3 Uma Perdicao de Devasso (Perdicao) - Lamara Oliv
3 Uma Perdicao de Devasso (Perdicao) - Lamara Oliv
3 Uma Perdicao de Devasso (Perdicao) - Lamara Oliv
Passei a tarde rodeado dos meus familiares e dos amigos dos meus
pais, com suas filhas e filhos tão entediados quanto eu, mas que não tinham
coragem de enfrentar seus pais para serem felizes do jeito e da forma como
achassem que era conveniente, e muitos não enfrentavam porque não
queriam perder a mordomia e a vida boa que seus pais lhe davam. O único
momento que valeu a pena foi quando meu irmão se esquivou dos sócios e
se aproximou com dois copos de uísque.
— A sua animação me contagia, irmãozinho!
Ri sem vontade, e aceitei de bom grado o uísque.
— Alguém precisa animar esta linda festa em família, não acha?
Joseph riu de forma espontânea como sempre, e chamou atenção
para nossa direção.
— Existem coisas que não mudam, e você ainda mata nossos pais
do coração.
— Se eles tivessem curtido os prazeres da vida de forma correta,
com responsabilidade e usado o principal: a camisinha… eu não teria
nascido dez anos depois de você.
Meu irmão não aguentou e explodiu em uma gargalhada mais alta
que a primeira, recebendo um olhar de repreensão dos nossos pais. E
quando se acalmou, disse:
— Tenho certeza absoluta que nosso pai usou camisinha, ainda
mais metódico do jeito que ele é, e de duas uma… ou a camisinha estourou
ou a nossa mãe furou.
Foi a minha vez de rir, mas de um jeito mais contido.
— Você fala de mim, mas a sua esposa não aguenta mais sorrir e
dá para ver pelo olhar dela o desespero. — Bebi mais um gole do uísque e
entreguei para o garçom que passava, até porque eu voltaria dirigindo para
casa. — Minha cunhada está louca pra ir embora, coitada!
— Foda! — Meu irmão suspirou. — Assim como você, ela não
suporta as sociais dos nossos pais, mas prometi que vou compensá-la no
Ano Novo. Vamos passar com os pais dela e depois curtir uns dias só nós
dois.
— Certo é você e um sortudo do caralho por ter a Nora na sua
vida… — Bati de leve em seu ombro. — Não é toda mulher que abre mão
de estar com a família para aturar a família sem emoção do marido.
Joseph olhou apaixonado para a esposa e sorriu.
— Verdade! Por isso que eu faço tudo por ela.
— Trouxa! — provoquei antes de me despedir.
— Um dia, você será igual ou pior.
Fiz uma careta.
— Não morro desse mal. — Meu irmão gargalhou de novo.
— Veremos, pequeno Zac!
Despedi-me à distância dos meus pais, sendo repreendido com seus
olhares pela minha saída antes da hora e entrei no meu carro, ansioso para
estar em casa.
Assim que cheguei, foi como tirar um peso das minhas costas e
receber o amor e carinho, de fato, que eu tanto queria. Jacob fez uma festa
como se não me visse há dias, e sua reação foi o suficiente para me fazer
sorrir de forma leve e verdadeira. Deite-me no sofá, e quando peguei meu
celular… meu sorriso se ampliou por ver que a ruivinha mais arisca que eu
já conheci, havia aceitado a minha solicitação para segui-la no Instagram.
Não perdi tempo e olhei foto por foto, assim como seus stories e
era nítido ver que a menina Claire estava desabrochando e se tornando uma
mulher cada vez mais linda e iluminada. Uma foto dela em meio aos
morangos e comendo um, me deixou louco.
— Sexy sem ser vulgar, ruivinha! — pensei alto e Jacob meneou a
cabeça de lado para me observar. E, por algum motivo, eu me vi curtindo e
comentando na foto.
Fazia tempo que eu não sabia o que era ter um almoço tão
divertido e agradável, pelo menos com um homem. Com as minhas amigas,
Sara e Bela, diversão não faltava. Ryan era um cara fechado, sério e de
poucas palavras, mas quando você o conhecia era possível enxergar o
quanto ele era incrível, e se tornava um cara ainda mais bonito quando
sorria de forma relaxada.
— O que foi? Você está me olhando como se tivesse descoberto
algo. — Estávamos terminando o nosso almoço, e enquanto eu me fartava
de um pedaço generoso de torta de morango com chantili, Ryan bebericava
com calma seu cappuccino.
— Na verdade, eu acho que descobri! — Encostei o garfo no meu
lábio inferior e sorri. Percebi que Ryan encarou por tempo demais a minha
boca, e uma quentura se espalhou pela minha bochecha. Mas não uma
quentura de desejo… o que me fez pensar em Zac… por que diabo aquele
pervertido invadiu a minha mente, eu não sei. E, sim, de vergonha.
Pigarreei, e continuei: — Você fica mais jovem, leve e bonito quando está
sorrindo. Já te falaram isso?
Debrucei na mesa e meneei minha cabeça de lado, curtindo a
surpresa pelo comentário tomar conta dos seus olhos.
— Não, nunca me falaram e também nunca tinham me deixado
sem jeito com um comentário. — Riu, e eu gostei do som. — Mas vindo de
você, sempre vale a pena.
Pisquei os olhos algumas vezes, e tentei interpretar se era um
agradecimento de amigo ou não, porque nós éramos amigos, certo? Pelo
menos, era no que eu acreditava.
— Isso quer dizer que sou especial — falei com espontaneidade.
— Achei que já soubesse disso. — Parei o garfo no meio do
caminho, e dessa vez não consegui encará-lo.
— Você está conseguindo me deixar envergonhada.
— Então, estamos quites!
Terminei de comer em silêncio e mais envergonhada que antes, e
por achar que Ryan estava muito quieto, levantei os olhos e quando eu vi
que ele segurava o riso, acabei rindo e relaxando. Os dias vinham passando,
e minha amizade com Ryan se fortalecia a cada dia. E conforme eu o
conhecia mais a fundo, sentia que a mulher que entrasse na vida dele, seria
uma sortuda. Ela, com certeza, teria o mundo, pois ele faria de tudo para
fazê-la feliz.
— Quer ajuda?
— Não. Eu já estou acostumada.
— Há quanto tempo que você mora aqui?
— Vai fazer três anos. Por quê?
— Porque não só o lugar, mas o edifício e seu apartamento são
bem aconchegantes.
Vi um pequeno sorriso em seus lábios.
— Quando eu vim para cá, busquei encontrar um lugar que, de
alguma forma, me deixasse perto da natureza devido à fazenda onde eu
cresci. Eu sei que é Nova York, mas quando encontrei esta rua repleta de
árvores e este edifício, eu sabia que teria que ser aqui.
— Acertou em cheio. Eu moraria aqui sem pensar duas vezes.
— Não gosta de onde mora?
Aceitei a caneca que ela colocou na minha frente, e o cheirinho me
fez lembrar a minha infância.
— Não, eu amo.
— Fica muito longe da empresa?
— Na verdade, não. Uns quinze minutinhos. Moro de frente para o
Central Park.
Claire assoviou e eu adorei ouvir o som.
— Deve ser tudo, acordar e poder admirar o parque.
— É sim. Jacob ama… ele sempre fecha os olhinhos marrons e fica
sentindo a brisa fresca na carinha e nos pelos.
— Eu faria o mesmo. — Pegou a própria caneca e sentou no sofá,
colocando os pés para cima, tentando esquentá-los com uma almofada.
— Você pode fazer.
— Quem sabe um dia… preciso trabalhar muito para ter um
apartamento assim.
— Ou você pode jantar comigo e com Jacob, e acordar admirando
o Central Park.
Claire paralisou e eu também, porque eu nunca havia feito um
convite desses para uma mulher. Meu espaço era meu espaço e de Jacob, e
mais ninguém. Era sagrado!
— Um dia… quem sabe! — Claire bebeu um gole nervosa e
acabou se queimando. — MERDA!
Coloquei minha caneca em cima da mesinha de centro e fiz o
mesmo com a dela.
— Deixa eu ver…
— Não precisa.
Tirei seus dedos da minha frente e me aproximei, sentindo seu
cheiro doce e frutal, com uma mistura de chocolate. O que acabou
bombeando sangue para um lugar que eu amava usar.
— Ficou vermelho. Não só o lábio, mas a pontinha da língua.
— Vou tomar um pouco de água e deixar esfriar bastante antes de
beber.
— Deixa que eu te ajudo…
— Como?
Puxei Claire para o meu colo, e enfiei uma de minhas mãos no
cabelo solto e com a outra a puxei para mais perto de mim, sem deixar um
espaço sequer entre os nossos corpos que só eram separados pelas nossas
roupas.
— Assim… — Passei minha língua com cuidado em seus lábios e
bem devagar chupei sua língua ouvindo seu gemido baixinho.
— É assim que você quer ajudar?
Apoiou as mãos no meu peito e me encarou com os lábios
próximos aos meus.
— Não. É assim que eu quero cuidar de você.
— Precisa ser mais carinhoso.
Sorri e encostei minha boca na dela.
— Eu serei… aqui e em todos os cantos do seu apartamento.
Capítulo 20
Existe certo e errado?
Ri, porque eu tinha certeza de que era cena e ele estava rindo.
Durante o caminho até a minha casa, achei melhor não dizer nada e
com isso eu fiquei na minha, relembrando cada detalhe da situação
desagradável com a família de Zac. A arrogância no olhar do pai dele e até
mesmo desprezo pelo filho. A mãe dele preocupada com os olhares e o
irmão com um olhar cansado e triste pela situação. Com isso, eu fiquei me
perguntando como Zac sempre com um sorriso no rosto, gentil, atencioso e
com uma energia tão boa, se sentia em fazer parte de uma família como a
dele. Devia ser vazio e solitário.
Assim que ele estacionou o carro em frente ao meu edifício, seu
suspiro foi audível, chamando a minha atenção.
— Me perdoe mais uma vez, anjo! Você não merecia ser tratada
daquela forma, meu pai…
— Você não teve culpa. — Tentei não chorar novamente. — Não
temos controle sobre as atitudes e falas das outras pessoas.
— Eu sei! Mas nada justifica a falta de educação, desrespeito e
prepotência do meu pai. Ele não tinha e não tem o direito de falar com você
daquela forma.
— Não, ele não tinha. — Sorri, sentindo meu nariz arder
novamente. — O importante é que você não é como ele…
Zac me olhou e, pela primeira vez, o devasso saiu de cena e deu
lugar a um menino pedindo colo e carinho. Meu coração doeu, doeu por ver
que tem gente que tem tudo financeiramente, mas não tem o que mais
precisa… amor.
— Eu não sou e nunca serei como ele, anjo! — Eu vi a certeza e
firmeza em suas palavras. — Disso você pode ter toda certeza…
— Por algum motivo, eu confio em você. — Meu estômago
roncou, fazendo barulho e interrompendo a conversa. — Meu Deus!
Levei minha mão à barriga e ri envergonhada, com Zac me
olhando e segurando o riso.
— Fome?
— Muita.
— Quer sair para almoçar ou eu posso te convidar para almoçar na
minha casa?
— Sua casa? – Levantei uma sobrancelha, desconfiada.
— Sim. Por que não? — Zac levantou a sobrancelha em resposta.
— Jacob vai adorar te ver.
— Hum… não sei!
— Vamos… pega uma roupa mais confortável, e vamos. Prometo
que irei me comportar e não farei nada que você não queira. — O safado
apoiou os braços no volante do carro e olhou para o meu decote, sorrindo e
passando a língua no canto da boca.
Pensei por alguns segundos, e cheguei à conclusão de que eu não
tinha nada a perder. Mesmo que algo em mim dissesse o tempo todo que
essa aproximação com Zac era uma loucura, e que em algum momento
traria consequências. Fossem elas boas ou ruins, eu deveria me permitir.
— Tá bem! Me dá uns dez minutinhos.
— O tempo que você precisar… — Seu sorriso era triunfante. —
Quer que eu vá junto?
— Não, precisa! Já volto.
Desci do carro e entrei às pressas no meu edifício, com um sorriso
estampado no rosto e sentindo um frio na minha barriga.
Era lindo ver a interação entre Zac e Jacob, como se um precisasse
do outro, e talvez precisassem – os animais são puros e verdadeiros, e
melhores do que muitos seres humanos. Dando amor e carinho, sem pedir
nada em troca, além de atenção. E saber que Zac tinha um serzinho assim
ao lado dele, confortava meu coração.
Os dois rolavam no chão em uma brincadeira bruta, cheia de
mordidinhas superficiais e lambidas por parte de Jacob. Depois de dar as
“boas-vindas” para o pai, veio na minha direção, porém seu comportamento
mudou completamente. Cada passinho que ele dava era com cautela e
devagar, diferente das outras vezes. Dizem que os animais sentem quando
tem algo fora do lugar ou quando não estamos bem, e por mais que eu
estivesse com um sorriso no rosto, ainda assim, eu estava bem chateada
com tudo que havia acontecido. Jacob provavelmente estava sentindo.
— Oi, garoto! Tudo bem? — Agachei para ficar na altura dele e
acariciar sua cabecinha.
Jacob deitou a cabecinha na palma da minha mão e me olhou de
um jeito tão amoroso, que me surpreendi quando uma lágrima desceu pelo
meu rosto. Zac parou ao meu lado, e pegou a lágrima com o indicador.
— Às vezes, a sensação que eu tenho é como se ele estivesse
enxergando a minha alma… Tô errado, amigão?
Jacob latiu como se estivesse concordando com o que Zac havia
acabado de dizer. Levei um susto e ri, o safadinho ficou tão feliz com a
minha risada que pulou no meu colo como das últimas vezes, me
derrubando no chão. E brincar com ele me trouxe uma leveza e
tranquilidade que, até então, eu não sabia que precisava. Depois de brincar
sob o olhar de Zac, Jacob se cansou e se jogou no sofá de barriga para cima
e com a língua pendurada para fora.
— O que você quer comer? — Estendeu a mão para me ajudar a
levantar.
— Você vai cozinhar? — Ele coçou a cabeça sem jeito.
— Na verdade, pensei em pedir algo agora e se você ficar aqui,
faço questão de cozinhar para você mais tarde. Já são quase três da tarde, e
não quero que você espere mais para comer alguma coisa.
— Não sei se fico até mais tarde, mas aceito comer algo bem
gostoso.
— Como o que, por exemplo? Eu posso escolher, se você quiser.
— Tirou o paletó e jogou em cima do sofá, me olhando dos pés à cabeça. —
Tem muitas coisas que eu gostaria de comer e só de lembrar o sabor, minha
boca enche d’água.
Zac se aproximou e ficou tão perto de mim, que me senti sufocada
com a sua altura e beleza, respirei fundo e apoiei as mãos em seu peito.
— Estou falando de comida, seu pervertido.
Sem que eu esperasse, ele me pegou no colo, me fazendo dar um
gritinho de susto e foi em direção ao sofá, sentando comigo, segurou na
minha cintura e me puxou para mais perto. Zac fez um movimento com o
quadril que me fez sentir perfeitamente sua ereção dura contra a minha
boceta que já estava molhada pelo vocabulário vulgar que combinava
perfeitamente com ele.
— Posso ser sua sobremesa, então?
Esfreguei-me nele e com a minha boca bem próxima, sussurrei
contra os lábios dele:
— A sobremesa tem que valer a pena. — Zac segurou na minha
bunda com força e fez com que eu me esfregasse nele mais uma vez.
— É boa a ponto de você se lambuzar e pedir por mais.
— Hummm… acho melhor pularmos para a sobremesa, então.
— Vou pedir a nossa comida, e enquanto a gente espera… eu deixo
você sentir o gostinho, mas já adianto que a sobremesa é grande e grossa e
com uma calda diferente e nutritiva.
— O QUÊ?! — Tapei sua boca chocada. — Nutritiva? — Joguei a
cabeça para trás e gargalhei, até uma brincadeira com Zac era motivo para
safadeza.
Pedimos a comida e como prometido, não só eu me lambuzei, mas
ele também se lambuzou com a sobremesa que eu ofereci. Uma loucura fora
da curva, pecaminosa e extremamente deliciosa.
Capítulo 24
Nem sempre a interpretação é o que parece
Senti que meu anjo estava perto de gozar quando seus dedos se
fecharam em meu cabelo me puxando para ela, e sua boca buscou pela
minha de forma desesperada. Levei minha mão entre nossos corpos e
estimulei seu clitóris, incentivando e prolongando seu orgasmo que a
atingiu com tudo. Eu apenas observei e guardei na memória a sua imagem,
tão linda e entregue, enquanto ela segurava meu lábio inferior entre os
dentes e gemia sem vergonha alguma. Quando os espasmos foram
diminuindo, ela abriu os olhos de um jeito preguiçoso e com sorrisinho de
quem tinha acabado de foder e estava satisfeita.
— Não para… — Levou minha mão que estava entre nossos
corpos, e chupou os dedos que antes estavam em seu clitóris. — Quero te
ver gozando dentro de mim!
Alisei a sua coxa e subi deixando um tapa na bunda que eu
adorava, e sorri.
— Seu pedido é uma ordem…
Não esperei um minuto a mais ou a menos, puxei a lateral do seu
vestido com minha boca expondo o mamilo esquerdo durinho e rosado,
passei minha língua ouvindo seu gemido baixo e o engoli com vontade,
entre chupadas e lambidas tentando aplacar o desejo desenfreado que
crescia em mim quando se tratava de Claire. Espalhei beijos molhados entre
o vão dos seios que cabiam perfeitamente na palma da minha mão, até
alcançar o mamilo direito e fazer o mesmo, e só me dei por satisfeito
quando vi sua respiração ofegante e sua lubrificação molhando a minha
calça. Eu a fodi, com menos delicadeza e não parei até senti-la apertar meu
pau mais uma vez. Gozei junto com ela e enchi a boceta que vinha me
enlouquecendo com toda a porra que eu acumulei nos últimos dias, e se
continuasse assim… com a nossa diferença de idade, em algum momento a
diabinha ruiva me faria enfartar.
Com as nossas respirações aceleradas, eu a desci com cuidado,
deixando que firmasse seus pés no chão e ajeitei seu vestido. Passei as mãos
pelo seu rosto tirando os fios grudados em sua testada e a beijei sem pressa,
sentindo a textura dos seus lábios macios e o gosto da sua boca misturado
ao do espumante, sendo retribuído da mesma forma.
— Tudo bem?
— Sim… — Sua voz estava letárgica e segurei a vontade de rir
para não a irritar, e dar motivos para que ela subisse a barreira que construiu
nos últimos dias entre nós novamente. — Eu só…
— Você só? — Meneei a cabeça de lado tentando descobrir, e
quando vi que ela prendia uma perna na outra, imediatamente entendi. — Já
volto!
Saí da área vip vendo que Jason manteve o espaço vazio para nos
dar privacidade, como eu havia pedido e sorri, satisfeito, fazendo uma nota
mental para agradecer meu amigo. Entrei no banheiro e peguei duas toalhas.
Molhei uma e a outra eu mantive seca. Voltei e ela continuava do mesmo
jeito, mas de uma forma engraçada. Na ponta dos pés, com as pernas
pressionadas uma na outra e as mãos segurando a barra do vestido, tentando
ver o que acontecia na pista de dança. Assim que me aproximei, agachei na
sua frente e Claire tentou pegar as toalhas da minha mão e por reflexo eu
afastei.
— Eu posso fazer isso sozinha.
— Eu faço!
— Zac, já disse que faço… — Tentou pegar as toalhas novamente.
— Eu posso muito bem me virar sozinha.
— Em nenhum momento eu disse que não podia, disse? —
Arqueei uma sobrancelha e observei um biquinho lindo se formar em seus
lábios. — Não vamos discutir sobre isso, ok? Agora abra as pernas, meu
anjo!
Claire fez o que eu pedi um pouco revoltada e me deixou limpá-la,
observando todos os meus movimentos, soltando um resmungo ou outro
quando a toalha passava entre suas pernas.
— Tô passando forte?
— Não! Só estou um pouquinho sensível.
Assenti, agora usando a toalha seca, e quando terminei, joguei as
duas no lixo. E assim que terminou de se ajeitar, perguntei:
— Quer ir embora?
Claire cruzou os braços, e mais uma vez olhou na direção da pista
de dança.
— Podemos passar lá embaixo primeiro? — Desviou o olhar da
pista e mordiscou os lábios, esperando por minha resposta.
— O que você quiser…
— Obrigada! — Claire correu até a mesinha para pegar sua
bolsinha e quando voltou, seu sorriso parecia de uma criança que havia
conseguido o que tanto queria. — Podemos ir!
Segurei em sua mão cruzando nossos dedos e como ela não
reclamou, fui em direção ao lugar que meu anjo tanto queria desde a hora
em que chegamos. A pista de dança.
Pouco tempo depois que cheguei em casa, meu celular tocou com
uma mensagem de S.O.S de Sara dizendo que Bela e Phillip estavam com
problemas e se elas poderiam passar a noite no meu apartamento. Não
pensei duas vezes, e disse que estava esperando por elas. Corri pelo meu
cantinho que eu tanto adorava e fui ajeitando o que estava fora do lugar,
pois queria que minhas amigas se sentissem confortáveis e fiquei aliviada
por saber que tinha feito um bom investimento na cama. Nós três
caberíamos perfeitamente nela, sem ficarmos espremidas. Assim que
terminei de ajeitar a cama, iniciei o preparo de um chocolate quente, porque
as noites em Nova York andavam frias e chuvosas nos últimos dias. Assim
que Sara me mandou mensagem, avisando que estavam chegando, corri
para o quarto. Só tive tempo de colocar uma calça jeans e quando puxei
uma camisa e coloquei às pressas, vi que não era minha e sim de Zac.
Suspirei com o cheiro que invadiu minhas narinas e ri de nervoso.
A camisa era duas vezes maior que o meu tamanho, e tinha ficado
comigo para que eu pudesse lavar depois que eu insisti quando de forma
desastrada deixei cair molho shoyo na noite seguinte em que jantamos
juntos, depois que ele havia me deixado bêbada em casa – a mesma noite
em que transamos pela primeira vez. Só não lembrava de tê-la guardado e
nem imaginaria que mesmo depois de lavada, seu perfume gostoso e
amadeirado grudaria no tecido.
— Droga! Eu realmente não tenho paz… — Calcei meus chinelos
e abri a porta, descendo as escadas de dois em dois degraus às pressas e me
sentindo sendo consumida por ele, mesmo que o próprio não estivesse por
perto. — Corpo traiçoeiro! — choraminguei.
Assim que abri a porta do edifício, fui até as minhas amigas que
me olharam e eu tive a certeza de que a camisa não havia passado
despercebida por elas. Me fiz de doida, cumprimentei Cláudio que era o
segurança pessoal de James e Sara, e chefe de segurança da família Wilson,
e depois foquei em Bela junto com Sara puxando as duas juntas para um
abraço.
— Fiz chocolate quente pra gente, enquanto decidimos juntas o
que pedir para comer. O que acham? — falei com carinho e tentando
controlar minha preocupação.
— Você é perfeita! — Sara disse, animada e com brilho nos olhos
parecendo uma criança.
— Muito obrigada! Eu nem sei o que dizer… — Bela disse com a
voz baixa e com um sorriso fraco.
— Imagina! — Abracei Bela mais uma vez, e respirei fundo para
não chorar. — Vamos?
Cláudio nos acompanhou até a entrada e disse que passaria para
nos buscar para levar ao trabalho no dia seguinte, e agradecemos. Cláudio,
apesar da seriedade, era muito gentil, cuidadoso e preocupado. Sempre nos
tratando da mesma forma que tratava Sara. Era impossível não gostar dele
que, apesar de passar uma imagem de poucos amigos, tinha um coração do
tamanho do mundo.
Assim que entramos no apartamento, tomamos o chocolate quente
que, por sinal, estava perfeito de tão delicioso, e deixamos que nossa amiga
desabafasse sobre o que havia acontecido e foi impossível não chorar junto
com ela. Depois que ela se sentiu mais calma, foi tomar um banho,
enquanto eu e Sara ficamos responsáveis por escolher algo para comermos.
Escolhemos muitas besteiras deliciosas, como pizzas, refrigerantes,
chocolates e sorvetes. Briguei com Sara para que sentasse no sofá e me
deixasse arrumar tudo na mesinha de centro da sala rapidinho.
— Gravidez não é invalidez, sabia, ruiva do meu coração?
Balancei a cabeça revirando os olhos para a reclamação magoada
que ela fazia.
— E, eu disse que era, dramática da minha vida? — Vi quando ela
cruzou os braços e segurou um sorriso. — Não posso querer cuidar da
minha amiga e do nosso anjinho?
— Aff… já disse que te amo hoje?
— Ainda não, mas eu sei… — Ri quando ela tentou dar um
tapinha na minha bunda.
— Cara de pau! — Riu alisando a barriguinha linda. — O que acha
de assistirmos a um filme?
— Eu acho ótimo… um filme vai cair superbem se Bela concordar.
Assim que terminei, Bela se juntou ao nosso trio que se fortalecia e
se tornava cada vez mais inseparável com o tempo.
— Muito obrigada pelo carinho! Vocês não existem! — disse
segurando em nossas mãos.
— Não precisa agradecer, bandida! — Sara beijou sua mão e
colocou em cima da sua barriga. — Pensamos em assistir a um filme. O que
acha?
— Acho ótimo! — Sorriu e eu fiquei aliviada.
— Que tipo de filme? — Peguei o controle e comecei a passar
pelas categorias e li em voz alta: — Comédia, ação, suspense, fantasia,
romance…
— ROMANCE, NÃO! — gritamos as três juntas, olhamos uma
para a outra e começamos a rir.
Escolhemos um filme de comédia e nos acabamos de rir, e apesar
de saber que minha amiga estava com o coração dolorido e em um mar de
sentimentos conflitantes, eu assim como Sara sabíamos que tudo ficaria
bem. Phillip não teve culpa sobre as atitudes da sua ex e Bela sabia o
quanto ele era extremamente louco e apaixonado por ela, e que jamais a
magoaria. Phillip com certeza sofreria mil vezes a mesma dor para não a
ver sofrer. E por mais que ambos estivessem sofrendo, o amor deles era
mais forte do que qualquer dificuldade ou imprevisto pelo meio do
caminho.
O dia passou tão rápido que quando eu vi, já era hora do almoço.
Após as entrevistas que faltavam, fiquei satisfeito e até mesmo chocado
quando Ryan decidiu fechar com os cinco candidatos selecionados. De
acordo com ele, cinco era melhor que três, porém não queria saber de novas
entrevistas tão cedo, só se alguém da sua equipe fizesse merda.
Marquei de almoçar com meus amigos, mas não esperava ser
rejeitado. Quando saí do elevador, coloquei meus óculos escuros e caminhei
até eles que conversavam de forma animada.
— E ele como sempre pontual — Phillip provocou.
— Que eu saiba, se eu não fizer o meu trabalho esta empresa não
anda.
Observei minha garota que fazia uma selfie com Sara, e eu tinha
certeza de que enviariam para Bela.
— É, irmão… alguém precisa fazer a parte mais difícil e
importante. — Segurou no meu rosto e deu dois tapinhas de leve em ambos
os lados. — Você é nosso orgulho!
— E é bom te ver animado. — Puxei meu amigo para um abraço.
Saber que ele e Bela haviam se acertado e que em breve ela estaria
retornando do Brasil, me deixava feliz. Todos estavam com saudade
daquela louca.
— E é bom te ver apaixonado.
— Vocês vão me infernizar com isso?
— Se tornou o nosso passatempo. — James riu.
Antes que eu os xingasse, as meninas se aproximaram e envolvi
Claire pela cintura, dando um beijo em sua testa.
— Vamos?!
— Eu não vou.
— Não entendi. Por quê?
— Vou almoçar com Ryan.
— Tá falando sério?
— Por que não estaria? Ele é meu amigo, qual o problema? — A
diabinha cruzou os braços e empinou o nariz. — Não quero que fique
mijando em mim.
— Mijando? — Mesmo com os óculos escuros, a careta que eu fiz
deve ter sido tão expressiva, que meus amigos viraram de costas para não
rirem. — Eu não estou fazendo isso, meu anjo.
— Está sim… parece que quer marcar território.
— Eu não faria isso! — me defendi.
— Não é o que parece.
Respirei fundo e segurei seu rosto entre minhas mãos, e tentei
desfazer o biquinho com meus polegares que havia se formado em seus
lábios.
— O que quero dizer… é que ele é só um amigo, porque você quer.
— Ele nunca me desrespeitou, Zac. Sempre foi um cara incrível
comigo, e eu não vou deixar de ser amiga dele. Goste você ou não! — Ela
me abraçou pela cintura, e me deu um beijo rápido. — Preciso ir.
Vi Ryan parado um pouco distante e pude ver a forma animada e
carinhosa que Claire o abraçava, sendo retribuída da mesma forma. Um nó
esquisito se formou em minha garganta.
— Porra… me fodi! — Phillip disse, irritado.
— Hoje o almoço é por sua conta. — James riu e assoviou logo em
seguida.
— Algo que eu tenha perdido?
— Ah… — Sara segurou em meu braço com um sorriso de menina
levada e me puxou para caminhar com ela e meus amigos. — Eles
apostaram um pouco antes de você descer, quando seria sua primeira crise
de ciúme e meu maridinho ganhou.
— O quê? — falei, desacreditado. — Quando digo que vocês são
dois cuzões, ninguém acredita.
— Na nossa vez você fez pior, não reclame — Phillip disse rindo.
— E se prepara, porque essa é a primeira de muitas.
— E conhecendo a amiga que eu tenho… — Sara suspirou com
satisfação. — Espero que seu coração seja forte, coisa linda da amiga.
Porra… Ciúme? Eu estava fodido.
— Fiquei preocupado! Está se sentindo melhor? — Ryan
perguntou depois que fizemos nosso pedido em um dos restaurantes que
gostávamos de almoçar próximo à empresa. Tinha um estilo rústico e
aconchegante.
— Estou sim. — Sorri para ele. — Foi uma gripe chatinha, mas
consegui me recuperar no fim de semana e também aprendi a não sair mais
sem guarda-chuva.
Ryan deu uma risada gostosa, algo que era difícil de ver e eu me
sentia feliz, por saber que podia compartilhar momentos assim com ele.
— Nunca mais tire o guarda-chuva da bolsa.
— Não vou.
— Fico feliz de saber que está feliz. — Ele sorriu, porém seu
sorriso não alcançou os olhos. — Zac realmente é um cara de sorte.
Senti uma pontada no meu coração, e uma vontade enorme de
abraçá-lo. Ryan era alguém incrível, e não só pela beleza que era de tirar o
fôlego. Imponente, charmoso e até misterioso, porém o que mais chamava
atenção era seu coração que eu tive o prazer de conhecê-lo um pouquinho e
tê-lo em minha vida. E como eu falei para Zac, eu não iria me afastar de
alguém que sempre me tratou da mesma forma desde que eu me sentia um
peixe fora d’água.
— Obrigada! — Segurei em sua mão por cima da mesa e sorri com
minha visão um pouco embaçada pelas lágrimas.
— Pelo quê? — Ele meneou a cabeça de lado e apertou minha mão
quando limpei uma lágrima traiçoeira.
— Você sempre foi maravilhoso comigo, e espero que nossa
amizade não mude e continue se fortalecendo. — Sorri.
— No que depender de mim, nossa amizade não mudará em nada.
Falo sério quando digo que fico feliz por você…
— Eu sei. — Funguei e Ryan riu. — Se eu chorar, além da torta de
morango… — Ri. — Vou querer passar naquela sorveteria artesanal na
volta.
— Não se esqueça de que da última vez, você disse que seu
cérebro estava congelando.
Explodi em uma gargalhada e acabei chamando atenção para nossa
mesa, rapidamente tentei me acalmar e evitei olhar para os lados.
— Você diz que Zac é um cara de sorte, mas sortuda será a mulher
que conquistar seu coração.
— Não sei! Não é algo que eu queira ou busque.
— A vida é cheia de segredos, e você pode se surpreender.
— Talvez!
Nosso pedido chegou e nos minutos seguintes, almoçamos
conversando sobre as entrevistas que Ryan havia feito, e na maior parte do
tempo eu me diverti, com as caras que ele fazia contando sobre cada uma,
principalmente da Emma Davis. Depois passamos para tomar o sorvete que
eu queria e quando nos despedimos, Ryan me abraçou e depositou um beijo
no topo da minha cabeça, e eu tive a certeza de que ele seria um amigo para
o resto da minha vida.
Nos dias que se seguiram, tentei não me importar muito com os
olhares que eu recebia todas as vezes que estávamos juntos, fosse dentro ou
fora da empresa, era como se Nova York inteira estivesse nos vigiando. Zac
não tinha vergonha de demonstrar seus sentimentos em público quando
estávamos juntos, algo que se tornou uma diversão para James e Phillip, e
fazia as meninas suspirarem. Apesar de não termos rotulado o nosso
relacionamento, eu me via cada vez mais apaixonada por ele e, mesmo com
medo, estava me permitindo e deixando as coisas acontecerem.
Seu cuidado e preocupação comigo eram tanto que Zac notou algo
que de início eu não quis acreditar e me senti um pouco relutante. Quando
Bela retornou do Brasil, saímos para comemorar e houve um momento que
me senti sufocada dentro do pub em que estávamos e pedi para irmos
embora, e mesmo contra o protesto das meninas, ele não questionou.
Apenas me levou para seu apartamento.
— Meu anjo… podemos conversar sobre algo que eu venho
observando? — Zac perguntou, acariciando meu cabelo.
— Podemos sim. — Levantei minha cabeça buscando seu olhar, e
vi preocupação. — Tá tudo bem?
Desde que chegamos do pub, estávamos deitados no sofá com
Jacob entre as nossas pernas.
— Não quero que interprete errado o que vou dizer, mas sim que
me ouça… tá bem?
— Se você continuar me olhando desse jeito e não falar nada, além
de interpretar errado, vou ficar nervosa.
— Você consegue ficar ainda mais linda irritada, sabia?! — disse
sorrindo do jeito que eu amava.
— Não me distraia com esse sorrisinho devasso…
Fiquei séria, demonstrando meu aborrecimento, e Zac passou o
polegar no vinco que se formou entre as minhas sobrancelhas e depositou
um beijo.
— Perdão!
— Você está arrependido de verdade?
— Não. — Dei um tapinha em seu peito ouvindo sua risada.
— Idiota!
Meu devasso pegou minha mão e beijou com carinho. Como ele
conseguia me irritar e me acalmar ao mesmo tempo?
— Anjo… desde que nos conhecemos, tenho observado que
quando estamos em lugares muito cheios, perto de pessoas desconhecidas
ou que você possa ser o centro das atenções, você fica tensa e
desconfortável a ponto de algumas vezes machucar os dedos ou até mesmo
se sentir sufocada como hoje…
Pisquei os olhos algumas vezes, sentindo um nó se formar em
minha garganta. Como ele havia notado algo que nem eu mesma não
entendia muito bem?
— Como você notou essas coisas? — Minha voz saiu baixa, quase
um sussurro.
— Como não notar no anjo ruivo que roubou meu coração?
— Zac, eu… eu não sei por que me sinto assim.
— Hey, meu amor… — Ele secou a lágrima que caía. — Eu sei!
Por isso, não quero que interprete errado.
— Como assim?
Percebi que ele estava receoso, mas esperei que continuasse.
— Tenho um amigo da época de faculdade que é psicólogo, e
tomei a liberdade de conversar com ele…
— Sobre mim? — Me senti estranha. — O que vocês falaram?
— Sim, sobre você. — Zac me apertou mais contra seu peito. —
Nicolas gostaria de conversar com você, caso você queira. Ele acredita que
possa ser fobia social, mas como não sou médico…
— Fobia social? — repeti em voz alta, tentando assimilar o que
Zac havia acabado de dizer. Não percebi que tinha ficado por tanto tempo
em silêncio, até que ele sentou e me colocou em seu colo.
— Olha pra mim… — pediu com tanto carinho, que seria
impossível ficar chateada. — Pelo que pesquisei, a fobia social é algo que
todos podemos ter em qualquer momento da nossa vida. Pode surgir através
da ansiedade, como pode ser hereditário, traumas ou experiências e
situações que levaram a pessoa a se sentir daquela forma.
Tentei puxar na memória situações que pudessem me levar a me
sentir daquela forma, mas minha cabeça ficou confusa. Era como se um
balde de informações virasse em cima da minha cabeça.
— Se eu realmente tiver essa fobia, será que é grave?
— Grave ou não, eu vou estar com você. — Zac beijou minhas
bochechas e nariz. — Eu posso te levar para uma consulta com o Nicolas,
eu confio nele e no trabalho dele. Você quer?
— Quero sim — fui sincera, secando as lágrimas que não consegui
controlar, e me aninhei nos braços do homem que me protegia sem
julgamentos.
— Fico feliz, meu anjo! Você me perdoa por ter sido invasivo sem
antes te consultar?
— Só com uma condição.
— Qual?
Ajeitei-me em seu colo, envolvendo seu pescoço com meus braços.
— Me chama de “meu amor” de novo, vai?
Zac semicerrou os olhos, e sendo ele quem era, levantou comigo
no colo e me jogou por cima do ombro dando um tapa na minha bunda. Dei
um gritinho pelo susto e a rapidez com que ele sempre conseguia fazer
essas coisas.
— Você vai ouvir, enquanto eu estiver dentro de você… sua
diabinha!
— E a lista de apelidos só aumenta.
Levei outro tapa, e ri me divertindo com a situação. Zac me jogou
na cama, e sorriu cheio de promessas. E olhando para ele, eu nunca me senti
tão grata por ter sucumbido ao pecado.
Capítulo 33
É pedir muito um pouco de paz?
— Acabei de chegar!
— Respira fundo e conta até dez, meu anjo! Não se esqueça de que
é a sua família e apesar de tudo, eles te amam e, mesmo não estando ao seu
lado, eu estou em pensamento e no seu coração.
— Por que mesmo você não veio, hein?
— Porque é o seu momento com a sua família, e que eu me
lembre… você praticamente me obrigou a ir em um almoço da minha
família.
Ri com a sua reclamação, e tentei controlar a minha respiração.
— Não largue esse celular, tá bem?
— Não vou. Estarei bem aqui, e se precisar, eu vou até você. Te
amo, meu anjo!
— Te amo, meu devasso!
— Porra… meu pau acabou de ficar duro e algumas senhorinhas
acabaram de ver.
— Zac… seu pervertido!
Finalizei a ligação ouvindo a risada gostosa que causava as
melhores sensações em mim, e comecei a caminhar em direção à entrada da
enorme casa da fazenda. Desde a visita inesperada dos meus avós, eu não os
via, mas ainda falava por telefone com a minha avó e meus pais, exceto
meu avô. Como amanhã seria seu aniversário, mesmo com toda a situação,
eu não poderia deixar de vir. Quando passei pela porta de entrada, havia
uma música baixinha tocando e o cheirinho de bolo me levou em direção à
cozinha. Encostei-me no batente da porta e sorri emocionada, vendo minha
mãe abraçando a minha avó pelas costas e balançando o corpo ao ritmo da
música.
— É pedir muito que minha menininha pare de crescer?
— Pai! — Sorri, virando para ele e praticamente me joguei em
seus braços. — Que saudade! E é pedir muito que meu pai pare de ficar tão
bonito?
— Eu já não sei mais o que faço com tanta mulher de olho, o que
me acalma é saber que ele é meu… — Minha mãe se juntou ao abraço,
enquanto minha avó a repreendia e ria. — Sua avó está enchendo esta casa
com as suas comidas preferidas.
— Tudo pela minha menina!
Foi impossível não chorar, com o cheirinho de lar e aconchego.
Perfeitos ou não, errados ou não, eu os amava com todas as loucuras e
nossas diferenças familiares.
— Onde está meu avô? — perguntei sem jeito.
— Aquele velho turrão?
— Grace! — Minha avó deu um tapinha em minha mãe.
— Ai… não falo por mal, é meu jeito de dizer que o amo.
— E de tirá-lo do sério.
— Também… — Minha mãe riu para minha avó e piscou para
mim. — Tá lá no campo, meu amor. Vai lá… ele errou muito feio, mas te
ama com a própria vida. Nós dois não iremos mudar um com o outro, mas
com você é diferente. Você é nossa luz!
Minha avó passou as mãos pelo rosto secando as lágrimas e me
entregou uma cestinha com suco, café e bolo. Peguei e fui direto ao lugar
que eu sabia que o encontraria. Nas divisões dos campos, analisando o solo
para os próximos plantios.
— Não sei se o senhor percebeu, mas logo o sol vai se pôr e sei
que gosta de tomar seu café admirando a troca do dia pela noite, e agradecer
por mais um dia.
Quando seus olhos encontraram os meus, mordi meu lábio inferior
tentando controlar a emoção, com a culpa e a saudade que eu via refletir
através do seu olhar. Seus olhos tão verdes quanto os meus, diziam mais
que mil palavras. Senhor Afonso começou a limpar as mãos com o lencinho
que ele carregava para todos os cantos.
— Chegou tem muito tempo? — Pigarreou para controlar a voz
embargada.
— Não, senhor… cheguei não faz meia hora. — Peguei um
morango e girei entre meus dedos. — Animado para seu aniversário,
amanhã?
— Não estava até te ver… — Suspirou. — A idade vai chegando e,
no meu caso, parece que me perdi e me tornei ignorante. Foi preciso aquele
moleque insolente do seu namorado chegar aqui todo engomadinho para me
fazer perceber que eu estava magoando o meu bem mais precioso… — Seu
queixo tremeu e rapidamente, ele tratou de secar com o dorso da mão as
lágrimas que caíam. — Achei que estava acertando, e não vi que as minhas
atitudes estavam ferindo não só a você, mas a maluca da sua mãe… —
Bufou e eu acabei rindo. — E a coitada da sua avó. Aquela mulher
realmente me ama.
— Vô…
— Não, minha neta! Me deixa terminar, sim? — Concordei,
deixando as lágrimas correrem soltas. — Deus é amor e não inibe seus
filhos, e eu, temente à Sua palavra de forma controversa, tentei podar suas
asas e, por isso, quero pedir o seu perdão e pedir para que tenha um pouco
de paciência com esse velho rabugento aqui.
— Ah, vô… como não te perdoar? Como o senhor disse: Deus é
amor! E, o perdão cura a alma e o coração, aprendi isso com o senhor.
Lembra?
— Eu te amo, minha neta! Obrigado por me permitir sorrir de
novo.
— Te amo, vô! E obrigada por sempre me ensinar o caminho do
bem.
Errar é humano, mas perdoar é divino. Como não perdoar alguém
que errou, tentando acertar?
Epílogo
Um ano depois…
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