A Conferência de Berlim

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Índice

Introdução.......................................................................................................................................2

Conferência de Berlim....................................................................................................................3

Contexto e Objectivos....................................................................................................................3

Decisões e Consequências da conferência.....................................................................................3

Consequências da conferência de Berlim.......................................................................................5

Legado de Dependência Económica..............................................................................................7

Impactos na Descolonização..........................................................................................................7

Rivalidades e Tensões Internacionais.............................................................................................7

Cicatrizes Sociais e Culturais.........................................................................................................7

Antecedentes Históricos.................................................................................................................8

Participantes e Acordos Firmados..................................................................................................8

Impactos da Partilha da África.......................................................................................................9

Legados e Descolonização.............................................................................................................9

Conclusão.....................................................................................................................................10

Bibliografia...................................................................................................................................11
Introdução

O presente trabalho da disciplina de história abordarei um tema bastante relevante para


a presente disciplina A Conferência de Berlim, que foi realizada entre 15 de Novembro
de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, marcou um ponto decisivo na história da
colonização africana e na definição das regras para a expansão imperialista europeia.
Organizada pelo chanceler alemão Otto von Bismarck, a conferência reuniu 14
potências europeias e os Estados Unidos com o objectivo de estabelecer um sistema
ordenado para a partilha e a administração do continente africano, que estava sendo
rapidamente colonizado por diversas nações europeias.

As decisões tomadas durante a conferência foram fundamentais para a configuração das


fronteiras coloniais e para a regulamentação das práticas comerciais na África. Entre as
principais resoluções, destacam-se o Princípio da Ocupação Efectiva, que exigia que as
potências demonstrassem uma administração real e efectiva sobre os territórios
reivindicados.

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Conferência de Berlim

A Conferência de Berlim, realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de


1885, foi um encontro organizado pelo chanceler alemão Otto von Bismarck, com o
objectivo de regular a colonização e o comércio na África por potências europeias. Na
conferência, participaram 14 países, entre os quais estavam Alemanha, França, Reino
Unido, Portugal e Bélgica. Esse evento foi crucial para o chamado "Partilha da África",
um processo pelo qual as potências europeias dividiram o continente africano em
colónias, muitas vezes sem levar em conta as fronteiras étnicas ou culturais locais.

Contexto e Objectivos

A conferência ocorreu em um momento de intensa rivalidade imperialista. O


crescimento das ambições territoriais na África estava gerando tensões entre as
potências europeias. O principal objectivo era estabelecer regras claras para evitar
conflitos entre esses países e garantir que a ocupação fosse efectiva. Foi decidido que,
para reivindicar um território, uma nação deveria demonstrar sua presença física e
autoridade no local.

Decisões e Consequências da conferência

Decisões

Entre as principais decisões tomadas na conferência, estavam:

 Liberdade de navegação nos rios Congo e Níger.


 A obrigação de notificar outros países sobre novas possessões territoriais.
 O princípio da "ocupação efectiva", que estipulava que uma potência só poderia
reivindicar uma área se conseguisse administrá-la.

Princípio da Ocupação Efectiva

Os países europeus foram obrigados a demonstrar uma presença física e administrativa


em qualquer território que desejassem reivindicar. Isso significava que, para que uma
potência pudesse reivindicar um território como sua colónia, deveria estabelecer uma
administração efectiva no local, o que muitas vezes envolvia a construção de postos

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avançados, a negociação de tratados com líderes locais e a implementação de sistemas
administrativos.

Liberdade de Navegação nos Rios Congo e Níger

Foi estabelecido que os rios Congo e Níger seriam livres para navegação internacional.
Isso foi feito para garantir que nenhuma potência pudesse monopolizar o controlo
desses importantes corredores de transporte e comércio. Essa decisão visava promover o
comércio e evitar bloqueios que poderiam prejudicar o acesso de outras nações às rotas
fluviais vitais para a exploração e o desenvolvimento económico da região.

Declaração do Congo Internacional

O território da Bacia do Congo foi declarado uma "área internacional", mas foi
imediatamente reconhecido como propriedade pessoal do rei Leopoldo II da Bélgica,
que havia se comprometido a usar seus recursos para a realização de projectos
humanitários. Na prática, Leopoldo II estabeleceu um regime brutal no Congo Livre,
que foi amplamente criticado por suas atrocidades e exploração.

Acordo sobre o Tráfego Comercial

Os signatários concordaram em permitir o livre comércio e a protecção das condições


comerciais em suas áreas de influência. Esse acordo visava garantir que as potências
europeias não exercessem restrições comerciais unilaterais que pudessem prejudicar os
interesses comerciais das outras potências.

Princípio da Notificação

Os países que reivindicassem novos territórios na África eram obrigados a notificar as


outras potências europeias sobre suas reivindicações e os detalhes das suas ocupações.
Isso foi feito para evitar conflitos directos e promover a cooperação entre as potências
coloniais na administração das novas possessões.

Tratamento dos Povos Nativos

Embora a conferência não tenha abordado directamente o tratamento dos povos nativos,
as potências europeias se comprometeram a respeitar a integridade dos territórios

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ocupados e a negociar com os líderes locais. Na prática, no entanto, isso frequentemente
resultou em ignorar ou desrespeitar os direitos e as estruturas sociais existentes.

Proibição de Monopólios

Foi decidido que nenhum país poderia estabelecer monopólios comerciais sobre áreas
específicas. Esse acordo tinha como objectivo evitar que uma única potência controlasse
completamente o comércio em qualquer região e promover uma competição mais
equilibrada entre as potências coloniais.

Divisão e Mapeamento da África

A conferência estabeleceu uma base para o mapeamento e a divisão territorial da África,


levando em conta as reivindicações existentes das potências europeias e as áreas que
ainda estavam sendo exploradas. Essa divisão foi feita sem consideração pelas fronteiras
étnicas ou culturais locais.

Essas decisões ajudaram a formalizar a partilha da África entre as potências europeias,


resultando em um novo mapa político para o continente, com implicações profundas e
duradouras para a história e o desenvolvimento da África.

Consequências da conferência de Berlim

As consequências da Conferência de Berlim foram devastadoras para a África. O


continente foi arbitrariamente dividido, sem consideração para as fronteiras étnicas,
linguísticas e culturais. Isso resultou em longos conflitos e tensões que se estendem até
hoje em várias regiões da África. Além disso, a exploração económica e a repressão
colonial levaram a profundas desigualdades e ao empobrecimento de muitas nações
africanas.

A Conferência de Berlim foi um marco na história do imperialismo europeu e na relação


entre as potências coloniais e o continente africano. O evento consolidou a disputa pela
África, que ficou conhecida como a “Corrida pela África” ou “Scramble for Africa”. A
conferência não foi uma questão meramente diplomática; ela institucionalizou a
dominação colonial europeia sobre vastas regiões africanas, ignorando as complexas
dinâmicas socioculturais e políticas dos povos locais.

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Partilha Arbitrária da África

A Conferência de Berlim resultou na divisão do continente africano em esferas de


influência europeias, com fronteiras traçadas de maneira arbitrária e sem consideração
pelas divisões étnicas, culturais ou políticas locais. Isso criou uma colcha de retalhos de
colónias europeias que muitas vezes agrupavam povos historicamente rivais ou
dividiam grupos étnicos homogéneos.

Estabelecimento de Fronteiras Coloniais

As fronteiras estabelecidas pelos europeus durante a Conferência de Berlim moldaram o


mapa político da África para o futuro. Essas fronteiras muitas vezes ignoravam a
geografia humana e social da região, resultando em muitos dos conflitos étnicos e
políticos que persistem até hoje.

Expropriação de Recursos e Territórios

Os países europeus, ao estabelecerem colónias, começaram a explorar os recursos


naturais da África de forma intensa. A extracção de minerais, a agricultura em larga
escala e a exploração de recursos naturais foram realizadas com pouca ou nenhuma
consideração pelo impacto ambiental ou pelos direitos das populações locais. Esse
processo resultou em grande exploração e saque de riquezas africanas.

Imposição de Sistemas Políticos e Sociais

As potências coloniais impuseram seus próprios sistemas políticos, legais e sociais aos
territórios africanos. Isso incluiu a introdução de novas línguas, religiões e sistemas
educacionais, frequentemente em detrimento das culturas e instituições locais. A
imposição de administrações coloniais substituiu estruturas tradicionais de poder e
governança.

Exploração e Abusos Humanos

A exploração económica que se seguiu à Conferência de Berlim frequentemente


envolveu graves abusos dos direitos humanos. O regime brutal imposto no Congo pelo
rei Leopoldo II da Bélgica é um exemplo extremo, onde a população local foi submetida
a trabalhos forçados e outras formas de exploração brutal.
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Desestabilização e Conflitos Internos

As divisões artificiais e a imposição de governanças estrangeiras contribuíram para a


desestabilização política e social em muitas regiões da África. A falta de coesão entre os
diferentes grupos étnicos e a marginalização das comunidades locais geraram conflitos
que frequentemente persistem até o presente.

Legado de Dependência Económica

A estrutura económica das colónias foi orientada para beneficiar as potências coloniais,
resultando em economias africanas dependentes de exportações de matérias-primas e
com pouca diversificação. Esse modelo económico tem repercussões duradouras,
contribuindo para desafios económicos que muitos países africanos enfrentam hoje.

Impactos na Descolonização

Quando a descolonização começou no século XX, muitos países africanos encontraram-


se lutando para superar o legado de fronteiras arbitrárias e sistemas de governança
inadequados. A rápida retirada das potências coloniais frequentemente deixou os novos
estados sem a infra-estrutura necessária para uma transição estável para a
independência.

Rivalidades e Tensões Internacionais

A Conferência de Berlim e a subsequente partilha da África exacerbou rivalidades entre


potências europeias, que frequentemente se enfrentaram em conflitos, como a Primeira
e a Segunda Guerras Mundiais. As tensões entre as potências coloniais também
impactaram as relações internacionais, criando uma dinâmica de competição global que
teve efeitos além da África.

Cicatrizes Sociais e Culturais

A imposição colonial deixou cicatrizes profundas nas sociedades africanas, muitas


vezes desestruturando tradições e sistemas sociais locais. A tentativa de integração
forçada de culturas e sistemas estrangeiros resultou em conflitos culturais e identitários
que ainda são evidentes em muitas sociedades africanas.

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Antecedentes Históricos

Antes da Conferência de Berlim, a presença europeia na África estava concentrada


principalmente ao longo das costas, com algumas poucas incursões no interior. A
Revolução Industrial e a crescente demanda por matérias-primas impulsionaram as
potências europeias a explorar recursos africanos, como borracha, ouro e diamantes, e a
buscar mercados para seus produtos manufacturados. Além disso, o nacionalismo
crescente na Europa gerou competição por prestígio internacional, o que estimulou a
busca por colónias.

A tensão entre as potências europeias se intensificou com o interesse de novas nações,


como a Alemanha e a Itália, que desejavam participar da partilha colonial, além das já
estabelecidas potências, como o Reino Unido e a França. Esses factores culminaram na
necessidade de regulamentar a expansão colonial, levando à convocação da conferência.

Participantes e Acordos Firmados

Os países participantes incluíam, além das grandes potências europeias, países como
Espanha, Estados Unidos, Países Baixos e Dinamarca. Apesar de ser uma conferência
sobre a África, nenhum representante africano foi convidado a participar, o que reflecte
a postura eurocêntrica da época.

Entre os acordos firmados, destacam-se:

Declaração do Congo Internacional: O território foi declarado como propriedade


privada do rei Leopoldo II da Bélgica, que posteriormente utilizou o Congo como uma
gigantesca planta de extracção de recursos, particularmente borracha, com métodos
brutais e exploração desumana. Esse regime resultou na morte de milhões de congoleses
e foi uma das mais notórias atrocidades coloniais da época.

Liberdade de Comércio na Bacia do Congo: A região foi aberta ao livre comércio para
todas as nações, teoricamente visando evitar monopólios e fomentar o desenvolvimento
económico. Na prática, isso serviu mais para facilitar a exploração de recursos por
empresas europeias.

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Regras para Aquisição de Territórios: Além do princípio da “ocupação efectiva”, foi
estabelecido que a presença de uma administração colonial era necessária para que uma
potência pudesse legitimar sua reivindicação territorial.

Impactos da Partilha da África

A África, até então composta por reinos, impérios e comunidades autónomas com
fronteiras fluídas, foi transformada em uma colcha de retalhos de colónias com limites
artificiais. Entre os impactos mais duradouros estão:

Fragmentação Étnica e Conflitos Internos: As fronteiras traçadas pelos europeus


dividiram grupos étnicos e forçaram outros, historicamente rivais, a conviverem em
territórios sob uma mesma administração colonial. Essas divisões contribuíram para
conflitos étnicos e guerras civis em vários países africanos após a independência.

Expropriação de Terras e Recursos: A exploração sistemática dos recursos naturais


africanos beneficiou exclusivamente as metrópoles europeias, deixando as populações
locais empobrecidas. A expropriação de terras para plantações, mineração e outras
actividades comerciais resultou na marginalização dos povos africanos.

Imposição de Culturas e Instituições Estrangeiras: A colonização trouxe sistemas


políticos, educacionais e religiosos europeus que muitas vezes entraram em choque com
as tradições africanas. A imposição de línguas estrangeiras, como o francês e o inglês, e
a substituição das lideranças tradicionais por administradores coloniais enfraqueceram a
coesão social em muitas regiões.

Legados e Descolonização

O legado da Conferência de Berlim é amplamente negativo para a África. A


descolonização, que começou em meados do século XX, ocorreu de forma abrupta e
desorganizada, resultando em estados fracos, com fronteiras mal definidas e sem uma
infra-estrutura adequada para garantir estabilidade. Muitos dos problemas económicos,
políticos e sociais enfrentados por países africanos hoje têm raízes nas decisões tomadas
durante a Conferência de Berlim.

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Conclusão

Após o termino do presente trabalho conclui que: a Conferência de Berlim de 1884-


1885 teve um impacto decisivo na configuração política e administrativa da África,
cujas consequências ainda reverberam no presente. As decisões adoptadas durante o
encontro moldaram a partilha do continente africano, estabelecendo normas que
favoreceram a competição imperialista entre as potências europeias e deram forma ao
colonialismo moderno.

A Conferência de Berlim simboliza o auge do imperialismo europeu e seus efeitos


devastadores na África. As decisões tomadas naquele evento reflectiram uma visão
eurocêntrica, movida pelo desejo de lucro e poder, desconsiderando completamente os
direitos e a dignidade dos povos africanos. O resultado foi um legado de exploração,
conflitos e subdesenvolvimento que ainda afecta o continente. A conferência, portanto,
foi não apenas um marco de divisão territorial, mas também um dos principais factores
que perpetuaram a dominação colonial e as desigualdades globais.

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Bibliografia

"King Leopold's Ghost: A Story of Greed, Terror, and Heroism in Colonial Africa" por
Adam Hochschild.

Africa and the Victorians: The Official Mind of Imperialism" por William Roger Louis.

Stoler, Laura Ann. "Partitioning Africa: The Berlin Conference and Its Consequences."
African Studies Quarterly, vol. 12, no. 3, 2010, pp. 15-28.

Wheeler, R. R. T. The Berlin Conference and the Colonial Division of Africa.


Cambridge University Press, 1999.

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