Cavalli

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS

PÓS-GRADUAÇÃO EM PROCESSOS E PRODUTOS CRIATIVOS E SUAS INTERFACES

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO


DE PITAYAS NO SUL DO BRASIL

Jose Valério Cavalli1


Ana Maria Schuch Araujo2

RESUMO
A Família Cavalli iniciou a produção Agroecológica de Pitayas no ano de 2017, em 2020
surgiu a oportunidade de realizar a Pós-Graduação em Processos e Produtos Criativos e suas
Interfaces na UFFS, em que emergiu a atual pesquisa, com intenção de levantar dados
quantitativos e qualitativos da produção, agroindustrialização, comercialização e construir um
plano de aplicação na propriedade da família. A Agricultura Familiar é uma categoria
econômica, responsável por produzir a maior parte dos alimentos que vai para a mesa do povo
brasileiro, gerando soberania alimentar, emprego e renda. Um dos setores trabalhado na
agricultura é a fruticultura e dentro dela está a produção de Pitayas, que cativa o paladar dos
consumidores e proporcionado lucratividade para os produtores. Para levantar dados, apliquei
um questionário eletrônico, com perguntas objetivas e descritivas, através do Google
formulário a produtores de Pitayas da Região Sul do Brasil. Os dados obtidos na pesquisa,
foram agrupados e analisados através de gráficos e tabelas, de modo a construir estratégias
para futuras aplicações na produção.

Palavras-chave: Agroecologia; Agricultura Familiar; Pitayas;

ABSTRACT
The Cavalli Family started the Agroecological production of Pitayas in 2017, in 2020 the
opportunity arose to carry out a Post-Graduation in Creative Processes and Products and their
Interfaces at UFFS, in which the current research emerged, with the intention of raising
quantitative and production, agro-industrialization, commercialization and building an
application plan on the family property. Family Farming is an economic category, responsible
for producing most of the food that goes to the table of the Brazilian people, generating food
sovereignty, employment and income. One of the sectors worked in agriculture is fruit
growing and within it is the production of Pitayas, which captivates the taste of consumers
and provides profitability for producers. To collect data, I applied an electronic questionnaire,
with objective and descriptive questions, through the Google form to producers of Pitayas in
the southern region of Brazil. The data obtained in the research were grouped and analyzed
through graphs and tables in order to build strategies for future applications in production.

Keywords: Agroecology; Family Farming; Pitayas;

1
Residente e Domiciliado no interior de Itatiba do Sul; Profissão - Agricultor Familiar; Técnico em
Agropecuária 2002, formado pelo Colégio Agrícola Estadual Ângelo Emilio Grando – Erechim/RS; Graduado
em Administração 2019, pela Universidade do Contestado - UNC - Concórdia/SC; Estudante de Pós Graduação
– UFFS – 2021; [email protected].
2
Orientadora, cursando Master em Neuroarquitetura – IPOG, Mestre em Engenharia Civil - UFSM, Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo – ULBRA/SM, Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a
Educação Professional – Grau Equivalente a Licenciatura Plena - UFSM, Professora do Curso de Graduação de
Arquitetura e Urbanismo e Coordenadora do Curso Lato Sensu de Pós-Graduação em Processos e Produtos
Criativos e suas Interfaces da UFFS Campus Erechim, e-mail [email protected]
2

1 INTRODUÇÃO
O rural brasileiro, vem sofrendo mudanças significativas na matriz produtiva desde os
anos 80 com a revolução verde (Brandenburg, 2008), que modificou a forma de fazer
agricultura e ocupar o campo, em que desempenha um papel central no acirramento da crise
ambiental e social no mundo rural. Este modelo produtivista transformou a agricultura e a
aproximou do processo industrial, através do uso de agrotóxicos, sementes transgênicas,
adubos químicos, monocultura e mais recente a financeirização do sistema agrícola mundial.
Dessa forma, a agricultura foi artificializada e passou a ser organizada a partir da lógica do
capital. Este processo sócio-técnico, fomentou também as indústrias produtoras de
fertilizantes, herbicidas, pesticidas, adubos, maquinários, sementes, vacinas e medicamentos.
Como consequência da adoção desse modelo, no decorrer das décadas seguintes, foi se
observando no campo, a queda de produtividade da terra, os desequilíbrios nos ecossistemas,
degradação ambiental, envelhecimento, empobrecimento, falta de sucessão e o êxodo rural.
Um dos grandes expoentes hoje da problemática ambiental no campo são os agrotóxicos e
suas implicações sobre o meio ambiente e a saúde humana.
A agroecologia aliada a trajetória de luta e resistência do campo, com as configurações
de organizações sociais passou a chamar atenção através de formas organizativas,
tecnológicas e culturais, com potencial de superar o agravamento dos problemas sociais,
econômicos e ambientais no campo brasileiro. A Agricultura Familiar desempenha um papel
importante no desenvolvimento do país, em diversos aspectos no conceito sustentável com a
produção de alimentos, no desenvolvimento de diversos setores da indústria, comércio e
serviços gerando emprego e renda.
Devido às transformações sofridas na agricultura, muitos consumidores preocupados
principalmente com a saúde, começam a procurar produtos diferenciados, em que surgem os
nichos de mercado, como é o exemplo dos Alimentos Orgânicos. É neste contexto que me
desafiei a pesquisar sobre as Pitayas, seus métodos de produção, agroindustrialização e
comercialização, identificando suas potencialidades, podendo ser utilizada para aplicações
futuras na propriedade, para outros produtores e para pesquisadores.
Este estudo de caráter quantitativo e qualitativo com um enfoque exploratório e
descritivo foi realizado por meio de aplicação de questionário semiestruturado com produtores
de pitayas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a seleção dos participantes deu por
disponibilidade dos membros de grupos de WhatsApp de Pitayas.
3

2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O Desenvolvimento Sustentável é aquele que procura atender as necessidades básicas
de toda a população e garante a todos a oportunidade de satisfazer suas aspirações para uma
vida melhor sem comprometer a habilidade das gerações futuras para atenderem suas próprias
necessidades. (Relatório Brundtland, 1987).
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), (figura 01), (acesse o QR
Code da figura 02 para ver os 17 ODS detalhados), nasceram na conferência da Organização
das Nações Unidas (ONU) realizada no Rio de Janeiro-BR em 2012, como um apelo mundial
para acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegura que todas as pessoas tenham paz e
prosperidade.

Figura 1:objetivos do desenvolvimento sustentável Figura 2: QR Code

Acesse o QR Code para obter


informações sobre os 17 ODS
Fonte: piscodeluz.org (2021).

3 AGRICULTURA FAMILIAR
No cenário atual, com as mudanças sofridas com o passar do tempo, é necessário
conhecer de que forma podemos conceituar agricultura familiar, diferenciando as demais
modalidades de agricultura encontradas hoje.
De acordo com Wanderley (1996), agricultura familiar pode ser considerada aquela
em que a família, enquanto é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho na
organização produtiva. É importante ressaltar que esta natureza familiar não é um mero
detalhe visível e exposto: o fato de uma estrutura produtiva associar família, produção e
trabalho tem efeitos fundamentais para a maneira que ela age econômica e socialmente.
No Brasil, a agricultura familiar passou a ser reconhecida como categoria econômica
através da Lei n. 11.326 de 2006, que instituiu as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. A partir da criação
desta lei, foram desenvolvidas políticas públicas para esta classe, as quais proporcionaram
significativos progressos ao meio rural.
4

Com base no Art. 3º da Lei nº 11.326 de 2006, entende-se por agricultor familiar e
empreendedor familiar rural:

“Art. 3º Considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que


pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes
requisitos: I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos
fiscais; II – utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III – tenha percentual
mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; IV-
dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.” (BRASIL, 2006)

São também beneficiários desta Lei: silvicultores, aquicultores, extrativistas,


pescadores, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

4 AGROECOLOGIA

Segundo Altieri (1989), a agroecologia está em desenvolvimento e investiga os


sistemas que abrange saberes de agronomia, ecologia, economia e sociologia. Já Guzmán
(2002) julga que a agroecologia não é uma questão de ciência, pois integra saberes populares.
No entanto, acreditamos que a agroecologia não é apenas uma ciência, mas busca integrar os
conhecimentos interdisciplinares, conhecimentos populares de agricultura e mais recente de
consumo sustentável.
Os agricultores para serem reconhecidos como produtores agroecológicos contam com
vários sistemas de certificação, com destaque da Rede Ecovida de Agroecologia (figura 03).
A rede é pioneira no desenvolvimento da certificação participativa com funcionamento
descentralizado com atuação na região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), está
baseada na criação de núcleos, que reúnem agricultores, empreendimentos e organizações
com função de animação e deliberação.

Figura 3:Logo Rede Ecovida

Fonte: ecovida.org.br, (2021).

5 PITAYAS

A Pitaya é um fruto, de nome científico: Selenicereus undatus, pertencente ao gênero


Hylocereus, da família cactáceae (figura 04), com origem nas florestas tropicais da América
Latina e atualmente encontra-se distribuídas em diversos continentes. As espécies mais
5

cultivadas são popularmente conhecidas como pitaya de polpa branca, amarela, vermelha ou
roxa (Mizrahi et al, 1997; Nerd et e., 2002). No Brasil, a produção se concentra em alguns
estados, mas vem ganhado interesse dos produtores devido ao aumento do consumo de frutas
exóticas e ao seu valor comercial. Segundo (CHAGAS, E. A.; 2006), algumas pitayas
possuem propriedades medicinais e outras são comercializadas como ornamentais, porém, seu
uso mais conhecido é na alimentação, podendo ser consumidas in natura e de outras formas,
como sorvetes, vinhos, saladas.

Figura 4: Pitaya Fruto

Fonte: acervo do autor, (2021).

6 PROPRIEDADE DA FAMILIA CAVALLI


A Propriedade da Família Cavalli (figura 05) está localizada na Linha Sete Lagoas, a
12 km do Centro de Itatiba do Sul-RS (acesse o QR Code da figura 06 para localização da
propriedade no Google Earth), 50 km de Erechim-RS e 60 km da Cidade de Chapecó, centros
urbanos com maior potencial comercial.

Figura 5: Localização da propriedade Cavalli Figura 6: QR Code

Fonte: Google Earth, (2021). QR Code com localização da propriedade

A produção na propriedade da Família Cavalli abrange alguns pontos das dimensões


da sustentabilidade (figura 07), (acesse o QR Code da figura 08 para ver as dimensões da
sustentabilidade detalhados), que passam a ser apresentadas abaixo:
6

Figura 7: Dimensões da Sustentabilidade Figura 8: QR Code

Acesse o para obter informações


Fonte: significados.com.br, (2021). sobre os conceitos da sustentabilidade

1. Sustentabilidade Ambiental/Ecológico, com princípio de preservação dos recursos


naturais e da biodiversidade. Na propriedade, se usa a água das chuvas e de nascentes,
através do armazenamento em cisternas, para consumo humano, dessedentação animal e
irrigação controlada; Utilizam-se adubos orgânicos produzidos pelos animais (suínos,
bovinos, aves, além das compostagens); Implantou-se uma pequena agrofloresta, criando
assim um ambiente controlado para evitar incidência de geadas e calor excessivo; O controle
de ervas daninhas se faz com a integração lavoura pecuária no período de maior vigor e com
roçadas para retirada das sobras das plantas; Sobre a biodiversidade, temos a produção de
animais, como bovinos, suínos, aves e domésticos; Mantem-se um banco de sementes e
mudas para reprodução ou troca com as redes de economia solidaria da região.
2. Sustentabilidade Econômica, com objetivo desenvolvimento econômico eficaz: A
produção é utilizada para consumo familiar e o excedente é comercializado em cooperativas
de produção, rede de comercialização e em programas institucionais, além de mercados
convencionais; Os recursos recebidos com a venda, são utilizados para honrar os
compromissos familiares, como alimentação, saúde, educação, lazer; Os recursos financeiros
para custeio, investimento e seguro tem origem nas políticas públicas e são acessados
através da Cooperativa de Crédito – Cresol.
3. Sustentabilidade Política, Cultural e Social, com valorização da cultura local e
fortalecimento da identidade comunitária, mecanismos democráticos. Participação na
comunidade, no movimento sindical, em cooperativas e redes de economia solidária,
contribuindo para o desenvolvimento regional. Sobre as políticas públicas, foram buscados
os programas, como: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(PRONAF), Habitação Rural, Educação, Seguridade Social, etc. Luta-se pelo fortalecimento
da democracia, com liberdade de expressão e direito de votar e ser votado.
A família participa da Rede Ecovida há mais de 10 anos, sendo membro permanente
do Grupo da Associação Comunidade Derrubadas – ACD, com 8 famílias de agricultores
familiares. As reuniões, visitas de vistoria, organização da produção, coleta e treinamentos
7

acontecem periodicamente e com acompanhamento dos técnicos e de agricultores animadores


membros da Associação Regional de Cooperação e Agroecologia - Ecoterra e do Centro de
Tecnologias Alternativas Populares – CETAP, que integram o Núcleo de Agroecologia do
Alto Uruguai – NAAU e outras entidades.
A construção do plano de aplicação foi desenvolvida, primeiramente avaliando as
questões sociais, o emprego da mão de obra, idade das pessoas que trabalham na propriedade,
na sequência, considerada as questões financeiras da propriedade, a necessidade de
investimentos, os quesitos técnicos de adaptação da cultura, acesso ao mercado consumidor.
Com estas iniciativas, acredita-se que contribuí para a desenvolvimento sustentável,
com participação social e construindo um futuro melhor para as pessoas, fornecendo comida
de verdade, mantendo o jovem no meio rural com qualidade de vida.

7 PRODUÇÃO DE PITAYAS NA PRORIEDADE


Na propriedade o plantio das primeiras mudas teve o objetivo de diversificar a
produção, em razão de que já era trabalhado com produção de alimentos variados de forma
agroecológica. Inicialmente a implantação foi programada para atender 700 mudas, ou seja,
2.100 m²/ 0,21 há, com 04 variedades diferentes – 01 variedade da casca vermelha de polpa
branca, 02 variedades da casca vermelha de polpa vermelha e 01 variedade da casca amarela
de polpa branca. Logo, o gosto pelo cultivo desencadeou uma expectativa sólida, motivando a
busca por especialização na produção e observação de mercados consumidores.
O projeto de implantação de um pitayal, é um projeto a longo prazo que exige
conhecimento especializado e investimentos financeiros elevados, portanto uma vez decidido
é preciso dar viabilidade na produção e buscar formas de comercialização.
Após a decisão de trabalhar com pitayas, observamos algumas particularidades na
implantação: a) Escolha das variedades que se adaptam ao clima da região; b) Escolha do
local a ser implantado o pitayal; c) Modelo de tutor para sustentação das plantas; d) Sistema
de produção (orgânico e/ou convencional; e) Investimento necessário para implantação; f)
Preparação da área de plantio; g) Infraestrutura indispensável; h) Mercado consumidor; i)
Legislação.
Deste modo, para conhecer as experiências de outros produtores com a produção,
agroindustrialização e comercialização que construí a pesquisa a campo para o trabalho final
da Pós-Graduação.
8

8 METODOLOGIA DA PESQUISA
Para Beuren (2013, p. 67) “a metodologia da pesquisa é definida com base no
problema formulado [...]”. Dessa forma, “[...] tanto o problema quanto as hipóteses são
definidoras da metodologia da pesquisa a ser adotada no trabalho monográfico. [...]”
(BEUREN, 2013, p. 67).
Para atender os objetivos específicos: a) Identificar o modelo de produção utilizados
nos cultivos; b) Conhecer a dedicação dos agricultores para a produção de pitayas; c) Apontar
a produtividade da cultura; d) Catalogar as variedades mais produtivas; e) Levantar os locais
de comercialização da produção; f) Caracterizar os consumidores; g) Desenvolver um plano
para aplicação na propriedade; Utilizou-se um questionário semiestruturado, de caráter
quantitativo e qualitativo com enfoque exploratório e descritivo criado através do Google
Formulários, aplicado virtualmente através de link disponibilizado em grupos de mídias
sociais (WhatsApp), aplicando critérios, de ser produtor de pitaya, estar na região sul do
Brasil, ser participante dos grupos de WhatsApp de pitayas e por disponibilidade.
A parte quantitativa foi a coleta dos dados, como a produtividade de um pomar e a
qualitativa, a forma usada para controle dos insetos e pragas, descrevendo as diversas
maneiras de aplicação. A pesquisa contou com 29 perguntas objetivas e discursivas, divididas
em 17 (dezessete) seções, lançada no dia 21 e encerrada no dia 31 de maio de 2021, com
período de 11 dias para respostas.
Beuren (2013, p.136) afirma que “Analisar dados significa trabalhar com todo o
material obtido durante o processo de investigação, ou seja, com os relatos de observação, as
transações de entrevistas, as informações de documentos e outros dados disponíveis”.
Foram recebidas 25 respostas, armazenadas no Google Drive e compiladas em
planilhas de excel para análise e interpretação dos resultados (QR Code3). Para análise,
separei as respostas por estado do Rio Grande do Sul - RS, Santa Catarina - SC e Paraná – PR
e descartada apenas 01(uma) resposta por não estar na área estabelecida.

QR Code para acesso ao questionário e aos resultados da pesquisa.


9

9 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS


A pesquisa teve como objetivo geral - analisar os agricultores da região sul do Brasil
para obter dados da produção, agroindustrialização e comercialização de pitayas. Levantar
dados quantitativos e qualitativos, para obter informações e aplicar este estudo na propriedade
da família e ajudar outros agricultores na produção e também outros pesquisadores que
buscam informações sobre Pitayas.
Inicialmente, na 1ª seção, para identificar a área de abrangência e conseguir cumprir
com o objetivo geral, de pesquisar os agricultores na região sul do Brasil, perguntei no
questionário, qual era o domicílio do agricultor, em que obtive 25 respostas, sendo 17
(dezessete) do Estado de Santa Catarina, 7 (sete) do Rio Grande do Sul, 0 (zero) do Paraná e
01(um) resposta do Estado de Paraíba, em que foi descartada da análise dos resultados, por
estar fora da área estabelecida.
Na 2ª seção, fiz 02 perguntas descritivas, sobre a área destinada para cultivo/produção
de Pitayas e quantos quilos (kg) eram produzidos na área destinada para tal. Chegando, em
uma área de produção de 23,56 hectares, com uma produção de 249.203 kg, com uma média
de produção de 10.500 kg/há. A produtividade do pomar está vinculada diretamente com a
quantidade de plantas por área, tamanho vegetativo, idade de produção, condições climáticas
favoráveis (calor entre 18 a 25º, boa umidade no solo), variedades, polinização das flores,
fertilidade do solo.
Observando os dados, verifiquei que um agricultor com a maior produtividade, utiliza
uma população de 3.300 pês/há e colhe cerca de 25 toneladas (t)/há com plantas de 12 anos,
na mesma área, com condições climáticas favoráveis colheu 35 t/há.
Na 3ª seção solicitei 02 informações: qual o modelo de produção é utilizado e a
dedicação no cultivo de pitayas em relação outras culturas. Obtive resultado que 76% dos
produtores utilizam o modelo de produção orgânica. 72,7% produzem outras culturas, além da
produção de pitayas. As culturas indicadas na pesquisa foram variadas, entre elas a produção
de frutas em geral (banana, bergamota, figo, goiaba, laranja, limão, morango, noz pecan),
produção de cereais (milho, arroz, feijão), tabaco, erva-mate, além de criações, como abelhas,
aves e bovinos. Um entrevistado respondeu que comercializa a produção na feira do produtor
e precisa ter uma diversidade de alimentos para poder manter a banca ativa em períodos de
entre safra. Essa é uma realidade de 11, dos 24 pesquisados, que vendem sua produção
diretamente para o consumidor final, pesquisado na 14ª seção.
Com o passar do tempo vamos desmentindo alguns “mitos” sobre a produção
orgânica, dizem que: “Quem planta orgânico é atrasado, que produz pouco e são produtos
feios”. A produção orgânica vai muito além da questão tecnológica, produtivista ou rentista,
10

ela traz vida, esperança, saúde, valoriza os saberes e os sabores, além de agregar valores
econômicos, ambientais, culturais e nutricionais.
Na 4ª seção, perguntei sobre o controle de ervas daninhas e qual o método utilizado
para controle das mesmas. Cerca de 80% respondeu que realizam controle de ervas daninhas
utilizando os métodos de cobertura verde, roçadas, capinas e controle através de herbicidas. O
método mais citado na pesquisa, é a roçada manual ou mecanizada.
Um dos métodos utilizados, é o sistema silvipastoril adaptada para produção de
pitayas, conforme a Embrapa, o sistema silvipastoril, compreende o consórcio de animais,
árvores e pastagens, inseridas na mesma área, onde as plantas oferecem benefícios para a
saúde animal, ciclagem de nutrientes e protege das intempéries climáticas (calor, frio, ventos,
granizos), os animais controlam o crescimento das pastagens, fazendo também a ciclagem de
nutrientes, a pastagem ajuda a evitar a erosão e favorece o controle de temperatura do solo.
Sobre o controle de pragas, perguntada na 5ª seção, através de 02 questões objetivas e
01 descritiva, do qual 80% realiza controles biológicos, homeopáticos e químicos. Dentre os
pesquisados, 14 agricultores utilizam apenas tratamentos biológicos, 4 apenas produtos
homeopáticos, 2 somente tratamentos químicos. Na questão descritiva, recebi 8 respostas, a
preferência da utilização de caldas.
A utilização de produtos biológicos e homeopáticos é uma tendência na agricultura
orgânica, por fazer o controle de pragas nocivas, sem destruir o meio ambiente, apropriado
para desenvolvimento de agentes valiosos para a produção, como é o caso das abelhas.
Na 6ª seção, questionei objetivamente, sobre a procedência das plantas e se havia
algum controle para as mesmas, 62,5% respondeu dizendo que as mudas têm certificado de
procedência, através do Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Apesar do
resultado, isto me fez pensar, que muitos produtores podem ter sido enganados, comprando
mudas sem garantia de origem e sanidade, por não apresentarem certificado de origem.
Na 7ª seção, sobre a propagação da pitaya, ela “pode ser realizada por via seminífera
ou vegetativa, destacando-se a estaquia, enxertia e micropropagação” (MOHAMED-
YASSEEN, 2002; DREW e AZIMI, 2002; EL OBEIDY, 2006). As plantas de pitaya
propagadas por semente apresentam rápida e elevada taxa de germinação, entretanto
apresentam alta variabilidade genética, crescimento inicial lento e requerem maior tempo para
início de produção (HERNÁNDEZ, 2000; SILVA, 2005).
A multiplicação por sementes é uma forma de multiplicação das variedades para obter
mudanças em programas de melhoramento da espécie. Nesse método, deve-se prestar atenção
com a aplicação de técnicas de semeaduras para não ocasionar problemas de germinação
desuniformes ou perda de vigor. (MARQUES et al., 2010).
11

Já a reprodução vegetativa se utiliza de parte da planta que, sob condições adequada


enraízam e assim geram uma nova planta com características idênticas àquela que lhe deu
origem (MELETTI, 2000; SIMÃO, 1998). Segundo HERNÁNDEZ (2000), para o sucesso da
produção comercial da pitaya é fundamental a utilização de mudas com qualidade, o que é
comumente realizado através da estaquia, por ser simples e apresentar as vantagens de
promover reprodução fiel da genética da variedade, além de propiciar uma frutificação mais
precoce.
A técnica da enxertia consiste na utilização de duas espécies diferentes, uma espécie
tolerante à doença chamada “porta-enxerto ou cavalo” com características mais rústicas,
tolerantes a pragas e doenças, que servem de base para a instalação da segunda cultivar com
características desejáveis e valor comercial, em que responde pela produção desejada.
Segundo MARQUES, 2010, p. 26, a enxeria nessa cultura não é uma prática muito comum.
Conforme observado acima existem vários métodos de propagação, segundo a
pesquisa, 95,8% dos agricultores tem preferência pela propagação por estaquia e com base
nos estudos, este método proporciona precocidade, facilidade na reprodução, uniformidade
das plantas e mantêm as características da planta matriz.
Na 8ª Seção, questionei objetivamente sobre o que cada um achava mais importante
para obter uma boa produção, 68% respondeu sobre a fertilidade no solo, 20% acha
importante o manejo, 8% sobre a escolha das variedades e 4% pensa que a irrigação no pomar
é essencial para se ter uma boa produção. Nas respostas abertas, obtive recomendações
semelhantes às respostas objetivas, com argumentações em cobertura verde no solo,
assistência técnica e capacitação continuada.
No entanto, o que mais me chamou a atenção, não foram as respostas dadas, foram as
qualificações das mesmas, os agricultores não defenderam o modelo de produção utilizado
por cada um deles (orgânico ou convencional), isso demostra ser possível produzir pitayas,
tanto para auto consumo, quanto para nível comercial, em vários modelos de produção.
Na 9ª seção, pesquisei sobre a utilização de irrigação, 8 agricultores responderam que
utilizam irrigação por aspersão e/ou por gotejamento.
12

Figura 3: irrigação por aspersão. Figura 4: irrigação por gotejamento.

Fonte: Pitayas SC, (2021). Fonte: Sawada Produtos da Terra. (2021).

Segundo dados da Embrapa, o modelo de aspersão (figura 09), é composto


normalmente, por um conjunto de moto bomba, tubulações, aspersores e acessórios. Já a
adoção do sistema de gotejamento (figura 10), por gravidade, é considerado uma alternativa
com baixo custo e sustentável.
Cada modelo de irrigação tem suas vantagens e desvantagens, cabe o agricultor
observar as condições da propriedade e instalar o sistema que mais se adapta a realidade.
Na 10ª seção, solicitei informação sobre qual o sistema de tutoramento que era
utilizado na propriedade. A utilização de sistemas se subdivide em 3 grupos principais: a)
52,2% - Moirões de madeiras; b) 43,5% - Poste de concreto; e c) 4,3% - Tutor vivo.
Segundo a Dra. Adriana de Castro Correia da Silva (2015), em entrevista ao site
todafruta.com.br, a Pitaya:

“por ser uma planta de hábito escandente, incapaz de se suportar por si só, a pitaya
necessita de tutoramento para seu cultivo. No Brasil são utilizados principalmente
tutores artificiais, os mais comuns mourões de madeira e postes de concreto.
Também podem ser utilizados tutores vivos (árvores), utilizando-se vegetação pré-
existente (algum plantio perene abandonado) ou plantando-se os tutores, porém essa
prática não é comum no país. Na escolha de um tutor, deve-se considerar a vida útil
da pitaya e do tutor, o custo e a manutenção, atentando-se que ele deve ser forte o
suficiente para aguentar a massa verde produzida pela pitaya. No caso da escolha de
tutores vivos, deve-se dar atenção às podas de condução e de abertura da copa, para
que o sombreamento não seja excessivo. A vantagem do uso de tutores vivos é não
haver necessidade do uso de tela de sombreamento, além de ser possível seu
aproveitamento em Sistemas Agroflorestais - SAF”. (Entrevista publicada em
06/11/2015, disponível em < https://www.todafruta.com.br/entrevista-dra-adriana-
de-castro-correia-da-silva-explica-como-cultivar-pitaya/> acesso em 11/07/2021)

Os Tutores, é a terceira parte que mais exige investimento, por isso é tão importante a
escolha adequada do sistema de tutoramento e a qualidade do material. As pitayas têm longa
durabilidade e com alta quantidade de massa verde, fazendo com que um pé chegue a 300 kg,
por estes motivos, não podemos correr o risco de apodrecimento ou quebra dos tutores em
plena produção, causando estragos nas plantas. (Ver figura 11).
13

Os tutores podem ser utilizados de forma única (figura13), plantando um ou mais


mudas, ou podem ser implantados na forma de espaldeira (conforme figura 12).

Figura 5: planta de pitaya tombada. Figura 6: sistema de espaldeira.

Fonte: autor desconhecido (2021). Fonte: acervo do autor (2021).

Figura 7: sistema de tutoramento unitário. Figura 8: sistema de tutoramento vivo.

Fonte: Pinterest, (2021). Fonte: Instagram pitaiarj, (2021).

Cada modelo de tutoramento apresenta vantagem e desvantagem. O tutoramento vivo


(figura14), é de baixo custo de implantação, pode ser utilizado como agrofloresta, nas regiões
frias podem prevenir as geadas, fornecedora de biomassa, porém apresentam consumo maior
de água, com necessidade de irrigação em períodos mais secos, também é necessário realizar
podas periódicas nos tutores vivos, para não deixar crescer muito alto e assim facilitar o
manejo da planta de pitayas.
Existem outros modelos de tutoramento, cada pitayeiro pode utilizar o material que
tem em abundância na região, como, por exemplo, pedra basalto. Em propriedades com
produção orgânica, a utilização de moirões com tratamento, pode não ser recusado pelos
órgãos certificadores, por liberar resíduos de produtos químicos.
Na 11ª seção, perguntei sobre a utilização de poda no pomar e a forma utilizada. E em
92% realiza poda e relataram sobre: a) Poda de estruturação, que consiste na retirada de
brotações laterais, deixando um ou dois brotos principais, que vai permitir a estruturação e
condução da planta até a altura desejada; b) Poda de formação da copa, (figura 15) em que se
faz o corte da ponta da planta quando alcança o limite da altura pretendida, isto se faz
necessário para forçar a brotação e a formação da copa da pitaya; c) Poda de desbaste, que
14

compreende a retirada de cladódios4 pequenos, de má formação, doentes ou que surgem


abaixo da extremidade pretendida, próximo do solo (figura 16); d) Poda para incentivar a
floração, em que o produtor corta a ponta do cladódio e força a maturação e permite que a
planta solte botões florais ou brotações novas; e) Retirada de cladódios para propagação de
novas plantas, também reconhecida como poda.

Figura 9: formação da copa, “guarda-chuva”. Figura 10: pomar estruturado, em produção.

Fonte: acervo do autor, (2021). Fonte: acervo do autor, (2021).

As técnicas de poda são eficientes e permitem que aja alterações na forma de conduzir
e de se trabalhar com as plantas e os resultados são surpreendentes. Segundo os
conhecimentos empíricos dos produtores, as pitayas produzem mais quando os cladódios
apresentam um formato de “guarda-chuva” além de facilitar o manejo das plantas.
Na 12ª seção, pesquisei sobre as variedades utilizadas e se são autoférteis. Foram
citadas as variedades: a) de polpa branca: Branca Comum, Vênus, Graffite, Viatnamese
White, Embrapa Luz, Lua do Serrado, DarkStar, Boreal Red, Purple Haze, Tailandesa; b) da
polpa roxa: Rabilonga, Polpa Roxa Comum, Nicarágua; c) Polpa branca com casca
amarela: Golden Israelense, Palora do Equador e Colombiana.
As três variedades mais citadas na pesquisa foram: a Viatnamese White de polpa
branca com 5 citações; a Rabilonga de polpa roxa com 4 citações; e a Golden Israelense de
polpa branca com casca amarela também com 5 citações.
Na 13ª seção, perguntei sobre a prática de polinização, em que 68% cultiva as
variedades auto férteis que não necessitam polinização manual (figura17), porém 76% realiza
polinização manual nas flores. A polinização manual se faz necessária, por ter poucos insetos
de hábitos noturnos, os mais populares têm hábitos diurnos, porém não muito eficientes na
polinização das flores de pitayas, por este motivo as pitayas nativas são em geral pouco
produtivas.

4
Cladódios: parte vegetativa da planta em que são utilizadas para produção e/ou propagação.
15

Para a polinização manual é necessário a coleta de pólen seco, de uma flor já aberta,
que apresenta o pólen maduro, em que pode ser aplicado imediatamente em até 20 outras
flores. Já as variedades auto férteis, independente da questão climática, ela se auto fecunda,
por apresentar o estigma menor, possibilitando que o ovário, se aproxime da antera, onde se
localiza os grãos de pólen, possibilitando maior quantidade de frutos. A polinização cruzada
consiste na retirada de pólen de uma variedade e aplicada na flor de outra, tendo como
resultado, frutos maiores e mais saborosos em relação aos frutos em que as flores foram
polinizadas com o próprio pólen.

Figura 11: Polinização Manual. Figura 12: QR Code

Fonte: Aline Cavalli, (2020). Acesse e obtenha as imagens referente a produção.

Uma dica recebida na pesquisa, para coletar o pólen seco, foi: colocar um copo
plástico, antes da abertura da flor, geralmente na noite anterior. Para coleta de pólen em
plantações comerciais pode ser utilizado aspirador de pó adaptado e pode ser aplicado com
auxílio de borrifador, também adaptado para esta função. O pólen pode ser armazenado em
geladeira por alguns dias, esta técnica pode ajudar nos casos em que as flores de diferentes
espécies florescem em dias diferentes. Porém, quanto mais velho o pólen, menos eficiente.
Na 14ª seção, questionei sobre a utilização de redes sociais para divulgar e vender a
produção, em que 56% respondeu que utiliza as plataformas digitais para divulgação.
Com o problema da Pandemia do Covid-19, vivido mundialmente, com o isolamento e
as restrições de circulação imposta pela pandemia, uma das alternativas encontradas para
aproximar os produtores dos consumidores e evitando os atravessadores na lógica da
comercialização, é a utilização das redes sociais.
16

A propriedade da Família também mantém mídias sociais - instagram


Pitayas_Cavalli_75, Facebook (Jose Cavalli)6 e WhatsApp (+55 54 99998-5645) - para
divulgar a produção, processamentos e comercialização.
A venda direta apresenta vários pontos positivos, como, por exemplo, a agregação de
valor ao produto, mantêm a qualidade, ajuda a divulgar a forma de produção, contribui para a
avaliação da qualidade do alimento direto com o produtor, troca de conhecimento cultural; de
pontos negativos são, o tempo disposto para a comercialização, poderia ser utilizado para
aumentar a produção, maior custo com a estrutura necessária para venda.
Na 15ª seção, questionei sobre o público consumidor destas frutas, obtendo dados
gerais, como, por exemplo: “amigos, pessoas exigentes que buscam qualidade de vida,
conhecedor da fruta”. O resultado obtido não foi satisfatório, sendo necessária uma maior
investigação sobre este ponto.
Na 16ª seção, solicitei informação sobre os produtos feitos à base de Pitayas, obtive
um conjunto de informações, utilizadas de forma in natura, processadas e armazenadas em
forma de polpa, para uma série de produtos alimentícios e cosméticos:
a) Alimentícios: mouses, geleias, bolos, sorvetes e etc.;
b) Bebidas (figura 19): sucos, iogurtes (figura 20), vinhos, vinagres licores,
kombucha, cervejas e etc.;
c) Cosméticos: shampoo, sabonetes e etc.

Figura 13: Drink com Pitayas de polpa branca Figura 14: Processamento de
iogurte natural tipo grego com
polpa de pitaya vermelha

Fonte: Aline Cavalli, 2018, acessado em


Fonte: acervo do autor, (2021). 05/08/2021

5 4

QR Code para acesso ao Instagram da propriedade. QR Code para acesso ao Facebook pessoal, no qual é
divulgado as atividades da propriedade.
17

Segundo o Portal São Francisco (2016), o maior consumo da cultura das Pitayas está
nos frutos, porém são consumidas outras partes da planta e também as flores. “Seu consumo
pode ser da polpa do fruto ao natural, como refresco, geleias e doces e também é utilizada em
medicina caseira, como tônico cardíaco. As sementes têm efeito laxante. Além do fruto, com
resultância para gastrite, o talo e as flores são usados para problemas renais”.
Segundo Cavalli (2018), (acesse o Qr Code da imagem 20 para obter informação
completa) A pitaya é um alimento rico em nutrientes como polifenóis e antioxidantes, bem
como presença de vitaminas do complexo B, fibras insolúveis, carboidratos e ácidos graxos
essenciais, sua polpa possui concentração de pectina, de betacianinas, que lhe possibilita um
efeito de corante natural, além de carotenoides, e alta concentração de potássio, sendo assim
um alimento benéfico à saúde.
Uma cliente relatou, que consumindo a fruta, conseguiu controlar o funcionamento do
intestino preso. Acesse o QR Code onde consta 10 benefícios da Pitaya7.
Na 17ª seção, solicitei a descrição de receitas ou produtos à base de pitayas, todas
fantásticas, onde será possível acessar pelo QR Code número 3.

10 PLANO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


A fim de haver um desenvolvimento sustentável a estratégia adotada será o aumento
da produção, agroindustrialização, comercialização e visitação nas Pitayas Orgânicas na
Propriedade Cavalli, para isto, pretende-se:

10.1 AUMENTAR A PRODUÇÃO


10.1.1 Fazer qualificações e treinamentos, como exemplo, curso de homeopatia agrícola;
10.1.2 Utilizar manejos adequados na área de pitaya já instalada;
10.1.3 Aumentar o pitayal de 0,21 para 1,5 há, com variedades mais produtivas e que
exigem menos emprego de mão de obra;
10.1.4 Instalar irrigação;
10.1.5 Manter a diversificação da produção;
10.1.6 Desenvolver instalações e equipamentos para trabalhar no pomar.

QR Code contendo os 10 benefícios da Pitaya.


18

10.2 PROSPECTAR MERCADOS CONSUMIDORES;


10.2.1 Estabelecer pontos de vendas para comercializar as frutas e mudas;
10.2.2 Buscar clientes para comercialização e consumo dos alimentos;
10.2.3 Buscar parceiros na agroindustrialização, criando produtos e marcas próprias;
10.2.4 Abrir a propriedade para visitação;
10.2.5 Incluir a propriedade na rota turística da região;

1.1 CANAIS DE MARKETING


1.1.1 Alimentar Mídias Sociais para comunicação e comercialização, conforme descrito na
15ª seção;
1.1.2 Divulgação em rádios, jornais, revistas e entidades de pesquisa e extensão;

1.2 REORGANIZAR A MÃO DE OBRA DA PROPRIEDADE


1.2.1 Reorganização interna da mão de obra e estabelecer prioridades de produção;
1.2.2 Criar rotas de transporte e comercialização;

1.3 CRIAR CENTROS DE CUSTOS


1.3.1 Criar centros de custos para gerenciamento e controle;
1.3.2 Controle de atividade e planejamento estratégico da produção;

10.3 DEMONSTRATIVO DA PRETENSÃO PARA O AUMENTO DA PRODUÇÃO


A estimativa de produção (conforme gráfico 01) foi desenvolvida com base nas
informações apresentadas pelos produtores de pitayas participantes da pesquisa com dados
catalogados e fazendo a relação com o plano de aplicação da propriedade. No ano de 2022,
abriremos a propriedade para visitação, pretende-se vender 1.000 mudas de Pitayas, colher
1.000 kg de fruta com a área de 0,21 há e instalar mais 0,5 há do pomar e assim chegar em
2026 com 1,5 há de plantas, produzindo 15.000 kg da fruta, vendendo 2.000 mudas e
recebendo visitação de 200 pessoal por ano.
19

Gráfico 1: Demonstrando com o aumento da produção

Fonte: Acervo do autor, (2021). Demonstrativo de resultado, frutas medidas em kg, mudas em unidade e
visitação também em unidade.

10.4 DEMONSTRATIVO DA PRETENSÃO DE FATURAMENTO


O demonstrativo da pretensão de faturamento (conforme gráfico 2) está baseado no
plano de aplicação da propriedade, com base na pesquisa realizada com os produtores e
levando em consideração os investimentos, custo de produção e os custos operacionais.

Gráfico 2: comparativo de receitas, despesas e resultado financeiro.

Fonte: Acervo do autor (2021). Demonstrativo de resultado financeiro medido em reais.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo geral obter dados da produção,
agroindustrialização e comercialização de Pitayas com agricultores familiares da região sul do
Brasil, com vista no desenvolvimento econômico da propriedade da Família Cavalli.
Este estudo trouxe satisfação em conhecer mais de perto a forma que outros
produtores fazem o trabalho no dia a dia, além de ter base de informações para aplicação
20

futura na propriedade da família, como, por exemplo, as variedades mais produtivas, os tratos
culturais mais utilizados, a ligação com o meio ambiente, a valoração do produto, a troca de
conhecimento sobre os benefícios que o alimento traz para a saúde de quem consome pitayas.
Nesta pesquisa, não foi exitosa a identificação, estratificação do público consumidor
de pitayas, neste sentido, recomenda-se uma pesquisa mais aprofundada.
Após realizar as análises dos dados, conclui-se que a escolha do modelo de produção
utilizados pelos agricultores não traz grandes diferenças no quantitativo de produção, porém o
modelo de produção orgânica, está ligado diretamente com a qualidade de vida dos produtores
e consumidores, além de corresponder com objetivos do desenvolvimento sustentável, de ser
uma tendência sustentável, tem diferencial de preço de venda e traz vantagens no custo da
produção.
Considerando as limitações deste estudo e tendo a convicção que a produção e o
consumo da cultura da Pitaya estão em crescimento na região, sugiro que novos estudos sejam
realizados para conhecer quem são os consumidores. Por fim, propõe-se um trabalho
associativo dos produtores, em conjunto com entidades da agricultura familiar como
sindicatos, cooperativas e organizações que promovem a agroecologia e tecnologia
alternativas populares.

REFERÊNCIAS
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<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/AgrobCap2ID-upGSXszUrp.pdf>
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11.326 de 24 de julho de 2016: Estabelece as diretrizes para a formulação da Política
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11326.htm>. Acesso em:
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21

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