se que o pico de
produção de olerícolas aconteceu no ano de 2016, com 3.084,21 ha plantados, já a menor
produção se deu no ano de 2017, com 1.544,96 ha de olerícolas plantadas, aceita-se que essa
queda de 50% na área plantada foi efeito da chamada “Crise Hídrica” que ocorreu na região.
Esse período de escassez de água culminou na limitação, por parte da agência reguladora, das
captações de água no território, os produtores rurais irrigantes foram limitados no uso do
recurso hídrico em até 75% da vazão outorgada e em horários pré-definidos.
A segunda menor taxa anual de área de plantio de olerícolas, 1.625,39 ha, ocorreu no
ano de 2020, relacionada ao efeito da pandemia de Coronavírus. A pandemia atingiu fortemente
a agricultura familiar, principalmente nos primeiros meses de confinamento da população,
devido ao fechamento de feiras tanto de atacado, como de varejo e de restaurantes, além da
suspensão temporária de programas de governo que adquirem alimentos para distribuição em
escolas públicas.
No que tange as espécies plantadas por cada classe de cultivo, realizou-se a comparação
de sua diversidade nos anos 2011 e 2020, tal levantamento pormenorizado foi realizado visando
diferenciar o uso agrícola e também à parametrização de base SWAT.
69
Figura 22 - Gráficos comparativo de espécies de Grandes Culturas (2011 e 2020) na Região
Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF).
70
4.2.2.6 Geoprocessamento de imagens
Optou-se por construir o uso do solo classificados com base no perfil de uso do solo e
em 4 cenários temporais diferentes, sendo o primeiro relacionado à época de transferência da
capital do país e da criação do Distrito Federal, bem como o início da colonização da região
(1960), o segundo cenário atinente ao início da instalação de estações pluviométricas e
fluviométricas na região e a inauguração do reservatório do Descoberto (1978), o terceiro
cenário alusivo ao ano em que a bacia já contava com diversos estudos realizados, inclusive o
estudo sedimentológico mais aprofundado na bacia por Lopes (2010) e por fim um quarto
cenário relativo aos usos do solo atuais (2019). Devido a inexistência de imagens aéreas ou de
satélites precisamente dos anos propostos, utilizou-se as de anos de maior proximidade para
elaboração dos cenários de uso do solo.
71
Assim, optou-se pela utilização de imagem datada de 11 de dezembro de 2019 do World
Imagery Wayback, com resolução aproximada para a região do estudo de 30 cm,
disponibilizada pela empresa americana ESRI via link WMTS, conectado ao QGIS via terminal
Python. Entretanto, a imagem conta com fragmentos com influência de nuvens e,
consequentemente, áreas de sombras que impossibilitam a visualização de certas feições. Para
a vetorização das feições nessas áreas, a imagem CBERS-4A foi usada como apoio.
72
e 13 apresentam as diferentes classes de uso para cada cenário proposto e sua visualização na
escala estabelecida. Assim, é perceptível, devido à assimetria na qualidade das imagens, a
diferença entre as visualizações e também às classes de uso consideradas em cada período.
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites.
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Mata de Galeria
Cerrado (Savana)
Cerrado (Campo)
Grandes Culturas
Fruticultura
73
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites
(continuação).
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Olericultura
Pastagem
Silvicultura
(reservatórios)
Água
pavimentadas
Estradas não
pavimentadas
Estradas
74
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites
(continuação).
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Benfeitorias
Agrovila/ Solo Exposto
75
Tabela 13 - Caracterização das classes de uso do solo escolhidas e identificadas.
(continuação)
Classificação Caracterização
Estradas não
Vias principais e vicinais que não possuem pavimento asfáltico.
pavimentadas
Estradas
Vias principais e vicinais que possuem pavimento asfáltico.
pavimentadas
A estruturação da base de dados foi montada no software SQLite Studio, com apoio do
editor de planilhas Microsoft Excel. A composição de dados georreferenciados, o
aprimoramento e processamento dos existentes aconteceu no ambiente do software QGIS, em
sua versão 3.16 - Hannover e extensões existentes. Outros programas para apoio da
classificação do uso dos solos foram operados, como o software InterImage, na tentativa de
classificação supervisionada de imagens de alta resolução. No que corresponde à elaboração
do layout dos mapas, buscou-se também o ambiente do ArcGIS 10.1, devido à maior
disponibilidade de ferramentas e simplicidade na composição.
76
Todo o procedimento de modelagem foi realizado no SWAT+, em sua interface
específica para o software QGIS, na versão 2.1.7, e optou-se pela utilização do Microsoft MPI
para otimização do processamento. Quanto à calibração e à análise de sensibilidade, ambas
ocorreram por meio do plug-in SWAT+ Toolbox.
77
Tabela 14 - Parâmetros, intervalo de valores e métodos de variação utilizados na análise de
sensibilidade. (Fonte: adaptado de Ferrigo (2014))
Grupo Método
Parâmetro Descrição Unidade Mínimo Máximo
referência SWAT+
Constante de
alpha recessão do fluxo dias Substituição 0 1
de base
Coeficiente "revap"
revap_co - Substituição 0,02 0,1
Aquíferos de água subterrânea
Profundidade em
aquífero profundo
revap_min mm Substituição 0 500
para que aconteça o
"revap"
Curva número na
cn2 - Porcentagem -30% 20%
condição II
HRU Fator de
esco compensação de - Substituição 0,4 1,0
evaporação de solo
Densidade aparente
Routing bd g/cm³ Porcentagem -93% -60%
do solo
Capacidade de água mm
awc Porcentagem -20% 50%
disponível no solo H2O/mm
Condutividade
k hidráulica saturada mm/hr Porcentagem -195% 80%
do solo
Solos Densidade aparente
bd g/cm³ Porcentagem -93% -60%
do solo
Fração de
porosidade a partir
anion_excl - Substituição 0,1 1
da qual ânions são
excluídos
Posteriormente à análise de sensibilidade, o modelo passou pelo processo de calibração
automática, por meio da maximização do NSE, onde se observou as modificações de cada
parâmetro e sua resposta, de forma satisfatória ou insatisfatória. Para isso, analisou-se sua
eficiência utilizando-se de funções objetivos e coeficiente de determinação e eficiência.
78
calibração utilizado para cada cenário proposto, considerando as vazões diárias, e para a
calibração de nutrientes.
Cenário 1
1961 a 1964 1965 a 1979
(1964)
Cenário 2
1974 a 1978 1979 a 1993 1979 a 1988 1989 a 1993
(1980)
Cenário 3
1996 a 2000 2001 a 2015 2001 a 2010 2011 a 2015
(2009)
Cenário 4
2001 a 2005 2006 a 2020 2006 a 2015 2016 a 2020
(2019)
79
Observa-se que para a inserção dos dados vetoriais de classes de solos e de uso dos solos,
esses passaram por transformação de arquivo vetorial do tipo shapefile para arquivo raster, por
meio da ferramenta Rasterize do QGIS.
Fertilizantes
80
al., 2015). Desse modo, produziu-se catálogo específico onde consta a quantidade de cada
fertilizante (tonelada ou quilograma) aplicado nas culturas agrícolas mais comuns da região tal
como os teores de composição de cada produto (porcentagem ou dag/Kg).
No que corresponde aos parâmetros necessários para base de dados SWAT+, considerou-
se o peso atômico e massa molecular dos componentes para o cálculo das frações minerais e
orgânicas de Fósforo e Nitrogênio, e a fração mineral de Nitrogênio aplicado como Amônia.
81
Nitrato de cálcio kg mineral
Nitrato de potássio kg mineral
Salitre potássico do Chile kg mineral
Sulfato de amônio ton. mineral
Sulfato de cobre kg mineral
Sulfato de magnésio kg mineral
Sulfato de manganês kg mineral
Sulfato de potássio kg mineral
Sulfato de zinco kg mineral
Superfosfato Simples ton. mineral
Termofosfato ton. mineral
Ureia ton. mineral
Fosfato Natural t mineral
Bokashi ton. orgânico
Cama de Frango ton. orgânico
Biofertilizante líquidos l orgânico
Adubação Verde ha orgânico
Esterco Bovino ton. orgânico
Esterco Suíno ton. orgânico
Farelo de Arroz ou Trigo ton. orgânico
Farinha de osso ton. orgânico
Composto Orgânico de Lixo ton. orgânico
Lodo de Esgoto ton. orgânico
Composto de Poda Urbana ton. orgânico
82
de catálogos disponíveis na internet, os equipamentos que mais se assemelham aos empregados
na região.
83
Quanto à modelagem de práticas de manejo de água e solo, simulou-se dois novos
cenários relativos à adoção ou não de práticas de conservação de água e solo, ambas também
apoiadas no uso e ocupação de solo mais atual (cenário 4 - 2019) e tendências de mudança
observadas e desejadas.
Sistemas de irrigação com eficiência atual* Sistemas de irrigação com eficiência ideal*
*Versão disponível do SWAT+ não permitiu a configuração para a simulação.
Para a configuração dos dois cenários prospectivos, a modificação do uso do solo baseou-
se nas tendências observadas e nas alternativas plausíveis de alterações. Assim, para a
construção do cenário convencional de uso de solo, amplificou-se em 10 metros de raio as áreas
de classe de uso do solo “benfeitorias”, de modo a simular a intensificação das áreas
impermeabilizadas e a provável urbanização.
84
No que tange às práticas de manejo do solo, realizou-se a alteração de parâmetros
exclusivamente nos usos agropecuários. A simulação do cenário convencional ocorreu com a
configuração de suas práticas conforme valores concebidos como convencional no edital do
Projeto Produtor de Água do Pipiripau (ADASA, 2021). Já em relação às práticas
conservacionistas, configurou-se cada classe de cultura com a prática recomendada para a
cultura e para a região, conforme Tabela 19.
Pastagem Terraços
A modelagem no ambiente SWAT+ utilizou como base a série histórica dos anos 2006 a
2020, porém o período de simulação hidrológica foi ampliado até o ano de 2030, de forma a
proporcionar uma análise prospectiva fundada nas tendências de usos futuros. A calibração
empregada foi a realizada para a bacia do Capão Comprido para o cenário 4, referente ao ano
de 2019.
Ressalta-se que foi realizada a tentativa de inserir as conversões das eficiências dos
sistemas de irrigação e a inclusão dos pontos de captação de água outorgados, contudo foram
observados erros estruturais na versão do modelo utilizada, o que impossibilitou a inserção e
modelagem de tais conjunturas.
85
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1.1 Precipitação
86
Vicente Pires, com 22 km de distância entre elas. A Figura 27 apresenta as estações analisadas
e sua localização.
87
Analisando o comportamento dos dados, a localização da estação e a extensão de sua
série histórica é perceptível a variação nas alturas médias precipitadas. Tendo como exemplo
o mês de janeiro, a estação 1548041-Radiobrás indica uma variação de mais de 100mm entre
as chuvas registradas nas demais estações, isso pode ser justificado pela sua curta série histórica,
de apenas 6 anos, a qual pondera de maneira acentuada alturas de chuvas atípicas acontecidas
no ano de 2020, além de que a região se encontra em uma altitude mais elevada da região,
formando um platô. As estações do ano se mostram bem definidas, com altos índices de
precipitação entre os meses de outubro a abril, durante a estação chuvosa, e baixos índices
pluviométricos durante os meses de maio e setembro, configurando a estação seca, com
precipitação diária média de 0,62mm.
As médias anuais de cada estação pluviométrica estão sinalizadas no gráfico exibido pela
Figura 29.
88
Para a definição da área de influência de cada estação pluviométrica nas bacias estudadas,
utilizou-se o método de interpolação por polígonos de Thiessen por meio da determinação do
fator peso para as séries de dados disponíveis, possibilitando o melhor entendimento do regime
de chuvas de cada uma das bacias. Dessa forma, considerou-se a distribuição da precipitação
de forma homogênea em cada uma das bacias hidrográficas.
Figura 30 - Área de influência das estações pluviométricas nas bacias do Rodeador e Capão
Comprido pelo método de polígonos de Thiessen dividido por períodos.
Tabela 20 -Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador/DF, baseada em sua área de influência, na aplicação do
método de polígonos de Thiessen.
Rodeador
Período 1548006 1548007 1548008 1548009 1548041 1548051
ETA Taguatinga ETA Brazlândia Descoberto Jatobazinho Radiobrás Vicente Pires
1971 a 1978 0,21 0,79 - - - -
1979 a 2008 0 0,26 0 0,74 - -
2009 a 2014 0,21 0,79 0 - - -
2015 a 2017 0,20 0,27 0 - 0,53 -
2018 a 2020 0,18 0,27 0 - 0,53 0,02
(-) estação inoperante no período
89
Tabela 21 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido/DF, baseada em sua área de influência, na
aplicação do método de polígonos de Thiessen.
Capão Comprido
Período 1548006 1548007 1548008 1548009 1548041 1548051
ETA Taguatinga ETA Brazlândia Descoberto Jatobazinho Radiobrás Vicente Pires
1971 a 1978 1,0 0 - - - -
1979 a 2008 0,52 0 0 0,48 - -
2009 a 2014 1,0 0 0 - - -
2015 a 2017 1,0 0 0 - 0 -
2018 a 2020 1,0 0 0 - 0 0
(-) estação inoperante no período
A Figura 31 exibe a precipitação média mensal de cada uma das bacias a partir da
interpolação dos dados e utilização de fator peso gerado pelo método de polígonos de Thiessen.
Figura 31 - Precipitação média mensal (mm) entre os anos de 1971 a 2020, calculada pelos
polígonos de Thiessen a partir dos dados provenientes de Hidroweb/ANA e Rede Caesb.
As figuras 32 e 33 mostram os valores da precipitação anual entre os anos 1971 a 2020
em cada uma das bacias estudadas.
Figura 32 - Precipitação anual da Bacia do Capão Comprido (mm), calculada pelos polígonos
de Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
90
Figura 33 - Precipitação anual da Bacia do Rodeador (mm), calculada pelos polígonos de
Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
O comportamento de ambas bacias se mostrou bastante homogêneo, não se destacando
grandes variações entre elas e nem picos elevados na precipitação média mensal de suas séries
históricas. A precipitação anual acumulada permaneceu entre os valores médios para região e
não foram notadas diferenças consideráveis entre as bacias, os valores de precipitação média
anual na bacia do Capão Comprido foi de 1493 mm e na bacia do Rodeador de 1473 mm.
91
registrados de 35,8°C e 36,4ºC, respectivamente, ambos no ano de 2015, sendo que o mês de
outubro repetiu essa mesma temperatura no ano de 2020. No que se refere às temperaturas
mínimas, essas foram registradas nos meses de maio (3,2°C), junho (3,3°C) e julho (1,6°C),
ressalta-se que esses são valores atípicos para região e foram notados entre as décadas de 70 e
80, sendo o valor aproximado de 16,5°C a média das mínimas no decorrer da série histórica.
Figura 35 - Médias das temperaturas máximas, médias e mínimas nas últimas cinco décadas
(BDMEP/INMET).
Desprende-se do gráfico que a temperatura média não sofreu oscilações consideráveis,
contudo as temperaturas máximas e as mínimas apresentaram tendência de aumento de seus
valores nas últimas décadas.
92
apontaram os menores valores médios, 46 e 50% respectivamente, contendo registros históricos
de umidade perto de 15%. Já o mês de dezembro é o mês mais úmido, com 78% de umidade
relativa do ar média, seguido de perto pelos meses de janeiro, fevereiro e março, todos com
valores médios próximos a 76%.
5.1.3 Vazão
A área de estudo conta com nove estações fluviométricas, sendo oito na bacia do
Rodeador e seus afluentes e uma na bacia do Capão Comprido. Somente duas estações possuem
série histórica considerável, a estação 60435200 - Rodeador DF 435 e 60435300 - Capão
Comprido, as quais possuem medições datadas a partir do ano de 1978, as demais tiveram
início de operação a partir do ano 2013. Ressalta-se que ambas estações se encontram próximas
ao exutório das bacias. A Figura 37 indica a localização dessas em relação à bacia e seus cursos
d’água principais.
93
As figuras 38 e 39 apresentam as vazões médias mensais do córrego Capão Comprido e
do ribeirão Rodeador, respectivamente.
Figura 38 - Vazões médias mensais do córrego Capão Comprido dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
Figura 39 - Vazões médias mensais do ribeirão Rodeador dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
É possível observar um padrão no comportamento de ambas, onde as vazões mínimas
ocorrem ente os meses de julho e outubro, tendo seu mínimo valor no mês de setembro com
médias mensais de 0,11 m³/s no Capão Comprido e 0,35 m³/s no Rodeador. A elevação das
vazões se inicia no mês de outubro, com tendência crescente até o mês de fevereiro, mês em
que surge uma leve inclinação na curva, que retorna a um curto acréscimo nos valores de vazão
até o mês de março. Os valores máximos ocorrem entre os meses de janeiro e março, sendo
que no córrego Capão Comprido a maior média mensal verifica-se no mês de março com vazão
94
média de 0,39 m³/s, já quanto ao Rodeador a maior média mensal se dá no mês de janeiro, com
valor de 2,93 m³/s.
A série histórica das vazões pode ser observada nas figuras 40 e 41 que apresentam as
vazões mensais entre os anos de 1978 a 2020.
Figura 40 - Vazões mensais córrego Capão Comprido - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e Rede
Caesb).
95
O córrego Capão Comprido apresenta a mesma tendência de redução das vazões médias
da última década (0,21 m³/s) em comparação às décadas de 80 e 90, em que contava com vazões
de 0,29 m³/s, uma redução de aproximadamente 30%. No que tange a maior média mensal,
essa ocorreu nessa última década, em janeiro de 2002, com valor médio de 1,057 m³/s.
O córrego Capão Comprido e o ribeirão Rodeador são enquadrados como corpos d’água
de Classe 2 (CRH, 2014), águas que podem ser destinadas: à irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a
ter contato direto, à aquicultura e à atividade de pesca, à recreação de contato primário e ao
abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional (CONAMA, 2005).
Figura 42 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do córrego Capão Comprido
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
96
Figura 43 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do ribeirão Rodeador
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
Os dois maiores valores de material em suspensão observados na bacia do Capão
Comprido aconteceram nos meses de janeiro de 2018, com 39 mg/L e janeiro de 2016, 28
mg/L, ressalta-se que as vazões em ambos períodos, 0,076 m³/s e 0,114 m³/s, estavam bem
abaixo da média do mês, 0,366 m³/s.
97
que apenas a amostra de outubro de 1986 ultrapassou o limite determinado na legislação.
Observa-se valores mais acentuados no período de 1976 a 1992 do que no período de 2013 a
2020, contudo, segundo informações do laboratório da Caesb, essa acentuação pode ser
justificada pela alteração da metodologia de análise no último período.
As outorgas de uso de recursos hídricos emitidas pela Adasa dividem-se por tipo, classe
de captação e finalidade. No que tange à classe de captação, essa fragmenta-se em dois
segmentos: captações subterrâneas (l/h) e captações superficiais (l/s). As captações
subterrâneas são subdividas por sua estrutura em poços manuais e poços tubulares e são
realizadas por meio de estruturas de bombeamento da água. As captações superficiais são
realizadas diretamente em nascentes e em cursos d’água, geralmente são efetuadas por meio
de bombeamento, contudo também podem ocorrer via gravidade como no caso dos canais de
irrigação.
98
outorga pode contemplar mais de uma finalidade, sendo uma referente à atividade principal e
as demais complementares.
Há ainda a segmentação de outorgas por tipo: (i) registro de uso, para captações
consideradas insignificantes (até 1 l/s - superficial; 5.000 l/dia - poços manuais); (ii) outorga
de uso, para captações que não se enquadram como insignificantes; (iii) outorga prévia, para
captações que ainda serão instaladas, esse tipo de outorga é mais comum na modalidade
subterrânea, visando à perfuração de poços.
99
Figura 47 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador - DF (Adasa - maio de 2021).
A bacia do Capão Comprido possui 172 pontos outorgados, onde 145 são captações
subterrâneas - que totalizam uma vazão captada de 10.043 m³/dia - e 27 são captações
superficiais - com vazão captada total de 16.416 m³/dia.
100
exibe a quantidade de pontos outorgados, vazão total e vazão média considerando a finalidade
principal presente na outorga.
101
Tabela 22 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Subterrâneas - Capão Comprido
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/h) outorgado (l/h)
Abastecimento
84 173.652 2.067
Humano
Criação de animais 13 55.797 4.292
Quanto ao tipo de outorga, 47 das captações são registros de uso, ou seja, captações
consideradas insignificantes, geralmente realizadas por meio de poços manuais. As demais
outorgas são 10 prévias e 88 outorgas de uso de recurso hídrico. Assim, 32% das captações
subterrâneas na bacia possuem vazões insignificantes segundo a legislação (< 5.000 l/dia em
poços manuais), dentre essas a maioria (77%) possui a finalidade de abastecimento humano. É
conhecido que a população da região tem preferência para a utilização de fonte de água
subterrânea para consumo humano e utilização doméstica, pois acredita-se que a qualidade
dessa é superior em comparação a fontes superficiais, devido a inferior suscetibilidade à
contaminação.
Indústria - - -
Outras 2 20 10
102
Figura 49 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa – maio de 2021)
As captações superficiais outorgadas na bacia contabilizam uma vazão total de 190,46
l/s. Dentre os pontos outorgados, diferentemente das captações subterrâneas, a maioria das
captações tem por finalidade principal a irrigação, seguida pelo abastecimento humano, a
criação de animais e outras, como a piscicultura. A maior vazão média por ponto outorgado é
igualmente a da irrigação, com valor de 11,83 l/s por ponto outorgado, contudo cabe ressaltar
que a bacia possui três pontos de captação de canais de irrigação (Capão Comprido 1 e 2), que
abastecem um quantitativo maior de propriedades rurais e possuem vazões captadas que vão
de 22 a 34 l/s. Considerando que cada canal abastece cerca de 15 propriedades, a vazão média
por ponto modifica-se para 3,76 l/s.
103
outorga emitido pela a Adasa a vazão é diferenciada mensalmente, porém nesse estudo só foi
utilizada a vazão máxima outorgada, ressalta-se também que a agência possui maior acesso e
melhor conhecimento sobre as vazões atuais dos cursos d’água da bacia.
A respeito da bacia do Rodeador, há o total de 539 pontos outorgados, sendo 423 deles
referente às captações subterrâneas - que contabilizam 27.959 m³/dia outorgados - e 116 pontos
são captações superficiais - com 92.171 m³/dia de vazão máxima outorgada.
104
Tabela 24 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Subterrâneas - Rodeador
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/h) outorgado (l/h)
Abastecimento
171 210.280 1.230
Humano
Criação de animais 18 73.470 4.082
Quanto ao tipo de outorga, 97 das captações são classificadas como registro de uso
devido a seu uso insignificante, e, do mesmo modo que a bacia do Capão Comprido, sua grande
maioria (85%) compreende a finalidade de abastecimento humano.
105
Tabela 25 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Superficiais - Rodeador
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/s) outorgado (l/s)
Abastecimento
25 30,65 1,23
Humano
Criação de animais 9 10,89 1,21
106
na bacia. A irrigação na bacia do Rodeador possui uma vazão média maior que a bacia do
Capão Comprido, de aproximadamente 3,3 l/s, isso pode ser justificado devido a bacia do
Rodeador possuir propriedades rurais de extensões superiores às presentes no território do
Capão Comprido e também devido a presença de canais de irrigação mais significativos. A
bacia abrange 4 canais de irrigação: Cristal, Guariroba, Jatobazinho e Rodeador, sendo esses
dois últimos responsáveis pelas maiores captações outorgadas, com 210 l/s e 260 l/s,
respectivamente. O canal do Jatobazinho conta com cerca de 50 usuários e o do Rodeador por
volta de 100 usuários, considerando esses como pontos outorgados a vazão média altera-se
para 3,5 l/s.
Quanto às vazões insignificantes presente na classe de registro de uso, 45% das outorgas
possuem captação inferior ao 1 l/s, e dessas 36% têm a finalidade principal de abastecimento
humano e 27% de irrigação.
Comparando-se a vazão média total do ribeirão Rodeador ponderada por esse estudo
(1.540 l/s), com a vazão máxima total outorgada (1.067 l/s), observa-se que 70% da vazão
média encontra-se outorgada, percentual menor do que o observado na bacia do Capão
Comprido.
107
Tabela 26 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido (DF).
1964 1980 2009 2019
Uso do solo
Área % Área % Área % Área %
1 Mata de Galeria 65,99 3,95 69,46 4,16 53,25 3,19 67,61 4,05
Cerrado
2 1124,04 67,30 771,63 46,20 50,96 3,05 39,78 2,38
(Savana)
Cerrado
3 355,71 21,30 179,59 10,75 372,48 22,30 360,95 21,61
(Campo)
Grandes
4 114,70 6,87 363,15 21,74 157,06 9,40 155,77 9,33
Culturas
5 Fruticultura - - 21,99 1,32 87,46 5,24 96,25 5,76
Estrada não
10 9,19 0,55 19,87 1,19 14,63 0,88 18,74 1,12
pavimentada
Estrada
11 - - 2,10 0,13 8,14 0,49 8,72 0,52
Pavimentada
Benfeitorias-
12 0,45 0,03 8,74 0,53 139,64 8,36 186,36 11,16
Agrovila
13 Solo exposto - - - - 8,04 0,48 7,20 0,43
108
Figura 52 - Uso do solo ano de 1964 - Bacia Capão Comprido (Imagem base: Fotos aéreas
Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).
O uso do solo referente ao ano de 1964 manifesta a alta incidência de áreas de vegetação
nativa, decorrendo em mais de 90% de sua área, sendo 67% de cerrado senso restrito (savana)
com a presença considerável de árvores e arbustos.
As áreas de benfeitorias não puderam ser observadas com nitidez, identificou-se apenas
parcelas iniciais da agrovila do Incra 08 e também uma reduzida quantidade de estradas.
109
Figura 53 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).
110
Figura 54 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan).
Quanto às áreas de vegetação nativa, essas não atingem sequer 30% da extensão da bacia,
sendo agora predominante a vegetação campestre, que geralmente é identificada em locais mais
declivosos da bacia ou então resultante do raleamento de fitofisionomias de cerrado savana.
111
Figura 55 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A /
INPE ).
Quanto ao último e mais recente cenário, observou-se a estabilização da extensão total
de vegetação nativa, porém um leve aumento na extensão da mata de galeria, o que pode ser
resultado das ações de conservação e recuperação de APPs presente na bacia desde o ano de
2010, dentre elas o Projeto Descoberto Coberto.
112
5.2.2.2 Uso do solo - bacia do Rodeador
Assim como a bacia do Capão Comprido, os quatro cenários de uso do solo confirmam a
expansão exponencial da atividade antrópica na bacia ao passar dos anos. A Tabela 27 exibe a
evolução da ocupação territorial.
1 Mata de Galeria 445,78 3,94 276,16 2,44 543,47 4,81 545,50 4,82
Cerrado
2 2884,35 25,51 1484,21 13,13 1027,11 9,08 896,65 7,93
(Savana)
Cerrado
3 6383,46 56,45 4327,98 38,27 1839,01 16,26 1805,13 15,96
(Campo)
Grandes
4 1498,78 13,25 1599,71 14,15 1740,83 15,39 1796,10 15,88
Culturas
5 Fruticultura - - 177,74 1,57 453,00 4,01 514,38 4,55
Estrada não
10 95,98 0,85 113,43 1,00 101,64 0,90 107,87 0,95
pavimentada
Estrada
11 - - - - 40,76 0,36 46,86 0,41
Pavimentada
12 Benfeitorias - - 62,54 0,56 282,79 2,50 369,00 3,26
113
Figura 56 - Uso do solo ano de 1964 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).
114
Figura 57 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan).
115
Figura 58 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A /
INPE ).
O cenário 3 apresenta a delimitação de novas propriedades rurais de áreas de 5 a 10
hectares, como o caso do assentamento Betinho na parte noroeste da bacia que conta com mais
de 200 chácaras. Duas grandes áreas de silvicultura ficam em evidência na bacia, sendo a maior
referente à Floresta Nacional de Brasília e a menor referente a área de reserva de propriedades
assentadas pelo Incra nos anos 80. Há o aumento acentuado da atividade de fruticultura, com
o acréscimo de mais de 250 ha considerando o último cenário e também da atividade de
olericultura, que totaliza mais de 1500 ha cultivados. As áreas de vegetação nativa reduziram
notavelmente, consistindo em 30% da bacia, entretanto observou-se o crescimento da
vegetação florestal, principalmente da mata ripária.
116
Figura 59 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A / INPE ).
117
5.2.2.3 Mudanças e tendências observadas
A observação das mudanças do uso do solo divididas em três classes principais: Áreas
Preservadas, Uso Antrópico – Agropecuária e Uso Antrópico – Infraestrutura, auxiliou na
análise de tendência entre os períodos. As figuras 60 e 61 apresentam o gráfico de tendências
de mudanças na ocupação e utilização do solo nas bacias hidrográficas do córrego Capão
Comprido e do ribeirão Rodeador respectivamente.
Figura 61- Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do ribeirão
Rodeador.
118
observadas podem ser extrapoladas para a região a montante do reservatório do Descoberto
que apresenta características semelhantes de ocupação.
Verifica-se que as áreas naturais preservadas foram as que mais sofreram redução em sua
área total, principalmente quando comparados os três primeiros cenários. Fica evidente a
intensificação da conversão de áreas naturais para àquelas destinadas às atividades
agropecuárias até o ano de 2009. Todavia, observa-se a estagnação no quantitativo de área
usufruída pela agropecuária no último período (2009 a 2019), revelando até mesmo um
decréscimo de cerca de 3% de área total na bacia do Capão Comprido. Teixeira (2018) analisou
a ocupação da APA da Bacia do Descoberto entre os anos de 2011 e 2014 e também verificou
poucas alterações no uso da terra nesse período, o que indica a consolidação das atividades.
Importante salientar que muitos produtores rurais da região têm encontrado adversidades
na continuação do desenvolvimento das atividades agrícolas, principalmente após a “Crise
Hídrica” que anunciou e exprimiu a insegurança hídrica da região e o impacto econômico
negativo das medidas de controle que impedem a captação de água aos produtores irrigantes.
Procedimentos legais que limitam os valores de outorga de recursos hídricos ou que até mesmo
119
proíbem a expansão da atividade de irrigação enfraquecem a atividade agropecuária e
aumentam a especulação imobiliária e parcelamento irregular do solo.
120
A bacia do Capão Comprido foi subdividida em 5 sub-bacias, sendo a de maior extensão
a sub-bacia 5, com 474,47 hectares e a menor a sub-bacia 4 de 20,82 hectares. No que tange às
LSUs, foram geradas 188 unidades de paisagem que interligam as áreas altas com as mais
baixas.
121
Tabela 28 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológicas simuladas em cada bacia.
Cenários HRUs - Capão Comprido HRUs - Rodeador
Cenário 1 - 1964 1.106 4.303
Cenário 2 - 1980 1.433 5.601
Cenário 3 - 2009 1.749 6.765
Cenário 4 - 2019 1.748 6.848
122
Figura 66 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2001 a 2010.
123
limitada de dados observados. As figuras 68 e 69 exibem a comparação entre os dados
observados e os simulados referente à concentração de nutrientes.
124
5.3.3 Análise de sensibilidade
125
Figura 72 - Análise de sensibilidade - Cenário 4 (2019)
Os parâmetros awc, k e cn2 apareceram entre os mais sensíveis nos três cenários, todos
eles diretamente ligados a solo, fluxo de base e volume de escoamento.
Ressalta-se que a análise de sensibilidade só foi possível de ser realizada para os dados
de vazão, pois a ferramenta SWAT+ Toolbox somente realiza a análise de Fósforo e Nitrogênio
divididos em sua fração mineral e orgânica, os quais não foram disponibilizados os dados
observados.
5.3.4 Calibração
A calibração do modelo foi realizada de forma automática no SWAT+ Toolbox por meio
do algoritmo Dynamically Dimensioned Search (DDS) com iterações visando maximizar a
função objetivo NSE, a partir dos dados observados de vazão diária.
Ressalta-se que a calibração foi realizada apenas para a bacia hidrográfica do Capão
Comprido, observando os períodos citados na Tabela 15, de modo a replicá-la na bacia
hidrográfica do Rodeador. A análise contou com o total de 3644 valores de vazões diárias
referente ao cenário 2 e 3645 valores de vazões diárias para os cenários 3 e 4. Os valores
resultantes da calibração estão apresentados na Tabela 31 e demonstrados graficamente nas
figuras 73 a 76.
126
Tabela 31 - Parâmetros e valores de calibração resultantes para os três cenários na bacia
hidrográfica do Capão Comprido.
Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Parâmetro Método
(1980) (2009) (2019)
alpha substituição 0,014 0,71 0,004
revap_co substituição 0,021 0,02 0,022
cn2 porcentagem -26,739 -25,36 -29,884
esco substituição 0,486 0,509 0,401
awc porcentagem -14,286 -13,112 -19,125
k porcentagem 0,176 0,146 60,958
Figura 73 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1965 a 1974 - após
processo de calibração.
127
Figura 75 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2001
a 2010 - após processo de calibração.
Com base na simulação com o emprego dos valores de melhor ajuste, observa-se uma
melhor adaptação dos dados de vazão simuladas com os de vazão observadas. Quanto aos
critérios de avaliação, verificou-se os novos valores dos coeficientes de eficiência NSE, PBIAS
e R², apresentados na Tabela 32. Contudo, ressalta-se que nem todos os critérios avaliaram
como satisfatório o desempenho do modelo (MORIASI et al., 2015).
128
5.3.5 Verificação do modelo para a bacia do Capão Comprido
129
Figura 80 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2006
a 2015 - verificação.
130
Figura 82 - Concentração de fósforo total observado e simulado do córrego Capão Comprido
no período de 2013 a 2020 - verificação.
131
Figura 84 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 1989 a 1993 -
verificação.
132
Os valores dos critérios de avaliação de desempenho para a verificação foram todos
insatisfatórios em ambas as bacias (MORIASI et al., 2015), apresentando maior discrepância
quando verificado os componentes Nitrogênio Total e Fósforo Total, que não passaram por
calibração específica.
133
Figura 87 - Ciclo hidrológico médio simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos
da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF).
134
Figura 88 - Ciclo hidrológico simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF).
135
As proporções e valores de cada componente do ciclo hidrológico obtidos assemelham-
se em sua maioria aos resultantes do estudo de Ferrigo (2012), que simulou, dentre outras
bacias hidrográficas afluentes do reservatório Descoberto, as duas bacias objetos desse estudo
no período de 2005 a 2013. Diferencia-se os valores absolutos obtidos, principalmente os
referentes ao escoamento sub-superficial, percolação e taxas de evapotranspiração, contudo
isso pode ser explicado pelo período simulado que é distinto em cada cenário, o que interfere
diretamente nas médias resultantes.
Ferreira (2021) obteve valores de evapotranspiração que variam de 737 a 995 mm, a
partir da simulação no SWAT de uma bacia hidrográfica no cerrado com média incidência de
áreas protegidas, utilizando de diversas metodologias de cálculo de evapotranspiração
potencial e com precipitação similar as bacias hidrográficas deste estudo (1481 mm). Já Castro
(2013), obteve uma média de evapotranspiração de 620 mm do total precipitado, em uma bacia
hidrográfica de intensa produção agrícola e baixa incidência de áreas de vegetação nativa,
porém com precipitação inferior a observada neste estudo (1103 mm).
Verifica-se que a evolução do uso e ocupação do solo apresentadas pelos cenários, com
tendência de crescimento de atividades antrópicas e a diminuição de áreas de cobertura vegetal
naturais, correlaciona-se com os resultados do balanço hídrico e dos componentes do ciclo
hidrológico.
136
contínuas de percolação, resultando na possível saturação do solo de forma mais contínua,
diminuindo a água infiltrada e aumentando as taxas de escoamento superficial.
Ressalta-se que a composição química do COL e do Lodo de esgoto são oriundas das
médias dos valores de Nitrogênio Amoniacal e Nitrogênio Kjeldahl, Ortofósforos e Fósforo
Total, além da relação referente às proporções minerais e orgânicas dos elementos. Utilizou-se
três análises físico-químicas de leiras do composto de lixo distintas e informação de
composição dos lodos de esgotos proveniente de duas análises laboratoriais de dois lotes de
lodo (2017 e 2018). Verificou-se notável diferença entre os teores de nitrogênio total, amônia
e fósforo total quando se compara entre si os lotes de lodo de esgoto e as leiras de COL, o que
manifesta a alta heterogeneidade entre eles.
137
Tabela 38 - Base de dados de fertilizantes configurada para utilização no SWAT+ na região.
Código FMIN FMIN FORG FORG FNH3
Descrição
SWAT N P N P N
02-20-18 02-20-18 0.020 0.088 - - -
04-14-08 04-14-08 0.040 0.062 - - -
04-30-16 04-30-16 0.040 0.132 - - -
05-25-15 05-25-15 0.050 0.110 - - -
10-10-10 10-10-10 0.100 0.044 - - -
20-00-20 20-00-20 0.200 - - - -
Ácido fosfórico ACID_FOS - 0.176 - - -
Fosfito de potássio FOSF_P - 0.118 - - -
Nitrato de cálcio NITRT_CA 0.150 - - - -
Nitrato de potássio NITRT_PO 0.130 - - - -
Salitre potássico do Chile SALITRE 0.150 - - - -
Sulfato de amônio SULF_NH3 0.200 - - - -
Superfosfato Simples SUPERFOS - 0.079 - - -
Termofosfato TERMFOS - 0.079 - - -
Ureia UREIA 0.440 - - - -
Cama de frango CAM_FRA 0.010 0.004 0.030 0.030 0.990
Esterco de bovinos EST_BOV 0.010 0.004 0.030 0.009 0.990
Esterco de suínos EST_SUIN 0.026 0.011 0.019 0.007 0.990
Composto de Lixo
COL 0.004 0.016 0.016 0.060 -
Urbano
Lodo de esgoto LODO 0.002 0.002 0.023 0.015 -
Composto de poda
PODA 0.002 0.000 0.008 0.000 -
urbana
Bokashi BOKASHI 0.005 0.010 0.018 0.041 -
FMINN: Fração de N mineral (NO3 e NH4) presente no fertilizante (kg min-N/kg fertilizante)
FMINP: Fração de P mineral presente no fertilizante (kg min-P/kg fertilizante)
FORGN: Fração de N orgânico presente no fertilizante (kg org-N/kg fertilizante)
FORGP: Fração de P orgânico presente no fertilizante (kg org-P/kg fertilizante)
FNH3N: Fração de N mineral presente no fertilizante aplicada como amônia (kg NH3-N/kg
fertilizante)
138
Tabela 39 - Base de dados de implementos agrícolas utilizados no DF configurada para o
SWAT+ na região de estudo.
Implemento Código SWAT EFFMIX DEPTIL RANRNS
Enxada ENXADA 0.10 5 13
Arado ARADO 0.85 100 50
Arado aiveca AIVECA 0.95 150 30
Grade GRADE 0.55 100 40
Escarificador ESCARIF 0.30 150 20
Subsolador SUBSOLA 0.45 350 15
Rolo faca (plantio direto) ROLOFACA 0.20 25 5
Semeadora SEMEADOR 0.70 100 -
Enxada rotativa ROTATIVA 0.80 5 13
Encanteirador de rolo ENCROLO 0.25 50 5
Encanteirador de disco ENCDISCO 0.55 150 35
Rotoencanteirador ENCROTO 0.55 150 30
Sulcadora SULCADO 0.70 100 13
Roçadeira ROCADE 0.30 100 15
EFFMIX: Eficiência de mistura / DEPTIL: Profundidade de mistura (mm) / RANRNS: Rugosidade
(mm).
Tabela 40 - Base de dados referente à irrigação ideal configurada para o SWAT+ na região de
estudo.
IRRIGAÇÃO IDEAL
Descrição Código SWAT EFF SURQ DEP_MM SALT NO3 PO4
Aspersão
ASPERSAO 0.8 0.1 0 0 0 0
convencional
Pivô Central PIVO 0.85 0.1 0 0 0 0
Gotejamento GOTEJO 0.9 0 0 0 0 0
Sulco SULCO 0.6 0.2 100 0 0 0
Microaspersão MICRO 0.85 0.05 0 0 0 0
EFF: Eficiência do sistema de irrigação (0-1) / SURQ: Taxa de escoamento superficial (0-1) /
DEP_MM: Profundidade da irrigação (mm) / SALT: Concentração de sal (mg/Kg - ppm) / NO3:
Concentração de NO3 - nitrato (mg/Kg - ppm) / PO4: Concentração de PO4 - fosfato (mg/Kg - ppm)
A Tabela 41 considera a eficiência atual dos sistemas, construída junto aos engenheiros
agrônomos da Emater-DF.
139
Tabela 41 - Base de dados referente à irrigação atual configurada para o SWAT+ na região.
IRRIGAÇÃO ATUAL
Código
Descrição EFF SURQ DEP_MM SALT NO3 PO4
SWAT
Aspersão
ASPERSAO 0.60 0.15 0 0 0 0
convencional
Pivô Central PIVO 0.85 0.10 0 0 0 0
Gotejamento GOTEJO 0.85 0.05 0 0 0 0
Sulco SULCO 0.60 0.20 100 0 0 0
Microaspersão MICRO 0.80 0.10 0 0 0 0
EFF: Eficiência do sistema de irrigação (0-1) / SURQ: Taxa de escoamento superficial (0-1) / DEP_MM:
Profundidade da irrigação (mm) / SALT: Concentração de sais (mg/Kg - ppm) / NO3: Concentração de NO3 -
nitrato (mg/Kg - ppm) / PO4: Concentração de PO4 - fosfato (mg/Kg - ppm)
As concentrações de sais, nitrato e fosfato não foram definidas, visto que essas
concentrações podem variar pela qualidade da água utilizada como a fonte principal e,
igualmente, pode ser configurada nos casos onde há fertirrigação.
5.4.4 Práticas de Conservação do Solo (Management Database)
140
5.4.5 Crescimento de Plantas (Plant Growth Database) e Urbano (Urban Database)
A análise da aplicação de banco de dados SWAT+ adaptado adotou como uso do solo as
culturas agrícolas específicas mais comuns na região (Tabela 16) e não mais as classes de
cultivo, as quais foram subdivididas. Assim, as classes de uso do solo passaram de 10 classes
gerais para 25 culturas específicas no total. Inseriu-se no modelo os principais fertilizantes
químicos nitrogenados e fosfatados aplicados em cada espécie de cultivo (Apêndice A).
141
respectivamente.
142
30% mineralizado e quase 40% fixado e a absorção da planta aumentou em 10 vezes. Percebe-
se, ainda, a alta mobilidade do elemento quando observado os valores de transição de estável
para ativo.
Figura 89- Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.
Figura 90 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.
143
Figura 91 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.
Figura 92 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.
Nota-se que, quando se insere o uso de fertilizantes, as cargas totais de nitrogênio são
mais significativas, apresentando picos acentuados e pontuais, ocorrendo em dimensões
diferentes ao decorrer dos anos, contudo apresentando o mesmo padrão de comportamento,
com curva mais elevada durante o período chuvoso.
Figura 93- Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos 2010 a
2020 - córrego Capão Comprido.
144
Figura 94 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.
Figura 95 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos 2010
a 2020 – ribeirão Rodeador.
Figura 96 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.
No que tange às cargas de fósforo, essas apresentaram valores ainda mais elevados
quando comparado o uso dos diferentes bancos de dados, ostentando picos extremamente
acentuados de cargas mensais acumuladas quando inseridas as informações de uso de
fertilizantes. A curva apresenta aclive no início do período chuvoso, com dois picos principais
nos meses de janeiro e março, que podem ser correlacionados à alta das precipitações e,
145
consequentemente, à elevação das vazões disponíveis. Após o período chuvoso ocorre o
declive que também é enfático, tendendo a concentrações com valores próximos a zero.
Silva (2016) realizou análise similar de carga mensal de nutrientes, calculada por meio
do modelo SWAT, provenientes da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador divididas em
nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato e fósforo total. A apreciação dos padrões temporais dos
nutrientes foi equivalente, com cargas baixas e picos no período de chuva e ocorrendo
diferenças significativas nas magnitudes e nas durações dos picos ao longo dos anos.
Salienta-se que ambas bacias deste estudo são contribuintes de um ambiente lêntico e de
relevante interesse comum que é o Reservatório do Descoberto, que tem seu uso voltado para
o abastecimento público de significativa parcela da população do DF. Assim, aconselha-se a
utilização racional e congruente de fertilizantes na região, visto que sua utilização imprópria
pode alterar os níveis de nitrogênio e fósforo no reservatório, acarretando em sua eutrofização
e impossibilitando seu uso para o abastecimento humano ou aumentando o custo do tratamento
da água para distribuição.
146
Figura 97 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do córrego Capão Comprido (DF).
147
Figura 99 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do ribeirão Rodeador (DF).
Figura 100 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de manejo
de solo na bacia do ribeirão Rodeador (DF) e aumento de área urbanizada.
148
De modo geral, quando comparados o uso do solo dos dois cenários, observa-se o
acréscimo de 3% nas áreas preservadas quando considerado o cenário conservacionistas e 4%
na cobertura de uso referente à infraestrutura, sobretudo as benfeitorias, no cenário
convencional. Todavia, as áreas de uso agropecuário não sofreriam grandes alterações,
mantendo seus percentuais de uso. As figuras 101 e 102 exibem as porcentagens de uso do solo
para os cenários convencionais e conservacionistas de ambas as bacias.
149
Acerca da simulação hidrológica, de forma a proporcionar uma visão prospectiva da
evolução das bacias hidrográficas, o período aplicado para a execução do modelo abordou o
intervalo do começo do ano de 2006 ao final do ano de 2030, focando seus resultados aqui
apresentados no intervalo de janeiro de 2020 a dezembro de 2030, precipuamente em valores
médios anuais e mensais.
150
Tabela 48 - Razões entre componentes do balanço hídrico e ciclo hidrológico nos cenários
conservacionista e convencional das bacias.
Capão Comprido Rodeador
Razões (Balanço hídrico)
Conservacionista Convencional Conservacionista Convencional
Deflúvio / Precipitação 0,44 0,46 0,40 0,41
Fluxo de base / Fluxo total 0,76 0,70 0,88 0,83
Escoamento superficial / Fluxo Total 0,24 0,30 0,12 0,17
Evapotranspiração / Precipitação 0,68 0,65 0,73 0,72
151
Figura 103- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e conservacionista
para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Capão Comprido.
Figura 104- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e conservacionista
para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Rodeador.
De modo geral, percebe-se em ambas as bacias que o comportamento da vazão do curso
d’água comporta-se de maneira semelhante, com picos ligeiramente mais acentuados nos
cenários convencionais.
152
5.5.2.1 Canais de escoamento geolocalizados
A partir da apreciação dos resultados gerados em formato de canais geolocalizados,
considerando valores médios anuais de vazão para o período de 2020 a 2030, não se verificou
distinção visual relevante entre os cenários nas duas bacias, conforme exibido nas figuras 105
e 106 (Capão Comprido) e figuras 107 e 108 (Rodeador).
Figura 105 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 106 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
153
Figura 107 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 108 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.
154
Contudo, quando analisadas as vazões máximas mensais, verifica-se tênue diferenciação
nos valores de determinados canais geolocalizados. Na bacia do Capão Comprido, o cenário
convencional apresenta 5 canais com valores de vazão mensal máxima superiores ao cenário
conservacionista, sendo três localizado na sub-bacia 1, um na sub-bacia 3 e um na sub-bacia 5
(figuras 109 e 110). Já quanto a bacia do Rodeador, as faixas de vazão mensal máxima são
nitidamente semelhantes, atentando-se apenas a um canal com faixa de valor díspar,
pertencente à sub-bacia 6 (figuras 111 e 112), proveniente do cenário conservacionista.
Figura 109- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 110- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
155
Figura 111 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 112- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
156
5.5.2.2 Unidades de paisagem (LSU)
Observando o comportamento do balanço hídrico das bacias pela diferenciação de
cenários a partir de outro componente geolocalizado do SWAT+, as unidades de paisagem
(LSU), percebe-se a diferenciação dos componentes hídricos pelas áreas de maior altitude
(upland) e aquelas mais próximas aos cursos d’água (floodplain).
Tabela 49 - Percentual das bacias e área média das classes de unidade de paisagem nas bacias
do Capão Comprido e Rodeador.
Unidades de Paisagem - LSU
Bacia Hidrográfica Upland Floodplain
Porcentagem da bacia 93% 7%
Capão Comprido
Área média 16,50 ha 1,23 ha
Porcentagem da bacia 92% 8%
Rodeador
Área média (ha) 33,17 ha 2,82 ha
Assim, considerando os componentes do balanço hídrico, analisou-se a diferenciação do
comportamento desses em ambas bacias a partir de suas unidades de paisagem,
fundamentando-se em componentes determinantes como o escoamento superficial, a
percolação da água no solo e a evapotranspiração.
Tabela 50- Balanço Hídrico, componente Escoamento Superficial (mm), média anual
considerando as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas
(período 2020 a 2030).
Escoamento Superficial (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 183,08 183,44
Capão Comprido
Conservação 140,81 161,36
Convencional 94,60 141,35
Rodeador
Conservação 64,71 107,75
157
Figura 113 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 114 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
158
Figura 115 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador- Cenário Convencional.
Figura 116 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.
159
De maneira geral, constata-se os índices mais elevados nos cenários convencionais,
sendo superiores nas unidades de paisagem floodplain em ambos os cenários e bacias. Quando
se aprecia as médias anuais entre as unidades de paisagem, há distinção significativa entre os
valores médios provenientes das uplands do que os das floodplain, sendo mais acentuados em
ambos cenários da bacia do Rodeador e no cenário conservacionista da bacia do Capão
Comprido. Entretanto, o cenário convencional da bacia do Capão Comprido não apresenta
diferenciação significativa entre as unidades de paisagem, isso pode ser consequência da
ocupação da bacia, onde a maior parte das benfeitorias se encontra nas áreas mais elevadas, o
que, consequentemente, eleva a compactação do solo nesses locais.
Tabela 51- Balanço Hídrico, componente Evapotranspiração (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (2020 a 2030).
Evapotranspiração (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 939,16 1036,34
Capão Comprido
Conservação 990,86 1045,80
Convencional 1074,80 1163,46
Rodeador
Conservação 1098,15 1177,96
160
Figura 117- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 118- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
161
Figura 119- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 120- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.
162
Verifica-se, em contraponto com os índices de escoamento superficial, o crescimento de
taxas voltadas à componente evapotranspiração nos cenários conservacionistas, justificado
principalmente pela melhoria do manejo do solo e também pelo incremento de vegetação
nativa.
Tabela 52- Balanço Hídrico, componente percolação (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período 2020 a 2030).
Percolação (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 224,77 182,81
Capão Comprido
Conservação 232,31 195,45
Convencional 246,00 168,32
Rodeador
Conservação 251,22 159,41
Da mesma maneira que a evapotranspiração, os cenários conservacionistas apresentaram
valores superiores aos convencionais, os índices médios anuais de percolação salientam o
contraponto do balanço hídrico das bacias, revelando a incidência e permanência do recurso
hídrico no solo, o que atinge, diretamente, a quantidade de água subterrânea, especialmente nos
níveis freáticos.
163
de terraços em sua extensão.
Figura 121 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 122 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
164
Figura 123 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 124 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Rodeador - Cenário Conservacionista.
165
Deste modo, é possível inferir que, de modo geral, a adoção de práticas conservacionistas
não irá impactar diretamente e significativamente na amplificação das vazões dos cursos
d’água disponíveis para captações superficiais, visto que as maiores vazões se deram nos
cenários convencionais. Contudo, permite a melhoria das condições da bacia hidrográfica,
sobretudo quanto à disponibilidade hídrica das águas subterrâneas, com o aumento de água no
solo e de taxas de infiltração, o que provavelmente irá ampliar, mesmo que de forma leve, as
vazões superficiais em meses considerados mais secos e o armazenamento de aquíferos, os
quais podem ser utilizados como fonte de água alternativa nos períodos de escassez do recurso
superficial.
5.5.2.3 Sedimentos
Considera-se ainda que a elevada taxa de escoamento superficial e os picos de vazão
podem se correlacionar com o desprendimento e carreamento de solos desprotegidos,
corroborando com uma maior produção de sedimentos na bacia hidrográfica e provável
deposição em cursos d’água, avançando os níveis de assoreamento desses.
166
Figura 125 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do Capão
Comprido.
167
Tabela 53 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Capão Comprido (DF).
Bacia Hidrográfica - Capão Comprido
Cenário Cenário
Componentes
Conservacionista Convencional
Produção média de sedimento em áreas mais
(a) 0,23 0,41
elevadas da paisagem (ton/ha)
Valor máximo de produção de sedimentos no
(b) 10,31 78,97
período simulado (ton/ha)
(c) Deposição de sedimentos no canal (ton/ha) 4,79 5,99
(d) Escoamento superficial anual (mm/ano) 149,94 195,10
*ton/ha: tonelada por hectare
Tabela 54 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Rodeador (DF).
Bacia Hidrográfica - Rodeador
Cenário Cenário
Componentes
Conservacionista Convencional
Produção média de sedimento em áreas mais
(a) 0,12 0,33
elevadas da paisagem (ton/ha)
Valor máximo de produção de sedimentos no
(b) 41,10 134,29
período simulado (ton/ha)
(c) Deposição de sedimentos no canal (ton/ha) 0,27 0,18
(d) Escoamento superficial anual (mm/ano) 67,71 95,94
*ton/ha: tonelada por hectare
168
Figura 127 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 128 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
169
Figura 129 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 130 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.
170
Tabela 55- Média anual de produção de sedimentos em toneladas por hectare, considerando
as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período
2020 a 2030).
Produção de sedimentos (ton/ha)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 0,38 0,51
Capão Comprido
Conservação 0,19 0,15
Convencional 0,33 0,73
Rodeador
Conservação 0,06 0,03
Ambas as bacias diminuíram os valores de produção média de forma mais acentuada nas
áreas de floodplain, que, no cenário convencional apresenta valores maiores do que a unidade
upland, porém no conservacionista revela valores mais brandos que essa. Assim, denota-se que
a preservação e o incremento de vegetação nativa nas áreas de preservação permanente estão
diretamente correlacionados com a atenuação da produção de sedimentos.
171
Figura 131 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.
Figura 132 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.
172
Figura 133 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.
Figura 134 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.
173
Observando a resposta em formato de HRUs, verifica-se que as áreas com declive
acentuado e com solo exposto ou compactado (benfeitorias/quintais) são as que apresentam
maiores valores de produção de sedimentos, mas que podem ser amenizados com o uso de
práticas de conservação do solo e com a recuperação de áreas de preservação permanente às
margens dos cursos d’água.
Strauch et al. (2013), aplicando o SWAT em bacia distrital pertencente a mesma região
hidrográfica das bacias objeto desse estudo, similarmente verificaram que a adoção de práticas
conservacionistas impacta no decréscimo das vazões superficiais e também na atenuação da
quantidade de sedimento presente nos cursos d’água, sendo que tal atenuação é mais eficiente
com a utilização de práticas mecânicas, como a implantação de terraços, do que algumas
práticas vegetativas ou edáficas, como a rotação de culturas.
174
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A construção de cenários temporais de uso do solo na área de estudo (bacias hidrográficas
do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador) apoiados em imagens aéreas e de satélite,
oportunizou a observação da evolução do uso e ocupação do solo, demonstrando a expansão
da área antropizada nos últimos 60 anos e a diminuição da cobertura de vegetação nativa, em
especial as formações savânicas. A tendência de antropização era predominantemente agrícola
até o cenário 3 (2009), contudo no cenário 4 (2019) observou-se a estagnação do avanço de
áreas agrícolas e da retirada de vegetação natural. Da mesma forma, fica evidente a ampliação
de espaços ocupados por benfeitorias e a fragmentação das propriedades rurais, as quais
correlacionam-se diretamente à elevação de índices de crescimento populacional da região e
consequentemente à incidência de parcelamentos irregulares e amplificação da compactação
do solo.
O comportamento das mudanças no uso do solo mostrou-se semelhante nas duas bacias
hidrográficas estudadas, consequentemente é razoável correlacionar e subentender que o
equivalente acontece nas demais bacias hidrográficas afluentes ao Reservatório do Descoberto.
Acerca da simulação hidrológica e a aplicação do SWAT+, a composição de base de dados
adaptada para a agricultura da região vem de forma a corroborar com o aperfeiçoamento do
modelo e na geração de simulações em grau superior de confiabilidade.
A análise de sensibilidade apresentou especialmente três parâmetros com maior
significância para a simulação de vazões de cursos d’água nos 3 cenários calibrados, sendo eles
o k, awc e cn2, em que os dois primeiros tem relação com aspectos do solo e o último
correlaciona o uso com a classe de solo.
A calibração realizada para os cenários 2, 3 e 4 da bacia hidrográfica do córrego Capão
Comprido apresentou NSE mínimo de 0,15 e máximo de 0,50, contudo só são considerados
satisfatórios, segundo Moriasi et al. (2015), valores maiores ou iguais a 0,50 para a simulação
de fluxos diários de bacias hidrográficas. Os valores do critério de avaliação de desempenho
PBIAS se mostraram em alguns dos cenários com valores acima de 15, o que indica uma
subestimação dos resultados, não contemplando eventos de pico de vazão, já os resultados
menores que 15 apontam uma superestimação dos mesmos.
Os resultados da calibração foram replicados na modelagem da bacia do ribeirão Rodeador
para todos os quatro cenários, porém em todos eles o processo de verificação exibiu valores de
critérios de avaliação considerados insatisfatórios. Cabe ressaltar que, tal resultado
175
insatisfatório não invalida a observação de comportamentos hídricos a partir de modificações
de ocupação em bacias hidrográficas. Porém, recomenda-se a utilização de um número maior
de parâmetros para teste de sensibilidade e, da mesma forma, realizar novas calibrações com
uso de outros softwares específicos para essa função, visto que o SWATPlus Toolbox não se
mostrou habilitado para o uso de determinados parâmetros habitualmente empregados pela
bibliografia aplicada à região.
O balanço hídrico das bacias em todos os cenários se mostraram coerentes. Percebe-se que
as mudanças de uso e cobertura do solo, como a diminuição de áreas de vegetação nativa, a
introdução do uso agrícola e o aumento das taxas de urbanização, impactaram nos componentes
do ciclo hidrológico ao longo da linha histórica dos cenários, acarretando no aumento do
escoamento superficial, na diminuição da infiltração e da evapotranspiração, correlacionadas
com a diminuição da cobertura vegetal, e aumento das taxas de impermeabilidade e
compactação do solo.
176
prováveis assoreamentos, além do decréscimo do nível freático, importante fonte de
alimentação dos córregos e de abastecimento da população.
Considera-se que a preservação de áreas naturais e o fortalecimento da atividade
agropecuária conservacionista na região influenciam na segurança hídrica do Distrito Federal,
tornando-se importante a busca pelo desenvolvimento sustentável do território.
Recomenda-se aos órgãos e instituições públicas de agricultura e meio ambiente
presentes no território, ações que articulem, disseminem e incentivem a efetiva aplicação de
técnicas de conservação de água e solo nas áreas rurais, de forma a ser considerada instrumento
essencial para a continuidade da vocação rural da área contribuinte ao reservatório Descoberto
e garantia de preservação e permeabilidade de áreas de recarga.
177
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APÊNDICES
*Todos os apêndices encontram-se disponíveis no repositório GitHub acessível em:
https://github.com/priambiente/apendices_ptarh_unb
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