2022 PriscillaReginadaSilva

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE PROSPECTIVA DE DIFERENTES CENÁRIOS DE


USO DO SOLO E PRÁTICAS DE MANEJO E
CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E SOLO EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS AGRÍCOLAS

PRISCILLA REGINA DA SILVA

ORIENTADOR: RICARDO TEZINI MINOTI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E


RECURSOS HÍDRICOS

BRASÍLIA/DF: OUTUBRO – 2022


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE PROSPECTIVA DE DIFERENTES CENÁRIOS DE USO DO


SOLO E PRÁTICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E
SOLO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS AGRÍCOLAS

PRISCILLA REGINA DA SILVA

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA


CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS.

APROVADA POR:

__________________________________________________
Prof. Ricardo Tezini Minoti PhD (ENC-UnB)
(Orientador)

__________________________________________________
Prof. Sergio Koide
(Examinador Interno)

__________________________________________________
Prof. Silvio Crestana
(Examinador Externo)

BRASÍLIA/DF, 25 DE OUTUBRO DE 2022


FICHA CATALOGRÁFICA
SILVA, PRISCILLA REGINA DA
Análise prospectiva de diferentes cenários de uso do solo e práticas de manejo e conservação
de água e solo em bacias hidrográficas agrícolas.
xvii, 191p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos,
2022).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento
de Engenharia Civil e Ambiental.
1. Modelagem Hidrológica 2. SWAT +
3. Conservação de Água e Solo 4. Cenários de uso do solo
I. ENC/FT/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, P. R. (2022). Análise Prospectiva de Diferentes Cenários de Uso do Solo e Práticas de
Manejo e Conservação de Água e Solo em Bacias Hidrográficas Agrícolas. Dissertação de
Mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação PTARH.DM-/2022,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 191p.

CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Priscilla Regina da Silva.
TÍTULO: Análise Prospectiva de Diferentes Práticas de Manejo e Conservação de Água e Solo
em Bacias Hidrográficas Agrícolas.
GRAU: Mestre ANO: 2022

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de


mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

____________________________
Priscilla Regina da Silva
[email protected]
Parque Estação Biológica, Ed. Sede Emater-DF, SHCN, Brasília - DF, 70770-915

ii
Dedico a Deus,
a meus pais Tânia e Reginaldo
e ao meu marido Marcus,
com muita gratidão.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, meu porto seguro, que me guia e conduz. Ele é quem
ilumina todas as minhas escolhas, me ajuda a acertar e a caminhar em Sua direção. O Teu amor
me envolve e me protege.
À minha família, em especial aos meus pais, Tânia e Reginaldo, pelo aconselhamento
constante, pelo apoio contínuo e por sempre estarem presentes em minha vida. Ao meu irmão
Gustavo e minha cunhada Brenda pela parceria, carinho e amizade. À minha avó Irene pelo
apoio e acalento em dias complicados. Ao meu marido Marcus pela companhia de vida,
suporte, paciência e compreensão. Às minhas amigas de vida, em particular a Karina, pelos
momentos de descontração e carinho.
Ao meu orientador, Ricardo Minoti, meus sinceros agradecimentos pelos ensinamentos
e orientação. Aos membros da banca examinadora, professor Sérgio Koide e Dr. Silvio
Crestana, pela disponibilidade, comentários e contribuições.
Aos professores do PTARH, agradeço por todo conhecimento repassado, em especial os
professores Sérgio Koide e Carlos Lima, os quais contribuíram fortemente em meu aprendizado
no curso das disciplinas.
Aos colegas de turma, especialmente meu amigo Yanick, pela ajuda mútua e
companheirismo, e também aos colegas do grupo de modelagem hidrológica do PTARH.
À Sara Ferrigo e Daniela Bressiani pelo repasse de conhecimentos e auxílio contínuo.
À Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) por oportunizar o
alcance de mais um propósito e por contribuir para meu delineamento profissional. Aos
produtores rurais do Distrito Federal que trabalham com afinco para o desenvolvimento e a
segurança alimentar de nossa região.
Aos colegas de trabalho da Emater, principalmente aos da Gerência de Meio Ambiente,
Anne, Icléa, Juliano, Luiz Carlos, Luiz Eutímio, Marcos Lara e Sumar, e também aos colegas
agrônomos que colaboraram com solicitude no repasse de informações, em especial o amigo
Antônio Dantas.
À Equipe SWAT da Universidade do Texas pelo pronto atendimento às dúvidas e
dificuldades observadas na utilização do modelo.
À CAESB, Adasa (Jorge Werneck), SLU, Embrapa e INMET, pela disponibilização dos
dados.
A todos que contribuíram de maneira direta e indireta para a realização dessa dissertação,
meus sinceros agradecimentos.

iv
RESUMO
O desenvolvimento de atividades agropecuárias está diretamente ligado à disponibilidade de
recursos naturais e é continuamente afetado por eventos de instabilidade climática e de escassez
hídrica. A utilização imprópria de espaços rurais, a destituição de áreas de vegetação nativa e,
até mesmo, o emprego de práticas de manejo inadequadas e ultrapassadas, influenciam no
comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica. Práticas de manejo e conservação de
solo e água são consideradas alternativas técnicas potenciais no auxílio da continuação,
aprimoramento e evolução da atividade agropecuária de forma sustentável. O objetivo deste
trabalho foi o de analisar como as mudanças no uso do solo e a aplicação de técnicas e práticas
de manejo e conservação de água e solo influenciam no balanço hídrico e na qualidade dos
recursos hídricos, considerando duas bacias predominantemente rurais e contribuintes do
principal manancial de abastecimento público do Distrito Federal (Reservatório do
Descoberto): bacias hidrográficas do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador. Para
isso, o estudo contou com a caracterização de quatro cenários de uso do solo da região que
abordam desde o início da ocupação agrícola, com o advento da construção de Brasília, até o
molde de ocupação mais atual. Realizou-se a parametrização de banco de dados do SWAT+
adaptado ao contexto rural da região, com a adição de informações relacionadas a fertilizantes,
implementos agrícolas, práticas de conservação do solo e manejo de irrigação ajustados para a
realidade local. A modelagem foi realizada para os quatro cenários de uso do solo, contando
com a análise de sensibilidade de 10 parâmetros e a calibração automática com base em dados
observados de vazões diárias. Optou-se pela calibração para a bacia do Capão Comprido, a
qual foi replicada na bacia do Rodeador. Os coeficientes de eficiência de Nash-Sutcliffe (NSE),
coeficiente de determinação (R²) e PBIAS obtidos foram utilizados, mas não foram
considerados satisfatórios para todos os cenários no que tange a calibração e verificação. A
modelagem da influência das mudanças no uso do solo e das práticas de conservação de água
e solo foi realizada com a simulação do cenário de uso do solo mais atual correlacionando a
adoção de práticas convencionais de manejo com práticas consideradas conservacionistas,
observando tendências de urbanização e cenário de recuperação e conservação de áreas
protegidas. Verificou-se que com o emprego de práticas conservacionistas, as bacias do Capão
Comprido e do Rodeador responderam com a diminuição de sedimentos carreados, aumento
de percolação e infiltração no solo e, consequentemente, maior regularidade no regime hídrico
das bacias.
PALAVRAS CHAVES: Cenários de Uso do Solo, Manejo Agrícola de Água e Solo,
Modelagem Hidrológica, SWAT+.
v
ABSTRACT
The development of agricultural activities is directly linked to natural resource availability and
is continually affected by climate instability and water scarcity events. The improper use of
rural areas, the suppression of native vegetation, and the inadequate and outdated management
practices influence the watershed hydrological behavior. Soil and water management and
conservation practices are considered potential technical alternatives to help the continuation,
improvement, and evolution of sustainable agricultural activity. The objective of this study was
to analyze how land use change and the application of techniques and practices of management
and conservation of water and soil influence the water balance and the quality of water
resources, considering two predominantly rural watersheds and contributors to the main water
public reservoir in the Federal District (Descoberto Reservoir): Capão Comprido stream and
the Rodeador stream watersheds. Therefore, the study relied on the characterization of four
land-use scenarios in the region, that address the beginning of the agricultural occupation, with
the construction of Brasília (Brazil's capital), until the most current occupation model. The
SWAT+ database was parameterized and adapted to the rural context of the region, with the
addition of information related to fertilizers, agricultural implements, soil conservation
practices, and irrigation management adjusted to the local reality. Modeling was performed for
the four land-use scenarios, relying on sensitivity analysis of 10 parameters and automatic
calibration based on observed daily flow data. Calibration was chosen for the Capão Comprido
watershed, which was replicated in the Rodeador watershed after. The Nash-Sutcliffe
efficiency coefficients (NSE), coefficient of determination (R²), and PBIAS were used, but
they were not considered satisfactory for all scenarios regarding calibration and verification.
The hydrologic modeling of the changes in influences on land use, water, and soil conservation
practices, was carried out with the simulation of the most current land use scenario, correlating
the adoption of conventional management practices and conservationist practices. It was found
that with the use of conservation practices, the Capão Comprido and Rodeador watersheds
responded to the decrease of sediments carried, increased percolation and infiltration in the
soil, and, consequently, greater regularity in the water regime of the watershed.

KEYWORDS: Land-use Scenarios, Agricultural Water and Soil Management, Hydrological


Modeling, SWAT+.

vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 5
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 5
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 5
3. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................... 6
3.1 TÉCNICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E SOLO...................... 6
3.1.1 Práticas de manejo e conservação de solo ................................................................. 7
3.1.2 Práticas de manejo e conservação de água .............................................................. 14
3.2 MODELAGEM HIDROLÓGICA ............................................................................ 17
3.2.1 Evolução dos modelos ............................................................................................. 21
3.2.2 Utilização de Sistemas de Informações Geográficas e Cenarização em modelagem
.......................................................................................................................................... 22
3.3 SWAT - SOIL AND WATER ASSESSMENT TOOL ................................................. 24
3.3.1 Aplicações do modelo SWAT e SWAT+ ........................................................... 30
3.3.2 Aplicação do SWAT para a simulação de áreas agrícolas .................................. 35
3.3.2.1 Nutrientes ............................................................................................. 35
3.3.2.2 Sedimentos e Erosão ............................................................................ 41
3.3.2.3 Gestão geral da produção agrícola ....................................................... 42
4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 48
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 49
4.1.1 Bacia do córrego Capão Comprido ..................................................................... 54
4.1.2 Bacia do Ribeirão Rodeador ............................................................................... 57
4.2 ESTRUTURAÇÃO DE BASE DE DADOS ............................................................ 59
4.2.1 Fontes de dados hidrometeorológicos ................................................................. 60
4.2.2 Preparação de base de dados ............................................................................... 64
4.2.2.1 Dados climáticos ................................................................................. 64
4.2.2.2 Modelo Digital de Elevação ................................................................ 65
4.2.2.3 Dados de classes de solo ..................................................................... 66
4.2.2.4 Dados hidrográficos ............................................................................ 66
4.2.2.5 Dados de uso do solo ........................................................................... 66
4.2.2.6 Geoprocessamento de imagens ........................................................... 71
4.3 PROGRAMAS COMPUTACIONAIS ..................................................................... 76
4.4 MODELAGEM INICIAL COM O SWAT ............................................................... 77
4.5 INCORPORAÇÃO DE DADOS REGIONAIS NA BASE DO MODELO SWAT+
E APLICAÇÃO DE CENÁRIOS DE MANEJO ................................................................. 79
4.5.1 Dados de Manejo ................................................................................................ 80
4.5.2 Aplicação de base de dados adaptada e simulação de práticas de manejo de água
e solo .............................................................................................................................83
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 86

vii
5.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROMETEOROLÓGICA DAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS ............................................................................................................. 86
5.1.1 Precipitação ............................................................................................................. 86
5.1.2 Temperatura e Umidade .......................................................................................... 91
5.1.3 Vazão ....................................................................................................................... 93
5.1.4 Qualidade da água ................................................................................................... 96
5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS USOS DO SOLO E DA ÁGUA ...................................... 98
5.2.1 Captação e uso dos recursos hídricos ...................................................................... 98
5.2.1.1 Outorgas - bacia do Capão Comprido ................................................ 100
5.2.1.2 Outorgas - bacia do Rodeador............................................................ 104
5.2.2 Cenários de uso do solo ......................................................................................... 107
5.2.2.1 Uso do solo - bacia do Capão Comprido ........................................... 107
5.2.2.2 Uso do solo - bacia do Rodeador ....................................................... 113
5.2.2.3 Mudanças e tendências observadas .................................................... 118
5.3 MODELAGEM DAS BACIAS ................................................................................... 120
5.3.1 Sub-bacias, HRUs e LSUs ..................................................................................... 120
5.3.2 Modelagem inicial ................................................................................................. 122
5.3.3 Análise de sensibilidade ........................................................................................ 125
5.3.4 Calibração .............................................................................................................. 126
5.3.5 Verificação do modelo para a bacia do Capão Comprido ..................................... 129
5.3.6 Verificação do modelo para a bacia do Rodeador ................................................. 131
5.3.7 Simulação do uso do solo e impactos no balanço hídrico ..................................... 133
5.4 PARAMETRIZAÇÃO DE BANCO DE DADOS SWAT .......................................... 137
5.4.1 Fertilizantes (Fertilizer Database) ........................................................................ 137
5.4.2 Implementos Agrícolas (Tillage Database) .......................................................... 138
5.4.3 Irrigação (Irrigation Database) ............................................................................. 139
5.4.4 Práticas de Conservação do Solo (Management Database) .................................. 140
5.4.5 Crescimento de Plantas (Plant Growth Database) e Urbano (Urban Database).. 141
5.4.6 Aplicação de banco de dados adaptado e análise dos resultados .......................... 141
5.5 SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS DE PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DE SOLO . 146
5.5.1 Simulação do balanço hídrico de cenários conservacionistas e convencionais ..... 146
5.5.2 Visualização de resultados simulados – SWAT+ .................................................. 152
5.5.2.1 Canais de escoamento geolocalizados ............................................... 153
5.5.2.2 Unidades de paisagem (LSU) ........................................................... 157
5.5.2.3 Sedimentos ....................................................................................... 166
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................... 175
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 178
APÊNDICES.......................................................................................................................... 191

viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Práticas conservacionistas e sistemas de manejo do solo (adaptado de Bertoni
Lombardi Neto, 2012 e De Maria et al., 2019). ......................................................................... 8
Tabela 2 - Classificação de modelos para gerenciamento dos recursos hídricos. Fonte:
(TUCCI, 1998). ........................................................................................................................ 18
Tabela 3 - Critérios de avaliação de desempenho para medidas estatísticas para modelos em
escala de bacias hidrográficas com base na distribuição dos dados existentes. (Adaptado e
traduzido de Moriasi et al., 2015) ............................................................................................ 21
Tabela 4 - Melhorias de funcionalidades do SWAT+ (Silva et al., 2021). ............................. 26
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos
modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al. (2009). .................................................... 45
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto. ................................................................................................. 52
Tabela 7 - Estações de monitoramento de Águas Superficiais presentes nas bacias de estudo
(RMSP/Adasa e Hidroweb/ANA)............................................................................................ 60
Tabela 8 - Estações Pluviométricas da Bacia do Alto Descoberto no Distrito Federal
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ............................................................................................. 63
Tabela 9 - Dados de variáveis e parâmetros do modelo SWAT monitorados por diferentes
instituições na região de estudo e seus períodos utilizados no estudo. .................................... 64
Tabela 10 - Unidades dos dados climáticos no SWAT+. ........................................................ 65
Tabela 11 - Informações de tipo, fonte e data da imagem utilizada para mapeamento de uso
do solo na área de estudo. ........................................................................................................ 72
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites. ................. 73
Tabela 13 - Caracterização das classes de uso do solo escolhidas e identificadas. ................. 75
Tabela 14 - Parâmetros, intervalo de valores e métodos de variação utilizados na análise de
sensibilidade. (Fonte: adaptado de Ferrigo (2014)) ................................................................. 78
Tabela 15 - Períodos de aquecimento, modelagem, calibração e verificação do modelo das
bacias........................................................................................................................................ 79
Tabela 16 - Classes, subclasses e porcentagens de itens utilizados para base de crescimento
de planta e base urbana. ........................................................................................................... 80
Tabela 17 - Lista de fertilizantes usualmente recomendados no Distrito Federal. (EMATER-
DF, 2020b; SLU; CAESB) ...................................................................................................... 81
Tabela 18 - Cenários prospectivos de práticas de manejo e uso do solo e da água. ................ 84
Tabela 19 - Práticas de manejo do solo configuradas no SWAT+ para o cenário
conservacionista. ...................................................................................................................... 85
Tabela 20 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador/DF, baseada em sua área de influência, na aplicação do
método de polígonos de Thiessen. ........................................................................................... 89
Tabela 21 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido/DF, baseada em sua área de influência, na
aplicação do método de polígonos de Thiessen. ...................................................................... 90
Tabela 22 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio de 2021)................................................................... 102
Tabela 23 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio 2021). ...................................................................... 102
Tabela 24 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021). ........................................................................ 105
Tabela 25 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Rodeador considerando sua

ix
finalidade principal (Adasa – maio de 2021). ........................................................................ 106
Tabela 26 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido (DF). ............................................................................................. 108
Tabela 27 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador (DF). ......................................................................................................... 113
Tabela 28 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológicas simuladas em cada bacia. . 122
Tabela 29 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 123
Tabela 30 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P. .......... 124
Tabela 31 - Parâmetros e valores de calibração resultantes para os três cenários na bacia
hidrográfica do Capão Comprido........................................................................................... 127
Tabela 32 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 128
Tabela 33 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 130
Tabela 34 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P. .......... 131
Tabela 35 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários. ........... 132
Tabela 36 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio
da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cada cenário de uso do solo. 134
Tabela 37 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio
da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cada cenário de uso do solo. ............ 135
Tabela 38 - Base de dados de fertilizantes configurada para utilização no SWAT+ na região.
................................................................................................................................................ 138
Tabela 39 - Base de dados de implementos agrícolas utilizados no DF configurada para o
SWAT+ na região de estudo. ................................................................................................. 139
Tabela 40 - Base de dados referente à irrigação ideal configurada para o SWAT+ na região de
estudo. .................................................................................................................................... 139
Tabela 41 - Base de dados referente à irrigação atual configurada para o SWAT+ na região.
................................................................................................................................................ 140
Tabela 42 - Práticas de manejo do solo e valores P da EUPS. .............................................. 140
Tabela 43 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológica por divisão e subdivisão de
classe de uso. .......................................................................................................................... 141
Tabela 44 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Nitrogênio. .............................. 142
Tabela 45 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Fósforo. ................................... 142
Tabela 46 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da
bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cenários conservacionista e
convencional. ......................................................................................................................... 150
Tabela 47 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cenários conservacionista e convencional.
................................................................................................................................................ 150
Tabela 48 - Razões entre componentes do balanço hídrico e ciclo hidrológico nos cenários
conservacionista e convencional das bacias. ......................................................................... 151
Tabela 49 - Percentual das bacias e área média das classes de unidade de paisagem nas bacias
do Capão Comprido e Rodeador. ........................................................................................... 157
Tabela 50 - Balanço Hídrico, componente Escoamento Superficial (mm), média anual
considerando as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias
hidrográficas (período 2020 a 2030). ..................................................................................... 157
Tabela 51 - Balanço Hídrico, componente Evapotranspiração (mm), média anual - unidades
de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (2020 a 2030). ......... 160
Tabela 52 - Balanço Hídrico, componente percolação (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período 2020 a 2030). 163
Tabela 53 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Capão Comprido (DF). ..................................................................................................... 168

x
Tabela 54 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Rodeador (DF). ................................................................................................................. 168
Tabela 55 - Média anual de produção de sedimentos em toneladas por hectare, considerando
as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período
2020 a 2030). ......................................................................................................................... 171

xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Terraços quanto ao modo de construção (BIAS, 1992). ..................................... 11
Figura 2 - Terraços quanto à faixa de movimentação da terra (BIAS, 1992). ..................... 12
Figura 3 - Terraços quanto à forma do perfil (BIAS, 1992). ............................................... 12
Figura 4 - Fluxograma das etapas de desenvolvimento de modelo matemático (adaptado de
von Sperling, 2007) ............................................................................................................. 19
Figura 5 - Esquema de delimitação do SWAT+ e sua versão anterior (Adaptado de Arnold
et al., 2021). ......................................................................................................................... 28
Figura 6 - Representação da bacia hidrográfica e as subdivisões em sub-bacia e unidades
de paisagem (floodplain e upland) (Adaptado de Srinivasan, 2021). .................................. 28
Figura 7 - Fluxo conceitual da água dos principais objetos geográficos abordados no
SWAT+. (BIEGER et al, 2017) ........................................................................................... 29
Figura 8 - Ciclo do nitrogênio - adaptado de Neitsch et al. (2009). .................................... 36
Figura 9 - Dinâmica dos reservatórios de nitrogênio no SWAT - adaptado de Neitsch et al.
(2009). ................................................................................................................................. 37
Figura 10 - Ciclo do fósforo - adaptado de Neitsch et al. (2009). ....................................... 39
Figura 11 - Reservatórios de fósforo SWAT - adaptado de Neitsch et al. (2009). ............. 40
Figura 12 - Fluxograma da metodologia e etapas do estudo. .............................................. 48
Figura 13 - Localização das bacias de estudo em relação ao DF e ao Brasil. ..................... 51
Figura 14 - Hidrografia e limite da Bacia do Capão Comprido. ......................................... 54
Figura 15 - Características morfológicas da bacia do córrego Capão Comprido (DF).
(Fontes: Solos - Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA -
ICMBio, 2014) .................................................................................................................... 56
Figura 16 - Hidrografia e limite da bacia do Ribeirão Rodeador (DF). .............................. 57
Figura 17 - Características morfológicas da bacia do ribeirão Rodeador (DF). (Fontes:
Solos - Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA -
ICMBio, 2014) .................................................................................................................... 59
Figura 18 - Localização das Estações Fluviométricas - Capão Comprido e Rodeador.
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb) .......................................................................................... 61
Figura 19 - Localização das estações pluviométricas na Bacia Hidrográfica do Alto
Descoberto no Distrito Federal (Hidroweb/ANA). ............................................................. 62
Figura 20 - Comparação de porcentagem de área plantada (2011 e 2020) por classe de
cultivo na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF) ................ 68
Figura 21 - Produção agrícola (ha) na RA de Brazlândia de 2011 a 2020 (Fonte de dados:
Emater-DF). ......................................................................................................................... 68
Figura 22 - Gráficos comparativo de espécies de Grandes Culturas (2011 e 2020) na
Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ................................ 70
Figura 23 - Gráficos comparativo de espécies de Fruticultura (2011 e 2020) na Região
Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ............................................ 70
Figura 24 - Gráficos comparativo de espécies de Olericultura (2011 e 2020), sem a classe
"Outras", na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF). ........... 70
Figura 25 - Imagens utilizadas para vetorização, considerando a APA do Descoberto no
DF. ....................................................................................................................................... 72
Figura 26 - Disponibilidade de dados de precipitação de cada estação entre os anos de 1971
a 2020. ................................................................................................................................. 86
Figura 27 - Localização das estações pluviométricas com séries históricas obtidas e
analisadas. ............................................................................................................................ 87
Figura 28 - Índice pluviométrico médio mensal (mm) (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).... 87
Figura 29 - Precipitação média anual das estações (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ........ 88

xii
Figura 30 - Área de influência das estações pluviométricas nas bacias do Rodeador e
Capão Comprido pelo método de polígonos de Thiessen dividido por períodos. ............... 89
Figura 31 - Precipitação média mensal (mm) entre os anos de 1971 a 2020, calculada pelos
polígonos de Thiessen a partir dos dados provenientes de Hidroweb/ANA e Rede Caesb. 90
Figura 32 - Precipitação anual da Bacia do Capão Comprido (mm), calculada pelos
polígonos de Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). .................................................... 90
Figura 33 - Precipitação anual da Bacia do Rodeador (mm), calculada pelos polígonos de
Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). .......................................................................... 91
Figura 34 - Temperaturas máximas, médias e mínimas mensais (1961-2020)
(BDMEP/INMET). .............................................................................................................. 91
Figura 35 - Médias das temperaturas máximas, médias e mínimas nas últimas cinco
décadas (BDMEP/INMET). ................................................................................................ 92
Figura 36 - Umidade relativa do ar média (1961-2020) (BDMEP/INMET). ...................... 92
Figura 37 - Estações fluviométricas próximas ao exutório das bacia do Capão Comprido e
Rodeador.............................................................................................................................. 93
Figura 38 - Vazões médias mensais do córrego Capão Comprido dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 94
Figura 39 - Vazões médias mensais do ribeirão Rodeador dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 94
Figura 40 - Vazões mensais córrego Capão Comprido - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e
Rede Caesb). ........................................................................................................................ 95
Figura 41 - Vazões mensais ribeirão Rodeador - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e Rede
Caesb). ................................................................................................................................. 95
Figura 42 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do córrego Capão
Comprido (Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ........................................................................ 96
Figura 43 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do ribeirão Rodeador
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb). ......................................................................................... 97
Figura 44 - Concentrações de nitrogênio total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb).
............................................................................................................................................. 97
Figura 45 - Concentrações de fósforo total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb). ... 98
Figura 46 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica
do córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021) ................................................ 99
Figura 47 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica
do ribeirão Rodeador - DF (Adasa - maio de 2021). ......................................................... 100
Figura 48 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021). ......................... 101
Figura 49 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa – maio de 2021) ......................... 103
Figura 50 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021). .................................... 104
Figura 51 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021) ..................................... 106
Figura 52 - Uso do solo ano de 1964 - Bacia Capão Comprido (Imagem base: Fotos aéreas
Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ................................................................... 109
Figura 53 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ...................... 110
Figura 54 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan)................................................. 111
Figura 55 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A

xiii
/ INPE ). ............................................................................................................................. 112
Figura 56 - Uso do solo ano de 1964 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal). ...................... 114
Figura 57 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan)................................................. 115
Figura 58 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A
/ INPE ). ............................................................................................................................. 116
Figura 59 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A
/ INPE ). ............................................................................................................................. 117
Figura 60 - Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido................................................................................................... 118
Figura 61 - Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador. ............................................................................................................. 118
Figura 62 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do córrego Capão
Comprido (DF) geradas pelo modelo SWAT+. ................................................................ 120
Figura 63 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador
geradas pelo modelo SWAT+. .......................................................................................... 121
Figura 64 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 1965 a 1974. .................................................................................................... 122
Figura 65 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 1979 a 1988. .................................................................................................... 122
Figura 66 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2001 a 2010. .................................................................................................... 123
Figura 67 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2006 a 2015. .................................................................................................... 123
Figura 68 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado córrego Capão
Comprido. .......................................................................................................................... 124
Figura 69 - Concentração de fósforo total observado e simulados córrego Capão Comprido.
........................................................................................................................................... 124
Figura 70 - Análise de sensibilidade - Cenário 2 (1980). .................................................. 125
Figura 71 - Análise de sensibilidade - Cenário 3 (2009) ................................................... 125
Figura 72 - Análise de sensibilidade - Cenário 4 (2019) ................................................... 126
Figura 73 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1965 a 1974 -
após processo de calibração. .............................................................................................. 127
Figura 74 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
1979 a 1988 - após processo de calibração....................................................................... 127
Figura 75 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2001 a 2010 - após processo de calibração....................................................................... 128
Figura 76 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2006 a 2015 - após processo de calibração........................................................................ 128
Figura 77 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1975 a 1979. 129
Figura 78 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
1989 a 1993 - verificação. ................................................................................................. 129
Figura 79 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2001 a 2010 - verificação. ................................................................................................ 129
Figura 80 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de
2006 a 2015 - verificação. ................................................................................................. 130
Figura 81 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado do córrego Capão

xiv
Comprido no período de 2013 a 2020 - verificação. ......................................................... 130
Figura 82 - Concentração de fósforo total observado e simulado do córrego Capão
Comprido no período de 2013 a 2020 - verificação. ......................................................... 131
Figura 83 - Vazões simuladas do ribeirão Rodeador no período de 1975 a 1979. ............ 131
Figura 84 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 1989 a
1993 - verificação. ............................................................................................................. 132
Figura 85 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2011 a
2015 - verificação. ............................................................................................................ 132
Figura 86 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2016 a
2020 - verificação. ............................................................................................................. 132
Figura 87 - Ciclo hidrológico médio simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos
distintos da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF). .................................. 134
Figura 88 - Ciclo hidrológico simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF). ................................................................. 135
Figura 89 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .......................................................................... 143
Figura 90 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre
os anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido............................................................... 143
Figura 91 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ..................................................................................... 144
Figura 92 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre
os anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ........................................................................ 144
Figura 93 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .......................................................................... 144
Figura 94 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido. .................................................................. 145
Figura 95 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ..................................................................................... 145
Figura 96 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador. ............................................................................. 145
Figura 97 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do córrego Capão Comprido (DF). ................. 147
Figura 98 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de manejo
de solo na bacia do córrego Capão Comprido (DF) e aumento de área urbanizada.......... 147
Figura 99 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do ribeirão Rodeador (DF). ............................ 148
Figura 100 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de
manejo de solo na bacia do ribeirão Rodeador (DF) e aumento de área urbanizada. ....... 148
Figura 101 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -
Bacia hidrográfica Capão Comprido. ................................................................................ 149
Figura 102 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -
Bacia hidrográfica ribeirão Rodeador................................................................................ 149
Figura 103- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e
conservacionista para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Capão Comprido.
........................................................................................................................................... 152
Figura 104- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e
conservacionista para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Rodeador. ........ 152
Figura 105 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ...................................................... 153
Figura 106 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal

xv
- Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................. 153
Figura 107 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................. 154
Figura 108 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal
- Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................. 154
Figura 109 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. .................................... 155
Figura 110 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. .................................... 155
Figura 111 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. ................................................ 156
Figura 112 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ............................... 156
Figura 113 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................... 158
Figura 114 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista....................................... 158
Figura 115 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador- Cenário Convencional. ........................................................ 159
Figura 116 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ................................................. 159
Figura 117 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................... 161
Figura 118 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista....................................... 161
Figura 119 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. ....................................................... 162
Figura 120 - Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ................................................. 162
Figura 121 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................................ 164
Figura 122 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................... 164
Figura 123 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................... 165
Figura 124 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................... 165
Figura 125 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do Capão
Comprido. .......................................................................................................................... 167
Figura 126 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do
Rodeador............................................................................................................................ 167
Figura 127 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ...................... 169
Figura 128 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................. 169
Figura 129 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade
de paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................. 170
Figura 130 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade

xvi
de paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.............................. 170
Figura 131 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional. ........................................................ 172
Figura 132 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista. ................................................... 172
Figura 133 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional. .................................................................... 173
Figura 134 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista. ............................................................... 173

xvii
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES

Adasa Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento


ANA Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural
APA Área de Proteção Ambiental
APP Área de Preservação Permanente
ASAE American Society of Agricultural Engineers
BDMEP Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa
BMPs Best Management Practices (melhores práticas de manejo)
Caesb Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
Codeplan Companhia de Planejamento do Distrito Federal
DDS Dynamically Dimensioned Search
DF Distrito Federal
Emater- DF Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ESRI Environmental Systems Research Institute
EUPS Equação Universal de Perdas de Solo
GDF Governo do Distrito Federal
GO Goiás
HRU Hidrologic Response Units (unidades de resposta hidrológica)
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPA Índice de Produção Agropecuária
LSU Landscape Units (Unidades de Paisagem)
MDE Modelo Digital de Elevação
MG Minas Gerais
MUSLE Modified Universal Soil Loss Equation
N Nitrogênio
NSE Nash-Sutcliffe
ONU Organização das Nações Unidas

xviii
P Fósforo
PBIAS Percentual de viés Bias
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos
PICAG Projeto Integrado de Colonização Alexandre Gusmão
PICH Plano Integrado de Enfrentamento da Crise Hídrica
PTF Pedo Transfer Function
RA Região Administrativa
R2 Coeficiente de determinação
RMSP Rede de Monitoramento de Águas Superficiais da Adasa
RL Reserva Legal
SCS Serviço de Conservação do Solo
SEDUH Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
SIG Sistemas de Informações Geográficas
SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SRTM Shuttle Radar Topography Mission
SWAT Soil and Water Assessment Tool
UH Unidade Hidrográfica
USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
ZRUC Zona Rural de Uso Controlado
ZRUD Zona Rural de Uso Diversificado
WMS Web Map Service
WMTS Web Map Tile Service

xix
1. INTRODUÇÃO

O crescimento populacional, a expansão urbana e o incremento de renda per capita


aumentam consideravelmente a demanda pela produção de alimentos (SAATH &
FACHINELLO, 2018). A Organização das Nações Unidas (ONU, 2019) estima que no ano
de 2050 a população mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas, com a previsão de
ascensão de cerca de 60% na demanda total de alimentos (UNESCO, 2021). Sabe-se que,
para a ampliação de ofertas de alimentos, é fundamental o aumento da produtividade dos
cultivos de espécies agrícolas, o que requer uma maior utilização de recursos naturais,
principalmente água e solo.
A agricultura é apresentada, constantemente, como uma das principais usuárias de
recursos hídricos, sendo responsável por 69% das captações de água no âmbito global
(UNESCO, 2021). No Brasil, a atividade de irrigação é responsável por cerca de 50% das
captações de água em mananciais superficiais e subterrâneo, assemelhando-se à média
global (ANA, 2021). O mesmo acontece no espaço do Distrito Federal (DF), em que a
agricultura irrigada e o abastecimento humano são os responsáveis pelas maiores demandas
de uso de recursos hídricos da região, segundo o Plano de Gerenciamento Integrado de
Recursos Hídricos do Distrito Federal – PGIRH/DF (ADASA, 2012), visto que a demanda
total de água no DF é de aproximadamente 400 milhões de m³/ano, em que 55% destes são
demandados pelo abastecimento humano público e 45% pela atividade de agricultura
irrigada (ADASA et al., 2018).
Práticas de manejo conservacionista são consideradas excelentes alternativas de uso
eficiente da água e do solo, pois, sua adoção propicia, além da redução do uso consuntivo da
água, do assoreamento e da contaminação de mananciais, o aumento das taxas de retenção
de água no solo, o que acarreta a melhoria da regularidade de vazões disponíveis, a
diminuição de erosões e carreamentos e, ainda, podem proporcionar maior produtividade
dos cultivos agrícolas e garantir maior segurança à produção, de modo a contribuir com o
desenvolvimento sustentável da agricultura (BONETTI & FINK, 2020).
As bacias hidrográficas rurais do DF enfrentam conflitos históricos entre o uso
agropecuário, principalmente quanto ao uso da água para irrigação, e o abastecimento da
população urbana. A alocação negociada de água, negociação realizada entre os usuários
quanto à forma, horário e tempo de captação, é prática persistente nos períodos de vazões

1
críticas. Desse modo, a atividade agropecuária presente nessas regiões sofre significativas
pressões que impactam diretamente no mercado agropecuário.
Nos anos de 2016 e 2017 o DF passou por uma expressiva crise hídrica. Como
instrumento de gestão, o Governo do Distrito Federal (GDF) instituiu o Plano Integrado de
Enfrentamento da Crise Hídrica (PICH), o qual versa sobre as diversas ações tomadas para
amenizar a crise, como, por exemplo, o racionamento de água na área urbana. Na área rural,
diversas práticas de manejo e conservação de solo e água foram previstas e executadas, entre
elas destacaram-se: aplicação de novas tecnologias poupadoras de água, campanhas
educativas para consumo racional dos recursos hídricos e novos modelos experimentais de
manejo de irrigação para agricultores, revitalização de canais de irrigação, adequação de
estradas rurais, construção de bacias de retenção e implantação de terraços e, inclusive, ações
de preservação e recuperação de vegetação nativa.
Os agricultores irrigantes presentes nas bacias hidrográficas do rio Descoberto e do
ribeirão Pipiripau, bacias essencialmente rurais e localizadas a montante de mananciais de
abastecimento público, tiveram o uso da água limitado em até 75%, ocasionando perdas na
produção, diminuição de área plantada e, consequentemente, a redução da renda das
famílias. Não obstante, áreas da bacia hidrográfica do rio Preto, grande produtora de grãos,
também passaram por restrições no uso da água para irrigação. Contudo, essas não foram
resultantes de conflito com o abastecimento humano e sim por conflitos entre irrigantes
devido à diminuição na vazão disponível para captação, sendo necessária a adoção de
medidas de alocação negociada de água.
Durante esse período, observou-se que os estudos existentes não possibilitaram a
mensuração real do impacto e da integração do uso da água na agricultura nas vazões finais
dos cursos de água, pois os resultados se mostraram superficiais e empíricos. Notou-se a
carência de informações essenciais para a maior confiabilidade e entendimento dessa
interação, como dados sobre o consumo real da atividade irrigada, o tipo de manejo de
irrigação e de solo utilizados, as áreas de vegetação nativa e em recuperação, bem como sua
localização e o seu dimensionamento, além da verificação de dados qualitativos que
abranjam aspectos de concentração de nutrientes e transporte de sedimentos.
Diferentes análises foram realizadas em caráter emergencial, mas pouco se aprofundou
ou validou-se com maior tenacidade devido à urgência na tomada de decisões. No intuito de
avaliar o impacto real de mudanças de uso e ocupação do solo e de adoção de ações
conservacionistas no balanço hídrico, é necessária a existência de parâmetros e dados
complexos e de maior precisão e confiabilidade, para ponderar os reais impactos da

2
agricultura como consumidora de recursos hídricos. No entanto, é perceptível a carência
atual desses dados e a indefinição de metodologia para seu uso, principalmente no que tange
a integração entre agricultura e recursos hídricos.
Técnicas de geoprocessamento vêm sendo utilizadas como um dos principais
instrumentos para o auxílio na gestão ambiental, como o uso do sensoriamento remoto, por
meio de processamento de imagens aéreas e de satélites, que torna possível caracterizar
áreas, identificar seus usos preponderantes e até problemas ambientais, como queimadas e
desmatamentos, ou ainda utilizando-se de ferramentas que ajudam na adequação ambiental,
como na delimitação de unidades de conservação, áreas protegidas, áreas de transbordo,
determinação de declividade, entre outros.
A utilização de imagens temporais para a construção de cenários é considerada
ferramenta estratégica para análises prospectivas de sistemas, sendo empregada tanto para
realização de diagnóstico, quanto para a averiguação de tendências, de forma a buscar
antecipações de episódios prováveis de conflitos e eventos com potencial de impactar
diretamente na qualidade e quantidade de água disponível (CORTEZ, 2007).
Dados devidamente processados podem ser empregados como base para estudos
hidrológicos e para a compreensão da dinâmica dos fenômenos físicos decorrentes de
situações adversas ao ambiente. Atualmente, a modelagem auxilia o entendimento da
complexidade e dinâmica do sistema hidrológico e permite analisar comportamentos
distintos a partir da variação de cenários de uso e manejo de água e solo.
A modelagem hidrológica oportuniza o melhor entendimento da dinâmica de bacias
hidrográficas e de todo o ciclo hidrológico, permitindo a visualização de respostas
qualiquantitativas relativas a mudanças climáticas ou de uso e ocupação do solo, bem como
permite interpretar seu comportamento hídrico. Dentre diversos modelos, percebe-se a
evolução e a adaptação do modelo SWAT para o território brasileiro, estando presente em
todos os biomas, com aplicação principal em análises hidrológicas comuns e generalizadas,
mas também para a simulação de sedimentos e poluentes (BRESSIANI et al., 2015a). O
SWAT+, versão mais atualizada do modelo, foi lançado recentemente, contando com
melhorias em sua configuração e a inclusão de unidades de paisagem como novo
componente para simulação de bacias hidrográficas.
Assim, é perceptível a necessidade e oportunidade de buscar e gerar dados e
parâmetros mais precisos e confiáveis, melhorando a base de dados agropecuários e
integrando-os com dados físicos, hidrológicos, pedológicos, climáticos, entre outros, e, a
partir dessa integração, utilizando-se de modelos hidrológicos, analisar como as mudanças

3
do uso do solo e a adoção de práticas conservacionistas impactam e interagem com os
aspectos qualiquantitativos de mananciais do DF, de forma que possibilite a replicação da
metodologia em outras bacias hidrográficas, aumentando a confiabilidade dos resultados,
além de balizar e respaldar as tomadas de decisões do governo.
Para tanto, o presente trabalho foi desenvolvido tendo como objeto de estudo as bacias
hidrográficas do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador, ambas afluentes ao
reservatório do Descoberto, principal manancial de abastecimento público do Distrito
Federal.
A organização do texto foi feita por capítulos: (1) introdução (2) objetivos geral e
específicos; (3) fundamentação teórica e revisão bibliográfica contemplando tópicos como
técnicas de manejo e conservação de água e solo e modelagem hidrológica dando destaque
ao modelo SWAT e principalmente à sua versão modernizada SWAT+ e sua abordagem
agrícola; (4) metodologia aplicada na busca e preparação de dados, na construção de cenários
de uso do solo e ao processo de modelagem, perpassando por calibração e verificação; (5)
resultados e discussões; (6) conclusões do trabalho e recomendações; e por fim as referências
bibliográficas utilizadas na construção desta pesquisa e os apêndices objetos do estudo.

4
2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar como a mudança do uso do solo e a aplicação de técnicas e práticas de manejo


e conservação de água e solo em bacias predominantemente rurais do Distrito Federal
influenciam no balanço hídrico e na qualidade de recursos hídricos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar e analisar as bacias hidrográficas do córrego Capão Comprido e do


ribeirão Rodeador desde a criação de Brasília até os dias atuais.
 Analisar por meio do modelo SWAT+ o comportamento hidrológico frente às
mudanças do perfil de uso do solo nas bacias hidrográficas do córrego Capão Comprido e
do ribeirão Rodeador desde a criação de Brasília até os dias atuais.
 Incorporar à base de dados do modelo SWAT+ informações regionalizadas
relacionadas às características físicas das bacias hidrográficas e às práticas agrícolas
empregadas no ambiente, incluindo o uso de fertilizantes, e verificar as alterações nas
respostas da simulação.
 Aplicar o modelo SWAT+ e analisar a interferência da modificação do uso do solo e
do emprego de diferentes práticas de manejo e conservação de água e solo e das rotinas de
irrigação no balanço hídrico das bacias rurais selecionadas em cenários de uso prospectivos.

5
3. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão teórica e bibliográfica foi desenvolvida de modo a exibir o contexto da
necessidade em analisar o impacto de boas práticas agrícolas na disponibilidade hídrica e na
qualidade dos mananciais, perpassando por uma breve explanação das técnicas e práticas de
manejo e conservação de água e solo.

Apresenta uma breve classificação dos modelos hidrológicos, seus procedimentos e


usos preponderantes. Há o foco no modelo SWAT +, abordando sua aplicação e algumas de
suas características, bem como estudos já realizados e sua abordagem agrícola.

3.1 TÉCNICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E SOLO

A área rural do Distrito Federal desempenha importantes funções socioeconômicas e


ambientais. No contexto ambiental, apresenta ampla potencialidade para a promoção da
biodiversidade e da segurança hídrica. Entretanto, a atividade está, constantemente, sendo
afetada devido às restrições hídricas impostas pelos órgãos gestores da água, o que impacta
diretamente na diminuição do índice de produção de alimentos, diminuição de renda dos
agricultores, tornando-os mais vulneráveis à especulação imobiliária e ao êxodo rural.

Práticas de manejo e conservação de água e solo contribuem positivamente na


quantidade e qualidade de água disponível nos rios e córregos do Distrito Federal, inclusive
na minimização da degradação de terras agrícolas, evitando a erosão hídrica.

A erosão hídrica é um dos principais processos de degradação de terras agrícolas,


comumente é ocasionada por águas pluviais ou pela irrigação. Dá-se início pela chuva, em
que parte desta é interceptada pela vegetação de cobertura e outra parte atinge a superfície
do solo. O impacto da gota ocasiona a ruptura dos agregados, transformando-os em
partículas de menor granulometria que ocasionam a formação de crostas e a selagem do solo,
aumentando, assim, a sua compactação. A depender dessa compactação, do volume, da
intensidade e da frequência da precipitação, a capacidade de infiltração e retenção de água
do solo é excedida, formando poças e iniciando o escoamento superficial e seu fluxo linear,
esse escoamento carreia os sedimentos, variando sua velocidade segundo a topografia do
terreno.

A formação de microrravinas e ravinas dependem, além da topografia do terreno, de


sua classe do solo, formas e tipos de cobertura e configuração de seu manejo, sendo mais
suscetíveis os solos descobertos e mal manejados. De tal modo, os sedimentos são carreados

6
obedecendo a declividade do terreno até o encontro com corpos d’água, o que acarreta no
aumento da concentração de sólidos dissolvidos na água superficial e na deposição de
sedimentos em seu leito, ocasionando o assoreamento de margens. Portanto, o processo de
erosão hídrica resume-se em três fases principais, que acontecem de modo sucessivo e
concomitante: desagregação do solo, transporte de sedimentos e deposição de material em
pontos mais baixos do relevo.

Os processos de erosão acarretam não só em prejuízos ambientais, mas também


financeiros, pois reduzem a capacidade produtiva dos solos, devido à perda de nutrientes e
matéria orgânica, além da quantidade de área disponível para a exploração agrícola, por meio
do surgimento de ravinas. A partir da diminuição do volume infiltrado, reduz-se tanto o
volume de água disponível para as plantas, quanto o volume do lençol freático, impactando
no abastecimento de poços subterrâneos e rios. Abala-se também a qualidade de estradas e
vias de deslocamento, dificultando ou impossibilitando o escoamento da produção
agropecuária para mercados consumidores e o acesso de moradores e trabalhadores rurais.

3.1.1 Práticas de manejo e conservação de solo

As práticas de manejo e conservação de solo constituem alternativas técnicas bem-


sucedidas, muitas delas milenares, para prevenir, amenizar e corrigir os problemas
relacionados especialmente à perda e carreamento do solo, atuando de forma proativa e
integrada na produção e conservação da água e preservação do solo. O planejamento
conservacionista deve observar as características intrínsecas do local, como relevo, regime
de chuvas e propriedades do solo, de modo a maximizar a produtividade agrícola por meio
de sistemas eficientes que respeitem a capacidade produtiva do solo e seu adequado
aproveitamento. Portanto, a avaliação da aptidão agrícola deve considerar: (1)
susceptibilidade do solo à erosão; (2) capacidade produtiva do solo; (3) potencialidade de
mecanização; e (4) condições climáticas (ZONTA et al., 2012).

Bertoni & Lombardi Neto (2012) dividem as práticas de manejo e conservação de solo
em vegetativas, edáficas e mecânicas, priorizando as duas primeiras devido sua simplicidade
de execução, sendo complementadas pelas práticas de caráter mecânico. Práticas vegetativas
são aquelas em que se emprega a cobertura vegetal para proteção do solo, preservando sua
integridade contra os efeitos da erosão, quanto mais densa a vegetação de cobertura, mais
protegido encontra-se o solo. Práticas edáficas são aquelas em que o sistema de cultivo é
modificado de modo a proporcionar o maior controle da erosão e a melhoria ou estabilidade
7
da fertilidade do solo, de modo a repor elementos nutritivos, diminuir a lixiviação e controlar
a combustão da matéria orgânica. De Maria et al. (2019) também dividem as práticas
conservacionistas nas mesmas três classes, contudo as práticas descritas diferem-se das
listadas por Bertoni & Lombardi Neto (2012). Adicionou-se práticas e modificou-se
nomenclaturas, de forma a ampliar suas abordagens e até mesmo subdividiu-as.

As práticas conservacionistas precisam agir nas três fases da erosão hídrica:


desagregação, transporte e deposição. Assim as principais estratégias são: aumento de
cobertura do solo — reduz a desagregação e transporte; aumento da rugosidade e da
porosidade — aumenta infiltração e diminui energia do escoamento superficial; e controle
do escoamento superficial — redução do transporte por barreiras mecânicas. A Tabela 1
apresenta a divisão das práticas e sistemas pelo seu caráter.

Tabela 1 - Práticas conservacionistas e sistemas de manejo do solo (adaptado de Bertoni


Lombardi Neto, 2012 e De Maria et al., 2019).
Caráter vegetativo Caráter edáfico Caráter mecânico
a. Florestamento e a. Controle do fogo a. Distribuição racional dos
reflorestamento b. Adubação verde caminhos
Bertoni & Lombardi Neto

b. Pastagem c. Adubação química b. Plantio direto


c. Plantas de cobertura d. Adubação orgânica c. Terraceamento
d. Culturas em faixa e. Calagem
e. Cordões de vegetação
permanente
f. Alternância de capinas
g. Ceifa do mato
h. Cobertura morta
i. Faixa de bordadura e
quebra-ventos

a. Cobertura morta a. Controle do fogo a. Distribuição de estradas e


b. Cordões ou faixas de b. Correção do solo e carreadores
vegetação permanente, adubação b. Cultivo em contorno com
aleias, quebra-vento c. Adubação verde semeadura em nível
c. Cultivo ou culturas em d. Rotação de culturas c. Enleiramento da
faixa e. Sistemas de manejo fitomassa cultural residual
d. Qualidade na conservacionista em nível
De Maria et al.

população de plantas (Semeadura direta e d. Terraceamento


e. Plantas de cobertura do Plantio Direto) e. Canais escoadouros e
solo f. Operações de preparo canais divergentes
f. Cultivo consorciado de solo, subsolagem e f. Sulcos de infiltração e
g. Pastagem e sua controle da compactação diques em pastagem
integração com lavouras e
florestas
h. Manejo das plantas
infestantes
i. Florestamento,
reflorestamento e faixas de
bordadura

8
Quanto às práticas de caráter vegetativo, ressalta-se a importância do florestamento,
por meio da conservação da vegetação natural, e o reflorestamento pela revegetação de áreas
desmatadas. Ambas são objetos do Código Florestal Brasileiro o qual ressalta a necessidade
de áreas protegidas em propriedades rurais, sejam elas as Áreas de Preservação Permanente
(APP) ou Reserva Legal (RL). As APP são as áreas protegidas, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, além de facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, já a Reserva Legal é a área de uma
propriedade ou posse rural com função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais presentes na propriedade, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade (BRASIL, 2012).

Skorupa (2013) analisa os benefícios das áreas protegidas com respeito à sua
importância como componentes físicos do agroecossistema, a partir de sua localização e
cobertura. Em encostas acentuadas, a vegetação promove a estabilidade do solo pelo
emaranhado de raízes das plantas, evitando sua perda por erosão e protegendo as partes mais
baixas do terreno (estradas e cursos d’água); na área agrícola, evita ou estabiliza os processos
erosivos, auxiliando na conservação do solo e agem como quebra-ventos nas áreas de
cultivo; em áreas de nascentes, age como amortecedor das chuvas, evitando o seu impacto
direto sobre o solo e a sua compactação, auxilia na porosidade do solo e sua capacidade de
infiltração, ocasionando o aumento da vazão do lençol freático e diminuindo escoamento
superficial e o carreamento de partículas de solo e resíduos das atividades agropecuárias para
os cursos d’água; nas margens de cursos d’água ou reservatórios, a vegetação atua como um
filtro, em que evita o carreamento direto para o ambiente aquático de sedimentos, nutrientes
e produtos químicos provenientes das partes mais altas do terreno, que podem afetar a
qualidade da água e diminuir a vida útil dos reservatórios, das instalações hidroelétricas e
dos sistemas de irrigação; no controle hidrológico de uma bacia hidrográfica, regula o fluxo
de água superficial e subterrânea, e assim do lençol freático.

Observa-se que De Maria et al. (2019) divergem de Bertoni & Lombardi Neto (2012)
quanto a classificação do caráter da técnica de plantio direto, estes consideram prática
mecânica e aqueles prática edáfica, devido a não necessidade de maquinário para
revolvimento do solo. Técnicas de plantio direto vem sendo empregadas no Brasil desde os
anos 70, iniciada no Estado do Paraná, partindo da necessidade de mudança da paisagem
rural, visto a evolução de processos erosivos e a perda de solos, essas originadas devido ao

9
uso contínuo e irracional de maquinários para revolvimento do solo, como arados e grades
(REGO, 2002).

O Plantio Direto baseia-se na expressão “no-tillage” que significa sem preparo, já que
esse sistema de plantio evita o revolvimento do solo por meio de implementos agrícolas,
limitando a movimentação apenas à linha de semeadura, promove a deposição natural e
superficial da cobertura morta (palhada), tornando o processo de decomposição lento e
escalonado. O não revolvimento do solo e sua cobertura permanente suscitam o controle da
erosão, a conservação da umidade do solo, a redução da temperatura, o controle de plantas
daninhas, a melhoria da estrutura e fertilidade do solo e suas condições fitossanitárias
(PEIXOTO et al., 1997).

Dentre as práticas conservacionistas de caráter mecânico destaca-se a construção de


terraços com o propósito de disciplinar o volume de escoamento das águas da chuva, a fim
de proporcionar o aumento da infiltração e a redução do volume e velocidade do escoamento.
Entre suas principais vantagens estão: armazenar água e sedimentos no canal (terraços de
infiltração) e/ou conduzir a água e os sedimentos para fora da área produtiva (terraços de
drenagem), podem ainda auxiliar na orientação para execução de outras práticas de manejo.

Terraceamento consiste na construção de um conjunto de estruturas transversais ao


sentido do maior declive do terreno, com a utilização de maquinário agrícola como arados
de disco ou aiveca (fixos ou reversíveis), motoniveladoras ou patrol, escavadeiras
hidráulicas, terraceadores, entre outros. Seu dimensionamento depende das características
da precipitação (quantidade, duração e intensidade), paisagem (comprimento de rampa,
rugosidade do terreno, profundidade e permeabilidade do solo) e práticas de manejo (plantio
convencional e plantio direto) e podem ser classificados da seguinte forma (DE MARIA et
al., 2019):

 Quanto à função: (i) terraços de desnível ou drenagem (interceptam e escoam o


excesso de água entre solos) – indicado para solos com permeabilidade moderada a
lenta; (ii) terraços em nível ou de infiltração (interceptam e retém a água para posterior
infiltração) – indicado para solos de alta permeabilidade, podem ser construídos com
as extremidades fechadas ou aberta.

 Quanto ao modo de construção: (i) terraço tipo Nichols – canal triangular e de base
estreita, para a construção corta-se a terra por movimentos de cima para baixo para
formação de dique, recomendado para declives mais acentuados (16 a 18 cm/m); (ii)

10
terraço tipo Mangum – canal trapezoidal ou parabólico e de base média a larga, para a
construção movimenta-se a terra de cima para baixo e de baixo para cima,
alternadamente, recomendado para declives suaves (até 16 cm/m). A diferenciação
pode ser observada na Figura 1.

 Quanto à faixa de movimento da terra: (i) terraço de base estreita – largura de faixa de
movimentação de até 3 metros, conhecidos também como “curvas de nível”, utilizado
em declives superiores a 16 cm/m; (ii) terraço de base média - largura de faixa de
movimentação entre 3 e 6 metros, utilizado em declives de 10 a 16 cm/m; (iii) terraço
de base larga - largura de faixa de movimentação entre 8 e 12 metros, utilizado em
declives de 6 a 12 cm/m, conforme representado na Figura 2.

 Quanto à forma do perfil: (i) terraço comum – construído de terra, composto de canal
e dique e utilizado em áreas com até 18 cm/m de declividade, podem variar em
embutido, embutido invertido ou leirão ou murundum; (ii) terraço em patamar –
constituído de plataforma, onde são localizadas as culturas agrícolas, e de talude
transversal à linha de maior declive, estabilizado por vegetação de cobertura, é
recomendado para terrenos muito inclinados (acima de 18 cm/m), como observado na
Figura 3.

Figura 1 - Terraços quanto ao modo de construção (BIAS, 1992).

11
Figura 2- Terraços quanto à faixa de movimentação da terra (BIAS, 1992).

Figura 3 - Terraços quanto à forma do perfil (BIAS, 1992).

A manutenção de terraços deve ser observada de maneira preventiva e corretiva, as


medidas preventivas focadas na minimização do processo de degradação dos terraços, e as

12
corretivas na restauração de suas dimensões, como a elevação de dique e limpeza de canal
com retiradas de sedimentos e reposição do camalhão (PRUSKI et al., 2009).

É importante a combinação do terraceamento com práticas edáficas e vegetativas, pois


embora tenha elevada eficiência no controle de perda de solo e água, esse somente não
controla todos os fatores da erosão hídrica.

De modo recente, notou-se a retirada de terraços em solos sob plantio direto, a partir
de argumentos errôneos de que a palhada presente no sistema de plantio é capaz por si só de
reter a enxurrada, entretanto, a palha pode aumentar a velocidade de infiltração e diminuir a
desagregação do solo, mas não reduz completamente o escoamento. Áreas com plantio direto
permitem o maior espaçamento do terraço, mas não sua eliminação por completo
(MACHADO & WADT, 2016).

Sabe-se que a eliminação dos terraços também tem sido motivada pela dificuldade de
utilização de implementos agrícolas em áreas terraceadas, porém é possível adaptar o tipo
de terraço e seu espaçamento a depender também da necessidade de mecanização.

Outra prática mecânica essencial é a revitalização e manutenção de estradas, pois a


imprecisão de projetos de drenagem que não observaram o tipo de solo e a declividade do
terreno fazem com que as estradas sejam consideradas uma das principais causas de
processos erosivos na área rural. Para melhoria de sua estrutura é necessário um controle
preventivo. Guerra et al. (2006), recomendam medidas que visam a melhoria da captação,
condução e dissipação do escoamento, entre elas: a proteção vegetal da área adjacente, como
taludes, aterros, valetas e áreas de empréstimo; o revestimento e gramamento de valetas;
construção de bueiros de concreto em travessias de drenagem, sejam córregos ou caminhos
preferenciais da enxurrada; o abaulamento transversal da pista de modo a impedir o
empoçamento ao longo da mesma; a construção de sangras laterais acompanhando o nível
do terreno, como bigodes acompanhados de ondulações transversais (peito de pombo), e,
por fim, a construção de estruturas dissipadoras de energia.

As bacias de acumulação agem de modo a reter o escoamento superficial proveniente


de estradas rurais não pavimentadas, com a finalidade de evitar o empoçamento na pista e
auxiliar à infiltração da água desviada. Essas se diferem das barragens de contenção,
usualmente conhecidas por “barraginhas”, que agem como dissipadoras de energia e são
destinadas à contenção do escoamento superficial em locais de maior declive e onde há a
constatação de ravinas e sulcos em áreas de exploração agropecuária (PRUSKI et al., 2009).

13
3.1.2 Práticas de manejo e conservação de água

A melhoria e a promoção de práticas e tecnologias inovadoras, voltadas ao uso


sustentável da água na agricultura, como a revitalização de sistemas coletivos de distribuição
de água, ampliação e adequação de reservatórios em propriedades rurais e, principalmente,
substituição e melhoria de manejo em sistemas e tecnologias de irrigação poupadores de
água e energia, contribuem para a segurança hídrica, em suas diversas finalidades, incluindo
a restauração florestal em sistemas agropecuários, visando a adequação às normas legais de
APP e Reserva Legal.

A irrigação é a prática agrícola que utiliza um conjunto de equipamentos e técnicas


para suprir a deficiência total ou parcial de água para as plantas. É considerado um uso
consultivo da água, pois a partir de sua captação esta é amplamente consumida pela
evapotranspiração das plantas e do solo. O emprego da irrigação tem crescido
substancialmente no Brasil, originado pelos resultados de incremento de produtividade e de
qualidade.

A escolha do sistema de irrigação adequado é primordial para o sucesso da produção


agrícola e deve considerar aspectos técnicos, como a necessidade de irrigação das culturas,
quantidade e distribuição de chuvas, requerimento das culturas por água, conhecimento
sobre oferta e demanda de água na região, a resposta das culturas à irrigação, a qualidade da
água, e também fatores econômicos como: o valor de investimento para aquisição do
equipamento, retorno econômico da cultura, custo da água e da terra, custo de mão-de-obra
e energia, além de elementos referentes à vida útil e manutenção dos componentes do sistema
(ALBUQUERQUE & DURÃES, 2008).

Em qualquer método de irrigação é necessária a condução da água a partir de um ponto


de captação até a área de interesse, o tipo de condução deve ser devidamente dimensionado
e a estrutura adequada. Os principais condutos utilizados são os canais (condutos livres) e
encanamentos (condutos sob pressão).

Os métodos de irrigação se diferem pela forma de aplicação de água às plantas e são


divididos em quatro classes, das quais derivam os sistemas: irrigação por superfície,
irrigação por apersão, irrigação localizada e irrigação subsuperficial ou subirrigação
(SOUSA et al., 2011).

Irrigação por superfície é aquela em que a água escoa sobre a superfície do terreno, ou
seja, utiliza-se o solo como o meio de transporte. A água pode ser transportada por gravidade

14
ou por meio de bombas até a área cultivada. Esse tipo de irrigação divide-se em dois
métodos, um em que a água fica parada, cobrindo toda a superfície do solo e outro em que a
água permanece em movimento, requerendo escoamento ou empoçamento para o final da
área irrigada. Dentre as vantagens do emprego desse método estão o baixo investimento
inicial e a possibilidade de reúso da água, contudo, requer alta mão-de-obra e a demanda
hídrica é elevada, necessitando de vazões maiores. Os sistemas mais comuns desse método
de irrigação são: irrigação por sulcos, bacias em nível, irrigação por faixas e irrigação por
inundação.

A irrigação por aspersão é aquela que aplica a água nas áreas de cultivo simulando a
chuva. Esse método utiliza-se de aspersores para aplicação na área total, estes podem ser de
variadas formas e tamanhos, no entanto sua distribuição é desigual, pois os aspersores
tendem a aplicar uma maior quantidade de água próximo ao ponto em que se localiza do que
em sua periferia, assim é necessária a sobreposição de aspersores de forma a garantir maior
uniformidade da aplicação. Os sistemas de irrigação por aspersão mais comuns são: aspersão
convencional, ramal rolante, autopropelido, pivô central, lepa e lesa e os de deslocamento
linear.

Os métodos de irrigação localizada aplicam a água diretamente no local de maior


concentração radicular da cultura, de forma frequente, porém em baixa intensidade. Devido
a alta frequência, o solo é mantido com teores próximos à capacidade de campo, o que pode
aumentar a produtividade do cultivo. Os sistemas localizados permitem a automatização
total e o uso da fertirrigação. Dentre suas vantagens destaca-se o maior controle da eficiência
de irrigação e a necessidade de vazão mais baixa, porém estes métodos requerem uma água
filtrada, pois os emissores entopem facilmente. Os sistemas que se baseiam neste método
são: gotejamento, gotejamento subsuperficial e microaspersão.

A adoção de práticas de uso racional da água não deve se basear tão somente na adesão
de sistemas de irrigação poupadores, mas sim na manutenção e desempenho de seus
equipamentos e seu correto manejo e controle. A determinação do momento de irrigar e da
quantidade de água a ser aplicada acarretam uma maior eficiência do uso da água,
impactando tanto na diminuição da vazão captada e quantidade de água utilizada, quanto na
maximização do rendimento econômico dos produtores rurais irrigantes.

Para determinar quando e quanto irrigar Resende & Albuquerque (2002) trazem
algumas estratégias de manejo de irrigação, como: (i) observação de sintomas visuais de
déficit hídrico nas plantas, como coloração, enrolamento e ângulo folear, para estimar o

15
momento de irrigar, porém quando observados tais efeitos já há o comprometimento da
produção; (ii) construção de calendário de irrigações, estimando as datas e as lâminas a
serem aplicadas ao longo do ciclo da cultura, considerando o tipo de solo, cultura e fatores
climáticos; (iii) aplicação do método do balanço da água no solo, que considera a equação
do balanço hídrico, identificando a entrada de água (precipitação e irrigação) e as saídas
(evapotranspiração da cultura), se o saldo chegar a zero significa que se faz necessária a
irrigação naquele dia; (iv) utilização de instrumentos que proporcionam o monitoramento
direto ou indireto do teor de umidade do solo, sendo o uso de tensiômetros o mais habitual.

Os tensiômetros são aparelhos que medem a tensão com que a água está retida pelas
partículas do solo, também conhecido como potencial matricial, auxiliando na determinação
do teor de umidade atual do solo e da quantidade de água armazenada nesse. Constituem-se
de uma cápsula porosa permeável, de cerâmica ou porcelana, conectada a um medidor a
vácuo, geralmente um vacuômetro metálico ou um manômetro de mercúrio (AZEVEDO &
SILVA, 1999).

Os tipos de tensiômetros frequentemente utilizados são os de punção e os de


vacuômetro, e esses podem ser de leitura automática ou analógica. Os tensiômetros de
mercúrio entraram em desuso devido a dificuldade de manuseio e de aquisição do
componente. A instalação deve considerar o sistema radicular da cultura e também do tipo
de sistema de irrigação, modificando sua profundidade segundo o ciclo de crescimento da
cultura. A leitura baseia-se no equilíbrio de energia potencial, isto significa que quando o
solo estiver “seco” a água do tubo passa para o solo pela cápsula porosa criando vácuo no
tensiômetro, já quando o solo está “úmido” a água entra pela cápsula, diminuindo o vácuo.
Assim, a partir da determinação prévia da curva característica de água no solo, é possível
concluir se é necessária a irrigação ou não da cultura (BRAGA & CALGARO, 2010).

Devido ao custo elevado destes aparelhos e a necessidade de manutenção constante, o


acesso a essa tecnologia ficou limitado a grandes e médios produtores. Dessa forma, a
Embrapa desenvolveu um “sistema gasoso de controle de irrigação” patenteado com o nome
Irrigas®, considerado durável e de baixo custo e que pode ser mais facilmente acessado por
pequenos produtores rurais, de forma a auxiliar o manejo eficiente da irrigação,
principalmente de hortaliças. Este consiste em uma cápsula porosa, que pode ser de
diferentes medidas de pressão (kPa), conectada por um tubo de plástico flexível, uma cuba
de leitura e um frasco com água, onde a cápsula deve ser introduzida no solo considerando
o sistema radicular da planta e seu ciclo. Difere-se do tensiômetro pois é um sistema aberto,

16
atuando a partir do equilíbrio entre a água e ar presente no solo e sua cápsula porosa. A
leitura é realizada introduzindo a cuba de leitura em um frasco de água, se a água ocupar o
espaço da cuba, significa que o solo está “seco”, mas se não ocupar significa que o solo está
“úmido”. A instalação deve ser realizada aos pares, sendo um mais raso, que indica quando
irrigar e um mais profundo para indicar se a irrigação não foi excessiva. Recomenda-se a
utilização de pelo menos três pares de Irrigas® por talhão plantado (MAROUELLI &
CALBO, 2009; MAROUELLI et al., 2015).

Sabe-se da existência dos impactos das atividades agropecuárias no ciclo hidrológico


como um todo, desde a captação direta nos cursos d’água para uso consutivo do recurso, até
as contribuições indiretas referente à concentração de nutrientes e assoreamento de
ambientes naturais. Entretanto, a quantificação e a observação do impacto de mudanças no
manejo em áreas agrícolas são complexas, pois perpassa por diversos processos e
parâmetros. A modelagem hidrológica, de forma que congregue toda essa dinâmica, pode
auxiliar no entendimento de tal comportamento hidrológico, inclusive no que tange aos
aspectos qualiquantitativos.

3.2 MODELAGEM HIDROLÓGICA

O comportamento da água no ciclo hidrológico é extremamente complexo, o que


dificulta as análises de seu comportamento e o entendimento de seus processos. Contudo,
diversos modelos têm sido desenvolvidos, calibrados e aprimorados, possibilitando a
confecção de diagnósticos e simulação de cenários hidrológicos por meio da utilização de
parâmetros heterogêneos, direcionados e dinâmicos.

O comportamento hídrico de uma bacia hidrográfica é resultado de processos naturais,


seu monitoramento contínuo se faz necessário para permitir o entendimento de sua dinâmica
e a previsibilidade de respostas a perturbações, mesmo que localizadas. Os modelos
hidrológicos visam atender a necessidade de representação, simulando e prevendo condições
diferentes das observadas. Contudo, sua resposta é limitada, devido a aspectos físicos e
processos intrínsecos, bem como à quantidade de dados observados e disponíveis, o que
aumenta os graus de incerteza (TUCCI, 1998).

Tucci (1998) observa que o erro envolvido no uso de modelos, geralmente


correlacionado com sua complexidade ou simplificação, deve ser observado na escolha do
modelo ideal, segundo critérios pré-estipulados. Os modelos podem ser diferenciados em
função dos elementos utilizados, da discretização, das prioridades da representação dos
17
processos, da escala espacial e temporal e dos objetivos a serem alcançados. A classificação
de modelos deve verificar diversos critérios, como elucidado na Tabela 2.

Assim, modelos hidrológicos são capazes de simular resultados mais globais de


comportamento ou até mesmo de gerar respostas mais específicas. Podem, ainda, idealizar
respostas apenas quantitativas, como na simulação e entendimento do balanço hídrico, ou
em respostas voltadas para a qualidade da água, como o impacto nos mananciais devido à
utilização de fertilizantes e produtos fitossanitários como pesticidas e agrotóxicos.

Tabela 2 - Classificação de modelos para gerenciamento dos recursos hídricos. Fonte:


(TUCCI, 1998).
Tipo de modelo Objetivo
Visa prognosticar a resposta de um sistema, descreve seu
Comportamento
comportamento a partir de especulação de alternativas.
Otimização Busca as melhores soluções de um sistema específico.
Simula condições mais globais, generaliza e busca a quantificação
Planejamento
socioeconômica e ambiental.

A classificação dos modelos hidrológicos varia segundo diversos aspectos e conceitos.


A depender das variáveis utilizadas classificam-se como modelos estocásticos, quando pelo
menos uma variável possui comportamento aleatório descrito em função de probabilidade,
ou modelos determinísticos, quando negligencia-se os conceitos de probabilidade na
elaboração do modelo e o comportamento da variável é determinado por equações.
Considerando a relação entre as variáveis, podem ser modelos empíricos, quando não se
baseia em processos físicos e sim em análises estatísticas, ou conceituais, quando se baseiam
nos processos físicos do sistema. Já quanto à forma de representação de dados, podem ser
modelos discretos, aqueles que modelam períodos isolados da série e buscam representar
eventos de cheia e recessão, ou modelos contínuos, que representam longos períodos e
comportamentos hidrológicos diferentes. Segundo a existência ou não de relações espaciais,
podem ser modelos concentrados, quando não consideram a variabilidade espacial dos
fatores hidrológicos, ou modelos distribuídos, que representam a variabilidade espacial das
características físicas da bacia hidrográfica. E ainda podem ser classificados considerando
se há ou não dependência temporal, em modelos estacionários, onde as variáveis não variam
com o tempo, ou modelos dinâmicos, quando essas variam em função do tempo (MARINHO
FILHO et al., 2012).

18
Segundo von Sperling (2007), o procedimento de modelagem é iterativo, sendo
necessário o retorno de etapas para reajustes. O fluxograma presente na Figura 4 apresenta
as principais etapas para o desenvolvimento de um modelo matemático.

Figura 4 - Fluxograma das etapas de desenvolvimento de modelo matemático (adaptado de


von Sperling, 2007)

 Objetivos – definição do que se quer alcançar, da estrutura do modelo e dos


esforços necessários que serão alocados para a concepção do trabalho.

 Concepção – representação do sistema, constando as variáveis a serem medidas


e modeladas.

 Seleção do tipo de modelo – escolha do modelo ideal, complexo ou não, que


atenda ao objetivo pré-definido.

 Representação computacional – estruturação das equações matemáticas com


soluções analíticas ou numéricas.

 Calibração e verificação – ajuste entre os dados observados (medidos) e os


estimados (calculados) a partir da variação dos parâmetros do modelo.

 Validação – avaliação do ajuste do modelo submetido a condições diferentes


das usadas na calibração, inclusive com dados experimentais independentes e
não utilizados em etapas anteriores. Caso os valores obtidos na validação não
sejam o desejado, deve-se reavaliá-los e realizar nova calibração até se obter
valores aceitos.

19
 Análise de sensibilidade – avaliação da estrutura e conjunto de parâmetros do
modelo e quanto sua resposta é influenciada pelo valor de um dado de entrada.

 Aplicação – modelo apresenta as condições necessárias para sua aplicação,


com estrutura e valores de coeficientes adequados.

Moriasi et al. (2015) analisaram medidas de desempenho e critérios de avaliação de


desempenho de variadas bibliografias referentes a modelos hidrológicos, entre eles o SWAT.
Observou-se que é mais frequente o emprego do NSE – Nash-Sutcliffe (Eq. 1), do coeficiente
de determinação R2 (Eq. 2) e PBIAS – Percentual de viés (Eq.3), sendo esses suficientes para
avaliação do desempenho de um modelo.

∑n
i=1(Oi −Pi )²
NSE = 1 − ∑n (Oi −O̅ )²
(Eq. 1)
i=1

∑n ̅ ̅
i=1(Oi −O)(Pi −P)
R² = (Eq. 2)
√∑n ̅ n ̅
i=1(Oi −O)²√∑i=1(Pi −P)²

∑n
i=1 Oi −Pi
PBIAS = ∑n
× 100 (Eq. 3)
i=1 Oi

Em que O refere-se aos valores observados e P aos valores previstos. Os valores de


NSE variam de menos infinito a 1, sendo 1 o seu valor ótimo. Dentre suas vantagens ressalta-
se o seu uso para simulações contínuas a longo prazo e pode ser utilizado para avaliar o
desempenho para variadas respostas de saída, como sedimentos, nutrientes e pesticidas.

O coeficiente de determinação R² varia de 0 a 1, sendo 1 o seu valor ideal. É


amplamente utilizado em estudos hidrológicos para avaliação de desempenho, porém possui
limitação por ser sensível a valores extremamente elevados.

O PBIAS expressa em porcentagem o desvio dos valores observados em comparação


com os simulados, varia de menos infinito a mais infinito, tendo 0 (zero) como valor ideal e
pode ser usado para simulações contínuas e a longo prazo.

Moriasi et al. (2015) recomendam ainda a adoção de critérios de avaliação dos


coeficientes sugeridos, os quais, a partir de seu valor obtido, podem ser classificados como
muito bom, bom, satisfatório e não satisfatório. Essa classificação considera a escala

20
temporal e também o componente avaliado, variando desde a vazão do fluxo do escoamento
até sedimentos e nutrientes, como pode ser observada na Tabela 3.

Tabela 3 - Critérios de avaliação de desempenho para medidas estatísticas para modelos


em escala de bacias hidrográficas com base na distribuição dos dados existentes.
(Adaptado e traduzido de Moriasi et al., 2015)

3.2.1 Evolução dos modelos

Segundo Tucci (1998), até a década de 50 os métodos utilizados para simulação


hidrológica baseavam-se apenas em indicadores estatísticos. Contudo, a partir da
popularização de operações computacionais e das inovações tecnológicas, ocorreu o
acentuado desenvolvimento dos modelos, principalmente daqueles baseados no conceito de
Precipitação-Vazão, que representam os principais processos do ciclo hidrológico. A
evolução dos modelos baseia-se sobretudo no maior detalhamento e representação do ciclo
hidrológico e suas equações empíricas alternativas.

Os modelos hidrológicos surgiram como forma de resposta ao que acontece com a


água, em todo seu ciclo, e a partir da obtenção desse entendimento, viabilizou-se o
melhoramento do planejamento e a operação de sistemas, bem como a otimização da
utilização e da conservação do recurso hídrico. Historicamente, são utilizados de variadas
formas, porém o início se deu pela necessidade do planejamento de ações voltadas para
engenharia civil, como projeções de estradas, canais, esgotamento urbano, sistemas de
drenagem, represas, bueiros, pontes e sistemas de abastecimento de água. Contudo,
atualmente também são utilizados para planejar e projetar práticas de conservação do solo,
gestão da água de irrigação, restauração de áreas úmidas e gerenciamento de uso de águas
superficiais e subterrâneas. (SINGH & WOOLHISER, 2002).

Singh & Woolhiser (2002) ainda descrevem que a origem do modelo matemático se
deu a partir do desenvolvimento do Método Racional por Mulvany no ano de 1850 e pelo
modelo criado por Imbeau em 1982, que relacionava o pico de cheia de um dado escoamento

21
superficial com a intensidade da precipitação. A evolução perpassou por variadas teorias e
metodologias ao longo do tempo, como por exemplo o desenvolvimento das leis de Horton
nas décadas de 30 e 40, a qual trazia teorias referente à infiltração e ao escoamento,
Thornthwaite e Penman, no ano de 1948, fizeram contribuições para modelos de
evapotranspiração, o Serviço de Conservação do Solo, em 1956, desenvolveu o método SCS,
que considera as condições do uso da terra no cálculo do deflúvio, entre outros. Todavia, a
primeira tentativa de modelar virtualmente o ciclo hidrológico foi por meio do Stanford
Watershed Model-SWM, criado por Crawford e Linsley no ano de 1966, o qual inspirou a
criação de diversos outros modelos fisicamente baseados, como: SWMM - 1971; PRMS -
1983; Sistema de Previsão do Rio NWS - 1973; SSARR - 1982; Sistema Hidrológico
Europeen (ELA) - 1986; TOPMODEL - 1979, e IHDM - 1980.

É perceptível a evolução dos modelos e o detalhamento de seus componentes, bem


como a abrangência de sua área de utilização, sendo capazes de simular não apenas a
quantidade de água, mas também aspectos referentes à qualidade. Esse melhoramento vem
de forma convergente à melhoria das estruturas tecnológicas, que facilitam desde a coleta e
armazenamento de dados até o processamento e otimização do tempo de resposta.

Almeida & Serra (2017) indicam quatro principais aplicabilidades da modelagem


hidrológica atual. A primeira é a análise de consistência e preenchimento de falha, pois
modelos possibilitam a extensão de séries não observadas utilizando-se de dados observados
e ainda analisam a consistência dos mesmos. A segunda aplicabilidade é a estimativa de
vazão visando o controle de cheia, navegação, operação de barragens, entre outros, e essa
pode ser estimada com base, por exemplo, na precipitação já conhecida. A terceira é o
dimensionamento e previsão de cenários de planejamento, em que é possível estimar vazões
resultantes de diversos cenários e planejar adaptações na bacia. A última aplicabilidade
indicada é a observação de efeitos resultantes da modificação do uso do solo, onde é possível
conjecturar como mudanças de atividades antrópicas na bacia podem impactar o balanço
hídrico.

3.2.2 Utilização de Sistemas de Informações Geográficas e Cenarização em modelagem

Outra evolução observada é que o desenvolvimento de modelos hidrológicos vem


sendo conectado a Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e técnicas de
geoprocessamento como forma de unir as distintas séries de dados e informações disponíveis
em multiescalas, permitindo a distribuição espacial de informações e visualização e análise
de interações hidrológicas por áreas de estudo (FERRIGO et al., 2012).

22
A utilização de SIG é considerada uma excelente ferramenta do geoprocessamento
para investigação de fenômenos diversos, relacionados à engenharia urbana, meio ambiente,
pedologia, vegetação e bacias hidrográficas. Além disso, na área ambiental, a tomada de
decisões requer um conhecimento multidisciplinar. Desta forma, os softwares de SIG vieram
resolver significativa parte dos problemas de tempo, mão-de-obra e da pouca precisão
quando o volume de informações é amplo.

Assim, o emprego do geoprocessamento mostra-se uma alternativa viável e confiável


para determinação e visualização espacial de áreas e suas interações. Por ser uma tecnologia
que apresenta um custo relativamente baixo, o geoprocessamento está sendo utilizado em
países de grande dimensão territorial e com poucas informações em escalas adequadas, já
que para tomada de decisões sobre planejamento ambiental, esses estudos mostraram-se de
relevante eficiência (FLORENZANO, 2002; ALMEIDA & SERRA, 2017).

Ainda considerando a modelagem como ferramenta de planejamento, sua utilização


permite realizar análises prospectivas fundamentadas em tendências. Tais análises
contribuem para a compreensão do funcionamento de um sistema e no planejamento
estratégico de ações e tomadas de decisões, tanto por parte do poder público como da própria
comunidade, de forma a prever e antecipar prováveis eventos.

Segundo Lima & Ponte (2009), estudos prospectivos direcionados à utilização de


recursos hídricos devem ser iniciados por meio do diagnóstico geral da bacia hidrográfica,
retratando desde fatores físicos e hidrológicos até os socioeconômicos. Após a
caracterização, é necessário interpretar o comportamento da bacia, seus graus de
dependência e independência a fatores observados e a capacidade de resiliência do sistema.
Por fim, é preciso realizar a estruturação de tendências, examinando a dinâmica e a evolução
da bacia hidrográfica, e, desta maneira, apontar e descrever estratégias futuras.

Dentre as técnicas de análises prospectivas destaca-se a cenarização, que consiste na


formulação de cenários conjecturais de modo a auxiliar na visualização e no entendimento
do comportamento de um sistema e, com isso, pressupor situações e efeitos futuros.

A construção de cenários com o propósito de assimilar um presumível comportamento


de uma bacia hidrográfica contribui na compreensão de como o planejamento de ações e
decisões a serem praticadas podem impactar diretamente na qualidade e quantidade de água
da bacia futuramente. Essa oferta de antecipações contribui efetivamente na tomada de
decisões de gestores, sendo uma importante ferramenta referencial para o planejamento

23
regional sustentável, análise integrada e gestão de conflitos pelo uso da água. (CORTEZ,
2007)

No âmbito nacional, diversos trabalhos têm sido realizados para a modelagem


hidrológica, como: Cabral et al. (2017) que verificaram as incertezas e erros na estimativa
de vazões usando modelagem hidrológica e precipitação por RADAR; Machado et al. (2017)
avaliaram a aplicação e comportamento do modelo J2000/JAMS para modelagem
hidrológica em bacias hidrográficas brasileiras; Hollanda et al. (2015) que utilizaram o
modelo TOPMODEL na estimativa do escoamento superficial em microbacia hidrográfica
em diferentes usos e na avaliação das estratégias de modelagem guiada por dados para
previsão de vazão em rio sergipano.

No âmbito do DF, parte das pesquisas realizadas pelo Programa de Pós Graduação
em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (PTARH) da Universidade de Brasília,
tem seu foco na região, onde estudos têm sido desenvolvidos para caracterização e
monitoramento dos processos hidrológicos, entre eles Ferrigo (2014) que analisa a
consistência de parâmetros do modelo SWAT obtidos por calibração automática – estudo de
caso da bacia do Descoberto – DF, observou-se boa adaptação do modelo SWAT à
modelagem hidrológica em áreas rurais no DF.

3.3 SWAT - SOIL AND WATER ASSESSMENT TOOL

O modelo SWAT foi concebido para a simulação em bacias rurais, principalmente no


que tange ao entendimento do ciclo da água e características do solo, com o objetivo de
prognosticar o impacto das práticas de gestão do uso do solo, produção de sedimentos e a
aplicação de produtos químicos devido a cultivos agrícolas. É um modelo de tempo contínuo
(longo prazo) e de base física que requer como dados de entrada informações sobre clima,
solo, topografia, vegetação, uso do solo e suas práticas.

O SWAT originou-se a partir do modelo SWRRB (Simulator for Water Resources in


Rural Basins), criado nos anos 80, o qual proporcionava a simulação da produção hídrica
em bacias rurais, abordando fatores como águas subterrâneas, reservatórios, crescimento
vegetal, propagação de cheias, transporte de sedimentos entre outros. O SWRRB foi
aperfeiçoado para recepcionar e auxiliar à gestão da qualidade da água, introduzindo
componentes relativos a pesticidas e estimativas mais aprimoradas de taxas de escoamento
e produção de sedimentos. Apesar do modelo simular áreas de centenas de quilômetros,
limitava-se a um número máximo de divisão de sub bacias. A partir da necessidade de um
24
modelo que atendesse áreas de maiores dimensões e aceitasse a divisão em maior número
de sub-bacias, desenvolveu-se o modelo ROTO (Routing Outputs to Outlet), no começo dos
anos 90, o qual possibilitou a conexão de múltiplas análises do SWRRB, porém essa
interação demandava demasiado tempo e espaço de armazenamento de dados, tornando seu
uso impraticável. De forma que viabilizasse a simulação de grandes áreas, fundiu-se os dois
modelos (ROTO e SWRRB), surgindo o modelo SWAT (GASSMAN et al., 2007;
NEITSCH, et al. 2011).

O SWAT passou por constantes melhoramentos e expansões desde seu surgimento.


Neitsch, et al. (2011) apresentam algumas das melhorias realizadas até a chegada da atual
versão SWAT+, sendo elas: SWAT 94.2 - inclusão das Unidades de Respostas Hidrológicas
(HRU); SWAT 96.2 - adição de opções de gerenciamento de irrigação e fertilização, adição
da equação de Penman-Monteith para cálculo de evapotranspiração e de equações do
QUAL2E para fluxo de nutrientes; SWAT 98.1 - melhoria da ciclagem de nutrientes,
aplicação de adubos e adaptação para uso no hemisfério sul; SWAT 99.2 - inclusão de rotas
de metais, de equações do SWMM e aprimoramento do processo de decantação para
remoção dos nutrientes; SWAT 2000 - inserção da equação de Green & Ampt, melhoria do
gerador de clima e leitura de radiação solar, umidade relativa e velocidade do vento; SWAT
2009 - integração de cenários de previsão do tempo, introdução de parâmetros de CN em
função de saturação do solo ou evapotranspiração de plantas, modelagem de sistemas de
esgotamento e aprimoramento do uso de filtro por faixas de vegetação.

Atualmente, o modelo é interligado a ambientes de SIG como o ArcGIS, por meio do


ArcSWAT, e o QGIS, por meio do QSWAT, o que auxilia na visualização espacial das
informações. A partir de elementos iniciais, gera-se bacias e sub bacias que são
correlacionadas com os demais dados de entrada, formando-se assim as HRUs (Hidrologic
Response Units) ou URH (Unidades de Respostas Hidrológicas), respostas unitárias e
homogêneas das características processadas, porém essas não são identificadas
espacialmente. Com isso, se faz possível a simulação da dinâmica do ciclo hidrológico,
sobretudo quanto à quantidade de água (vazões superficiais, reservação subterrânea, entre
outros), ao comportamento e transporte de sedimentos e nutrientes, e à movimentação e
plumas de contaminação de produtos fitossanitários e agrotóxicos.

A nova versão do modelo, o SWAT+, é resultante de diversas modificações,


incremento e manutenção em seu código. Oferece suporte à disponibilidade, análise e
visualização de dados e aprimora a capacidade do modelo em termos de representação

25
espacial de elementos e processos nas bacias hidrográficas.

Silva et al. (2021) realizaram um levantamento de artigos científicos que versam sobre
o SWAT+, identificando os principais aprimoramentos da nova versão do modelo, quando
comparado com sua versão anterior, e suas aplicações. A Tabela 4 apresenta as melhorias de
funcionalidades observadas, as quais perpassam desde aspectos de desenvolvimento do
software, com a diminuição de número de arquivos resultantes, até novas alternativas de
fluxos hidrológicos.

Tabela 4 - Melhorias de funcionalidades do SWAT+ (Silva et al., 2021).


Categoria Funcionalidades SWAT+
Suporte na Os usuários podem calibrar manualmente o SWAT+ usando o
Calibração calibration.ca, o que não era possível na versão antiga.
Arquivos de Redução do número de arquivos de entrada e consequentemente
entrada diminuição do tempo de leitura e processamento.
É possível definir os arquivos de saída que serão impressos de
Arquivos de saída
acordo com as necessidades dos usuários
Flexibilidade na Fácil de modificar/atualizar estrutura de codificação
codificação modularizada.
Uso de softwares gratuitos e de código aberto, como o caso do uso
Softwares de apoio
SQLite ao invés do Microsoft Access.
As sub-bacias continuam sendo formadas com base na área de
Córregos e canais drenagem, mas podem agora conter diversos canais para onde as
HRU drenam.
Podem ser adicionados lagos, a partir de sua delimitação em
Lagos
arquivo do tipo shapefile.
Possibilidade de definição de um número ilimitado de culturas
cultivadas e crescendo ao mesmo tempo (comunidade de plantas e
Uso e manejo do
competição).
solo
Agendamento de operações baseadas em datas, unidades de calor
e configuração de tabelas de decisão.
Unidades de Adição de divisão baseada na declividade, divididas em áreas de
Paisagem várzea (floodplain) e áreas de encostas (upslope).
Pode ser definido de forma flexível sem limitações, já sua versão
Limite do Aquífero antiga vinculava às HRU.
Facilita a utilização do link SWAT-MODFLOW.
Os usuários podem definir os objetos individualmente na bacia
Conectividade
hidrográfica.
Modelos de grade
Possibilita a criação de modelos de grade.
(grid)

Parâmetros Uma maior gama de parâmetros pode ser definida.

26
Fluxos ambientais Possibilita a criação de fluxos ambientais.

Operação do
Os usuários podem atribuir regras na operação.
Reservatório
Dentre as mudanças ocorridas entre as últimas versões, sobressaem-se a
implementação de unidades da paisagem (LSU) e o fluxo e roteamento de poluentes por ela
(SILVA et al., 2021; BIEGER et al., 2017). O SWAT+ fornece uma representação espacial
mais flexível das interações e processos dentro de uma bacia hidrográfica, em especial no
que tange à definição de cronogramas de gerenciamento, à definição de componentes de
roteamento e à conexão de sistemas de fluxo gerenciado à rede de fluxo natural. As
modificações realizadas visam facilitar a manutenção do modelo além de proporcionar
modificações no código e a integração de diversos colaboradores com o modelo (BIEGER
et al., 2017).

Bieger et al. (2017) apresentaram os novos recursos do modelo SWAT+ a partir de sua
aplicação em uma bacia experimental nos Estados Unidos. Observaram que há a
continuidade da divisão por meio de HRUs, contudo, essas ainda não são espacialmente
referenciadas, porém a sua determinação é mais flexível, permitindo a discretização pelo
usuário. A representação das LSU se dá segundo as características topográficas do terreno e
auxiliam no cálculo mais preciso do tempo de concentração. O SWAT+ possibilita, ainda,
uma definição mais aprimorada de aquíferos, reservatórios, canais de irrigação, emprego de
bombas e até mesmo a utilização de água por rebanhos de animais. Permite, além disso, a
utilização do modelo de águas subterrâneas MODFLOW como componente regular do
SWAT+, onde o usuário pode optar por representar aquíferos conforme as configurações do
SWAT ou então pelas configurações do MODFLOW para simulação dos processos
subterrâneos. A nova versão do modelo conta com a implementação de tabelas de decisão,
que propiciam a definição de conjuntos de regras a fim de programar operações de
gerenciamento. Para isso, utiliza-se critérios definidos pelo usuário, considerando diversas
variáveis que tornam mais realista os cronogramas de gerenciamento em uma bacia
hidrográfica.

O SWAT+ apresenta novo componente de distribuição espacial, já mencionado, as


unidades de paisagem (LSU). Ressalta-se que as bacias geradas pelo modelo ainda contam
com a subdivisão em sub-bacias, a partir dos cursos d’água principais, contudo, na versão
anterior, essas eram posteriormente fragmentadas em HRU, agora, no SWAT+, as sub-
bacias passam anteriormente por subdivisão em LSU, conforme ilustrado nas figuras 5 e 6,

27
para em seguida gerarem as HRUs. Destaca-se, ainda, que a componente “água” atualmente
é considerada um componente à parte.

Figura 5 - Esquema de delimitação do SWAT+ e sua versão anterior (Adaptado de Arnold


et al., 2021).

Figura 6 - Representação da bacia hidrográfica e as subdivisões em sub-bacia e unidades


de paisagem (floodplain e upland) (Adaptado de Srinivasan, 2021).

Assim, a nova versão do modelo possibilita a divisão da bacia segundo suas


características topográficas em duas unidades de paisagem: floodplain (planícies/várzeas) e

28
uplands (terras altas). A inserção desse componente justifica-se devido a interferência das
características topográficas nos processos e funções hidrológicas de uma bacia hidrográfica,
o que ocasiona a melhoria da capacidade preditiva da simulação hidrológica. Dentre as
principais diferenças entre as unidades de paisagem que impactam no processo hidrológico
estão: o nível dos lençóis freáticos, tipo de solo, conteúdo de matéria orgânica, níveis de
oxigênio, sedimento, armazenagem hidrológica, entre outros (RATHJENS et al., 2016).

A Figura 7, retirada de Bieger et al. (2017), ilustra a nova representação presente no


SWAT+ das conexões e o fluxo hídrico entre as unidades de paisagem (LSU), as unidades
de respostas hidrológicas (URH /HRU), aquíferos e canais.

Figura 7 - Fluxo conceitual da água dos principais objetos geográficos abordados no


SWAT+. (BIEGER et al, 2017)

As abreviaturas citadas na Figura 7 equivalem aos seguintes componentes: AQU -


aquífero; CHA - canal ou curso d’água; HRU - unidade de resposta hidrológica; LSU -
unidade de paisagem; PND - reservatórios sem regulação de vazão (reservatórios agrícolas,
lagos naturais) ; RES - reservatórios com regulação de vazão (barragens); LAT - fluxo lateral;
OVB - vazões de extravasamento; RHG - recarga; SUR - escoamento superficial; TOT -
fluxo total. O SWAT+ possibilita configurar a porcentagem do fluxo que vai para o aquífero
ou para o canal. Enfatiza-se que no SWAT+ existe um aquífero raso para cada uma das
classes de unidade de paisagem (floodplain e upland), porém apenas um aquífero profundo
para a bacia.

29
Rathjens et al. (2016) compararam quatro métodos de delimitação das unidades de
paisagem baseados na representação a partir do DEM e parâmetros físicos significativos da
área em questão. Testou-se em 3 bacias hidrográficas dos Estados Unidos com características
climáticas, hidrológicas e geomorfológicas diversas, porém de tamanhos semelhantes. Os
métodos testados e atualmente disponíveis no modelo são: TWI - Topographic Wetness
Index , que combina a área de contribuição da encosta e a declividade; SP - Slope Position,
que considera a posição relativa entre a maior (vale) e a menor (cume) altitudes do terreno;
UFS - Uniform Flood Stage, que realiza a divisão considerando a elevação da rede de
drenagem e o DEM, e VFS - Variable Flood Stage, o qual considera o DEM e as
características hidrológicas da bacia, utilizando-se de algoritmos. Os métodos SP e VFS
funcionaram muito bem em todas as bacias e obtiveram melhor desempenho do que o TWI
e UFS, pois estes subestimaram e superestimaram a extensão do floodplain. O método SP
demonstrou melhor desempenho ao longo de cursos d’água de primeira ordem e o VFS em
cursos de ordem superior, porém em áreas de nascentes a resolução do DEM poderá interferir
diretamente na precisão dos resultados.

Quanto a estruturação e organização dos arquivos no SWAT+, há diferenças


substanciais. Os dados de cobertura e manejo do solo, por exemplo, contam com um arquivo
principal de uso do solo com parâmetros gerais e também com arquivos referentes à
comunidade de plantas, cronograma de manejo e práticas de conservação, possibilitando,
inclusive, a simulação do crescimento de duas ou mais plantas ao mesmo tempo.

Outro ponto importante é que o SWAT+ oferece maior flexibilidade na impressão dos
arquivos de saída, pois permite que o usuário especifique qual HRU, LSU ou bacia deseja-
se imprimir o resultado da simulação e em qual intervalo de tempo. Para calibração, há um
novo arquivo incluído no SWAT+ que pode ser usado para atualizar os parâmetros sem ter
que alterá-los em seus respectivos arquivos de entrada.

Cabe ressaltar que o SWAT+ é um modelo de domínio público desenvolvido em


conjunto pelo Serviço de Pesquisa Agrícola do USDA (USDA-ARS) e pelo Texas A&M
AgriLife Research, parte integrante do Texas A&M University System e é amplamente
utilizado na avaliação da prevenção e controle da erosão do solo, controle de poluição não
pontual e gerenciamento regional em bacias hidrográficas (TECH, 2019).

3.3.1 Aplicações do modelo SWAT e SWAT+

Bressiani et al. (2015a) verificaram o uso e aplicação da ferramenta SWAT no Brasil

30
ao longo do período de 1999 a 2015. Realizou-se levantamento bibliográfico de 113 estudos
desenvolvidos no território e publicados em revistas, simpósios e também em formato de
teses e dissertações. Percebeu-se a evolução no uso do modelo em todos país, o qual é
utilizado principalmente em análises hidrológicas gerais, e em menor escala em análise de
transporte de sedimentos e de poluentes como nutrientes e pesticidas. A aplicação do modelo
foi bastante heterogênea no que tange às regiões e biomas do país, sendo que mais de 60%
referem-se à região Sul e Sudeste, contudo identificou-se o crescimento gradual da aplicação
do modelo nas demais regiões ao longo dos anos. Os autores observaram que os estudos são
em sua grande maioria objetos exclusivamente de estudos acadêmicos, o que indica que a
ferramenta ainda não havia sido efetivada como instrumento de auxílio às tomadas de
decisão na gestão governamental de recursos hídricos, o que pode ser consequência da
indisponibilidade de dados ou da complexidade do acesso a esses, bem como da necessidade
de adaptação do modelo à realidade brasileira. Contudo, verificou-se a alta potencialidade
de aplicação do SWAT no âmbito de gestão hidrológica, visando o melhor entendimento do
sistema hídrico, abarcando o ciclo hidrológico e o transporte de sedimentos, nutrientes,
pesticidas, entre outros.

Quanto à qualidade e quantidade de dados de entrada no SWAT, Bressiani et al.


(2015b), mostrou que mesmo em bacias com dados hidrológicos escassos é possível utilizar-
se de sistemas de previsões globais para simulações hidrológicas, acopladas com dados
pontuais de precipitação e com a geração de dados faltantes pelo próprio modelo SWAT. O
estudo analisou uma bacia hidrográfica na região do semiárido brasileiro com o objetivo de
verificar as variadas respostas hidrológicas resultantes de diferentes dados de entradas, com
variação de escalas temporais e de resoluções espaciais. Ponderou-se os impactos de quatro
combinações diferentes de fontes de dados do clima sobre as estimativas de vazão simuladas
no modelo, desde dados locais por meio de pluviômetros até a utilização de dados
provenientes de sistema global de previsão climática, como o CFSR (Climate Forest System
Reanalisys). Os dados foram divididos da seguinte forma: Grupo 1 – dados climáticos
mensais de pequenas estações meteorológicas locais e dados diários de pluviômetros locais;
Grupo 2 – dados diários de pluviômetros locais e de estações meteorológicas nacionais
(INMET); Grupo 3 – dados climáticos diários provenientes do sistema CFSR; e Grupo 4 –
dados locais diários de pluviômetros associados aos dados climáticos diários do CFSR.
Utilizou-se o SWAT Weather Generator para a geração de dados faltantes em todos os
grupos, como por exemplo dados em falta referente à precipitação. Avaliou-se o desempenho

31
das simulações utilizando os coeficientes de Nash-Sutcliffe (NSE), de determinação (R²), a
relação entre o quadrado médio da raiz para o desvio padrão dos dados observados (RSR), e
o percentual de viés (PBIAS). O grupo 4, que contou com a utilização do sistema CFSR,
obteve o melhor desempenho global com bons resultados em todas as métricas de eficiência,
seguido do grupo 1. O grupo 2 e 3 mostram resultados insatisfatórios, sugerindo que os dados
climáticos globais por si só possuem limitações para uma simulação razoável, mas que a
utilização de dados CFSR para outros fins, juntamente com dados de precipitação de chuva
locais calibres, pode fornecer respostas hidrológicas plausíveis.

Strauch et al. (2013), analisaram o fluxo e carga de sedimentos através do SWAT.


Cenários foram simulados e demonstrou-se que determinados tipos de práticas de manejo
mecânicas do solo, como terraços e “barraginhas”, podem ocasionar reduções de até 40% da
carga de sedimentos. Zhang & Zhang (2011), analisaram a eficácia da modelagem de BMPs
agrícolas na redução da carga de sedimentos e pesticidas organofosforados no escoamento
superficial na Bacia Hidrográfica de Orestimba Creek, Califórnia - EUA, também se
utilizando do SWAT, o qual foi calibrado e passou por processo de análise de sensibilidade.
A simulação indicou que as lagoas de sedimentos retêm 54–85% do sedimento escoamento
de campo, mas retêm menos de 10% de alguns princípios ativos de pesticidas dissolvidos.
Concluiu que valas e tampões de vegetação, suas dimensões físicas e a combinação com
outras BMPs proporcionam a mitigação mais aprimorada dos efeitos da sedimentação e até
retenção de cargas de pesticidas, sugeriu ainda que o SWAT prevê razoavelmente a eficácia
da BMP na escala da bacia hidrográfica e que pode auxiliar na tomada de decisões na
implementação de BMPs para reduzir as cargas de pesticidas no escoamento superficial.

Teshager et al. (2017), simularam, através do SWAT, cenários de gestão a partir da


inserção de BMPs, como: manejo de fertilizantes e adubo, mudanças de uso do solo de
lavoura convencional para pastagem, inserção de filtros vegetativos nos talhões e até mesmo
a utilização de drenos rasos para redução de nitrato. Os resultados indicaram que para a
redução de teores de nitrato e de aporte de sedimentos em cursos d’água se faz necessária a
implementação de múltiplas BMPs associadas. Analisou-se também o impacto das
mudanças climáticas na adoção e funcionamento efetivo das BMPs, reduzindo
substancialmente sua eficiência, o que corresponderia a maiores teores de nitrato e
sedimentos.

Quanto a utilização da modelagem integrada com irrigação e nutrientes, Dechmi et al.


(2012) modificaram o SWAT 2005 de forma que este pudesse simular os principais

32
processos hidrológicos presentes na irrigação e concentração de nutrientes, principalmente
quanto à carga de fósforo total, assim concebeu o SWAT-IRRIG o qual previu
adequadamente a carga total de fósforo (TP), ainda sugeriu a utilização do modelo na
avaliação dos impactos de diferentes práticas de gestão nas perdas não pontuais de fósforo
em sistemas irrigados. Chen et al. (2018) melhoraram as funções de autoirrigação presentes
no SWAT, de forma a simular o gerenciamento da irrigação agrícola. Comparou-se os
resultados obtidos com dados de campo provenientes de lisímetro, e concluiu-se que o
modelo mostrou melhor desempenho para simulações de quantidade e frequência de
irrigação, e também de evapotranspiração real. Verificou-se diferenças mínimas no índice
de área folear e de produtividade, isto devido a correta irrigação, onde os cultivos não
entraram em estado de stress hídrico devido ao correto manejo.

Quanto ao transporte de nitrogênio, Moriasi et al. (2013) utilizaram o modelo SWAT


para a avaliação da sensibilidade e de efeitos à longo prazo de diferentes taxas de aplicação
de nitrogênio (proveniente de fertilizantes nitrogenados), observando o comportamento
nitrato-nitrogênio (NO3 – N), importantes no crescimento da planta, e a perda de sua
concentração no solo, devido a lixiviação. A partir da simulação verificou-se que as perdas
de NO3 – N estão ligadas às taxas de aplicação, sendo que quando essa é muito elevada a
perda de nitrogênio disponível é maior. Contudo, se as taxas de aplicação forem melhores
calculadas e avaliadas, de forma a disponibilizar o que realmente a planta necessita, as perdas
diminuem em até 50%. O autor comparou os resultados obtidos pelo SWAT com o do
modelo ADAPT (Agricultural Drainage and Pesticide Transport).

Arnold et al. (2018), adaptaram o SWAT + para desenvolver tabelas de decisão de


modo a aprimorar a simulação da automatização da irrigação e da gestão de reservatórios. A
automação da irrigação baseou-se no estresse hídrico da planta cultivada (milho) no estado
do Texas – EUA. A simulação da irrigação só aconteceria caso o cultivo apresentasse níveis
de estresse hídrico que a justificasse, baseado em dados da umidade do solo. Concluíram
que o uso de tabelas de decisão possibilita representar, com maior precisão, decisões
complexas e reais e que a metodologia possui código eficiente, de fácil manuseio e
possibilita modificações para otimização, sendo facilmente replicada e adaptada.

Ainda quanto a utilização recente do SWAT+, White et al. (2017) optaram pela
utilização do SWAT+ em substituição ao SWAT, a fim de examinar o Conjunto de Dados
Hidrográficos Nacionais dos Estados Unidos (NHD) de forma a resumi-los a canais
representativos e conexões referentes a uma sub unidade hidrográfica. As versões anteriores

33
do SWAT exigem um delineamento de sub-bacia muito específico no que tange a simulação
de processos que ocorriam em córregos de cabeceira, o que o tornam inviável
operacionalmente quando aplicados a escala nacional. Contudo o SWAT+ mostrou-se
efetivo quanto a modelagem mais aprimorada mesmo em escala nacional mais detalhada,
possibilitando o equilíbrio entre a complexidade computacional e a representação correta do
sistema hidrológico.

Merwade et al. (2017), apresentam série de estudos que realçam a ampla aplicabilidade
e versatilidade do SWAT+, abordando questões hidrológicas tradicionais e emergentes, bem
como os novos avanços no modelo. Perpassa por estudos de avaliação de efeitos no uso da
terra, clima e melhores práticas de gestão na hidrologia, bem como aplicações mais atuais
como bioenergia, serviços ecossistêmicos e até mesmo sobre efeitos do desenvolvimento de
gás natural na hidrologia e na qualidade da água. Diversos estudos abordam temas como
calibração, análise de sensibilidade e incerteza e o acoplamento do SWAT com outros
modelos como CE-QUAL-W2. Por fim, ressalta que o modelo continua se desenvolvendo
constantemente, como no caso do SWAT+ que deve apresentar uma mudança de paradigma
ao subdividir as sub-bacias em unidades de paisagem e direcionar o fluxo e os poluentes
através dessas.

Wu et al. (2020), aproveitando a estrutura modular do SWAT+, objetivaram


desenvolver um módulo de reservatório mais realista para o modelo, com intervalos de
parâmetros recomendados para avaliações ambientais nos Estados Unidos e também para a
comunidade de usuários a partir da simulação de 120 reservatórios. Consideraram que a
principal contribuição do SWAT + é que os objetos espaciais foram construídos como
módulos independentes facilitando a manutenção do modelo e o desenvolvimento
correspondente, como por exemplo os limites dos aquíferos correspondentes podem ser
definidos de forma flexível sem seguir as limitações de HRUs. As novas funções de
reservatório propostas em SWAT + oferecem uma abordagem fácil e simples para resolver
o problema correspondente. Além disso, pela ampla utilização do modelo em todo mundo,
a simulação de reservatório em todo o EUA pode fornecer um valor de referência prático
para os pesquisadores que se concentraram no ciclo hidrológico no modelo SWAT. O estudo
conclui que embora o número de reservatórios não tenha sido suficiente (dados de 123
reservatórios foram coletados para validar os resultados da simulação), e a simulação diária
não foi muito satisfatória para todos os reservatórios, os resultados ainda podem ser servidos
como um guia referencial útil para a calibração SWAT +, podendo ser revisado e atualizado

34
futuramente.

Arnold et al. (2021) utilizaram o SWAT+ para a construção de um modelo nacional


de agroecossistemas para os Estados Unidos, no qual dividiram o território em cinco
domínios específicos a partir de características como área de drenagem, conectividade
hidrológica, processos erosivos, práticas de manejo agropecuárias, entre outros, de forma
que essa nova classificação possibilite a simulação de cenários de planejamento e
desenvolvimento de políticas públicas, bem como a previsibilidade da disponibilidade
hídrica futura. Assim, a partir da modelagem de processos e práticas de gerenciamento
hidrológico, permita-se simular fluxo, processos de transporte, conectividade e interação
hidrológica entre cada um dos domínios, reconhecendo quais técnicas e formas de gestão
agrícola são mais apropriadas para cada domínio. Os autores verificaram que, mesmo dentre
vários desafios, a estrutura de conectividade mostrou potencial para a melhoria acentuada da
conservação nacional do meio ambiente.

3.3.2 Aplicação do SWAT para a simulação de áreas agrícolas

O SWAT+ possibilita a realização de simulações diversas, referente a variados


processos diretos e indiretos do ciclo hidrológico, observando o impacto da interferência
antrópica no sistema. As atividades agropecuárias modificam o comportamento natural do
ambiente, seja pela adição de nutrientes no solo, modificando concentrações naturais, seja
pela retirada da água das vazões naturais dos rios para utilização na irrigação, ou até mesmo
na retirada de cobertura do solo que ocasiona assoreamentos em cursos d’água. O modelo
possui uma abordagem específica para atividades agrícolas, determinados processos
possíveis de simulação encontram-se melhor explicados em manual próprio do software e
encontram-se elucidados nos tópicos seguintes (NEITSCH et al., 2009).

3.3.2.1 Nutrientes

Entre as simulações/equações presentes no SWAT estão as dos ciclos dos nutrientes,


onde é abordado o ciclo do nitrogênio e o ciclo do fósforo.

Na área rural, os nutrientes possuem alta significância, pois estão diretamente


conectados com o crescimento de plantas e sua falta pode limitar o desenvolvimento de
culturas. Altas taxas de concentração desses nos mananciais estão diretamente ligadas à
perturbação da qualidade de ambientes lóticos, principalmente no que tange aos processos
de eutrofização e de anoxia de zonas de reservatórios e lagos.
35
O nitrogênio apresenta-se de três formas em solos minerais: os associados ao húmus
(orgânico) e os que se encontram presos por coloides no solo ou em solução (minerais).

A adição do nutriente no solo pode ser realizada por meio de adição de fertilizantes
(minerais ou orgânicos), pela fixação de bactérias e pelo carreamento realizado pela chuva.
Já a sua remoção se dá pela própria absorção das plantas, mas também pelos processos de
lixiviação, volatização, nitrificação e até por processos erosivos. A Figura 8 ilustra o ciclo
do nitrogênio.

É importante ressaltar que o nitrogênio é altamente reativo e seu estado de valência


pode ser variado facilmente, o que o torna um elemento altamente móvel.

Figura 8 - Ciclo do nitrogênio - adaptado de Neitsch et al. (2009).

A representação e simulação no SWAT considera reservatórios de nitrogênio no solo


(Figura 9), sendo dois referentes a sua forma inorgânica (NH4+ e NO-3) e três a sua forma
orgânica, sendo dois deles associados ao húmus do solo e um aos resíduos e massa
microbiana.

36
Figura 9 - Dinâmica dos reservatórios de nitrogênio no SWAT - adaptado de
Neitsch et al. (2009).
Aos usuários do SWAT é possível a definição inicial das concentrações de nitrogênio
e nitrato em todas as camadas do solo, contudo se esses valores não forem definidos, o
próprio modelo irá inicializar seus níveis nos diferentes reservatórios por meio de um valor
padrão.

Os níveis de nitrato variam pela profundidade a partir da superfície do solo, já o


nitrogênio orgânico varia a partir da relação C:N (Carbono – Nitrogênio), sendo que no
reservatório orgânico fresco todos seus valores são zerados, exceto na camada dos primeiros
10 mm de solo. Igualmente, o próprio modelo converte os dados de concentrações em dados
de massa.

O modelo considera processos de transporte de compostos nitrogenados entre os


reservatórios, sendo os principais processos:

1. Imobilização – conversão, por meio de atividade microbiana, de nitrogênio


disponível no solo para crescimento de plantas.

a. Mineralização do húmus se dá pela conversão microbiana de nitrogênio


orgânico não disponível para nitrogênio disponível para plantas. O nitrogênio
mineralizado proveniente do reservatório ativo de substâncias húmicas é
adicionado ao reservatório de nitrato.

b. Mineralização e decomposição de resíduos – conversão de resíduos orgânicos


complexos em resíduos mais simples e de fácil acesso para as plantas. O

37
nitrogênio passa do reservatório de resíduo fresco para o ativo de substâncias
húmicas.

2. Nitrificação e Volatilização da Amônia – nitrificação baseia-se na oxidação


bacteriana do amônio (NH4+) em nitrato (NO3-), a partir de valores da temperatura e
da umidade do solo. Já a volatilização se dá pela perda gasosa proveniente da reação
do amônio (NH4+) aplicado ao solo (ureia ou calcário), ponderada também por
valores de temperatura, profundidade e da capacidade de troca catiônica do solo
(valor constante no modelo).

3. Desnitrificação – redução, por meio de atividade bacteriana anaeróbica, de nitrato


(NO3-) para nitrogênio (N2) e/ou óxido nitroso (N2O). Considera além da umidade
do solo e temperatura, a presença de carbono. Ocorre geralmente quando a saturação
do solo é de mais de 60%, proporcionado assim condições anaeróbicas.

4. Deposição Atmosférica – deposição de substâncias químicas do ar na superfície da


terra ou da água. Divide-se em úmida e seca, sendo que a úmida possui maior número
de estudos e noções.

a. Úmida – absorção através da chuva, transporta-se nitrato (NO3-) e amônio


(NH4+). O número de descargas elétricas durante a precipitação converte o
nitrogênio atmosférico (N2) em ácido nítrico que é transferido para o solo
(HNO2).

b. Seca – baseia-se na absorção direta de compostos à camada superficial do


solo, considera a deposição de nitrato (NO3-) e amônio (NH4+) média diária.

5. Fixação – rizóbios em associação com plantas leguminosas são capazes de fixar o


nitrogênio atmosférico (N2), os quais ficam disponíveis para o crescimento folear e
desenvolvimento das plantas.

6. Movimento Ascendente de Nitrato na Água – os compostos de nitrogênio dissolvidos


presente em regiões mais profundas movimentam-se em direção à superfície do solo
devido à evaporação dessa camada superficial e diferença no gradiente de seu perfil.

7. Lixiviação – o nitrato (NO3-), devido a ser um ânion, é altamente móvel e susceptível


a lixiviação, visto que as partículas do solo retêm concentração de cátions.

38
8. Nitrato no Aquífero Raso – o nitrato (NO3-) pode ser transportado até o aquífero raso,
podendo permanecer nesse, e mover-se para o aquífero profundo ou sair do aquífero
por meio de descarga em canais superficiais. Assim, o nitrato pode ser perdido devido
a absorção microbiana ou até mesmo transformações químicas. Essa perda pode ser
contabilizada através da determinação da meia-vida do nitrato, considerando os dias
necessários para redução pela metade de sua concentração.

O ciclo do fósforo, representado na Figura 10, tem função essencial para o crescimento
vegetal e está presente em fertilizantes e adubos químicos e orgânicos. Apresenta-se no solo
em três formas principais: orgânico associado com húmus, mineral insolúvel e dissolvido, o
qual é disponível para plantas. Ressalta-se que sua solubilidade e mobilidade são limitadas,
o que faz com que aumente sua concentração na camada mais superficial do solo, facilitando
seu escoamento junto às águas superficiais.

Figura 10 - Ciclo do fósforo - adaptado de Neitsch et al. (2009).

A representação e simulação no SWAT considera, como no caso do nitrogênio,


diferentes reservatórios de fósforo no solo, sendo três inorgânicos e três orgânicos (Figura
11). As formas de fósforo orgânico são divididas em orgânico fresco (relacionado à resíduos
de safra e biomassa microbiana), orgânico estável e orgânico ativo (ambos associados ao
húmus do solo). Já as formas inorgânicas dividem-se em: solução, ativo e estável.

39
Figura 11 - Reservatórios de fósforo SWAT - adaptado de Neitsch et al. (2009).
É permitida a definição manual dos níveis de fósforo iniciais, contudo se não forem
fornecidos os valores serão determinados automaticamente pelo modelo, segundo as
condições locais.

Assim como com o nitrogênio, considera-se processos múltiplos de transporte de


compostos entre os reservatórios, sendo eles:

1. Imobilização – conversão microbiana de fósforo inorgânico disponível para orgânico


indisponível.

a. Mineralização com húmus – referente aos reservatórios orgânicos estável e


ativo, os quais possui um coeficiente de mineralização que considera a
quantidade dos compostos fosforados, teor de água e temperatura.

b. Decomposição de resíduos e mineralização – acontece apenas na camada


mais superficial do solo, possui uma taxa de decomposição diária
considerando as razões C:N (carbono – nitrogênio) e C:P (carbono – fósforo)
presente no resíduo, bem como a temperatura e a umidade do solo.

2. Sorção de Fósforo Orgânico – após a adição de fósforo solúvel no solo, a


concentração inicial é reduzida muito rapidamente, porém é seguida de uma
diminuição lenta nos níveis que podem levar elevados períodos de redução. O SWAT
considera ambos comportamentos, onde se analisa um rápido equilíbrio entre o
reservatório de solução para o reservatório ativo e um lento equilíbrio entre o
reservatório ativo e o estável.

40
3. Lixiviação – como o fósforo possui baixa mobilidade, sua taxa de lixiviação é baixa.
O modelo considera a lixiviação apenas de parte do fósforo solúvel encontrado na
camada superficial do solo (10mm).

Fósforo nos aquíferos rasos – ainda devido a sua baixa mobilidade, o SWAT não
modela diretamente a presença de fósforo em aquíferos rasos, contudo, o usuário pode inserir
cargas específicas caso necessário que permanecerão as mesmas durante toda a simulação.

3.3.2.2 Sedimentos e Erosão

O SWAT simula a movimentação de sedimentos, nutrientes e pesticidas dos terrenos


para os corpos hídricos, como resultante dos processos de intemperismo e erosão. Os
processos erosivos podem ser naturais (erosão geológica) ou acelerados devido às atividades
antrópicas.

A erosão proveniente do impacto das gotas da chuva e o carreamento de sedimentos e


nutrientes é computada por meio da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS) com
modificações, conhecida como MUSLE (Modified Universal Soil Loss Equation), a
diferenciação entre as equações se dá, pois, a EUPS considera a força da chuva e seu impacto
no solo, já a MUSLE substitui esse fator pelo fator escoamento.

De tal modo, a MUSLE contabiliza a produção de sedimentos em um determinado dia


considerando o volume do escoamento superficial, seu índice máximo, a área referente à
HRU e fatores como:

 Erodibilidade do solo: diferenciado pelo tipo de solo e seu teor de silte, areias
finas e argila (WISCHMEIER & SMITH, 1978)

 Cobertura do solo: interfere na redução do impacto da chuva por meio da


interceptação das gotas e redução da velocidade do impacto.

 Manejo e práticas de uso: práticas adotadas em cultivos agropecuários que


visam a diminuição de processos erosivos, como terraços, cultivos em faixas,
e outros.

 Topografia: diferenciada pelo ângulo de inclinação do terreno e o impacto na


velocidade do escoamento e processos erosivos.

Ressalta-se que apesar do modelo SWAT utilizar os dados de sedimentos gerados pela
equação MUSLE, ele também calcula a EUPS, porém sua resposta não é utilizada durante a
modelagem, possibilitando apenas a comparação dos valores obtidos em ambas equações.

41
Ainda quanto ao transporte de sedimentos, o modelo incorpora recursos de delay no
escoamento superficial, considerando o tamanho da bacia e seu tempo de concentração, além
da interação entre os sedimentos presentes na água subterrânea e seu aporte no canal
principal.

3.3.2.3 Gestão geral da produção agrícola

O SWAT possui operações específicas referente à gestão de crescimento de plantas,


utilização de fertilizantes e pesticidas e remoção de biomassa vegetal.

Ciclo de Crescimento

O modelo permite a inserção de informações que designam o tempo de plantio ou o


início do ciclo de crescimento, a depender da espécie de cultivo. Entre as informações
necessárias estão: o tipo de cobertura de solo (cultura), o momento do início do plantio (data)
e o número de unidades de aquecimento necessárias para o atingimento de fase de maturação.
As unidades de aquecimento são resultantes da teoria que afirma que as plantas têm
necessidade de aquecimento que podem ser quantificadas e associadas ao tempo até sua
maturidade, é ponderada pelo acúmulo da temperatura média diária e temperatura de base
da planta. Assim, o ritmo de crescimento é diretamente proporcional ao aumento da
temperatura. O SWAT ajusta os valores diariamente, modificando índices de concentração
de água e taxas de evapotranspiração vegetal.

A simulação de colheita parte da premissa que a biomassa vegetal será retirada, todavia
a planta continuará ativa. Dados referente à data de colheita são necessários e índices de
eficiência podem ser definidos, porém se esse não for especificado, o modelo utiliza-se de
valores padrão pré-estabelecidos. Os índices de eficiência determinam quanto de biomassa
é efetivamente retirada e quanto é convertida como resíduo na superfície do solo. Este
processo deve ser considerado para culturas perenes ou que possuam mais de uma safra.

Em culturas de uma única safra, o processo a ser simulado é o de colheita e eliminação,


que interrompe o crescimento das plantas na HRU, considera parte da biomassa vegetal
retirada pela colheita e o restante convertido como resíduo no solo.

Já quanto às pastagens, as operações envolvem a remoção de biomassa pelo pastoreio


e a adição de esterco ao longo do talhão. São necessários dados de início da pastagem,
duração, previsão de quantidade de biomassa retirada e esterco depositado, e ainda biomassa
pisoteada (convertida em resíduo). Pode ser especificada uma biomassa vegetal mínima, a
partir da qual o modelo considera que se atingida não haverá pastoreio ou aplicação de

42
esterco na HRU.

Todo o processo de cultivo considera os nutrientes, resíduos, pesticidas e bactérias no


perfil do solo. Dados como o tipo e tempo de operação são essenciais, além de informar as
condições de umidade.

Quanto às operações do plantio e manutenção, deve-se informar o tipo e a eficiência


de mistura do implemento agrícola e em quais profundidades ocorreram a mistura de
insumos. Ainda é diferenciado os sistemas de plantio, a concentração e redistribuição de
atividade biológica (por exemplo, minhocas) na camada de até 300 mm de solo.

Utilização de fertilizantes

A aplicação de fertilizantes químicos e orgânicos é simulada a partir da inserção da


data de aplicação, tipo e quantidade aplicada, além da profundidade da incorporação. O
modelo assume automaticamente a interação com os 10 mm mais superficiais do solo,
tornando-os disponíveis para transporte por meio de escoamento artificial. Os principais
componentes analisados baseiam-se na quantidade de nitrogênio e fósforo produzidos,
dividindo-os conforme os reservatórios orgânicos e minerais, e são também consideradas as
cargas bacterianas provenientes da adição de adubo orgânico (esterco).

A fertilização pode ser programada pelo usuário ou automatizada pelo SWAT. Em


casos de auto aplicação deve-se inserir o tipo de fertilizante, a fração total aplicada, a
quantidade máxima de aplicação por fração específica de tempo e também a máxima anual,
e, por fim, a eficiência das aplicações. É possível, também, simular a fertilização de forma
contínua, como no caso de pastoreio de áreas de pecuária intensiva e também engorda de
animais confinados.

Irrigação

Dados sobre a irrigação podem ser inseridos pelo usuário ou automatizada em resposta
a observação de déficit hídrico no solo. A fonte de captação de água deve ser diferenciada
por tipo, como as superficiais (rio, reservatório, nascentes) e subterrâneas (aquífero raso e
aquífero profundo), e por sua localização (dentro ou fora da bacia ou sub-bacia hidrográfica).
Quanto às quantidades captadas podem ser determinadas a mínima e a máxima, identificando
a vazão do curso d’água que deverá ser mantida no ambiente. Consideram-se índices de
infiltração e índices de escoamento superficial, bem como a eficiência do sistema de
irrigação utilizado e a possível lixiviação de nutrientes e sais.

Opta-se por utilizar a inserção de dados de forma manual, planejada por data ou

43
unidades de aquecimento, ou automatizada, de forma que a aplicação seja desencadeada por
limiares de déficit de água no solo ou de estresse hídrico, em função do potencial de
crescimento da planta.

Outras práticas de gestão hídricas podem também ser modeladas como, por exemplo,
a influência das áreas represadas para cultivos de espécies em sistemas alagados, a utilização
de drenos tubulares, a transferência hídrica entre corpos d’água e a retirada de água para
consumo.

Manejo do solo

O modelo é capaz de simular o impacto de variadas práticas de conservação e de


manejo de solo e de água, diferenciadas por tipo de culturas agrícolas, forma e tempo de
colheita, e, além disso, informações referentes à forma de aplicação de irrigação e uso de
nutrientes. As condições iniciais são divididas em duas classes: a primeira abrange práticas
que não sofrerão mudanças durante a simulação e a segunda as práticas que ocorrerão em
tempos específicos, o que possibilita a configuração de cenários. Waidler et al. (2009)
caracterizaram certas práticas passíveis de serem inseridas no SWAT, distinguindo-as em
estrutural, não estrutural e de canal. O autor recomenda índices prováveis de remoção de
poluentes, caso essas sejam exercitadas, estes baseados por taxas de remoção de sedimento,
nitrogênio e fósforo (Tabela 5).

44
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
ESTRUTURAL
Estruturas de contenção temporárias usadas para reduzir a velocidade do
Barragem de Checagem 57,5 30 26
fluxo da água e acumular sedimentos.
Dique de Desvio Barreira para controle do nível e velocidade da água. 35 10 30
Áreas vegetadas ao longo de cursos d'água que filtram concentrações de
Faixas Filtráveis 65* 70 75
nutrientes, sedimentos, etc.
Estrutura construída em declividade de reservatórios ou cursos d'água para
Estabilização de Nível 75 75 75
estabilizar o nível, prevenindo erosão, assoreamento e qualidade da água
Via fluvial instalada no talvegue do terreno e vegetada, direciona a água
Hidrovias Gramadas 65 70 75
reduzindo a sedimentação e concentração de poluentes.
Telhados vegetados que reduzem o escoamento de águas pluviais de áreas
Telhados Verdes - - -
residenciais e comerciais.
Vala construída e coberta por seixos que auxiliam na infiltração de águas
Vala de infiltração pluviais
75 55 60
Jardim de Chuva Canal vegetado que coleta a água da chuva e auxilia em sua infiltração. 65 10 25
São elevações trapezoidais de compostos orgânicos (resíduos, biossólidos,
Filtro Elevado de
adubo, terra) construídas perpendicularmente ao escoamento de enxurradas 86 68,5 55
Compostos Orgânicos para controle de erosão, sedimentos e poluentes.
Dreno tubulado em
Transporte de águas pluviais em declive por tubo enterrado 37 9 20
inclinação
Pavimento em estrutura permeável que possibilita a infiltração de águas
Pavimento Poroso 90 65 85
pluviais
Pavimento Poroso Pavimento tradicional acoplado com áreas vegetadas com grama,
90 90 90
Gramado aumentando a infiltração

(*) Sólidos em Suspensão; Sed – Sedimentos; N – Nitrogênio; P – Fósforo

45
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009) (continuação).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
ESTRUTURAL
Bacias construídas em lugares estratégicos para retenção de detritos e
Baciões / Bacia de
sedimentos, para que esses não alcancem reservatórios ou cursos d'água à 86 55 68
Sedimentos jusante
Barreira em material sintético que impedem a passagem de materiais
Cerca de Silte 85* 20 70
proveniente de construções como silte e sedimentos.
Reservatório temporário com fundo de pedras para retenção de sedimentos e
Represa de Fundo Rochoso 90* 50 50
entulhos.
Aterro construído nas curvas de nível do terreno e visa a redução da erosão
Terraços pela diminuição da velocidade da água em declives acentuados e auxilia na 85* 20 70
infiltração.
Dique triangular para interceptação e acumulo de sedimentos provenientes
Dique Triangular 35* 10 30
de construção civil.
Criação de áreas úmidas para retenção de sedimentos e remoção de
Zonas Úmidas 77,5 44 20
nutrientes a partir de processos naturais.
NÃO ESTRUTURAL
Adição de Sulfato de Adição do composto alume como tratamento químico para remoção de
90* 60 80
Alumínio poluentes e sedimentos
Conversão de lavouras em
Conversão de áreas utilizadas em lavouras para áreas de pastagem 71
pastagens
Incorporação de adubos Incorporação de adubo, principalmente de animais, para aproveitamento de
- - -
orgânicos nutrientes.
Adoção de práticas que evitem o revolvimento do solo, limitando a apenas
Plantio Direto e
àquelas necessárias para colocar os nutrientes e condicionar os resíduos e 75 55 45
Semeadura Direta plantas.
(*) Sólidos em Suspensão; Sed – Sedimentos; N – Nitrogênio; P – Fósforo

46
Tabela 5 - Técnicas de conservação e remoção de poluentes disponíveis para a simulação nos modelos SWAT e APEX - adaptado Waidler et al.
(2009) (continuação).
Práticas Conservacionistas SWAT/APEX
Remoção de
Aplicação
Utilidade Poluentes (%)
Rural Urbana Sed N F
NÃO ESTRUTURAL
Captação de água de chuva Captação de água de chuva para reaproveitamento em uso doméstico,
- - -
para reúso irrigação e redução das enxurradas.
Manejo de resíduos de
Coleta de resíduos provenientes de animais de estimação para tratamento. 80 90
animais de estimação
Paisagem Eficiente - Plantio de plantas ornamentais visando o aumento da infiltração e
- - -
Plantas Ornamentais diminuição da enxurrada.
Paisagem Eficiente - Plantio de árvores visando o aumento da infiltração e diminuição da
50 - -
Árvores enxurrada.
Paisagem Eficiente - Plantio de grama visando o aumento da infiltração e diminuição da
71 - -
Grama enxurrada.
Vegetação de áreas controla a erosão em áreas degradadas ou áreas com
Vegetação 71* - -
processos erosivos aparentes.
NO CANAL
Proteção de Canal Medidas usadas para estabilizar o leito ou o fundo de um canal. 75 75 75
Mantas de Controle de Manta protetora de cobertura morta ou um tapete de estabilização do solo
86 - -
Erosão aplicado ao topo do solo preparado para superfícies vulneráveis à erosão
Árvores e arbustos localizados às margens dos cursos d'água reduzem
Floresta Ribeirinha 60 30 30
sedimentos, materiais orgânicos, nutrientes e pesticidas.
Aplicação de cobertura (orgânica ou geotêxtil) para diminuir o impacto da
Mulching 71 - -
gota da chuva e reduzir o desprendimento do solo.
Práticas estruturais e vegetativas de restauração de cursos d'água que visam
Restauração de Fluxo evitar a perda de terras ou usos do solo adjacentes e manter a capacidade de 75 75 75
fluxo
(*) Sólidos em Suspensão; Sed – Sedimentos; N – Nitrogênio; P – Fósforo

47
4. METODOLOGIA

Este capítulo visa à apresentar a caracterização da área de estudo e bacias selecionadas,


a configuração e estruturação de base de dados, os procedimentos para elaboração de base
cartográfica, os programas computacionais empregados, bem como informações sobre as
etapas de simulação hidrológica, desde a construção de cenários e a calibração e verificação do
modelo, a partir da simulação realizada no ambiente QSWAT+.

A Figura 12 apresenta o fluxograma com a sequência de etapas a serem realizadas no


atual trabalho.

Figura 12 - Fluxograma da metodologia e etapas do estudo.

48
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Distrito Federal localiza-se no Planalto Central, na Região Centro-Oeste do País. Com


área de 5.789,16 km², o DF limita-se pelos paralelos 15°30’S, ao norte, e 16°03’S, ao sul. Os
limites leste e oeste são definidos pelos rios Preto e Descoberto, respectivamente (PELUSO &
OLIVEIRA, 2006).

Clima

Segundo a classificação de Köppen (CODEPLAN, 2012), o clima do DF é tropical,


concentrando-se as precipitações no verão. O período mais chuvoso corresponde aos meses de
novembro a janeiro, e o período seco ocorre no inverno, especialmente nos meses de junho a
agosto. Conforme a classificação, observam-se os seguintes tipos climáticos no DF:

- Tropical (Aw) - Temperatura, para o mês mais frio, superior a 18ºC. Situa-se,
aproximadamente, nas áreas com cotas altimétricas abaixo de 1.000 metros (bacias
hidrográficas dos rios São Bartolomeu, Preto, Descoberto/Corumbá, São Marcos e Maranhão).

- Tropical de altitude (Cwa) - Temperatura, para o mês mais frio, inferior a 18ºC, com
média superior a 22º no mês mais quente. Abrange, aproximadamente, as áreas com cotas
altimétricas entre 1.000 e 1.200 metros (unidade geomorfológica – Pediplano de Brasília).

- Tropical de altitude (Cwb) - Temperatura, para o mês mais frio, inferior a 18ºC, com
média inferior a 22º no mês mais quente. Correspondem às áreas com cotas altimétricas
superiores a 1.200 metros (unidade geomorfológica - Pediplano Contagem/Rodeador).

Geomorfologia

Segundo Peluso & Oliveira (2006), o DF localiza-se no Planalto Central Goiano, onde
se encontram as maiores cotas altimétricas da Região Centro-Oeste. Em função dessas cotas, o
território é dividido em quatro compartimentos:

- Planícies Aluviais e Alveolares: porções mais baixas do relevo formadas pela deposição
dos sedimentos transportados pelos rios e depositados às suas margens.

- Depressões Interplanálticas: são áreas com elevação inferior aos planaltos que as
circundam, com cotas de 800 a 950 m de altitude. Nas áreas das bacias dos rios São Bartolomeu
e Preto os declives geralmente são pouco acentuados, enquanto que na bacia do rio Maranhão
as vertentes são abruptas.

49
- Pediplano de Brasília: abrange áreas com cotas de 950 a 1.200 m de altitude. Neste
compartimento predominam formações de chapada, chapadões e interflúvios tabulares. No
Pediplano Brasília verificam-se elevações que constituem divisores de água entre as bacias
hidrográficas dos rios Preto e São Bartolomeu.

- Pediplano de Contagem-Rodeador: marcado pela presença de chapadas, chapadões e


interflúvios tabulares, esse compartimento apresenta cotas de 1.200 a 1.400 m altitude. Na
transição para o pediplano Brasília, as variações altimétricas formam degraus que podem ser
percebidos no relevo.

Recursos Hídricos

O território do DF é drenado, principalmente, pelas bacias hidrográficas do Rio


Maranhão, do Rio Preto, do Rio São Bartolomeu e do Rio Descoberto. Tais bacias, por sua vez,
alimentam três das mais importantes bacias fluviais da América do Sul: a bacia do Paraná (Rio
Descoberto e Rio São Bartolomeu), bacia do São Francisco (Rio Preto) e bacia do
Tocantins/Araguaia (Rio Maranhão). Outras bacias hidrográficas de menor expressão no
Distrito Federal são a do Rio Corumbá e a do Rio São Marcos, que juntas drenam cerca de 5%
da área (CODEPLAN, 2012).

O Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos (ADASA, 2012), principal


estudo ligado à gestão de recursos hídricos do DF, divide as bacias já citadas em 40 unidades
hidrográficas, visando um gerenciamento mais eficaz.

Com relação às águas subterrâneas, o DF localiza-se entre as províncias hidrogeológicas


do Escudo Central e do São Francisco, nos quais ocorre a predominância de aquíferos
fraturados e físsuro-cársticos, onde ambos são recobertos por variados tipos de solos e rochas,
os quais compõem os aquíferos intergranulares, também denominados de domínio freático ou
poroso, que são divididos em sistemas e subsistemas (CAMPOS, 2004).

As bacias escolhidas como base de estudo encontram-se na região noroeste do DF, mais
precisamente na Região Administrativa de Brazlândia. Ambas bacias passaram por delimitação
específica para o presente estudo por meio do programa SWAT +, e sua localização em relação
à Unidade da Federação pode ser observada na Figura 13.

Ambas as bacias passaram por eventos críticos durante a crise hídrica (2016 a 2018),
devido às baixas vazões disponíveis nos cursos de água e, consequentemente, com restrições
no uso da água para irrigação. Dessa maneira, ações de alocação de água tiveram que ser

50
realizadas, essas resultaram em procedimentos para a diminuição de vazões outorgadas e
também limitação de horários de captação e uso do recurso na agricultura.

Figura 13- Localização das bacias de estudo em relação ao DF e ao Brasil.

A escolha dessas bacias como objeto de estudo deve-se aos múltiplos estudos acadêmicos
inerentes, que englobam também à região do Alto Rio Descoberto. Por meio de pesquisa
sucinta em base de dados e repositórios de universidades foi possível constatar as numerosas
análises da evolução do uso do solo da bacia, qualidade e quantidade dos recursos hídricos e
até mesmo propostas metodológicas de gerenciamento de conflitos.

A Tabela 6 apresenta uma sumária linha do tempo com o título de estudos que tiveram
como objeto tais bacias ou a região em que estão situadas.

51
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto.

ANO TÍTULO BACIA AUTOR


Análise da Expansão Urbana na Bacia do Lago
1997 Descoberto Torres (1997)
Descoberto através de Geoprocessamento

Fatores Influenciando o Uso da Água para Irrigação na Cardoso


2002 Descoberto
Bacia do Lago Descoberto no DF (2002)
Avaliação de Imagens de Satélite de Alta e Muito Alta
Capão Fernandes
2005 Resolução Espacial para a Discriminação de Classes de
Comprido (2005)
Uso e Ocupação do Solo
Quantificação e Análise do Uso da Água em Práticas de Ferreira
2005 Descoberto
Agricultura Irrigada na Bacia do Descoberto – DF (2005)

Estudo do Transporte de Sedimentos em Suspensão na Bicalho


2006 Descoberto
Bacia do Rio Descoberto (2006)
Avaliação do Risco de Contaminação de Mananciais
2007 Hídricos para o Abastecimento: o caso da bacia da Descoberto Vito (2007)
barragem do descoberto
Modelagem Dinâmica de Perdas de Solo : o caso do
Valentim
2008 Alto Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto- Descoberto
(2008)
DF/GO
Estudo Hidrológico e de Transporte de Sedimentos em
Capão Fragoso
2008 uma Bacia do Bioma Cerrado: Bacia do Córrego Capão
Comprido (2008)
Comprido
Simulação bidimensional da qualidade da água do Lago
2009 Descoberto Silva (2009)
do Descoberto (DF/GO)
Estudo sobre Correlação entre Turbidez e Sólidos em
Capão
2009 Suspensão para Estimativa da Vazão Sólida em uma Lopes (2009)
Comprido
Pequena Bacia
Uso das Terras da Parte Norte da Bacia do Rio Chaves et al.
2010 Descoberto
Descoberto, Distrito Federal, Brasil (2010)

Estudos Hidrológicos e Hidrossedimentológicos na Capão


2010 Lopes (2010)
Bacia do Córrego do Capão Comprido Comprido
Utilização do Modelo SWAT na Estimativa de
Produção de Sedimentos Decorrentes de Diferentes Capão
2012 Ferrigo (2012)
Cenários de Uso do Solo na Bacia do Córrego Capão Comprido
Comprido no Distrito Federal
Avaliação do modelo SWAT na simulação da vazão em
2013 Preto Castro (2013)
bacia agrícola do Cerrado intensamente monitorada.
Análise de Consistência dos Parâmetros do Modelo
2014 SWAT Obtidos por Calibração Automática – Estudo de Descoberto Ferrigo (2014)
Caso da Bacia do Lago Descoberto - DF

52
Tabela 6 - Lista de estudos acadêmicos aplicados às bacias de estudo e à região próxima à
bacia do Alto Rio Descoberto (continuação).
ANO TÍTULO BACIA AUTOR
O Modelo LUCIS e o Planejamento Territorial da Bacia
2014 Descoberto Nunes (2014)
do Alto Rio Descoberto
Criação de metodologia para caracterização ambiental
de imóveis rurais da APA do rio Descoberto no DF com
2015 Descoberto Silva (2015)
a aplicação das feições necessárias para a inscrição no
CAR.
Modelagem dos Conflitos de Uso e Ocupação do Solo
como Ferramenta para o Planejamento Territorial: O Nunes &
2016 Descoberto
Caso da Bacia do Alto Curso do Rio Descoberto Roig. (2016)
DF/GO
Aplicação do método de cargas máximas totais diárias
2016 Rodeador Silva (2016)
de nutrientes na bacia do Córrego Rodeador – DF
Avaliação dos Impactos da Explotação de Águas
Subterrâneas na Bacia do Ribeirão Rodeador por meio
2018 Rodeador Araújo (2018)
de Simulação Integrada entre os Modelos SWAT e
MODFLOW
Análises Quantitativa e Qualitativa das águas
2018 superficiais da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Rodeador Fim (2018)
Rodeador /DF para Avaliação das Cargas de Poluição
Estudo da contribuição de águas subterrâneas e retirada
2018 de água por poços sobre o escoamento dos córregos Maranhão Pereira (2018)
adjacentes na região do Núcleo Rural Lago Oeste – DF
Análise Espaço-temporal da Concentração de
Chelotti
2018 Sedimentos em Suspensão no Reservatório do Descoberto
(2018)
Descoberto (DF), por meio de Sensoriamento Remoto
Evolução do Uso da Terra, Erosão dos Solos e
Teixeira
2018 Fragmentação da Vegetação na APA do Rio Descoberto Descoberto
(2018)
no Distrito Federal e Goiás
Aplicação do CE-QUAL-W2 para a Modelagem da
2019 Estrutura Térmica do Reservatório do Descoberto Descoberto Barros (2019)
DF/GO
Serviços Ecossistêmicos e a Agricultura Irrigada na Lima et al.
2019 Rodeador
Bacia do Ribeirão Rodeador, Distrito Federal (2019)
Conflito de Uso entre Abastecimento Público e
Balbino
2020 Irrigação associado à Crise Hídrica na Bacia do Alto Descoberto
(2020)
Descoberto, Distrito Federal
Avaliação de Espécies Químicas Potencialmente
2021 Tóxicas na Área de Proteção Ambiental da Bacia do Descoberto Portela (2020)
Rio Descoberto, Brasília/DF – Brasil
Avaliação da evapotranspiração simulada com o Ferreira
2021 Rodeador
programa SWAT no Bioma Cerrado (2021)

53
4.1.1 Bacia do córrego Capão Comprido

A bacia do Capão Comprido encontra-se na Unidade Hidrográfica do Ribeirão das


Pedras, Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto, pertencente à bacia hidrográfica do Rio
Paranaíba, Região Hidrográfica do Rio Paraná. O Córrego Capão Comprido (Figura 14) é um
dos afluentes e contribuintes do Reservatório do Descoberto, este por sua vez é responsável
pelo abastecimento público de mais de 60% da população do DF. Está localizada na parte oeste
do Distrito Federal, na Região Administrativa de Brazlândia, entre as coordenadas 8.258.591
a 8.254.966 N e 160.514 a 167.424 E (SIRGAS 2000 - UTM 23S) e possui área total de
drenagem de 16,70 km².

Figura 14 - Hidrografia e limite da Bacia do Capão Comprido.

De acordo com Reatto et al. (2004), predominam na bacia os solos do tipo Latossolo,
subdivididos em Latossolo Vermelho e Latossolo Vermelho Amarelo, sendo o primeiro
responsável por uma cobertura de 49,88% da área e o segundo por 27,31%. Existem, ainda,
solos do tipo Cambissolo em 20,41% da área e pequena incidência de Gleissolos em 2,40%.

54
Segundo Santos et al. (2018), os Latossolos ocorrem em regiões com relevo pouco
movimentado. São solos antigos, espessos (comumente com mais de 10 metros de espessura),
homogêneos e com difícil distinção entre os horizontes, apresentando, nesse caso, textura
predominantemente média.

Os Cambissolos são solos jovens, rasos (espessura total inferior a 1 metro), comumente
pedregosos, pouco permeáveis, com ampla contribuição de silte em sua composição textural e
desenvolvidos sobre rochas argilosas.

Já os Gleissolos caracterizam-se pela deficiência de drenagem e por isso são encharcados


e ricos em matéria orgânica, ocorrem somente junto aos cursos de drenagem superficiais, mais
comumente em áreas de nascentes.

Conforme o Mapa Geomorfológico do Distrito Federal (CODEPLAN, 1984) (escala


1:300.000), verificou-se que a bacia se encontra nas formações Pediplano Contagem Rodeador,
Pediplano Brasília e Planícies Aluviais e Alvelares.

As classes de declividade para a bacia foram geradas no ambiente QGIS 3.16, utilizando-
se da ferramenta Interpolação TIN, com as feições de altimetria (cota e curva de nível),
hidrografia e limite das bacias, após essa etapa gerou-se a declividade da área (ferramenta
Slope) e diferenciada as classes de relevo pelo percentual da declividade, conforme Norma de
Execução INCRA/DD/Nº 71 (INCRA, 2008), a qual divide a partir dos seguintes valores: plano
de 0 a 3% de declive, suave ondulado de 3 a 8%, ondulado de 8 a 20%, forte ondulado de 20 a
45%, montanhoso de 45 a 75% e escarpado valores maiores que 75%. Verificou-se que 58%
da bacia é considerada suave ondulada, 25% ondulada, 16% plana e apenas 1% forte ondulada.
Apresenta cota mínima de 1.035 m e máxima de 1.270 m.

Quanto ao ordenamento territorial, encontra-se na Macrozona Rural – Zona Rural de Uso


Controlado III (ZRUC-III), a qual é composta por áreas de atividades agropastoris, de
subsistência e comerciais, contudo sujeitas às restrições e condicionantes impostos pela sua
sensibilidade ambiental (GDF, 2012).

Ressalta-se que a bacia é componente da Área de Proteção Ambiental do Rio Descoberto


e deve respeitar zoneamento específico, o qual foi estipulado por meio de Plano de Manejo
datado do ano de 2014, e que divide a área da APA em zonas e descreve seus usos potenciais
e usos proibidos. A área da bacia do Capão Comprido encontra-se em sua mais significativa
parte na Zona de Uso Rural, a qual é destinada às atividades rurais diversificadas tais como
agricultura, pecuária, agroindústria, turismo rural e ecológico, atividades educacionais,

55
culturais e sociais. Há ainda uma estreita faixa da bacia que incide na Floresta Nacional de
Brasília (ICMBIO, 2014).

As características descritas referentes às classes de solo, bem as relativas à


geomorfologia, relevo/declividade e zoneamento ambiental encontram-se melhor ilustradas e
visualizadas na Figura 15.

Figura 15 - Características morfológicas da bacia do córrego Capão Comprido (DF). (Fontes:


Solos - Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA - ICMBio,
2014)

A área da bacia abriga os Núcleos Rurais: Incra 7 e Incra 8, constituídos maioritariamente


por propriedades rurais com áreas de 5 a 10 hectares (ha). O uso do solo é predominantemente
rural, porém existem pontos de parcelamentos irregulares, os quais impactam diretamente no
grau de impermeabilização do solo. Quanto ao uso rural, é dominante o cultivo de

56
hortifrutigranjeiros, principalmente a olericultura, com a produção de hortaliças folhosas e
caixarias. Expressiva parte dos produtores rurais são classificados como agricultores
familiares, classificação dada aqueles que residem na pequena propriedade rural, possuem
mão-de-obra essencialmente familiar e têm a propriedade rural como principal fonte de
sustento.

4.1.2 Bacia do Ribeirão Rodeador

A bacia do Ribeirão Rodeador, assim como a bacia do Capão Comprido, também


pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Descoberto e à Região Administrativa de Brazlândia.
Dispõe de uma extensão superior a outra bacia, compreendendo cerca de 113 km² de área total,
entre as coordenadas UTM 8.274.658 a 8.257.518 N e 159.806 a 171.701 E (SIRGAS 2000 -
UTM 23S), tendo como cursos d’água o Ribeirão Rodeador e seus afluentes: Córrego
Comprido, Córrego Cabeceira, Córrego Guariroba, Córrego Cristal e Córrego Jatobazinho
(Figura 16).

Figura 16 - Hidrografia e limite da bacia do Ribeirão Rodeador (DF).

57
A classe de solos predominante é a dos Latossolos, sendo o Latossolo Vermelho presente
em 39,03% da área e o Latossolo Vermelho Amarelo em 35,77%. Existe área significativa de
Cambissolos (16,83%) e pequenas manchas de Gleissolo (4,34%). A bacia também conta com
cobertura de Plintossolo (3,43%) e Neossolo Quartzarênico (0,60%), ambas classes não
encontradas na bacia do Capão Comprido (REATTO et al., 2004).

Os Neossolos Quartzarênicos são associados a áreas de exposição de quartzitos do grupo


Paranoá, são solos pouco profundos (em geral com menos de 2 metros de espessura), com
rochosidade comum, alta permeabilidade, com menos de 15% de argila e presente em locais
com restrita declividade, geralmente próximo às bordas de chapadas.

Os Plintossolos compreendem solos minerais formados sob condições de restrição à


percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, de maneira geral
imperfeitamente drenados ou mal drenados, que se caracterizam por apresentarem expressiva
plintização com ou sem formação de petroplintita ou horizonte plíntico (SANTOS et al., 2018).

Conforme o Mapa Geomorfológico do Distrito Federal (CODEPLAN, 1984) (escala


1:300.000), verificou-se que a bacia se encontra nas formações Pediplano Contagem Rodeador,
Pediplano Brasília e Planícies Aluviais e Alvelares. As classes de declividade, delimitadas
conforme Norma de Execução INCRA/DD/Nº 71, baseiam-se em relevo suave ondulado (53%
da área), seguido por 24% de área plana, 14% de ondulado, 8% de forte ondulado e apenas 1%
de montanhoso. Apresenta cota mínima de 1030 m e máxima de 1342 m.

Quanto ao ordenamento territorial, igualmente encontra-se na Macrozona Rural – Zona


Rural de Uso Controlado III (ZRUC-III) e quanto à relação com unidades de conservação,
localiza-se em sua maioria na APA do Rio Descoberto, dividido entre as zonas de Conservação
e as de Uso Rural Especial, 1, 2 e 3. A bacia conta, ainda, com fragmentos da APA do Planalto
Central sobreposta a APA do Cafuringa, e de trechos da Floresta Nacional e do Parque Nacional
de Brasília (GDF, 2012; ICMBIO, 2014).

As características descritas referentes às classes de solo, bem as relativas à


geomorfologia, relevo/declividade e zoneamento ambiental encontram-se melhor ilustradas e
visualizadas na Figura 17.

A bacia abriga os Núcleos Rurais: Rodeador, fragmentos do Incra 6 e 7, além de áreas de


assentamentos rurais como o Assentamento Betinho. O uso do solo e o tamanho das
propriedades não difere muito do observado no Capão Comprido, contudo há incidência de
algumas propriedades de dimensões maiores que 10 ha e que tem como atividade agrícola a

58
formação de pastagem para alimentação animal, sendo classificados como agricultores
patronais. Já os espaços de assentamentos e de pequenas propriedades rurais têm como maioria
os agricultores familiares que trabalham com o cultivo de olerícolas.

Figura 17 - Características morfológicas da bacia do ribeirão Rodeador (DF). (Fontes: Solos -


Reatto et al. (2004); Geomorfologia - Codeplan, 1984; Zoneamento APA - ICMBio, 2014)

4.2 ESTRUTURAÇÃO DE BASE DE DADOS

Para a caracterização das bacias escolhidas focou-se em abordar os componentes


essenciais para a modelagem no SWAT+, como: dados hidrometeorológicos – precipitação,
radiação solar, temperaturas mínima e máxima, umidade relativa, vento e regime de vazão dos
rios; dados morfológicos – tipo de solo e relevo; dados de uso do solo e da água – dados
agropecuários referente ao tipo de cultivo, manejo do solo, adubação realizada, sistema de
irrigação, e dados de gestão como pontos de captação de água e vazões outorgadas. Ressalta-
se que uma parcela dessa base de dados será destinada para a calibração do modelo SWAT+ e
a outra para verificação, visando o ajuste do modelo após a simulação.

59
4.2.1 Fontes de dados hidrometeorológicos

Quanto aos dados hidrometeorológicos, as fontes de informação foram: Adasa, Caesb,


INMET e ANA, os quais, em significativa parte, encontram-se disponíveis em sistemas de
banco de dados na internet, como o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
(SNIRH), o Portal Hidroweb, o Gestor PCD e o Banco de Dados Meteorológicos para Ensino
e Pesquisa do INMET (BDMEP). Para a composição de base de dados específica para esta
análise, utilizou-se como período de 01 de janeiro de 1971 a 31 de dezembro de 2020.

O painel interativo da Rede de Monitoramento de Águas Superficiais da Adasa (RMSP)


e o portal Hidroweb mostram que a bacia do Rodeador possui 9 estações de monitoramento de
dados fluviométricos, sendo que apenas duas dispõem de dados de qualidade da água e apenas
uma com série histórica superior a 20 anos. No que tange à bacia do Capão Comprido conta
com apenas uma estação de monitoramento superficial, como nota-se na Tabela 7. As séries
históricas dessas estações foram obtidas no Portal Hidroweb da ANA e também pelo envio de
informações da Escola Corporativa da Caesb, a qual conta também com elementos referentes
a sedimentos e nutrientes. Entretanto, para esses últimos parâmetros, somente foi repassado
pelos responsáveis os dados relativos à bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido, não
sendo possível o alcance de informações referentes à bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador.

Tabela 7 - Estações de monitoramento de Águas Superficiais presentes nas bacias de estudo


(RMSP/Adasa e Hidroweb/ANA).
CAPÃO COMPRIDO
Início da
Código Nome Responsável Frequência
Série
CAPÃO COMPRIDO -
60435300* 30/04/1978 Caesb Diária
DESCOBERTO
RODEADOR
Início da
Código Nome Responsável Dados/Frequência
Série
RODEADOR MONTANTE
60435180 31/12/2016 Caesb Mensal
CANAL
60435185 CANAL RODEADOR 31/12/2016 Caesb Mensal
RODEADOR JUSANTE
60435186 28/02/2017 Caesb Mensal
CANAL
JATOBAZINHO MONTANTE
60435190 31/12/2016 Caesb Mensal
CANAL
60435195 CANAL JATOBAZINHO 31/12/2016 Caesb Mensal

60
JATOBAZINHO MONTANTE
60435197 31/12/2016 Caesb Mensal
RODEADOR
RODEADOR MONTANTE
60435198 31/12/2016 Caesb Mensal
JATOBAZINHO
60435200* RODEADOR - DF 435 30/04/1978 Caesb Diária

60435250 RIBEIRÃO RODEADOR 31/01/2013 Adasa Mensal


*Estação telemétrica.
As estações 60435200 - RODEADOR - DF 435 e 60435300 - CAPÃO COMPRIDO –
DESCOBERTO são as únicas que possuem monitoramento de qualidade da água, contando
com dados disponíveis no Hidroweb de temperatura, turbidez, condutividade e sólidos em
suspensão, porém a Caesb também monitora DQO, DBO, oxigênio dissolvido, nitrogênio total,
nitrogênio amoniacal, nitratos e nitritos.
A distribuição e a localização das estações fluviométricas existentes no interior das bacias
hidrográficas estudadas são apresentadas na Figura 18.

Figura 18 - Localização das Estações Fluviométricas - Capão Comprido e Rodeador.


(Hidroweb/ANA e Rede Caesb)

61
Para esse estudo utilizou-se prioritariamente os dados de vazão diária, mensal e média
relativos à estação 60425200 (Rodeador – DF 435) e à estação 60435300 (Capão Comprido –
Descoberto), isso fundamentado tanto pela extensão de sua série histórica, ambas iniciadas no
ano de 1978, como pela sua localização, estando próximas ao exutório de seus cursos d’água
principais (córrego Capão Comprido e ribeirão Rodeador).

A Figura 19 apresenta a localização das estações pluviométricas existentes próximas às


bacias hidrográficas estudadas e no interior da região do Alto Descoberto (DF).

Figura 19 - Localização das estações pluviométricas na Bacia Hidrográfica do Alto


Descoberto no Distrito Federal (Hidroweb/ANA).

Quanto às estações pluviométricas, o sistema Hidroweb ressaltou a presença de oito


estações próximas às bacias estudadas e na região do Alto Descoberto, das quais os dados
foram apurados e ponderados em termos de representação espacial dos dados de cada estação.
Contudo, verificou-se que apenas parte delas possuem séries históricas de longo prazo, como
aponta a Tabela 8.

As séries foram obtidas por meio do próprio sistema Hidroweb, porém duas estações
(1548052 e 1548053) continham erros em seus arquivos de origem, assim não puderam ser

62
utilizadas. A Escola Corporativa da Caesb encaminhou base de dados onde consta que a estação
1548008 - Descoberto - é a fonte da série histórica de pluviometria que a empresa atualmente
aplica em suas pesquisas na área, contudo optou-se, neste estudo, pela interpolação de dados
de todas as estações acessíveis utilizando-se do método de polígonos de Thiessen.

Tabela 8 - Estações Pluviométricas da Bacia do Alto Descoberto no Distrito Federal


(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
ALTO DESCOBERTO

Código Nome Telemetria Duração da Série

1548006 TAGUATINGA ETA- RD Não 1971 - atual

1548007 BRAZLÂNDIA ETA Não 1971 - atual

1548008 DESCOBERTO Não 1978 - atual

1548009 JATOBAZINHO - 1978 - 2009

1548041 RADIOBRÁS Não 2015 - atual

1548051 RAP VICENTE PIRES Não 2017 - atual

1548052 DESCOBERTO - BARROCÃO Não 2014 - atual

1548053 DESCOBERTO BARRAGEM Início 2014 1987 - atual

O BDMEP abriga dados meteorológicos da rede de estações do INMET, o instituto


possui uma estação meteorológica na região de Brasília, a qual foi iniciada em 12 de setembro
do ano de 1961. Entre os dados disponíveis no BDMEP encontram-se as seguintes variáveis
atmosféricas: precipitação diária (mm), temperatura do bulbo seco (oC), temperatura do bulbo
úmido (oC), temperatura máxima (oC), temperatura mínima (oC), umidade relativa do ar (%),
insolação (h), direção e velocidade do vento (m/s).

Os dados necessários para início de simulação no SWAT+ e obtidos por meio de


cadastramento específico junto ao BDMEP encontram-se listados na Tabela 9. Ressalta-se que
para a utilização destes no processo de modelagem necessitou-se de estruturação específica, a
qual é melhor elucidada nos próximos tópicos.

63
Tabela 9 - Dados de variáveis e parâmetros do modelo SWAT monitorados por diferentes
instituições na região de estudo e seus períodos utilizados no estudo.
Parâmetro Fonte Período

Radiação BDMEP (INMET)

Temperaturas (mín. e máx.) BDMEP (INMET)


1961 a 2020
Umidade relativa BDMEP (INMET)

Vento BDMEP (INMET)


Escola Corporativa (Caesb) - Hidroweb
Precipitação
(ANA) A partir de
Escola Corporativa (Caesb) - Hidroweb 1971 a 2020
Vazão
(ANA)
Outorgas de uso de recursos Até dezembro
Adasa
hídricos de 2020
Manejo do solo Emater-DF

Irrigação Emater-DF
Atual
Adubação Emater-DF
Emater-DF / Imagens de satélites e
Canais de Irrigação
aerofotogramétricas
Emater-DF/ Imagens de satélites e A partir de
Uso do solo
aerofotogramétricas 1964

4.2.2 Preparação de base de dados

4.2.2.1 Dados climáticos


Os dados obtidos foram formatados de forma a possibilitar a correta aplicação do modelo.
Iniciou-se o preparo dos dados de estações climáticas, com informações relativas à localização
e à listagem das estações pluviométricas. Salienta-se que todos os arquivos foram inicialmente
editados no formato “txt”, atinente ao software Bloco de Notas do Windows.

Cabe ressaltar que para cada sub-bacia o SWAT+ utiliza os dados climáticos observados
da estação mais próxima, em caso da não existência de dados observados é possível utilizar o
Weather Generator, o qual simula dados climáticos a partir de sua localização. Neste trabalho
foram utilizados os dados disponíveis nas estações existentes na região de estudo.

A unidade de cada categoria de dado climático a ser inserido ao modelo deve seguir o
que consta na Tabela 10.

64
Tabela 10 - Unidades dos dados climáticos no SWAT+.
Categoria (sigla) Unidade

Precipitação (pcp) mm (milímetros)

Temperaturas máxima e mínima (tmp) °C (graus centígrados)

Radiação Solar (slr) MJ/m² (megajoule por metro quadrado)

Velocidade do vento (wnd) m/s (metros por segundo)

Umidade relativa (hmd) Fração decimal

Como apresentado na Tabela 9, os dados de radiação solar tiveram como fonte o INMET,
contudo, esse disponibiliza apenas dados de insolação solar diária. Assim, a determinação do
valor da radiação baseada à insolação foi realizada com apoio de planilha de cálculo disponível
no grupo oficial do SWAT no Brasil, que abarca fórmulas fundamentadas na latitude da
estação, declinação solar, radiação extraterreste, duração do dia, entre outros (ALLEN et al.,
2006).

A preparação dos dados de precipitação provenientes da Caesb deu-se em ambiente colab


do Jupyter Notebook, manipulado a partir de linguagem de programação Python.

4.2.2.2 Modelo Digital de Elevação


A declividade geral das bacias estudadas foi estabelecida no ambiente QGIS de duas
formas distintas. A primeira a partir de arquivo de modelo de elevação (MDE) disponível no
Banco de Dados Geomorfométricos do Inpe, o TOPODATA, que abriga e estrutura toda a base
SRTM do Brasil com 30 metros de resolução. Assim, recortou-se as folhas SRTM na área de
interesse delimitada para cada bacia, a qual abrange um perímetro maior que sua delimitação e
menor que a folha SRTM original, de forma a reduzir o tempo de delineação e também
aumentar a precisão dos resultados. Preencheu-se os dados faltantes com o valor “-32767”,
como recomendado no manual do QSWAT+ e reprojetou-se o arquivo SRTM para o sistema
de coordenada do projeto (SIRGAS 2000 - UTM 23S).

Como tentativa de melhoria da qualidade e acurácia dos dados, optou-se por também
gerar o MDE no ambiente QGIS, recorrendo-se à ferramenta “Interpolação TIN”, a partir de
dados de cota de elevação e de curvas de níveis de 5 em 5 metros, vetorizados pela empresa
TOPOCART e disponibilizados pela Terracap, os quais passaram por processo de validação e
correção das feições topológicas.

65
4.2.2.3 Dados de classes de solo
Os dados de classe de solo foram obtidos junto à Embrapa Cerrados. A empresa
recentemente reclassificou levantamento datado de 1978 (Mapa Pedológico do DF) (REATTO
et al., 2004) para o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SANTOS et al., 2018),
esse mapeamento possui escala de 1:100.000. A classificação do solo passou por breve
processo de conferência em campo a fim de identificar manchas de solo não observadas no
mapeamento supracitado.

As informações pedológicas e parametrização dos dados contaram como fonte essencial


a base de dados de solos construídas por Lima et al. (2013) para aplicação do modelo SWAT
em bacias do bioma Cerrado. Para o preenchimento dos parâmetros ausentes nessa base (albedo
do solo e textura) recorreu-se à função de transferência pedológica (PTF) desenvolvida por
Saxton & Rawls (2006).

4.2.2.4 Dados hidrográficos


Em adição à série histórica de precipitação, a Caesb disponibilizou as medições de
vazão (diária) e de sedimento (sólidos em suspensão em mg/L - mensal), as quais foram
aproveitadas no processo de calibração. A localização dos cursos d’água principais tiveram
como origem a Base de Dados Cartográfica da Terracap, datada de 2009 e que dispõe de cursos
d’água perenes, intermitentes e efêmeros, os quais foram dispostos juntamente com a base
MDE, depois de validação de topologia e devidas correções, de forma a auxiliar inclusive o
delineamento das sub-bacias no próprio modelo.

As outorgas de uso de recursos hídricos das sub-bacias foram disponibilizadas pela


Adasa em arquivo do tipo “*.pdf”, sendo assim foi necessária a conversão e tratamento dos
elementos para o formato vetorial, provendo o aproveitamento em ambiente SIG e inserção no
SWAT+.

A localização e o contorno dos canais de irrigação passaram por vetorização visual no


QGIS e por breve análise em campo, contando com informações de técnicos da Emater-DF.

4.2.2.5 Dados de uso do solo


A fonte principal dos dados agropecuários foi a Emater-DF, mediante o acesso aos
relatórios anuais que apresentam as informações agropecuárias ramificadas em Regiões
Administrativas do DF (EMATER-DF, 2008, 2020a), as quais são fundamentados no sistema
interno de cadastro de propriedades próprio da empresa.

66
O sistema interno de base de dados da Emater-DF, chamado de EmaterWeb, abriga
informações sobre toda a atuação da empresa de extensão na área rural do DF, contando com
informações cadastrais de agricultores e habitantes rurais, a quantidade de propriedades rurais
atendidas, as principais atividades agropecuárias exercidas, planejamento e registros de
atividades de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) e diagnóstico da utilização
agropecuária do solo por meio do Índice de Produção Agropecuária (IPA).

O IPA divide-se em quatro classes, baseadas por tipo de atividade, são elas: IPA
Agrícola, IPA Animal, IPA Floricultura e IPA Agroindústria. O índice abrange informações
relativas à quantidade de área cultivada, dividida pelo tipo de cultivo, sua produção média anual
(prevista e real) e produtividade agrícola.

As propriedades cadastradas são diferenciadas por: escritório local da Emater-DF que as


atende, comunidade rural, região administrativa e bacia hidrográfica em que está inserida.
Quanto aos beneficiários e área, estes são classificados por segmento de agricultor (familiar ou
patronal), sua categoria (agrícola, não agrícola e pecuária), sistema de produção (base
agroecológica, convencional, convencional com prática agroecológica, em transição
agroecológica), atividade econômica (agroindústria, animal, artesanato, floricultura,
fruticultura, grandes culturas, olericultura, silvicultura) e produto (espécie cultivada),
informações como sistemas de irrigação e práticas conservacionistas também são preenchidas
a depender da espécie cultivada e características do solo.

A análise dos dados obtidos por meio dos relatórios anuais da Emater-DF apresenta o
perfil da produção agrícola da RA de Brazlândia nos últimos 10 anos, dentre as principais
classes de cultivo as que ocorrem na área de estudo são: Grandes Culturas, Fruticultura e
Olericultura, sendo essa última a responsável pela maior parte da produção agrícola em área
plantada.

Os gráficos presentes na Figura 20 comparam as três principais classes de cultivo da


região entre o ano de 2011 e o ano de 2020. A figura indica que, na comparação entre os anos
2011 e 2020, o perfil agrícola da região não difere substancialmente no que se refere à
porcentagem de área voltada para a Olericultura, no entanto indica o avanço da área plantada
de Fruticultura e a diminuição do cultivo de Grandes Culturas na região.

67
Figura 20 - Comparação de porcentagem de área plantada (2011 e 2020) por classe de cultivo
na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF)

A Figura 21 expõe a área da produção agrícola por tipo de classe de cultivo no mesmo
período.

Figura 21 - Produção agrícola (ha) na RA de Brazlândia de 2011 a 2020 (Fonte de dados:


Emater-DF).
Ressalta-se que a área contabilizada se refere ao somatório de área plantada por tipo de
cultura, por exemplo, se uma propriedade rural possui 2 ha de área total, mas realiza o plantio
durante o ano de 2 ha de alface e após a colheita deste realiza o plantio nos mesmos 2 ha só
que de outra cultura como o morango, significa que a propriedade plantou 4 ha durante o
mesmo ano. Deste modo, o somatório da área de plantio de olericultura é bastante superior às
demais, pois as culturas possuem ciclo de produção curto o que possibilita o maior número de
cultivo no mesmo talhão.

68
A partir da análise da área de produção dos últimos 10 anos, observou-se que o pico de
produção de olerícolas aconteceu no ano de 2016, com 3.084,21 ha plantados, já a menor
produção se deu no ano de 2017, com 1.544,96 ha de olerícolas plantadas, aceita-se que essa
queda de 50% na área plantada foi efeito da chamada “Crise Hídrica” que ocorreu na região.
Esse período de escassez de água culminou na limitação, por parte da agência reguladora, das
captações de água no território, os produtores rurais irrigantes foram limitados no uso do
recurso hídrico em até 75% da vazão outorgada e em horários pré-definidos.

A segunda menor taxa anual de área de plantio de olerícolas, 1.625,39 ha, ocorreu no
ano de 2020, relacionada ao efeito da pandemia de Coronavírus. A pandemia atingiu fortemente
a agricultura familiar, principalmente nos primeiros meses de confinamento da população,
devido ao fechamento de feiras tanto de atacado, como de varejo e de restaurantes, além da
suspensão temporária de programas de governo que adquirem alimentos para distribuição em
escolas públicas.

Quanto às Grandes Culturas, observa-se uma diminuição em sua porcentagem em


comparação às outras classes, o mesmo acontece com a área plantada total. A classe de cultivo
teve seu pico de área plantada no ano de 2013 com 867 ha plantados, já seus menores valores
ocorreram nos anos de 2019, com 302,9 ha, e 2020, com 281,9 ha plantados.

A diminuição da área de Grandes Culturas contrasta com o aumento da área de


Fruticultura, onde seu índice mais elevado aconteceu em 2017, com 661 ha plantados,
dobrando o valor de sua área plantada em 2011, que era de 319,5 ha. Contudo, os 3 últimos
anos têm indicado a diminuição da área de fruticultura na região, onde em 2020 apenas 477,2
ha possuíam plantio de frutas.

No que tange as espécies plantadas por cada classe de cultivo, realizou-se a comparação
de sua diversidade nos anos 2011 e 2020, tal levantamento pormenorizado foi realizado visando
diferenciar o uso agrícola e também à parametrização de base SWAT.

As figuras 22 a 24 trazem a informação em porcentagem das principais espécies


plantadas por cada classe de cultivo nos anos 2011 e 2020, nesta ordem. As principais espécies
levantadas foram: Grandes Culturas - milho, café, soja e feijão (Figura 22); Fruticultura -
goiaba, banana, tangerina, limão e maracujá (Figura 23); e Olericultura - alface, morango,
beterraba, tomate, milho verde, repolho, cenoura e batata (Figura 24).

69
Figura 22 - Gráficos comparativo de espécies de Grandes Culturas (2011 e 2020) na Região
Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF).

Figura 23 - Gráficos comparativo de espécies de Fruticultura (2011 e 2020) na Região


Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF).

Figura 24 - Gráficos comparativo de espécies de Olericultura (2011 e 2020), sem a classe


"Outras", na Região Administrativa de Brazlândia. (Fonte de dados: Emater-DF).

70
4.2.2.6 Geoprocessamento de imagens
Optou-se por construir o uso do solo classificados com base no perfil de uso do solo e
em 4 cenários temporais diferentes, sendo o primeiro relacionado à época de transferência da
capital do país e da criação do Distrito Federal, bem como o início da colonização da região
(1960), o segundo cenário atinente ao início da instalação de estações pluviométricas e
fluviométricas na região e a inauguração do reservatório do Descoberto (1978), o terceiro
cenário alusivo ao ano em que a bacia já contava com diversos estudos realizados, inclusive o
estudo sedimentológico mais aprofundado na bacia por Lopes (2010) e por fim um quarto
cenário relativo aos usos do solo atuais (2019). Devido a inexistência de imagens aéreas ou de
satélites precisamente dos anos propostos, utilizou-se as de anos de maior proximidade para
elaboração dos cenários de uso do solo.

Preliminarmente, para a construção dos cenários 1 e 2, cogitou-se a utilização de imagens


do satélite Landasat 1 e 2 (MSS), porém sua resolução espacial de 80 metros impossibilitou a
delimitação das feições em escala necessária para representação de usos em bacia de pequena
extensão como o Capão Comprido. Obteve-se, então, acesso a arquivos WMS de imagens dos
anos 1964 e 1980 originárias do Serviço Geográfico do Exército, adquiridas pela Codeplan e
mosaicadas pela SEDUH (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação). Tais
imagens estão disponibilizadas no GeoPortal oficial do DF, e contam com escala de 1:60.000
para a imagem 1964 e 1:30.000 para a 1984. Ressalta-se que, devido às imagens serem oriundas
de fotos áreas daquele período essas não possuem coloração, sendo apresentadas apenas em
escalas de cinza. Verificou-se que o mosaico da imagem 1964 possui falha na conjunção das
folhas, contudo foi desconsiderado o erro, pois a área onde há a falha não possui significativa
diferença no uso do solo.

Para a construção do Cenário 3, aproveitou-se de imagem aérea ortorretificada do ano de


2009 proveniente da Codeplan, de alta resolução espacial, aproximadamente 20 cm. Cabe
ressaltar que a imagem se encontra também disponível via link WMS. Buscou-se a classificação
automática da imagem no software Interimage, porém essa não proporcionou o resultado ideal.

Já quanto ao cenário 4, optou-se primeiramente pela utilização de imagens oriundas do


satélite CBERS-4A, datadas de 08 de agosto de 2020, imagem com baixa interferência
atmosférica. Com a fusão das bandas RGB (verdadeira cor) de sua câmera imageadora de alta
resolução (CCD) com sua banda pancromática (HRC), alterou-se a sua resolução espacial de 8
metros para 2 metros. Realizou-se, ainda, a classificação supervisionada da imagem no próprio
QGIS, contudo, a classificação não atendeu à escala pretendida.

71
Assim, optou-se pela utilização de imagem datada de 11 de dezembro de 2019 do World
Imagery Wayback, com resolução aproximada para a região do estudo de 30 cm,
disponibilizada pela empresa americana ESRI via link WMTS, conectado ao QGIS via terminal
Python. Entretanto, a imagem conta com fragmentos com influência de nuvens e,
consequentemente, áreas de sombras que impossibilitam a visualização de certas feições. Para
a vetorização das feições nessas áreas, a imagem CBERS-4A foi usada como apoio.

A Figura 25 elucida a diferença das imagens utilizadas na vetorização e sua qualidade


visual, com corte na parte pertencente ao Distrito Federal da APA do Descoberto. Já a Tabela
11 apresenta as informações do tipo de imagem manipulada, sua fonte e data.

Figura 25 - Imagens utilizadas para vetorização, considerando a APA do Descoberto no DF.


Tabela 11 - Informações de tipo, fonte e data da imagem utilizada para mapeamento de uso
do solo na área de estudo.
Cenário Data da imagem Tipo/Fonte
Fotos aéreas Serviço Geográfico do
Cenário 1 Ano de 1964
Exército /GeoPortal
Fotos aéreas Serviço Geográfico do
Cenário 2 Ano de 1980
Exército /GeoPortal
Cenário 3 Ano de 2009 Imagem aérea ortorretificada / Codeplan
Imagem World Imagery Wayback (via
Dezembro de 2019
WMS) / ESRI
Cenário 4
Agosto de 2020 Imagens de satélite CBERS-4A / INPE

Após tentativas não bem-sucedidas de classificações automáticas, optou-se pela


vetorização de feições por meio de verificação visual das mesmas, com escala fixa de edição
em 1: 3.500 para imagens 1964 e 1980 e em 1:3.000 para imagens 2009 e 2019. As tabelas 12

72
e 13 apresentam as diferentes classes de uso para cada cenário proposto e sua visualização na
escala estabelecida. Assim, é perceptível, devido à assimetria na qualidade das imagens, a
diferença entre as visualizações e também às classes de uso consideradas em cada período.

Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites.
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Mata de Galeria
Cerrado (Savana)
Cerrado (Campo)
Grandes Culturas
Fruticultura

73
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites
(continuação).
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Olericultura
Pastagem
Silvicultura
(reservatórios)
Água
pavimentadas
Estradas não
pavimentadas
Estradas

74
Tabela 12 - Identificação visual para vetorização em software de SIG de uso do solo das
bacias de estudo nos cenários propostos a partir de imagens aéreas e de satélites
(continuação).
Imagens - Cenários 1 a 4
Cenário 1- 1964 Cenário 2 - 1980 Cenário 3 -2009 Cenário 4 - 2019
Benfeitorias
Agrovila/ Solo Exposto

Tabela 13 - Caracterização das classes de uso do solo escolhidas e identificadas.


Classificação Caracterização

Vegetação nativa densa e perene localizada às margens de cursos


Mata de Galeria
d’água formando corredores. Formação florestal.
Áreas Preservadas

Vegetação nativa de densidade média a alta com incidência de árvores


Cerrado (Savana) e arbustos, abrangendo principalmente as fitofisionomias: Cerrado
Sentido Restrito e Cerrado Denso. Formação savânica.
Vegetação nativa de densidade baixa com a presença de estrato
Cerrado (Campo) arbustivo-herbáceo, abrangendo principalmente as fitofisionomias:
Campo Limpo e Campo Sujo. Formação campestre.
Cultivo de plantações de grande porte e em sistema de sequeiro.
Grandes Culturas Geralmente abrange as monoculturas de milho, soja, feijão e café.
Podem ou não possuir sistema de rotação.
Uso antrópico - Agropecuária

Fruticultura Cultivo de frutíferas perenes, regularmente em sistemas irrigados.

Cultivo de hortaliças folhosas, legumes, tubérculos, raízes e frutos em


Olericultura
sistemas irrigados.

Áreas de vegetação herbácea exótica. Utilizada para alimentação


Pastagem animal, contudo inclui-se aqui também pastagens degradadas e
abandonadas ou áreas onde ocorreu a invasão de herbáceas exóticas.

Silvicultura Cultivo florestal de eucalipto e pinus.

75
Tabela 13 - Caracterização das classes de uso do solo escolhidas e identificadas.
(continuação)
Classificação Caracterização

Água Reservatórios de água ou tanques de peixes. Podem ser escavados ou


(reservatórios) impermeabilizados.
Uso antrópico - Infraestrutura

Estradas não
Vias principais e vicinais que não possuem pavimento asfáltico.
pavimentadas

Estradas
Vias principais e vicinais que possuem pavimento asfáltico.
pavimentadas

Agrovila/ Áreas impermeabilizadas ou compactadas referente à infraestrutura de


moradias, galpões de apoio, entre outros. Também identificado aqui
Benfeitorias parcelas referente à quintais compactados.

Áreas de retirada de camadas significativas do perfil de solo,


Solo Exposto
impedindo sua regeneração natural.

O diagnóstico do uso do solo contou com 5 saídas a campo para reconhecimento do


território e conferência de feições, sobretudo de feições observadas no cenário 3 e 4. Como
descrito anteriormente, as classes de usos de solo estabelecidas consideraram as informações
agropecuárias provenientes de relatórios da Emater-DF e complementadas por entrevistas
realizadas com técnicos da empresa.

Cabe ressaltar que foram observados talhões que, presumivelmente, encontravam-se em


sistema de pousio (sem utilização aparente), contudo, para o propósito da modelagem, optou-
se em aglutiná-los à atividade principal ou a áreas de vegetação campestre, a depender de sua
forma identificada.

4.3 PROGRAMAS COMPUTACIONAIS

A estruturação da base de dados foi montada no software SQLite Studio, com apoio do
editor de planilhas Microsoft Excel. A composição de dados georreferenciados, o
aprimoramento e processamento dos existentes aconteceu no ambiente do software QGIS, em
sua versão 3.16 - Hannover e extensões existentes. Outros programas para apoio da
classificação do uso dos solos foram operados, como o software InterImage, na tentativa de
classificação supervisionada de imagens de alta resolução. No que corresponde à elaboração
do layout dos mapas, buscou-se também o ambiente do ArcGIS 10.1, devido à maior
disponibilidade de ferramentas e simplicidade na composição.

76
Todo o procedimento de modelagem foi realizado no SWAT+, em sua interface
específica para o software QGIS, na versão 2.1.7, e optou-se pela utilização do Microsoft MPI
para otimização do processamento. Quanto à calibração e à análise de sensibilidade, ambas
ocorreram por meio do plug-in SWAT+ Toolbox.

Para a organização de dados, geração de funções objetivos e análise gráfica, recorreu-se


à linguagem de programação R, com auxílio do software RStudio, e também à linguagem
Python, no ambiente do Jupyter Notebook, especialmente suas bibliotecas Pandas, Matplotlib
e Numpy.

4.4 MODELAGEM INICIAL COM O SWAT

Utilizou-se o modelo SWAT+, por meio da interface do modelo SWAT+ no ambiente


QGIS, para modelagem e simulação qualiquantitativa das bacias em questão, para isso
observou-se os cenários de uso do solo e as interferências de diferentes práticas de manejo do
solo e de irrigação no balanço hídrico das bacias rurais selecionadas, bem como a influência
de cargas de nutrientes (nitrogênio e fósforo total) e sedimentos, em forma de material em
suspensão, na qualidade do manancial principal componente das bacias. Efetuou-se diversas
simulações que foram comparadas visualmente e estatisticamente com dados observados,
indicando, assim, se o modelo apresenta resultados satisfatórios ou sua necessidade de
calibração.

Após a simulação, em período diário, realizou-se a análise de sensibilidade, bem como a


calibração e verificação do modelo, no que tange os dados quantitativos, utilizando a
ferramenta SWAT+ Toolbox. Já quanto aos dados de qualidade, tais tipos de análise foram
dificultados devido a menor quantidade de dados disponíveis, sua pontualidade e também
quanto a série histórica limitada.

O método de análise de sensibilidade escolhido foi o Sobol (2001), disponível no


SWAT+ Toolbox, o qual observa o comportamento de resposta dos parâmetros na simulação,
verificando qual ou quais apresentam maior sensibilidade durante a aplicação do modelo e os
valores simulados. Os parâmetros empregados e seus intervalos de valores foram baseados em
Ferrigo (2014) e encontram-se na Tabela 14.

77
Tabela 14 - Parâmetros, intervalo de valores e métodos de variação utilizados na análise de
sensibilidade. (Fonte: adaptado de Ferrigo (2014))
Grupo Método
Parâmetro Descrição Unidade Mínimo Máximo
referência SWAT+
Constante de
alpha recessão do fluxo dias Substituição 0 1
de base
Coeficiente "revap"
revap_co - Substituição 0,02 0,1
Aquíferos de água subterrânea
Profundidade em
aquífero profundo
revap_min mm Substituição 0 500
para que aconteça o
"revap"
Curva número na
cn2 - Porcentagem -30% 20%
condição II
HRU Fator de
esco compensação de - Substituição 0,4 1,0
evaporação de solo
Densidade aparente
Routing bd g/cm³ Porcentagem -93% -60%
do solo
Capacidade de água mm
awc Porcentagem -20% 50%
disponível no solo H2O/mm
Condutividade
k hidráulica saturada mm/hr Porcentagem -195% 80%
do solo
Solos Densidade aparente
bd g/cm³ Porcentagem -93% -60%
do solo
Fração de
porosidade a partir
anion_excl - Substituição 0,1 1
da qual ânions são
excluídos
Posteriormente à análise de sensibilidade, o modelo passou pelo processo de calibração
automática, por meio da maximização do NSE, onde se observou as modificações de cada
parâmetro e sua resposta, de forma satisfatória ou insatisfatória. Para isso, analisou-se sua
eficiência utilizando-se de funções objetivos e coeficiente de determinação e eficiência.

O modelo de calibração e avaliação usado neste trabalho baseou-se nas análises de


desempenho sugeridas por Moriasi et al. (2015), com o emprego do NSE – Nash-Sutcliffe,
PBIAS – Percentual de viés e Coeficiente R². Ao fim dos processos de análises e da aplicação
do modelo, bem como da geração dos resultados simulados avaliou-se a dinâmica das bacias
de estudos de forma estatística e gráfica.

Em relação aos dados de calibração e verificação, estes obedeceram a proporção de 2/3


(dois terços) por 1/3 (um terço) do período total dos dados. A Tabela 15 exibe o período de

78
calibração utilizado para cada cenário proposto, considerando as vazões diárias, e para a
calibração de nutrientes.

Tabela 15 - Períodos de aquecimento, modelagem, calibração e verificação do modelo das


bacias.

Aquecimento Modelagem Calibração Verificação

Cenário 1
1961 a 1964 1965 a 1979
(1964)
Cenário 2
1974 a 1978 1979 a 1993 1979 a 1988 1989 a 1993
(1980)
Cenário 3
1996 a 2000 2001 a 2015 2001 a 2010 2011 a 2015
(2009)
Cenário 4
2001 a 2005 2006 a 2020 2006 a 2015 2016 a 2020
(2019)

Nutrientes 2013 a 2018 2019 a 2020

Para a modelagem do cenário 1, utilizou-se também os dados de precipitação


proveniente do INMET, visto que esses são datados do ano de 1961 e optou-se por replicar
neste a calibração resultante do cenário 2, devido a inexistência de dados observados anteriores.
Ressalta-se que o processo completo de análise de sensibilidade e calibração foi realizado nos
cenários da bacia do Capão Comprido e seus resultados replicados na bacia do Rodeador.

4.5 INCORPORAÇÃO DE DADOS REGIONAIS NA BASE DO MODELO SWAT+


E APLICAÇÃO DE CENÁRIOS DE MANEJO

A parametrização de base SWAT+ para o uso do solo teve fundamentação e


aproveitamento de documentos de apoio presentes no próprio SWAT+, bem como base de
dados elaborada para a região por Ferrigo (2012). A adaptação de valores de CN teve por
suporte análises da dinâmica do uso e cobertura do solo no DF citadas por Valadares (2017) e
complementadas por Bielenki Júnior & Barbassa (2012), Sartori et al., (2005) e Sartori (2010),
ambas baseadas no método do Serviço de Conservação do Solo (SCS) do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que reúne os solos em quatro grandes grupos
considerando características hidrológicas como a capacidade de infiltração e o acréscimo de
escoamento superficial.

79
Observa-se que para a inserção dos dados vetoriais de classes de solos e de uso dos solos,
esses passaram por transformação de arquivo vetorial do tipo shapefile para arquivo raster, por
meio da ferramenta Rasterize do QGIS.

A Tabela 16 apresenta a parametrização junto ao SWAT+ relativa às classes de uso do


solo e sua subclassificação e porcentagem dos tipos de cultivos agrícolas e uso urbano,
conforme assinalado nas figuras 22 a 24.

Tabela 16 - Classes, subclasses e porcentagens de itens utilizados para base de crescimento


de planta e base urbana.
Classe Subclasse % Classe Subclasse %
Alface (38%) Feijão (2%)
Tomate (10%) Grandes Culturas Milho (75%)
Beterraba (11%) Soja (23%)
Cenoura (4%) Eucalipto (50%)
Silvicultura
Olericultura Milho Verde (6%) Pinho (50%)
Morango (21%) Campestre -
Pimentão (4%) Vegetação Nativa Florestal -
Repolho (6%) Savana -
Batata (0%) Pastagem -
Outros
Banana (8%) Solo Exposto -
Goiaba (82%) Benfeitorias -
Fruticultura Laranja Estradas
(7%) -
(Citrus) Urbano Pavimentadas
Estradas Não
Maracujá (3%) -
Pavimentadas

4.5.1 Dados de Manejo

Os arquivos oficiais da Emater-DF que preveem o custo de produção de variados cultivos


agrícolas foram a fonte de onde se desprendeu os principais fertilizantes e as práticas de uso e
manejo básicas empregadas por tipo de espécie agrícola cultivada (EMATER, 2020b).

Fertilizantes

A configuração da composição dos principais fertilizantes utilizados no DF, no que


tange a teores de Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Matéria Orgânica e Micronutrientes foi
estipulada a partir de estudo realizado por Ribeiro et al. (1999) e complementada com dados
presente na Instrução Normativa Nº39 (MAPA, 2018), que contém as exigências mínimas de
tolerância dos fertilizantes minerais e também por portfólio de produtos (NUTRIPLAN, 2021;
SANA, 2011; YOORIN, 2021) e estudos de caso com uso de fertilizantes (SILVA et al., 2007;
SFREDO & OLIVEIRA., 2010; OLIVEIRA, 2015; BARATTA JUNIOR, 2007; SOUZA et

80
al., 2015). Desse modo, produziu-se catálogo específico onde consta a quantidade de cada
fertilizante (tonelada ou quilograma) aplicado nas culturas agrícolas mais comuns da região tal
como os teores de composição de cada produto (porcentagem ou dag/Kg).

No que corresponde aos parâmetros necessários para base de dados SWAT+, considerou-
se o peso atômico e massa molecular dos componentes para o cálculo das frações minerais e
orgânicas de Fósforo e Nitrogênio, e a fração mineral de Nitrogênio aplicado como Amônia.

Os valores de referência da adubação orgânica tiveram como fonte tabela padrão do


SWAT compilada a partir de dados de ASAE (1998) e adaptada a partir de Ribeiro et al. (1999)
e Silva et al. (2007), complementada com valores referentes ao Composto de Lixo Orgânico
(COL) procedente do SLU e ao Lodo de Esgoto - processado seco - proveniente da CAESB,
compostos regularmente utilizados na agricultura do DF. Ressalta-se que a composição
química do COL e Lodo de Esgoto são procedentes de análises físico-química disponibilizadas
pelo SLU e CAESB, onde se considerou os teores e relação de Nitrogênio Amoniacal e
Nitrogênio Kjeldahl para determinação dos valores de nitrogênio mineral e orgânico, e teores
e relação de Ortofósforos e Fósforo Total para os valores de fósforo mineral e orgânico,
conforme orientado por Arnold et al. (2016).

Os fertilizantes minerais e orgânicos regularmente recomendados para as produções


convencionais, segundo Emater-DF (2020b), encontram-se listados na Tabela 17.

Tabela 17 - Lista de fertilizantes usualmente recomendados no Distrito Federal. (EMATER-


DF, 2020b; SLU; CAESB)
ESPECIFICAÇÃO UNIDADE ADUBO
02-20-18 +micro ton. mineral
04-14-08 ton. mineral
04-30-16 ton. mineral
04-30-16 + Zn ton. mineral
05-25-15 + FTE ton. mineral
10-10-10 ton. mineral
20-00-20 ton. mineral
Ácido Bórico kg mineral
Ácido Fosfórico kg mineral
Bórax kg mineral
Cloreto de potássio branco kg mineral
Cloreto de potássio ton. mineral
Cobalto + Molibdênio l mineral
Fosfito de potássio l mineral
FTE BR 12 kg mineral
Manganês 25% kg mineral
MAP kg mineral
Molibdato de Sódio kg mineral

81
Nitrato de cálcio kg mineral
Nitrato de potássio kg mineral
Salitre potássico do Chile kg mineral
Sulfato de amônio ton. mineral
Sulfato de cobre kg mineral
Sulfato de magnésio kg mineral
Sulfato de manganês kg mineral
Sulfato de potássio kg mineral
Sulfato de zinco kg mineral
Superfosfato Simples ton. mineral
Termofosfato ton. mineral
Ureia ton. mineral
Fosfato Natural t mineral
Bokashi ton. orgânico
Cama de Frango ton. orgânico
Biofertilizante líquidos l orgânico
Adubação Verde ha orgânico
Esterco Bovino ton. orgânico
Esterco Suíno ton. orgânico
Farelo de Arroz ou Trigo ton. orgânico
Farinha de osso ton. orgânico
Composto Orgânico de Lixo ton. orgânico
Lodo de Esgoto ton. orgânico
Composto de Poda Urbana ton. orgânico

A quantidade recomendada de cada fertilizante para um hectare de cada tipo de cultivo


foi devidamente compilada de Emater-DF (2020b) e encontra-se de forma integral no Apêndice
A, dividida por tipo de atividade (olericultura convencional, olericultura orgânica, fruticultura
e grandes culturas). O Apêndice B exibe a composição de cada fertilizante considerando os
principais elementos em dag/Kg (decagrama por quilograma).

No entanto, o SWAT+ modela unicamente os ciclos nutritivos relacionados aos


elementos Nitrogênio (N) e Fósforo (P) em suas formas minerais e orgânicas. Assim, somente
os fertilizantes que dispõem desses nutrientes em sua composição tornaram-se elemento do
banco de dados do SWAT. A ausência de informações bibliográficas referente à composição
de alguns adubos do tipo orgânico impossibilitou a sua inclusão ao banco de dados configurado.

Estabeleceu-se os principais implementos agrícolas utilizados no DF para a distribuição


de nutrientes ao solo, operação que o SWAT+ também considera em sua simulação baseado
no tipo de maquinário utilizado, sua eficiência e profundidade de mistura do nutriente ao solo.
A partir da lista de implementos estabelecida, comparou-se à base de dados presente no
Appendix A (ARNOLD et al., 2016) averiguando suas nomenclaturas e visualmente, por meio

82
de catálogos disponíveis na internet, os equipamentos que mais se assemelham aos empregados
na região.

Práticas de manejo de água e solo

As práticas de conservação de solo, da mesma maneira que as práticas de irrigação


empregadas foram obtidas pelos relatórios de custo de produção e diagnóstico realizado
durante o período de “Crise Hídrica” na região (ADASA; CAESB; EMATER; SEAGRI, 2018).

A parametrização de base de dados de irrigação presente no SWAT+ fundamentou-se na


modificação dos valores de eficiência dos sistemas de irrigação, utilizando duas fontes de
informação principais: Resolução 18/2020 (ADASA, 2020) utilizada atualmente para emissão
de atos de outorga e, tabela de eficiência construída junto aos engenheiros agrônomos da
Emater-DF. A primeira foi utilizada como base para determinação da eficiência ideal do
sistema de irrigação e a segunda como a eficiência atual dos sistemas, considerando as reais
formas de uso e de manutenção desses nas propriedades rurais da bacia.

As práticas de conservação do solo foram parametrizadas considerando as ações mais


comuns na região observando a declividade da área. O parâmetro essencial é o fator P da
Equação Universal da Perda de Solo (EUPS), atinente às práticas de manejo agrícolas, o qual
foi embasado considerando os valores contidos no manual do SWAT+ (ARNOLD et al., 2016)
e os valores estabelecidos no edital do Projeto Produtor de Água do Pipiripau (ADASA, 2021).

4.5.2 Aplicação de base de dados adaptada e simulação de práticas de manejo de água e


solo

Com o intuito de observar os efeitos provenientes das alterações na parametrização


realizada na base de dados do SWAT+, simulou-se novamente o cenário mais recente, contudo
agora utilizando-se do banco de dados adaptado e adotando culturas agrícolas específicas em
substituição às classes de cultivo gerais, conforme Tabela 16 e Apêndice A. Dessa forma, foram
comparados os resultados oriundos da simulação padrão do cenário 4 (2019) com a simulação
de banco de dados adaptado para o mesmo cenário, correlacionado especialmente as respostas
referentes à aplicação de fertilizante e o efeito nos componentes dos ciclos dos nutrientes (P e
N). Para a inserção dos fertilizantes, utilizou-se das tabelas de decisão disponibilizadas no
modelo.

83
Quanto à modelagem de práticas de manejo de água e solo, simulou-se dois novos
cenários relativos à adoção ou não de práticas de conservação de água e solo, ambas também
apoiadas no uso e ocupação de solo mais atual (cenário 4 - 2019) e tendências de mudança
observadas e desejadas.

Assim, a divisão dos cenários correlaciona práticas convencionais de manejo e uso de


água e solo e expansão urbana, com a adoção de práticas consideradas mais conservacionistas
e ideais (terraços, plantio em nível e sistemas de irrigação eficientes), bem como a proteção e
recuperação de áreas naturais como a APP. A Tabela 18 ilustra os cenários relativos ao manejo
da água e solo.

Tabela 18- Cenários prospectivos de práticas de manejo e uso do solo e da água.


Cenário Convencional Cenário Conservacionista
Manejo convencional do solo – sem adoção Manejo conservacionista do solo – com
de práticas adoção de práticas

Expansão de áreas de benfeitorias Preservação do remanescente de vegetação


(urbanização) e recuperação de APP

Sistemas de irrigação com eficiência atual* Sistemas de irrigação com eficiência ideal*
*Versão disponível do SWAT+ não permitiu a configuração para a simulação.

Para a configuração dos dois cenários prospectivos, a modificação do uso do solo baseou-
se nas tendências observadas e nas alternativas plausíveis de alterações. Assim, para a
construção do cenário convencional de uso de solo, amplificou-se em 10 metros de raio as áreas
de classe de uso do solo “benfeitorias”, de modo a simular a intensificação das áreas
impermeabilizadas e a provável urbanização.

Já quanto ao cenário conservacionista, sugeriu-se a preservação do remanescente de


vegetação nativa atual nas bacias e a recuperação e recomposição das áreas de preservação
permanente de cursos d’água superficiais e suas zonas tampão (50 metros), conforme
estabelecido pelo Plano de Manejo da APA da Bacia do Rio Descoberto (ICMBIO, 2014).
Ressalta-se que as áreas dentro da zona tampão e APP que já dispunham de cobertura natural
de vegetação nativa do tipo cerrado (savana) foram mantidas, inclusive as que abrangiam o
cerrado (campo) como cobertura em áreas em que as fitofisionomias Campo Limpo e Campo
Sujo aparenta ser a cobertura ideal e natural devido às características intrínsecas, como tipo de
solo e declividade.

84
No que tange às práticas de manejo do solo, realizou-se a alteração de parâmetros
exclusivamente nos usos agropecuários. A simulação do cenário convencional ocorreu com a
configuração de suas práticas conforme valores concebidos como convencional no edital do
Projeto Produtor de Água do Pipiripau (ADASA, 2021). Já em relação às práticas
conservacionistas, configurou-se cada classe de cultura com a prática recomendada para a
cultura e para a região, conforme Tabela 19.

Tabela 19 - Práticas de manejo do solo configuradas no SWAT+ para o cenário


conservacionista.
Classe de cultura Prática conservacionista

Olericultura Plantio em nível

Fruticultura Plantio em nível

Grandes Culturas Plantio direto

Silvicultura Plantio em nível

Pastagem Terraços

A modelagem no ambiente SWAT+ utilizou como base a série histórica dos anos 2006 a
2020, porém o período de simulação hidrológica foi ampliado até o ano de 2030, de forma a
proporcionar uma análise prospectiva fundada nas tendências de usos futuros. A calibração
empregada foi a realizada para a bacia do Capão Comprido para o cenário 4, referente ao ano
de 2019.

Ressalta-se que foi realizada a tentativa de inserir as conversões das eficiências dos
sistemas de irrigação e a inclusão dos pontos de captação de água outorgados, contudo foram
observados erros estruturais na versão do modelo utilizada, o que impossibilitou a inserção e
modelagem de tais conjunturas.

Observou-se a resposta dos componentes hidrológicos integrantes do balanço hídrico


das bacias em ambos cenários, como também se apreciou o comportamento dos componentes
a partir da análise espacial baseada nas unidades de paisagem (LSU), em que o SWAT+ divide
as bacias em áreas de várzea (floodplain), mais próximas aos cursos d’água, e em áreas de
relevo mais elevado (uplands).

85
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROMETEOROLÓGICA DAS BACIAS


HIDROGRÁFICAS

5.1.1 Precipitação

A compreensão do comportamento hidrológico da região contou com a análise de dados


provenientes de seis estações pluviométricas que possuem séries históricas de dimensões
variadas, as quais se encontram exibidas e diferenciadas na Figura 26, que apresenta
visualmente as falhas durante todo o período. Ressalta-se que apenas a estação Jatobazinho não
se encontra mais em operação, desde o ano de 2009, e essa é também a única que se encontra
no interior de uma das bacias estudadas.

Figura 26 - Disponibilidade de dados de precipitação de cada estação entre os anos de 1971 a


2020.
As estações da ETA Brazlândia e da ETA Taguatinga são as mais antigas, com operação
iniciada em 1971, e, consequentemente, as que possuem maior período de coleta de dados. A
estação Descoberto igualmente iniciou sua operação na década de 70, mais precisamente no
ano de 1978, contudo, as demais estações foram instaladas a partir do ano de 2014, não
possuindo ainda séries históricas com mais de 10 anos de duração.

No que corresponde à localização, a distância média entre as estações pluviométricas é


de 15 km, sendo as mais distantes entre si as estações: Descoberto e Radiobrás e Radiobrás e

86
Vicente Pires, com 22 km de distância entre elas. A Figura 27 apresenta as estações analisadas
e sua localização.

Figura 27 - Localização das estações pluviométricas com séries históricas obtidas e


analisadas.
No que tange ao índice pluviométrico mensal médio, a Figura 28 expõe as médias
mensais das estações pluviométricas analisadas.

Figura 28 - Índice pluviométrico médio mensal (mm) (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).

87
Analisando o comportamento dos dados, a localização da estação e a extensão de sua
série histórica é perceptível a variação nas alturas médias precipitadas. Tendo como exemplo
o mês de janeiro, a estação 1548041-Radiobrás indica uma variação de mais de 100mm entre
as chuvas registradas nas demais estações, isso pode ser justificado pela sua curta série histórica,
de apenas 6 anos, a qual pondera de maneira acentuada alturas de chuvas atípicas acontecidas
no ano de 2020, além de que a região se encontra em uma altitude mais elevada da região,
formando um platô. As estações do ano se mostram bem definidas, com altos índices de
precipitação entre os meses de outubro a abril, durante a estação chuvosa, e baixos índices
pluviométricos durante os meses de maio e setembro, configurando a estação seca, com
precipitação diária média de 0,62mm.

As médias anuais de cada estação pluviométrica estão sinalizadas no gráfico exibido pela
Figura 29.

Figura 29 - Precipitação média anual das estações (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).


Observa-se a variação de valores de precipitação média anual entre as estações, sendo
essa de aproximadamente 127mm entre as estações 1548006 - ETA Taguatinga (1500mm) e
1548051 - Vicente Pires (1374mm), mesmo essas se distanciando em meramente 7 km, no
entanto possuem séries históricas de dimensões diferentes. Contudo, mesmo comparando-se
estações com séries históricas de espessura semelhantes, como 1548008-Descoberto e 1548006
- ETA Taguatinga, observa-se a variação de 80mm na altura média da precipitação acumulada.
Assim, percebe-se que a dinâmica de chuvas da região possui alta heterogeneidade mesmo em
breves distâncias.

88
Para a definição da área de influência de cada estação pluviométrica nas bacias estudadas,
utilizou-se o método de interpolação por polígonos de Thiessen por meio da determinação do
fator peso para as séries de dados disponíveis, possibilitando o melhor entendimento do regime
de chuvas de cada uma das bacias. Dessa forma, considerou-se a distribuição da precipitação
de forma homogênea em cada uma das bacias hidrográficas.

Devido à heterogeneidade das datas de operação de cada estação, o método de polígonos


de Thiessen foi realizado em 5 períodos distintos, conforme Figura 30 e tabelas 20 e 21, as
quais apresentam uma síntese das informações, entre elas a divisão da área da bacia pelo
método e o fator peso obtido.

Figura 30 - Área de influência das estações pluviométricas nas bacias do Rodeador e Capão
Comprido pelo método de polígonos de Thiessen dividido por períodos.
Tabela 20 -Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do ribeirão Rodeador/DF, baseada em sua área de influência, na aplicação do
método de polígonos de Thiessen.
Rodeador
Período 1548006 1548007 1548008 1548009 1548041 1548051
ETA Taguatinga ETA Brazlândia Descoberto Jatobazinho Radiobrás Vicente Pires
1971 a 1978 0,21 0,79 - - - -
1979 a 2008 0 0,26 0 0,74 - -
2009 a 2014 0,21 0,79 0 - - -
2015 a 2017 0,20 0,27 0 - 0,53 -
2018 a 2020 0,18 0,27 0 - 0,53 0,02
(-) estação inoperante no período

89
Tabela 21 - Fator de peso de cada estação pluviométrica na região de influência da bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido/DF, baseada em sua área de influência, na
aplicação do método de polígonos de Thiessen.
Capão Comprido
Período 1548006 1548007 1548008 1548009 1548041 1548051
ETA Taguatinga ETA Brazlândia Descoberto Jatobazinho Radiobrás Vicente Pires
1971 a 1978 1,0 0 - - - -
1979 a 2008 0,52 0 0 0,48 - -
2009 a 2014 1,0 0 0 - - -
2015 a 2017 1,0 0 0 - 0 -
2018 a 2020 1,0 0 0 - 0 0
(-) estação inoperante no período

A Figura 31 exibe a precipitação média mensal de cada uma das bacias a partir da
interpolação dos dados e utilização de fator peso gerado pelo método de polígonos de Thiessen.

Figura 31 - Precipitação média mensal (mm) entre os anos de 1971 a 2020, calculada pelos
polígonos de Thiessen a partir dos dados provenientes de Hidroweb/ANA e Rede Caesb.
As figuras 32 e 33 mostram os valores da precipitação anual entre os anos 1971 a 2020
em cada uma das bacias estudadas.

Figura 32 - Precipitação anual da Bacia do Capão Comprido (mm), calculada pelos polígonos
de Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).

90
Figura 33 - Precipitação anual da Bacia do Rodeador (mm), calculada pelos polígonos de
Thiessen (Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
O comportamento de ambas bacias se mostrou bastante homogêneo, não se destacando
grandes variações entre elas e nem picos elevados na precipitação média mensal de suas séries
históricas. A precipitação anual acumulada permaneceu entre os valores médios para região e
não foram notadas diferenças consideráveis entre as bacias, os valores de precipitação média
anual na bacia do Capão Comprido foi de 1493 mm e na bacia do Rodeador de 1473 mm.

5.1.2 Temperatura e Umidade

Dentre as variáveis climatológicas que impactam diretamente no comportamento


hidrológico, as informações sobre temperatura e umidade relativa do ar são fortemente
relevantes. A Figura 34 apresenta gráfico com as temperaturas máximas, médias e mínimas
mensais registradas ao longo da série histórica proveniente da estação climatológica de
Brasília, operada pelo INMET e que conta com 59 anos de dados (1961 a 2020).

Figura 34 - Temperaturas máximas, médias e mínimas mensais (1961-2020)


(BDMEP/INMET).
A temperatura média mensal flutua entre 19,4°C a 23°C, já quanto às temperaturas
máximas anuais, essas ocorrem nos meses de setembro e outubro, com valores máximos

91
registrados de 35,8°C e 36,4ºC, respectivamente, ambos no ano de 2015, sendo que o mês de
outubro repetiu essa mesma temperatura no ano de 2020. No que se refere às temperaturas
mínimas, essas foram registradas nos meses de maio (3,2°C), junho (3,3°C) e julho (1,6°C),
ressalta-se que esses são valores atípicos para região e foram notados entre as décadas de 70 e
80, sendo o valor aproximado de 16,5°C a média das mínimas no decorrer da série histórica.

A Figura 35 mostra o comportamento das temperaturas ao longo das quase 6 décadas de


registro climatológico.

Figura 35 - Médias das temperaturas máximas, médias e mínimas nas últimas cinco décadas
(BDMEP/INMET).
Desprende-se do gráfico que a temperatura média não sofreu oscilações consideráveis,
contudo as temperaturas máximas e as mínimas apresentaram tendência de aumento de seus
valores nas últimas décadas.

A Figura 36 exibe os valores médios mensais referentes à umidade relativa do ar, de


acordo com a mesma série histórica.

Figura 36 - Umidade relativa do ar média (1961-2020) (BDMEP/INMET).


Os valores médios de umidade acompanham o comportamento da precipitação da região,
onde ficam evidentes os períodos seco e chuvoso. Os meses de agosto e setembro são os que

92
apontaram os menores valores médios, 46 e 50% respectivamente, contendo registros históricos
de umidade perto de 15%. Já o mês de dezembro é o mês mais úmido, com 78% de umidade
relativa do ar média, seguido de perto pelos meses de janeiro, fevereiro e março, todos com
valores médios próximos a 76%.

5.1.3 Vazão

A área de estudo conta com nove estações fluviométricas, sendo oito na bacia do
Rodeador e seus afluentes e uma na bacia do Capão Comprido. Somente duas estações possuem
série histórica considerável, a estação 60435200 - Rodeador DF 435 e 60435300 - Capão
Comprido, as quais possuem medições datadas a partir do ano de 1978, as demais tiveram
início de operação a partir do ano 2013. Ressalta-se que ambas estações se encontram próximas
ao exutório das bacias. A Figura 37 indica a localização dessas em relação à bacia e seus cursos
d’água principais.

Figura 37 - Estações fluviométricas próximas ao exutório das bacia do Capão Comprido e


Rodeador.

93
As figuras 38 e 39 apresentam as vazões médias mensais do córrego Capão Comprido e
do ribeirão Rodeador, respectivamente.

Figura 38 - Vazões médias mensais do córrego Capão Comprido dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).

Figura 39 - Vazões médias mensais do ribeirão Rodeador dos anos 1978 a 2020
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
É possível observar um padrão no comportamento de ambas, onde as vazões mínimas
ocorrem ente os meses de julho e outubro, tendo seu mínimo valor no mês de setembro com
médias mensais de 0,11 m³/s no Capão Comprido e 0,35 m³/s no Rodeador. A elevação das
vazões se inicia no mês de outubro, com tendência crescente até o mês de fevereiro, mês em
que surge uma leve inclinação na curva, que retorna a um curto acréscimo nos valores de vazão
até o mês de março. Os valores máximos ocorrem entre os meses de janeiro e março, sendo
que no córrego Capão Comprido a maior média mensal verifica-se no mês de março com vazão

94
média de 0,39 m³/s, já quanto ao Rodeador a maior média mensal se dá no mês de janeiro, com
valor de 2,93 m³/s.

A série histórica das vazões pode ser observada nas figuras 40 e 41 que apresentam as
vazões mensais entre os anos de 1978 a 2020.

Figura 40 - Vazões mensais córrego Capão Comprido - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e Rede
Caesb).

Figura 41 - Vazões mensais ribeirão Rodeador - 1978 a 2020 (Hidroweb/ANA e Rede


Caesb).
O comportamento das vazões no decorrer dos anos exibe a tendência de redução nos
valores das vazões mínimas e igualmente das máximas. O ribeirão Rodeador teve sua maior
média mensal em dezembro de 1989 atingindo um pico de 8,3 m³/s, o que corresponde em
quase 4 vezes a média mensal de dezembro (2,29 m³/s) e mais de 5 vezes o valor de sua vazão
média geral (1,54 m³/s). No que tange às vazões médias do ribeirão, a década de 80 tinha como
valor médio anual a vazão de 1,78 m³/s, decrescendo para 1,36 m³/s na última década (2010 a
2020), o que resulta em uma redução de quase 25%.

95
O córrego Capão Comprido apresenta a mesma tendência de redução das vazões médias
da última década (0,21 m³/s) em comparação às décadas de 80 e 90, em que contava com vazões
de 0,29 m³/s, uma redução de aproximadamente 30%. No que tange a maior média mensal,
essa ocorreu nessa última década, em janeiro de 2002, com valor médio de 1,057 m³/s.

As reduções de vazão disponível nos cursos d’água estão potencialmente relacionadas


não apenas com as variações associadas ao clima, mas também com ao aumento da captação e
utilização dos recursos hídricos nas atividades praticadas nas bacias hidrográficas, dentre elas
a olericultura e fruticultura irrigada e o abastecimento doméstico dos habitantes da bacia.

5.1.4 Qualidade da água

O córrego Capão Comprido e o ribeirão Rodeador são enquadrados como corpos d’água
de Classe 2 (CRH, 2014), águas que podem ser destinadas: à irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a
ter contato direto, à aquicultura e à atividade de pesca, à recreação de contato primário e ao
abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional (CONAMA, 2005).

As estações fluviométricas contam com dados de sedimentos e leituras relacionadas a


materiais em suspensão, entretanto tais informações são limitadas a leituras mensais e possui
falhas relevantes. A bacia do Capão Comprido conta com leituras que datam entre os meses de
setembro de 2013 a novembro de 2020, já a bacia do Rodeador, com dados entre fevereiro de
2013 a julho de 2018.

Os gráficos abaixo apresentam os valores de material em suspensão correlacionados à


vazão do curso d’água do mesmo dia, sendo a Figura 42 relativa à bacia do Capão Comprido e
a Figura 43 à bacia do Rodeador, respectivamente.

Figura 42 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do córrego Capão Comprido
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).

96
Figura 43 - Gráfico dos dados de material em suspensão e vazão do ribeirão Rodeador
(Hidroweb/ANA e Rede Caesb).
Os dois maiores valores de material em suspensão observados na bacia do Capão
Comprido aconteceram nos meses de janeiro de 2018, com 39 mg/L e janeiro de 2016, 28
mg/L, ressalta-se que as vazões em ambos períodos, 0,076 m³/s e 0,114 m³/s, estavam bem
abaixo da média do mês, 0,366 m³/s.

A bacia do Rodeador apresenta o valor mais elevado de materiais em suspensão no dia


17 de dezembro de 2014, com 154 mg/L e vazão de 4,9 m³/s, que corresponde a mais que o
dobro da vazão média mensal, 2,29 m³/s, essa alta pode ser correlacionada também a alta das
chuvas no mesmo período, que no mesmo dia contabilizou 38mm.

No que tange aos dados de monitoramento de nutrientes, a Escola Corporativa da Caesb


repassou unicamente informações relativas à bacia do Capão Comprido relacionadas a
Nitrogênio Total (Figura 44) e Fósforo Total (Figura 45), divididos em dois períodos, o
primeiro que vai do ano de 1976 a 1992 e o segundo de 2013 a 2020.

Figura 44 - Concentrações de nitrogênio total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb).


A Resolução CONAMA 357 de 2005 estabelece que cursos d’água de classe 2 com o
nitrogênio como fator limitante para a eutrofização, o parâmetro nitrogênio total não deve
ultrapassar 2,18 mg/L em ambientes lóticos. A análise dos dados de monitoramento revelou

97
que apenas a amostra de outubro de 1986 ultrapassou o limite determinado na legislação.
Observa-se valores mais acentuados no período de 1976 a 1992 do que no período de 2013 a
2020, contudo, segundo informações do laboratório da Caesb, essa acentuação pode ser
justificada pela alteração da metodologia de análise no último período.

Figura 45 - Concentrações de fósforo total no córrego Capão Comprido (Rede Caesb).


No que se refere às concentrações de fósforo total, a legislação estabelece o valor
máximo para cursos d’água de classe 2 de 0,1 mg/L em ambientes lóticos em geral e 0,05 mg/L
em tributários diretos de ambiente lêntico. Considerando que o córrego Capão Comprido
deságua no Reservatório do Descoberto, analisou-se os dados no limite de 0,05 mg/L. Assim,
as concentrações de fósforo total ficaram acima do limite estabelecido em 21 dias (7%),
destacando-se o maior valor em 20 de janeiro de 2016, com 0,39 mg/L.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS USOS DO SOLO E DA ÁGUA

5.2.1 Captação e uso dos recursos hídricos

As outorgas de uso de recursos hídricos emitidas pela Adasa dividem-se por tipo, classe
de captação e finalidade. No que tange à classe de captação, essa fragmenta-se em dois
segmentos: captações subterrâneas (l/h) e captações superficiais (l/s). As captações
subterrâneas são subdividas por sua estrutura em poços manuais e poços tubulares e são
realizadas por meio de estruturas de bombeamento da água. As captações superficiais são
realizadas diretamente em nascentes e em cursos d’água, geralmente são efetuadas por meio
de bombeamento, contudo também podem ocorrer via gravidade como no caso dos canais de
irrigação.

Quanto à finalidade da captação, as outorgas abrangem as finalidades de: abastecimento


humano, irrigação, dessedentação de animais, piscicultura, uso industrial, dentre outras. Cada

98
outorga pode contemplar mais de uma finalidade, sendo uma referente à atividade principal e
as demais complementares.

Há ainda a segmentação de outorgas por tipo: (i) registro de uso, para captações
consideradas insignificantes (até 1 l/s - superficial; 5.000 l/dia - poços manuais); (ii) outorga
de uso, para captações que não se enquadram como insignificantes; (iii) outorga prévia, para
captações que ainda serão instaladas, esse tipo de outorga é mais comum na modalidade
subterrânea, visando à perfuração de poços.

Conforme comunicado no capítulo atinente à metodologia, a base de dados de outorga


teve como fonte a Adasa e as informações contidas contam com as outorgas emitidas até final
do ano 2020.

A Figura 46 apresenta as outorgas superficiais e subterrâneas na bacia do Capão


Comprido, bem como a localização de dois canais de irrigação principais: Capão Comprido 1
e Capão Comprido 2. Já a Figura 47 apresenta os mesmos elementos para a bacia do Rodeador,
com os principais canais de irrigação: Rodeador, Jatobazinho, Cristal e Guariroba.

Figura 46 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica do


córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021)

99
Figura 47 - Outorgas superficiais e subterrâneas e canais de irrigação na bacia hidrográfica do
ribeirão Rodeador - DF (Adasa - maio de 2021).

As características de cada bacia, como o número total de outorgas, a segmentação em


captações subterrâneas e superficiais, os valores de vazões médias, as finalidades principais,
entre outros, encontram-se mais bem especificadas nos subitens seguintes. É fundamental
enfatizar que a bacia possui captações de água ainda não regularizadas sem suas respectivas
outorgas de direito de uso, principalmente as captações subterrâneas, contudo, não foi possível
nesse estudo localizá-las nem as quantificar, deste modo é imperativo considerar que a real
vazão captada nas bacias é superior a vazão outorgada levantada junto à Adasa.

5.2.1.1 Outorgas - bacia do Capão Comprido

A bacia do Capão Comprido possui 172 pontos outorgados, onde 145 são captações
subterrâneas - que totalizam uma vazão captada de 10.043 m³/dia - e 27 são captações
superficiais - com vazão captada total de 16.416 m³/dia.

No que tange às captações subterrâneas, a Figura 48 traz a localização dos pontos


outorgados categorizados segundo sua finalidade principal e vazão outorgada, já a Tabela 22

100
exibe a quantidade de pontos outorgados, vazão total e vazão média considerando a finalidade
principal presente na outorga.

A vazão total de captações subterrâneas outorgadas é de 418.477 l/h. Dentre os pontos


outorgados, 58% têm como finalidade principal o abastecimento humano, 30% a irrigação, 9%
a criação de animais, 1,5% as agroindústrias de hortaliças processadas e 1,5% outras, que
abrange principalmente a atividade de piscicultura. Entretanto, percebe-se que mesmo com
quantidade de pontos outorgados superior, o abastecimento humano é o que possui a menor
vazão média, isso se explica, pois, essa finalidade é a que compreende a menor demanda
hídrica, ou seja, detém os menores valores de vazão máxima outorgada. Destaca-se um ponto
outorgado com a finalidade de criação de animais, com vazão de 15.200 l/h, a maior vazão
subterrânea outorgada, esse é um empreendimento avícola que conta com mais de 5 galpões de
criação de aves, porém a vazão apresenta-se muito elevada, o que pode indicar erro no repasse
das informações por parte da Adasa.

Figura 48 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia


hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa - maio de 2021).

101
Tabela 22 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Capão Comprido considerando
sua finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Subterrâneas - Capão Comprido
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/h) outorgado (l/h)
Abastecimento
84 173.652 2.067
Humano
Criação de animais 13 55.797 4.292

Indústria 2 8.048 4.024

Irrigação 44 174.180 3.958

Outras 2 6.800 3.400

Quanto ao tipo de outorga, 47 das captações são registros de uso, ou seja, captações
consideradas insignificantes, geralmente realizadas por meio de poços manuais. As demais
outorgas são 10 prévias e 88 outorgas de uso de recurso hídrico. Assim, 32% das captações
subterrâneas na bacia possuem vazões insignificantes segundo a legislação (< 5.000 l/dia em
poços manuais), dentre essas a maioria (77%) possui a finalidade de abastecimento humano. É
conhecido que a população da região tem preferência para a utilização de fonte de água
subterrânea para consumo humano e utilização doméstica, pois acredita-se que a qualidade
dessa é superior em comparação a fontes superficiais, devido a inferior suscetibilidade à
contaminação.

Em relação às captações superficiais na bacia, a Figura 49 mostra os pontos outorgados


com sua finalidade e categoria de vazão e, de forma a complementar as informações, a Tabela
23 informa as vazões totais e médias outorgadas por tipo de finalidade principal.

Tabela 23 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Capão Comprido considerando


sua finalidade principal (Adasa – maio 2021).
Outorgas Superficiais - Capão Comprido
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/s) outorgado (l/s)
Abastecimento
9 2,95 0,33
Humano
Criação de animais 2 1,90 0,95

Indústria - - -

Irrigação 14 165,61 11,83

Outras 2 20 10

102
Figura 49 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF (Adasa – maio de 2021)
As captações superficiais outorgadas na bacia contabilizam uma vazão total de 190,46
l/s. Dentre os pontos outorgados, diferentemente das captações subterrâneas, a maioria das
captações tem por finalidade principal a irrigação, seguida pelo abastecimento humano, a
criação de animais e outras, como a piscicultura. A maior vazão média por ponto outorgado é
igualmente a da irrigação, com valor de 11,83 l/s por ponto outorgado, contudo cabe ressaltar
que a bacia possui três pontos de captação de canais de irrigação (Capão Comprido 1 e 2), que
abastecem um quantitativo maior de propriedades rurais e possuem vazões captadas que vão
de 22 a 34 l/s. Considerando que cada canal abastece cerca de 15 propriedades, a vazão média
por ponto modifica-se para 3,76 l/s.

No que se refere às vazões consideradas insignificantes, 10 das 27 outorgas se


enquadram como registro de uso, ou seja, captam até 1 l/s, dessas, 7 possuem como finalidade
principal o abastecimento humano.

Ressalta-se que, comparando a vazão média total do córrego Capão Comprido


ponderada por esse estudo, de 210 l/s, com a vazão máxima total outorgada, 190 l/s, observa-
se que 90% da vazão média encontra-se outorgada. Contudo, cabe destacar que no ato de

103
outorga emitido pela a Adasa a vazão é diferenciada mensalmente, porém nesse estudo só foi
utilizada a vazão máxima outorgada, ressalta-se também que a agência possui maior acesso e
melhor conhecimento sobre as vazões atuais dos cursos d’água da bacia.

5.2.1.2 Outorgas - bacia do Rodeador

A respeito da bacia do Rodeador, há o total de 539 pontos outorgados, sendo 423 deles
referente às captações subterrâneas - que contabilizam 27.959 m³/dia outorgados - e 116 pontos
são captações superficiais - com 92.171 m³/dia de vazão máxima outorgada.

A Figura 50 conjuntamente com a Tabela 24 exibem informações relacionadas às


outorgas subterrâneas na bacia, como a localização e o montante de pontos outorgados, suas
finalidades principais e vazão outorgada.

Figura 50 - Outorgas subterrâneas categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia


hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021).

104
Tabela 24 - Informações de outorgas subterrâneas na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Subterrâneas - Rodeador
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/h) outorgado (l/h)
Abastecimento
171 210.280 1.230
Humano
Criação de animais 18 73.470 4.082

Indústria 3 22.550 7.517

Irrigação 225 834.863 3.710

Outras 6 23.815 3.969

As captações subterrâneas outorgadas na bacia correspondem a uma vazão total de


1.164.978 l/h. A finalidade que possui o maior somatório de vazão captada é a de irrigação,
que conta com 71% do total da vazão outorgada na bacia, tendo como vazão média 3.710 l/h
em seus 225 pontos. A segunda maior utilização é referente à finalidade de abastecimento
humano, com 18% da vazão total e com 171 pontos outorgados, contudo, da mesma maneira
que na bacia do Capão Comprido, essa finalidade é a que possui menor vazão média por ponto
outorgado. Destaca-se na bacia o uso industrial que conta com apenas 3 pontos outorgados,
porém possui a maior média de vazão por ponto captado, 7.517 l/h, isso é devido a existência
de uma indústria de água mineral na região, a qual sozinha detém outorga de 12.800 l/h, os
outros dois empreendimentos são agroindústrias de polpa de fruta com vazão outorgada de
aproximadamente 4.500 l/h cada. Assim como no Capão Comprido a finalidade “outros”
abarca principalmente a atividade de piscicultura.

Quanto ao tipo de outorga, 97 das captações são classificadas como registro de uso
devido a seu uso insignificante, e, do mesmo modo que a bacia do Capão Comprido, sua grande
maioria (85%) compreende a finalidade de abastecimento humano.

No que se refere às captações superficiais, as informações contidas na Figura 51 e na


Tabela 25 apresentam os pontos outorgados, sua quantificação, finalidade principal, sua vazão
média e também a vazão total outorgada na bacia.

105
Tabela 25 - Informações de outorgas superficiais na bacia do Rodeador considerando sua
finalidade principal (Adasa – maio de 2021).
Outorgas Superficiais - Rodeador
Pontos Vazão Total Vazão média por ponto
Finalidade principal
Outorgados (n°) outorgada (l/s) outorgado (l/s)
Abastecimento
25 30,65 1,23
Humano
Criação de animais 9 10,89 1,21

Indústria 2 5,84 2,92

Irrigação 67 1.014,76 15,15

Outras 13 4,66 0,36

Figura 51 - Outorgas superficiais categorizadas por vazão e finalidade principal na bacia


hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Adasa – maio de 2021)
A vazão superficial total outorgada contabiliza 1.066,79 l/s. A finalidade que possui
maior número de pontos outorgados e igualmente a maior vazão total é a irrigação que conta
com 67 captações que acumulam uma vazão de 1.041,76 l/s, mais de 95% do total outorgado

106
na bacia. A irrigação na bacia do Rodeador possui uma vazão média maior que a bacia do
Capão Comprido, de aproximadamente 3,3 l/s, isso pode ser justificado devido a bacia do
Rodeador possuir propriedades rurais de extensões superiores às presentes no território do
Capão Comprido e também devido a presença de canais de irrigação mais significativos. A
bacia abrange 4 canais de irrigação: Cristal, Guariroba, Jatobazinho e Rodeador, sendo esses
dois últimos responsáveis pelas maiores captações outorgadas, com 210 l/s e 260 l/s,
respectivamente. O canal do Jatobazinho conta com cerca de 50 usuários e o do Rodeador por
volta de 100 usuários, considerando esses como pontos outorgados a vazão média altera-se
para 3,5 l/s.

De modo geral, as demais finalidades também apresentaram vazões superficiais médias


maiores que as da outra bacia, excetuando-se a finalidade “outras”, que apresentou a menor
média, ressalta-se que a atividade principal dessa finalidade é igualmente a piscicultura, mas a
desigualdade de valores é provavelmente a extensão dos tanques de peixe e sua estrutura.

Quanto às vazões insignificantes presente na classe de registro de uso, 45% das outorgas
possuem captação inferior ao 1 l/s, e dessas 36% têm a finalidade principal de abastecimento
humano e 27% de irrigação.

Comparando-se a vazão média total do ribeirão Rodeador ponderada por esse estudo
(1.540 l/s), com a vazão máxima total outorgada (1.067 l/s), observa-se que 70% da vazão
média encontra-se outorgada, percentual menor do que o observado na bacia do Capão
Comprido.

5.2.2 Cenários de uso do solo

Conforme visto no subtópico precedente, a região apresenta características


essencialmente rurais. Observa-se a dinamicidade da produção agrícola mesmo em um curto
período de tempo, a qual é capaz de impactar no comportamento hidrológico do território. A
composição de cenários de uso de solo ao longo dos anos contribui para a compreensão de suas
repercussões no ciclo hidrológico, principalmente quanto à disponibilidade de água.

5.2.2.1 Uso do solo - bacia do Capão Comprido


Os mapas de uso do solo alusivos a cada cenário foram elaborados via vetorização
manual em diferentes escalas, a depender da qualidade de cada aerofotografia ou imagem de
satélite. A Tabela 26 exibe a evolução da ocupação territorial nos últimos 60 anos.

107
Tabela 26 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do
córrego Capão Comprido (DF).
1964 1980 2009 2019
Uso do solo
Área % Área % Área % Área %

1 Mata de Galeria 65,99 3,95 69,46 4,16 53,25 3,19 67,61 4,05

Cerrado
2 1124,04 67,30 771,63 46,20 50,96 3,05 39,78 2,38
(Savana)
Cerrado
3 355,71 21,30 179,59 10,75 372,48 22,30 360,95 21,61
(Campo)
Grandes
4 114,70 6,87 363,15 21,74 157,06 9,40 155,77 9,33
Culturas
5 Fruticultura - - 21,99 1,32 87,46 5,24 96,25 5,76

6 Olericultura - - 145,16 8,69 448,45 26,85 290,39 17,38

7 Pastagem - - 23,10 1,38 278,37 16,67 329,52 19,74

8 Silvicultura - 64,67 3,87 46,03 2,76 100,79 6,04

9 Água - - 0,62 0,04 5,57 0,33 8,00 0,48

Estrada não
10 9,19 0,55 19,87 1,19 14,63 0,88 18,74 1,12
pavimentada
Estrada
11 - - 2,10 0,13 8,14 0,49 8,72 0,52
Pavimentada
Benfeitorias-
12 0,45 0,03 8,74 0,53 139,64 8,36 186,36 11,16
Agrovila
13 Solo exposto - - - - 8,04 0,48 7,20 0,43

Área - em hectare (ha) / % - porcentagem total do uso na bacia

As figuras 52 a 55 ilustram de maneira mais categórica o uso e ocupação do solo para


cada um dos cenários na bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido. Conjuntamente,
apresenta-se uma breve interpretação e explanação das mudanças observadas entre os períodos,
correlacionadas com informações averiguadas quanto ao uso do solo à época analisada.

108
Figura 52 - Uso do solo ano de 1964 - Bacia Capão Comprido (Imagem base: Fotos aéreas
Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).

O uso do solo referente ao ano de 1964 manifesta a alta incidência de áreas de vegetação
nativa, decorrendo em mais de 90% de sua área, sendo 67% de cerrado senso restrito (savana)
com a presença considerável de árvores e arbustos.

As atividades agrícolas presentes consistiam basicamente no cultivo de grandes culturas,


como milho, cultivadas em sequeiro na época chuvosa e encontradas prioritariamente às
margens do curso d’água, devido à qualidade do solo e acesso à água. A criação de gado estava
presente na área, contudo a formação de áreas de pastagem não era uma prática comum, sendo
aproveitada a pastagem natural da própria vegetação do cerrado.

As áreas de benfeitorias não puderam ser observadas com nitidez, identificou-se apenas
parcelas iniciais da agrovila do Incra 08 e também uma reduzida quantidade de estradas.

109
Figura 53 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).

O ano de 1980 desde logo manifesta a consolidação da ocupação agrícola e o


parcelamento do solo em propriedades individuais, sobretudo na região próxima ao curso
d’água. Identifica-se novas classes de atividade, como a olericultura e a fruticultura, contudo o
cultivo em sequeiro de grandes culturas continua mais evidente e em área mais abrangente,
observa-se agora áreas de pastagens cultivadas e também manchas de silvicultura, sendo a mais
significante a área da Pro-Flora, que atualmente é a Floresta Nacional de Brasília.

Existe, ainda, parcela relevante de áreas de vegetação nativa, correspondendo a mais da


metade da bacia, contudo cerca de 40% a menos do que a observada no cenário anterior. No
que tange às benfeitorias, foi possível identificar a localização de quintais e moradias, bem
como áreas de reservatórios de água. A extensão de estradas é superior e conta com algumas
vias pavimentadas.

110
Figura 54 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan).

A mudança temporal de quase 30 anos entre o cenário 2 e 3 confirma a utilização


agropecuária da região, a qual agora apresenta um maior número de propriedades rurais, porém
em menores extensões. A atividade predominante é a olericultura, não obstante é perceptível
também a evolução da fruticultura.

Quanto às áreas de vegetação nativa, essas não atingem sequer 30% da extensão da bacia,
sendo agora predominante a vegetação campestre, que geralmente é identificada em locais mais
declivosos da bacia ou então resultante do raleamento de fitofisionomias de cerrado savana.

A amplitude da feição benfeitoria, referente a moradias e parte de quintais, alargou-se


consideravelmente quando somadas, passando de 135 ha e correspondendo a mais de 8% da
bacia, o número de reservatórios de água para apoio à produção irrigada também foi ampliado
e parte das estradas foram pavimentadas.

111
Figura 55 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A /
INPE ).
Quanto ao último e mais recente cenário, observou-se a estabilização da extensão total
de vegetação nativa, porém um leve aumento na extensão da mata de galeria, o que pode ser
resultado das ações de conservação e recuperação de APPs presente na bacia desde o ano de
2010, dentre elas o Projeto Descoberto Coberto.

Constatou-se um acréscimo de quase 3% da área total da bacia correspondente a classe


“benfeitorias”, o que manifesta o crescimento do parcelamento e impermeabilização do solo.
Observou-se um irrisório aumento de áreas de fruticultura e larga diminuição de áreas de
olericultura, o que pode estar diretamente ligado às ações de controle da “Crise Hídrica” dos
três anos anteriores e o receio dos produtores rurais no investimento em cultivos irrigados.

A área de silvicultura presente na bacia dobrou em extensão e a área de pastagem também


teve um crescimento considerável.

112
5.2.2.2 Uso do solo - bacia do Rodeador

Assim como a bacia do Capão Comprido, os quatro cenários de uso do solo confirmam a
expansão exponencial da atividade antrópica na bacia ao passar dos anos. A Tabela 27 exibe a
evolução da ocupação territorial.

Tabela 27 - Área e porcentagem de cada cenário de uso do solo na bacia hidrográfica do


ribeirão Rodeador (DF).
1964 1980 2009 2019
Uso do solo
Área % Área % Área % Área %

1 Mata de Galeria 445,78 3,94 276,16 2,44 543,47 4,81 545,50 4,82

Cerrado
2 2884,35 25,51 1484,21 13,13 1027,11 9,08 896,65 7,93
(Savana)
Cerrado
3 6383,46 56,45 4327,98 38,27 1839,01 16,26 1805,13 15,96
(Campo)
Grandes
4 1498,78 13,25 1599,71 14,15 1740,83 15,39 1796,10 15,88
Culturas
5 Fruticultura - - 177,74 1,57 453,00 4,01 514,38 4,55

6 Olericultura - - 1138,61 10,07 1646,63 14,56 1784,26 15,79

7 Pastagem - - 2092,45 18,50 2511,92 22,21 2602,00 23,01

8 Silvicultura - 31,96 0,28 1072,61 9,49 787,30 6,96

9 Água - - 3,56 0,03 40,09 0,35 48,19 0,43

Estrada não
10 95,98 0,85 113,43 1,00 101,64 0,90 107,87 0,95
pavimentada
Estrada
11 - - - - 40,76 0,36 46,86 0,41
Pavimentada
12 Benfeitorias - - 62,54 0,56 282,79 2,50 369,00 3,26

13 Solo exposto - - - - 8,49 0,08 5,11 0,05

Área - em hectare (ha) / % - porcentagem total do uso na bacia

As figuras 56 a 59 ilustram de maneira mais categórica o uso e ocupação do solo para


cada um dos cenários na bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador. Conjuntamente, apresenta-
se uma breve interpretação e explanação das mudanças observadas entre os períodos,
correlacionadas com informações averiguadas quanto ao uso do solo à época analisada.

113
Figura 56 - Uso do solo ano de 1964 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: fotos aéreas Serviço Geográfico do Exército / GeoPortal).

A vegetação nativa é predominante nesse cenário, incidindo em 80% da bacia, sendo


dominante o cerrado campestre, como as fitofisionomias de Campo Limpo e Campo Sujo, onde
prevalece a vegetação herbácea, a qual possivelmente era utilizada como pastagem natural para
o gado.

A atividade agrícola, assim como na bacia do Capão Comprido, baseava-se no cultivo de


grandes culturas de sequeiro e localizada às margens dos cursos d’água. Identifica-se uma
capilaridade média de estradas, porém as mesmas possuíam percurso assimétrico, em virtude
da impossibilidade de passagem em áreas naturais como declives e áreas de brejos e vereda.

114
Figura 57 - Uso do solo ano de 1980 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: imagem aérea ortorretificada / Codeplan).

O cenário 2, referente ao ano de 1980, exibe a intensificação das atividades antrópicas na


bacia e o decréscimo da vegetação nativa, que passa para cerca de 50% da área total. Áreas
para pastagem exótica foram abertas, a atividade agrícola principal continua sendo o cultivo de
grandes culturas em sequeiro, contudo, a existência da atividade de fruticultura e olericultura
já pode ser observada.

Benfeitorias como casas e galpões já contabilizam mais de 62 hectares, o que demonstra


a ocupação territorial mais acentuada e a presença de propriedades rurais de áreas menores.

Diferente da bacia do Capão Comprido, o Rodeador ainda não possuía estradas


pavimentadas neste período e grande parte das não pavimentadas continua apresentando
percurso irregular.

115
Figura 58 - Uso do solo ano de 2009 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF
(Imagem base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A /
INPE ).
O cenário 3 apresenta a delimitação de novas propriedades rurais de áreas de 5 a 10
hectares, como o caso do assentamento Betinho na parte noroeste da bacia que conta com mais
de 200 chácaras. Duas grandes áreas de silvicultura ficam em evidência na bacia, sendo a maior
referente à Floresta Nacional de Brasília e a menor referente a área de reserva de propriedades
assentadas pelo Incra nos anos 80. Há o aumento acentuado da atividade de fruticultura, com
o acréscimo de mais de 250 ha considerando o último cenário e também da atividade de
olericultura, que totaliza mais de 1500 ha cultivados. As áreas de vegetação nativa reduziram
notavelmente, consistindo em 30% da bacia, entretanto observou-se o crescimento da
vegetação florestal, principalmente da mata ripária.

No que se refere às áreas de benfeitorias, é perceptível a amplificação do número de


moradias, galpões e construções de apoio às atividades rurais, todavia, já é possível identificar
na bacia um condomínio residencial com características de ocupação mais intensiva. Quanto
às estradas rurais, esse cenário apresenta certas vias de acesso pavimentadas, porém a maioria
ainda são estradas sem pavimentação asfáltica.

116
Figura 59 - Uso do solo ano de 2019 - bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador - DF (Imagem
base: imagem World Imagery Wayback / ESRI e Imagens de satélite CBERS-4A / INPE ).

O cenário atual revela como principal tópico a ampliação do número de benfeitorias e o


parcelamento do solo em pequenas propriedades, identifica-se ainda áreas de invasão e avanço
da extensão dos condomínios residenciais.

As atividades agropecuárias não apresentaram acréscimo significativo em suas áreas,


mantendo-se as mesmas porcentagens de ocupação da bacia do cenário anterior, isso pode ter
sido motivado pelas restrições de uso da água para a irrigação e impedimento de obtenção de
novas outorgas de água na região, ações que tiveram início no ano de 2016 e podem ter
contribuído nessa estagnação.

Referindo-se ainda a temática água, observa-se um elevado número de reservatórios


escavados e lonados, totalizando mais de 40 hectares quando somados, os quais são utilizados
para a irrigação de frutas e hortaliças. Uma das áreas de silviculturas que eram evidentes no
mapa do cenário anterior foi retirada e deu lugar a mais um assentamento de reforma agrária
na região. As áreas de vegetação nativa não passaram por mudanças consideráveis em sua área,
o que pode ser reflexo da consciência ambiental de sua população.

117
5.2.2.3 Mudanças e tendências observadas
A observação das mudanças do uso do solo divididas em três classes principais: Áreas
Preservadas, Uso Antrópico – Agropecuária e Uso Antrópico – Infraestrutura, auxiliou na
análise de tendência entre os períodos. As figuras 60 e 61 apresentam o gráfico de tendências
de mudanças na ocupação e utilização do solo nas bacias hidrográficas do córrego Capão
Comprido e do ribeirão Rodeador respectivamente.

Figura 60 - Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do


córrego Capão Comprido.

Figura 61- Gráfico de tendências de mudança de uso do solo na bacia hidrográfica do ribeirão
Rodeador.

A evolução do uso do solo em ambas bacias hidrográficas se comporta de maneira


semelhante, evidenciando um comportamento homogêneo da ocupação da área em toda região,
independente da dimensão da bacia estudada. Deste modo, desprende-se que as tendências aqui

118
observadas podem ser extrapoladas para a região a montante do reservatório do Descoberto
que apresenta características semelhantes de ocupação.

Verifica-se que as áreas naturais preservadas foram as que mais sofreram redução em sua
área total, principalmente quando comparados os três primeiros cenários. Fica evidente a
intensificação da conversão de áreas naturais para àquelas destinadas às atividades
agropecuárias até o ano de 2009. Todavia, observa-se a estagnação no quantitativo de área
usufruída pela agropecuária no último período (2009 a 2019), revelando até mesmo um
decréscimo de cerca de 3% de área total na bacia do Capão Comprido. Teixeira (2018) analisou
a ocupação da APA da Bacia do Descoberto entre os anos de 2011 e 2014 e também verificou
poucas alterações no uso da terra nesse período, o que indica a consolidação das atividades.

Da mesma maneira, ocorreu um estancamento na porcentagem de área referente à


conversão de áreas naturais. Tal resultado pode indicar a melhoria da conscientização
ambiental tanto da comunidade como os esforços dos órgãos públicos para a proteção
ambiental de remanescentes e com o desenvolvimento sustentável. Contudo, conforme
observado por Teixeira (2018), verifica-se a fragmentação da vegetação nativa e o isolamento
dos fragmentos, o que dificulta a efetividade da conservação da biodiversidade e a oferta de
serviços ecossistêmicos.

É perceptível a ampliação de áreas atinentes a implementação de infraestruturas e


benfeitorias, as quais são prováveis produtos de parcelamentos do solo e processos de
urbanização, denotando a especulação imobiliária fortemente presente na região. Assim,
assinala-se a tendência de aumento de urbanização e de taxas de impermeabilização do solo na
região, como já sinalizado por Torres (1997), que identificou taxas de expansão urbana de
aproximadamente 20% entre os anos de 1988 e 1995 na região da APA da Bacia do Descoberto.
Lima et al. (2019), da mesma forma, observaram desde o ano de 2016 uma maior incidência
de parcelamento de propriedades na bacia do Ribeirão Rodeador e, ainda, Silva (2015)
identificou o aumento do número de imóveis rurais menores que 2 ha na APA, mostrando o
aumento do parcelamento e a substituição gradativa das áreas agrícolas por áreas urbanas.

Importante salientar que muitos produtores rurais da região têm encontrado adversidades
na continuação do desenvolvimento das atividades agrícolas, principalmente após a “Crise
Hídrica” que anunciou e exprimiu a insegurança hídrica da região e o impacto econômico
negativo das medidas de controle que impedem a captação de água aos produtores irrigantes.
Procedimentos legais que limitam os valores de outorga de recursos hídricos ou que até mesmo

119
proíbem a expansão da atividade de irrigação enfraquecem a atividade agropecuária e
aumentam a especulação imobiliária e parcelamento irregular do solo.

5.3 MODELAGEM DAS BACIAS

5.3.1 Sub-bacias, HRUs e LSUs

A modelagem realizada no SWAT+ fornece certos produtos geoespaciais, sendo o


primeiro a segmentação da bacia em sub-bacias de drenagem. O segundo item é a inserção de
unidades de paisagem (LSU), as quais, a partir do modelo de elevação, divide a bacia em áreas
de várzea (floodplain) e áreas elevadas (upland). Essas unidades de paisagem, juntamente com
a base de dados de solo, uso do solo e elevação, são a matriz para a composição das Unidades
de Resposta Hidrológica (HRUs), que podem ser visualizadas espacialmente.

A Figura 62 exibe as sub-bacias geradas pelo modelo na bacia do Capão Comprido e


também a Unidade de Paisagem (LSU), a qual foi gerada pela opção buffer, que observa a
largura dos cursos d’água.

Figura 62 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do córrego Capão


Comprido (DF) geradas pelo modelo SWAT+.

120
A bacia do Capão Comprido foi subdividida em 5 sub-bacias, sendo a de maior extensão
a sub-bacia 5, com 474,47 hectares e a menor a sub-bacia 4 de 20,82 hectares. No que tange às
LSUs, foram geradas 188 unidades de paisagem que interligam as áreas altas com as mais
baixas.

A Figura 63 apresenta as sub-bacias e as unidades de paisagem (LSUs) geradas para a


bacia do Rodeador.

Figura 63 - Sub-bacias e unidades de paisagem da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador


geradas pelo modelo SWAT+.
Quanto à bacia do Rodeador, gerou-se 634 LSUs e 23 sub-bacias, essas possuindo área
média de 491,67 ha, sendo a maior a sub-bacia 22 com 1.900 ha. A simulação de cenários por
bacia resultou em um número total de HRUs variado, isso devido a diferenças de uso do solo
entre os períodos. Optou-se pela execução do modelo considerando todas as sub-bacias, HRUs
e LSUs. A Tabela 28 apresenta a quantidade de HRUs geradas pelo modelo na análise da bacia
e na simulação de cada cenário.

121
Tabela 28 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológicas simuladas em cada bacia.
Cenários HRUs - Capão Comprido HRUs - Rodeador
Cenário 1 - 1964 1.106 4.303
Cenário 2 - 1980 1.433 5.601
Cenário 3 - 2009 1.749 6.765
Cenário 4 - 2019 1.748 6.848

5.3.2 Modelagem inicial

A modelagem inicial foi executada considerando os cenários da bacia do Capão


Comprido, contou com a análise preliminar dos resultados obtidos realizada por comparação
gráfica e cálculo de coeficiente Nash-Sutcliffe (NSE), PBIAS e R², sem a execução da
calibração. Entretanto, o cenário 1 (1964) não passou por esse procedimento, devido à
inexistência de dados observados nesse período.

As figuras 64 a 67 apresentam a comparação dos dados de vazão diária observados com


os dados simulados nos três cenários de uso da bacia do Capão Comprido.

Figura 64 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no


período de 1965 a 1974.

Figura 65 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no


período de 1979 a 1988.

122
Figura 66 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no
período de 2001 a 2010.

Figura 67 - Vazões simuladas e observadas sem calibração do córrego Capão Comprido no


período de 2006 a 2015.
No que se refere à comparação entre as vazões simuladas e as observadas, o coeficiente
NSE de todos os cenários ficaram abaixo de 0 e o PBIAS obteve resultados entre 10 e 32, como
pode ser observado na Tabela 29. Segundo Moriasi et al. (2015), para a simulação de vazão
considerada satisfatória os valores de NSE devem ser maiores que 0,50, o PBIAS menores que
±15 e o R² maior que 0,60. Assim, a avaliação de desempenho foi considerada insatisfatória
nos três cenários.

Tabela 29 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários.


NSE Desempenho PBIAS Desempenh R² Desempenh
Cenário 2 -0,64 Insatisfatório 32,3 o
Insatisfatório 0,68 o
Satisfatório
Cenário 3 -0,77 Insatisfatório 10,89 Satisfatório 0,43 Insatisfatório
Cenário 4 -0,54 Insatisfatório 16,18 Insatisfatório 0,28 Insatisfatório

Já quanto à simulação de nutrientes, realizou-se a comparação e análise estatística de


nitrogênio total e fósforo total simulado e observado referente ao cenário 4, devido a base

123
limitada de dados observados. As figuras 68 e 69 exibem a comparação entre os dados
observados e os simulados referente à concentração de nutrientes.

Figura 68 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado córrego Capão Comprido.

Figura 69 - Concentração de fósforo total observado e simulados córrego Capão Comprido.

As concentrações de nitrogênio total simuladas para o período escolhido apresentaram


uma variação bem acentuada, com valores que variam de 0,0 a 9,87 mg/L, enquanto que as
concentrações observadas apresentam o valor máximo de 1,30 mg/L para o período. No que
tange às concentrações simuladas de fósforo total, essa alcançou o valor máximo simulado de
0,87 mg/L enquanto os dados observados não apresentam valores maiores que 0,39 mg/L para
o mesmo período, supõe-se que essa diferenciação seja resultado da não calibração do modelo.

Todos os critérios de avaliação de desempenho apresentaram valores considerados


insatisfatórios, como pode ser observado na Tabela 30.

Tabela 30 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P.


NSE Desempenho PBIAS Desempenho R² Desempenho
P total -13,91 Insatisfatório -327 Insatisfatório 0,06 Insatisfatório
N total -51,54 Insatisfatório -638 Insatisfatório 0,10 Insatisfatório

124
5.3.3 Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade realizada observou os parâmetros adaptados por Ferrigo


(2014) para a região. A análise foi obtida por meio de iterações pelo método Sobol (2001) e
seus resultados podem ser verificados nas figuras 70 a 72.

Figura 70 - Análise de sensibilidade - Cenário 2 (1980).

Figura 71 - Análise de sensibilidade - Cenário 3 (2009)

125
Figura 72 - Análise de sensibilidade - Cenário 4 (2019)

Os parâmetros awc, k e cn2 apareceram entre os mais sensíveis nos três cenários, todos
eles diretamente ligados a solo, fluxo de base e volume de escoamento.

Ressalta-se que a análise de sensibilidade só foi possível de ser realizada para os dados
de vazão, pois a ferramenta SWAT+ Toolbox somente realiza a análise de Fósforo e Nitrogênio
divididos em sua fração mineral e orgânica, os quais não foram disponibilizados os dados
observados.

5.3.4 Calibração

A calibração do modelo foi realizada de forma automática no SWAT+ Toolbox por meio
do algoritmo Dynamically Dimensioned Search (DDS) com iterações visando maximizar a
função objetivo NSE, a partir dos dados observados de vazão diária.

Ressalta-se que a calibração foi realizada apenas para a bacia hidrográfica do Capão
Comprido, observando os períodos citados na Tabela 15, de modo a replicá-la na bacia
hidrográfica do Rodeador. A análise contou com o total de 3644 valores de vazões diárias
referente ao cenário 2 e 3645 valores de vazões diárias para os cenários 3 e 4. Os valores
resultantes da calibração estão apresentados na Tabela 31 e demonstrados graficamente nas
figuras 73 a 76.

126
Tabela 31 - Parâmetros e valores de calibração resultantes para os três cenários na bacia
hidrográfica do Capão Comprido.
Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Parâmetro Método
(1980) (2009) (2019)
alpha substituição 0,014 0,71 0,004
revap_co substituição 0,021 0,02 0,022
cn2 porcentagem -26,739 -25,36 -29,884
esco substituição 0,486 0,509 0,401
awc porcentagem -14,286 -13,112 -19,125
k porcentagem 0,176 0,146 60,958

Figura 73 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1965 a 1974 - após
processo de calibração.

Figura 74 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 1979


a 1988 - após processo de calibração.

127
Figura 75 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2001
a 2010 - após processo de calibração.

Figura 76 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2006


a 2015 - após processo de calibração.

Com base na simulação com o emprego dos valores de melhor ajuste, observa-se uma
melhor adaptação dos dados de vazão simuladas com os de vazão observadas. Quanto aos
critérios de avaliação, verificou-se os novos valores dos coeficientes de eficiência NSE, PBIAS
e R², apresentados na Tabela 32. Contudo, ressalta-se que nem todos os critérios avaliaram
como satisfatório o desempenho do modelo (MORIASI et al., 2015).

Tabela 32 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários.


NSE Desempenho PBIAS Desempenho R² Desempenho
Cenário 2 0,35 Insatisfatório 0,88 Muito bom 0,68 Satisfatório

Cenário 3 0,15 Insatisfatório 13,77 Satisfatório 0,39 Insatisfatório

Cenário 4 0,502 Satisfatório 16,09 Insatisfatório 0,44 Insatisfatório

128
5.3.5 Verificação do modelo para a bacia do Capão Comprido

A verificação do modelo para a bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido observou


os períodos listados na Tabela 15. Destaca-se que para o cenário 1 foram utilizados os valores
provenientes da calibração do cenário 2. As figuras 77 a 80 apresentam os gráficos de
comparação entre a vazão simulada e observada e a Tabela 33, os valores obtidos dos critérios
de avaliação e seu desempenho calculado.

Figura 77 - Vazões simuladas do córrego Capão Comprido no período de 1975 a 1979.

Figura 78 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 1989


a 1993 - verificação.

Figura 79 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2001


a 2010 - verificação.

129
Figura 80 - Vazões simuladas e observadas do córrego Capão Comprido no período de 2006
a 2015 - verificação.

Tabela 33 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários.


NSE Desempenho PBIAS Desempenho R² Desempenho
Cenário 2 0,17 Insatisfatório 32,3 Insatisfatório 0,30 Insatisfatório

Cenário 3 -0,20 Insatisfatório 27,38 Insatisfatório 0,43 Insatisfatório

Cenário 4 0,18 Insatisfatório -2,14 Satisfatório 0,41 Insatisfatório

As figuras 81 e 82 apresentam os gráficos de comparação entre nitrogênio e fósforo total


observados e simulados, respectivamente, e a Tabela 34, os valores obtidos dos critérios de
avaliação e seu desempenho calculado.

Figura 81 - Concentração de nitrogênio total observado e simulado do córrego Capão


Comprido no período de 2013 a 2020 - verificação.

130
Figura 82 - Concentração de fósforo total observado e simulado do córrego Capão Comprido
no período de 2013 a 2020 - verificação.

Tabela 34 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para nutrientes N e P.


NSE Desempenho PBIAS Desempenho R² Desempenho
P total -42,98 Insatisfatório -431 Insatisfatório 0,11 Insatisfatório

N total -3,11 Insatisfatório -339 Insatisfatório 0,58 Satisfatório

5.3.6 Verificação do modelo para a bacia do Rodeador

A bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador não passou por processo de calibração


específica, dessa maneira, a verificação do modelo para a bacia deu-se por meio da aplicação
dos valores calibrados para a bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido, inclusive para o
cenário 1 com o uso de valores calibrados para o cenário 2.

As figuras 83 a 86 apresentam os gráficos de comparação entre a vazão simulada e


observada e a Tabela 35, os valores obtidos dos critérios de avaliação e seu desempenho
calculado.

Figura 83 - Vazões simuladas do ribeirão Rodeador no período de 1975 a 1979.

131
Figura 84 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 1989 a 1993 -
verificação.

Figura 85 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2011 a 2015


- verificação.

Figura 86 - Vazões simuladas e observadas do ribeirão Rodeador no período de 2016 a 2020 -


verificação.
Tabela 35 - Critérios de avaliação de desempenho calculados para os três cenários.
NSE Desempenho PBIAS Desempenho R² Desempenho
Cenário 2 -1,09 Insatisfatório -18,45 Insatisfatório 0,23 Insatisfatório
Cenário 3 -0,157 Insatisfatório 13,39 Satisfatório 0,43 Insatisfatório
Cenário 4 0,24 Insatisfatório 6,77 Bom 0,36 Insatisfatório

132
Os valores dos critérios de avaliação de desempenho para a verificação foram todos
insatisfatórios em ambas as bacias (MORIASI et al., 2015), apresentando maior discrepância
quando verificado os componentes Nitrogênio Total e Fósforo Total, que não passaram por
calibração específica.

Brighenti (2015) descreve que a calibração e a verificação de funções objetivos tende a


apresentar valores mais satisfatórios quando individualizada a análise e a simulação dos dados
separados em anos úmidos e em anos secos.

Entende-se, assim, que os valores dos critérios de avaliação de desempenho obtidos


podem ser aperfeiçoados e melhorados, principalmente considerando a importância da escolha
da série histórica, com acesso a um conjunto de dados observados mais confiável (nutrientes),
a continuidade de verificação de parâmetros mais sensíveis e sua amplitude de valores, bem
como a utilização de softwares de análise de sensibilidade e de calibração automática mais
amigáveis e adaptados, visto que o SWAT+ Toolbox se mostrou incipiente na configuração de
parâmetros para análise de sensibilidade e na aplicação de dados observados mais complexos
para calibração.

Ressalta-se que, mesmo com resultados considerados insatisfatórios para calibração e


verificação, esses não invalidam o emprego da modelagem hidrológica no que tange a
observação de comportamentos hidrológicos de uma bacia a partir de alterações no manejo e
de uso do solo e da água, objetivo desse estudo.

5.3.7 Simulação do uso do solo e impactos no balanço hídrico

A simulação no SWAT+ resulta na visualização de dados e valores relativos a parâmetros


que compõem o ciclo hidrológico da bacia hidrográfica, dentre eles: precipitação,
evapotranspiração, escoamento superficial, escoamento sub-superficial, percolação,
capilaridade, fluxo de retorno e recarga de aquífero profundo. As figuras 87 e 88 representam
o ciclo hidrológico médio simulado a partir do modelo calibrado para cada um dos cenários e
em cada uma das bacias hidrográficas objetos desse estudo. As tabelas 36 e 37 exibem um
resumo dos valores, em milímetros (mm), das principais propriedades do ciclo hidrológico
relativas a cada cenário de uso do solo de cada uma das bacias hidrográficas da área de estudo,
de forma a correlacionar as mudanças na ocupação do território e a evolução do comportamento
hidrológico entre os períodos.

133
Figura 87 - Ciclo hidrológico médio simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos
da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF).

Tabela 36 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio


da bacia hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cada cenário de uso do solo.
Bacia Hidrográfica - Córrego Capão Comprido
Componente do Ciclo
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Hidrológico
(a) Precipitação 1445,22 1600,69 1403,92 1454,57
(b) Evapotranspiração 1039,22 1010,87 927,79 905,89
(c) Escoamento Superficial 28,21 71,13 132,61 179,79
(d) Escoamento Sub-superficial 42,41 60,66 45,43 50,46
(e) Percolação 346,42 480,24 332,38 356,06
(f) Capilaridade 30,38 29,01 29,8 30,45
(g) Fluxo de retorno 572,39 833,01 548,87 588,11
(h) Recarga de aquífero profundo 18,18 18,18 18,18 18,18

134
Figura 88 - Ciclo hidrológico simulado pelo SWAT+ nos 4 cenários de usos distintos da
bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF).

Tabela 37 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico médio


da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cada cenário de uso do solo.
Bacia Hidrográfica - Ribeirão Rodeador
Componente do Ciclo
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Hidrológico
(a) Precipitação 1551,97 1621,03 1401,99 1413,71
(b) Evapotranspiração 999,53 1052,60 970,16 959,4
(c) Escoamento Superficial 77,80 85,16 76,76 89,39
(d) Escoamento Sub-superficial 51,64 59,46 45,86 46,78
(e) Percolação 439,62 447,10 341,33 348,63
(f) Capilaridade 30,45 29,02 29,80 30,48
(g) Fluxo de retorno 756,23 770,97 572,69 518,65
(h) Recarga de aquífero profundo 18,20 18,18 18,18 18,18

135
As proporções e valores de cada componente do ciclo hidrológico obtidos assemelham-
se em sua maioria aos resultantes do estudo de Ferrigo (2012), que simulou, dentre outras
bacias hidrográficas afluentes do reservatório Descoberto, as duas bacias objetos desse estudo
no período de 2005 a 2013. Diferencia-se os valores absolutos obtidos, principalmente os
referentes ao escoamento sub-superficial, percolação e taxas de evapotranspiração, contudo
isso pode ser explicado pelo período simulado que é distinto em cada cenário, o que interfere
diretamente nas médias resultantes.

Ferreira (2021) obteve valores de evapotranspiração que variam de 737 a 995 mm, a
partir da simulação no SWAT de uma bacia hidrográfica no cerrado com média incidência de
áreas protegidas, utilizando de diversas metodologias de cálculo de evapotranspiração
potencial e com precipitação similar as bacias hidrográficas deste estudo (1481 mm). Já Castro
(2013), obteve uma média de evapotranspiração de 620 mm do total precipitado, em uma bacia
hidrográfica de intensa produção agrícola e baixa incidência de áreas de vegetação nativa,
porém com precipitação inferior a observada neste estudo (1103 mm).

Verifica-se que a evolução do uso e ocupação do solo apresentadas pelos cenários, com
tendência de crescimento de atividades antrópicas e a diminuição de áreas de cobertura vegetal
naturais, correlaciona-se com os resultados do balanço hídrico e dos componentes do ciclo
hidrológico.

A diminuição de áreas de cobertura vegetal pode ser considerada a principal causa do


decaimento das taxas de evapotranspiração das bacias no decorrer dos anos. A urbanização de
áreas e a fragmentação de propriedades rurais correlaciona-se com o aumento considerável do
escoamento superficial e com a diminuição da percolação.

Também são observados nessa linha do tempo, resultados relativos à contribuição da


descarga dos aquíferos nos cursos d’água, também verificado no estudo referente a águas
subterrâneas da bacia do Rodeador realizado por Araújo (2018). Isso demonstra que a melhoria
e a consistência de áreas naturais interferem diretamente no fluxo do escoamento subterrâneo
e sub-superficial, o que impacta na regularidade das vazões disponíveis nos mananciais
superficiais durante todo o ano hidrológico. Ressalta-se que o cenário 2 (1980) apresentou
valores superiores ao cenário 1 (1964) quanto a esses dois componentes, contudo, aquele
cenário foi o que apresentou o maior valor médio de precipitação, chegando a 1621 mm na
bacia do Rodeador e 1600 mm na bacia do Capão Comprido, sendo que a precipitação média
anual de ambas as bacias não alcança 1500 mm. Essa variação na precipitação corrobora no
aumento proporcional dos demais componentes do ciclo hidrológico, inclusive nas taxas

136
contínuas de percolação, resultando na possível saturação do solo de forma mais contínua,
diminuindo a água infiltrada e aumentando as taxas de escoamento superficial.

Percebe-se um mesmo padrão de valores em ambas as bacias e em todos os cenários no


que se refere à recarga de aquífero profundo. Isso pode ser motivado pelo fato desses aquíferos
só receberem recarga na sua área de afloramento (fraturas) e também pelo equacionamento do
SWAT, em que a recarga do aquífero profundo é resultante de um coeficiente de percolação
baseado nas características pedo/geológicas. Ressalta-se que a água de recarga de aquífero
profundo não é ponderada nos futuros cálculos hídricos da bacia, sendo considerada como uma
perda no sistema (Nietsch et al., 2011). Visando melhores resultados na simulação de águas
subterrâneas no modelo, recomenda-se sua integração com outros modelos voltados
especificamente para água subterrânea, como o MODFLOW (Pereira, 2018; Araújo, 2018).

Salienta-se que a simulação dos cenários não abordou as captações superficiais e


subterrâneas de água, as quais, seguramente, impactam expressivamente no balanço hídrico
das bacias, principalmente nas vazões dos cursos d’água disponíveis (captações superficiais) e
na influência no volume de águas subterrâneas (aquíferos fraturado e poroso).

5.4 PARAMETRIZAÇÃO DE BANCO DE DADOS SWAT

5.4.1 Fertilizantes (Fertilizer Database)

A Tabela 38 apresenta a base de dados construída para utilização no modelo SWAT+,


conforme levantamento dos fertilizantes nitrogenados e fosforados mais usualmente
recomendados e aplicados no Distrito Federal.

Ressalta-se que a composição química do COL e do Lodo de esgoto são oriundas das
médias dos valores de Nitrogênio Amoniacal e Nitrogênio Kjeldahl, Ortofósforos e Fósforo
Total, além da relação referente às proporções minerais e orgânicas dos elementos. Utilizou-se
três análises físico-químicas de leiras do composto de lixo distintas e informação de
composição dos lodos de esgotos proveniente de duas análises laboratoriais de dois lotes de
lodo (2017 e 2018). Verificou-se notável diferença entre os teores de nitrogênio total, amônia
e fósforo total quando se compara entre si os lotes de lodo de esgoto e as leiras de COL, o que
manifesta a alta heterogeneidade entre eles.

137
Tabela 38 - Base de dados de fertilizantes configurada para utilização no SWAT+ na região.
Código FMIN FMIN FORG FORG FNH3
Descrição
SWAT N P N P N
02-20-18 02-20-18 0.020 0.088 - - -
04-14-08 04-14-08 0.040 0.062 - - -
04-30-16 04-30-16 0.040 0.132 - - -
05-25-15 05-25-15 0.050 0.110 - - -
10-10-10 10-10-10 0.100 0.044 - - -
20-00-20 20-00-20 0.200 - - - -
Ácido fosfórico ACID_FOS - 0.176 - - -
Fosfito de potássio FOSF_P - 0.118 - - -
Nitrato de cálcio NITRT_CA 0.150 - - - -
Nitrato de potássio NITRT_PO 0.130 - - - -
Salitre potássico do Chile SALITRE 0.150 - - - -
Sulfato de amônio SULF_NH3 0.200 - - - -
Superfosfato Simples SUPERFOS - 0.079 - - -
Termofosfato TERMFOS - 0.079 - - -
Ureia UREIA 0.440 - - - -
Cama de frango CAM_FRA 0.010 0.004 0.030 0.030 0.990
Esterco de bovinos EST_BOV 0.010 0.004 0.030 0.009 0.990
Esterco de suínos EST_SUIN 0.026 0.011 0.019 0.007 0.990
Composto de Lixo
COL 0.004 0.016 0.016 0.060 -
Urbano
Lodo de esgoto LODO 0.002 0.002 0.023 0.015 -
Composto de poda
PODA 0.002 0.000 0.008 0.000 -
urbana
Bokashi BOKASHI 0.005 0.010 0.018 0.041 -
FMINN: Fração de N mineral (NO3 e NH4) presente no fertilizante (kg min-N/kg fertilizante)
FMINP: Fração de P mineral presente no fertilizante (kg min-P/kg fertilizante)
FORGN: Fração de N orgânico presente no fertilizante (kg org-N/kg fertilizante)
FORGP: Fração de P orgânico presente no fertilizante (kg org-P/kg fertilizante)
FNH3N: Fração de N mineral presente no fertilizante aplicada como amônia (kg NH3-N/kg
fertilizante)

5.4.2 Implementos Agrícolas (Tillage Database)

O Apêndice C foi construído visando apresentar um catálogo dos implementos agrícolas


exemplificado com imagens retiradas da internet e tradução livre de seus nomes, de forma que
auxilie na identificação mais eficaz para configuração de base de dados de novos estudos,
baseado no que o Appendix A (ARNOLD et al., 2016) da documentação oficial do SWAT e
ASAE (1998b).

A partir do cruzamento das informações desse catálogo e o levantamento dos


implementos mais habitualmente utilizados na região do Distrito Federal, configurou-se a base
de dados tillage_til, conforme apresentado na Tabela 39.

138
Tabela 39 - Base de dados de implementos agrícolas utilizados no DF configurada para o
SWAT+ na região de estudo.
Implemento Código SWAT EFFMIX DEPTIL RANRNS
Enxada ENXADA 0.10 5 13
Arado ARADO 0.85 100 50
Arado aiveca AIVECA 0.95 150 30
Grade GRADE 0.55 100 40
Escarificador ESCARIF 0.30 150 20
Subsolador SUBSOLA 0.45 350 15
Rolo faca (plantio direto) ROLOFACA 0.20 25 5
Semeadora SEMEADOR 0.70 100 -
Enxada rotativa ROTATIVA 0.80 5 13
Encanteirador de rolo ENCROLO 0.25 50 5
Encanteirador de disco ENCDISCO 0.55 150 35
Rotoencanteirador ENCROTO 0.55 150 30
Sulcadora SULCADO 0.70 100 13
Roçadeira ROCADE 0.30 100 15
EFFMIX: Eficiência de mistura / DEPTIL: Profundidade de mistura (mm) / RANRNS: Rugosidade
(mm).

5.4.3 Irrigação (Irrigation Database)

A parametrização referente a irrigação foi dividida em duas bases de dados distintas


embasadas na eficiência dos sistemas de irrigação. A Tabela 40 refere-se à eficiência de
irrigação considerada ideal e presente na Resolução 18/2020 da Adasa (ADASA, 2020).

Tabela 40 - Base de dados referente à irrigação ideal configurada para o SWAT+ na região de
estudo.
IRRIGAÇÃO IDEAL
Descrição Código SWAT EFF SURQ DEP_MM SALT NO3 PO4
Aspersão
ASPERSAO 0.8 0.1 0 0 0 0
convencional
Pivô Central PIVO 0.85 0.1 0 0 0 0
Gotejamento GOTEJO 0.9 0 0 0 0 0
Sulco SULCO 0.6 0.2 100 0 0 0
Microaspersão MICRO 0.85 0.05 0 0 0 0
EFF: Eficiência do sistema de irrigação (0-1) / SURQ: Taxa de escoamento superficial (0-1) /
DEP_MM: Profundidade da irrigação (mm) / SALT: Concentração de sal (mg/Kg - ppm) / NO3:
Concentração de NO3 - nitrato (mg/Kg - ppm) / PO4: Concentração de PO4 - fosfato (mg/Kg - ppm)

A Tabela 41 considera a eficiência atual dos sistemas, construída junto aos engenheiros
agrônomos da Emater-DF.

139
Tabela 41 - Base de dados referente à irrigação atual configurada para o SWAT+ na região.
IRRIGAÇÃO ATUAL
Código
Descrição EFF SURQ DEP_MM SALT NO3 PO4
SWAT
Aspersão
ASPERSAO 0.60 0.15 0 0 0 0
convencional
Pivô Central PIVO 0.85 0.10 0 0 0 0
Gotejamento GOTEJO 0.85 0.05 0 0 0 0
Sulco SULCO 0.60 0.20 100 0 0 0
Microaspersão MICRO 0.80 0.10 0 0 0 0
EFF: Eficiência do sistema de irrigação (0-1) / SURQ: Taxa de escoamento superficial (0-1) / DEP_MM:
Profundidade da irrigação (mm) / SALT: Concentração de sais (mg/Kg - ppm) / NO3: Concentração de NO3 -
nitrato (mg/Kg - ppm) / PO4: Concentração de PO4 - fosfato (mg/Kg - ppm)
As concentrações de sais, nitrato e fosfato não foram definidas, visto que essas
concentrações podem variar pela qualidade da água utilizada como a fonte principal e,
igualmente, pode ser configurada nos casos onde há fertirrigação.
5.4.4 Práticas de Conservação do Solo (Management Database)

A Tabela 42, retratada a seguir, expressa as práticas de manejo habitualmente


empregadas na região e seu valor P (prática de manejo agrícola e conservação do solo)
considerando as classes gerais das culturas estipuladas por esse estudo. Ressalta-se que a
parametrização dessas práticas embasou-se principalmente em valores estabelecidos na região
pelo edital do Projeto Produtor de Água do Pipiripau (ADASA, 2021), considerando, também,
considerando os valores contidos no manual do SWAT+ (ARNOLD et al., 2016).

Tabela 42 - Práticas de manejo do solo e valores P da EUPS.


Descrição Código SWAT PFAC
Convencional convenc 1.00
Rotação de culturas rotacao 1.00
Plantio em nível (0-2%) nivel_0_2 0.30
Plantio em nível (2-8%) nivel_2_8 0.50
Plantio em nível (8-12%) nivel_8_12 0.60
Plantio em nível (12-20%) nivel_12_20 0.90
Terraços (0-2%) terracos_0_2 0.12
Terraços (2-8%) terracos_2_8 0.25
Terraços (8-12%) terracos_8_12 0.25
Terraços (12-20%) terracos_12_20 0.40
Plantio Direto plant_direto 0.10
Faixas vegetativas faixas 0.30
PFAC: Fator de Prática de Manejo Agrícola da EUPS.

140
5.4.5 Crescimento de Plantas (Plant Growth Database) e Urbano (Urban Database)

A base de dados urbana e também a de crescimento de plantas, formadas a partir do


agrupamento de bases de dados já existentes (FERRIGO, 2012; ARNOLD et al., 2016;
FERNANDES et al., 2012), encontra-se no Apêndice D, o qual exibe as principais espécies
cultivadas na região (item 5.2.2 - Perfil Agrícola) e também a base de classes gerais de uso
concebida para esse estudo e evidenciada no item 5.2.3 referente ao uso do solo. A Tabela 16
resume as culturas, as classes de vegetação nativa e aspectos urbanos aplicadas para a
modelagem das bacias.

5.4.6 Aplicação de banco de dados adaptado e análise dos resultados

A análise da aplicação de banco de dados SWAT+ adaptado adotou como uso do solo as
culturas agrícolas específicas mais comuns na região (Tabela 16) e não mais as classes de
cultivo, as quais foram subdivididas. Assim, as classes de uso do solo passaram de 10 classes
gerais para 25 culturas específicas no total. Inseriu-se no modelo os principais fertilizantes
químicos nitrogenados e fosfatados aplicados em cada espécie de cultivo (Apêndice A).

A separação das classes de cultivo por espécies cultivadas resultou em um número


diferente de HRUs em cada uma das bacias hidrográficas, como relatado na tabela 43. Ressalta-
se que, para a simulação da aplicação do banco de dados, foi utilizado como referência o uso
do solo do ano de 2019 (Cenário 4).

Tabela 43 - Quantidade de Unidades de Resposta Hidrológica por divisão e subdivisão de


classe de uso.
Uso do solo Capão Comprido Rodeador
Classes gerais de uso do solo 1.748 6.848
Subdivisão em cultivos agrícolas específicos 3.697 14.212

Enfatizou-se a análise dos ciclos de nutrientes no SWAT+, devido a inserção de


fertilizantes, de forma a possibilitar uma análise comparativa dos resultados com o uso do
banco de dados adaptado. Como a calibração por qualidade não obteve o sucesso desejado, a
análise empregada baseou-se, precipuamente, na comparação dos componentes do ciclo de
cada nutriente e seu comportamento nos exutórios das bacias, em substituição à análise de
valores absolutos obtidos ao final do processo de modelagem.

As tabelas 44 e 45 apresentam os valores médios observados pelo período simulado


referente às principais respostas dos componentes do ciclo de nitrogênio e do ciclo de fósforo,

141
respectivamente.

Tabela 44 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Nitrogênio.


Ciclo do Nitrogênio (Kg/ha)
Capão Comprido Ribeirão Rodeador
Componentes
Padrão Adaptado Padrão Adaptado
(a) Mineralização 0,99 7,76 1,24 9,09
(b) Desnitrificação 0,78 1,59 0,99 1,94
(c) Absorção da planta 0,01 0,07 0,01 0,10
(d) Transição entre estável e ativo -12,27 -10,79 -12,24 -10,42
(e) Total de N 0 22,81 0 28,06
Tabela 45 - Valores em kg/ha de componentes do Ciclo do Fósforo.
Ciclo do Fósforo (Kg/ha)
Capão Comprido Ribeirão Rodeador
Componentes
Padrão Adaptado Padrão Adaptado
(a) P Fertilizante Orgânico 0,08 0,08 0,05 0,04
(b) Mineralização 0,51 1,20 0,62 1,62
(c) P Fertilizante Inorgânico -0,24 4,18 -0,27 3,82
(d) Transição entre estável e ativo -0,32 3,33 -0,32 3,09
(e) Total de P 0 15,16 0 15,19
Mesmo na simulação com dados considerados “padrão”, ou seja, no qual não foram
definidas contribuições via fertilizantes, há a incidência de valores iniciais de ambos nutrientes.
Isso se explica, pois, o próprio SWAT define valores padrão relativos aos níveis iniciais
comuns dos reservatórios de nitrogênio e fósforo, quando esses não são definidos
manualmente.

Verifica-se a variação dos valores entre o banco de dados “padrão” e o “adaptado” em


ambas bacias e no ciclo de ambos elementos. Entretanto, os índices observados para o ciclo do
nitrogênio se mostraram mais significativos do que quando comparado com o ciclo do fósforo,
isso pode ser justificado devido à composição química dos fertilizantes dispostos e também a
quantidade introduzida do mesmo. Essa dissemelhança pode ser percebida na Tabela 38 e
igualmente no apêndice A. Ressalta-se ainda que o nitrogênio é considerado um elemento
altamente reativo, o que impacta na sua mobilidade entre os reservatórios.

Examinando os componentes do ciclo do nitrogênio, identifica-se que a aplicação de


fertilizantes nitrogenados afeta diretamente seus níveis e valores totais. A bacia do Capão
Comprido recepcionou a taxa média de 22,81 kg/ha, sendo que cerca de 30% foi mineralizado
e a absorção da planta aumentou em 7 vezes quando confrontado com o “padrão”. A bacia do
Rodeador apresentou a média de 28,06 kg/ha de nitrogênio total, sendo também por volta de

142
30% mineralizado e quase 40% fixado e a absorção da planta aumentou em 10 vezes. Percebe-
se, ainda, a alta mobilidade do elemento quando observado os valores de transição de estável
para ativo.

Quanto aos componentes do ciclo do fósforo, não foram observadas disparidades


consideráveis nas taxas de fósforo orgânico, porém quando analisado os valores referentes ao
inorgânico esses são bastante significativos. As taxas mineralizadas aproximam-se de 10% do
total aplicado, sendo que a aplicação de fertilizantes fosfatados na bacia do Capão Comprido
apresenta taxa média de 15,16 kg/ha e na bacia do Rodeador 15,19 kg/ha. A baixa mobilidade
do elemento é capaz de ser reparada pelos valores de transição de estável para ativo.

Quando observado as concentrações de nitrogênio total e fósforo total no exutório do


curso d’água principal de cada bacia (córrego Capão Comprido e ribeirão Rodeador),
igualmente se faz perceptível a variação dos valores quando comparado o retorno da simulação
de cada banco de dados utilizado.

As figuras 89 a 92 apresentam a carga mensal total de nitrogênio e a sua média mensal


entre o período de 2010 e 2020, no exutório da bacia.

Figura 89- Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.

Figura 90 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.

143
Figura 91 - Gráfico comparativo das cargas mensais de nitrogênio total (Kg) entre os anos
2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.

Figura 92 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de nitrogênio total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.
Nota-se que, quando se insere o uso de fertilizantes, as cargas totais de nitrogênio são
mais significativas, apresentando picos acentuados e pontuais, ocorrendo em dimensões
diferentes ao decorrer dos anos, contudo apresentando o mesmo padrão de comportamento,
com curva mais elevada durante o período chuvoso.

As figuras 93 a 96 apresentam a carga mensal total de nitrogênio e a sua média mensal


entre o período de 2010 e 2020, no exutório das bacias.

Figura 93- Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos 2010 a
2020 - córrego Capão Comprido.

144
Figura 94 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 - córrego Capão Comprido.

Figura 95 - Gráfico comparativo das cargas mensais de fósforo total (Kg) entre os anos 2010
a 2020 – ribeirão Rodeador.

Figura 96 - Gráfico comparativo das cargas médias mensais de fósforo total (Kg) entre os
anos 2010 a 2020 – ribeirão Rodeador.
No que tange às cargas de fósforo, essas apresentaram valores ainda mais elevados
quando comparado o uso dos diferentes bancos de dados, ostentando picos extremamente
acentuados de cargas mensais acumuladas quando inseridas as informações de uso de
fertilizantes. A curva apresenta aclive no início do período chuvoso, com dois picos principais
nos meses de janeiro e março, que podem ser correlacionados à alta das precipitações e,

145
consequentemente, à elevação das vazões disponíveis. Após o período chuvoso ocorre o
declive que também é enfático, tendendo a concentrações com valores próximos a zero.

Acredita-se que os picos mensais elevados (constando valores de 3 a 5 mil Kg de P nos


meses de janeiro, março e abril no ribeirão Rodeador) sejam equivocados e possam decorrer
de incorreções ou distorções no processo de modelagem, possivelmente resultantes da inserção,
pelo modelo, do momento da aplicação do fertilizante, pois o mesmo considera uma aplicação
direta e única, a depender da redução do nutriente disponível no solo, sendo que na agricultura,
essa aplicação pode ser fracionada e em épocas diferentes a depender do cultivo agrícola.

Silva (2016) realizou análise similar de carga mensal de nutrientes, calculada por meio
do modelo SWAT, provenientes da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador divididas em
nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato e fósforo total. A apreciação dos padrões temporais dos
nutrientes foi equivalente, com cargas baixas e picos no período de chuva e ocorrendo
diferenças significativas nas magnitudes e nas durações dos picos ao longo dos anos.

Salienta-se que ambas bacias deste estudo são contribuintes de um ambiente lêntico e de
relevante interesse comum que é o Reservatório do Descoberto, que tem seu uso voltado para
o abastecimento público de significativa parcela da população do DF. Assim, aconselha-se a
utilização racional e congruente de fertilizantes na região, visto que sua utilização imprópria
pode alterar os níveis de nitrogênio e fósforo no reservatório, acarretando em sua eutrofização
e impossibilitando seu uso para o abastecimento humano ou aumentando o custo do tratamento
da água para distribuição.

5.5 SIMULAÇÃO DE CENÁRIOS DE PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DE SOLO

5.5.1 Simulação do balanço hídrico de cenários conservacionistas e convencionais

A simulação de cenários de práticas conservacionistas e convencionais contaram também


com proposições de mudanças no uso do solo. As figuras 97 e 98 ilustram o cenário de uso do
solo conservacionista (recuperação de APP, conservação de vegetação nativa e adoção de boas
práticas) das bacias hidrográficas do Capão Comprido e do Rodeador, respectivamente, já as
figuras 99 e 100 apresentam o cenário de continuidade de expansão de áreas de benfeitorias,
apontando uma possível expansão urbana, e a não adoção de práticas aperfeiçoadas para o
adequado uso do solo.

146
Figura 97 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do córrego Capão Comprido (DF).

Figura 98 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de manejo


de solo na bacia do córrego Capão Comprido (DF) e aumento de área urbanizada.

147
Figura 99 - Cenário de uso do solo com adição de práticas de conservação de água, solo e
recuperação de vegetação nativa na bacia do ribeirão Rodeador (DF).

Figura 100 - Cenário de uso do solo com configuração de práticas convencionais de manejo
de solo na bacia do ribeirão Rodeador (DF) e aumento de área urbanizada.

148
De modo geral, quando comparados o uso do solo dos dois cenários, observa-se o
acréscimo de 3% nas áreas preservadas quando considerado o cenário conservacionistas e 4%
na cobertura de uso referente à infraestrutura, sobretudo as benfeitorias, no cenário
convencional. Todavia, as áreas de uso agropecuário não sofreriam grandes alterações,
mantendo seus percentuais de uso. As figuras 101 e 102 exibem as porcentagens de uso do solo
para os cenários convencionais e conservacionistas de ambas as bacias.

Figura 101 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -


Bacia hidrográfica Capão Comprido.

Figura 102 - Porcentagens de uso do solo para cenários convencional e conservacionista -


Bacia hidrográfica ribeirão Rodeador.

149
Acerca da simulação hidrológica, de forma a proporcionar uma visão prospectiva da
evolução das bacias hidrográficas, o período aplicado para a execução do modelo abordou o
intervalo do começo do ano de 2006 ao final do ano de 2030, focando seus resultados aqui
apresentados no intervalo de janeiro de 2020 a dezembro de 2030, precipuamente em valores
médios anuais e mensais.

Ressalta-se que a adição de informações relativas ao uso de fertilizantes fosfatados e


nitrogenados foi exitosa, bem como a configuração de práticas de manejo. Contudo, a
configuração dos parâmetros de irrigação entre ideal e atual, bem como a incorporação de
dados de captação de água não foram bem-sucedidas devido a falhas estruturais do próprio
modelo que não foram sanadas pela equipe SWAT+ a tempo.

A resposta das simulações alusivas ao contraste dos cenários de práticas e manejo de


cada bacia hidrográfica, no que tange aos componentes do ciclo hidrológico, podem ser
observadas nas tabelas 46 e 48.
Tabela 46 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da bacia
hidrográfica do córrego Capão Comprido (DF) para cenários conservacionista e convencional.
Bacia Hidrográfica - Capão Comprido
Componente do Ciclo Cenário Cenário
Variação
Hidrológico Conservacionista Convencional
(a) Precipitação 1408,5 1408,5 *
(b) Evapotranspiração 955,02 920,59 -4%
(c) Escoamento Superficial 149,94 195,1 30%
(d) Escoamento Sub-superficial 53,94 54,58 1%
(e) Percolação/Infiltração 260,66 249,69 -4%
(f) Capilaridade 30,05 30,05 *
(g) Fluxo de retorno 422,83 400,43 -5%
(h) Recarga de aquífero profundo 23,43 22,32 -5%

Tabela 47 - Valores simulados (mm) de parâmetros componentes do ciclo hidrológico da bacia


hidrográfica do ribeirão Rodeador (DF) para cenários conservacionista e convencional.
Bacia Hidrográfica - Rodeador
Componente do Ciclo Cenário Cenário
Variação
Hidrológico Conservacionista Convencional
(a) Precipitação 1414,41 1414,41 *
(b) Evapotranspiração 1037,2 1013,84 -2%
(c) Escoamento Superficial 67,71 95,94 42%
(d) Escoamento Sub-superficial 57,43 55,85 -3%
(e) Percolação/Infiltração 271,33 263,69 -3%
(f) Capilaridade 29,96 29,96 *
(g) Fluxo de retorno 439,49 429,25 -2%
(h) Recarga de aquífero profundo 24,27 23,76 -2%

150
Tabela 48 - Razões entre componentes do balanço hídrico e ciclo hidrológico nos cenários
conservacionista e convencional das bacias.
Capão Comprido Rodeador
Razões (Balanço hídrico)
Conservacionista Convencional Conservacionista Convencional
Deflúvio / Precipitação 0,44 0,46 0,40 0,41
Fluxo de base / Fluxo total 0,76 0,70 0,88 0,83
Escoamento superficial / Fluxo Total 0,24 0,30 0,12 0,17
Evapotranspiração / Precipitação 0,68 0,65 0,73 0,72

Percebe-se que o emprego de práticas conservacionistas impacta no aumento dos índices


de evapotranspiração (2 a 4%), isso, presumivelmente, devido à conservação de vegetação
nativa e recuperação de APPs e zona tampão, o que implica em um maior índice de cobertura
vegetal. Da mesma maneira, verifica-se o incremento das taxas de percolação/infiltração do
solo (3 a 4%) e inclusive na recarga do aquífero profundo (2 a 5%), podendo ser fundamentado
pela adoção de técnicas como terraços, plantio direto e curvas de nível, os quais destinam-se
exatamente para a diminuição da velocidade do escoamento superficial e a distribuição da água
no solo de forma prolongada, o que contribui com a recarga dos aquíferos, como mostra os
valores dos componentes atinentes às águas subterrâneas, inclusive impactando na recarga de
aquífero profundo.

No que faz referência ao escoamento superficial, reforça-se a ocorrência de valor mais


expressivo no cenário convencional do que no cenário conservacionista, com variação de 30 a
42%, em contraponto este último cenário possui maiores valores de percolação/infiltração e
evapotranspiração, que corresponde por cerca 70% do total da água precipitada na bacia. Tal
dado é extremamente relevante para a observação e suposição do comportamento hídrico de
uma bacia hidrográfica, pois com valores de escoamento superficial superiores presume-se uma
maior incidência de acontecimentos de eventos de cheias na época chuvosa e atenuação e
decréscimo de vazões disponíveis nos cursos de água nos períodos de seca. Isto afeta
diretamente atividades agropecuárias, principalmente àquelas que necessitam de acesso à água
para garantia de produtividade, como é o caso da agricultura irrigada e a criação de animais.

Quando comparado os cenários conservacionista e convencional, quanto ao regime de


vazões médias mensais dos exutórios de cada bacia hidrográfica, percebe-se valores mais
acentuados no cenário convencional, como pode ser interpretado nas figuras 103 e 104, o que
indica que em função da diminuição da infiltração nesse cenário, em consequência da maior
compactação do solo, aumenta-se os níveis de escoamento superficial.

151
Figura 103- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e conservacionista
para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Capão Comprido.

Figura 104- Vazão média mensal simulada para os cenários convencional e conservacionista
para o período de 2020 a 2030 - bacia hidrográfica do Rodeador.
De modo geral, percebe-se em ambas as bacias que o comportamento da vazão do curso
d’água comporta-se de maneira semelhante, com picos ligeiramente mais acentuados nos
cenários convencionais.

Ressalta-se novamente que a vazão simulada não incluiu as captações de água e a


utilização do recurso hídrico para irrigação, as quais impactam significativamente em seu
comportamento. Araújo (2008) realizou a inserção de captações subterrâneas na modelagem
da bacia hidrográfica do ribeirão Rodeador e observou o reflexo no hidrograma de fluxo de
base, o qual se apresentou mais adequado às vazões observadas.

5.5.2 Visualização de resultados simulados – SWAT+

Com o propósito de conferir e examinar a ferramenta de visualização dos resultados


oferecida pelo software SWAT+, efetuou-se a comparação dos cenários utilizando como base
geoespacial os canais geolocalizados, as unidades de paisagem (LSU) e as unidades de
respostas unitárias (HRU).

152
5.5.2.1 Canais de escoamento geolocalizados
A partir da apreciação dos resultados gerados em formato de canais geolocalizados,
considerando valores médios anuais de vazão para o período de 2020 a 2030, não se verificou
distinção visual relevante entre os cenários nas duas bacias, conforme exibido nas figuras 105
e 106 (Capão Comprido) e figuras 107 e 108 (Rodeador).

Figura 105 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 106 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

153
Figura 107 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 108 - Média anual (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de cada canal -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.

154
Contudo, quando analisadas as vazões máximas mensais, verifica-se tênue diferenciação
nos valores de determinados canais geolocalizados. Na bacia do Capão Comprido, o cenário
convencional apresenta 5 canais com valores de vazão mensal máxima superiores ao cenário
conservacionista, sendo três localizado na sub-bacia 1, um na sub-bacia 3 e um na sub-bacia 5
(figuras 109 e 110). Já quanto a bacia do Rodeador, as faixas de vazão mensal máxima são
nitidamente semelhantes, atentando-se apenas a um canal com faixa de valor díspar,
pertencente à sub-bacia 6 (figuras 111 e 112), proveniente do cenário conservacionista.

Figura 109- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 110- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

155
Figura 111 - Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 112- Máxima vazão mensal (2020 a 2030) referente a valores de vazão de saída de
cada canal - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

156
5.5.2.2 Unidades de paisagem (LSU)
Observando o comportamento do balanço hídrico das bacias pela diferenciação de
cenários a partir de outro componente geolocalizado do SWAT+, as unidades de paisagem
(LSU), percebe-se a diferenciação dos componentes hídricos pelas áreas de maior altitude
(upland) e aquelas mais próximas aos cursos d’água (floodplain).

Ressalta-se que as unidades de paisagem classificadas como upland contam com


superfícies de maiores dimensões, abrangendo um maior percentual da área total das bacias do
que as floodplain. As porcentagens de cada unidade de paisagem e sua área média em cada
bacia encontra-se descrita na Tabela 49.

Tabela 49 - Percentual das bacias e área média das classes de unidade de paisagem nas bacias
do Capão Comprido e Rodeador.
Unidades de Paisagem - LSU
Bacia Hidrográfica Upland Floodplain
Porcentagem da bacia 93% 7%
Capão Comprido
Área média 16,50 ha 1,23 ha
Porcentagem da bacia 92% 8%
Rodeador
Área média (ha) 33,17 ha 2,82 ha
Assim, considerando os componentes do balanço hídrico, analisou-se a diferenciação do
comportamento desses em ambas bacias a partir de suas unidades de paisagem,
fundamentando-se em componentes determinantes como o escoamento superficial, a
percolação da água no solo e a evapotranspiração.

As figuras 113 a 116 referem-se às médias anuais de escoamento superficial em cada


unidade de paisagem, e a tabela 50 contém valores médios desse por classe de LSU.

Tabela 50- Balanço Hídrico, componente Escoamento Superficial (mm), média anual
considerando as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas
(período 2020 a 2030).
Escoamento Superficial (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 183,08 183,44
Capão Comprido
Conservação 140,81 161,36
Convencional 94,60 141,35
Rodeador
Conservação 64,71 107,75

157
Figura 113 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 114 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

158
Figura 115 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador- Cenário Convencional.

Figura 116 - Média anual referente ao escoamento superficial de cada unidade de paisagem
(LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.

159
De maneira geral, constata-se os índices mais elevados nos cenários convencionais,
sendo superiores nas unidades de paisagem floodplain em ambos os cenários e bacias. Quando
se aprecia as médias anuais entre as unidades de paisagem, há distinção significativa entre os
valores médios provenientes das uplands do que os das floodplain, sendo mais acentuados em
ambos cenários da bacia do Rodeador e no cenário conservacionista da bacia do Capão
Comprido. Entretanto, o cenário convencional da bacia do Capão Comprido não apresenta
diferenciação significativa entre as unidades de paisagem, isso pode ser consequência da
ocupação da bacia, onde a maior parte das benfeitorias se encontra nas áreas mais elevadas, o
que, consequentemente, eleva a compactação do solo nesses locais.

Os cenários conservacionistas apresentam uma diminuição dos índices de escoamento


em ambas classes de unidades de paisagem, sendo essa diminuição mais elevada nas áreas de
upland. Tal fato indica que, considerando o balanço hídrico das bacias, essas taxas estão,
possivelmente, se convertendo em infiltração, escoamento sub-superficial ou ainda
evapotranspiração, devido ao aumento de área vegetada e adoção de práticas de manejo.

Quando se analisa a geolocalização, as unidades de paisagem que apresentam a coloração


alaranjada indicam as maiores médias anuais. Grande parcela encontra-se em área de relevo
plano a suave ondulado e de latossolo vermelho-escuro ou vermelho-amarelo, contudo, quando
contempla-se o uso do solo, verifica-se que são áreas com maior incidência da classe de
“benfeitorias”, o que justifica disporem de valores mais acentuados de escoamento superficial
do que os de áreas de cambissolo com relevo ondulado, porém com uso de cerrado campestre
ou pastagem terraceada. No caso da bacia do ribeirão Rodeador, por exemplo, as LSUs
laranjadas coincidem com a localização de um dos maiores condomínios da região.

De maneira a realizar essa constatação analisou-se também o comportamento


hidrográfico das unidades de paisagem quanto ao componente evapotranspiração. As figuras
117 a 120 e a tabela 51 referem-se as médias anuais referente às taxas de evapotranspiração.

Tabela 51- Balanço Hídrico, componente Evapotranspiração (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (2020 a 2030).
Evapotranspiração (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 939,16 1036,34
Capão Comprido
Conservação 990,86 1045,80
Convencional 1074,80 1163,46
Rodeador
Conservação 1098,15 1177,96

160
Figura 117- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 118- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

161
Figura 119- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 120- Média anual referente à evapotranspiração de cada unidade de paisagem (LSU) -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.

162
Verifica-se, em contraponto com os índices de escoamento superficial, o crescimento de
taxas voltadas à componente evapotranspiração nos cenários conservacionistas, justificado
principalmente pela melhoria do manejo do solo e também pelo incremento de vegetação
nativa.

Quando contrastado as unidades de paisagem, as áreas de floodplain apresentam as taxas


mais acentuadas do que as áreas mais elevadas (uplands), devido, sobretudo, a recuperação de
vegetação nativa do tipo mata ciliar e as áreas de várzea e vereda distribuídas à margem dos
cursos d’água.

Já no que se refere a geolocalização das unidades de paisagem, onde as áreas


apresentadas em azul escuro correspondem às maiores médias anuais de evapotranspiração e
em grande parte correspondem as áreas de cobertura de vegetação nativa e também da classe
de uso “grandes culturas”.

Verificou-se também os índices anuais de percolação, como pode ser observado na


Tabela 52 e nas figuras 121 a 124, que apresentam os valores e o comportamento das LSU de
cada bacia quanto à componente percolação e suas médias anuais.

Tabela 52- Balanço Hídrico, componente percolação (mm), média anual - unidades de
paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período 2020 a 2030).
Percolação (mm)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 224,77 182,81
Capão Comprido
Conservação 232,31 195,45
Convencional 246,00 168,32
Rodeador
Conservação 251,22 159,41
Da mesma maneira que a evapotranspiração, os cenários conservacionistas apresentaram
valores superiores aos convencionais, os índices médios anuais de percolação salientam o
contraponto do balanço hídrico das bacias, revelando a incidência e permanência do recurso
hídrico no solo, o que atinge, diretamente, a quantidade de água subterrânea, especialmente nos
níveis freáticos.

No que tange às unidades de paisagem, as maiores médias encontram-se nas áreas


elevadas (uplands), contudo quando se observa os dados individuais de cada unidade de
paisagem (figuras 120 e 122), os valores mais elevados apresentam-se nas unidades floodplain
e em uplands com uso e ocupação classificado como “pastagem” tendo como manejo a adoção

163
de terraços em sua extensão.

Quanto a geolocalização, as unidades de paisagem que apresentam as maiores médias


anuais de percolação (azul escuro) coincidem com às áreas de relevo mais suave.

Figura 121 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 122 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

164
Figura 123 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 124 - Média anual referente a percolação em cada unidade de paisagem (LSU) - Bacia
do Rodeador - Cenário Conservacionista.

165
Deste modo, é possível inferir que, de modo geral, a adoção de práticas conservacionistas
não irá impactar diretamente e significativamente na amplificação das vazões dos cursos
d’água disponíveis para captações superficiais, visto que as maiores vazões se deram nos
cenários convencionais. Contudo, permite a melhoria das condições da bacia hidrográfica,
sobretudo quanto à disponibilidade hídrica das águas subterrâneas, com o aumento de água no
solo e de taxas de infiltração, o que provavelmente irá ampliar, mesmo que de forma leve, as
vazões superficiais em meses considerados mais secos e o armazenamento de aquíferos, os
quais podem ser utilizados como fonte de água alternativa nos períodos de escassez do recurso
superficial.

No tocante à observação dos resultados em unidades de paisagem, destaca-se que para


esse estudo foi utilizada apenas uma das metodologias de delimitação disponíveis no SWAT+
(Rathjens et al., 2016), a qual enfatiza as áreas marginais aos cursos d’água como uma
paisagem diferenciada. Cabe ressaltar que, alguns cursos d’água do DF podem não apresentar
essa variação de planície de inundação, devido a sua proximidade com as áreas de nascente e
por apresentarem um leito bem delimitado, encaixado entre as margens. Assim, é considerável
que outros estudos apliquem e analisem as demais técnicas de delimitação, visando identificar
a que melhor se adapta à realidade regional e a representação de seu comportamento
hidrológico.

5.5.2.3 Sedimentos
Considera-se ainda que a elevada taxa de escoamento superficial e os picos de vazão
podem se correlacionar com o desprendimento e carreamento de solos desprotegidos,
corroborando com uma maior produção de sedimentos na bacia hidrográfica e provável
deposição em cursos d’água, avançando os níveis de assoreamento desses.

A simulação proveniente do SWAT+ reproduziu o comportamento dos sedimentos na


bacia em ambos cenários, as figuras 125 e 126 trazem a representação ilustrativa dos resultados
do SWAT+, os quais se referem a componentes relevantes para a produção de sedimentos. Já
as tabelas 53 e 54 apresentam os valores resultantes.

166
Figura 125 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos
observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do Capão
Comprido.

Figura 126 - Representação ilustrativa dos componentes de produção de sedimentos


observados e simulados no modelo hidrológico SWAT+ (tradução livre) – bacia do
Rodeador.

167
Tabela 53 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Capão Comprido (DF).
Bacia Hidrográfica - Capão Comprido
Cenário Cenário
Componentes
Conservacionista Convencional
Produção média de sedimento em áreas mais
(a) 0,23 0,41
elevadas da paisagem (ton/ha)
Valor máximo de produção de sedimentos no
(b) 10,31 78,97
período simulado (ton/ha)
(c) Deposição de sedimentos no canal (ton/ha) 4,79 5,99
(d) Escoamento superficial anual (mm/ano) 149,94 195,10
*ton/ha: tonelada por hectare

Tabela 54 - Valores de produção de sedimentos gerados pela simulação via SWAT+ na bacia
do Rodeador (DF).
Bacia Hidrográfica - Rodeador
Cenário Cenário
Componentes
Conservacionista Convencional
Produção média de sedimento em áreas mais
(a) 0,12 0,33
elevadas da paisagem (ton/ha)
Valor máximo de produção de sedimentos no
(b) 41,10 134,29
período simulado (ton/ha)
(c) Deposição de sedimentos no canal (ton/ha) 0,27 0,18
(d) Escoamento superficial anual (mm/ano) 67,71 95,94
*ton/ha: tonelada por hectare

No que tange à incidência de sedimentos, a diminuição da taxa de escoamento superficial


e o aumento da taxa de infiltração/percolação interferem diretamente no decréscimo de geração
de sedimentos na bacia. Assim, com a adoção de práticas de manejo de água e solo e com a
garantia de maiores áreas de cobertura vegetal natural, pode-se observar uma diminuição
acentuada na produção de sedimentos nas bacias hidrográficas. A bacia hidrográfica do córrego
Capão Comprido apresentou valores máximos mais brandos do que a bacia do Rodeador, e
quando comparado os cenários e seus valores máximos, percebe-se que se atenuaria a produção
de sedimentos nesses pontos máximos em menos 68 ton/ha na bacia do Capão Comprido e em
93 ton/ha na bacia do ribeirão Rodeador.

Áreas de altitude mais elevada podem diminuir de 35 a 55% a produção de sedimentos


com emprego do manejo ideal. Verifica-se que as taxas de deposição de sedimentos no canal
são maiores no Capão Comprido do que no Rodeador, o que indica que aquele possui maior
probabilidade, no geral, de assoreamento de seu leito, porém podendo ser amenizado em
aproximadamente 20% quando adotado um cenário mais conservacionista.

Analisou-se também a produção de sedimentos considerando as unidades de paisagem,


conforme exposto pelas figuras 127 a 130 e pela tabela 55.

168
Figura 127 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 128 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

169
Figura 129 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 130 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada unidade de
paisagem (LSU) - Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.

170
Tabela 55- Média anual de produção de sedimentos em toneladas por hectare, considerando
as unidades de paisagem em cada cenário construído para as bacias hidrográficas (período
2020 a 2030).
Produção de sedimentos (ton/ha)
Bacia Hidrográfica Cenário Upland Floodplain
Convencional 0,38 0,51
Capão Comprido
Conservação 0,19 0,15
Convencional 0,33 0,73
Rodeador
Conservação 0,06 0,03

Desprende-se que o cenário convencional apresenta no geral uma taxa de produção de


sedimentos bem mais intensa que o cenário conservacionista com altas médias anuais nas duas
classes de unidades de paisagem.

Ambas as bacias diminuíram os valores de produção média de forma mais acentuada nas
áreas de floodplain, que, no cenário convencional apresenta valores maiores do que a unidade
upland, porém no conservacionista revela valores mais brandos que essa. Assim, denota-se que
a preservação e o incremento de vegetação nativa nas áreas de preservação permanente estão
diretamente correlacionados com a atenuação da produção de sedimentos.

Semelhantemente, ocorre a atenuação da produção de sedimentos nas uplands, sendo


essa correlacionada à adoção das melhores práticas agrícolas de conservação de solo, visto que
nas áreas mais elevadas é onde predomina a produção agropecuária nas bacias hidrográficas.

Quando apreciadas as figuras, nota-se a uniformidade da produção de sedimento nos


cenários conservacionistas. Contudo, os cenários convencionais expõem as localidades onde a
produção de sedimentos anuais é mais enfática, sendo: as uplands e floodplains localizadas na
sub-bacia 16 do Rodeador, área de maior declive da bacia; parte das uplands das sub-bacias 1
e 3 do Capão Comprido, também relacionadas ao relevo mais ondulado; e, por fim, as
floodplains da sub-bacia 5 do Capão Comprido, que além de correlato relevo declivoso está a
jusante da maior área de solo exposto da bacia.

De maneira a correlacionar o uso do solo com a produção de sedimentos, construiu-se


também mapas classificando tal produção às unidades de respostas hidrológicas (HRU) (figuras
131 a 134).

171
Figura 131 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Convencional.

Figura 132 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Capão Comprido - Cenário Conservacionista.

172
Figura 133 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Convencional.

Figura 134 - Média anual referente a valores de produção de sedimentos de cada HRU -
Bacia do Rodeador - Cenário Conservacionista.

173
Observando a resposta em formato de HRUs, verifica-se que as áreas com declive
acentuado e com solo exposto ou compactado (benfeitorias/quintais) são as que apresentam
maiores valores de produção de sedimentos, mas que podem ser amenizados com o uso de
práticas de conservação do solo e com a recuperação de áreas de preservação permanente às
margens dos cursos d’água.

Strauch et al. (2013), aplicando o SWAT em bacia distrital pertencente a mesma região
hidrográfica das bacias objeto desse estudo, similarmente verificaram que a adoção de práticas
conservacionistas impacta no decréscimo das vazões superficiais e também na atenuação da
quantidade de sedimento presente nos cursos d’água, sendo que tal atenuação é mais eficiente
com a utilização de práticas mecânicas, como a implantação de terraços, do que algumas
práticas vegetativas ou edáficas, como a rotação de culturas.

Assim, compreende-se que a adoção de práticas conservacionistas, de modo geral,


impacta positivamente na qualidade dos recursos hídricos das bacias hidrográficas e,
consequentemente, gera a atenuação do assoreamento dos cursos d’água, o que interfere tanto
no tempo de vida e na disponibilidade hídrica do reservatório do Descoberto, quanto na
melhoria do recurso natural e na diminuição dos custos de tratamento voltados para o
abastecimento público da população do Distrito Federal.

No que se refere à atividade agropecuária, a adoção incentivada de práticas


conservacionistas nas bacias é altamente recomendável, pois, além de proporcionar melhora na
umidade do solo, evita a perda de solo fértil proveniente de erosões laminares e previne a
formação de sulcos e ravinas.

Em se tratando da bacia do reservatório do Descoberto, a adoção de tais práticas vem ao


encontro à necessidade de fortalecimento da atividade agropecuária na região e da garantia de
permanência de sua destinação rural, visto que a urbanização e compactação do solo tendem a
aumentar os eventos de cheia, diminuir o tempo de permanência da água na bacia, ampliar o
teor de sedimentos nos cursos d’água e o assoreamento dos mesmos.
A adoção de técnicas de conservação de água e solo nas áreas rurais deve ser considerada
instrumento essencial para a continuidade da vocação rural da área contribuinte ao reservatório
Descoberto, dentre elas destaca-se a utilização de sistemas de irrigação mais eficientes, a
adequação ambiental de atividades, a adoção de terraços e plantio em nível e a restauração de
áreas protegidas, de forma a garantirem a coexistência de uma forte e estável produção
agropecuária juntamente com a distribuição e abastecimento público de água.

174
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A construção de cenários temporais de uso do solo na área de estudo (bacias hidrográficas
do córrego Capão Comprido e do ribeirão Rodeador) apoiados em imagens aéreas e de satélite,
oportunizou a observação da evolução do uso e ocupação do solo, demonstrando a expansão
da área antropizada nos últimos 60 anos e a diminuição da cobertura de vegetação nativa, em
especial as formações savânicas. A tendência de antropização era predominantemente agrícola
até o cenário 3 (2009), contudo no cenário 4 (2019) observou-se a estagnação do avanço de
áreas agrícolas e da retirada de vegetação natural. Da mesma forma, fica evidente a ampliação
de espaços ocupados por benfeitorias e a fragmentação das propriedades rurais, as quais
correlacionam-se diretamente à elevação de índices de crescimento populacional da região e
consequentemente à incidência de parcelamentos irregulares e amplificação da compactação
do solo.
O comportamento das mudanças no uso do solo mostrou-se semelhante nas duas bacias
hidrográficas estudadas, consequentemente é razoável correlacionar e subentender que o
equivalente acontece nas demais bacias hidrográficas afluentes ao Reservatório do Descoberto.
Acerca da simulação hidrológica e a aplicação do SWAT+, a composição de base de dados
adaptada para a agricultura da região vem de forma a corroborar com o aperfeiçoamento do
modelo e na geração de simulações em grau superior de confiabilidade.
A análise de sensibilidade apresentou especialmente três parâmetros com maior
significância para a simulação de vazões de cursos d’água nos 3 cenários calibrados, sendo eles
o k, awc e cn2, em que os dois primeiros tem relação com aspectos do solo e o último
correlaciona o uso com a classe de solo.
A calibração realizada para os cenários 2, 3 e 4 da bacia hidrográfica do córrego Capão
Comprido apresentou NSE mínimo de 0,15 e máximo de 0,50, contudo só são considerados
satisfatórios, segundo Moriasi et al. (2015), valores maiores ou iguais a 0,50 para a simulação
de fluxos diários de bacias hidrográficas. Os valores do critério de avaliação de desempenho
PBIAS se mostraram em alguns dos cenários com valores acima de 15, o que indica uma
subestimação dos resultados, não contemplando eventos de pico de vazão, já os resultados
menores que 15 apontam uma superestimação dos mesmos.
Os resultados da calibração foram replicados na modelagem da bacia do ribeirão Rodeador
para todos os quatro cenários, porém em todos eles o processo de verificação exibiu valores de
critérios de avaliação considerados insatisfatórios. Cabe ressaltar que, tal resultado

175
insatisfatório não invalida a observação de comportamentos hídricos a partir de modificações
de ocupação em bacias hidrográficas. Porém, recomenda-se a utilização de um número maior
de parâmetros para teste de sensibilidade e, da mesma forma, realizar novas calibrações com
uso de outros softwares específicos para essa função, visto que o SWATPlus Toolbox não se
mostrou habilitado para o uso de determinados parâmetros habitualmente empregados pela
bibliografia aplicada à região.
O balanço hídrico das bacias em todos os cenários se mostraram coerentes. Percebe-se que
as mudanças de uso e cobertura do solo, como a diminuição de áreas de vegetação nativa, a
introdução do uso agrícola e o aumento das taxas de urbanização, impactaram nos componentes
do ciclo hidrológico ao longo da linha histórica dos cenários, acarretando no aumento do
escoamento superficial, na diminuição da infiltração e da evapotranspiração, correlacionadas
com a diminuição da cobertura vegetal, e aumento das taxas de impermeabilidade e
compactação do solo.

Acerca dos resultados da simulação do emprego ou não de práticas conservacionistas nas


atividades agropecuárias é perceptível que a adoção de tais ações é capaz de impactar no
comportamento e disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica. Dessa forma, a adoção de tais
práticas pode diminuir vazões de pico, aumentar as taxas de infiltração e de percolação e, ainda,
a recarga de aquífero profundo, o que tem potencial de auxiliar à regularização dos eventos de
cheias, a diminuição na produção de sedimentos e o aumento de armazenamento de águas
subterrâneas de forma que esse possa ser utilizado como fonte alternativa de recurso hídrico
nos períodos mais secos.

Evidencia-se que a inclusão na simulação de dados de eficiência de irrigação e das


captações de água subterrâneas e superficiais deverá ser capaz de aperfeiçoar a análise
prospectiva do impacto do uso e ocupação futura da região. Da mesma forma, a verificação e
a aplicação de metodologias variadas de delimitação de unidades de paisagem (LSU), visto que
esse estudo abordou apenas a metodologia que enfatiza as áreas marginais aos cursos d’água
como uma paisagem diferenciada, poderão melhor representar o comportamento hidrológico
da região e a realidade local.

De modo geral, é notório que a ocupação desordenada e o uso inadequado do solo e da


água impactam diretamente nos componentes do ciclo hidrológico das bacias, visto que essa
promove a retirada de cobertura vegetal e o aumento da impermeabilização e compactação do
solo, o que acarreta na diminuição das taxas de infiltração de água no solo, ampliação da vazão
e velocidade do escoamento superficial, a incidência de erosões e carreamento de solo e

176
prováveis assoreamentos, além do decréscimo do nível freático, importante fonte de
alimentação dos córregos e de abastecimento da população.
Considera-se que a preservação de áreas naturais e o fortalecimento da atividade
agropecuária conservacionista na região influenciam na segurança hídrica do Distrito Federal,
tornando-se importante a busca pelo desenvolvimento sustentável do território.
Recomenda-se aos órgãos e instituições públicas de agricultura e meio ambiente
presentes no território, ações que articulem, disseminem e incentivem a efetiva aplicação de
técnicas de conservação de água e solo nas áreas rurais, de forma a ser considerada instrumento
essencial para a continuidade da vocação rural da área contribuinte ao reservatório Descoberto
e garantia de preservação e permeabilidade de áreas de recarga.

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APÊNDICES
*Todos os apêndices encontram-se disponíveis no repositório GitHub acessível em:
https://github.com/priambiente/apendices_ptarh_unb

APÊNDICE A - Tabela de especificação de fertilizantes recomendados e suas quantidades


utilizadas considerando um hectare de cultura cultivada (EMATER-DF, 2020b).

APÊNDICE B - Tabela de composição química dos fertilizantes mais recomendados no


Distrito Federal (BARATTA JUNIOR, 2007; CAESB, 2021; MAPA, 2018; NUTRIPLAN,
2021; OLIVEIRA, 2015; RIBEIRO et al., 1999; SANA, 2011; SFREDO & OLIVEIRA, 2010;
SILVA et al., 2007; SLU, 2021; SOUZA et al., 2015).

APÊNDICE C - Catálogo de implementos agrícolas da base de dados Tillage do SWAT


baseado no Appendix A (ARNOLD et al., 2016).

APÊNDICE D - Base de dados compilada referente às características de crescimento de


plantas e base de dados urbana fundamentadas em Ferrigo (2014), Arnold et al. (2016) e
Fernandes et al. (2012).

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