Fichamento-Análise de Conteúdo
Fichamento-Análise de Conteúdo
Fichamento-Análise de Conteúdo
O texto tem como objetivo descrever como se dá a aplicação da técnica análise de conteúdo,
em um estudo qualitativo. O texto visa preencher uma lacuna existente no que se refere à análise de
conteúdo pelo fato da maioria das pessoas não seguirem as recomendações e as etapas necessárias
para a construção da análise. Por isso, o texto se ocupa de apresentar uma forma de condução da
análise de conteúdo, utilizando como exemplo uma dissertação de mestrado no campo da área da
Administração.
Os dados obtidos em pesquisas qualitativas exigem uma análise distinta da utilizada em
pesquisas quantitativas, que empregam softwares estatísticos, testes de hipóteses e análise
estatística. Nesse contexto, a análise de conteúdo tornou-se amplamente utilizada como uma técnica
eficaz para interpretar dados qualitativos, analisando o que foi dito em entrevistas ou observado
pelo pesquisador. O processo de análise envolve classificar o material em temas ou categorias,
facilitando a compreensão das mensagens subjacentes nos discursos.
A análise de conteúdo foi aplicada em várias fontes de dados, como discursos políticos,
entrevistas, vídeos, cartas, propagandas e outros meios de comunicação, mas foi com Bardin (1977)
que a análise de conteúdo ganhou maior notoriedade, sendo inicialmente focada na busca por
objetividade.
A análise de conteúdo pode ser conceituada de várias maneiras, dependendo da vertente
teórica e dos objetivos do pesquisador, seja para realizar inferências objetivas ou para analisar
características específicas das mensagens. Bardin (1977) enfatiza a importância do rigor na
aplicação da análise de conteúdo, buscando ultrapassar incertezas e explorar questões pertinentes.
Em termos interpretativos, essa técnica navega entre dois extremos: a objetividade rigorosa e
a subjetividade criativa. É uma abordagem sofisticada que requer do pesquisador disciplina,
dedicação, paciência e tempo, além de certa dose de intuição, criatividade e imaginação,
especialmente na criação das categorias de análise. No entanto, o rigor metodológico e a ética são
indispensáveis nesse processo (FREITAS, CUNHA & MOSCAROLA, 1997).
Neste estudo, optou-se por seguir as fases propostas por Bardin (2011), amplamente
reconhecidas em pesquisas qualitativas na área de Administração. Essas etapas incluem: 1)
pré-análise, 2) exploração do material e 3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
A fase de pré-análise inclui leitura geral do conteúdo, escolha dos documentos a serem
analisados, formulação de hipóteses e elaboração de indicadores para interpretar os dados coletados.
As regras de seleção do corpus de análise incluem exaustividade, representatividade,
homogeneidade e pertinência, assegurando que todo o material relevante seja considerado. Após a
organização do material, segue-se para a fase de exploração, que envolve a codificação, definição
de unidades de registro e categorização temática das informações. a última etapa trata da inferência
e interpretação dos resultados, comparando os dados coletados e identificando tanto os conteúdos
manifestos quanto os latentes. Ao longo desse processo, é fundamental respeitar o rigor
metodológico, como sugerido por Bardin e outros autores, para garantir a validade e a
confiabilidade dos resultados.
Na pesquisa utilizada como exemplo, foram realizadas entrevistas semi estruturadas, que
segundo o autor, foram feitas para proporcionar uma maior compreensão da perspectiva dos
entrevistados, evitando o excesso de informações desestruturadas, que podem dificultar a análise e a
clareza da visão dos participantes.
O pesquisador realizou também observação direta, e acompanhou a organização durante cerca
de cinco meses, observando a rotina de trabalho, participando de treinamentos, processos de
seleção, auditorias internas e da convenção anual da empresa. Esse contato direto possibilitou a
comparação entre as informações relatadas nas entrevistas e a realidade observada.
Os dados coletados na pesquisa foram analisados por meio da análise categorial, que,
segundo Bardin (2011), consiste em dividir o texto em categorias agrupadas por semelhanças. A
escolha pela análise categorial se justifica por ser a melhor abordagem para estudar valores,
opiniões, atitudes e crenças por meio de dados qualitativos. Dessa forma, a interpretação dos dados
foi feita utilizando a análise de conteúdo, complementada pelas observações diretas.
A formação das categorias seguiu o modelo de Bardin (1977). Após a seleção do material e a
leitura inicial, a exploração foi realizada através da codificação, com base na repetição de palavras,
que, ao serem trianguladas com os resultados observados, foram transformadas em unidades de
registro, permitindo a categorização progressiva. A partir da discussão das categorias iniciais,
surgiram as categorias intermediárias, resultantes do agrupamento das vinte categorias iniciais.
Essas categorias foram baseadas nas narrativas dos entrevistados, em referencial teórico e nas
observações. Essas categorias iniciais e intermediárias forneceram a base para a construção das
categorias finais.
A análise de conteúdo envolve várias etapas, por isso é importante que o pesquisador tenha
um bom conhecimento do tema que está estudando. Mesmo em pesquisas qualitativas, onde não há
hipóteses fixas, as categorias de análise precisam ser criadas com base em uma compreensão clara
das teorias que guiam a coleta de dados.